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Resumo Cap 1 Beck

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CAPÍTULO I- .

Introdução à Terapia Cognitivo-comportamental

No começo da década de 1960, Aaron T. Beck, M.D., deu início a uma revolução no
campo da saúde mental. Dr. Beck era psicanalista com formação completa e atuante. Um
cientista, ele acreditava que, para que ​a psicanálise ​fosse aceita pela comunidade médica,
suas teorias precisariam ter demonstração de ​validação empírica​. No final da década de
1960 e início dos anos de 1970, dedicou-se a uma série de experimentos que, esperava ele,
comprovassem perfeitamente essa validação. Ao invés disso, aconteceu o contrário. Os
resultados de seus experimentos levaram-no à ​busca de outras explicações para a
depressão​. Ele identificou cognições negativas e distorcidas (principalmente pensamentos e
crenças) como característica primária da depressão e desenvolveu um ​tratamento de curta
duração​, no qual um dos objetivos principais era o ​teste de realidade do pensamento
depressivo do paciente​.

Beck desenvolveu uma forma de psicoterapia no início da década de ​1960​, "terapia


cognitiva". O termo hoje usado como sinônimo de ​"terapia cognitivo-comportamental”. ​Para
o tratamento da depressão, Beck concebeu uma ​psicoterapia estruturada​, ​de curta duração,
voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de
pensamentos e comportamentos disfuncionais ​(inadequados e/ou inúteis). Adaptação dessa
terapia a populações surpreendentemente diversas e com uma ampla abrangência de
transtornos e problemas. Essas adaptações alteraram o foco, as técnicas e a duração do
tratamento, porém os pressupostos teóricos em si permaneceram constantes. Em todas as
formas de terapia cognitivo-comportamental derivadas do modelo de Beck, o tratamento
está baseado em uma ​formulação cognitiva, as crenças e estratégias comportamentais que
caracterizam um transtorno específico.

O tratamento também está baseado em uma conceituação, ou compreensão, de


cada paciente (suas crenças específicas e padrões de comportamento). O terapeuta
procura produzir de várias formas uma ​mudança cognitiva ​- modificação no pensamento e
no sistema de crenças do paciente para produzir uma ​mudança emocional e
comportamental duradoura​. Beck lançou mão de inúmeras e diferentes fontes quando
desenvolveu essa forma de psicoterapia, incluindo os primeiros filósofos, como Epiteto, e
teóricos como Karen Horney, Alfred Adler, George Kelly, Albert Ellis, Richard Lazarus e
Albert Bandura. O trabalho de Beck, por sua vez, foi ampliado por pesquisadores e teóricos
atuais dos Estados Unidos e do exterior.

Existem muitas formas de terapia cognitivo-comportamental que compartilham


características da terapia de Beck, mas cujas conceitualizações e ênfases no tratamento
variam até certo ponto. Elas incluem a ​terapia racional-emotiva comportamental ​(Ellis,
1962), ​a terapia comportamental dialética (Linehan, 1993), a ​terapia de solução de
problemas ​(D'Zurilla e Nezu, 2006), a ​terapia de aceitação e compromisso ​(Hayes, Follette e
Linehan, 2004), ​a terapia de exposição (Foa e Rothbaum, 1998), a ​terapia de
processamento cognitivo ​(Resick e Schnicke, 1993), ​o sistema de psicoterapia de análise
cognitivo-comportamental ​(McCullough, 1999), ​a ativação comportamental ​(Lewinsohn,
Sullivan e Grosscup, 1980; Martell, Addise Jacobson, 2001), ​a modificação
cognitivo-comportamental ​(Meichenbaum, 1977) e outras. A terapia
cognitivo-comportamental de Beck frequentemente incorpora técnicas de todas estas e
outras psicoterapias, dentro de uma estrutura cognitiva. O panorama histórico da área
apresenta uma descrição rica de como se originaram e se desenvolveram as diferentes
correntes da terapia cognitivo-comportamental.

A terapia cognitivo-comportamental tem sido adaptada a ​pacientes com diferentes


níveis de educação e renda​, bem como a uma variedade de ​culturas e idades​, desde
crianças pequenas até adultos com idade mais avançada. É usada atualmente em cuidados
primários e outras especializações da saúde, ​escolas, programas vocacionais e prisões​,
entre outros contextos. É utilizada nos formatos de ​grupo, casal e família​. Embora o
tratamento descrito neste livro esteja ​focado ​nas sessões individuais de 45 minutos​, elas
podem ser mais curtas. Alguns pacientes, como os que sofrem de esquizofrenia,
frequentemente não conseguem tolerar uma sessão inteira, e certos profissionais podem vir
a utilizar técnicas da terapia cognitiva sem realizar uma sessão completa de terapia, seja
durante uma consulta clínica ou de reabilitação, seja na revisão da medicação.

Para que haja ​melhora duradoura ​no humor e no comportamento do paciente, os


terapeutas cognitivos trabalham em um ​nível mais profundo de cognição: as crenças
básicas do paciente sobre si mesmo, seu mundo e as outras pessoas. ​A modificação das
crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura. Por exemplo, se
você continuamente subestima suas habilidades, pode ser que tenha uma crença
subjacente de incompetência. A modificação dessa crença geral (isto é, ver a si mesmo de
forma mais realista, como alguém que tem pontos fortes e pontos fracos) pode alterar a sua
percepção de situações específicas com que se defronta diariamente. Você não terá mais
tantos pensamentos com o tema: "Eu não faço nada direito': Em vez disso, em situações
específicas em que comete erros, você provavelmente pensará: ​"Eu não sou bom nisto
[tarefa específica]'

De acordo com cada paciente, com a natureza das suas dificuldades e seu momento
de vida, assim como seu nível intelectual e de desenvolvimento, seu gênero e origem
cultural.

