Livro-Texto - Unidade II
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Unidade II
5 FUNDAMENTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA: OS MARCOS
HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO
A partir da segunda metade da década de 1980, uma sequência de marcos históricos provocou a
constituição da governança corporativa no mundo.
O primeiro marco foi Robert Monks, na segunda metade da década de 1980, que defendeu e
mobilizou acionistas minoritários.
O segundo foi o Relatório de Cadbury, elaborado e disponibilizado por um comitê em 1992. Seu foco
foi definir responsabilidades de conselheiros e executivos, bem como estabelecer a prestação de contas
e a transparência para o atendimento aos interesses legítimos dos acionistas.
O terceiro, a OECD,
Por fim, houve a Lei Sarbanes-Oxley, aprovada em julho de 2002 pelo Congresso dos Estados Unidos.
Robert Monks
Robert Monks foi um ativista pioneiro que mudou o curso da governança nos Estados Unidos na
segunda metade da década de 1980. Ele focou atenção nos direitos dos acionistas e os mobilizou para o
exercício de um papel ativo nas corporações. Sua motivação: os conflitos de agência e o aperfeiçoamento
dos processos de governança nas organizações.
• compliance (conformidade legal, especialmente relacionada aos direitos dos minoritários passivos).
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Unidade II
Ele foi um dos primeiros a evidenciar a importância da boa governança para a prosperidade da
sociedade como um todo.
• Resultados alcançados:
— Imediatos:
— Duradouros:
Relatório Cadbury
O segundo marco surge com a constituição de um comitê no Reino Unido, coordenado por Sir Adrian
Cadbury, para definir responsabilidades de conselheiros e executivos, visando à prestação responsável de
contas e transparência, em atenção aos interesses legítimos dos acionistas. O relatório final produzido
pelo comitê foi denominado Relatório Cadbury, publicado em 1992.
Principais elementos:
• Recomendou que os conselhos incluíssem mais diretores independentes dos executivos (separação
de papéis entre executivos e conselheiros).
• Estabeleceu padrões, incluído frequência, clareza e forma, para a apresentação das informações
contábeis e seus complementos.
• Focou nos aspectos financeiros, nas atribuições e responsabilidades dos conselhos, dos auditores
e dos executivos, bem como nas relações com acionistas.
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Figura 18
Princípios da OCDE
Mobilização de mercado de
capitais
Crescimento Desenvolvimento
das corporações das nações
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Unidade II
• Principais conclusões:
— São os órgãos reguladores do mercado de capitais, as corporações e seus acionistas que devem
decidir sobre as práticas de governança corporativa.
— Os princípios são fatores que asseguram a integridade do mercado econômico dos países.
Tanto países de economias avançadas quanto emergentes, bem como países em pleno período de
transição após a dissolução da URSS, passaram, a partir dos Princípios da OCDE, a elaborar e disseminar
seus códigos nacionais de práticas de governança corporativa.
Lei Sarbanes-Oxley
A adoção de códigos nacionais de boa governança não foi um fator impeditivo para a ocorrência de
irregularidades, fraudes e escândalos corporativos.
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Exemplo de aplicação
Existe material muito rico sobre vários dos escândalos que tiveram grande repercussão e que
acabaram contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da governança corporativa.
Pesquise sobre os casos Enron, Wolrdcomm e Banco Barings, da década de 1990, e, mais recentemente,
em 2008, o caso Lehman Brothers.
Saiba mais
De todas as reações regulatórias, a mais abrangente foi a Lei Sarbanes-Oxley, do senador Paul
Sarbanes e do deputado Michael Oxley, que se tornou conhecida como SOX ou Sarbox, aprovada em
julho de 2002 pelo Congresso dos Estados Unidos. Foi motivada por escândalos como o da Enron e sua
auditoria, a Arthur Andersen.
