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Introdução
Observa-se nas últimas décadas a necessidade crescente de atualizar-se no campo da
educação como forma de responder aos inúmeros desafios cotidianos. Neste contexto, consta-
ta-se o crescimento de dois temas nos debates do cenário nacional: 1) a importância da neuro-
ciência como campo multidisciplinar que dialoga com os processos educacionais; 2) o debate
em torno da importância das novas tecnologias como ferramentas facilitadoras do processo de
aprendizagem. É fundamental que o professor saiba conduzir o processo de inovação tecnoló-
gica a fim de gerar uma aprendizagem verdadeiramente significativa. Atualmente, a tecnologia
tem se tornado cada vez mais presente na vida dos alunos e pode ser usada como estratégia
de estímulo às funções executivas.
Assim, o desafio para os educadores tem sido lidar com essa geração de forma que se
mantenha uma estreita relação com a tecnologia a favor da aprendizagem. Os educadores de-
vem estar conscientes de que a forma como esta nova geração se relaciona com a informação
é bem mais diversificadas que as anteriores, sendo essencial estabelecer novos métodos de
aprender utilizando diferentes mídias e metodologias. A partir dessa nova perspectiva profis-
sional, surge a necessidade de maior preparo do professor para obter um grau de desempenho
mais eficiente.
Demonstram-se nos estudos neurológicos que o cérebro está diretamente ligado à
aprendizagem, o que torna difícil conceituar aprendizagem sem abordar o estudo do cérebro.
Este possui inúmeras atividades específicas, dentre elas se encontram as funções executivas,
que estão diretamente ligadas à área pré-frontal do cérebro.
Identifica-se por meio deste artigo a relevância do uso das novas tecnologias digitais na
educação como estímulo às funções executivas auxiliando de forma significativa o processo de
ensino e aprendizagem.
O professor precisa repensar o trabalho desenvolvido a base dos métodos atuais e tradi-
cionais. É essencial estimular o aluno a aprender a aprender. Uma das formas de proporcionar
ao aluno a aprendizagem significativa é a utilização de estratégias multidisciplinares e motiva-
doras, servindo-se da utilização de ferramentas tecnológicas inovadoras que façam parte do
contexto didático e metodológico. A emoção nesse contexto é uma grande aliada em razão de
sua influência ímpar na aprendizagem e por alterar áreas importantes do cérebro, que são as
funções executivas.
Funções executivas são funções cognitivas envolvidas no estabelecimento de objetivos,
planejamento e organização da sequência de atividades voltadas para uma meta, gerencia-
mento do tempo, atenção, direcionamento ao objetivo, persistência em uma tarefa, memória
de trabalho, flexibilidade para mudar estratégias, tomada de decisão e na regulação emocional
e nas habilidades sociais. O desenvolvimento das funções executivas é essencial na capacidade
de uma pessoa resolver problemas e avaliar o próprio comportamento, regulando-o para me-
lhor adaptação a determinado contexto. Assim, as “funções executivas do cérebro vêm sendo
definidas como um conjunto de habilidades que de forma integrada possibilitam ao indiví-
duo direcionar comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias” (MOURÃO JÚNIOR;
MELLO, 2011, p. 309).
Para Costa e Maia (2011, p. 55):
As Funções Executivas são um conjunto de habilidades
cognitivas que permitem ao indivíduo iniciar e desenvolver
uma atividade com objetivo final determinado. Por ser
entendida como um sistema de gerenciamento dos recursos
cognitivos emocionais cuja tarefa seria a resolução de
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O envolvimento da geração atual com as novas tecnologias criou uma cultura educa-
cional modificando a forma como são estabelecidas as relações com os processos de ensino
e aprendizagem. Contudo, de forma ainda distante dessa realidade encontram-se as escolas,
que são impelidas a essa nova demanda da sociedade por diversos motivos, entre eles a falta
de recursos e investimentos financeiros na educação e na formação dos professores, mas prin-
cipalmente pelo medo de alguns professores que não dominam os recursos tecnológicos que,
ao contrário são utilizados pelos alunos com mais facilidade.
Para que haja uma mudança nesse contexto, é necessária uma alteração de postura e
paradigmas, como bem salientados por Palfrey (2011, p. 268), “para as escolas se adaptarem
aos hábitos dos nativos digitais e à maneira como eles estão processando informações, os
educadores precisam aceitar que a maneira de aprender está mudando rapidamente”. É nesse
contexto de mudança que as novas ferramentas associadas à exploração de novos campos de
conhecimento podem fazer a diferença na busca por soluções educacionais mais efetivas.
