Psychology">
Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Artigo 29

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 11

PSICOEDUCAÇÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

PSYCHOEDUCATION: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

Jéssica de Souza Santos – Pós-graduação de psicologia comportamental e cognitiva


- Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - Lins
jessicaaa-souza@hotmail.com.br

Professora Dra. Juliana Pardo Moura Campos Godoy


Centro Universitário Católico Auxilium - Lins
jpmcgodoy@hotmail.com

RESUMO

O presente artigo buscou revisar obras que tratam sobre a técnica


psicoeducação, assim como outras que se relacionam com a mesma na terapia
cognitivo-comportamental e apontar a aplicação desta técnica em diferentes áreas
da Psicologia. A revisão bibliográfica foi usada como metodologia para a produção
deste trabalho. A psicoeducação mostrou-se importante por conta da sua
capacidade de gerar conhecimento e reestruturação cognitiva no indivíduo,
aumentando aderência aos tratamentos nos transtornos mentais, bem como a
prevenção de recaídas. É notório na literatura os benefícios de tal técnica para os
pacientes e familiares de pessoas com sofrimento mental ou físico e a escassez de
material sobre o assunto, sugerindo-se novos estudos sobre o tema.

Palavras-chave: Psicoeducação. Psicoterapia. Cognitivo-comportamental.

INTRODUÇÃO

A psicoeducação não é exatamente uma técnica para curar o paciente, mas


sim, uma das intervenções terapêuticas que carrega consigo, o objetivo de verificar
e dar foco para os lugares em que o paciente quer chegar, diante do caso clínico no
qual se encontra. (AUTHIER, 1977 apud LEMES e ONDERE NETO, 2017). Sendo
assim, segundo o autor, a técnica em questão trouxe uma forma de ajudar no
tratamento dos transtornos mentais por meio de mudanças no comportamento, meio
social e no emocional do indivíduo. Desta forma, é possível prevenir e promover
saúde mental com esta intervenção.
2
De acordo com Andrade (2009) a psicoeducação é usada desde os anos 70,
ano em que esta técnica começou a ser utilizada na prática clínica. Até então, as
práticas psicanalistas e relativamente demoradas predominavam no setting
terapêutico. Na época, os estudos que direcionavam para o tratamento de
transtornos mentais graves, pouco mostravam resultados positivos para o paciente
em questão e também para os demais envolvidos no tratamento do transtorno, como
familiares e pessoas próximas.
Ainda de acordo com Andrade (2009) durante o desenvolvimento da
psicoeducação, considerando os fatores biopsicossociais dos transtornos mentais e
visando um menor índice de internações prolongadas que houve a necessidade de
uma intervenção conjunta com os medicamentos e demais tratamentos disponíveis
na época. Sendo assim, os fármacos, psicoterapia e a técnica psicoeducacional
traziam como propósito manter os indivíduos atentos as recaídas e inseridos na
sociedade sem problemas por meio da informação sobre as doenças, possibilidade
de melhora, duração do tratamento, bem como os sintomas físicos experimentados
durante o processo.
Não só em doenças psíquicas a psicoeducação pode ser utilizada. Como
propõem Ondere Neto (2017), ela também é usada em doenças físicas como
câncer, cardiovasculares e hipertensão. Uma vez que é uma técnica que dá suporte
tanto ao paciente quanto aos seus cuidadores e familiares. Segundo Rodrigues et al.
(2018) durante qualquer tratamento de saúde a psicoeducação pode ser utilizada.
Ela consiste-se em explicar para o paciente sobre o quadro que ele se encontra a
fim de informar-lo sobre os passos que devem ser percorridos.
A importante finalidade da psicoeducação é basicamente a orientação. Seja
ela sobre alguma doença, mental ou orgânica e suas complicações para o indivíduo
e seus familiares ou sobre comportamentos e suas consequências:

Uma das técnicas utilizada pela Terapia Cognitivo


Comportamental é a Psicoeducação que tem uma importante
função de orientar o/a paciente em diversos aspectos, seja a
respeito das consequências de um comportamento, na
construção de crenças, valores, sentimentos e como estes
repercutem em sua vida e na dos outros, bem como nortear
um/a paciente e sua família quanto à existência ou prevalência
de doenças, sejam elas de ordem física, genética ou
psicológica. (NOGUEIRA et al. 2017, p. 110)
3

Então, tendo vista os estudos citados, podemos perceber a relevância da


psicoeducação para a reestruturação cognitiva do indivíduo. Deste modo, o objetivo
deste artigo foi fazer uma revisão bibliográfica sobre a técnica psicoeducação e
relacioná-la com outras técnicas da terapia cognitivo-comportamental, buscando
maior reflexão sobre o tema e ampliando o conhecimento sobre esta abordagem em
Psicologia que será apresentada a seguir.

