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Características Das Pessoas Com Seletividade Alimentar

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Características das pessoas com seletividade alimentar

Os transtornos alimentares seletivos podem afetar adultos e crianças que apresentam


sintomas psicológicos como ansiedade e depressão, bem como convívio social prejudicado.
Além disso, há outras características em comum:

- comer apenas alimentos que são vistos como seguros ou aceitáveis, ou seja, não há
rotatividade alimentar. Estas pessoas desenvolvem o hábito de comer sempre o mesmo
alimento, textura e tempero, o que leva a uma certa monotonia alimentar. Também
costumam alegar que não gostam de determinados alimentos, antes mesmo de experimentá-
los;

- normalmente a escolha é sempre pelos mesmos alimentos, determinadas marcas ou mesmo


temperatura em que serão ingeridos (frio ou quente);

- sentir aversão a grupos alimentares inteiros, como frutas, vegetais ou leguminosas;

- ficar angustiado quando é encorajado a experimentar alimentos diferentes, seja por causa de
uma fobia ou medo de engasgar ou vomitar;

- apresentar náusea e vômito ao se deparar com a necessidade de comer novos alimentos;

- as crianças fecham a boca para evitar de qualquer maneira a ingestão de um alimento


diferente.

É importante destacar que a maioria das pessoas com seletividade alimentar não tem
problemas de peso e geralmente está dentro da faixa normal de índice de massa corporal
(IMC). Também é comum que não apresentem carência de macronutrientes, sofrendo, no
entanto, falta de micronutrientes.

Outro ponto, são as sensibilidades alimentares que podem ser causadas pelo excesso de
determinado nutriente ou antinutriente no organismo, como resultado da não rotatividade na
ingestão de alimentos.

O que causa a seletividade alimentar

Cientistas apontam que há componentes biológicos e psicológicos na etiologia desse


transtorno. Alguns estudos levantam que essas pessoas poderiam ter um paladar muito
aguçado, o que provoca a rejeição a sabores mais fortes.

Por outro lado, outros estudos mostram que a rejeição a determinados alimentos se dá muito
mais por outras vias sensoriais e não pelo gosto, por exemplo, não gostar do cheiro ou da
aparência de um alimento.
Em relação ao aspecto psicológico, alguns indivíduos podem associar emoções negativas a
determinados alimentos, por exemplo, um mal-estar físico causado pela comida, como
engasgos ou problemas gastrointestinais.

As razões desse comportamento, no entanto, são complexas e podem estar relacionadas a


questões familiares e contextos sociais. Um estudo sobre o aspecto psicológico da reclamação
“meu filho não come” revela que é impossível identificar onde começam as dificuldades
quando se pensa nas causas: nos sentimentos da mãe ou no comportamento da criança.

Como evitar a seletividade alimentar na infância

Os estudos indicam que, na maioria das vezes, o transtorno alimentar seletivo tem início na
infância. Confira alguns pontos importantes no processo de formação do paladar da criança:

- A amamentação é um facilitador para a aceitação de novos alimentos, já que as variações na


dieta da mãe se refletem nas características sensoriais do leite materno. Assim, quanto mais
variada a dieta da mãe, o paladar da criança tende a ser mais variado.

- Por outro lado, é recomendado que não se atrase a introdução gradual de alimentos sólidos
na dieta do bebê. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, este processo deve ter
início aos 7 meses. Nesse período é ainda mais importante alternar as formas de preparo e
textura dos alimentos oferecidos.

- A maneira de oferecer alimentos também deve ser variada, como alternar entre dar comida
na boca ou deixar comer sozinho, assim como oferecer os alimentos em diferentes locais da
casa e deixar a criança explorá-los por conta própria.

- A família e os cuidadores devem prezar pelo ambiente onde a criança se alimenta. Se um


ambiente é agradável e novos alimentos são oferecidos sem coação, a criança fica muito mais
disposta a desenvolver preferência por eles.

- Transtorno alimentar em pessoas com autismo

- A maioria das pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA


apresenta também diagnóstico de Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Isso porque as
diferentes cores, cheiros, sabores e texturas dos alimentos podem tirá-las de suas zonas de
conforto.

