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Evolução Histórica Da Atenção À Saúde PDF
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Aula 01
Prezados, alunos!
Nosso curso será composto por nove aulas, além da demonstrativa. Vimos nela
os conhecimentos mais gerais relacionados com as políticas públicas e as polí-
ticas sociais, agora vamos entrar mais especificamente nas políticas de saúde.
Nessa primeira aula veremos os seguintes itens do edital:
Boa Aula!
Sumário
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ATENÇÃO À SAÚDE .................................................... 2
O tema da saúde não fazia parte das discussões do período colonial. Podemos
dizer que não era inexistente, pois havia atenção quanto ao combate à lepra e
à peste, além de um controle sanitário nos portos, ruas, casas e praias. Porém,
eram recorrentes as reclamações pela falta de médicos, decorrente da proibi-
ção do ensino superior na Colônia, ao mesmo tempo em que não havia inte-
resse dos médicos portugueses em virem para o Brasil.
No que se refere aos hospitais, estes eram sempre de origem privada, a partir
principalmente de instituições religiosas de caráter assistencialista. Não existia,
por parte da administração pública, nenhuma iniciativa de criação de hospitais.
A ação do governo limitava-se à ajuda financeira.
A perspectiva do período colonial era mais "de combater o mal do que de culti-
var um bem”. A saúde não aparece como algo que possa ser produzido, incen-
tivado, organizado, aumentado, sendo percebida negativamente pela presença
da realidade representada pela doença.
A intervenção médica visa não somente a curar um paciente depois que foi
atingido pela doença, mas a dificultar ou mesmo impedir que esta apareça.
Uma medicina da saúde é necessariamente uma medicina das causas das do-
enças, o médico vigilante devendo atuar para proteger os indivíduos contra
tudo o que, no espaço social, pode interferir no seu bem-estar físico e moral.
O médico não é apenas alguém que possui uma técnica, conhece os grandes
tratados teóricos, observa e, portanto, detém um saber. É também uma auto-
ridade, alguém que intervém: decide, executa, fiscaliza e pune. Intervir na
sociedade é policiar tudo aquilo que pode ser causador da doença.
Com Oswaldo Cruz foram incorporados como elementos das ações de saúde:
A segunda fase ocorreu entre 1910 e 1920 e teve como característica a ênfase
no saneamento rural, em especial o combate a três endemias rurais: ancilos-
tomíase, malária e a então recém-descoberta doença de chagas. O início do
período coincide com a iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz de realizar expedi-
ções científicas ao interior do Brasil, com o objetivo de conhecer as condições
de saúde das populações desta área.
1.3. Populismo
A partir de 1930 uma nova forma de organização previdenciária surge através
dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), agora organizados por ca-
tegoria profissional e com uma maior participação do componente estatal.
O surgimento dos IAPs coincide com uma nova fase da política brasileira esta-
belecida com a revolução de 1930. Com a ascensão de Getúlio Vargas e a que-
da das oligarquias do poder inicia-se uma ampla reforma administrativa e
política culminada com a nova Constituição de 1934 e a ditadura do Estado
Novo em 1937. Trata-se de uma fase de profunda centralização e, consequen-
temente, com uma maior participação estatal nas políticas públicas, em razão
da característica do governo ditatorial, as quais se concretizavam em medidas
essencialmente populistas.
O governo de Getúlio Vargas adotará uma série de medidas dentro das políti-
cas sociais, no sentido “mais de cooptar as categorias de trabalhadores que, a
cada dia, avançavam em sua organização, e menos de responder aos proble-
mas estruturais da vida daqueles trabalhadores”.
Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde. Porém, o órgão não contava com a
estrutura necessária para atender aos importantes problemas da saúde pública
existentes. Mesmo sendo a principal unidade administrativa de ação sanitária
direta do Governo, essa função continuava, ainda, distribuída por vários minis-
térios e autarquias, com pulverização de recursos financeiros e dispersão do
pessoal técnico, ficando alguns vinculados a órgãos de administração direta,
outros às autarquias e fundações.
1.4. Desenvolvimentismo
O período entre os anos 1950 e 1960 ficou conhecido pela tentativa de implan-
tar-se um projeto nacional de desenvolvimento econômico, integrado à ordem
capitalista industrial, e pela crise do regime populista e nacionalista.
Nas eleições de 1960, Jânio Quadros recebeu quase metade dos votos do país
e tomou posse em 31 de janeiro de 1961. Nem sete meses depois, em 25 de
agosto, ele renuncia ao cargo, surpreendendo a todos.