DESENVOLVIMENTO

A Terapia cognitiva foi criada por Aaron T. Beck, psicanalista com completa
formação. No fim dos anos 1960 e no começo dos anos 1970, ao tentar mostrar a
valia da teoria em que se embasava, descobriu uma série de elementos nos quais
iam de encontro com os preceitos psicanalíticos. O que ele encontrou nos
experimentos o levou a procurar novas explicações para a depressão. Foi então,
que ao analisar os casos viu a presença de pensamentos “automáticos” e crenças
distorcidas nos pacientes. Sendo assim, ele propôs uma forma de tratamento que
levasse o paciente depressivo a pensar com mais proximidade da realidade e a lidar
com os problemas e seus pensamentos negativos sobre si, o outro e o futuro.
Posteriormente, surgiu a terapia cognitivo-comportamental. (BECK, 2013).
A terapia cognitivo-comportamental em si tem como base instrumentos
psicoeducativos. Mesmo por que esta linha da psicologia, segundo Beck (2013), tem
como objetivo ensinar o paciente a identificar seus pensamentos disfuncionais e
questiona-los, para que posteriormente, os mesmos possam fazer o papel do próprio
terapeuta. Ela elucida esta questão e exemplifica com o caso de Sally:

A terapia cognitivo-comportamental é educativa, tem como


objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e
enfatiza a prevenção de recaídas. Em nossa primeira sessão,
educo Sally quanto à natureza e ao curso do seu transtorno,
sobre o processo da terapia cognitivo-comportamental e sobre
o modelo cognitivo (i. e., como seus pensamentos influenciam
suas emoções e comportamento). Eu não só ajudo Sally a
definir objetivos, identificar e avaliar pensamentos e crenças e
a planejar a mudança comportamental, mas também a ensino
como fazer. A cada sessão faço com eu ela leve para casa
algumas anotações sobre a terapia ideias importantes que
4
aprendeu – para que possa se beneficiar desse novo
entendimento nas semanas seguintes e depois que terminar o
tratamento. (BECK, 2013, p. 29).

Beck (2013) traz que, além disso, a terapia cognitivo-comportamental leva


seus pacientes a aprenderem a perceber, analisar e dar respostas para seus
pensamentos automáticos e crenças disfuncionais. Além de ter como objetivo
ensinar os pacientes sobre a existência e a natureza de algum transtorno específico
e também a respeito do modelo cognitivo, igualmente ensina-los técnicas com o
intuito de questionar suas distorções cognitivas.
Dentro da psicoterapia baseada na TCC, encontramos a possibilidade de usar
uma grande variedade de técnicas para avaliar o humor, pensamento e
comportamento do indivíduo. Beck (2013) discorre sobre o assunto e aponta que,
por mais que o questionamento socrático e a descoberta guiada estejam no centro
da terapia cognitivo-comportamental, as técnicas comportamentais e de soluções de
problemas tem seu espaço na reestruturação cognitiva do sujeito.
O questionamento socrático, segundo Santos e Medeiros (2017) , se dá em
forma de perguntas que o terapeuta dirige ao paciente com o objetivo de aguçar o
interesse e a vontade de questionar, possibilitando que o mesmo se envolva no
processo de aprendizagem. Normalmente, as perguntas são elaboradas com o
intuito de abrir um leque de possibilidades para questionamento, embora em alguns
momentos perguntas de sim ou não possam ser utilizadas. Por meio disto, faz-se a
descoberta guiada que orienta o paciente a caminhos e respostas diferentes,
possibilitando, desta forma, a flexibilização de pensamentos e crenças do paciente.

O terapeuta ajuda o paciente a identificar as principais


cognições e a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas,
o que leva o paciente a se sentir melhor emocionalmente, se
comportar com mais funcionalidade e/ou diminuir sua excitação
psicológica. Isso é feito por meio do processo da descoberta
guiada, usando o questionamento (frequentemente
denominado, ou mal denominado), “questionamento socrático”.
(BECK, 2013; p. 30).