Ela promoveu grandes alterações nos procedimentos e no controle de administração das empresas,
órgãos reguladores responsáveis pelo estabelecimento de normas, comitês de auditorias e firmas de
auditoria independente. Sua premissa é simples: a boa governança corporativa e as práticas éticas do
negócio não são mais requintes – são leis.
Empresas, inclusive as do exterior, que negociam na Bolsa de New York (NYSE) devem seguir
a SOX. As empresas brasileiras que negociam ADRs (American depositary receipts) na NYSE
submetem-se à lei. Exemplos: Petrobras, Bunge Brasil, CSN, Gerdau, Ambev, GOL Linhas Aéreas,
TAM Linhas Aéreas, Vale S.A., Vivo S.A., Cemig, CPFL, Natura Cosméticos, Claro, Sabesp e Copasa,
entre outras.
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Unidade II
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Saiba mais
Governança no Brasil:
Governança no mundo:
Segundo o IBGC (2009), até 1998, oito países haviam elaborado seus códigos. A partir de 1999, sua
proposição acelerou-se, saltando para 32 em 2003 e para 75 em 2009. Os códigos, documentos que
visam complementar a legislação e estabelecem novo patamar de governança nas organizações, são
desenvolvidos por órgãos de governo, institutos que lidam com governança ou Bolsa de Valores, sendo
que estes têm o poder de exigir cumprimento de regras para as empresas que queiram participar das
listagens na Bolsa ou em segmentos especiais.
Observação
Estão difundidos pelos países desenvolvidos membros da OCDE, países emergentes e países da
outrora Cortina de Ferro, Rússia e China, que vivenciaram o socialismo até a queda do Muro de Berlim
e dissolução da URSS. Diversos tipos de instituições têm feito a proposição dos códigos de governança
corporativa:
• Mercado de capitais.
• Autoridades reguladoras.
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Unidade II
• Associações de investidores.
• Investidores institucionais.
Saiba mais
Vimos anteriormente o modelo de governança apresentado pelo IBGC: as práticas de boa governança
estão, segundo o código, divididas em seis capítulos: Propriedade (sócios), Conselho de Administração,
Gestão, Auditoria Independente, Conselho Fiscal e Conduta e Conflito de Interesses.
Saiba mais
Nosso objetivo é ter uma visão geral das recomendações de melhores práticas. Portanto, vejamos
alguns dos principais focos de cada capítulo:
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
• Propriedade – Sócio:
— O conceito “uma ação = um voto” estabelece a todos os sócios que o poder político deve estar
em equilíbrio com o direito econômico. É representado pelo direito de voto.
— Os sócios que tiverem conflito de interesse, total ou parcial, em alguma deliberação, devem
declará-lo e absterem-se da discussão e da votação sobre o tema.
— Realiza reuniões com a participação do CEO como convidado, mas deve realizar “reuniões
executivas”, ou seja, sem a participação do CEO.
— Composição recomendável:
– Que seja composto por conselheiros externos e independentes, com maioria independentes,
com mandato não superior a dois anos, cuja renovação deve ser decorrente de avaliação
anual.
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Unidade II
• Os externos são os conselheiros sem vínculo atual com a organização, mas que não são
independentes: ex-funcionários, ex-diretores, profissionais que prestam serviços à organização
(exemplo: consultores, advogados), sócios ou funcionários do grupo controlador, parentes
próximos etc.
Exemplo de aplicação
Gestão
A gestão é da responsabilidade da diretoria executiva, cuja indicação dos membros deve ser aprovada
pelo Conselho de Administração.
São pessoalmente responsáveis pela gestão e prestação de contas de suas atribuições, bem como
pelo relacionamento transparente com as partes interessadas (stakeholders), e também por sistemas de
controle interno, relatórios de prestação de contas, cumprimento de periodicidade de publicação, seu
conteúdo e adequação aos padrões internacionais.
Auditoria independente
Toda organização deve ter suas demonstrações financeiras auditadas por um auditor externo
independente.
