Japanese Immigration in Brazil

A Semana de Arte Moderna transcorre na convergência de duas mudanças decisivas na história brasileira. Uma na esfera sul-atlântica, outra no âmbito do território nacional. A primeira mudança, relativa à emergência da Argentina como concorrente e eventual modelo do “progresso à americana”, repercute no Rio de Janeiro e em São Paulo. A segunda, derivada das migrações do Nordeste para o Centro-Sul – simultaneamente ao declínio da entrada de imigrantes no Brasil –, tem como teatro central a capital paulista e o estado de São Paulo, mas transforma o país inteiro.

In this paper, I discuss the establishment of Soto Zenshu missions in Brazil. I contend that the discourse on Zen that emerged from the writings of D. T. Suzuki and the Kyoto School to resist Western cultural hegemony not only fed the Zen boom in the West, but has more recently impacted on the Zen practice of some Japanese. I show that Japanese Sotoshu kaikyoshi who catered to the
(mostly) non-Japanese Brazilian community since 1968 embraced Suzuki's ideas on Zen wholeheartedly in Japan, prior to their arrival in Brazil. Thus, while these kaikyoshi praised zazen as the main Zen practice, others, who catered for Japanese-Brazilians, favored devotional practices. Their diametri­cally opposing attitudes towards zazen and rituals created conflicts, which were mirrored in their congregation. Here I will present the kaikydshi side of the conflicts and their evolution through the years to reveal the way the Japanese-Brazilian and non-Japanese communities negotiated their place in the Busshinji temple in Sao Paulo city.

Baseando-se em material pesquisado a partir dos 81 prontuários do primeiro grupo de japoneses que tiveram sua expulsão decretada do Brasil em 10 de agosto de 1946,mediante a decreto presidencial27, foi possível aventar algumas importantes informaçõessobre o perfil dos principais líderes e envolvidos no caso Shindo Renmei. A partir das investigações e do olhar da polícia política, situações e relatos importantes podem ser resgatados, contribuindo dessa forma dar uma dimensão melhor de quem seriam aqueles (usando o linguajar da imprensa da época) “perigosos e fanáticos terroristas da Shindo Renmei”. Na tentativa de dar uma dimensão mais humana e menos sensacionalista daqueles que se consideravam os portadores da verdade, os katigumis ou “vitoristas” , foram selecionados alguns personagens que de certa forma nos fazem refletir sobre a representatividade dos acontecimentos relativos a Shindo Renmei naqueles difíceis anos.

Como escreveu o memorialista e artista plástico Tomoo Handa, um “turbilhão de sentimentos” tomou conta dos imigrantes japoneses e de seus descendentes no Brasil durante a década de 1940. Sentimentos como nacionalismo, discriminação, angústia e insegurança deram o tom ao período. Quando o sol nascente deixou de brilhar na geopolítica mundial em agosto de 1945, sua luz difusa serviu para alimentar o terror vivenciado pelos imigrantes japoneses no pós-guerra.  A chama da esperança só reacenderia na década seguinte.
Divisor de águas na história dos japoneses no Brasil, os acontecimentos da II Guerra Mundial (1939-1945) calaram fundo na alma nipônica aqui radicada, acabando por reforçar na mente de grande parte dos imigrantes e seus familiares as da raízes de permanência.

Este artigo propõe uma breve revisão histórica da imigração japonesa para o Brasil, bem como secundariamente, a ida desses imigrantes nipônicos para Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior colônia nikkey do país. Os japoneses chegaram ao Brasil em 18 de junho de 1908. A partir de 1909 dirigiram-se para Campo Grande a fim de trabalhar na construção da Estrada de Ferro Noroeste. Boa parte desse grupo ainda não falava português, mas todos tinham algo em comum: o desejo de retorno ao país de origem. Esse sonho, porém, acaba ficando para trás, enquanto novas famílias e vidas iam sendo constituídas em solo brasileiro. Desse modo, além da revisão histórica, dedico espaço aos relatos dos imigrantes, que narram suas histórias sobre a chagada ao Brasil e à Campo Grande, e o desejo do retorno.