Desta forma, é possível identificar o papel psicoeducativo do questionamento


socrático que leva até a descoberta guiada de seu funcionamento cognitivo.
Descoberta essa que irá ensinar o paciente a identificar seus pensamentos e
5
juntamente com as outras técnicas que ainda serão descritas no texto, levarão à
melhora significativa do indivíduo com sua reestruturação cognitiva.
Robert L. Leahy (2006), traz técnicas e formulários que podem ser usados em
psicoterapia na terapia cognitivo-comportamental (TCC). É proposto como um
manual do terapeuta. Nele, explica e exemplifica como as técnicas podem ser
usadas, sobretudo, em clínica. Como novas estratégias e técnicas da TCC estão
sempre emergindo dos estudos, o autor apontou a “Explicação de como os
pensamentos criam sentimentos” e “distinção entre pensamentos e fatos” como
importantes para a expansão da terapia cognitiva.
Esta técnica “Explicação de como os pensamentos criam sentimentos”, é
descrita com exemplos por Leahy (2006). Totalmente psicoeducativa, tal técnica
propõe a distinção de pensamento e sentimento, bem como a premissa básica de
que pensamentos criam sentimentos. Na descrição, é elucidado que os pacientes
que buscam terapia, raramente vão até o consultório por se julgarem irracionais,
mas sim por conta de suas emoções e comportamentos disfuncionais.
No primeiro momento, há uma explicação de como os pensamentos afetam
os sentimentos, explica-se para o paciente que quando ele se sente ansioso, triste,
pode ter determinados pensamentos e para que ele possa entender de forma mais
efetiva, o quadro denominado “Como os pensamentos criam sentimentos”, pode e
deve ser usado. No quadro citado anteriormente o autor exemplifica. No topo do
quadro há duas colunas. Em uma o paciente deverá colocar o que pensa e em
seguida, na outra coluna, como se sente diante do pensamento relatado.
Este é um dos primeiros passos a serem tomados para que o terapeuta possa
ensinar o paciente a identificar seus pensamentos automáticos. Plutarco et al. (2019)
trazem a psicoeducação, juntamente com a identificação de pensamentos
automáticos como técnicas frequentemente usadas para promover melhora do
transtorno de ansiedade generalizada. O registro diário de pensamentos em união
com a psicoeducação mostraram evidências que comprovam os benefícios de tal
modalidade. O processo psicoeducativo neste estudo incluiu o esclarecimento das
distorções cognitivas que apresentavam mais aparições, bem como as alterações
fisiológicas e o que isso causaria no paciente quando sua ansiedade apresentava
níveis mais altos. Depois desse processo, todos os indivíduos conseguiram olhar e
ver vínculo nos seus comportamentos inadequados e sintomas do seu transtorno de
6
ansiedade. Desta forma, foi possível promover aceitação da ansiedade e aplicar
manobras de manejo. Logo depois houve uma redução do sofrimento do paciente,
assim como o aumento da confiança na melhora.
Sendo assim, os autores apontaram a psicoeducação como “um processo de
aprendizagem fundamental que auxilia o indivíduo a desenvolver estratégias de
enfrentamento mais adaptativas”. Isso fez os pacientes em questão lidarem melhor
com os sintomas, com as pessoas do seu convívio e com o mundo de uma forma
geral. (PLUTARCO et al. 2019).
Em um dos três casos trazidos por Plutarco et al (2019), os autores
descrevem as mudanças promovidas pela psicoeducação:

Joana concluiu, a partir da psicoeducação e do registro de


pensamento diário, que teria que lidar sempre com seus
sintomas de ansiedade e resolveu que o faria por meio de
algumas mudanças, dentre as quais se pode destacar a sua
decisão em começar a fazer aulas de dança e reduzir a
quantidade de alimentos doces que comia quando se sentia
ansiosa. Os pensamentos catastróficos, que acompanhavam
Joana na maioria de suas atividades, reduziram após a
reestruturação, dando lugar a pensamentos alternativos mais
funcionais. (PLUTARCO et al, 2019, p. 10)

