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Mulheres Recipientes PDF
Mulheres Recipientes PDF
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ALMEIDA, FL., Mulheres recipientes: recortes poéticos do universo feminino nas artes
Visuais [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 238 p. ISBN 978-
85-7983-118-8. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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O FEMININO NA ARTE
E A ARTE DO FEMININO:
MOVIMENTOS LIBERTÁRIOS DO SÉCULO
drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia
impressa./ [...] Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados feroz-
mente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e
pelos touristes. No país da cobra grande. Foi porque nunca tivemos gramá-
ticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano,
suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil”
(idem, ibidem).
MULHERES RECIPIENTES 69
imensas que invadem nosso olhar e, muitas vezes, ficamos sem sa-
ber quem é o voyeur: nós ou a obra.
Bárbara Kruger fez um trabalho de cunho extremamente pro-
vocador e não circunscrito num espaço institucional, mandou es-
tampar uma frase em sacolas de compras: “I shop therefore I am”,
ironizando a máxima de Descartes, como a sociedade de consumo.
A artista fez uma forte crítica à sociedade e, especialmente, às mu-
lheres que muitas vezes são influenciadas pelo poder da mídia e
se deixam levar pelo encanto de consumir inúmeros produtos que
supostamente as deixem mais belas. Ser significa ter. Nesse modo
de pensar, quanto mais e melhores são os objetos consumidos e
exibidos, melhor será a aceitação perante o social.
A paulista Sandra Cinto e a carioca Brígida Baltar têm em co-
mum entre as suas poéticas, um olhar onírico perante suas próprias
obras. Sandra Cinto, na década de 1990, iniciou sua carreira artís-
tica, representado pinturas de nuvens e céus dentro de caixas. Em
suas instalações, a artista combinava objetos de madeira pouco
previsíveis, como escadas, bilboquês, cavalinhos de balanço, ca-
deiras, mesas, estantes que na maioria das vezes eram pintados
com cores claras, quase brancas. Os espaços e os objetos são quase
sempre acompanhados de seus desenhos: pontes, abismos, cande-
labros, velas acesas, galhos e raízes de árvores retorcidos, estrelas,
luzinhas, brilhos. A artista também insere, em muitas das suas
instalações, fotografias da sua infância ou atuais, como o caso da
instalação Sem Título. Segundo o professor e historiador de arte,
Tadeu Chiarelli: “todos esses suportes ou elementos formam um
ponto de encontro e difusão de infinitas narrativas, jamais con-
cluídas, e comumente se configuram como soluções concebidas
para espaços específicos.”11 Chiarelli ainda aponta que “em sua
produção há obras em que sonho e realidade parecem coexistir em
silenciosa e contraditória harmonia.”24 Já Brígida Baltar trabalha