This thesis focuses on transcultural and transnational trajectories of two Japanese women potters, Shoko Suzuki and Mieko Ukeseki, who migrated to Brazil in the 1960s and 1970s respectively, based on the ethnosociological method of the life-story accounts ("récits de vie") proposed by Daniel Bertaux (1997). By examining the potters' discourse and artistic practice in its historical and sociocultural context, I investigated the historical constructions, cultural representations, and subjectivities involved in the construction of their identity in between Japan and Brazil. The cultural imaginary of Japanese ceramics and "traditional" crafts play an important part in the construction of images of "Japan" both in Japan and abroad and is reflected in the discourse and practice of these potters. However, it is in the appropriation and reinterpretation of these images and cultural representations, in dialogue with the subjects' personal experiences and subjectivities, that cultural identity is negotiated and constructed, giving place to hybrid and fluid realities that transcend the borders of the nation-state. By shedding light on the life-story account of two Japanese women potters in Brazil, this thesis illuminates various aspects of the history, society, and culture of Japan and Brazil in the last century, in particular: the position of women in Japanese traditional crafts; the immigration of Japanese artists and craftsmen to Brazil; and the processes involved in the construction of a hybrid, in-between, Japanese-Brazilian identity.

This article presents a qualitative analysis from interviews with six local employees of a Japanese company in Brazil. The aim was the description of conflicts caused by differences between employees’ perception about Japanese national and cultural identity, gender roles and age. The fieldwork was conducted on a Japanese car manufacturer with worldwide presence and almost 60 years of production experience in Brazil.
One of the greatest priorities of modern humanity is labor and the environment of large companies is a laboratory where social issues are reflected very intensively. When people are confined together in small spaces for long periods of time, hidden discriminations are revealed. Clarification of where each person stands on complex issues is socially demanded. Actors of different ages, social classes, nationalities and genders influence these scenarios and are influenced by them. The individuals create ties with antagonistic social groups at the same time they try to manipulate the perception of the oppositions to work on their favor. This article provides insight on possible sources of conflict in multicultural workplaces through the open presentation of employees’ thoughts on a variety of contexts.

Esta pesquisa originou-se de algumas indagações acerca do posicionamento identitário dos nikkei (descendentes de japoneses) no Brasil. A primeira delas é com relação ao estereótipo fortemente consolidado no senso comum de que os japoneses formam um grupo étnico e cultural sólido e homogêneo. Nesse sentido, esse trabalho tem como um de seus objetivos demonstrar que os imigrantes okinawanos no Brasil, apesar de terem sido historicamente identificados apenas como “japoneses”, constituíram-se em um grupo étnico distinto dos demais nikkei. A segunda indagação busca avaliar em que medida as festividades realizadas pela comunidade okinawana paulistana se inserem como os principais elementos demarcatórios das fronteiras étnicas e culturais desse grupo em relação aos não descendentes e aos demais nikkei. Essas festas podem ser compreendidas como um esforço por parte dos membros da comunidade uchinanchu (okinawanos na língua de Okinawa) de se afirmarem como brasileiros, porém, tendo uma descendência distinta que transcende o mero epíteto “nipo-brasileiro”. Através de entrevistas com membros da comunidade okinawana paulistana, bem como da análise de três de seus maiores w mais importantes eventos, o Kyodo matsuri em Diadema, o Okinawa festival no bairro da Vila Carrão e o Sanshin no hi no bairro da Liberdade, a intenção é perceber como essas festividades são mobilizadas para a construção de uma “okinawanidade diaspórica” brasileira (paulistana) ao mesmo tempo em que se mostram interessantes espaços de disputas e negociações.

Objetivos: O presente curso tem como objetivo ser uma introdução à História dos imigrantes japoneses no Brasil. O curso está dividido em duas partes (dois semestres). Na primeira parte, estudaremos desde o período pré-imigratório (1870-1908) até meados da década de 1940. Como eixos temáticos pretendemos discutir e analisar a tríade "Terra, Educação e Saúde" pilar da imigração tutelada (SAKURAI, 1998) e o processo de construção/negociação da(s) identidade(s) dos japoneses e de seus descendentes no Brasil (LESSER, 2001) no período (1920-1940). No segundo semestre do curso, estudaremos os efeitos da guerra na comunidade japonesa (o caso Shindo Renmei), a continuidade do processo de construção da(s) identidade(s) dos nikkeis no Brasil, como também o processo de migração do meio rural para os grandes centros urbanos nos estados de São Paulo e do Paraná. Ao final do curso discutiremos a trajetória dos decasséguis brasileiros no Japão, pautando-se pela questão: O que significa ser nikkei (no Brasil e no Japão)? Questão central para se compreender a importância do imigrante japonês e de seus descendentes na sociedade, cultura e economia brasileira.

