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02 - Marido Desejado - Série Irmãs Laurens 02 - SophieSaintRose - LRTH

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Marido Desejado

Sophie Saint Rose

(Série Irmãs Laurens 02)

Lu, Flah, San, Magui


Sinopse

O momento havia chegado. Lady Bethany Laurens já estava preparada para

sua apresentação, mas primeiro precisava dar uma chance ao candidato que seu

pai escolhera para ela. Afinal, ele não tinha feito um trabalho ruim com a irmã.

Talvez ele também estivesse certo com seu futuro marido. Embora ela estivesse um

pouco preocupada que seu pai honrasse a promessa que havia feito à irmã no

passado de que ela deveria escolher seu futuro marido, o conde de Keighley gostava

de fazer o que queria e de ter tudo sob controle. Sim, tinha certeza de que ele já

tinha o candidato certo para ela.

Ela estava ansiosa para conhecê-lo ...

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Capítulo 1

Lady Bethany olhou para seu pai. O conde de Keighley lia o jornal enquanto
levantava o garfo. Observou como comia o presunto antes de cortar outro pedaço
novamente. Ela mordeu o lábio inferior e olhou para sua meia-irmã, que estava sentada
ao lado dela gesticulando com seus expressivos olhos verdes para falar com ele.

Ela limpou a garganta se endireitando e afastou os cachos castanhos de seu


ombro um tanto nervosa. — Pai…

— Sim menina? — Perguntou distraído.

— Carlton, a menina quer falar com você. Pare de ler. — Disse sua madrasta,
sentada à direita do marido, antes de tirar o jornal de sua mão para dar uma olhada.
O rosto indignado do conde era evidente, mas sua esposa piscou para ele
sedutoramente e ele rapidamente esqueceu.

— Pai…

— Oh, sim. — Olhou para os olhos azuis dela, que havia herdado dele,
recebendo toda a sua atenção. — O que é, filha?

— Estou esperando.

— Estou vendo.

— Não, estou esperando sua proposta. Porque não vai me impor, mas aceito
propostas. — Seu pai olhou para ela sem compreender e ela gemeu por dentro porque
estava se explicando muito mal. — Já tenho idade, pai. Eu faço dezoito em duas
semanas.

— Já? — Ele perguntou assombrado fazendo-a gemer.

— Sim.

— Como passa o tempo.

Eugenia suspirou. — É certo. Olhe para Delia. Ela já é uma mulher.

— Mãe! — Sua meia-irmã corou, tirando uma mecha escura da testa. — Assim
você me envergonha...

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Que bobagem. Preciso falar com seu irmão sobre a temporada. No ano
passado tivemos que afastar-nos quando você mal tinha debutado, mas este ano não
será assim. Verá como encontrará o homem dos seus sonhos.

Bethany olhou ansiosamente para o pai, mas ele estava tão ofuscado com a
esposa que parecia não ter ouvido nada. — Pai!

Ele olhou para ela surpreso. — O que?

— Meu noivo!

— Que noivo? — Perguntou surpreendido. — Não me diga que a pediram em


casamento? Quem se atreveu?

— Não, onde está meu noivo? — Seu pai estava totalmente perdido e olhou-o
desapontado. — Você não o procurou.

— Procurou?

— Querido, já que procurou um para a sua irmã mais velha, a menina quer que
você encontre um para ela. É que você nunca fica sabendo de nada. — O conde
fulminou-a com o olhar. — Querido, não me olhe assim quando é óbvio o que quer
dizer.

Carlton olhou para ela compreendendo antes de se virar para sua filha. — Eu
prometi à sua irmã que deixaria essa decisão em suas mãos. — Ele pigarreou
incomodado. — Embora tenha que dar o meu aval.

— Você não prometeu isso a ela. O de dar seu aval nunca foi dito!

— Mas eu tenho que dar!

Bethany estalou a língua como de costume e olhou-o de lado. — Então não tem
nenhum candidato? Ninguém?

Seu pai suspirou. — Bem, já que diz, tinha sim. — As três se adiantaram,
olhando para ele. — Mas ele se casou há dois meses. Não tive tempo de propor nada a
ele.

— Ora... — Delia sussurrou.

Decepcionada, deu de ombros. — Bem, procurarei algo sozinha. Posso me


levantar?

Seu pai viu a decepção em seu rosto e assentiu. — Sim, filha. Pode-se retirar.

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Delia se levantou com ela e as duas deixaram a sala de jantar em silêncio.
Eugenia olhou feio para ele.

— Você não tem que olhar para mim assim. Eu prometi a Belinda!

— Belinda está muito bem casada! Com certeza agora ela não protesta tanto
sobre seu marido, que agora caiu em sua graça.

— Que seja seu filho não tem nada a ver com essa opinião? — Ele perguntou
divertido.

— Se atreve a dizer que eles não foram feitos um para o outro?

— Não, claro que não. Eu acertei em cheio.

— Bem, isso é o que sua outra filha quer. Que você acerte em cheio!

O conde olhou pensativo para a porta. — Bethany está de acordo. Não pode
protestar sobre isso.

Eugenia sorriu de orelha a orelha. — Vê? Já tem meio caminho ganho. Não
recusará categoricamente como sua outra filha.

Nesse momento ouviram uma porta bater e eles viram que Belinda chegava com
o rosto carrancudo. — Ui, esta discutiu com Daniel. — Sussurrou sua esposa.

O conde forçou um sorriso. — Que surpresa, filha. Como está meu neto esta
manhã?

Ela olhou para eles com os olhos arregalados antes de gritar e correr para fora
de casa. — A criança foi deixada na carruagem de novo, — disse Eugenia como se fosse
um desastre.

— A babá está com ele! E tem muitas coisas em que pensar!

Nesse momento sua filha entrou com o neto nos braços, resmungando sobre a
babá que parecia um fantasma que nunca abria a boca. Forçou um sorriso. — Aqui está
o pequeno Daniel.

Os avós se levantaram imediatamente e Eugenia o tomou nos braços. — Está


ficando maior a cada dia. — O menino olhou para eles com grandes olhos azuis e
pareceu reconhecê-los porque deu um pequeno gorgolejo. O conde começou a rir,
assustando-o enquanto Eugenia afastava amorosamente um cacho escuro de sua testa.
— Ele é exatamente como meu filho. Aliás, onde está? — Grunhiu enquanto se sentava
à mesa e gesticulava para o mordomo. — Um chá.

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— Imediatamente, Marquesa.

Os avós fizeram uma careta antes de olhar para Belinda. — Ele está indo para
Boston, — disse, deixando-os atordoados.

— Desculpe? — Seu pai perguntou. — Ele me disse que iria morar aqui! Foi
uma das condições do noivado!

— Ele pretende morar aqui, mas agora está indo para Boston. Negócios, —
sibilou. — E eu não posso ir!

— O que quer dizer com você não poder ir?

— Eu disse a ele, mas nada, não me escuta como sempre, — disse como se eles
não estivessem na sua frente. — Eu avisei. Fui muito clara, mas não acreditou em mim
e marcou os encontros! Quem acreditaria?

Seu pai se sentou na cabeceira da mesa novamente. — Filha, nós não te


entendemos. — Uma mecha de seu cabelo loiro platinado se soltou de seu penteado
como de costume e seu pai sorriu. — Comece do início.

— Estou grávida novamente.

Seus pais gritaram de alegria e ela grunhiu tirando o filho dos braços da sogra
ou da madrasta, ou o que fosse.

— Sim, vocês se alegrem, mas eu fico aqui em Londres morrendo de desgosto!

— É por isso que você está com raiva? Querida, com uma criança tão pequena
você não deve viajar. Mesmo se você não estivesse esperando outro, você não sairia da
cidade, — disse Eugenia, seus olhos brilhando de felicidade. Outro neto, que alegria.
As crianças são um presente do Senhor.

O conde estufou o peito com orgulho. — Que filha eu tenho. Vai ter doze, pelo
menos.

Olharam para ele como se estivesse mal da cabeça e ele corou. — Não me olhem
assim, a criança mal tem três meses. É muito capaz!

Belinda estava preocupada e sua sogra sentou-se ao lado dela.

— Tudo estará bem.

— Como vai estar bem se não vai ficar comigo? — As lágrimas brotaram de seus
lindos olhos azuis quando ouviram outra batida da porta.

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— Aí vem meu genro.

— Belinda!

Viram o quão furioso chegava à porta da sala de jantar e a olhava fixamente


antes de apertar os lábios ao ver seu estado. Não levantava os olhos do filho e o
marquês se aproximou lentamente.

— Mãe, pode pegar a criança um momento?

Eugenia gentilmente o pegou nos braços e Daniel se agachou ao lado dela,


pegando as mãos de sua esposa.

— Querida…

— Não vai conseguir acabar com minha raiva.

— E eu entendo. — Ela olhou para ele surpresa. — Mas tenho responsabilidades


e devo ir. — Ele acariciou a bochecha dela, limpando uma lágrima com o polegar. —
No próximo ano iremos para Boston juntos e nos divertiremos muito.

— Você me promete? — Perguntou olhando em seus incríveis olhos verdes.

— Te prometo. — Ele se aproximou e beijou seus lábios suavemente. — Agora


tome o café da manhã que você quase não comeu em casa. Jeremy?

— Imediatamente, Marquês.

O conde deu um tapinha nas costas dele. — Parabéns, filho!

Daniel sorriu. — O crédito não é só meu.

— Desta vez será uma menina, — disse enquanto o lacaio servia-lhe um prato
cheio de tudo o que ela gostava.

— Uma loira linda de olhos verdes, — disse a sogra com entusiasmo.

— Está aqui, — disse Bethany da porta. Correu até o menino e o tirou de


Eugenia. — Olá Daniel. Sou a tia Bethany. Se lembra de mim? Nos vimos ontem. — Se
abaixou e deu um beijo na bochecha de sua irmã. — Belin, está ficando mais bonito a
cada dia.

— Saiu ao pai. — Disse Eugenia com orgulho, fazendo-a estalar a língua.

—Como vai tudo? —Sua irmã mais velha perguntou, não se importando com
suas maneiras.

— Ele não procurou.

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Belinda deixou o garfo cair antes de olhar para o pai.

— Vai manter sua promessa?

— Claro que sim!

— Sem nenhuma trapaça ou truques? Você não vai passar seu candidato pelos
olhos até que desista?

— Mas por quem você me toma? — A família ergueu as sobrancelhas e o conde


teve a decência de corar. — Pois não! Estava pensando em deixar a escolha para sua
irmã! A verdade é que ninguém as entende! Escolho o seu marido e sou um monstro,
deixo a escolha para a sua irmã e parece que não estou interessado! Querem esclarecer?

Daniel ria enquanto se sentava à mesa.

— Carlton, estão tornando isso difícil para você?

— O que tenho a dizer que você ainda não saiba!

— Sim, sogro... Não me diga, pois sei muito bem, — disse, olhando para a
esposa como se ela fosse a melhor coisa do mundo e ela corou de prazer.

— Portanto, não há candidato. — Os olhos de Belinda brilharam. — Teremos


uma temporada.

— Dupla temporada porque também temos que casar a Delia, — disse Eugenia
com entusiasmo.

Ele olhou ao redor. — Por falar nisso, onde está?

— Pintando, — Bethany respondeu antes de arregalar seus olhos para o


sobrinho. — Onde está a coisa mais linda do mundo? Onde?

O menino gorgolejou e todos sorriram.

— Vê, querida? Você ficará entretida. Antes que perceba, estarei de volta.

— Sim, filha. Você tem que aproveitar a temporada agora que ainda não se nota.
— Disse o pai satisfeito. — Por que você não se muda para cá enquanto isso? Assim
você não ficará tão sozinha naquela casa enorme e a criança será cuidada por Portia
que o adora. Ela criou você e sabe o que faz.

Belinda olhou para a irmã que estava totalmente apaixonada pelo sobrinho e
acenou com a cabeça enquanto mastigava.

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— Precisamos de um novo guarda-roupa. — Todos olharam para Eugenia, que
corou levemente.

— Temos que estar à altura.

— Que presente você me deu, genro, — disse o conde em voz baixa.

— Isso vai acabar com a herança das minhas filhas. Começo a pensar que fez
uma bagunça comigo para me pegar. Com certeza você não era tão permissivo.

A condessa ofegou indignada e Daniel riu.

— Agora você não pode se arrepender. E está certo, não era porque elas mal me
viam. — Sua esposa estreitou os olhos para ele.

— O que não vai acontecer em nosso casamento, querida.

— Acho melhor! Quero você aqui o mais rápido possível ou então já sabe o que
pode acontecer!

— Belinda... nem pense em entrar em um barco, que nós a encontramos!

Bethany suspirou. — Pai, tem certeza de que não há um candidato por aí que
você não tenha se lembrado? Algo que você não acha que é ruim?

— Por que a pressa?

