Tavira

This article focuses on the New Christian community that existed in Tavira, the major Algarvian city of the mid-sixteenth century. Its trade networks connected it to the French, English, and Flemish seaports, as well as to the Moroccan Sephardim. Knowledge about non-Catholic religions reached the Taviran New Christians from both ends of their trade route; and their beliefs and practices evidence a complex culture, including crypto-Jewish rituals, clandestine Bible readings, messianic expectations aroused by the Protestant Reformation, the infiltration of Moroccan Jewish traditions, and calls for Church reform among local Old Christians. Testimony from the Lisbon Inquisition, which destroyed this community in 1563-1567, is completed by the "Marrakesh Dialogues," a polemical Jewish work written in Spanish by Estêvão Dias, a Taviran exile in Antwerp. These new sources will help to place this local community in its larger European and African framework.

Tavira, em desenvolvimento económico, desde a Reconquista, beneficia da posição geoestratégica em relação às praças conquistadas em Marrocos, desde 1415, o que contribui para o apogeu do porto no séc. XVI. A criação de estaleiros navais atrai mão-de-obra qualificada, que participa na construção de casas nobres, destinadas às classes interessadas nas rotas comerciais levando à expansão urbana da cidade.
Os telhados de tesouro associados à arquitetura civil praticada entre os séc. XV/XVI no Algarve, registam em Tavira a maior incidência. Construtivamente assentam nas paredes-mestras de cada compartimento do edifício e diferem das tesouras tradicionais, pela posição da linha a um terço da altura do vão a cobrir. Adicionam-se-lhe qualidades que ampliam o conforto térmico no interior da habitação, com a concentração de ar quente no topo da cobertura que se traduz em espaços mais frescos, que denunciam o original aparecimento destas coberturas tão inclinadas numa região do sul do país.

Este guia oferece ao visitante uma síntese do património religioso de Tavira, sendo de realçar a riqueza artística acumulada nestas igrejas, a pluralidade de estilos, disciplinas e artistas que nelas se encontram. A qualidade dos vestígios góticos e manuelinos da matriz de Santa Maria ou do antigo convento de São Francisco, a elegância do renascimento na Misericórdia do mestre André Pilarte, a força do “estilo chão” nas igrejas de São Paulo ou da Graça ou ainda a exuberância dos espaços barrocos do Carmo ou de São José, definem em conjunto, nestes ou noutros templos da cidade, todo um percurso sugestivo da arte portuguesa com importante significado para a história da cidade e da região.

Tavira tem de tudo. Tem uma história longa que inclui ruínas fenícias, um castelo elevado e telhados inclinados. Tem ruas antigas e bastantes igrejas – mais do que qualquer outra cidade algarvia –, traços arquitetónicos característicos e lendas de mouras encantadas. Se há cidade no Algarve com excecional atratividade é Tavira. No entanto, de olhos no rio que a corta ao meio, poucas coisas a representam melhor que a distinta silhueta da sua ponte antiga, por muitos reconhecida como ex-líbris da cidade. Juntamente com o rio e o castelo, a ponte é a chave para a compreensão de Tavira, dominando inclusive a heráldica e a simbologia local ao longo dos tempos.

O suplício e a humilhação pública infligidos a Felipa de Sousa, pelo horrendo Tribunal do Santo Ofício, não podem ser esquecidos, merecendo ser sempre rememorado como algo que avilta e indigna a liberdade de género, que oblitera a opção sexual, que agride a tolerância e impede a integração social, que, em suma, impossibilita o direito à diferença. Foi através do sacrifício de muitas mulheres que, como Felipa de Sousa, sofreram a opressão sexista e foram ostracizadas ou estigmatizadas devido às suas opções sexuais, que as mentalidades avançaram no sentido da tolerância, da integração e do reformismo no mundo. Felizmente, na civilização ocidental o processo histórico avançou no sentido da conquista das liberdades e direitos individuais – desde a luta do sufragismo e do feminismo até à igualdade plena de género. Todavia, é de todos sabido que ainda existem por esse mundo muitas centenas de milhões de mulheres, que se sentem privadas da sua liberdade sexual e da sua opção de género. É para essas mulheres, que nunca puderam revelar o seu desejo nem expressar livremente a sua preferência sexual, que escrevi este artigo, personificando na memória de Felipa de Sousa, uma homenagem a todas as mulheres dos cinco continentes que ainda não desfrutam do direito de poderem expressar livremente as suas afeições, as suas preferências sexuais e o livre arbítrio no amor. A 18 de Dezembro de 1591, em Salvador da Bahia – uma das mais ricas e mais prósperas cidades do Brasil –, os esbirros da Inquisição após persistente interrogatório, conseguiram obter da cristã-velha, Paula de Siqueira, de 38 anos de idade, a denúncia de haver praticado o “abominável pecado nefando” da «sodomia foeminarum», isto é, o sacrilégio da contranatura, com uma mulher de 35 anos, chamada Felipa de Sousa, natural de Tavira, no reino do Algarve. Deste modo, tão imprevisto quanto surpreendente, emergiu ao conhecimento público o primeiro caso de perseguição sexual e de condenação da prática de lesbianismo pelo Tribunal do Santo Ofício em terras de Vera Cruz. A singularidade deste tipo de flagício herético, o modo como o processo foi dirimido pelo Inquisidor, e sobretudo o facto da principal vítima ser uma mulher algarvia, de quem se ignorava a própria existência, mas que é hoje um símbolo universal da liberdade de género e da opção sexual, levou-me a escrever este trabalho, não apenas por curiosidade académica, mas também por solidariedade com os que sofrem a exclusão, o opróbrio e o estigma da diferença.