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
A auditoria não deve realizar serviços de consultoria para a organização que audita, uma vez que
não pode auditar seu próprio trabalho. Anualmente, o auditor independente deve manifestar por escrito
sua independência em relação à organização.
Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal, órgão colegiado que pode ter atuação ou iniciativas individuais dos integrantes, é
característica do sistema de governança brasileiro, podendo ser permanente ou não. Se necessário, deve
recorrer a consultas a profissionais externos (auditores, especialistas em tributação e recursos humanos,
entre outros) para análise de assuntos relevantes.
Por lei, não é órgão subordinado ao Conselho de Administração – seu trabalho é reportado para
acionistas –, mas ambos podem, e é recomendável, coordenar algumas atividades de forma conjunta.
Ter – e praticar – um Código de Conduta, elaborado pela Diretoria Executiva de acordo com diretrizes
do Conselho de Administração, é importante para uma organização obter o comprometimento de
administradores e subordinados.
• Conflito de interesses.
• Informações privilegiadas.
• Whistle-blower5.
• Doações.
• Atividades políticas.
• Direito à privacidade.
• Nepotismo.
• Meio ambiente.
• Segurança no trabalho.
5
Pessoa que informa as instâncias competentes sobre atividades ilegais e/ou imorais ou desvios de conduta por
parte de pessoas relacionadas com a organização e que tenham potencial de afetar a organização. As denúncias podem ser
efetuadas às pessoas competentes dentro da organização ou aos reguladores, imprensa ou entidades públicas.
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Exemplo de aplicação
Tanto organizações públicas quanto privadas mantêm seus Códigos de Conduta disponíveis por
questões de transparência com seus stakeholders.
Sugestão: escolha duas organizações de sua preferência, busque na internet e analise seus Códigos
de Conduta.
Primeiro, compare-os frente aos pontos que devem ser abordados segundo o IBGC. Depois, compare
ambos os códigos, identificando quais são seus pontos fortes e quais são os pontos que podem ser
melhorados.
— O uso de informações privilegiadas para benefício próprio ou de terceiros deve ser enquadrado
como violação ao princípio básico da equidade.
— Procedimentos a serem observados para evitar ou punir o uso indevido dessas informações
devem ser contemplados e divulgados.
• Divulgação de informações:
— Deve contemplar a divulgação de informações além daquelas exigidas por lei ou regulamento.
Havendo o conflito, a pessoa deve não somente manifestar como também se afastar da situação de
conflito de interesses.
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Unidade II
Exemplo de aplicação
O Código de Ética da Fundação Nacional da Qualidade distribui as situações éticas em quatro grupos,
a saber:
• Declaração de princípios.
• Regras de conduta.
• Regras de confidencialidade.
Reflita se as regras estabelecidas são compatíveis para aplicação em outras organizações, como, por
exemplo, na organização na qual você trabalha.
Para completar, a organização deve definir uma política para prevenção e combate a atos ilícitos,
política sobre doações e contribuições e de negociação de suas ações.
Vejamos como se aplica no setor público, com base no Modelo da Excelência da Gestão Pública
– MEGP, por meio do Instrumento de Avaliação da Gestão Pública 2010, publicado pelo Programa
GesPública, Ministério do Planejamento (BRASIL, 2010).
• auditorias independentes;
• unidades de avaliação;
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
De acordo com esse instrumento de avaliação, a governança pública requer práticas que tenham
por objetivo gerar transparência e aprimorar o nível de confiança entre todas as partes interessadas
e que geram impacto no valor, na sustentabilidade financeira e orçamentária, social e ambiental e na
governabilidade da organização.
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Unidade II
Fundação – pessoa jurídica voltada para a realização de atividades sem fins lucrativos
e de interesse coletivo tais como ensino, cultura, pesquisa científica e serviço social. As
fundações de direito público são criadas e extintas por lei e estão sujeitas ao controle da
administração direta e do Poder Legislativo.