O vice de Jânio era João Goulart, e sua posse causava muita inquietação, pois
desde a campanha ele defendia a necessidade de mudanças constitucionais e
uma série de reformas. Contra ele estavam congressistas, ministros militares,
a cúpula da Igreja Católica, além de outros setores conservadores. O presiden-
te pregava a realização das chamadas Reformas de Base, uma ampla proposta
de reformulação das estruturas administrativa, bancária, fiscal e agrária.
No que se refere ao setor saúde, em 1963, foi realizada a III Conferência Na-
cional de Saúde, que definiu como ideologia da saúde a do desenvolvimento
econômico, baseada que estava na racionalidade do planejamento, na produti-
vidade e na distribuição de riquezas. Estes últimos eram princípios tidos como
"fontes de saúde".
Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto foi incapaz de solu-
cionar os principais problemas de saúde coletiva, como as endemias, as epi-
demias e os indicadores de saúde (mortalidade infantil, por exemplo);
Foi nesse período que as ideias da medicina social penetraram nos meios aca-
dêmicos brasileiros. Ela contrapunha-se à concepção positivista de uma ciência
universal, empírica, atemporal e isenta de valores. Era fortalecida uma abor-
dagem médico-social fundada na percepção do caráter político da área da saú-
de, ou seja, a saúde é condicionada por fatores sociais, políticos e históricos.
Século XVI:
Controle político e
cultural de Portugal - Criação de hospitais da Santa
Colonialismo Doenças pestilen-
Casa de Misericórdia em Santos,
português Exploração de maté- ciais e assistência
São Paulo, Bahia, Rio de Janei-
rias-primas e monopó- à saúde para a
(1500-1822) ro, Belém e Olinda.
lio comercial por população
Portugal. - Organização sanitária incipien-
te
Predominância da
Golpe militar, ditadura. Institutos de Aposentadoria e morbidade mo-
Pensões (IAP) unificados no derna (p. ex.,
Reforma administrati-
Instituto Nacional de Previdên- doenças crônicas
va.
cia Social (INPS), privatização degenerativas,
Internacionalização da da assistência médica e capitali- acidentes de
economia zação do setor da saúde (1966) trabalho e de
trânsito).
Liberalização
Criação do Centro
Brasileiro de Estudos - Instituto Nacional da Assistên-
da Saúde (1976); cia Médica da Previdência Social
(INAMPS; 1977). Doenças infeccio-
Movimentos sociais sas e parasitárias
- Centralização do sistema de
1º. Simpósio de Política predominando
saúde, fragmentação institucio-
de Saúde do Congresso nas regiões Nor-
nal, beneficiando o setor privado
(1979) deste, Norte e
- INAMPS financia estados e Centro-Oeste.
Transição política municípios para expandir a
(1974-84) cobertura
Final do milagre eco-
nômico
- Redução da
- Início da “Nova Repú-
mortalidade in-
blica” (1985)
- INAMPS continua a financiar fantil e de doen-
- Saúde incluída na estados e municípios ças preveníveis
agenda política por imunização
- Expansão das AIDS
- 8ª Conferência Nacio- - Persistência de
Transição nal de Saúde - Sistemas Unificados e Descen- doenças cardio-
democrática tralizados de Saúde - SUDS vasculares e
- Ampliação do Movi- (1987) cânceres
(1985–88) mento de Reforma
Sanitária - Contenção das políticas priva- - Aumento nas
tizantes mortes violentas
- Assembleia Nacional
- Novos canais de participação e relacionadas à
Constituinte
popular AIDS
- Nova Constituição
- Epidemia de
(1988)
dengue
Essa crise foi mais além, pois os fatores que condicionavam a saúde não se
limitavam aos elementos tradicionais do processo saúde-doença, conforme
descrito pelos partidários do flexenerianismo: doença, diagnóstico, terapia,
recuperação da saúde.
A nova saúde pública surge do reconhecimento de tudo o que existe ser produ-
to da ação humana, salvo o que se poderia chamar de natureza intocada; em
contraposição, a hegemonia da terapêutica, como solução para todos os males
que poderiam atingir o corpo do homem.
Ser saudável não pode ser apenas não estar doente, no sentido tradicional.