O antigo arraial da armação de atum do Barril localiza-se na Praia do Barril, freguesia de Santa Luzia, concelho de
Tavira, no sotavento da região do Algarve.
Entre 1841 e 1966, esteve instalada na praia do Barril a “Armação dos Três Irmãos” ou “Armação do Barril”. Deste singular património
marítimo estão ainda in situ as estruturas habitacionais, o arraial, assim como um significativo conjunto com cerca
de 250 âncoras de grande porte, depositadas no cordão dunar. Desde 2014 está a decorrer um conjunto de actividades com
a antiga comunidade de pescadores e seus familiares que vivenciaram o Barril, com o objectivo de volta a unir o património
material ao património imaterial. Actualmente, este conjunto é um verdadeiro cartão-de-visita do turismo do concelho de
Tavira. Assim, a participação das entidades locais, neste processo é indispensável, para a preservação, salvaguarda, promoção,
e valorização deste património cultural único.

A Crise de 1383-1385, marcou profundamente os destinos de Portugal e tem sido considerada desde então um momento-chave da nossa História, merecendo por isso um interesse especial por parte da historiografia. Uma vez que nenhum estudo se havia ocupado de analisar a participação dos tavirenses neste conflito emblemático, pareceu-nos do maior interesse estudar o contributo de Tavira que era então o principal centro urbano do Algarve.
Procurámos primeiramente reconstituir a participação deste concelho no conflito, apesar da escassez de informações nas fontes da época nos levar na maior parte dos casos a partir para preposições hipotéticas. Contudo, o nosso grande objetivo não é tanto oferecer um relato detalhado da participação de Tavira na guerra travada entre o Mestre de Avis e D. Juan, mas antes perceber e explicar a posição tomada pelos tavirenses.

A ideia subjacente à exposição "Mares Sem Tempo" foi a possibilidade de relacionar produções do passado e produções da contemporaneidade, proporcionando diálogos entre distintas épocas e culturas artísticas com formulação de um discurso abrangente, num momento em que se celebram os 500 anos da elevação de Tavira a cidade (1520-2020).

During the eighteenth century Canary major characters include a classical and humanistic conscience, including Bernardo Cólogan Fallon, a key figure in the cultural landscape of Tenerife, whose work in social, political and intellectual contributed greatly to the spread of Enlightenment ideas in the Islands.

Our goal is to contribute to a better understanding of his literary facet under Canarian illustration and to rescue from oblivion one of his works written in Latin, by a new critical edition and translation.

Chama-se a atenção para a importância que os moinhos tiveram, até há pouco, no âmbito da agricultura. Realça-se a necessidade de recuperar alguns dos que ainda subsistem, de modo a manter essa memória e esse património. Dão-se os bons exemplos das iniciativas levadas a efeito nesse sentido nos municípios portugueses de S. Brás de Alportel, Santiago do Cacém e Tavira.