Ela se pôs como um tomate e todos a observaram corar. Olhou para o sobrinho.
— Eu quero um desses. Quero muitos. — Estalou a língua antes de olhar para eles. —
E alguém como Daniel também serve, pai. Não há nada desse tipo disponível?

— Obrigado, cunhada, — disse ele, divertido.

— Cheguei a ver o seu lado bom. Foi difícil encontrar, mas me esforcei muito.

— É um alívio.

O conde sufocou o riso. — Não, filha. Assim como nosso Daniel, não há
ninguém, mas deixe-me dar uma olhada nesta temporada. De qualquer forma... — De
repente, ele ficou olhando para o vazio e todos se entreolharam.

— Carlton? — Sua esposa perguntou preocupada.

Belinda deixou o garfo atento ao pai e Bethany ofegou. As duas irmãs se


entreolharam antes de rir.

— O que aconteceu, querido? — Eugenia perguntou preocupada com o marido.

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Bethany olhou-a entusiasmada. — Tem. Ele tem um candidato!

*****

Delia, Belinda e Bethany estavam em frente ao gabinete do conde tentando


ouvir alguma coisa, pois assim que o pai fez aquela cara mandou o genro ir ao
escritório e estavam trancados ali por vários minutos.

— Estão ouvindo alguma coisa? — Eugenia perguntou, assustando-as.

— Não, — respondeu sua filha.

Portia passou atrás delas com a criança nos braços. — Se sabe algo?

— Não, — Belinda respondeu à sua donzela ao longo da vida até que ela se
casou. — Não se escuta bem. — A risada do marido do outro lado a surpreendeu e ela
pressionou o ouvido contra a porta.

— Que ria não é bom, — disse Bethany, genuinamente preocupada. — Será que
ao pressionar o pai vamos estragar tudo?

— Tem que dar uma oportunidade. Já havíamos conversado sobre isso. Veja
como foi bom para mim. E cala a boca que não escuto nada.

Estalou a língua contra o ouvido como sua irmã Delia, que tinha ido correndo
quando se havia inteirado estava entre as duas ainda com o pincel na mão. — Disse
duque.

— Duque? O que você quer dizer com Duque? — Bethany perguntou, sentindo
seu coração pular antes de franzir a testa. — Como vou me casar com um duque? Eu?

— Não disse Duque, ele disse embora, — Eugenia respondeu.

Todos olharam à sua direita para vê-la com um copo colado na parede.

— Isso funciona? — Belinda perguntou.

— Claro que funciona, — disse a condessa afetada. — Vocês têm que ler mais,
meninas.

— Gostamos do método tradicional. — Sua filha pregou o ouvido novamente.

Bethany mordeu o lábio inferior tentando ouvir algo. E foi quando seu cunhado
disse claramente. — Carlton vai dificultar as coisas, não que eu o conheça muito, mas

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nos dois anos que moro em Londres apenas o vi duas vezes no clube. Como você vai
abordá-lo?

— Que diga o nome, que diga o nome, — sussurrou Delia.

— Shiiii, — Portia riu e todas olharam para a esquerda para vê-la sem soltar o
menino com a orelha grudada à porta. De repente, se afastou olhando para elas com
os olhos arregalados, assim como a condessa que até deixou cair o copo.

Belinda ergueu uma sobrancelha. — Papai vai ficar zangado. Esse copo é
italiano.

Bethany pegou o braço de sua irmã, detendo-a sem tirar os olhos dos olhos
castanhos de Portia. — Você ouviu? — Sua donzela assentiu pálida. — E?

— Menina…

— Fale de uma vez, — Delia disse impaciente, sem perceber que seu pincel
estava pintando a porta.

— O duque de Cowlishaw, — sussurrou Eugenia.

Todas se viraram de repente e olharam-na sem entender. — Então ele é um


duque, — disse Delia, encantada da vida. — Parabéns garota. Vai ser Duquesa.

— Minha irmã uma duquesa, — disse Belinda sonhadora. — Para depois dizer
que o pai escolheu mal.

Corou de prazer. Nunca em seus melhores sonhos ela pensou em ser uma
duquesa. Sua irmã sim, claro muito mais bonita do que ela, mas a única coisa que se
destacava em seu físico eram seus olhos azuis, que, dependendo de como a luz
incidisse sobre eles, podiam parecer violetas. O resto era mediano demais para atrair
nem menos a atenção de um duque. Já podia ir esquecendo, porque ele não a aceitaria.

Suspirou profundamente. — Bem, posso ir à costureira agora para tentar me


aprontar um pouco para a apresentação.

Belinda ofegou. — Você não vai dar uma oportunidade? Se você ainda não o
viu!

— Meninas... — disse Eugenia, apertando as mãos enquanto Portia a encorajava


com os olhos.

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— Claro que eu daria uma chance, mas eu Duquesa? Tem que ser um pouco
realista. Meu pai pode pensar em me deixar muito dinheiro, mas um duque pode ter
quem quiser.

— Meninas! — Elas se viraram para a madrasta, que forçou um sorriso. — Eu


acho que seu pai errou desta vez, querida. Sim, acho melhor ir à costureira e ...

— Por quê? — Belinda colocou as mãos nos quadris, dando um passo em sua
direção. — Minha irmã pode conseguir quem ela quiser! Por que não ele?

— Porque é casado.

— O que você quer dizer com casado? — Bethany não saia de seu assombro. —
Como pode estar casado se é candidato do pai? Acaso não sabe que está casado?

— Claro que sabe, como toda a Inglaterra sabe. O duque perdeu sua esposa em
uma caçada. Não havia nenhum vestígio dela. Eles procuraram por ela em metade da
Inglaterra e parte da Escócia. É por isso que Portia sabe sobre ela.

As meninas se voltaram para a donzela, que assentiu. — Esteve em Laurens


Hall cerca de cinco anos atrás, procurando por ela na área. — Olhou para Belinda. —
Você estava visitando a casa de Lady Hudson em Bath por vários dias e sua irmã estava
na escola. É um homem... Me deu arrepios e eu não costumo me assustar, vocês sabem.

— Oh, mas essa está morta, — Bethany disse casualmente fazendo todas
olharem para ela em estado de choque. — Vamos, é o que todas vocês estão pensando!

— Claro que sim, — disse Eugenia. — Mas ele ainda está casado perante a lei!

— E qual é o nome do alegado viúvo? — Delia perguntou intrigada. — Porque


diabo já temos meu irmão.

— Quase... — Todas deram um passo na direção de Eugenia. — Um nome que


procede daquele que assassinou seu irmão por ciúme. — Todas ofegaram. — Kayne
Robert Furburgh.

Bethany sorriu sonhadora. —O nome dele é Kayne. Eu gosto. — Olharam para


ela como se estivesse louca. — O que? Caim também foi o primogênito de Adão e Eva!
Olha que vocês são pessimistas! E ele não matou a esposa por ciúme! A boa senhora
estaria perdida e não sabia mais como voltar para casa! Acontece muito! — Ela cruzou
os braços, erguendo o queixo. — A procurou. Ele a procurou incansavelmente e se ele
a tivesse matado por que perder tempo.

— Nisso minha irmã tem razão. Se ele a tivesse matado ...

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Nesse momento, a porta se abriu e todos olharam para o conde impacientes. —
Filha, eu tomei uma decisão. Vou sondar o terreno com um certo candidato e logo te
direi algo.

Ela sorriu. — Obrigada, obrigada! — Se aproximou e o abraçou alegremente


antes de beijá-lo na bochecha. — Eu preciso de vestidos novos!

Seu pai riu. — Sim minha garota. Vá e divirta-se.

Delia cruzou os braços. — Isso significa que você não vai mais se apresentar este
ano?

— Claro que sim. Se isso der frutos, quero um namoro como Deus manda.
Quero que vocês se conheçam primeiro, para que aconteça o que tiver que acontecer.

Belinda corou ao se lembrar de seu namoro desconfortável vendo seu marido


atrás de seu pai que piscava para ela. — Querido, eu preciso de um cochilo.

Todos olharam para ela como se fosse louca. — Mas são dez da manhã, — disse
sua irmã atônita. — Está bem?

— É a gravidez. Você descobrirá logo. Daniel?

— Sim preciosa. Estou aqui. Você parece cansada. — Disse, comendo-a com os
olhos, agarrando-a pela cintura para conduzi-la até a porta.

Totalmente apaixonados, saíram da casa do conde e Eugenia estalou a língua.


— Eles deixam a criança.

— É para que ela possa passar mais tempo conosco, — disse seu pai,
defendendo-a como sempre. — E depois também precisam passar um tempo juntos
antes que seu filho vá para a América!

— Sim, com certeza. — Bethany apoiou. — E pai, é um bom partido?

Ele estufou o peito com orgulho. — Você vai ficar com a boca aberta.

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Capítulo 2

Quinze dias depois, muito nervosa, ela cerrou os punhos ao ir ao escritório do


pai. Respirou fundo e bateu na porta duas vezes. — Entre, filha.

Sorriu ao entrar no escritório e ergueu uma sobrancelha castanha impaciente.


— Você já falou com ele, pai?

— Claro. Sente-se, filha. Tenho que falar contigo.

Muito ansiosa, se sentou ansiosa olhando para ele com seus olhos azuis que
naquele momento estavam um tanto roxos de emoção. — Conte-me. Ele disse sim?

— Virá jantar esta noite para que vocês possam se conhecer.

— Esta noite! — Gritou, levantando-se. — Pai, resta muito pouco para eu me


arrumar!

O conde sufocou o riso. — Fique tranquila, tenho que falar com você primeiro
sobre várias coisas.

— Sim claro. — Ela se sentou novamente. — Mas está de acordo?

— Ele está muito interessado na proposta, mas é claro que quer conhecê-la.

— Se por acaso eu seja feia.

— Minhas filhas são muito bonitas! Como ia pensar isso!

— Pai, ele nunca me viu. Seria lógico, já que está procurando um marido para
mim.

— Bem, suas dúvidas se resolverão esta noite. De qualquer forma, o acordo


econômico parece muito bom para ele.

— Acordo econômico? — Ela perguntou, estranhando.

Seu pai pigarreou. —Você sabe que isso são coisas de homem, mas como se trata
de sua herança, quero que fique por dentro para que nada te pegue de surpresa no
futuro.

— Sei que vou herdar tudo relacionado a Londres enquanto Belinda vai herdar
o que temos no campo.

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— Exatamente, por enquanto esta casa pertence a você, a casa da sua avó que,
como você sabe, está alugada, e a propriedade de vários locais na Bond Street que
pagam dividendos muito bons por ano. Uma renda muito substancial. Você vai ficar
rica, filha. E, portanto, seu marido também. Isso sem falar no dinheiro que corresponde
a você, que é uma pequena fortuna.

— Sim, pai, — disse impaciente. — Mas ele não é rico? Daniel é rico.

Seu pai sorriu. — Claro que ele é rico e é exatamente por isso que não está
procurando uma mulher pobre.

Ela franziu a testa. — Mas que besteira. Se é rico, pode encontrar a mulher que
deseja, pois não vai dormir com o dinheiro.

O conde enrubesceu. — Filha, essa língua! Disse a ele que você é uma dama com
todas as letras, educada nas melhores escolas, então não me deixe mal que vou ficar
zangado!

Ela estalou a língua. — Quando eu te deixei mal, pai? — Ela sorriu melosa. —
Vamos, diga-me como é. É bonito?

— Bonito? — Ele perguntou, surpreso.

— Atraente para uma dama. — Ela ficou tensa com a expressão de seu pai. —
Não me diga que é feio! Você buscou para Belinda um muito atraente!

Ele piscou como se isso lhe tivesse dado a surpresa de sua vida. — Bem, filha...
não é feio se você me perguntar. Mas eu não percebo essas coisas.

— Pois, você tem que olhar isso, pai. Tem que prestar atenção.

— Ele é o candidato certo. Vai te deixar impressionada.

— Sim, isso você já me disse. — Ela sorriu encantada. — Estou ansiosa para
conhecê-lo.

— Vá ficar bonita para o jantar. Eu quero que você o deixe de boca aberta.

Ela soltou uma risadinha. — Eu vou tentar.

Empolgada, saiu do escritório do pai quase correndo. Com certeza era muito
atraente, ela pensou enquanto subia os degraus. O que acontecia é que seu pai não
dava importância a essas coisas. Se deteve diante da porta do quarto do conde ouvindo
o murmúrio de sua nova esposa. Pois ele sim havia escolhido uma bonita. Estalou a
língua. Se não for bonito, eles iriam ouvir. Ora se iam ouvir.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


*****

Ela desceu correndo as escadas, segurando seu vestido branco com rosas na
parte inferior e baixou tão rápido que seus cachos castanhos, presos ao lado de sua
cabeça, deslizaram atrás de seu ombro. Chegou quase sem fôlego à porta da sala onde
sua família esperava.

Belinda sentada no sofá ao lado de Delia ergueu uma sobrancelha. — O que


você está fazendo com o seu vestido de apresentação?

— Se tudo correr bem esta noite, não vou precisar mais e pretendo exibi-lo. —
Ela soltou a saia e se virou. — Como estou?