Campo Grande received from 1909 large contingent of Japanese immigrants. It is thus one of the cities with the largest number of the population in Brazil. One of his characteristics is the fact possess much of its nipponics from the island of Okinawa.
The eastern group exercised - and still exerts great influence in the city, having as one of its tourist festivals the Bon Odori, built by the Municipality the timing of the festivities commemorating the anniversary of the division of the State of Mato Grosso do Sul the city has also car-head of its Japanese cuisine a dish called sobá, brought to “Cidade Morena” by the new inhabitants from Okinawa.
This study, therefore, aims to understand how important these two elements characters of Japanese culture and Campo Grande in the construction of an identity nipponic this city, even taking into account the fact that women east, have in the family and in the colony role important, as maintainers traditions and customs. They are the "pieces of resistance" that transmit the offspring the knowledge and information about their country of origin, through the socialization of children - children and grandchildren - and through its participation in the intense Japanese Clubs and Associations in Campo Grande.

O prato conhecido como Sobá, originalmente chamado Okinawa Soba, tem sido amplamente consumido na cidade de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul há várias décadas pelos imigrantes japoneses - em sua maioria okinawanos, que residem naquela cidade. Campo Grande destaca-se pela grande quantidade de imigrantes provenientes de Okinawa, e o prato típico dos imigrantes que ali chegaram tornou-se tão popular que em 2006 foi tombado e transformado em Patrimônio Cultural. Através desse alimento pode-se compreender questões importantes da história da imigração japonesa para o Brasil, e mais especificamente, para Campo Grande, local onde percebe-se que não há a tão propagada ideia de "homogeneidade japonesa", visto que há diferenciações entre "japoneses" tanto no Japão, quanto na situação de migração. Através do Sobá, pode-se notar o movimento entre japoneses-okinawanos, englobando-se e separando-se ao longo de sua história.

One of the visible but often neglected outcomes of international migration in Asia is the emergence of immigrant-run businesses. Drawing on the experiences of Bangladeshi migrant entrepreneurs in Japan, this study examines how migrants
reposition themselves from the rank of irregular workers to that of entrepreneurs under conditions of temporary migration. It highlights both the opportunity structure and the ingenuity of migrants in entrepreneurship. Unlike traditional migrant
businesses, Bangladeshi migrant entrepreneurs engage in transactions in ethnic and non-ethnic products and are driven to adopt innovative strategies to make use of available technology in communication and transport and the globalization of
markets. In doing so, they maintain multiple orientations in cultivating both the ethnic and local markets and developing a transnational and/or multinational dimension in growing their businesses.

Este estudo busca compreender como nas famílias de imigrantes japoneses e seus descendentes a transmissão de valores, rituais, tradições e costumes de sua cultura parece ser responsabilidade das mulheres, enquanto que supostamente o poder e a autoridade pertencem ao chefe da família. Procuramos verificar como é construída a identidade étnica deste grupo quando inserido no contexto brasileiro. Para tanto, o trabalho terá como enfoque principal uma das festas tradicionais da colônia japonesa em Campo Grande denominada Bon Odori. A tem como grupo escolhido, os japoneses e seus descendentes, participantes da Associação Esportiva e Cultural Nipo-Brasileira localizada em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.

Com o intuito de analisar a construção da identidade nipo-brasileira, este artigo propõe realizar um estudo comparativo entre Gaijin–Caminhos da liberdade (1980), filme de Tizuka Yamasaki e Brazil-Maru (1992), romance de Karen Tei Yamashita. Direcionaremos nossa atenção para a formação da identidade japonesa no Brasil focando numa relação campo-cidade. As narrativas selecionadas abordam o início da imigração japonesa para o país e são exemplos de representações históricas que refletem a constituição da faceta nikkeijin1 no Brasil. É importante ressaltar que muito é produzido, mas nem tudo alcança o destaque nacional e internacional recebidos por Gaijin e Brazil-Maru.2 Tais obras preenchem uma lacuna na produção cultural nacional como um registro do desenvolvimento e da consolidação da identidade japonesa no país. Partindo de uma perspectiva histórica, o estudo das obras aponta que a relação destes grupos entre o campo e a cidade é o reflexo do processo de transformação da identidade nipo-brasileira.

O artigo reflete sobre o Budismo de imigrantes japoneses que é no Brasil o segmento histórico e numericamente mais importante do chamado " Budismo étnico ". O último representa, ao lado do Budismo de conversão, uma das duas principais subcategorias analíticas do universo budista do País. O texto começa com uma reconstrução da trajetória desta corrente religiosa em relação a outras tendências observáveis no campo budista em geral. Por razões analíticas, a história da Budismo de imigração japonesa é subdividida em quatro fases. A segunda parte do artigo submete os dados anteriormente apresentados à uma avaliação sociológica. Tal interpretação apropria-se, sobretudo, das estatísticas referente ao Budismo fornecidas pelo IBGE por meio dos censos nacionais desde 1950. Os dados indicam um declínio gradativo do Budismo de imigração no decorrer das últimas décadas que culminou em uma crise generalizada do segmento do Budismo em questão. Na busca para os possíveis fatores responsáveis por desenvolvimento negativo, o artigo contempla aspectos como a falta de recursos e falhas logísticas por parte de instituições budistas ou a dificuldade das famílias de descendência japonesa em transmitir sua herança religioso-cultural para seus filhos.