Assim como as técnicas descritas acima, que acompanharam a


psicoeducação, a técnica de “distinção entre pensamentos e fatos”, é uma técnica
também trazida por Leahy (2006) em seu livro que se mostra de extrema
importância quando o assunto é psicoeducar, uma vez que com ela, é possível
ensinar para o paciente que os pensamentos têm distinção dos fatos e não é
racional interpreta-los como tal. É necessário que haja a explicação partida do
terapeuta quanto a não equidade entre pensamento e fatos para a melhor
compreensão. A tabela que pode ser usada como tarefa de casa consiste-se em
duas colunas nas quais o paciente em primeiro lugar coloca seu pensamento e
depois na outra, outros fatos possíveis.
Ainda sobre psicoeducação em casos específicos, há a possibilidade de
psicoeducar os pacientes nos casos de luto. Rodrigues et al. (2018) discorre sobre
explicar para os pacientes os aspectos culturais e sociais da perda de alguém
querido. Assim é possível identificar as crenças que o indivíduo carrega sobre esse
7
assunto para o manejo mais eficaz da dor e do sofrimento causados por essas
crenças. Como auxílio, o profissional pode usar filmes, imagens e outros recursos,
porém, é importante saber qual é o limite das informações fornecidas nesses casos
para que isso não cause mais sofrimento.
Outra técnica que é de extrema eficácia para que o paciente pense de forma
mais adequada, analisando melhor seus pensamentos é a “seta descendente”, que
se resume em supor que o pensamento é verdade e averiguar os motivos pelos
quais isso incomodaria o indivíduo. Há uma pergunta inicial: “se meu pensamento
fosse verdade, por que isso me incomodaria?”. (LEAHY, 2006, p.36). Sendo assim,
coloca-se o evento, o pensamento e começamos a colocar em prática a seta
descendente usando a seguinte deixa: “isso me incomodaria porque me faria pensar
que...”. Deste modo, esta técnica se faz psicoeducativa, uma vez que, a partir de tais
questionamentos, o terapeuta vai levar o paciente a pensar mais profundamente
sobre o assunto com o objetivo de o mesmo, posteriormente, conseguir realizar tais
questionamentos sozinho (LEAHY, 2006, p. 36).
Sendo assim, ainda segundo Leahy (2006) é necessário elucidar com os
pacientes que em alguns momentos a preocupação é eficaz, ou seja, é ela que nos
move em determinadas situações para que façamos algo. O caso de uma prova, por
exemplo. Todavia, várias preocupações não tem essa função de preparação,
estímulo ou resolução para um evento. Outra técnica proposta nesses casos, é a de
“Análise de custo-benefício da preocupação”. Ou seja, há também uma
psicoeducação quando nos referimos à explicação da importância da preocupação
em termos de prevenção, mas também, a ineficácia dela quando extrapola os
parâmetros da realidade dos fatos.
Dentro desta técnica o terapeuta tem a possibilidade de questionar o paciente
sobre as vantagens e desvantagens da preocupação em questão, o que ela traz de
benefícios e também a reflexão sobre o que aconteceria se a preocupação fosse
menor. O autor exemplifica:

Terapeuta: Vamos examinar os custos e os benefícios para


você, por se preocupar com esse exame.
Paciente: OK. Os custos são: fico ansioso o tempo todo, não
consigo relaxar e me sinto péssimo. Odeio exames. Os
benefícios incluem ficar motivado para estudar.
8
Terapeuta: Se você tivesse de dividir 100% entre os custos e
os benefícios da preocupação como faria? 50/50 para custos e
benefícios? 60/40? 40/60?
Paciente: Eu diria que os custos da preocupação são muito
maiores de que os benefícios. Eu daria 75% para os custos e
25% para os benefícios.
Terapeuta: Então você acha que estaria melhor se não se
preocupasse tanto? E se você se preocupasse 50% menos? O
que acha que aconteceria?
Paciente: Não sei. Acho que me preocuparia por não estar me
preocupando o suficiente!
Terapeuta: E daí, o que aconteceu?
Paciente: Talvez eu não me saísse bem no exame. (BECK,
2006, p. 121).