— Linda, — disse o pai com orgulho, aproximando-se e oferecendo-lhe o braço


para acompanhá-la até o sofá onde estava Eugenia com uma taça de xerez.

— Obrigado pai. Vai demorar muito?

— Tenho certeza de que está para chegar.

Sentando-se, ela forçou um sorriso. — Estou algo...

— Nervosa? — Sua irmã perguntou ironicamente.

— Pois é. Se lembra como você estava quando conheceu seu noivo?

Ela corou ligeiramente. — É que me pegou de surpresa.

Nesse momento, ouviram uma carruagem puxada por cavalos entrando na casa
e Eugenia, animada, segurou sua mão. — Já está aqui.

— Tenho certeza de que é de seu agrado. — Delia disse gentilmente. — Já verá


que sim.

O conde esticou a jaqueta de seu traje de noite. Endireitou a cabeça, percorreu a


sala com um olhar concordante e sua esposa sorriu com prazer porque tinha acabado
de dar o sinal verde.

— Querida, o jantar...

— Tudo está pronto.

As filhas se entreolharam, reprimindo o riso porque sabiam que ele não gostava
de ficar mal com seus convidados. Na verdade, ficava muito zangado se algo saia
errado.

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Jeremy entrou na sala e abaixou ligeiramente a cabeça. — Marquesa, conde,
condessa, miladies... O conde de Packett.

Um homem loiro com cara de se sentir muito desconfortável forçou um sorriso.


— Conde, é um prazer estar em sua casa.

Bethany franziu a testa, levantando-se como as demais que também estavam


muito confusas enquanto seu pai se aproximava para apertar sua mão. — Bem-vindo,
bem-vindo. Vem que te apresento a minha família.

Ela olhou para a madrasta. — Há mais convidados? — Sussurrou.

Eugenia corou. — Só um lugar a mais. Isso é o que ele me disse.

Ela ofegou, levando a mão ao peito quando aquele estranho apareceu diante
deles com um sorriso agradável. — Minha esposa.

— É um verdadeiro prazer, condessa, — disse ele, pegando sua mão.

— Prazer em conhecê-lo, conde, — respondeu confusa.

— Ela é minha filha mais nova, Laurence. Lady Bethany.

Ele olhou para ela e pegou sua mão, se abaixando para beijá-la sem tirar os olhos
dela com seus lindos olhos castanhos. — É uma verdadeira honra.

Ela corou de prazer, mas puxou a mão, deixando-o um tanto confuso. — Conde,
espero que você aproveite sua noite.

Ele sorriu mais calmo. — Tenho certeza de que ficarei muito confortável.

Seu pai estufou o peito com orgulho. — Vamos, aqui está minha filha mais
velha. A marquesa de Rushford.

— Marquesa é um prazer conhecê-la. Tive o prazer de conhecer seu marido há


alguns dias no clube.

— Oh, o prazer é meu. Bem-vindo. — Murmurou em confusão óbvia.

— Muito obrigado.

— E ela é minha enteada. Irmã de Daniel. Lady Delia.

— Disseram-me que ela é uma artista muito talentosa. — Delia corou de alegria,
estendendo a mão.

— Obrigada, meu senhor. É muito amável.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Espero ter a oportunidade de ver o seu trabalho.

— Belinda pinta também.

A mencionada ergueu uma sobrancelha. — É um hobby para mim querida. Em


você é arte em todas as letras.

Sua meia-irmã enrubesceu sentando-se novamente e o conde sorriu. Adorável.

— Um xerez, Laurence? Jeremy? Xerez para todos.

Bethany, sem deixar seu espanto, inclinou-se ligeiramente para a madrasta. —


O que está acontecendo aqui?

— Não tenho nem ideia. Terá mudado de ideia.

— Ou você ouviu errado!

Gemeu ao lado dela. — Isso também pode ser.

Fulminou-a com o olhar. — Pois, não se engane sobre isso, bonita. Que é sobre
o meu futuro que estamos falando!

— Shiii.

Ela olhou para os homens e corou quando percebeu que estavam olhando para
ela.

— Faz uma ótima noite, não é? — Perguntou, sorrindo como uma louca.

O conde franziu a testa. — Vai nevar.

— Sério? Bem, está quente aqui.

— Este ano o inverno chegou mais cedo, — disse o conde, perguntando-lhe com
os olhos do que estava falando. Encolheu os ombros. Deus, isso não podia estar
acontecendo! Não que o conde fosse inadequado. Era... normal. Bem, para ser justa,
ele era atraente, mas não daquela maneira opressora que esperava. Nada a ver com o
que sua irmã sentiu quando conheceu seu homem, que a deixou tremendo desde que
seus olhos se encontraram. No início, pode ser que todos pensassem que era de medo,
mas o tempo mostrou que a atração existia desde o início. Ela olhava para o conde e
pss... continuava igual. Sem palpitações, sem ficar nervosa ou alterar sua respiração. E
se isso não acontecia, não estava indo nada bem. Onde estava seu duque? Ela mordeu
o lábio preocupada, olhando para o tapete enquanto dava voltas. Pode ser que não
queira se casar com ela. Ou que seu pai tenha mudado de ideia e procurou um

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substituto. E também pode ser que continue a amar sua esposa esquiva e não queria
seguir em frente.

— Filha, por que você não conta ao conde como você organiza bem a casa?

Levantou a vista, com os olhos arregalados. Organizar a casa? Se nunca tinha


feito isso! Antes Belinda havia feito e, felizmente, agora Eugenia o fazia. E graças a
Deus porque ela era um verdadeiro desastre em tudo o que tinha a ver com o trabalho
doméstico.

Ela corou, pronta para mentir como uma velhaca. — Eu posso fazer tudo, meu
senhor. Nunca se sabe quando pode ser necessário. Na escola até me ensinaram a
cozinhar.

Belinda ficou boquiaberta — Sério? Pois a senhora Hamilton nunca me disse.

Olhou-a levantando uma sobrancelha – Claro que sim. É que você não se
lembra.

Ao se dar conta, Belinda ofegou. — Oh sim. Que memória tenho ultimamente.


— Se pôs a rir. — Imagine que esta manhã deixei meu guarda-chuva na chapelaria.

— Como se essa fosse a pior coisa que você já esqueceu, — disse sua madrasta
ironicamente.

Belinda olhou-a com rancor. — Nós não esquecemos. Fizemos isso de propósito
para nos despedirmos de maneira adequada! Sinalizei à Portia com o olhar antes de
sair! Oh meu Deus, só esqueci uma vez na carruagem! Ok, foram duas vezes e eu estava
com a babá! Se fosse Portia, viria atrás de mim, mas a outra não faz nada se eu não
mandar. Não é que me esqueci, esqueci meu filho. Como posso esquecer o amor da
minha vida? É que me esqueço de pedir àquela sonsa que saia e ela apenas fica lá sem
dizer um pio!

Seu pai pigarreou. — Voltando ao assunto, — disse antes de alertar suas filhas
com um olhar. — O que mais te ensinaram filha?

Então lhe ocorreu, porque diabos queria impressionar este homem quando não
estava nem um pouco interessada. — Oh, eles me ensinaram a pintar, mas eu não tenho
nenhum talento.

O conde se pôs a rir. — E algo em que você é boa?

— Bem...— Ela mordeu o interior da bochecha como se estivesse pensando.

— Toca piano lindamente, — disse Delia, tentando ajudá-la.

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— Bah, muitas o fazem. — Disse, acenando com a mão para que ele não levasse
em consideração.

Delia franziu a testa e seus olhos se arregalaram compreendendo. Ela balançou


a cabeça para impedi-la de continuar, mas Bethany a ignorou. — Ando a cavalo,
embora a Belinda seja melhor Amazonas. Sei bordar, embora Belinda se dê melhor.

O conde deu uma risadinha. — Aparentemente, sua irmã é um modelo de


virtude.

Belinda corou. — Não, conde. Está exagerando.

— Belinda a criou quando sua mãe faleceu e ela é uma referência para a minha
filha. Se adoram.

— Isso é muito bom porque a fará uma mãe dedicada porque viu em casa.

— Eu? — Perguntou com os olhos arregalados.

— Sim, filha. Eu disse ao conde o quanto você gostaria de ser mãe. Meu neto a
adora. Está sempre com ele nos braços.

O conde olhou para ela com olhos diferentes, como se gostasse do que viu, e ela
gemeu baixinho. Virou a cabeça para a irmã para que a ajudasse e a marquesa disse.
— Conde, conte-nos algo sobre você. Seus pais ainda estão vivos?

— Sim, o duque e sua esposa estão em nossa casa de campo em Devon.

— Creio que não tenho o prazer de conhecê-los. — Deu uma risadinha. —


Embora não seja de surpreender, porque desde a primeira vez que visitei Londres
quase não fui a festas.

— Pois é uma pena, Marquesa.

— Meu marido é mais de ficar em casa.

— Ademais teve o pequeno Daniel, — seu pai concordou. — Um futuro


Marquês com todas as letras.

Todos riram e o conde também. — Nota-se que está orgulhoso e não é para
menos.

— E outro estará aqui em breve.

— Pai!

O conde sorriu. — Parabéns, marquesa. Espero que tudo corra bem.

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—Obrigado, conde.

— Se não for indiscrição perguntar, o Marquês está no campo?

Bethany estreitou os olhos porque parecia muito interessado e sua irmã disse
com um sorriso. — Ele teve que ir a Boston para cuidar de seus negócios lá.

— É uma pena que não coincidimos. Me interessaria em saber como ele abriu
seu caminho em Boston. Tenho entendido que fez fortuna lá.

— Meu filho é um trabalhador incansável, Conde, — disse a mãe com orgulho.


— Ele trabalhou duro para sustentar sua família.

— Admirável.

Todos sorriram, mas Bethany continuou olhando para ele sem esconder sua
desconfiança. Esse queria as conexões de seu cunhado para abrir caminho em Boston.
Isso estava óbvio até para os mais cegos. Estalou a língua. Aparentemente, sua fortuna
não era suficiente para o conde. Queria mais. O dinheiro deve ser muito importante
para este homem e ela não gostou disso. Não gostou nada disso. Seu pai não tinha
dado uma dentro nessa ocasião.

Jeremy apareceu na porta e abaixou a cabeça. — Condessa, o jantar está pronto.


Quando quiserem, podem passar para a sala de jantar.

— Oh, pois não vamos perder tempo, — disse Bethany, levantando-se de um


salto, embora não tivessem terminado o xerez. Corou pelo olhar de seu pai. — O jantar
não deve esperar.

— Filha, não há pressa. — Eugenia a pegou pelo braço e a sentou novamente.


— Vamos em seguida.

Grunhiu interiormente enquanto seu pai pigarreava. Prestes a falar, Delia


perguntou — Você tem irmãos, conde?

— Não sou filho único.

Além de tudo uma criança mimada. Gostava cada vez menos. Ela cruzou os
braços e Eugenia ergueu uma sobrancelha fazendo-a separá-los instantaneamente,
endireitando as costas.

— Meu pai casou quatro vezes e só teve sorte uma vez.

— Quatro vezes? — Perguntou incapaz de se conter.

O conde sorriu. — Sim, não teve sorte no amor. Elas morriam antes de um ano.

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Isso fez seu cabelo ficar em pé e ela olhou surpresa para a irmã, que encolheu
os ombros.

— De doença? — Eugenia perguntou um tanto desconfortável.

— Acidentes infelizes. Esperemos que a atual Duquesa dure um pouco mais. Só


está casado há seis meses.

— Pobre mulher, — sussurrou, recebendo uma cotovelada de sua madrasta.

— Ora, — disse Belinda, forçando um sorriso. — Cruzemos os dedos.

O conde riu. — A Duquesa diz que vai quebrar a maldição.

— Maldição? — Perguntou o conde horrorizado.

— Sim, a maldição dos Packetts. — Ergueu uma sobrancelha. — Nunca


ouviram?

Todos balançaram a cabeça com os olhos arregalados. — É uma bobagem. Há


cerca de cem anos, uma cigana entrou em nossas terras e o conde a expulsou de lá. Diz
que tiveram um relacionamento, mas eu não acredito, — disse com altivez. — O fato é
que os aldeões a ouviram lançar uma maldição e gritar com o conde que um Packett
nunca seria feliz com sua esposa porque elas não viveriam o suficiente.

Bethany enrijeceu as costas olhando para seu pai, que deu de ombros.

— E o que acontece com seu pai, já aconteceu antes? — Sua irmã perguntou,
franzindo o cenho.

— Ah, mas foram coincidências...

Como se fosse algo sem importância bebeu de seu copo e seu pai perguntou. —
Como coincidências? De quantas coincidências estamos falando? Alguma delas
morreu de velhice?

Laurence pensou sobre isso antes de rir. — Agora que penso nisso...

— Pense, pense, que minha garota não vai arriscar o pescoço dela! — Seu pai
exclamou surpreso. — Isso você não me contou!