O cargo de governador do reino do Algarve O cargo de governador com a patente de capitão-mor ou capitão-general do reino do Algarve foi criado no século XVI, para substituir o de fronteiro-mor, que por sua vez tinha substituído o de anadel-mor (também de natureza militar) 1. O primeiro "capitão-mor e governador do Reino do Algarve" foi D. Diogo de Sousa, nomeado para o cargo por D. Sebastião (1557-1578) por carta de 21 de julho de 1573. Aquando da nomeação, o rei terá outorgado ao governador um Regimento, no qual se definiam as obrigações e os poderes inerentes ao cargo, mas o documento não chegou aos nossos dias e tampouco se conhece o seu conteúdo. Não se sabe se por iniciativa própria ou indicação régia, o recém-nomeado governador vai estabelecer-se em Lagos (elevada a cidade nesse ano de 1573), que se assume como local de residência dos governadores e capitães-generais do reino 2. No ano de 1624, sendo o reino do Algarve governado por João de Mendonça Furtado, D. Filipe III (1621-1640), vai outorgar um novo "Regimento dos Governadores do Reino do Algarve", com 21 capítulos, no qual ficam estabelecidos todos os deveres e poderes dos governadores. Segundo este documento, aos governadores cabia a "guarda e defensão" do Reino, o "exercício da gente de ordenança dele", a manutenção das suas fortalezas, a "boa ordem e governo" do território e ainda o "provimento e socorro" dos lugares de África, devendo o cargo ser sempre ocupado por pessoa "de tal experiência, qualidade e confiança" que pudesse ocupar-se de todos os negócios de interesse para a coroa. Aquando da nomeação, todos os governadores recebiam a respetiva "carta de patente", que circulava pelos concelhos da região, sendo transladada para os tombos das respetivas câmaras. No Regimento de 1624, o rei aconselhava o governador a fixar residência na cidade de Lagos ou, preferencialmente, na de Tavira, por ser este o porto mais próximo das praças norte-africanas 3. Não obstante, talvez por respeito ao costume principiado pelos antecessores, os governadores vão optar por manter o seu domicílio em Lagos, no antigo castelo, que por isso passa a ser conhecido como o palácio dos governadores.

O presente ensaio é dedicado ao estudo de um elemento arquitetónico que já não existe e do qual não resta hoje qualquer vestígio material: a Torre do Mar. Provavelmente fundada no período almóada, essa torre com planta octogonal, que se erguia altaneira na Ribeira de Tavira, na margem direita do Gilão e à saída da ponte, terá estado desde sempre integrada na cintura muralhada que defendia a colina de Santa Maria, o núcleo genético da povoação. Depois de doada por D. Afonso V a um particular, em 1458, a monumental estrutura será readaptada em termos funcionais e formais, num contexto socioeconómico que marca a transição de Tavira para a Modernidade e que culmina com a sua elevação a cidade, em 1520. Durante séculos um marco na paisagem urbana tavirense, a Torre do Mar acabará por ser demolida no fim do século XIX. Reconstituir a sua memória histórica e arquitetónica constitui, por isso, um exercício tão complexo como aliciante, só possível de concretizar através da análise crítica dos documentos, plantas e fotografias onde a torre é referida ou representada. A carta de doação de 1458 Tanto quanto é possível apurar, o mais antigo documento no qual se faz referência à Torre do Mar, em Tavira, é uma carta régia datada de 6 de novembro de 1458 através da qual D. Afonso V, O Africano, faz doação de "huua torre que chamam a torre do mar que está sobre hua porta da dita villa", a Vasco Anes Côrte-Real, armador-mor 1. A análise detalhada do conteúdo deste documento afigura-se fundamental para perceber a história da Torre do Mar, o modo como essa estrutura militar se adapta a um contexto de expansão da urbe e que significado assume, no xadrez sociopolítico local, a sua doação, em meados do século XV, ao armador-mor.

Dão-se a conhecer os trabalhos de prospecção de superfície realizados no Cerro do Cavaco, com vista à obtenção de dados acerca da cronologia de ocupação e organização interna do sítio. Além da identificação de cerâmicas pré-romanas e romanas, enquadráveis em produções que vão do séc. IV ao I a.C., foram também identificadas diversas estruturas e restos de fundição.

O Algarve marcou forte presença nas lutas políticas e militares, que estiveram na origem da implantação do regime constitucional no nosso país. O seu papel foi interventivo, e no dirimir do regime liberal seria mesmo decisivo, mercê da sua localização geográfica no extremo sul da península. A «Revolta de Tavira» viria a ter sérias consequências, não só para os implicados, que foram severamente perseguidos, como também para a conservação da causa liberal durante a usurpação miguelista.
Este artigo vem demonstrar que o Algarve, muito particularmente a cidade de Tavira, como praça-militar e antiga sede do governador militar da região, se bateu pela implantação do regime constitucional e pelo liberalismo em Portugal. Prova-se também que a região do Algarve, embora periférica, não se auto-marginalizava das questões nacionais sob o escudo de um reino integrado.