The article reflects upon Buddhism of Japanese immigrants, which is the historically and numerically most important sub-segment of the so-called " ethnic Buddhism " in Brazil. The latter represents-in distinction from the " Buddhism of converts "-one of the two principles analytical subcategories of Buddhist universe of the country. The text starts with a reconstruction of the trajectory of the religious sub-segment in question by relating it to other observable tendencies in Brazil's Buddhist field in general. For analytical reasons, the history of Buddhism of Japanese immigrants is subdivided into four phases. In the second part of the article the aforementioned data are interpreted from a sociological point of view. This interpretation refers mainly to the statistics of the National Census from 1950 onwards conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The data indicate a gradual decline of Japanese Immigrant Buddhism during the last decades that has cumulated into general crises of the Buddhist segment in question. As for factors possibly responsible for this negative development, the article discusses aspects such as logistical failures on the side of the Buddhist institutions or the difficulties of the families of Japanese descendants in handing down their cultural and religious heritage to their children.

Campo Grande-MS possui uma das maiores populações de descendentes de japoneses no Brasil. Sua influência pode ser percebida por toda a cidade e, mais especificamente na gastronomia local. Na cidade é consumido um prato originário da ilha de Okinawa chamado sobá, que aqui passou por adaptações adquirindo uma feição própria. Sua popularidade entre os campo-grandenses é tamanha que em 2006 tornou-se patrimônio histórico. Tal alimento, pouco conhecido no restante do país compõe a identidade étnica do grupo nipônico em Campo Grande, diferenciando-o dos demais japoneses e descendentes do Brasil. Outra questão importante a ser abordada é o fato de que as mulheres japonesas estão intrinsecamente ligadas a esse prato, diferentemente de outros alimentos japoneses, comumente preparados por ambos os gêneros. Esse artigo faz parte de pesquisa de mestrado sobre a imigração japonesa em Campo Grande.

Critics have commented on the power of writing — the biblical Word as creation — in Bernardo Carvalho's work. It forges connections through words between others who are out of place, searching for order in what appears to be chaos. However, this motif from both Genesis and the New Testament is also mediated by another creation narrative: the Big Bang or Initial Singularity. Like the undeliverable letters in Rubem Braga's "O pessoal," rupturing bonds made of words can be as unpredictable as splitting an atom. A singularity as simple as a letter's altered trajectory can result in something new and unexpected at the point of disconnection — such as Braga's crônica. As we examine three novels by Carvalho, Nove noites, Mongólia, and O sol se põe em São Paulo, what emerges is that the same process occurs when the undelivered letters of Manoel Perna, the Westerner, and Michiyo fall into the hands of the books' narrators. On one hand, the progressive entropy in the system can be said to "explode" the Word. However, the narrators then take up the Word to write new realities. By appropriating its power and reinventing how it is used, they explode the Word a second time.

Resumo: A língua está envolvida nos processos de construção da identidade e da alteridade. Por isso, ela pode também ser utilizada para diferenciar negativamente o outro a partir de processos de julgamento da fala alheia. O presente artigo apresenta algumas considerações a respeito do preconceito linguístico contra os imigrantes asiáticos e os seus descendentes no Brasil. Trata-se de um trabalho de viés histórico e que utiliza a semiótica discursiva francesa para analisar textos jornalísticos publicados a partir da segunda metade do século XX até os dias atuais. A partir do exame das reportagens, observou-se a constante sanção sobre o mau uso que os imigrantes japoneses e os estudantes de origem asiática fazem da língua portuguesa, a despeito do destaque igualmente constante das qualidades de trabalhadores e de estudantes que eles comportam nesses discursos. Desse modo, mesmo com uma imagem atualmente positiva perante a sociedade brasileira, permanece o preconceito linguístico contra os indivíduos de origem asiática no país. Palavras-chave: preconceito linguístico; imigração japonesa; semiótica discursiva; identidade; alteridade. Abstract: Language is involved in the processes of identity and alterity construction. Therefore, it can also be used to differentiate negatively the other from processes of judgment of the speech of others. This article presents some considerations regarding linguistic prejudice against Asian immigrants and their descendants in Brazil. It is a work of historical bias and that uses French discursive semiotics to analyze journalistic