Assim é possível trazer o paciente para mais perto da realidade a partir de


uma análise real e minuciosa dos fatos. Tal técnica se faz psicoeducativa porque
ensina a olhar criticamente para uma situação que causa angústia, e assim como foi
dito anteriormente, o ensina o papel da preocupação e seu desserviço quando não
tem base real.
Não só em clínica se mostra a aplicabilidade da psicoeducação. Nas escolas,
por exemplo, ela pode ser usada na orientação sobre sexualidade, gênero, na
orientação de professores acerca da relevância do tema. De acordo com Ribeiro
(2017), há uma necessidade grande de se debater e levar informação, sobretudo
para os profissionais da educação, para que os mesmos não sejam propagadores
de preconceitos e por consequência, promova a exclusão de grupos.
Além disso, há também necessidade de psicoeducar pais, familiares, escola e
aluno quando há a presença de um transtorno de aprendizagem. Dias e Oliveira
(2018), fizeram um levantamento das obras que falavam sobre psicoeducação no
déficit de atenção e relatou que em um dos estudos, não abordou a psicoeducação
em si, mas sim os conhecimentos que adolescentes e pais tinham sobre o TDAH.
Os participantes relataram informações incorretas sobre o tema
(como o transtorno ser decorrente de elevado consumo de
açúcar ou uso indevido de medicação) embora acreditassem
estar familiarizados com o mesmo, o que evidencia a
necessidade de ampliar o acesso a informações sobre o TDAH.
(DIAS, OLIVEIRA, 2018, p. 251).

No contexto hospitalar, a área de atuação da psicoeducação é ampla. De


acordo com Párraga e Santos (2016), (apud Coelho 2013), o psicólogo hospitalar
9
deve amenizar a ansiedade e sentimentos de angústia do paciente, o levando para
um ambiente no qual possa expressar seus sentimentos e ser auxiliado sobre a sua
atual situação. Desta forma, pode-se dizer que é um trabalho humanizado que visa
diminuir os impactos do ambiente hospitalar para o paciente e sua família.
Párraga e Santos (2016), ao falar sobre o trabalho do psicólogo no ambiente
hospitalar nos casos de hemodiálise, ressalta que há uma equipe multidisciplinar, na
qual o psicólogo também se encontra. Além de acompanhar o paciente em questão,
existe a possibilidade de usar a psicoeducação para diminuir os níveis de ansiedade
e angústia dos acompanhantes na sala de espera:

As possibilidades de atuação do psicólogo com o grupo


mostraram possuir uma metodologia incontestável para ser
utilizada em sala de espera com acompanhantes, constatando
seus efeitos terapêuticos com possibilidades de crescimento
pessoal e o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
comunicação e das relações interpessoais, visando ainda,
minimizar a angústia e ansiedade na tentativa de retomar a
subjetividade do sujeito frente a despersonalização do
paciente. (Santos e Párraga, 2016, p. 16 e 17).

Enfim, diversos estudos sugerem a relevância da psicoeducação e técnicas


relacionadas com a mesma em diferentes áreas da Psicologia na abordagem da
Terapia cognitivo-comportamental. No entanto, pode-se perceber o quanto ela ainda
precisa ser pesquisada, comprovada e aplicada em outras áreas, para possibilitar
sua ampla utilização promovendo a reestruturação cognitiva do indivíduo, a
manutenção de pensamentos funcionais e de estratégias de enfrentamento
diminuindo assim o sofrimento mental do indivíduo.

CONCLUSÃO

Após a elaboração deste trabalho, concluiu-se que a psicoeducação além de


muito importante na terapia cognitivo-comportamental, também se faz necessária
em todos os casos de sofrimento mental. Uma vez que, já foi comprovado que a
partir do momento em que o paciente se torna ciente do seu sintoma, há um maior
engajamento da parte do mesmo no tratamento em si, além de trazer o indivíduo
para perto da realidade no que se refere às expectativas de sua própria melhora.
10
É a partir da psicoeducação e técnicas relacionadas que o paciente entende
sobre os sintomas e os comportamentos inadequados que ele emite com relação ao
transtorno. Sendo assim, consegue identificar quais são esses pensamentos e
comportamentos inadequados, podendo posteriormente mudá-los, ou seja, com o
conhecimento pode desenvolver novas formas de enfrentamento cognitivo e
comportamental perante o sofrimento mental.
Na maioria dos casos, é necessário fazer um trabalho psicoeducativo com os
familiares também, pois permite que a família entenda melhor as características dos
sintomas e dos comportamentos relacionados ao transtorno mental. Ao explicar para
os familiares sobre o sofrimento do paciente, é viável chegar a um nível de
compreensão, fazendo com que todos criem metas reais, dentro do tempo do
paciente em questão, evitando frustrações.
Concluiu-se que a psicoeducação, pode ser usada em diversos casos e
contextos dentro da Psicologia e que quando bem definida e aplicada pode trazer
benefícios aos pacientes e seus familiares. Os materiais na literatura sobre a
psicoeducação ainda são limitadores de pesquisas e de sua prática. Uma vez que,
os estudos acerca do tema, sobretudo brasileiros, não são muitos, dificultando os
trabalhos que buscam refletir sobre esta técnica. Sugere-se, então, novos estudos
sobre o assunto, podendo assim explorar cientificamente a técnica da
psicoeducação e seus efeitos, bem como as outras técnicas que podem ser usadas
em conjunto com a mesma na terapia cognitivo-comportamental, buscando a
diminuição do sofrimento mental e manutenção do funcionamento cognitivo saudável
dos indivíduos.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Ana Cláudia Fontes. A abordagem psicoeducacional no tratamento do