O modelo dedica um critério e um item específico para o sistema de governança, cujo foco é a
abordagem da
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Como a alta direção atua para assegurar o alinhamento do órgão/entidade com sua finalidade e
competências legais, ou seja, com seu papel dentro da estrutura de governo? Como é assegurado o
alinhamento às diretrizes de governo?
• Destacar os principais mecanismos de coordenação e de supervisão utilizados pela alta administração
do órgão/entidade, incluindo os mecanismos de coordenação e supervisão entre unidades internas e
descentralizadas e em relação ao órgão supervisor.
• Por exemplo: citar os métodos utilizados para garantir a atuação institucional dentro dos limites das
A finalidades e competências legais.
— Métodos que garantam a supremacia do interesse público nas decisões e ações institucionais.
— Métodos para a responsabilidade orçamentária e financeira.
— Métodos de promoção da governabilidade.
— Métodos para a observância das disposições constitucionais, legais e normativas.
— Métodos de promoção do desenvolvimento nacional sustentável, inclusive no que tange à
responsabilidade social e ambiental.
Como a alta direção orienta os servidores sobre o seu papel dentro da macroestrutura de governo, de
forma a promover a atuação alinhada com as finalidades e competências institucionais e com os valores e
princípios constitucionais/legais?
• Destacar como é assegurada a compreensão da finalidade do órgão/entidade, dentro da macroestrutura de
governo e da importância de seus poderes e competências para o atendimento ao interesse público.
• Destacar o papel da alta direção no esclarecimento sobre os compromissos e responsabilidades do órgão/
B entidade com os órgãos ou entidades supervisores.
• Citar as orientações emitidas.
• Destacar como a alta direção assegura a compreensão dos servidores a respeito do regime administrativo
de direito público ao qual se submete o órgão/entidade, de forma a promover o alinhamento da atuação da
organização.
• Citar os principais indicadores utilizados para avaliar a eficácia das ações empreendidas.
Como são identificados, classificados, analisados e tratados os riscos organizacionais mais significativos, que
possam afetar a imagem e a capacidade do órgão/entidade de alcançar seus objetivos estratégicos?
C
• Apresentar os principais riscos organizacionais assumidos pelo órgão/entidade público.
• Apresentar os indicadores utilizados na gestão de riscos.
Como as principais decisões são tomadas, comunicadas e monitoradas de forma a garantir o estrito
cumprimento das finalidades e competências institucionais; a assegurar o alinhamento às diretrizes de
governo, assim como a transparência e o envolvimento de todas as partes interessadas nos temas objetos da
decisão?
D
• Apresentar o modelo de tomada de decisão do órgão/entidade.
• Destacar o papel da alta direção no que se refere à aprovação das estratégias e objetivos do órgão/entidade.
• Citar os principais indicadores utilizados para medir a eficácia do modelo de tomada de decisão adotado.
F Como a alta direção presta conta dos atos e resultados do órgão/entidade para o poder Executivo, para os
órgãos de controle interno e externo e para os outros poderes?
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Unidade II
O texto a seguir, extraído do Relatório da Gestão Inmetro PQGF 2010, atende à questão B – Sobre
valores e princípios
Missão
Prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, por meio da
metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de
consumo, a inovação e a competitividade do país.
Visão
Quadro 22
88
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Para ilustrar exemplo relativo à questão C – gestão de riscos (identificação, análise e tratamento),
segue relato de prática do Inmetro.
Riscos organizacionais
6
Matriz Fofa (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças) é o nome que se atribui em português para a análise
Swot (strengths, weaknesses, opportunities e threats).
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Unidade II
• patrimônio líquido;
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
Análise e tratamento
Classificação Tipos (principais práticas)
• Insuficiência de recursos
Financeiros orçamentários.
• Redução da receita própria.
• Conflitos regulatórios
produzidos por regulamentos
aprovados sem suficiente
divulgação ou discussão junto
às partes interessadas ou sem • Painéis setoriais.
a devida avaliação do impacto • Reuniões ou pesquisas específicas com setores interessados.
regulatório, em vários aspectos, • Consultas públicas.
como repercussão social,
usos e costumes, níveis de
periculosidade, estatísticas de
acidentes de consumo etc.
