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Aluno: Natália Godoy
Relatório de Aula
Na primeira aula sobre Saúde Coletiva, abordou-se a origem da noção de saúde
coletiva na década de 70, destacando a influência da reforma sanitária. A partir disso, diferenças essenciais foram delineadas entre a saúde individual, centrada no modelo biomédico hegemônico e lógica privada de cuidado, e a abordagem da saúde coletiva, que busca se diferenciar desse olhar, buscando o olhar social. Assim, a última abordagem não vê a saúde como produto individual, mas como um conceito ampliado. Foram discutidas as dimensões, fundamentos e áreas da saúde coletiva como movimento da reforma sanitária, com destaque para a 8ª conferência de 1986, foi fundamental na criação do SUS. A saúde coletiva busca um ideal de saúde sob um viés diferente, especialmente influenciado por figuras como Sérgio Arouca no Brasil, diferentemente da visão alemã do século XVIII que relacionava à saúde à produtividade do trabalhador, intervindo para frear a acumulação desenfreada do capital. Desde a medicina social até a medicina comunitária, a evolução dos conceitos foi traçada, evidenciando a necessidade de olhares distintos para condições insalubres, população de idosos, pobres e imigrantes desassistidos pela saúde e a atuação em comunidades, onde se deu a criação dos centros comunitários. A saúde pública foi inicialmente tomada como sinônimo de saúde coletiva, caracterizada por ações normativas do Estado, controle do capital e regulamentação das condições de trabalho, olhar biologizante, especializado, fragmentado e pela lógica privada do cuidado da saúde. A epidemiologia, constituinte da saúde coletiva, foi destacada como estudo estatístico das populações, exemplificada no Brasil pelo médico Osvaldo Cruz. Por fim, a aula proporcionou uma compreensão abrangente da saúde coletiva, desde suas origens históricas até os fundamentos e protagonistas atuais, delineando a evolução dos conceitos e a importância de uma abordagem social ampliada na promoção da saúde pública.
Na aula do dia 26/09 sobre a "Sociedade do Cansaço", foi explorada a relação
entre o Estado e a saúde, percebendo-a como norma estabelecida por padrões comportamentais controlados pela medicina e estatísticas. As causas do estilo de vida não saudável foram apontadas, destacando a pobreza e a alimentação como fatores determinantes. A noção de saúde ampliada foi contextualizada nos anos 70/80, na América Latina, e especialmente no Brasil durante a crise dos anos 70. A relação entre acesso à saúde, complexo médico-industrial e debates sindicais foram pontuados. A VII Conferência Nacional de Saúde de 1986 e a Constituição de 1988 consolidaram o conceito ampliado, fundamentando as políticas públicas atuais. A análise do conceito ampliado destacou seus méritos, como avanço nos determinantes de saúde, ênfase nas dimensões sociais, econômicas e políticas, além da consideração dos aspectos sociais que impactam na saúde. Foi abordada a complexidade dos determinantes sociais de saúde, destacando elementos como moradia, educação, renda e transporte. A relação entre a organização social capitalista e o tipo de saúde produzida foi explorada, ressaltando a importância de compreender as causas sociais dos problemas de saúde. Outras abordagens, como o enfoque ecossistêmico, foram exemplos, relacionando a forma como a sociedade se relaciona com a natureza a eventos como pandemias. O pensamento de Canguilhem sobre a saúde como capacidade de conviver com o meio externo foi discutido, destacando a resistência e a tolerância como componentes essenciais. A aula proporcionou uma compreensão das causas do estilo de vida não saudável e do conceito ampliado de saúde. Explorou também os determinantes sociais da saúde, abordagens alternativas e a natureza dinâmica e abrangente do conceito de saúde.
A aula do dia 10/10 abordou o perfil epidemiológico da população brasileira e as
transformações sociais decorrentes da industrialização, destacando o êxodo rural para as cidades e a formação de grandes conglomerados urbanos, onde 80% da população brasileira passou a viver. Os impactos da industrialização na saúde refletiram no acesso às melhores condições de vida nas cidades e na redução de índices de doenças infecciosas, mas novas doenças surgiram devido a mudanças nos perfis de trabalho e estilo de vida. O sedentarismo, associado a empregos mecanizados, e o aumento do desemprego causaram consequências no modo de vida e na saúde. A partir disso surgem relações cada vez mais competitivas dentro e fora do trabalho. A sociedade se organiza de forma exclusiva, refletida em diversos aspectos, como o sistema educacional (exemplo da nota do SISU) e barreiras econômicas para uma alimentação equilibrada. A competitividade gerou estresse, destacando-se problemas como violência, uso de substâncias psicoativas e adoecimento mental. Foi observado como a juventude enfrenta desafios para entrar no mercado de trabalho e ter renda na sociedade contemporânea, enquanto o trabalho informal precário afeta os índices de adoecimento. A subutilização da força de trabalho, somada à desigualdade de renda, configura um panorama crítico, com consequências diretas na saúde e sem acesso a serviços dignos. Assim como a relação entre indicadores de educação e saúde, que mostram que os maiores índices educacionais se associam às melhores escolhas alimentares e condições de saúde. Por fim, o perfil epidemiológico da população brasileira passou por reconfigurações, com mudanças nas causas de doenças. Doenças infecciosas, como dengue e leptospirose que possuem relação com urbanização não planejada, enquanto doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, hipertensão e diabetes, apresentam crescimento significativo.