— Pai? — Bethany perguntou como se estivesse com medo.

—Espere um minuto, filha... Estou esperando uma resposta.

— Bem, em algum momento terá que morrer. Sua hora chegou.

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As mulheres ofegaram horrorizadas. — Carlton? — A condessa gritou com o
marido, levantando-se.

— Sim, querida... — Pegou o braço do conde, que ainda com o copo na mão o
olhou surpreso. — Venha comigo.

— Conde, não sei o que você pensa, mas te garanto...

— Não me assegure nada, meu senhor! — Parou, olhando para ele. — Deus só
me deu duas filhas! E meu dever é cuidar delas até o dia da minha morte! — Belinda
e Bethany sorriram de orelha a orelha. —Acha que vou colocar meu sangue em perigo?
ficou louco? Agora entendo que tenha aceitado o trato tão rapidamente! Ninguém quer
se casar com você!

— Que mentira. Sinto-me ofendido!

Belinda se levantou rapidamente. — Desculpe, o que disse?

— Eu fui insultado! — Ele gritou do corredor.

Os Laurens olhando para ele como se quisessem matá-lo deram um passo em


sua direção, que pigarreou dando um passo para trás. — O senhor não foi insultado,
— disse Bethany com um sorriso malicioso. — Meu pai disse a verdade com base em
sua história.

— Como pode ficar ofendido com isso? — Delia perguntou suavemente.

— Não seria lógico, — disse a condessa.

A marquesa ergueu uma das sobrancelhas loiras. — Embora se quiser


reparação, ficarei feliz em enfrentá-lo no campo da honra.

— Digo o mesmo, — disse Bethany.

— Não há necessidade, filhas. Com este não tenho nem o que começar. — Deu
um passo em direção ao conde e em seus olhos podia ver que queria matar. Laurence
perdeu a cor do rosto se afastando. — Quando e como quiser, conde. Mas devo adverti-
lo de que, se insistir em seu desafio, minhas filhas não vão parar até que vejam você
sangrar lenta e dolorosamente até a morte. Nós, Laurens, somos assim. É a tradição de
nossa família. Você nunca ouviu?

— Algo havia ouvido. Seu pai…

— Exato. O coronel tinha problemas com sua raiva. E o avô ainda mais!

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— Pai, não fala sobre raivas, meu estômago se revira, — disse Bethany,
caminhando pelo corredor e abrindo a porta. — Fora.

O conde ofegou vendo como levantava seu queixo orgulhosa. — Vou com muito
prazer! Jamais seria parente de uma família como a sua!

— Claro que não. Temos um gosto melhor, senhor. — Bateu a porta na cara dele
e colocou os braços na cintura. — Pai, onde está meu duque?

Seu pai parecia não saber do que estava falando. — Sim, pai... pensamos que o
candidato era o duque de Cowlishaw.

Seu queixo caiu de espanto. — O duque de Cowlishaw? De onde tirou essa...?


— Ele olhou para a esposa ofendido. — Você ouviu quando eu estava falando com
Daniel!

— Querido, isso é óbvio.

— Mas não deu para ouvir direito, — Delia disse divertida. — Embora creio que
acabamos de descobrir com a visita desse estúpido.

— Você não vai ficar noiva do duque! Estava conversando com Daniel sobre
outra coisa depois de contar a ele quem era seu noivo!

— Agora entendo suas risadas, — disse irritada. — E do que você estava


falando? —Bethany perguntou, muito interessada.

— Daniel quer comprar um terreno fora de Londres para construir umas


fábricas! Me perguntou se eu o conhecia porque ele queria o local exato!

— E você o conhece? — As mulheres deram um passo questionando em sua


direção.

Carlton balançou a cabeça. — Nem pensar! Pode tirar essa ideia da sua cabeça!
Ele tem algo a ver com o desaparecimento de sua esposa!

— O que você sabe sobre isso, pai? — Perguntou, muito interessada.

Ele bufou exasperado antes de dizer. — O jantar Jeremy!

— Imediatamente, conde.

Todas correram atrás dele e viram como se sentava na cabeceira da mesa.


Impacientes, se sentaram à mesa. Mas Bethany estava olhando para ele e ele estreitou
os olhos. — Eu disse não!

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— Eu já tinha criado ilusões! Você não pode dá-las e roubá-las! — Bethany
exclamou com raiva.

— Bethany para o seu quarto!

— Já começamos, — disse Belinda suavemente antes de sorrir. — Pai, ela é mais


teimosa do que eu e você sabe que o quarto não funciona.

Carlton resmungou pegando seu copo que ainda estava vazio. — Jeremy, cadê
o vinho!

— Imediatamente, meu senhor. — Deu um empurrão no lacaio porque, quando


o conde ficava zangado, cabeças rolavam.

— Querido, não pode ser tão ruim assim. — Eugenia sorriu docemente. — Ele
tem boa aparência?

— Rico? — Delia perguntou.

— Tem um temperamento ruim como meu marido? — Belinda se inclinou,


esperando sua resposta.

— Meu filho não tem temperamento ruim, menina!

— Sim, e você continua a ignorar a verdade.

Nesse momento houve uma batida na porta e todos olharam para o corredor
para ver o melhor amigo de Daniel chegar, que sorriu agradavelmente. — Boa noite
família. — Olhou para a mesa e viu um lugar vago. — Oh, estavam me esperando?

— Sim, meu querido Barry. Sente-se, sente-se. — Disse a condessa encantada.

Delia sorriu quando se sentou ao lado dela e tocou seu braço chamando sua
atenção. — Estamos interrogando o conde.

Ele olhou-a com adoração. — Sobre que?

— Sobre o duque de Cowlishaw.

Barry piscou seus olhos castanhos antes de olhar para o conde. — E há uma
razão especial?

— Pensaram que era meu candidato para a menina, — disse antes de bebericar
seu copo.

— Oh... que o conde não...

— Esse mata-mulheres. — O conde sibilou com raiva.

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— Pai, esquece. Sobre o duque? — Bethany perguntou impaciente.

— Por que não pergunta a Barry? Agora o conhece melhor do que eu.

Todos olharam para ele e ele corou ligeiramente. — Bem, eu tive que lidar com
ele sobre algumas terras. Esta semana encontrei-me com ele duas vezes para...

— Como é? — Delia o interrompeu.

— Bem, é... duro nos negócios. Sabe muito bem quanto custam suas terras. Vai
ser difícil obtê-las a um bom preço. — As mulheres reviraram os olhos e franziram a
testa. — Por que não são mais específicas? O que querem saber?

— Ele tem boa aparência? — Eugenia perguntou.

— Mulher, você já perguntou duas vezes, — disse o marido, irritado.

Ela corou ligeiramente. — Tenho certeza de que a menina quer saber.

— Sim, pai. Me interessa e muito.

— Bem, não cabe a mim julgá-lo nesse ponto, mas acho que as mulheres devem
achá-lo atraente. Muito atrativo.

Bethany sorriu encantada. — Mesmo? Ele é loiro como você?

— É moreno. E seus olhos são negros. Deve ter cerca de trinta anos e alto como
eu. Chamou minha atenção porque geralmente sou o mais alto, mas ele não está muito
atrás. Embora seja mais musculoso. Sei que todos os dias que está em Londres
frequenta o clube de esgrima e que é um espadachim excepcional. Às vezes luta com
o duque de Stanford que, como sabemos, é um adversário durão e diz que eles têm as
mesmas habilidades.

— Sabe mais alguma coisa sobre ele?

— Demorei muito para marcar uma reunião com ele porque passa longos
períodos em sua fazenda no campo.

Olhou para a irmã desapontada. — Não gosta de Londres?

— Ele não gosta muito de interagir com as pessoas. Suponho que o


desaparecimento de sua esposa tenha algo a ver com isso. Quando eu era jovem, eu
me relacionava com todos. Na verdade, na minha primeira dança ele foi o centro das
atenções porque era considerado um pretendente desejado por todas as debutantes.
Claro, porque ele é rico e duque também. Seu caráter mudou depois. Ele ficou
taciturno e alguns diriam intratável. Na verdade, nessas reuniões ele me observava de

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uma maneira que às vezes eu nem me lembrava para que viera. Ele olha para você de
uma forma que parece penetrar na alma. Não é de admirar que isso incomode seus
iguais.

— E o que você sabe sobre a esposa dele? — Delia perguntou.

Ele sorriu para ela. — Uma senhora muito bonita. Acho que me lembro que ela
era ruiva e tinha lindos olhos verdes.

— Lady Dafne se chamava. — Disse Eugenia, acenando com a cabeça. —


Lembro-me dela. Vim de visita de Boston e assisti a um baile. Era impressionante e
muito bonita. Ela desapareceu nesse mesmo fim de semana em sua casa de campo
durante uma caçada. Seu cavalo não voltou. Não se falava de mais nada. É por isso
que lembrava quem era o duque.

— Então ela era muito bonita, — disse Bethany, desapontada.

— Muito. — Barry gemeu, colocando a mão em seu tornozelo antes de olhar


com espanto para Delia que estava sorrindo angelicalmente para ele. Ele ergueu as
sobrancelhas loiras questionando-a, mas ela se fingiu de louca colocando seus cachos
escuros sobre seu ombro.

— Pai, por que não o considera um candidato adequado para nossa Bethany?

— Porque eu não confio em um homem tão hermético! Por cerca de cinco anos,
ninguém falou com ele. A maioria até parou de cumprimentá-lo. Não quero que minha
filha seja uma pária social!

Bethany pensava que era precisamente porque não tinha alguém como ela ao
seu lado e tinha ficado amargo. Isso a fez se esforçar mais para conhecê-lo. — E quando
você acha que pode me apresentar, pai? — Ele olhou para ela como se chifres tivessem
crescido dela e ela corou ligeiramente. — Eu te ouvi, mas todo mundo não merece uma
segunda chance?

— Não!

— Pois o Pastor Raimond...

— O que aquele homem sabe! Se tem o nariz metido nas escrituras o dia todo!
Se sua esposa saísse de casa, nem se daria conta! — Bateu na mesa com firmeza. — Eu
disse não! Procurarei outro candidato que não saia matando esposas. Não se
preocupe...

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Enquanto o pai continuava falando, olhou para sua irmã e esta suspirou,
pegando a colher para começar a comer o consomê de ervilha, balançando a cabeça.
Quando seu pai insistia em algo, não havia ninguém para tirar isso de sua cabeça, a
menos que houvesse um infortúnio e ele reconsiderasse. Mas Bethany era tão teimosa
quanto ele, então o conflito estava assegurado.

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Capítulo 3

Sentados na sala de estar depois do jantar, observavam Barry jogar Bridge


contra os condes. Enquanto elas tomavam uma xícara de chá, ele ficou atento a Delia
que era sua parceira e naquele momento ganhava começando a rir.

— Irmã, o que está planejando fazer agora?

Ela estalou a língua antes de pegar sua caneca e tomando um gole como toda
uma dama. — Pois minha apresentação. O que vou fazer? Até que ele o faça, não posso
comparecer a nenhum evento e, portanto, não posso encontrá-lo.

Belinda sorriu divertida. — Você poderia abreviar.

Olhou para a irmã nos olhos. — Te ocorre alguma ideia?

Olhou para a mesa, mas eles estavam tão distraídos que não se davam conta de
nada. — É simples, você tem alguém aí alguém que tem relação com ele, mesmo que
seja profissional.

— Você quer que finja um encontro casual?

— Melhor do que persegui-lo por Londres de festa em festa esperando que


alguém o apresente a você... Porque papai não vai fazê-lo. Ainda tem alguns assuntos
para pensar. Por hora está determinado.

— E se não mudar de ideia? — Ela perguntou preocupada.

— Pai? Muita coisa mudou graças ao meu casamento. Ele só quer que sejamos
felizes. Você já viu como ele mandou o conde embora rapidamente diante da
possibilidade de perdê-la. Assim que ele perceber que você está feliz, tudo o mais lhe
dará no mesmo. Além disso, é um ótimo candidato a genro. Quem não ficaria
orgulhoso? — Olhou-a nos olhos. — Se conseguir, é claro.

Suspirou olhando para o fogo. — Sua primeira esposa era uma beleza.

— E você é muito bonita, querida. Seus olhos são maravilhosos, muito mais
bonitos que os meus, e você tem o corpo de uma ninfa. Não haverá solteiro em Londres
que te rejeite e com sua fortuna ainda menos.

— Mas ele não é solteiro, — ela sussurrou. — Isto é uma loucura. Se nunca o vi.

— Quer vê-lo?

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Ela prendeu a respiração sentindo seu coração pular com a resolução no olhar
de sua irmã e ela sussurrou. — Sim.

— Pois vamos fazer compras amanhã. Deixa comigo.

*****

Sentadas na carruagem, ficaram olhando pela janela para a impressionante casa


do duque. — Por que iria querer a casa do pai se ele tem essa? — Sussurrou olhando
para o terceiro andar.