Devido à riqueza piscícola das águas algarvias e ao fomento da pesca pelas artes fixas, sem esquecer os privilégios reais que andavam adstritos aos seus Compromissos Marítimos, acentuou-se nesta região a actividade piscatória, com visível relevo a partir da política de fomento levada a cabo pelo Marquês de Pombal. A fundação de companhias de pesca facilitou a sobrevivência económica da classe marítima, gerando-se por sua consequência o aumento da produção e captura do pescado, com particular incidência na sardinha e no atum, do que resultaria, inclusivamente, o povoamento de algumas praias sotaventinas, como, por exemplo, Cabanas e Santa Luzia, ambas em Tavira, Fuseta e Olhão, cujos habitantes se empregavam afanosamente nas pescarias de longo curso, nomeadamente nos mares de Larache. E foi a intensificação da pesca na costa africana que acelerou as migrações sazonais dos marítimos algarvios.
A pesca e os seus avultados rendimentos marcaram decisivamente toda a História do Algarve, desde os tempos mais remotos até ao presente, com particular acento no início da política pombalina, que fez do sotavento e da foz do Guadiana o seu principal centro de polarização económica. A concentração demográfica na faixa litoral explica-se, quase exclusivamente pela riqueza e afabilidade destas águas, em cujos portos fundeavam embarcações oriundas dos mais variados quadrantes do globo.

Há exactamente duzentos e cinquenta anos, em Outubro de 1760, o então Bispo do Algarve, D. Frei Lourenço de Santa Maria, prelado que esteve à frente da diocese algarvia entre 1752 e 1783, dava por concluída a redacção das Constituições do Recolhimento de São João Baptista de Tavira, um curioso documento canónico onde se estabelecia o regulamento interno dessa singular Casa religiosa. O Recolhimento de São João Baptista situava-se na cidade de Tavira, mais precisamente na rua da Corredoura, e era constituído por uma igreja, um edifício habitacional, onde viviam as recolhidas, e um quintal, arborizado e murado. Os recolhimentos constituíam uma tipologia de Casa religiosa muito pouco comum, na qual não se faziam votos solenes, ao contrário do que acontecia nos conventos e mosteiros, mas nos quais as recolhidas estavam igualmente obrigadas a acatar os princípios de castidade, pobreza e obediência, e a viver em regime de clausura, isto é, isoladas do mundo exterior. Apesar de não se saber ao certo quando foi fundado o recolhimento de Tavira, sabe-se que ele já existia na década de 50 do século XVII, ainda que nessa altura não fosse designado como de São João Baptista, mas como da Caridade, numa alusão directa à ermida dessa invocação que se sabe ter existido naquela localização. A mais antiga referência documental à existência desta Casa religiosa é uma escritura notarial, datada de 8 de Novembro de 1655, na qual o tabelião António Dias de Oliveira menciona explicitamente as "casas e quintais do Mosteiro da Caridade", sitas na dita rua da Corredoura. No referido ano de 1760, com o objectivo claro de reformar o secular Recolhimento de São João Baptista de Tavira, D. Frei Lourenço de Santa Maria concede-lhe novos estatutos, com a ajuda dos quais pretende reorganizar e disciplinar aquela instituição, dando-lhe um renovado fôlego. São então redigidas as designadas "Constituições das Terceiras de Nossa Senhora do Carmo do Recolhimento de São João Baptista da Cidade de Tavira", nas quais, ao longo de vinte e oito capítulos, distribuídos por mais de cinco dezenas de fólios manuscritos, são minuciosamente descritos os preceitos materiais e espirituais que deviam reger a vida diária no interior do espaço religioso.

El discurso corporo-sonoro-musical es una realidad que se manifiesta cada vez que se establece un proceso musicoterapeutico. Este escrito presenta un modelo de analisis del discurso musicoterapeutico basandose en los principios de la musicoterapia, el sonido, el hombre, las producciones sonoras y las relaciones que se establecen entre los mismos. El modelo propone cuatro areas de analisis en las que se manifiesta el discurso: -Area del Lenguaje Corporal -Area del Lenguaje Sonoro -Area del Lenguaje Verbal -Area de las Relaciones Interpersonales Estas cuatro areas de dividen en secciones para un analisis mas profundo. La exposicion teorica se acompana con el analisis practico de un caso clinico