Le Brésil réunit aujourd’hui la plus grande communauté japonaise en dehors du Japon. Concentrés de façon très importante dans les états de São Paulo et du Paraná, les nikkei (personnes d’origine japonaise), répartis en cinq générations, étaient 1,3 million en 1998 - date du 90e anniversaire de l’immigration japonaise au Brésil.
Malgré le degré important d’intégration des nippo-brésiliens au sein de la société brésilienne, des formes de discrimination quotidienne persistent et se focalisent le plus souvent sur le phénotype oriental de ces individus. Des expressions comme « ouvre l’œil, Japonais ! » sont entrées dans le langage commun auquel se sont aussi habitués d’autres orientaux immigrés - Chinois et Coréens notamment -, couramment confondus avec les Japonais dont la présence sur le sol brésilien est plus ancienne.
Depuis les années 1980, le Brésil est devenu un pays d’émigration et le Japon accueille une immigration brésilienne singulière puisque composée essentiellement des descendants d’immigrés – phénomène appelé dekassegui.
La question identitaire se présente dès lors de façon particulièrement intéressante et des travaux récents, recueillant des témoignages de ces migrants, en font part. Pour faire court, les nippo-brésiliens qui font le « voyage de retour » au Japon affirment en général n’avoir jamais réussi complètement à être vus comme des Brésiliens, alors qu’ils se voient eux mêmes comme tels - ne parlant plus la langue des ascendants et ayant pris des distances vis-à-vis des traits culturels auparavant conservés et valorisés par les familles. Le projet de partir au Japon pour travailler s’est alors présenté comme une solution à cette impasse : le phénotype différent ne sera plus un obstacle à l’intégration. Le démenti vient vite : c’est au Japon que ces nikkei se découvrent plus Brésiliens que jamais. Et dans les descriptions des caractéristiques qui font de ces individus, irrémédiablement, des Brésiliens, différents des Japonais, les traits physiques prennent une place primordiale, voire dominante : rondeur des formes pour les corps des femmes, s’opposant à la silhouette « droite » des japonaises (anches, fesses et seins sans relief) ; balancement des anches « typiquement » brésilien aussi bien pour les hommes que pour les femmes.
Pas toujours bien acceptés au Brésil, les nippo-brésiliens et leurs descendants n’en incorporent pas moins à la fois les formes corporelles dites brésiliennes (arrondies) et la gestuelle, le comportement corporel qui contribuent à les définir durablement comme Brésiliens.

Le Brésil est par ailleurs le deuxième pays du monde, derrière les Etats-Unis, en nombre d’opérations de chirurgie esthétique réalisées. Certains médecins affirment même que l’avancée de la recherche médicale en la matière place le pays au premier rang… En ce qui concerne cette recherche, les dernières années ont vu se multiplier le nombre de chirurgies appelées « d’occidentalisation des yeux », demandées avant tout par des nikkei des états de São Paulo et du Paraná entre 16 et 40 ans. En 2001, leur nombre a été estimé à 14.000. Il s’agit d’une intervention ne demandant qu’une anesthésie locale et qui promet un rétablissement très rapide (5 à 7 jours).
Parmi les médecins qui se consacrent à ce type de chirurgie et qui attirent de nombreux patients, les descendants de Japonais occupent une place centrale, méritant une confiance qu’ils expliquent non seulement par l’existence des liens intracommunautaires (ce qui est également vrai pour la circulation de l’information entre opérés et candidats à la chirurgie) mais aussi par la réputation d’efficacité, de sérieux et de rigueur qui est celle des ressortissants de cette communauté. J’ai pu interviewer deux de ces médecins et certains de leurs patients ont également accepté d’être interviewés. Ces entretiens, en cours, sont réalisés par écrit, au moyen du courrier électronique, ce qui m’a semblé soulager certains des patients, hésitants et/ou désireux d’anonymat. Les hommes sont minoritaires mais, selon les médecins interviewés, leur pourcentage pour cette chirurgie spécifique reflète celui de l’ensemble des opérations esthétiques, c’est-à-dire, 30% du total. Ils sont, m’a-t-on dit, moins disponibles pour l’enquête, mais quelques-uns ont tout de même accepté de répondre à mes questions. A écouter les chirurgiens, les nikkei ne cherchent pas exclusivement ce type de chirurgie (même si son coût moins élevé et la rapidité du rétablissement facilitent la décision) : ayant incorporé sans nuance les canons locaux de beauté, ils suivent les tendances générales de la chirurgie esthétique, mais se voient offrir en plus une chirurgie spécifiquement tournée à leurs « besoins esthétiques ».
Ainsi s’expriment en même temps l’incorporation du lexique corporel et des canons de beauté, et la volonté de parvenir à l’intégration, puisque ceci ne semble suffire à gommer les différences parfois gênantes inscrites dans les corps. Elles sont ainsi simultanément lisibles dans cette demande des patients pour les chirurgies les plus courantes (lipo-aspiration, chirurgies faciales, mammaires, abdominales, prothèse des fessiers, etc.) et pour celles qui les concernent directement (occidentalisation des yeux).
Je me propose donc, dans cette communication, de présenter les premiers résultats de l’enquête en cours, où se croisent des questions d’histoire de l’immigration et des rapports de genre car l’identité ethnique dont il est question ici touche directement les corps, les canons de beauté, les atouts de séduction et mobilise différemment (inégalement ?) hommes et femmes, présentant des significations directement liées à la construction de la féminité et de la masculinité. Ces deux éléments de l’analyse – identité ethnique et de genre - ne sont pourtant pas simplement juxtaposés car cette féminité et cette masculinité sont traversés par une quête identitaire dont la présentation de soi ne se veut ni Japonaise ni Brésilienne mais Nippo-brésilienne, ce dont j’essayerai de dessiner les contours et de cerner les enjeux spécifiques.