• Prejuízos à imagem e • Atuação da Assessoria de Imprensa.
credibilidade institucional. • Atuação da Assessoria Parlamentar.
• Auditorias da Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre),
Auditoria Interna e Sistema de Gestão da Qualidade do Inmetro.
• Descumprimento de contratos • Atuação dos fiscais e gerentes de contratos (art. 67 da lei 8666).
em geral de prestação de • Atuação da Coordenação-Geral da RBMLQ-I (Cored).
serviços e fornecimento de
equipamentos e materiais. • Câmaras Setoriais da Rede Brasileira de Merologia Legal e
Qualidade-Inmetro (RBMLQ-I).
• Atuação irregular de organismos • Denúncia de convênios no Cadastro Único de Convênios
acreditados, designados ou (CAUC).
Operacionais delegados.
• Publicação no Diário Oficial da União.
• Aplicação de penalidades.
• Descontinuidade de atividades.
• Processamento de informações. • Práticas de gestão de processos, de gestão das informações, de
• Problemas ambientais. gestão de pessoas e de gestão socioambiental
• Deficiências em instalações.
• Plano de carreira e cargos.
• Salários atualizados.
• Acidentes. • Atuação do Sesao.
• Atuação do Gipa.
• Saúde ocupacional.
• Atuação da Brigada de Incêndio.
• Segurança. • Apólices de seguro contratadas com a Companhia de Seguros
Aliança do Brasil (Riscos Nomeados e Operacionais) e com
a ACE Seguradora (Responsabilidade Civil e Profissional).
Os valores dos prêmios atingem o montante anual de R$
430.343,06.
• Evasão de talentos. • Plano de carreira e cargos.
• Salários atualizados
• Projetos de lei em tramitação no
Congresso propondo alterações • Atuação da Assessoria Parlamentar, atuação da Profe.
impactantes na legislação do • Contínua manutenção da legislação pertinente (balizadores).
Legais Inmetro ou questionando as
suas competências. • Análise de processos em grau de recurso, identificação de
vulnerabilidades, alteração de procedimentos.
• Decisões judiciais contrárias.
91
Unidade II
Sempre que novos métodos ou modelos são identificados e desenvolvidos na administração, surgem
alguns questionamentos: “são aplicáveis para empresas públicas?”, “são aplicáveis para pequenas e
médias empresas?”.
Por outro lado, uma pesquisa divulgada pela Consultoria Bernhoeft (CÂMARA DO COMÉRCIO
AMERICANA DE MINAS GERAIS, [s.d.]) revela que 65% das falências nas empresas familiares ocorrem
por conflitos entre os membros da família, e não por problemas de mercado. Portanto, é essencial que
os bens patrimoniais da família sejam geridos com eficiência e transparência, assegurando conforto e
segurança financeira a seus membros.
Negócios empresariais crescem, podem ser ou são bem-sucedidos. Entretanto, grande parte
da família não trabalha ou não participa das atividades das empresas, mesmo quando alguns
de seus membros são proprietários. Segundo a Consultoria Bernhoeft (CÂMARA DO COMÉRCIO
AMERICANA DE MINAS GERAIS, [s.d.]), esses são motivos básicos para se compatibilizar os
interesses dos membros da família com os negócios da empresa, de forma racional, eficiente
e harmoniosa.
Um dos elementos destacados pela Consultoria Werner Bornholdt foi a necessidade de formação do
Conselho de Família para assegurar a boa gestão do patrimônio familiar. Veja:
92
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Acionistas
proprietários
Conselho de
Conselho de família administração
Diretoria executiva
Patrimônio familiar empresa
Figura 20
O estudo concluiu que, a partir do modelo de governança corporativa proposto pelo IBGC, poderia
haver a implementação em pequenas e médias empresas familiares do modelo de forma simplificada e
em dois níveis:
Primeiro nível
Este nível se aplicaria à empresa de pequeno porte na qual não se justifica ainda a adoção de
Conselho de Administração, Conselho Fiscal, Comitês e auditoria interna e/ou auditores independentes.