A maneira de aprender está alterando o cenário educacional. As escolas podem se
adaptar a essas mudanças e aproveitar o que esta geração tem de melhor na interatividade
com as tecnologias e usá-la em benefício da educação. Isso não significa remodelar a escola
de forma geral, tampouco colocar a tecnologia como o centro de tudo, pois é preciso que haja
equilíbrio. Na educação, sempre haverá situações em que a tecnologia não se fará, portanto é
preciso ter consciência disso.
De fato, observa-se que a tecnologia não é o resultado da aprendizagem. Torna-se claro
que o processo ensino-aprendizagem tem um papel fundamental na vida de cada indivíduo.
Portanto, a importância da presença das novas tecnologias na educação como processo de
interações e estratégias didáticas objetivam a motivação e enriquecimento da dinâmica em
sala de aula. O processo produtivo do conhecimento tão necessário para o estímulo das fun-
ções executivas pode ser enriquecido com o uso de metodologias ativas que apresenta uma
interação ativa, aonde o aluno pode se tornar o protagonista de todo o processo ensino apren-
dizagem.
A tecnologia deve ser usada de várias formas e servir como um suporte aos objetivos
pedagógicos. Retornamos, então, a um ponto importante – o uso das novas tecnologias para
estimular áreas importantes do cérebro, as funções executivas, como descritas anteriormen-
te, estão diretamente ligadas à aprendizagem. Para isso basta que o professor se aproprie de
jogos ou outros recursos digitais que o auxiliem nesse processo. Antes de tudo, é necessário
que o professor tenha consciência da importância de se apropriar dessa ferramenta. Poucas
instituições educacionais tomam a iniciativa de capacitar seu corpo docente de forma que se
sintam seguros para utilizar a tecnologia como apoio ao seu trabalho pedagógico. Essa forma-
ção/capacitação precisa ser realizada com outros profissionais para que possam compartilhar
práticas pedagógicas e tecnológicas bem-sucedidas.
Complementa Palfrey (2011, p. 279): “As próprias tecnologias podem ser usadas para
lidar com os problemas para os quais seu uso contribui como os curtos intervalos de atenção.
As escolas podem encontrar uma maneira de explorar o gosto do nativo digital pelos jogos”.
A tecnologia tornou-se atualmente essencial para o processo de aprendizagem, que tem
a função de educar nessa sociedade da informação. Uma complementa a outra, conforme
descreve Kenski (2012, p. 43): “Educação e tecnologias são indissociáveis”. De acordo com a
autora (2012, p. 63), “uma relação cíclica se estabelece: quanto maior o acesso à informação,
mais necessidade se tem de atualização para ficar em dia com as mais novas informações”. A
escola é o espaço social fundamental para alimentar essa relação.
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Considerações Finais
É fundamental estimular desde cedo as funções executivas nas crianças com o intuito
de auxiliar no processo de aprendizagem. As novas tecnologias precisam ser utilizadas como
ferramentas fundamentais colaborativas em prol da aprendizagem significativa do aluno. Par-
tindo do grande interesse das crianças que nasceram como nativos digitais, os recursos digitais
são estratégias didáticas que contribuem para que as funções executivas sejam estimuladas. O
uso dos jogos digitais no estímulo dessas funções contribui para o desenvolvimento da apren-
dizagem.
Faz-se necessário a abertura de espaços pedagógicos em sala de aula que contemplem
também a utilização dos recursos tecnológicos, porém como mediadores de práticas, capazes
de favorecer o desenvolvimento das habilidades singulares de cada aluno, sem deixar de lado
a valorização das relações interpessoais, indispensáveis ao ambiente escolar e altamente favo-
ráveis para a formação como pessoa e para a vida.
O aluno tem a necessidade de interagir e o professor tem o desafio de proporcionar
momentos educativos de aprendizagem social e curricular que proporcionem sua formação
colaborativa, intelectual, tecnológica e social por meio de muita disposição e sensibilidade
para entender que cada pessoa é um ser único. Assim, o educador não pode limitar-se sim-
plesmente ao método, à explanação oral e ao livro didático que irá utilizar, mas é fundamental
usar estratégias multidisciplinares e colaborativas para que o cérebro tenha vários caminhos
para chegar àquela informação. Evidenciou que a emoção é responsável pelo armazenamento
do conhecimento na memória. As emoções influenciam funções importantes e essenciais o
processo ensino aprendizagem.
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