In this interview, Oscar Nakasato tells us what motivated him to write Nihonjin. He also discusses the extent to which his Japanese heritage impacted the plot, narrative style, and characters, and how he frames food and cultural differences as quintessential to the Japanese-Brazilian experience.

This paper considers the place of Australia within the network of sites through which Japanese Brazilian migrants move. In doing so, it aims to demonstrate the importance of moving beyond a bi-focal analysis of transnationalism to one which encompasses a multiplicity of sites and migrants’ diverse strategies to cross these national borders. Here I analyse the triangular circulation of young middle-class Japanese Brazilians among Brazil, Japan and Australia. I argue that in order to negotiate these multiple territorial borders and diverse ‘regimes of mobility,’ Japanese Brazilians mobilise economic, social and cultural capitals and by doing so undergo changes in migration status and subjectivity in all three nodes of this triangular circulation. Moreover, I contend that their middle-class status makes for a very specific migration pattern in which acquiring cultural capital (which will later be converted into economic capital) is more important than migrating in search of economic capital alone.

Araujo, M. S. (2012). DEZEM, Rogério. Matizes do “amarelo”: a gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (1878- 1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005. 312p. Antropolítica - Revista Contemporânea De Antropologia, (31).

Autor: Marcelo Silva Araujo, UFF/Colégio Pedro II
Licenciado em Ciências Sociais (UFF, 2000) e em História (UERJ, 2004), mestre em Artes Visuais (UFRJ, 2003) e doutorando em Antropologia pela UFF. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.

Some people in diaspora communities speak both the language of their “homeland” and the language of their “host” country natively; others may be fluent only in one. However, even if they speak any of these languages as their mother tongues, locals in the “host” country often think the disaporees speak their language with a foreign accent, while people “back home” think they somehow “talk funny” and not the same as “we native speakers.”
Yet languages change continuously across many spectrums and for many reasons. Thus, it is not unexpected that the language of the homelanders and the diasporees will become different over time due to different social, political, and/or economic environments and needs. However, homelanders feel they have the linguistic authority to declare their speech as “correct;” the speech of the diasporees must therefore be either just “wrong,” or “poor” or “inadequate” attempts to emulate correct native speech. Many linguistic anthropologists (e.g., Urciouoli 2013: 3) argue that such views are more linguistic prejudice than linguistic fact. .
In my fieldwork, I found that the Japanese language spoken in a Japanese Brazilian farming commune (which I call Kubo ) was no exception to such a view. Japanese native speakers in Japan judged the Japanese language spoken by these Japanese Brazilians as inadequate or substandard compared to the standard Japanese spoken in Japan (Nakatō 2006: 105). This is because in many significant ways Kubo people’s Japanese is indeed different from that in Japan.
Since its foundation in 1935, the language used for daily communication on the Kubo farm has been only Japanese. Even the mother tongue of the youngest generation, i.e., the fourth, is no exception. Kubo is a nearly self-sufficient farming commune , and when I first began living on the farm in 1992 and 1993 there were about ninety members.. At the Kubo farm members enjoy many cultural activities such as dancing and playing musical instruments when not farming. Also, in true communal spirit, Kubo people provide free accommodations to any visitors. Thus, there are always Japanese backpackers or sojourners staying at the farm. The travelers spend anywhere from several days to a several months living at Kubo, helping them with chores and farming. They often commented that Kubo people’s Japanese is simplified, and that women’s language there is especially abrupt and unfeminine.
In this paper I look in detail at the Japanese language used at the Kubo farm. I claim that their form of Japanese is neither simplified nor an insufficient acquisition of a standard form but instead is a legitimate dialect that has been formed in new social and natural environments. I support this claim by analyzing various linguistic elements of Kubo language. I also argue that their women’s language is a key representation of the ideology of the commune, as well as representation of their past experiences in the physical and social environments in Brazil. I examine how their ideology—a humanitarian farming philosophy largely based on traditional Japanese practices of the 18th and 19th centuries—has shaped current language use, economic structures, and changing gender roles on the farm from those of Japan.