Serão inúmeros os exemplos de edifícios que ao longo dos séculos desempenharam um papel no quotidiano das nossas aldeias, vilas e cidades mas que, por serem construções sem mérito artístico assinalável ou não terem qualquer relação conhecida com uma personagem ou acontecimento histórico de relevo, acabaram por ser abandonados, demolidos e, com o passar das gerações, inclusive esquecidos. De facto, em muitos casos, a memória da existência dessas estruturas já se encontra unicamente preservada na documentação de arquivo. É esse o caso do denominado "Casão da Atalaia", edifício construído na 2ª metade do século XVIII, no então limite do núcleo urbano da cidade de Tavira, no sítio da Atalaia, mais exactamente nas traseiras da ermida de S. Sebastião. Antes de mais, talvez valha a pena sublinhar a singular designação de "Casão", com a qual o edifício em causa é referido na documentação. Depreende-se da utilização desse termo, um aumentativo de "casa", ou sinónimo de "casarão" (que certamente recorre a uma designação vulgarmente utilizada pela população local na época), que o edifício em causa teria dimensões consideráveis. Mas o que era, afinal, o "Casão da Atalaia"? Um dos poucos documentos (talvez o único) que atesta a existência desse edifício, do qual já não restam quaisquer vestígios físicos, será um relatório datado de 29 de Agosto de 1815 (hoje arrecadado no Arquivo Histórico Militar), manuscrito pelo Arcebispo-bispo do Algarve, D. Francisco Gomes do Avelar, e dirigido ao então Príncipe regente, o futuro D. João VI (1816-1826). Mas em que contexto foi produzido o supradito relatório? Segundo se percebe a partir da leitura do documento, tudo indica que o Príncipe teria incumbido o prelado algarvio (que desde 1808 desempenhava também, de modo interino, as funções de Governador e capitão-general do

Por la documentación arqueológica y las fuentes bíblicas sabemos de la importancia de la plata como patrón de cambio en las transacciones comerciales de los pueblos próximo-orientales en el Primer Milenio a. C., asimismo por las fuentes clásicas y la numerosa cantidad de material fenicio que aparece asociado con desechos de la actividad metalúrgica platera en contextos coloniales, como el suroeste de la Península Ibérica, sabemos que la plata junto a otros metales preciosos fue sin duda uno de los principales objetivos de la expansión fenicia a Occidente. Esta fiebre por la plata generó profundas transformaciones en el hinterland de áreas mineras importantes como el suroeste de la Península Ibérica o el distrito minero Linares-La Carolina, que respondían a la fuerte demanda de este preciado metal, y que era canalizada fundamentalmente por medio de los Ports of Trade de Huelva y Cádiz. Estas dinámicas de relaciones centro-periferia se pueden apreciar muy bien, por ejemplo, entre la ciudad de Huelva y el complejo minero del interior donde en el período orientalizante se va producir el abandono de los asentamientos sobre los filones de sulfuros de cobre y va a dar lugar a la aparición de grandes poblados en las masas de piritas para explotar la plata.
En esta comunicación pretendo analizar y mostrar por medio de un SIG los diferentes patrones de asentamientos existentes y evaluar los principales mecanismos de producción de plata del suroeste y el complejo de Cástulo. Con estudios de procedencia de minerales como los isótopos de plomo en combinación con los análisis SIG vamos a calcular las vías de comunicaciones más importantes por donde debía discurrir la plata, la infraestructura logística empleada, así como los tiempos en los desplazamientos. Además se van a presentar los resultados de nuevos análisis y estudios de procedencia por isótopos de plomo de escorias de los yacimientos de Pico del Oro y Cerro de la Divisa en Tharsis. También será objeto de un SIG el caso de Cástulo y analizaremos la función de las actividades metalúrgicas en los santuarios, y subrayaremos la importancia de la imprescindible colaboración indígena en el éxito en la empresa colonizadora fenicia entre otros factores.

Event: XVIII Congreso Internacional Arqueología Clásica
Organisation: Mérida, Museo Nacional de Arte Romano / Ministerio de Educación, Cultura y Deporte / Consejería de Educación / Institut Català d’Arqueologia Clàssica
Location: Mérida, Extremadura, España
Conference Date: May 13-17, 2013