São organizações que poderiam adotar um Conselho de Controladores, ter um balanço patrimonial
auditado, adotar orçamento e metas de produção e que, por meio de auditoria externa, estariam em
condições de “enxergar” riscos para o negócio, além de implementar práticas de boas condutas e ética
em seus negócios. Veja o diagrama “simplificado” a seguir:
93
Unidade II
Conselho de
família Governança
Sócios
Conselho de
controladores
Auditoria
independente
Diretor-Presidente
Diretores
Administradores
Gestão
Figura 21
Deve ser observado o conceito introduzido de Conselho de Família, que tem como finalidade
compatibilizar o interesse das famílias com os interesses da empresa.
De modo geral, a pequena e média empresa tem a característica de empresa tipicamente familiar.
A experiência tem demonstrado que conflitos entre os membros da família e os interesses da empresa
podem arruinar os negócios empresariais. Há necessidade de se cuidar da governança familiar e da
governança corporativa, criando um ambiente positivo e progressista entre ambos.
Segundo nível
Neste segundo nível, acrescenta-se ao que se recomenda no primeiro nível a sugestão de se contar
com pelo menos um conselheiro independente/externo além da instalação da auditoria interna,
aproximando-se, portanto, do modelo proposto pelo IBGC que seria o próximo nível de governança a
ser adotado pela empresa quando entender necessário. Veja o diagrama a seguir:
94
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Conselho de
família Governança
Sócios
Conselho de
controladores
Auditoria independente
Auditoria interna
Diretor-Presidente
Diretores
Administradores
Gestão
Figura 22
Saiba mais
Baseado na experiência alemã do Neuer Markt7, desenvolvida em 1997 pela Bolsa de Valores de
Frankfurt, o Novo Mercado é um segmento especial de listagem na BM&FBovespa desenvolvido com o
“objetivo de proprocionar um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse
dos investidores e a valoriazação das companhias” (BM&FBOVESPA, 2009).
7
Neuer Market (pronúncia: nóier márket) significa Novo Mercado, modelo adotado nas bolsas de vários países a
partir do modelo alemão.
95
Unidade II
Foi lançado em 2000 pela antiga Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, juntamente
com mais dois níveis diferenciados de governança corporativa: Nível 1 e Nível 2, com primeira
listagem em 2002. Os Níveis 1 e 2 são níveis intermediários, destinados para as empresas do
grupo de listagem tradicional da Bolsa a fim de que realizem sua transição para o nível de Novo
Mercado – o mais alto. Já o nível Novo Mercado tem como objetivo as empresas que desejam
abrir seu capital.
O modelo alemão, bem como outros modelos similares, foram concebidos com o objetivo único de
atrair setores de rápido crescimento e alta tecnologia. Já no Brasil, o Novo Mercado não possui restrições
quanto ao setor ou o tamanho das companhias.
Nível 1
• realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos que favoreçam a
dispersão do capital;
96
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Quadro 24
97
Unidade II
Nível 2
Para a classificação como companhia do Nível 2, além da aceitação das obrigações contidas no
Nível 1, os critérios de listagem são:
• extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas
pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de, no mínimo, 70% desse
valor para os detentores de ações preferenciais;
• obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação, pelo valor
econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação
no Nível 2; e
Lembrete
8
São padrões internacionais aceitos: IAS Gaap (do Comitê Internacional de Padrões Contábeis) ou US Gaap
(princípios contábeis gerais aceitos e adotados nos EUA) e a inglesa Internacional Financial Reportins Standards – IFRS,
emitidas e revisadas pelo International Accounting Standards Board – IASB (Conselho de Normas Internacionais de
Contabilidade). Elas visam uniformizar os procedimentos contábeis e as políticas existentes entre os países, melhorando a
estrutura conceitual e proporcionando a mesma interpretação das demonstrações financeiras.