Campo Grande é umas das cidades brasileiras que mais recebeu imigrantes japoneses desde a chegada do navio Kasato-Maru, em 1908. O grupo nipônico foi um dos que mais contribuíram para a formação e crescimento dessa cidade. Desse modo, é preciso ressaltar que tradições japonesas mantêm-se no seio familiar, mesmo que de forma adaptada. O presente artigo busca compreender como a família nipônica reproduz tais costumes e hábitos, e qual sua importância na construção da etnicidade dos imigrantes e seus descendentes.

Nosso objetivo neste artigo é apresentar subsídios de caráter histórico e socioeconômico para a compreensão do modelo de colonização empreendido pelo governo japonês no estado de São Paulo nas primeiras décadas da imigração japonesa no Brasil. Momento histórico no qual o trinômio  “ Terra, Educação e Saúde” se tornou o alicerce dos diferentes tipos de núcleos que surgiram durante o período perscrutado neste artigo. Mais especificamente nosso foco será a terra ou o espaço físico, objeto de desejo da maior parte dos imigrantes naquele período. No caso dos imigrantes japoneses, a estrutura criada a partir da iniciativa das companhias de imigração associadas ao governo japonês que objetivavam a criação de núcleos ou colônias adquiriu um caráter singular. Como exemplos deste tipo de empreendimento citamos os núcleos de Iguape (1912), Aliança (1924) e Bastos (1928).

Link:

http://www.usp.br/proin/download/artigo/artigo_politica_imigratoria.pdf

This research aims to study the representations of food in the novel Nihonjin (2011) by Oscar Nakasato (Maringá, 1963). I argue that culinary practices establish boundaries, that I call isogastrias, between ethnic communities in Brazil in the first decades of the twentieth century. In Nihonjin, whose background is the life of the first Japanese immigrants arrived in the coffee plantations of São Paulo in 1908, food, its preparation and consumption, is depicted as a marker of Japanese ethnicity in the diaspora. The representations of food are also an indicator of the process of transculturation of this community in Brazil. The nostalgia that Japanese in the diaspora feel for Japan finds in food a foothold for memories and remembrances.

As primeiras levas de imigrantes japoneses aportaram no Brasil em um momento crucial de (re)definição do significado de ser japonês, tanto no Japão, como e, principalmente, no exterior.  Fato esse, que influenciou a posteriori, na construção de imagens ambíguas sobre o Japão e os japoneses. Essa ambiguidade foi produto direto da tentativa do governo japonês  em forjar  uma identidade associada ao processo de consolidação da unidade nacional durante a era Meiji (1868-1912). Neste artigo gostaria de apresentar algumas questões  relativas a esse contexto histórico. Inicialmente, quais elementos permearam esse processo?  Na época, nascia entre os habitantes do arquipélago japonês  um embate entre o sentimento de pertencimento associado à família, costumes locais, língua/dialeto e terra natal (Furusato) versus sentimento nacional (Dai Nippon Teikoku). Por outro lado, ainda no período anterior à imigração japonesa para o Brasil, entre os anos de 1890-1900, outra questão se sobressaiu: Como os brasileiros, representados pela diminuta opinião pública, a imprensa e o governo,  imaginavam o Japão e os japoneses? Até que ponto, o desfecho da Guerra Russo-Japonesa (1904-05) foi crucial para a consolidação de uma identidade japonesa de caráter nacionalista, mas ainda não militarista na terra do sol nascente?