De tempos a tempos, qualquer monarquia acaba por deparar-se com um acontecimento que tem tanto de inevitável como de importante, a morte do respectivo monarca. Em Portugal, até 1910, essa ocasião era acompanhada por todo um conjunto de cerimónias e ritos, sendo um dos momentos mais significativos a denominada "Quebra dos Escudos", cerimónia que se terá praticado em Portugal desde a morte de D. João I (1433) e que consistia na quebra, em espaço público, de escudos negros com as armas Reais pintadas, simbolicamente assinalando o fim do reinado. Por norma, a cerimónia da Quebra dos Escudos só era executada nas principais cidades do Reino, ainda que, à partida, nada impedisse a sua realização noutras povoações. Prova disso é que no ano de 1816, por ocasião da morte da rainha Dona Maria I (1777-1816), que faleceu no Rio de Janeiro (onde estava exilada com a Família Real), também a cidade algarvia de Tavira tomaria a iniciativa de levar a cabo a singular cerimónia, como ficou registado num dos livros de actas da respectiva Câmara (hoje no Arquivo Municipal). O programa completo das exéquias praticadas em Tavira, descrito na acta de 17 de Julho de 1816, previa que pelas dezoito horas de dia 22 desse mês, depois de efectuados os costumados dobres (toques de sino) nas matrizes e Casas religiosas da cidade, se levassem a cabo às seguintes formalidades: que se fizessem três escudos com as armas Reais, pintados de preto, os quais, cobertos de pano preto, seriam transportados por três vereadores que, com capas compridas, chapéus de aba larga, de uma parte levantada, e fumo de roda do chapéu, nos quais a ponta chegasse ao fundo das costas, acompanhados da nobreza e povo, se dirigissem a três lugares públicos da cidade, sendo o primeiro o da Praça da Ribeira, onde se instalaria um tabuado forrado de preto e de altura de cinco palmos, coberto de pano negro, ao qual subiria o vereador mais velho, depois de o

Durante séculos, um vasto conjunto de fortalezas e baterias costeiras protegeu os pontos mais sensíveis do litoral algarvio da pirataria, do corso e também do sempre presente perigo de uma invasão por mar. De entre essas estruturas de natureza militar, que defenderam as costas do Reino do Algarve, talvez valha a pena dedicar alguns parágrafos ao antigo forte setecentista de S. João da Barra, situado na freguesia da Conceição de Tavira. O forte apresenta uma planta quadrada e, nos ângulos, quatro baluartes com guaritas, aos quais se acede através de rampas. A porta da fortaleza, virada a Norte, é ladeada por robustos contrafortes e sobre ela estão duas lápides epigrafadas, um escudo com as armas Reais, coroado, e um pequeno nicho ladeado por aletas. No interior abre-se uma espaçosa praça de armas, também de planta quadrangular, em torno da qual se organizavam as antigas dependências. Junto à parede Norte, a flanquear a entrada, encontravam-se o edifício da Guarda, as cavalariças, o paiol da pólvora e o armazém das munições. Ao longo das paredes Este e Oeste ficavam os quartéis para os soldados e, ao fundo da praça, encostado à parede Sul, o quartel do governador do forte, encaixado entre o alojamento dos oficiais e uma pequena ermida dedicada a S. João Baptista. A fortaleza, que era totalmente cercada por um fosso, contava ainda com um poço e um forno de cozer pão. Conforme se pode ler numa das epígrafes colocadas sobre o seu portal, o forte de S. João da Barra foi edificado em 1656, ou seja, em plena Guerra da Restauração (1640-1668), tendo a iniciativa da sua fundação, justificada pela necessidade de proteger a entrada da barra da cidade de Tavira, partido de D. Nuno de Mendonça, 2º conde de Vale de Reis e na ocasião governador e capitão-general do Reino do Algarve. Curiosamente, na mesma inscrição podem ainda colher-se alguns pormenores acerca do modo como terá decorrido a construção, nomeadamente uma referência ao facto de o forte ter sido inicialmente levantado em "terra e faxina", isto é, com muros constituídos por uma estrutura interna de feixes de lenha argamassada e totalmente revestida com barro ou argila. Por norma, os engenheiros militares recorriam a

Se as questões em torno da mobilidade centram atenções e marcam a atualidade, a verdade é que sempre assumiram significativa importância ao longo dos tempos, funcionando como reconhecida alavanca de desenvolvimento em muitos momentos da História. Inclusive a nível local. Tavira é hoje um exemplo de relevância cultural em função da sua História e dasua herança patrimonial, devendo-o em grande parte a fenómenos de mobilidade, de deslocação de povos e culturas, a movimentos de expansão ou contração territorial, à mobilidade e contaminação de ideias e técnicas, à viagem de formas artísticas, etc. Com essa ideia em mente foi organizada a visita guiada integrada no seminário, de que resulta o presente texto.