— É o que os homens têm, que sempre querem mais. Olha o meu Daniel,
pensando em colocar fábricas aqui. Não para, sempre idealizando alguma coisa. Diz
que quer deixar uma boa herança para os filhos e que aqui é muito fácil ganhar
dinheiro porque seus pares mal mexem um dedo. — Olhou para a casa. — Espero que
saia hoje. Está um pouco frio.

— E se já tiver saído? Papai nos atrasou no café da manhã. E Delia está com
raiva. Devíamos ter trazido ela. Não teria dito nada.

— E se contar para a mãe dela? E se Eugenia contar ao pai?

Houve uma batida na porta atrás delas e se assustaram ao ver Delia ali
parecendo querer gritar aos quatro ventos. — Eu te ouvi! — Gritou, abrindo a porta e
entrando na carruagem. — Muito obrigada pela confiança!

— Como sabia que estávamos aqui? — Bethany perguntou, observando-a se


sentar ao seu lado.

— Muito fácil. Segui vocês.

—Saiu sozinha?

— Portia...

Nesse momento a porta se abriu e a donzela entrou confiante, sentando-se ao


lado de Belinda. — Vão me deixar em casa.

— Sua delatora! Você disse a ela, certo? — Bethany repreendeu sua donzela.

— Claro. A garota estava chateada. — Bethany olhou para ela arrependida. —


Sinto muito, mas…

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— Vocês ainda não confiam em mim, — disse ela ofendida, fazendo-as corar. —
Mas nunca disse a mamãe algo que não deveria. Nem a Daniel.

— Não é que não confiemos em você, mas você deve isso a eles... Meu marido
ficaria bravo se soubesse o que estou fazendo aqui!

— Está saindo!

As quatro olharam pela janela e Bethany ofegou ao ver a porta se abrir. Um


homem de casaco marrom com punhos de camurça preta olhou para o mordomo, que
naquele momento lhe deu o chapéu e as luvas que ele recusou. Ao ver seu perfil, algo
nela tremeu e seus olhos viajaram avidamente. Desde o cabelo preto impecavelmente
penteado, ao nariz reto e ao queixo, o que indicava que era um homem de caráter. Ele
confirmou quando se virou e franziu a testa antes de colocar o chapéu. Aproximando-
se do vidro, ela o observou descer os cinco degraus de uma maneira tão masculina que
ficou sem ar. Uma carruagem se interpôs e esperou impacientemente que ele partisse,
mas quando o fez, seu duque havia desaparecido.

Todas permaneceram em silêncio voltando aos seus lugares enquanto ela ainda
estava colada ao vidro procurando por ele com os olhos e quando reagiu após alguns
minutos pensativa, sentou-se em sua cadeira. Elas a observavam ansiosamente e sua
irmã foi a primeira a perguntar. — O que você achou?

— O que ela vai achar, menina. Que homem. Se eu fosse uma dama desmaiaria
ao seu passo.

Delia deu uma risadinha. — A verdade é que ele é arrojado.

— É... — Ela deixou cair os ombros, perdendo todas as esperanças. — Esse


homem nunca vai notar em mim.

—Eu não te perguntei isso! — Bethany olhou para ela surpreendida. — Te


agrada?

Seus olhos preciosos brilharam com a lembrança. — Claro que sim. A ti não?

— Bem, Daniel me estragou quando se trata de admirar um homem. Agora


todos me parecem uma pilha e no topo da pilha está o meu marquês.

— Mesmo? — Delia perguntou, impressionada.

Ela riu, assentindo com a cabeça. — Não há mais ninguém para mim. E agora
vou te perguntar uma coisa, irmã... você acha que pode se apaixonar por aquele

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homem? Você acha que pode ser o homem de que você precisa? Tem certeza de que
quer continuar, mesmo que sofra se ele a rejeitar?

Mordeu o lábio inferior antes de olhar sinceramente nos olhos dela. — Acho que
já comecei a sofrer porque acabei de perder meu coração e tenho medo de nunca
recuperá-lo.

Sua irmã segurou sua mão. — Então, só temos que continuar com o plano.

— Que plano? — Todas perguntaram ao mesmo tempo.

Bethany sorriu para Delia, que franziu a testa. — Eu sou parte do plano?

— Claro que sim. Você é uma parte essencial.

Ela sorriu satisfeita. — Preparada para qualquer coisa.

*****

— O que você disse? — Delia gritou escandalizada.

— Vamos lá, vai ser só um flerte.

— Com Barry!

— Temos que descobrir quando será a próxima reunião! É essencial para o


plano!

— E por que eu não pergunto a ele diretamente?

— Porque depois que papai disse não de forma tão direta, Barry não vai querer
te contar nada. Você terá que dar algo em troca.

— O que você quer dizer com algo? — Olhou-as desconfiada.

— Será apenas um beijo. Nada acontece. Muitas debutantes o fazem.

— Pois serão algo atiradas! Eu só penso beijar meu marido! Além disso, ele é o
melhor amigo do meu irmão! Eu não quero machucá-lo!

— Você acha que não o machuca agora com sua indiferença?

— Belinda... — Sua irmã avisou porque Delia estava pálida. — Já é suficiente.


Se não o quiserem fazer...

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— Você disse como se Barry tivesse sentimentos por mim. E somos apenas
amigos!

— Por Deus, você é cega! Ele está apaixonado por você há muito tempo! Todos
nós o vimos! Até seu irmão e veja que ele não percebe essas coisas!

Delia estava atordoada. — Não, você tem que estar errada. — Olhou para
Bethany, que franziu os lábios. — Acredita nisso?

— Sim, Delia. Na verdade, eu percebi desde que te conheci. Ele olha para você
de uma forma que é difícil de esconder. Além disso, sempre tenta sentar-se ao seu lado.
Será que não percebeu?

Assombrada, negou com a cabeça. — Achei que fosse a camaradagem que se


formou desde que regressamos à Inglaterra. Eu só o tinha visto algumas vezes antes e
nunca conversamos muito.

Delia tinha perdido toda a cor de seu rosto e Bethany se sentou ao lado dela na
cadeira. — Não se preocupe, se você não gosta...

— Está louca? Este já não me escapa!

— Com ideias claras como o irmão, — disse Belinda, satisfeita. Todas olharam
para ela com as sobrancelhas levantadas e ela se engasgou indignada. — Ele me quis
desde o início! O que aconteceu a seguir foram circunstâncias!

— O marquês concordará com isso? — Portia perguntou ironicamente. — Lord


Barry não tem fortuna. Trabalha para o seu marido, menina.

— Isso não importa para mim. — Delia respondeu, erguendo o queixo. — É o


marido que eu quero.

— Além disso, tem que herdar de uma tia-avó ou algo assim, — disse Bethany.
— Mais cedo ou mais tarde, a velha vai ceder, digo eu.

— Não tem título. O Marquês... — Negou com a cabeça. — Vai fazer tremer a
casa com seus gritos, não importa o quão amigo ele seja. Vamos rezar para que não o
desafie para um duelo e todos nós sabemos quem venceria certo?

— Então teremos que fazer que isso seja irremediável, você não acha Delia? —
Bethany perguntou maliciosa porque nada lhe agradava mais do que provocar seu
cunhado.

Sua meia-irmã sorriu e suspirou. — Eu pensei que me considerava uma criança.


Tem certeza de que ele me ama?

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— Totalmente. Você não tem nenhuma dificuldade. A parte difícil virá mais
tarde, quando você terá de convencê-lo de que precisa dizer onde será a próxima
reunião, — respondeu Belinda.

Delia franziu a testa e acenou com a cabeça. — Entendido.

— Bem, convidemos Barry a jantar. Embora com certeza se apresente de


surpresa como sempre.

*****

— Mas o que faz? — Bethany perguntou em voz baixa e exasperada.

— Nada, não faz nada. Assim como seu irmão. Não sabe como se comportar.

Ambas voltaram a cabeça para Delia que estava jogando cartas e não dava
nenhum sinal. Na verdade, Barry estava olhando para ela com preocupação, porque
mal abriu a boca a noite toda, vermelha como um tomate. — Isto é incrível. — Bethany
não saia de seu espanto. — Se não pode tê-lo mais fácil. Ele olha para ela com os olhos
de um carneiro abatido. Gostaria que meu duque me olhasse assim.

Sua irmã deu uma palmadinha no joelho dela. — Tranquila que ele o fará.
Cuidaremos disso em breve.

— Delia, você está bem? — Barry perguntou preocupado.

— Eu? — Ela corou ainda mais antes de rir. — Claro que sim.

— Oh por Deus. Não pode ser mais lenta. Vai me dar algo.

— Você tem certeza? Te vejo acalorada e não é que você jogue mal porque nunca
faz, mas parece que não está interessada no jogo.

— Que amável é comigo quando não estou dando uma dentro.

Ela riu timidamente de novo e Bethany revirou os olhos. — Nesse ritmo, o


convence dentro de uma eternidade. Não posso esperar seis anos para conhecê-lo,
porque já estará casado! Outra vez, faça alguma coisa!

— Eu? — Sua irmã perguntou com espanto. — O que você quer que eu faça?

Bethany estreitou os olhos. — Já sei o que ocorre. É por causa de nossos pais.
Não têm a privacidade de que precisam.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Belinda entendeu imediatamente e assentiu. — Sim... Meu Marquês sempre
insiste que precisamos de privacidade.

Nesse instante Portia entrou e inclinou a cabeça. — Marquesa, lorde Daniel


voltou a acordar chorando. Acho que ele está com gases, mas como está assim o dia
todo, acho que devemos chamar o médico caso ele esteja doente.

— Oh... — Ela se levantou imediatamente, perdendo um pouco da cor de seu


rosto. — Meu filho está doente?

Saiu correndo da sala e o conde se levantou da mesa. — Portia, devo me


preocupar?

— Acho que não, conde. Ele não está com febre, mas parece doer.

— Chame o Dr. Weixler imediatamente.

Jeremy saiu correndo da sala seguindo suas instruções e o conde pegou sua
esposa pela mão para acompanhá-lo. — Vamos ver nosso neto.

— Sim amor. Vamos. — Eles se dirigiram para a porta. — Não devemos nos
preocupar, com certeza não é nada. Delia sofreu de cólicas quando criança e me deu
muitos sustos assim.

Bethany, preocupada com a criança, levantou-se, apertando as mãos.

— Espero que não seja nada, — disse Barry, colocando as cartas na mesa.

Viu como sorriram um para o outro e ergueu a sobrancelha antes de dizer


rapidamente, — Delia, você cuida do nosso convidado? Vou ver o Daniel.

— Não há necessidade, — disse Barry confuso. — Eu sou da família.

— Por isso. Você fica aí até sabermos como o menino está! Caso precisemos de
você!

Ela exclamou, deixando-o atordoado. — Delia?

Sua meia-irmã corou intensamente. — Sim claro. Eu cuido do Barry.

— Pois veremos se é verdade, — disse, fazendo Delia ficar de um vermelho


intenso que nada a favorecia. — Oh por Deus, — sibilou para fora da sala. — Não vou
encontrar meu duque em vida. Vou ter que encontrar outro jeito. — Parou no meio da
escada e franziu a testa. — Seria demais se eu aparecesse na sua casa e pronto? — Seus
olhos se arregalaram. — Como a dama indefesa... Teria que me fazer entrar na casa e...

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Uma empregada desceu correndo a escada e voltou ao presente porque os
criados só desciam pela escada de serviços. — Que ocorre?

— Lorde Daniel vomitou, minha senhora.

Bethany correu escada acima e foi para o quarto da criança, onde seu pai estava
pálido vendo Belinda com seu bebê nos braços balançando de um lado para o outro
com lágrimas nos olhos enquanto a criança não parava de chorar. — Belin?

Sua irmã olhou-a nos olhos e sorriu. — Vai ficar bem. É muito forte como seu
pai.

— E como sua mãe. — Disse, entrando no quarto e se aproximando para ver o


bebê vermelho de tanto chorar. Estava angustiada em vê-lo assim. — Me deixa? Talvez
mudando...

— Sim, por favor. — Colocou-o nos braços como se fosse a coisa mais frágil do
mundo e o observou. Belinda começou a cantarolar para ele, mas não funcionou, então
ela o pegou pelas axilas, carregando-o por cima do ombro e acariciando suas costas,
cantando baixinho. O menino parou de chorar tão forte e depois de alguns segundos
estava apenas gemendo. Belinda começou a chorar de alívio. — Como fez isso?

— Outro dia dormiu assim e parecia confortável.

Eles o ouviram arrotar e seu pai suspirou aliviado enquanto se sentava no sofá.
—Gases, são gases.

— Vê, querido? Eu te disse. — Sua esposa se sentou ao lado dele.

— Acha que é isso? — Belinda perguntou ansiosa, ainda olhando para o bebê.

— O médico confirmará.

— Você, não o mova. — Disse Belinda olhando para a irmã, que sorriu. —
Embora não o faria.

— Sabe que não. — Ela se virou devagar. — Ele adormeceu?