Deve significar também a possibilidade de atuar, de produzir a sua própria
saúde, quer mediante cuidados tradicionalmente conhecidos, quer por ações
que influenciem o seu meio – ações políticas para a redução de desigualdades,
educação, cooperação intersetorial, participação da sociedade civil nas deci-
sões que afetam sua existência – para usar uma expressão bem conhecida, o
exercício da cidadania.
Entre os pré-requisitos básicos para que uma população possa ser saudável, a
partir de amplas concepções de saúde e bem-estar, podemos citar:
Críticas têm sido feitas aos sistemas de informação existentes, por serem ex-
cessivamente centrados nos fenômenos de morbimortalidade, em geral insufi-
cientes para informar sobre os determinantes da saúde, prejudicando, assim, a
capacidade de agir sobre os mesmos.
Diversos modelos têm sido propostos para dar uma visão de conjunto desses
determinantes gerais da saúde e de sua interação. Um deles é o “Modelo de
Camadas” de Dahlgren e Whitehead, apresentado nessa figura.
Como exemplos dessa nova visão, podemos citar o combate ao sexo inseguro,
ao tabagismo e ao sedentarismo. Trata-se de uma estratégia de promoção da
saúde que tem como alvo principal os determinantes comportamentais de cer-
tas enfermidades e agravos como Aids, doenças do aparelho cardiovascular,
neoplasias, traumas e outras.
Porém, devido a uma queda muito rápida na fecundidade, de 4,4 para 2,0 fi-
lhos por mulher, a pirâmide populacional nos anos 2000 possui um achata-
mento da base e um alargamento dos estratos intermediários, devido à
redução proporcional da mortalidade infantil e ao crescimento da população de
idosos no país.
Alguns autores acreditam que a redução da mortalidade tem origem nas ações
de saúde pública e técnicas de medicina preventiva. Outros autores acreditam
que, no estágio inicial da transição, o declínio da mortalidade se dá, principal-
mente, através de medidas de saúde, e quando estas nações atingem uma
menor taxa de mortalidade, o desenvolvimento econômico passa a ser o res-
ponsável pelo declínio subsequente da mortalidade infantil e pelo aumento da
expectativa de vida nestas sociedades.
4. Questões Comentadas
1. (CESPE/PMV/2007) Acerca dos diversos momentos que delinearam a
política de saúde no Brasil, assinale a opção correta.
a) Historicamente, no Brasil, o Ministério da Saúde responsabilizou-se total-
mente pelos problemas de saúde, tanto sob o aspecto preventivo quanto de
assistência médica.
b) Na virada dos anos 70 para os anos 80 do século passado, com o fim do
regime militar, observa-se uma alteração nas políticas sociais com o objetivo
de garantir o apoio das classes médias que passaram a ser atendidas pelas
instituições de saúde do Estado.
c) O movimento sanitário, que deu origem à reforma sanitária brasileira, ini-
ciou-se nos anos 70 do século passado, por um grupo de trabalhadores, na
época, ligados às comunidades eclesiais de base e ao Partido dos Trabalha-
dores.
d) Implantado no Brasil em 1964, o regime burocrático-autoritário determi-
nou um modelo de assistência à saúde que privilegiava as ações de saúde
comunitária e pública.
e) Na Constituição de 1988, no campo das políticas sociais, a saúde foi a
área que mais sofreu transformações, como a democratização do poder local
que, por meio dos conselhos de saúde, estabeleceu novos mecanismos de
gestão.
A letra “A” é errada. Vimos que o Ministério da Saúde foi criado em 1953, mas
ainda com uma estrutura bastante precária, e as ações de saúde continuaram
fragmentadas em diversos órgãos.
A letra “E” é certa. A participação social era uma das bandeiras do movimento
sanitário e que foi adotado na CF88.
Gabarito: E.
Segundo:
Gabarito: D.
Gabarito: D.
A letra “E” é errada, a regulação do setor privado vai fazer parte das discus-
sões no SUS.
Gabarito: A.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
Gabarito: C.
A questão 10 é errada, vai muito além dos serviços de saúde, volta-se princi-
palmente para a questão social.
Gabarito: C, E.
Gabarito: E, C, E, E.
Gabarito: E, C, E.
Gabarito: C, C, E, E, E.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
Gabarito: C.
Gabarito: C, C.
4.2. Gabarito
1. E 4. A 7. C 10. E 13. E
2. D 5. C 8. C 11. E 14. E
3. D 6. E 9. C 12. C 15. E
5. Leitura Sugerida
Promoção da saúde e qualidade de vida, Paulo Marchiori Buss.
http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7087