Na aula de Saúde Coletiva realizada em 17/10, abordou-se o tema central do
território no contexto da saúde pública. Destacou-se a importância dos pactos, nomeadamente o Pacto de Defesa pela Vida, o Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão do SUS, como instrumentos essenciais para a integração e melhoria dos serviços de saúde. O conceito de regionalização foi central na discussão, apontando para o reconhecimento e ampliação do território. Destacou-se a importância das regiões sanitárias e dos colegiados de gestão regional, especialmente as 4CRS, como bases territoriais para o planejamento, delimitadas por perfis identitários. O Decreto 7168/2011, que regulamenta a Lei Orgânica de Saúde 8080/90, foi apontado como uma ferramenta fundamental para a organização e funcionamento do sistema de saúde no território. Ficou evidente que o território é a chave do trabalho em saúde, sendo vital para a responsabilidade dos três entes federativos. Da mesma maneira que a utilização da territorialização como ferramenta é essencial para o desenvolvimento de ações, a promoção da articulação intersetorial, e a distribuição estratégica das unidades de saúde. Foram discutidos desafios como o uso do território focado na doença, a necessidade de evitar que o território seja apenas sinônimo de população geográfica a ser atendida, e a importância de considerar a interação da população com os serviços de saúde. A aula ressaltou a importância da abordagem territorial na promoção da saúde coletiva e destacou o entendimento do território como um espaço dinâmico e estratégico é essencial para a implementação eficaz das políticas de saúde.
Na aula sobre vulnerabilidade e risco na saúde, do dia 31/10 foram exploradas
nuances essenciais para entender as diferenças entre esses conceitos muitas vezes confundidos. A principal distinção destacada foi que a vulnerabilidade está mais associada a aspectos ambientais, qualitativos e contextuais, com raízes nas ciências sociais. Por outro lado, o risco possui uma dimensão mais probabilística e matemática, relacionada à probabilidade e predisposição a um estado de saúde específico. O risco foi apresentado como um conceito central na epidemiologia, envolvendo a chance ou probabilidade de ocorrência de eventos relacionados à saúde, seja para piorar ou melhorar. A análise de risco inclui a comparação entre indivíduos e populações expostos a agentes perigosos em relação aos não expostos, como exemplificado na relação entre câncer e fumo ou câncer e exposição solar. O termo risco foi aprofundado ao considerar as diferentes perspectivas, destacando o perigo da generalização de grupos de risco, como observado durante a epidemia de HIV/AIDS evidenciando que rotular certos grupos pode levar à estigmatização e preconceitos, o que, por sua vez, influencia estratégias de prevenção e tratamento. A vulnerabilidade foi analisada em diferentes campos, a ênfase recaiu sobre a pobreza, falta de condições materiais e simbólicas, e a relação entre violações de direitos e agravamento da vulnerabilidade. A aula também abordou as origens dos conceitos, indicando que o risco como uma estratégia de controle e dominação surgiu nos séculos XVI e XVII. Na epidemiologia, o conceito de risco foi criado em 1920, com destaque para a influência estatística e a ênfase no controle técnico dos agravos à saúde.
A aula de Saúde Coletiva realizada em 07/11 abordou as redes de atenção à saúde,
destacando a sua origem nos Estados Unidos. A discussão começou com a observação crítica da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontou que os sistemas de saúde falham ao se centrarem predominantemente em condições agudas, negligenciando as condições crônicas. A Portaria 4.279/2010 foi apresentada como um marco, delineando as políticas que se desenvolveram entre 2010 e 2014, incluindo a Política Nacional de Atenção Básica de 2011, que consolidou a atenção primária à saúde. A justificativa para a implementação das RAS foi fundamentada em uma crítica à estruturação interna dos sistemas de saúde, destacando a desconexão entre a oferta de serviços e as necessidades da população. A fragmentação dos serviços foi identificada como um desafio, resultando em pessoas buscando tratamento de forma esporádica, levando a condições crônicas agudizadas. A Portaria 4.279/2010 definiu as RAS como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde que, integrados por sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. Os objetivos destacados foram a promoção da integração sistêmica, da atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como o incremento do desempenho do sistema em termos de acesso, equidade e eficácia econômica. Foi ressaltada a importância dos atributos da RAS/Atenção Primária à Saúde (APS), incluindo a coordenação com outros serviços, resolubilidade, focalização na família, comunidade e vínculo. O planejamento e financiamento tripartite, cuidado multiprofissional, interdisciplinaridade e a responsabilidade da APS foram destacados como fundamentais. Desafios como a tripla carga de doenças (infecciosas, crônicas e agudas) na realidade brasileira, a necessidade de maior efetividade, eficácia e eficiência foi ressaltada, destacando a importância de uma gestão que lide de forma eficaz com os recursos existentes.
A aula do dia 14/11 deu continuidade a importante temática da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) e seu relacionamento com o Serviço Social. Igor Sastro, assistente social especializado em saúde mental, apresentou informações valiosas sobre a estrutura e o papel dessa rede, bem como a relevância do serviço social nesse contexto. A RAPS oferece serviços de base territorial e comunitária que buscam trabalhar a comunidade e compreender os vínculos sociais, tais como Atenção Básica em Saúde: UBS, Núcleo de Apoio à Saúde da Família, Consultório de Rua, Centro de Convivência e Cultura. Atenção Psicossocial: CAPS (Centro de Atenção Psicossocial); CAPS II; CAPS III; CAPSi e CAPS AD III; AMENTS (Ambulatório de Especialidades em Saúde Mental). Atenção de Urgência e Emergência: SAMU, e UPA. O Serviço Social integra as equipes das RAPS de forma transdisciplinar e multiprofissional, considerando as singularidades e contextos dos usuários. Utiliza instrumentos e técnicas dentro de suas competências e atribuições e atua dentro das perspectivas do código de ética, projeto ético político e preceitos da reforma psiquiátrica. Além de desempenhar um papel crucial na promoção do bem-estar psicossocial dos usuários da RAPS, agindo como elo entre os aspectos sociais e de saúde mental.