— Não. Te agarrou pelos cabelos.

— Você já está despenteada. — Disse divertida porque sempre foi assim. Por
mais que tentasse, seu cabelo sedoso sempre saía do coque.

— Agarra meu cabelo como o seu.

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Todos sorriram ao ver como o menino tinha na mão uma mecha do cabelo da
tia que continuava a acariciar suas costas.

— Você vai ser uma mãe maravilhosa. — Disse seu pai orgulhoso.

— Você acha?

— Sabia que sua irmã seria por causa de como assumiu esse papel quando sua
mãe morreu, mas te ver com Daniel em seus braços e perceber que sabe o que fazer
naturalmente.

— Não são todas as mulheres assim? — Ela perguntou, surpresa.

— Você ficaria surpresa, — disse sua madrasta irônica. — Já vi coisas que


deixariam seu cabelo em pé. Certa vez, ouvi falar de uma dama, cujo nome não direi,
que deixou seu filho moribundo para ir à maior festa da temporada. Não a teria
perdido por nada no mundo.

Belinda colocou a mão no peito em estado de choque. — Ele sobreviveu?

— Não conte essas coisas, Eugenia. É muito desagradável, — disse o conde


irritado. — E mais nessas circunstâncias.

Eugenia corou. — Sinto muito pela minha falta de tato.

— Espero que ele tenha sobrevivido e chutado a bunda de sua mãe, — disse
Belinda. — Se lhe fez isso, então com certeza não cuidou dele.

A madrasta permaneceu em silêncio, olhando para o marido, que se sentia


muito desconfortável se mexendo no sofá. — Onde está o maldito médico?

— Pai, ele está se sentindo melhor, — disse Belinda, tentando acalmá-lo. — Não
reclama mais.

O conde olhou para o neto e viram como seus olhos se encheram de lágrimas
deixando-as atônitas. — Não fui um bom pai e não serei um bom avô.

Emocionada Belinda ajoelhou-se diante dele. — Não diga isso. Você fez o que
achou melhor para o nosso bem e graças à sua educação somos assim. Se saiu muito
bem, apesar de sua criação.

Carlton sorriu com tristeza e acariciou sua bochecha. — Você acha?

— Claro que sim. — Sorriu segurando sua mão e beijando-a. — Nós te amamos.
E estou feliz que nosso relacionamento seja assim agora. Esta família está mais unida
do que nunca.

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— Escute-a pai, porque nunca disse uma verdade tão grande. — Bethany se
virou. — Ele adormeceu?

— Não, — os outros responderam antes de ignorá-la.

Belinda sorriu para seu pai. — Você será um avô como nenhum outro, já verá.
Vai estragá-los como é seu dever e Daniel vai odiá-lo por isso.

Seu pai estreitou os olhos. — É verdade, eu não tenho que educá-los. Isso cabe
a vocês.

— Exatamente, marido. Ser avô é muito melhor.

O conde mais calmo se aproximou da filha e beijou-a na testa. — Graças aos


céus. Eu sei que está nervosa, mas como sempre está para todos.

— Bem, já que estou para todos... — Olhou para a irmã que estava cuidando do
bebê. — Queremos o duque.

Seu pai piscou mostrando que não esperava por isso. — Desculpe?

— Na família. Com certeza nos receberá de braços abertos.

— Nem pensar! — O menino reclamou deixando-os atentos, mas depois de


alguns segundos continuava calado e seu pai disse mais baixo — De jeito nenhum.

— Está bem. — Se sentou sobre os calcanhares. — Eu sou uma pessoa razoável,


então me dê uma razão.

— Te parece pouco o motivo da esposa dele ter desaparecido?

— Não sabemos o que aconteceu. Por que você o culpa? Acaso também
desapareceu justo na caça?

— Foi isso que o salvou, que ele esteve com vários conhecidos durante todo
aquele tempo.

— Vejo que você se informou, — disse maliciosa.

— Assim como eu, — disse Eugenia, surpreendendo-as. — Esta tarde fui tomar
chá na casa de um velho amigo. Lady Colton é uma fofoqueira cuidadosa, e assim que
eu disse a ela que pensei ter visto o duque no parque, não houve ninguém para segurar
sua língua.

Bethany deu um passo em sua direção. — E o que ela contou?

O conde apertou os lábios. — Eugenia... — ele avisou, olhando para ela.

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Sua esposa fingiu não tê-lo escutado. — Bem, ela disse que até foi convidada
para o casamento pela noiva. Embora ela conhecesse o duque, o pai, mas a mãe de
Lady Daphne a convidou. Um lindo casamento e eles pareciam muito apaixonados.
Mas então começaram a ouvir coisas.

— Que coisas? — As meninas perguntaram ao mesmo tempo.

— Que discutiam muito. Que ele era muito ciumento e que a estava sempre
vigiando.

— Por algo seria, — disse Bethany, fazendo-os olhar para ela. — O que? Não
pensam como eu? O pai ama muito Eugenia e não a vigia. Deve haver um motivo.

— Ela foi infiel a ele? — Belinda perguntou, impressionada. — Se fosse, a teria


matado. Não tinham filhos.

— É verdade, a paternidade do primogênito não pode ser posta em dúvida, —


disse o conde muito sério. — Depois se o casamento não der certo, cada um faz a sua
vida se o marido for razoável. E muitos o são para terem seus escarcéus sem
recriminações.

— Você... — Belinda ergueu as sobrancelhas.

— Não, claro que não. Fui fiel à sua mãe até o dia de sua morte. — Ele pigarreou
desconfortavelmente. — E não foi fácil, garanto a você. As mulheres se atiravam em
mim como moscas.

Bethany acenou com a cabeça. — Você deve ter sido muito atraente.

— Ainda é, — disse Eugenia com orgulho. — Bem, ao que estávamos. O fato é


que o duque estava com ciúmes e, aparentemente, na noite anterior ao seu
desaparecimento, a duquesa levantou-se durante o jantar e os convidados disseram
que ela parecia enojada. O duque ficou furioso e, embora tentasse disfarçar dizendo
que sua esposa estava com dor de cabeça e pedindo licença, a ninguém passou
despercebido. No dia seguinte, a Duquesa parecia radiante. Na verdade, riu no café da
manhã várias vezes e horas depois... Ela havia desaparecido. Durante o chá, não
paravam de falar de todo que a haviam procurado. Havia rumores, mas a mãe do
duque, que ainda vivia, os cortou pela raiz graças à influência dela. A Duquesa não
levava desaforo quando ficava com raiva. Detetives foram contratados e homens a
procuraram por toda a Inglaterra, mas nenhum sinal.

Todos permaneceram em silêncio. — Algo não cheira bem em tudo isso, — disse
Carlton irritado. — Claro que não.

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Belinda olhou por cima do ombro para sua irmã que estava ao lado. — Você o
que diz?

— É o que eu sabia. Assim que não mudei de ideia, pai. Eu fico com ele.

— O que você quer dizer com ficar com ele? Se nem o conhece! — As duas
coraram e Carlton se levantou lentamente. — Filhas? Estou esperando!

Belinda se levantou a toda pressa. — Pai, a criança.

— É melhor não ser o que estou imaginando porquê...

— O que exatamente imagina marido?

— Que elas foram para vê-lo! Isso imagino.

Belinda ao lado de sua irmã sussurrou. — Como nos conhece bem.

— Bethany!

— Não grite comigo, papai. — Ergueu o queixo. — Foi ideia da Belinda.

Olhou para sua irmã, que olhou para ela com espanto. — Dedo-duro!

— Você está casada. Ele não pode te punir, — ela sibilou antes de sorrir como
uma boa menina.

— Ah, é verdade. — Olhou para seu pai. — Sim, pai... tudo culpa minha. A
menina se apaixonou.

Eugenia ofegou, colocando a mão no peito. — De verdade?

Bethany ficou vermelha. — Bem eu…

Nisso Jeremy bateu na porta aberta e todos olharam para lá. — Marquesa, o
médico chegou.

Bethany suspirou de alívio porque o olhar de seu pai não era um bom presságio,
mas o médico entrou e a preocupação com o menino o fez se concentrar em outra coisa.
O médico disse que havia muitas pessoas lá e mandou todos saírem, exceto Portia e
sua mãe. Preocupados, desceram silenciosamente para esperar por notícias na sala de
estar quando os três pararam de andar ao ver Delia e Barry se beijando
apaixonadamente no sofá. Eles nem se deram conta como a Condessa desmaiava
chocada enquanto Bethany deixou o queixo cair surpresa e seu pai reagiu cobrindo os
olhos dela, mas ela viu entre os dedos como Barry levou a mão ao peito de Delia e a
acariciou com paixão por cima do vestido fazendo-a gemer.

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— Barry! — Seu pai gritou com raiva.

Eles se separaram abruptamente e Barry, respirando com dificuldade e o cabelo


despenteado, levantou-se no local. Seu pai afastou as mãos, cerrando-as em dois
punhos antes de se aproximar e acertar nele um soco que o jogou sobre sua cadeira
favorita. Delia gritou se levantando e ao olhar para Bethany gritou novamente vendo
sua mãe no chão. Correu para ela e se ajoelhou ao seu lado para dar um tapinha em
sua bochecha. — Mãe? Mãe, não me assuste.

— Carlton, eu a amo.

— A ama... — Bethany, assustada, viu seu pai agarrar suas lapelas e socá-lo
novamente. — Você tem sorte do irmão dela não estar aqui porque te dá um tiro! É o
melhor amigo dele! Confia em você!

— Isso não me impede de amá-la. E eu teria pedido a sua mão há muito tempo
se fosse digno dela.

— Meu amor, — Delia disse animada. — Eu também te amo.

Olhou para ela, como havia se desinibido enquanto estavam sozinhos. Tinha
que tomar nota e ficar sozinha com seu duque. Estreitou os olhos. Sim, isso faria.

— A ama! — Seu pai gritou, trazendo-a de volta ao presente. — Pois vamos ver
como vai dizer ao seu irmão! E a sua mãe! Isso se ela se recuperar do choque!

Bethany foi forçada a intervir. — Pai, se eles se amam... — O conde fulminou-a


com o olhar e pôs os braços na cintura aborrecida. — Acaso não ama sua esposa? E
Daniel a Belinda? Quem são vocês para julgar Delia e Barry porque eles se amam? Não
quer que eles sejam felizes? Porque eu sim! E se for com ele, ninguém deve intervir!

Seu pai olhou para ela, largando a jaqueta de Barry, que imediatamente se
levantou e se afastou. — Se nem conhece outros homens!

— Belinda só conhecia aqueles ao seu redor como Delia e você a prometeu a


Daniel.

Cruzou os braços levantando uma sobrancelha.

Seu pai grunhiu e sua esposa gemeu no chão. — Mãe? — Delia perguntou,
preocupada com lágrimas nos olhos. — Mãe você está bem?

Eugenia segurou seu braço olhando-a com os olhos arregalados. — Quando seu
irmão descobrir...

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— Pelo amor Deus... — Bethany estalou a língua. — Não é tão ruim assim! Barry
vai herdar. — Ela se virou para ele. — Verdade?

Barry parecia envergonhado. — Minha tia-avó não é rica. Vou herdar sua casa
em Londres e pequenos aluguéis, mas... — Ele olhou para Delia cerrando os punhos e
todos viram sua angústia antes de se virar para o conde. — Devo pedir desculpas.
Como disse, não sou digno de sua mão. Se quiser me desafiar para um duelo, entendo
perfeitamente.

Carlton franziu os lábios enquanto Delia desatava a chorar. — Não será


necessário.

Barry assentiu. — Falarei com Daniel quando chegar. — Disse, erguendo o


queixo.

— Apresentarei meu pedido de demissão e tudo será esquecido.

— Barry... — Delia soluçou ao lado de sua mãe. — Não me importo.

O amor refletido em seus olhos tocou a todos. — Teria gostado mais que nada
compartilhar com você o que resta da minha vida, mas nunca poderei lhe dar tudo o
que está acostumada e sei que meu orgulho não deixará que sejamos felizes. Acredito
em você e acredito que você tentaria, mas chegaria um momento em que me odiaria
por não poder ter um vestido novo para um baile ou por não poder receber convidados
como está acostumada. Devo pedir desculpas por minha ousadia, milady, — disse
formalmente, deixando-os sem fôlego, — e só espero que possa me perdoar no futuro.
Desejo-lhe toda a felicidade do mundo. — Inclinou a cabeça com firmeza antes de sair
a toda pressa da sala.

— Barry! — Delia gritou dilacerada antes de começar a chorar. Sua mãe a


abraçou chorando também e olhou por cima do ombro para o marido que apertava os
punhos, observando sua dor impotente.

Bethany com lágrimas nos olhos gritou. — Ninguém vai fazer nada?

— Suba para o seu quarto! — Seu pai ordenou.

— Que ocorre? — Belinda perguntou da porta com o médico ao seu lado. —


Barry se foi? Parecia... — Viu Delia ainda chorando no chão ao lado de sua mãe. — Por
Deus, o que aconteceu?