Embora a terapia deva se adequar a cada indivíduo, existem determinados


princípios que estão presentes na terapia cognitivo-comportamental para todos os
pacientes.

Os ​princípios básicos ​da terapia cognitivo-comportamental são os seguintes:

Princípio n• 1. ​A terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação em


desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual
de cada paciente em termos cognitivos.

Princípio n• 2. ​A terapia cognitivo-comportamental requer uma aliança terapêutica sólida.

Princípio n• 3. ​A terapia cognitivo-comportamental enfatiza a colaboração e a participação


ativa.
Princípio n• 4. ​A terapia cognitivo-comportamental é orientada para os objetivos e focada
nos problemas.

Princípio n• 5. ​A terapia cognitivo-comportamental enfatiza inicialmente o presente.

Princípio n• 6. ​A terapia cognitivo-comportamental é educativa, tem como objetivo ensinar o


paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída.

Princípio n• 7. ​A terapia cognitivo-comportamental visa ser limitada no tempo.

Princípio n• 8​. As sessões de terapia cognitivo-comportamental são estruturadas.

Princípio n• 9​. A terapia cognitivo-comportamental ensina os pacientes a identificar, avaliar e


responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.

Princípio n• 10. ​A terapia cognitivo-comportamental usa uma variedade de técnicas para


mudar o pensamento, o humor e o comportamento.

COMO É UMA SESSÃO:

-Aliança terapêutica

- Atividades de autoajuda (analisar como desenvolveu desde a última sessão)

- Coletar dados a respeito do problema colocado em pauta conceituar cognitivamente as


dificuldades do paciente (perguntando sobre seus pensamentos, emoções e
comportamentos específicos associados ao problema)

-Planejar colaborativamente uma estratégia. Na maioria das vezes, a estratégia inclui a


solução objetiva e direta do problema, avaliação do pensamento negativo associado ao
problema e/ou mudança no comportamento.

A sessão prepara as condições para que o paciente faça as mudanças no seu pensamento
e comportamento durante a semana seguinte, o que, por sua vez, levará a uma melhora no
seu humor e funcionamento. Após discutirmos um problema e definirmos colaborativamente
um exercício para fazer em casa. Voltar para um segundo problema que foi colocado na
pauta e repetir o processo. Ao fim de cada sessão, revisar os pontos importantes. Se
assegurar que o paciente muito provavelmente realizará os exercícios de casa prescritos e
solicitar seu feedback sobre a sessão.
Terapeutas cognitivo-comportamentais experientes realizam muitas tarefas de
uma vez: conceituam o caso, desenvolvem o rapport, familiarizam e educam o paciente,
identificam problemas, coletam dados, testam hipóteses e fazem resumos periódicos. O
terapeuta cognitivo-comportamental iniciante, concentra menos elementos de uma vez.

O desenvolvimento de expertise como terapeuta cognitivo-comportamental pode ser


visto em três estágios. (Essas descrições presumem que o terapeuta já seja proficiente em
habilidades de aconselhamento básico: escuta, empatia, preocupação, respeito e
autenticidade, bem como compreensão adequada, reflexão e capacidade de resumir. Os
terapeutas que ainda não têm essas habilidades frequentemente provocam uma reação
negativa por parte dos pacientes.)

No Estágio I, você aprende as ​habilidades básicas de conceituação de caso em


termos cognitivos com base na avaliação inicial e em dados coletados na sessão. Você
também aprende a ​estruturar a sessão​, a usar sua conceituação do paciente ​e o ​bom senso
para planejar o tratamento e ajudá-lo a resolver problemas e a encarar seus pensamentos
disfuncionais de forma diferente. Você também aprende a usar técnicas cognitivas e
comportamentais básicas.

No Estágio 2​, você se torna mais proficiente na integração da sua conceituação ao


seu conhecimento das técnicas. Você fortalece sua habilidade para compreender o fluxo da
terapia. Passa a identificar com maior facilidade os objetivos principais do tratamento e
torna-se mais hábil na conceituação dos pacientes, aprimorando sua conceituação durante
a própria sessão e usando a conceituação para tomar decisões quanto às intervenções.
Você ​amplia seu repertório de técnicas e torna-se mais proficiente na seleção, identificação
do momento adequado e implementação de técnicas apropriadas.

No ​Estágio 3​, ​você integra mais automaticamente os dados novos à conceituação.


Você ​aperfeiçoa sua habilidade de formulação de hipóteses para confirmar ou corrigir sua
visão do paciente. Quando necessário, varia a estrutura e as técnicas da terapia
cognitivo-comportamental básica, particularmente no caso de pacientes com transtornos da
personalidade e outros transtornos e problemas difíceis.

Se você já pratica outra modalidade terapêutica, será importante tomar uma decisão
colaborativa com os pacientes para introduzir a abordagem da terapia
cognitivo-comportamental, descrevendo o que gostaria de fazer de maneira diferente e
apresentando justificativas para isso. A maioria dos pacientes concorda com essas
alterações quando elas são expressas de modo positivo, para o bem do paciente. Quando
os pacientes hesitam, você pode sugerir a instituição de uma alteração (como, por exemplo,
definir uma pauta) como um "experimento': em vez de um compromisso, para motivá-los a
tentar.

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