Como esses pacientes apresentam comportamentos restritivos, seletivos e ritualísticos, essas


variações tendem a resultar em desinteresse e recusa para determinados alimentos.

Seletividade alimentar e a carência de micronutrientes

Uma alimentação muito restrita dificulta a ingestão de micronutrientes. Isso porque as


vitaminas e minerais são encontrados em grupos alimentares diferentes.
A vitamina C, por exemplo, é encontrada em frutas cítricas. Já a B, encontra-se em vegetais de
folhas verdes, que também possuem outras vitaminas, como a A, D, E e K. Estas, também
podem ser encontradas em outros alimentos, como produtos lácteos, oleaginosas e peixes.

Da mesma forma, os minerais e oligoelementos, como o ferro, zinco, cobre, iodo, flúor, entre
outros. É fundamental uma alimentação diversificada e que inclua todos os grupos
alimentares, para que o organismo tenha acesso a estes e outros elementos.

Embora seja necessário em menor quantidade do que os macronutrientes (carboidratos,


gorduras e proteínas), os micronutrientes são essenciais para facilitar diversas reações
químicas que ocorrem no nosso organismo. Entre elas estão o funcionamento adequado ou
equilibrado do metabolismo e a regulação da função celular.

Em crianças, a ingestão de vitaminas e minerais se torna ainda mais importante em virtude das
necessidades do organismo para o crescimento e desenvolvimento adequados. Por isso, é
fundamental uma alimentação saudável infantil, longe dos ultraprocessados, dos malefícios do
açúcar e do excesso de gorduras.

Como tratar a seletividade alimentar

A confirmação do diagnóstico de transtorno alimentar deve ser feita por um nutricionista ou


médico, com base em exames laboratoriais, sinais e história clínica dos sintomas. Esse
profissional poderá verificar a presença de outros problemas que possam levar à rejeição da
alimentação, como alergia, dificuldades para mastigar e deglutir ou problemas
gastrointestinais.

Por ser um distúrbio de classificação relativamente recente (2017), ainda não existe um
protocolo estabelecido para tratamento do Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. O que
vem sendo praticado é uma abordagem multidisciplinar, com participação de nutricionista,
psiquiatra ou psicólogo e clínico geral ou pediatra. Neste contexto, algumas práticas vêm
demonstrando bons resultados.

O ponto de partida do tratamento do transtorno alimentar está na aceitação do diagnóstico


pelo paciente, que toma consciência dos efeitos da seletividade alimentar para a saúde do seu
organismo e para suas relações sociais. Neste momento também é importante que os pais ou
companheiros do paciente tomem consciência e se engajem ativamente no tratamento,
sempre respeitando o processo do paciente.

O que fazer quando a criança tem seletividade alimentar


Tendo em mente que este é um tratamento de avanço lento, o profissional pode sugerir e
acompanhar algumas ações:

- Todos devem prezar por um bom ambiente de refeições, seguindo conceitos como o mindful
eating, que descarta o uso de eletrônicos à mesa e defende uma ligação maior com a comida.
Devem ser evitadas discussões ou cobranças no momento da alimentação, deixando o
paciente livre para escolher e quantificar o que vai comer.

- Combinar com o paciente a introdução pontual de cada novo alimento ou forma de preparo,
ressaltando as semelhanças com alimentos aceitos e sua importância para a saúde. A dieta do
paciente deve ser a mesma dos outros moradores da casa.

- Propor estratégias para, aos poucos, introduzir uma alimentação mais saudável. Por exemplo:
crianças que só aceitam um determinado alimento, como batata. Oferecer outros tipos de
batatas ou alimentos semelhantes. Da mesma forma, no caso de texturas. Crianças que só
comem purê de mandioquinha, podem considerar comer outros tipos de purê, como batata
doce e moranga. As chances de aceitação, nesse sentido, são muito maiores.

- Administrar a ansiedade por resultados por parte do paciente e de seus pais ou


companheiros, evitando que a cobrança por avanços venha a prejudicar o engajamento e a
própria continuidade do tratamento.

- Monitorar a carência de micronutrientes e, quando houver necessidade, receitar um


suplemento alimentar infantil que supra essas necessidades.

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