98
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Para ingressar no Novo Mercado, as empresas têm como obrigações adicionais, resumidamente, as
seguintes:
• O capital deve ser composto exclusivamente por ações ordinárias com direito a voto.
• No caso de venda do controle, todos os acionistas têm direito a vender suas ações pelo mesmo
preço (tag along de 100%).
• O Conselho de Administração deve ser composto por no mínimo cinco membros, sendo 20% dos
conselheiros independentes e o mandato máximo de dois anos.
• A companhia também se compromete a manter no mínimo 25% das ações em circulação (free
float).
• Divulgação de dados financeiros mais completos, incluindo relatórios trimestrais com demonstração
de fluxo de caixa e relatórios consolidados revisados por um auditor independente.
Lembrete
99
Unidade II
Quadro 25
100
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Toda implementação está sujeita a ajustes ao longo do tempo decorrentes de fatos não previstos e
mudanças do ambiente, entre outros.
Saiba mais
Embora o Novo Mercado tenha objetivo de tratamento diferenciado
para acionistas minoritários, problemas têm ocorrido.
A reportagem da revista Exame a seguir apresenta um dos casos. Releia
as regras do Novo Mercado e leia o caso. Verifique quais regras estão sendo
descumpridas.
MERCADO novo com cheiro de velho na Bovespa? Exame, 3 maio 2012.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1015/
noticias/mercado-novo-com-cheiro-de-velho-na-bovespa acesso em
março 2015>. Acesso em: 8 maio 2015.
101
Unidade II
Os segmentos especiais da listagem da BM&FBovespa, que prezam por rígidas regras de governança
corporativa, foram criados para adequar aos diferentes perfis de empresas a necessidade de desenvolver
o mercado de capitais no Brasil.
Pelo fato de essas regras assegurarem direitos e garantias para controladores e estabelecerem a
divulgação de informações mais completas tanto para controladores como gestores e participantes do
mercado, elas atraem os investidores, uma vez que, com a transparência, o risco se torna reduzido.
As regras estabelecidas para esses segmentos “vão além das obrigações que têm perante a Lei das
Sociedades por Ações (Lei das S.A.) e têm como objetivo melhorar a avaliação das companhias que
decidem aderir, voluntariamente, a um desses níveis de listagem” (BM&FBOVESPA, 2009).
Quadro 27
Reunião pública
anual Facultativa Obrigatória Facultativa
Calendário
de eventos Obrigatório Facultativo
corporativos
102
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Divulgação
adicional de Política de negociação de valores Política de negociação de valores mobiliários e Não há regra
informações mobiliários código de conduta
Concessão de Tag 100% para ações 100% para ações 100% para 100% para 80% para ações ON (conforme
Along ON ON e PN ações ON ações ON e PN legislação)
Obrigatoriedade
Obrigatoriedade em caso de
em caso de
Oferta pública de cancelamento de
cancelamento de
aquisição de ações registro ou saída Obrigatoriedade em caso de
registro ou saída
no mínimo pelo do segmento, cancelamento de registro ou Conforme legislação
do segmento,
valor econômico exceto se houver saída do segmento
exceto se houver migração para
migração para Novo Mercado ou
Novo Mercado Nível 2
Adesão à Câmara
de Arbitragem do Obrigatório Facultativo
Mercado
Resumo
103
Unidade II
• Prestação de contas.
105
Unidade II
Exercícios
I – A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída, tendo como base o índice de
inadimplência apresentado nos últimos cinco anos.
III – As taxas de depreciação foram calculadas pelo método da soma dos dígitos, diferentemente
do último exercício, em que foi adotado o método das quotas constantes, sem evidenciar em notas
explicativas.
Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de
auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será:
106
GOVERNANÇA CORPORATIVA
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a provisão para devedores duvidosos deve ser feita com base no registro histórico das
ocorrências de não recebimento de vendas a prazo. Tal sistemática procura estabelecer uma média
estatística da inadimplência dos últimos três ou cinco anos.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o registro das receitas do período deve ser feito com base no método de competência,
e não de caixa (vide art. 9° da Resolução CFC n° 750/93).
Justificativa: as Instruções Normativas SRF nº 162/98 e nº 130/99 fixam o prazo de vida útil e a taxa
de depreciação de vários bens. As empresas podem utilizar taxas diferentes das fixadas pela legislação,
desde que apresentem laudo pericial.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: pelo princípio da prudência, os estoques devem estar avaliados pelo menor valor,
considerando os custos de aquisição ou de mercado (vide art. 10 da Resolução CFC n° 750/93).
V – Afirmativa correta.
A) Assinar os balanços de uma empresa, elaborados por profissional não habilitado, sem orientar,
sem supervisionar e sem fiscalizar sua preparação.
B) Emitir parecer favorável de auditoria a uma empresa, sem a realização de testes suficientes para
fundamentar a sua opinião.
107
Unidade II
C) Propor honorários aviltantes para clientes de outros escritórios, a fim de aumentar a receita que
recebe.
D) Publicar, no sítio do seu escritório de contabilidade, artigo técnico, sem citar a fonte consultada.
E) Renunciar às suas funções, ao perceber a ocorrência de desconfiança, por parte de seu cliente,
sem prejudicá-lo.
108
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Ação ordinária: ação que confere a seu titular os direitos de voto nas instâncias decisórias da
sociedade, além do direito de participar dos resultados da companhia. A cada ação ordinária corresponde
um voto nas deliberações da Assembleia Geral.
Ação preferencial: classe de ações que confere aos seus detentores determinadas vantagens de
natureza financeira ou política em troca de restrições parciais ou totais no exercício do poder de voto. As
vantagens podem incluir prioridades na distribuição de dividendo e/ou reembolso de capital, tag along,
dividendos 10% superiores aos das ações ordinárias, dentre outros. O estatuto deve definir as situações
nas quais as ações preferenciais têm direito de voto.
Acionista majoritário: pessoa física ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob
controle comum, que: a) seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem a maioria dos votos nas deliberações
da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; b) use efetivamente seu
poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Acionista minoritário: proprietário de ações cujo total não lhe permite participar do controle da
companhia.
Auditoria independente: órgão externo à organização e isento de conflito de interesses, que tem
a atribuição básica de verificar se as demonstrações financeiras refletem adequadamente a realidade da
organização.
Código de conduta: manual elaborado pela diretoria de acordo com os princípios e políticas
definidos pelo conselho de administração, visando orientar administradores e funcionários na sua forma
de conduta profissional cotidiana. O código de conduta deve também definir responsabilidades sociais
e ambientais.
Free float (Ações em Circulação): quantidade de ações de uma empresa disponível para negociação
livre em mercado de capitais, ou seja, são todas as ações de emissão da companhia exceto aquelas: (i)
109
Unidade II
Stakeholders (partes interessadas): indivíduos ou entidades que assumam algum tipo de risco,
direto ou indireto, em face da sociedade. São elas, além dos acionistas, os empregados, clientes,
fornecedores, credores, governos, entre outros.
Tag along: é a extensão parcial ou total, a todos os demais sócios das empresas, das mesmas
condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle de uma sociedade.
Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa ([s.d.]a).
110
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 2
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 142.
Figura 3
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 129.
Figura 4
SILVEIRA, A. di M. da. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010. p. 7.
Figura 5
SILVEIRA, A. di M. da. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010. p. 9.
Figura 6
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 144.
Figura 7
Figura 8
Figura 10
Figura 14
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 29.
111
Figura 15
SILVEIRA, A. di M. da. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010. p. 36.
Figura 18
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 165.
Figura 19
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 170.
Figura 21
Figura 22
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
Textuais
ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança corporativa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000