— Doutor, como está meu neto? — Seu pai perguntou, ignorando-a.

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— Está se sentindo melhor. Dei-lhe umas gotinhas que deve tomar por alguns
dias de manhã e instruções para sua filha sobre a nova dieta.

Belinda fez uma careta. — Aparentemente, meu leite não combina com ele.

— Oh querido, não há nada errado. Uma enfermeira foi o que eu sugeri desde
o início — disse Eugenia, tentando se recompor. — Querido, pode me ajudar a
levantar?

O médico pigarreou. — Condessa, precisa de ajuda?

— Ela desmaiou, — disse Delia, escondendo-se enquanto enxugava


rapidamente as lágrimas enquanto Bethany não saía de seu espanto.

— Eu me sinto melhor. Foi uma pequena tontura.

— Está em estado, condessa?

Eugenia ficou como um tomate enquanto todos olhavam para ela com os olhos
arregalados. — Estado? — Perguntou quase sem voz antes de rolar os olhos caindo
sobre sua filha sem sentido enquanto Delia gritava.

Carlton e o médico se aproximaram imediatamente, enquanto Belinda e


Bethany ainda estavam chocadas e não sabiam o que dizer. — Quando diz estado, quer
dizer um estado de boa esperança? — Belinda perguntou, observando enquanto eles a
carregavam para o sofá.

— Bem, a condessa ainda é jovem. Neste mesmo ano, assisti ao parto de várias
mulheres mais velhas do que a condessa. Não seria estranho.

Belinda, espantada, olhou para o pai, que também estava atordoado. — Ótimo!
Olha como você estragou tudo!

— Filha, eu... — Sorriu de repente. — Um herdeiro. Eu posso ter um herdeiro.

Belinda riu e abraçou o pai. — Verá quando Daniel descobrir que no final eu
não herdei a fazenda no campo.

Seu pai corou. — Filha…

— Está tudo bem, pai. Temos muitos. — Ela o beijou na bochecha. — Eu só


quero que seja feliz.

Bethany forçou um sorriso sabendo que todo o seu futuro mudava com esse
nascimento. Porque se for homem herdaria tudo menos algum dinheiro que lhes
corresponderia. As propriedades sempre eram herdadas pelo primogênito e só restaria

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seu dote para convencer seu duque. Ela esperava que não se importasse. — Parabéns,
pai.

— Não vamos adiantar os eventos. — Eles se viraram para a condessa, que


acabava de despertar pelos sais que o médico passara sob seu nariz.

— Condessa, há quanto tempo não tem o período?

— Quatro meses, — disse, envergonhada, olhando para o marido. — Achei que


estava ficando velha. Querido? — Perguntou assustada.

— Está tudo bem, querida, — disse, pegando a mão dela.

— Não pode ser isso. Ou sim doutor?

— Vamos levá-la para cima para examiná-la. Condessa, pode se levantar?

Ela o fez com a ajuda do marido e entre ele e o médico a tiraram do salão. As
três ficaram em silêncio como se um furacão tivesse passado pela sala e de fato foi
porque o que acabara de acontecer afetaria seriamente as duas famílias. Bethany viu
Delia tentando conter as lágrimas sentada no sofá e veio se sentar ao lado dela. Belinda
sussurrou. — O que aconteceu?

Bethany olhou em seus olhos e rapidamente relatou, deixando-a atordoada. —


Meu Deus... Daniel vai ficar zangado.

— Eu não me importo se ele se zanga! — Delia exclamou, levantando-se. — É


minha vida, não sua! Eu vou me casar com quem eu quiser!

Saiu correndo da sala e as irmãs sorriram. — Pelo menos tem as ideias claras. —
disse Bethany antes de suspirar, passando as mãos nas têmporas.

Sua irmã se sentou ao seu lado e acariciou suas costas. — Te dói a cabeça.

Sorriu com tristeza. — Estou bem.

— Sei o que significa para você que o pai vai ter outro filho.

— Vou consegui-lo de qualquer maneira. Posso ter apenas o dote para oferecer,
mas vou consegui-lo. — Assentiu determinada.

— O dote já é muito. Muito mais do que as outras debutantes oferecem.

Assentiu com a cabeça sabendo que ela estava certa e olhou-a nos olhos. — Você
está chateada por não ter herdado Laurens Hall?

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— A casa de campo de Daniel fica a poucos quilômetros de distância e é tão
bonita que tira o fôlego. Sempre pensei que seria uma pena ter que fechar a casa do pai
por falta de uso. E nós temos muitas terras. Gosto que a família seja vizinha. Então,
vou tê-los mais perto. — Ela franziu os lábios. — E quando você se casar, não precisará
desta casa. Já viu a casa do duque. Não necessita do dinheiro tão pouco.

Bethany olhou para ela com incerteza. — E se…?

— Não! Você acabou de dizer com certeza que irá conseguir e vai conseguir!
Não dê um passo para trás!

Ela assentiu, levantando o queixo e Belinda beijou sua têmpora. — Agora para
a cama.

— Delia...

— Cuidaremos disso amanhã, já tivemos o suficiente por hoje. — Sorriu


acariciando seus cabelos. — Te vejo tão madura... Esta tarde vi como se apaixonou e
vejo seu medo e sua ilusão. Não deixe que o medo a paralise ou a faça fugir. Enfrente
o que você sente.

— Obrigada por estar sempre ao meu lado.

— E estarei enquanto viver. Para tudo. Agora me escute e descanse.

— O menino...

— Está dormindo e a babá da noite não sai do lado dele.

Bethany sabia que ela tampouco a preocuparia se piorasse também. — Você está
grávida. Deve descansar.

— Portia puxaria minhas orelhas se não o fizesse. Fique tranquila. Amanhã será
um dia longo.

— Temos que resolver o da Delia. Me sinto responsável.

— Você não tem nada a ver. Mais cedo ou mais tarde, seriam honestos um com
o outro. O amor é assim. É como tentar abrir portas para o campo.

Se levantou lentamente e Belinda sorriu ao vê-la se afastar. De repente, se virou.


É assim?

— O quê, querida?

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— Eu os vi se beijando como se precisassem um do outro. É assim?

Sua irmã assentiu. — O amor pelo meu marido é tão intenso que quando ele
não está ao meu lado, sinto falta de ar. É difícil de explicar. Tem que sentir isso. E já
sente alguma coisa, certo? Quer vê-lo, conhecê-lo e estar ao seu lado. — Bethany
assentiu, apertando as mãos. — Já começou. Quando olhar nos olhos dele, não haverá
mais remédio.

— Algum conselho?

Belinda riu. — Vá para a cama, deve estar muito bonita amanhã.

Seu coração deu um salto. — Amanhã?

— Tenho que pensar sobre isso, mas temos muito que fazer. — Piscou para ela
com cumplice.

Ela sorriu esperançosa e saiu correndo quase esbarrando em Portia. — Garota,


sua irmã?

— No Salão. Daniel está bem?

— Dormindo como um anjo. — Olhou-a com o cenho franzido. — A cama!

Soltou uma risada correndo escada acima e a donzela sorriu observando-a. —


Logo subo para ajudá-la.

— Sim, Portia!

A donzela foi até a sala e olhou para a outra garota que estava sentada no sofá
parecendo preocupada. Se aproximou dela silenciosamente e sentou-se ao seu lado.

— O que o médico disse? — Perguntou sem olhá-la.

— Está grávida. — Belinda ficou em silêncio, olhando para a lareira. — Isso te


preocupa? O Marquês ...

— Eu não me importo com isso. Meu marido ficará feliz pelo pai após a surpresa
inicial. Ele realmente me ama.

— Então é o duque que o preocupa.

— Um homem como ele pode ter qualquer mulher que deseje.

— Nossa garota é linda.

— Sim, mas não rica. Não mais.

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Portia assentiu. — Pode ser uma menina.

— Mal podemos esperar para descobrir o que será. Temos que agir rapidamente
se quisermos que Bethany tenha uma chance.

— E por que isso, querida?

Olhou-a nos olhos. — Porque temo que papai decida apressar as coisas.

— Outro compromisso pela força?

— Pode ter passado pela sua cabeça.

— Você deveria lembrá-lo de sua promessa.

Belinda estreitou os olhos. — Sim, deveria.

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Capítulo 4

Seu pai entrou na sala e, surpreso, viu sua filha mais velha que o esperava junto
à lareira. Ela sorriu encantada. — Eu ouvi, pai. Parabéns novamente.

— Obrigado filha. — Foi para o armário do bar. — Ainda não posso acreditar.

— Espero que seja um menino. Acredita em mim, não é?

Com a taça de conhaque na mão, olhou nos olhos dela. — Claro, filha. Você tem
um coração enorme.

— Eu gostaria de falar contigo.

Ele suspirou sentando-se em sua cadeira. — É sobre Delia? Bethany? — Ele


ergueu as sobrancelhas loiras. — Bethany. Filha…

— Você me prometeu.

— Eu prometi a você que seria feliz e será.

— Ela o quer. Nunca te pediu nada e foi uma filha modelo.

— Como deve ser, — disse ele indignado.

— Pai... — Olhou-o desapontada e o conde desviou o olhar, bebendo de seu


copo. Assim que engoliu, olhou para o líquido âmbar. — Ele não vai ficar com ela. Não
vai se casar.

— Você está escondendo algo de mim, não é?

— Por que eu tenho filhas tão teimosas?

Ela sorriu divertida. — Porque nós somos suas filhas. Conte-me.

— O duque tem uma amante há anos. Solicitou a anulação do seu casamento e


vão conceder em breve. Ele planeja se casar com ela.

Abriu a boca chocada. — Uma viúva?

Seu pai assentiu. — A Baronesa de Dodford.

— Meu Deus, — sussurrou com o que isso significava. — Bethany vai ficar
muito chateada. Já está meio apaixonada, pai. Deveria tê-la visto esta tarde.

— Não tinha nada que ir vê-lo!

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— Se você tivesse sido sincero desde o início, isso não teria acontecido.

— É uma criança. Como ia dizer isso a ela?

— Bem, você poderia ter me contado! — Exclamou indignada.

Seu pai franziu os lábios e Belinda colocou os braços na cintura. — Muito bem,
nem tudo está perdido ainda. Ele ainda não se casou com aquela Baronesa. — Seu pai
a olhou assombrado. — Não me olhe assim! Pretendo fazer o que for preciso para
minha irmã conseguir o que quer.

— Você nem mesmo o conhece. Garanto que o seu Marquês tem uma
personalidade maravilhosa ao seu lado! É intratável! Todo mundo diz isso! Não está
afastado por causa de sua esposa, está afastado por causa de sua língua afiada! Sabe a
última coisa que ouvi no clube? Que insultou um dos conselheiros da Rainha,
acusando-o de ser um ladrão de cobrança de impostos!

Ela ofegou, levando a mão ao peito. — E o que aconteceu? Eles se desafiaram?

— Como é que alguém vai desafiá-lo se ele já matou doze de nós em quatro
anos? Fogem dele como se fosse uma praga porque provoca tais confrontos!

Impressionada, ela se sentou no sofá. — Tem certeza do que está dizendo?

— Filha, me escute sobre isso. Esse homem não está bem da cabeça. Ele perdeu
totalmente a direção quando sua esposa foi embora. Acha que eu recusaria esse
relacionamento só porque tem um caráter forte? Te comprometi com Daniel! Eu a
entreguei àquele homem que agora é seu marido, sabendo como ele era perfeitamente.
Alguém com um caráter forte não me assusta, me assusta todo o restante!

Pensativa, assentiu. O marido dela havia melhorado muito, mas era verdade
que quando o conheceu seu caráter era insuportável e muito mais frio. Na verdade,
ainda se comportava assim com aqueles que não eram da família porque esse era o seu
caráter. Mordeu o lábio inferior tentando encontrar uma solução, mas não conseguiu.
— Ela não vai desistir e em parte é minha culpa.

O conde resmungou antes de beber todo o conteúdo de sua taça. Jeremy, que o
viu vazio em sua mão da porta, imediatamente entrou para pegá-lo. — Lhe sirvo mais,
conde?

— Sim.

— A propósito, conde. Todo o serviço quer que o herdeiro chegue saudável e


forte.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Seu pai sorriu. — Obrigado, Jeremy. Mesmo se for um menino ou uma menina,
não me importo.

— Pai prefere meninas, certo pai?

Ele olhou-a com ternura. — Sim, céu. São mais submissas e obedientes. — Sua
filha ofegou indignada. — Bem, eram até Daniel entrar em nossa vida.

Sorriu radiante. — Sim, meu marido mudou muitas coisas. Você se arrepende
de ter me comprometido com ele?

— Vendo como você está feliz e o rosto do meu amado neto, não tenho dúvidas.

— Bem, este é o rosto que sua outra filha pode ter se ela conseguir o que quer.
Ela é tão teimosa quanto você, acha que vai desistir por uma amante? Não, ela não é
assim. Esse último ano a fez amadurecer muito.