RESUMO Esta comunicação de pesquisa apresenta um estudo revisionista sobre os kōtakusei, imigrantes japoneses que se estabeleceram em Vila Amazônia na década de 30. A pesquisa visa esclarecer alguns fatos ainda obscuros sobre o grupo em questão, bem como confirmar outros que surgem como dúbios. As fontes pesquisadas são documentos da Embaixada do Brasil no Japão (ofícios, artigos de jornal, despachos etc.) datados entre 1930 e 1942. Palavras-chave: Imigração japonesa no Amazonas. Documentos diplomáticos. Kōtakusei. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho é parte da pesquisa conduzida desde 2008 a respeito da imigração japonesa no Amazonas, especialmente dos chamados kōtakusei (egressos da Escola Superior de Colonização, em japonês Kōtō Takushoku Gakkō), que se estabeleceu em Vila Amazônia na década de 30 e contribuiu ativamente para o desenvolvimento local e para a economia do Estado, principalmente através da aclimatação da juta ao solo amazonense. Quando a pesquisa se iniciou, as principais fontes de dados e documentos foram a Associação Kōtaku do Amazonas (Amazon Kōtakukai), formada pelos descendentes dos kōtakusei, e a Associação Nipo-brasileira da Amazônia Ocidental. Através destas duas fontes principais, soube-se que os kōtakusei são um grupo peculiar de imigrantes, pois, entre outras características, faziam um juramento de nunca mais retornarem ao Japão, e por isso não ensinavam a língua japonesa para seus filhos (justamente por causa do compromisso em se manterem no Brasil em caráter definitivo). O teor deste juramento ainda é desconhecido e a pesquisa prossegue na intenção de esclarecer este ponto. De acordo com as primeiras fontes, também não havia primogênitos entre os kōtakusei, uma vez que, na cultura japonesa, o primogênito é o herdeiro e o principal responsável pela continuidade da família e, portanto, permaneceria no Japão. Em dezembro de 2017, recebi o contato de uma jovem descendente de kōtakusei interessada em saber mais a respeito do grupo e da história de seu próprio avô, falecido antes de ela nascer. Tendo buscado as mesmas fontes que eu, Tiemi (neta de Torihiko Miura, da segunda turma) dispunha de muitas informações em comum, mas compartilhou alguns dados particulares que contradiziam as fontes. Segundo ela, o avô veio para o Brasil com um contrato por tempo determinado-ou seja, ele planejava retornar ao Japão, embora as circunstâncias tenham lhe dado destino diferente. Também, de acordo com sete listas de passageiros contendo turmas de kōtakusei que ela encontrou, havia muitos primogênitos. Desta forma, há inconsistência nas informações, se compararmos as fontes. A relevância do trabalho está no estudo de fontes ainda não pesquisadas sobre um grupo específico de imigrantes e também pela perspectiva revisionista que assume ao debruçar-se novamente sobre o objeto estudado. 2. OBJETIVOS

O objetivo deste artigo é analisar o campo historiográfico da imigração japonesa, entendido como um espaço formado por diversas autoridades que buscaram entender o processo de imigração por intermédio de conceitos como: aculturação, assimilação, identidade negociada e japonesidades. Assim, compreendemos que é um campo subdivido em três fases: a primeira é denominada de aculturação e assimilação devido às pesquisas utilizarem, principalmente, esses dois conceitos conjuntamente aos de integração e acomodação. Essa fase surgiu e consolidou-se nas décadas de 1930 e 1940, possuindo como grande autoridade Hiroshi Saito; a segunda surgiu por volta dos anos 2000 e é denominada de etnicidade, uma vez que os estudos se distanciam do conceito de assimilação e focam mais na etnicidade e a questão de identidade, dessa maneira, a grande autoridade é o brasilianista Jeffrey Lesser, o inaugurador dessa fase e que estabeleceu os conceitos de negociação e identidade hifenizada e situacional. Por fim, sugerimos que há o delineamento de uma terceira que busca romper, ou pelo menos afastar-se, com os conceitos da fase anterior, visto que são compreendidos como insuficientes para entender o fenômeno imigratório e a construção subjetiva dos nikkeis.

This essay reconstructs the process of Japan's emigration, showing its causes and factors
that contributed to its orientation to Brazil at the beginning of the twentieth century and discuss the interaction of Japanese immigrants who came to the country and their descendants in the Brazilian society.

Resenha do livro: A imigração nas revistas ilustradas. Preconceito e imaginário social (1897-1945). Autor(a): Márcia Yumi Takeuchi (São Paulo, EDUSP, 2016. 472 pp.) in: Revista de Estudos Brazileiros/Buraziru Kenkyuu. Vol. 13. Osaka University, Osaka,2017. p.85-89.