transtorno afetivo bipolar. São Paulo:
2018.Disponível:https://www.academia.edu/9039777/A_abordagem_psicoeducacion
al_no_tratamento_do_transtorno_afetivo_bipolar

BECK, Judith. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. Tradução:


Sandra Maleman do Rosa; revisão técnica: Paulo Knapp, Elizabeth Meyer. 2 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2013.

DIAS, Ana Cristina Garcia; OLIVEIRA, Clarissa Tochetto. Psicoeducação do


Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade: O Que, Como e Para Quem
11
Informar?. Trends in Psychology / Temas em Psicologia. Vol. 26, nº 1, pag. 243-
261. Porto Alegre, 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1413-389X2018000100010

FIGUEIREDO, Ângela Leggerini et al. O uso da psicoeducação no tratamento do


transtorno bipolar. Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 11, n. 1, p. 15-
24, jun.  2009 .   Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S151755452009000100003&lng=pt&nrm=iso. acessos em 
24  abr.  2019

LEAHY, Robert. L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta.


Tradução: Maria Adriano Veríssimo Veronese; Luzia Araujo. Revisão técnica: Irismar
Reis de Oliveira. Porto Alegre: Artmed, 2006.

LEMES, Carina Belomé; ONDERE NETO, Jorge. Aplicações da psicoeducação no


contexto da saúde. Temas psicol.,  Ribeirão Preto ,  v. 25, n. 1, p. 17-28, mar.  2017
.   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2017000100002&lng=pt&nrm=iso. acessos em  26  abr.  2019. 
http://dx.doi.org/10.9788/TP2017.1-02.

NOGUEIRA, André Carlos. et al. A importância da psicoeducação na terapia


cognitivo-comportamental: uma revisão sistemática. Hígia Revista de Ciências da
Saúde do Oeste Baiano, v. 2, n.1, 2017. Disponível em:
http://fasb.edu.br/revista/index.php/higia/article/view/190/211

PÁRRAGA, Maria Beatriz Bastos; SANTOS, Rosiane Oliveira. Possibilidade de


intervenções psicológicas com pacientes crônicos renais: um relato de experiência.
2016. Disponível em:
http://www.repositoriodigital.univag.com.br/index.php/Psico/article/view/107/106

PLUTARCO, Lia Wagner. et al. A psicologia educacional aliada ao registro de


pensamentos na melhora da ansiedade: um relato de caso. Anais do XIV encontro
de iniciação científica do UNI7. Volume 8. Fortaleza, 2019. Disponível em:
http://www.uni7.edu.br/periodicos/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/700

RIBEIRO, João Paulo Rocha. A utilização da psicoeducação no processo de ensino


e aprendizagem sobre gênero e sexualidade no ensino fundamental. Seminário
Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais
Eletrônicos), Florianópolis, 2017.

RODRIGUES, Isacar dos Santos. et al. Contribuições da terapia cognitivo-


comportamental para a compreensão do luto. Revista ciências em saúde, v.8, nº 4,
2018. Disponível em: http://rcs.fmit.edu.br/index.php/rcsfmit_zero/article/view/832/pdf

SANTOS, Camila Elidia Messias; MEDEIROS, Francisco de Assis. A relevância da


técnica de questionamento socrático na prática cognitivo comportamental. Arch
Health Invest, 2017. Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/1940-7438-4-
PB%20(3).pdf

Você também pode gostar