Produção Cultural

O presente artigo é baseado na experiência de turmas de agentes culturais populares em diferentes contextos na cidade do Rio de Janeiro. Aqui pretendemos discutir o papel desta formação a partir das óticas apontadas por Milton Santos para compreender a Globalização. A temática da democratização da cultura, a lógica de projetos e captação de recursos também serão abordados com vistas a aprofundar um debate sobre políticas públicas.

O artigo visa apresentar a figura do parecerista externo na seleção de projetos nos editais brasileiros de fomento à cultura. Aborda um breve histórico do surgimento e o perfil deste profissional, e o que consiste sua prática. Explicita como são realizados os trâmites de seleção, contratação e prazos para prestação de serviço em alguns editais de fomento à cultura e as artes existentes no país. O objetivo é comparar processos seletivos de alguns Estados no intuito de fomentar a discussão e apontar melhores práticas no exercício deste ofício.

Esta publicação faz parte do Projeto Birô de Empreendedorismo Cultural, financiado pelo FAC RS por meio do Edital 07/2013 – Processos Culturais Colaborativos e compreende 13 capítulos, abordando os diferentes aspectos inerentes à gestão e produção cultural. Um trabalho de pesquisa e reunião de informações relevantes para agentes culturais, proveniente de uma parceria entre diferentes instituições.

Resumo

O Guarani by Jose de Alencar and Il Guarany by Carlos Gomes: Literatura and Music in Dialogue

Resumo: O Guarani de José de Alencar e Il Guarany de Carlos Gomes estão relacionados por fatores como o contexto histórico em que foram produzidos, pela temática e pelo diálogo entre os sistemas de signos, observando-se que Il Guarany é uma tradução intersemiótica de O Guarani. A partir da aproximação entre Literatura e Música, e das relações semióticas entre os sistemas de representação utilizados, este artigo analisa os elementos do romance e da ópera citadas e uma comparação sobre como cada sistema de signos utiliza esses elementos para dar origem ao texto, considerando como texto não apenas aquele composto de palavras (o romance), mas também o texto com sons, dramatização, cenário (a ópera). Através da análise realizada, tendo como objetos o livro de José de Alencar e a ópera de Carlos Gomes (considerando-se o libreto e a gravação em vídeo de uma das montagens), observou-se que é possível transmitir a ideia do artista em diferentes sistemas de signos e que o trânsito interartes, ou tradução intersemiótica, permite o acesso às obras literárias em diferentes tempos históricos e espaços, contribuindo para sua permanência e o acesso de diferentes públicos.
Palavras-chaves: O Guarani; Romantismo; Literatura e Música.

Abstract: José de Alencar's Guaraniand Carlos Gomes's Il Guarany are related by factors such as thehistorical context in which they were produced, the the meand the dialogue between sign systems, notingthat Il Guarany is an interse miotic translation of O Guarani. From the approximation between Literature and Music, and the semiotic relations between the representation systems used, this articleanalyzes the elements of the novel and opera cited and a comparison of howeach sign system uses these elements to giverise to the text, considering as text not only that composedo fwords (the novel), butalso the tex twith sounds, dramatization, setting (the opera). Through the analysis performed, having as objects the book by José de Alencar and the opera by Carlos Gomes (considering the libretto and thevideo recording of one of the montages), it was observed that it is possibleto convey the artist's idea in different sign systems and that interart transit, orinter semiotic translation, allows access to literary works in different historical times andspaces, contributing to their permanence and access by different audiences.
Keywords: The Guarani; Romanticism;; Literature and music.

Recebido em: 20/12/2019  – Aceito em 31/12/2019

O encontro “Artes, Culturas e Saúde Coletiva: caminhos para a promoção da equidade e cenário covid-19” ocorreu no dia 07 de agosto de 2020 e contou com a presença das convidadas Silvia Duarte, que é atriz e produtora cultural no município de Porto Alegre/RS e também atua na área sindical e Serviço Social (Bacharel pela PUCRS), e Vera Lopes, também atriz, gaúcha, graduada em Direito, atualmente, mora em Salvador/BA, onde é coordenadora do “Espaço Humanidades Ossos 21”
desde 2019. As duas artistas possuem uma longa carreira e fizeram parte do grupo de teatro Caixa-Preta, que atua no protagonismo negro e no teatro porto-alegrense desde 2002. Vera Lopes foi uma das idealizadoras desse grupo. Neste tópico, discutiremos as aprendizagens proporcionadas pelo encontro entre o grupo “Diálogos na Pandemia” e as duas convidadas.
Com o distanciamento social, medida necessária de mitigação da propagação da covid-19, a classe artística foi uma das primeiras a interromper suas atividades presenciais, o que causou impactos
negativos para os trabalhadores do setor da arte e da cultura. As debatedoras destacaram que estes impactos foram ainda maiores para profissionais, artistas e produtores negros e negras. Silvia Duarte
relata os ataques e violações de direitos na cultura e o desmonte de políticas públicas do setor ainda anteriores à pandemia, mas que com ela se intensificaram. Declara que as mobilizações da categoria,
de profissionais da arte e de agentes de cultura, para pressionar os governos para a efetivação de um plano emergencial de amparo à cultura foram determinantes para o sancionamento da Lei nº 14.017 de
29 de Junho de 2020, conhecida como Lei Aldir Blanc de emergência cultural.
No entanto, Sílvia ressaltou que as conquistas foram válidas, mas não suficientes. A iniquidade racial nas instituições públicas culturais, majoritariamente ocupadas pela branquitude, reflete na disparidade da distribuição de recursos por meio das políticas públicas, uma vez que estas não projetam as especificidades históricas, sociais e econômicas da população negra, onde a produção de arte e cultura negra também se insere. A convidada destaca as articulações que ocorreram entre as
redes de produção de arte e cultura negra por meio de apoio financeiro de empreendedores negros, na realização de projetos adaptados ao distanciamento social, como a produção de lives com valores para
arrecadação aos artistas.
Silvia Duarte destacou a Campanha Nacional em Defesa das Cotas e Ações Afirmativas na execução da Lei Aldir Blanc, ação mobilizada por movimentos e grupos negros praticantes e produtores de arte e cultura, que articulou fóruns por todos os estados do país pressionando o poder
público e revindicando o acesso aos recursos destinados ao auxilio e conquistou a implementação de GT’S na execução da lei em alguns estados, como Rio Grande do Sul, Sergipe e na Bahia, onde 50%
dos recursos para subsídio foram destinados à entidades negras do setor de cultura (Premiação Aldir Blanc Bahia, 2020). Porém, nem todos os estados inseriram cotas raciais e ações afirmativas na execução da lei.
Este movimento, segundo Sílvia, estabelece uma rede de apoio para sobreviver e se reinventar em meio a pandemia que acentuou as estruturas de desigualdade onde o racismo se soma às demais
iniquidades sociais e históricas, tendo a covid-19 um efeito ainda mais negativo sobre a população negra. Silvia comenta que a saúde mental das pessoas negras está especialmente abalada e que os encontros promovidos pela arte tem sido uma das maneiras de resistir.

O livro mostra a importância de se qualificar profissionais para organizar o campo cultural, analisando o perfil dos cursos ofertados e estudantes que ingressam nessas carreiras, abordando a forma como esses profissionais são qualificados pelas universidades brasileiras, e problematizando o processo de formação em organização da cultura no país, a partir da criação de cursos pioneiros na área, em meados da década de 90