— Eu sei. E é isso que me preocupa.

— Ajude-a, pai. Que não seja porque não tentamos. E se não funcionar, vai
esquecê-lo.

Eles olharam profundamente nos olhos um do outro. — Se ele a machucar...

— Então o duque terá uma vida curta, pai. Seja pela minha mão, pela mão do
meu marido ou a sua, ele não viverá muito. — Disse friamente.

Seu pai pensou por alguns minutos e sem mover um gesto Belinda quase gritou
de alegria porque sabia que o havia convencido. — Muito bem. Farei os arranjos
necessários.

— E Delia?

Ele olhou para ela exasperado. — Seu marido providenciará como seu tutor.

— Vai realmente deixar nas mãos do Daniel? Meu marido não é bom nessas
coisas.

Veja quanto tempo levamos para chegar a um acordo.

Seu pai revirou os olhos. — Não vou me intrometer nos assuntos do meu genro.

— Muito bem, como é meu marido, eu me meto. — Levantou-se com um sorriso


nos lábios e deu-lhe um beijo na bochecha. — Boa noite.

— Tente descansar um pouco, ok? Você tem que se cuidar e parar de se


preocupar com os demais.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Vou tentar, — disse, divertindo-o.

Bethany mal dormiu se lembrando de seu duque e de tudo o que acontecera


naquele dia, o que obviamente mudou sua vida drasticamente. Mas o pouco que
dormiu sonhou com ele. Ela que estava com um vestido vermelho maravilhoso,
dançava olhando os olhos dele que eram de uma cor preta incrível que a hipnotizava.
Ele se aproximou de sua orelha estremecendo-a quando sentiu sua respiração e
sussurrou “Eu sempre vou te amar." Gemeu em seu sono, virando-se e abraçou o
travesseiro enquanto o calor subia e descia por ela. A luz a cegou e ela parou de vê-lo.

— Bethany, Bethany!

Acordou de repente com a irmã parada diante dela. Havia aberto as cortinas e
teve que cobrir os olhos decepcionada. — Belinda, estou com sono.

— Pai deu seu consentimento.

Se levantou como uma mola olhando para ela com olhos arregalados. — O que
exatamente?

— O que seria? Consentimento com o duque. — Sorriu de orelha a orelha. —


Seu duque.

O coração saltou em seu peito. — Sério? O que você fez?

— Eu conversei com ele. Do jeito que estava contente com a condição de


Eugenia, não foi difícil convencê-lo apelando para seus sentimentos. Além disso, eu o
lembrei de sua promessa.

— Como você é inteligente, — disse com admiração.

— Oh, essas coisas você aprende quando se casa. Você tem que ter muito tato,
diplomacia para tratar seu marido e evitar discussões. — Ela sorriu maliciosamente.
— Embora às vezes eu não os evite. — Bethany piscou sem entender. — Não importa,
você vai entender. Vista-se, temos mil coisas para fazer porque seu duque complicou
um pouco as coisas para nós.

— Como que há complicado?

Sua irmã olhou para ela como se não soubesse como dizer a ela. — Melhor sem
enrolação.

— Sim, diga uma vez. — Ela ofegou, levando a mão ao peito. — Ele encontrou
sua esposa e temos que matá-la.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Não, não é isso…

Bethany respirou aliviada. — Então não pode ser tão ruim.

— Ele pediu a anulação de seu casamento e assim que o receber, casar-se-á com
sua amante. A Baronesa de Dodford.

Se levantou apressada, correndo até o guarda-roupa e abriu a porta. Levando


as mãos à cabeça para afastar seu cabelo castanho, ela olhou para seus vestidos. — Eu
não tenho nada para vestir! — Se virou para a irmã. — Um vestido matinal? — Seus
olhos se arregalaram. — Não, é melhor seguir meu plano.

— Seu plano?

Se virou para o armário, tirando seu traje de montar de veludo bronze. Sempre
quis um traje daquela cor e foi entregue a uma semana. Nem havia estreado. — Eu
tinha pensado em interpretar a dama indefesa.

— Como?

— Que tal eu bater na sua porta e fingir que torci o tornozelo ao cair do cavalo?
Devem chamar ao pai para vir me encontrar. Posso, pelo menos, ficar meia hora em
sua casa.

— Muito bem, vou com você.

— Ah não. Precisamos ficar sozinhos.

— O que você quer dizer sozinho? — Sua irmã perguntou, escandalizada.

Levantou uma sobrancelha e Belinda separou os lábios compreendendo. — Ora,


ora... Quer comprometê-lo para que seja forçado a casar com você.

Ela colocou o vestido na cama. — Como você disse, não tenho muito tempo e
preciso me livrar da Baronesa. Conhece outra maneira?

Belinda apertou as mãos preocupada. — Você deve conhecê-lo primeiro.

— Não, porque assim vou pegá-lo de surpresa.

— Espera um momento. —Pegou-a pelo braço para fazê-la sentar-se na cama e


o fez ao lado dela.

— Está escondendo algo de mim?

— Uma coisinha sem importância. Seu duque é muito parecido com meu
marido em muitos aspectos.

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— Em que exatamente? Tem caráter? Isso eu já imaginava. Mas papai também
tem e poderei aguentar.

— Não, não é isso também. É que... não há ninguém que o enfrente no campo
da honra.

Ela abriu os lábios entendendo — Ah. E você teme pelo pai.

— Ele não é tão jovem e não é tão ágil para se virar rapidamente. Vai ter outro
filho e não quero que isso o prejudique, está me ouvindo? Aparentemente o duque é
um dos que buscam o confronto com o mínimo de provocação. Meu pai seria forçado
a desafiá-lo se ele te rejeitar depois de comprometê-la. — Ela a advertiu com os olhos.
— Você deve ser mais esperta do que ele. Deve realmente ser culpa dele.

Bethany estreitou os olhos. — Que ele me comprometa sem eu fazer nada?

— Exato. Se tem honra, deverá se casar.

— Bem. — Pensou sobre isso. — Mas vou torcer meu tornozelo por enquanto.
Vamos ver o que acontece.

— Assim você poderá conhecê-lo sem ter que preparar sua apresentação e
esperar que ele apareça em uma das festas. Mas meça seus passos, irmã. — Preocupada
assentiu. — Você sabe o que aconteceria se algo desse errado.

Sua respiração ficou presa. — Seu marido iria matá-lo.

— E se ele não o matar, eu o farei.

Ela acenou com a cabeça porque os dois eram muito capazes e olhou para baixo
preocupada. — Uh... — Sua irmã segurou seu queixo para que ela olhasse em seus
olhos. — Eu não quero que você desista. Lute pelo que quer, mas seja cautelosa, apenas
isso. Agora se vista, que você tem que torcer um tornozelo.

*****

Desceu para o café da manhã mais tarde do que pensava, porque havia parado
no quarto do menino para verificar seu estado. Felizmente, parecia que mais nada o
estava incomodando e ela estava muito feliz. Desceu correndo as escadas e encontrou
sua família na sala de café da manhã. Seu pai sentado na cabeceira ergueu uma
sobrancelha ao vê-la entrar com a respiração pesada. — Não é um pouco tarde para
cavalgar, filha?

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Belinda olhou-a sentada em frente a ela, esperando por sua resposta. — Não,
pai. Vou passar na casa do duque para ver se consigo simular um encontro casual,
torcer meu tornozelo para que ele te chame e venha me buscar. — Sorriu servindo-se
de um bom café da manhã porque uma dama não comia muito em público e ela não
ia pedir-lhe o café da manhã. Talvez tomasse um chá se o oferecessem. Mas apenas
para ser educada.

Imersa em seus pensamentos, nem ouviu como Eugenia à direita de seu pai
ofegava antes de olhar para ele com os olhos que quase saltavam das órbitas esperando
por sua reação, assim como Delia que tinha os olhos inchados de tanto chorar naquela
noite.

— Filha... — Olhou para ele distraída com o garfo na mão. — E quem vai te
acompanhar?

— Não pode estar falando sério, Carlton! — Disse Eugenia indignada. — Uma
dama não vai por aí encontrando quem lhe interessa! Nesse caso, todas as debutantes
estariam batendo nas portas!

— E não é isso que elas fazem? — Belinda perguntou divertida. — Carregam


uma placa com seus vestidinhos brancos dizendo que estão disponíveis para qualquer
pessoa que lhes interesse.

— Sim, mas são os homens que se aproximam!

— Se você tivesse mostrado mais interesse no pai, ele não teria hesitado em fazer
de você sua esposa muito tempo antes. Às vezes as coisas mudam e Bethany não pode
perder tempo.

— Deu a ela permissão para fazer o duque se apaixonar? — Delia perguntou


prestes a chorar outra vez.

Todos ficaram em silêncio e Carlton, impotente, não sabia o que dizer a ele. —
Querida…

— Suas filhas podem ter quem elas quiserem e eu não posso? — Ela gritou,
levantando-se e deixando-os atordoados porque nunca a tinham visto tão furiosa.

— Vai comparar um duque com Barry? Se não vai herdar um título! — Sua mãe
exclamou assombrada.

— Seus dois irmãos podem morrer e então ele será conde! — Todos fizeram
uma careta.

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— O que? Coisas mais estranhas já aconteceram!

— Quando seu irmão chegar, você fala com ele. — O conde olhou para sua filha
enquanto Delia fervia de raiva. — E você…

— Sim, Pai? — Perguntou, radiante de felicidade.

— Sua irmã vai te acompanhar?

Olhou para Belinda que como haviam conversado, negou com a cabeça. — Já
pensei nisso, pai, mas o duque pode dizer que aluguemos uma carruagem.

— E onde se supõe que sua montaria deveria estar, filha?

— Fácil, pai. Amo cavalgar e perdi minha escolta no parque. Isso me assustou
muito porque você ficaria zangado, então quando saí do parque com pressa para
chegar em casa o cavalo me jogou. Temendo por minha reputação, atravessei a rua e
bati na primeira porta que encontrei em busca de ajuda.

— Você é maquiavélica, — disse sua irmã encantada. — Não poderá se recusar


a ajudar uma dama.

— Claro que não.

O conde estreitou os olhos. — Você estará sozinha em uma casa desconhecida.

— Se ele for um cavalheiro, não dirá nada que possa prejudicar minha
reputação.

— Isso se tem honra.

— Tem. Seus duelos são prova disso. — Ela ergueu o queixo.

Vendo que o conde não discutia com ela, Delia gritou com raiva, virando-se
repentinamente e jogando sua cadeira no chão em sua pressa de sair correndo.

Carlton suspirou. — Fale com sua filha, Eugenia.

— Sim querido. Farei imediatamente, assim que solucione isso. Não pode... —
Os Laurens se levantaram, dando por terminado o café da manhã e ela gritou. —
Espere!

Se voltaram para olhá-la como se estivessem entediados com o assunto. Eugenia


se levantou e respirou fundo. — Se quiser que esse plano funcione, o duque deve estar
em casa.

— Isso é óbvio.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E ele está.

Deixaram cair os queixos atônitos. — Como você sabe, mulher?

— Porque eu tenho ouvidos. A fofoqueira de ontem me disse que esta manhã


estaria vendendo seus cavalos no mercado.

— Cavalos? — Perguntou animadamente. — Pai? — Ela implorou com os olhos.


— Por favor…

O conde olhou para ela divertido. — Então você deve mudar de roupa, filha.

— Não, pai. Eu tenho que montá-los.

Belinda riu. — Aposto que você vai montar todos eles.

— Espero que tenha muitos.

— Essa não vou perder, — disse sua irmã antes de correr escada acima.

— Esperem por mim, eu também não quero perder! — Eugenia agarrou a barra
do vestido e correu atrás dela.

— Mulher, não corra que está grávida!

A condessa se virou e olhou para ele. — Está me chamando de velha?

Seu pai corou. — Não, claro que não, mas...

— Pois me espere! — Se virou com o queixo erguido e subiu as escadas como


uma dama.

— Delia, você quer vir? — Bethany gritou lá de baixo. — Talvez tenha sorte e
veja Barry!

— Filha, esses modos. Vocês têm estado um pouco selvagens ultimamente.

— Quero! — Delia gritou de cima antes de se aproximar da grade, seu nariz


vermelho como tomate. — Estou bem assim?

Fez uma careta porque era evidente que havia chorado e irritada colocou os
braços na cintura. — Quer parar de chorar? Assim não resolve nada! Lave seu rosto!
— Bufou irritada. — Tem dois minutos! Meu duque me espera! — Gritou como um
soldado e seu pai sorriu orgulhoso.

— Que filhas eu tenho. Se o seu avô a vissem.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


*****

A família entrou no recinto que estava apinhado de gente e depois de caminhar


alguns metros a irmã ao seu lado admirou um exemplar branco que estava à sua
direita. — Pai, que lindo... — disse, impressionada, dando um passo em direção a ele.

— Filha, não pare que...

Suas filhas e Delia o ignoraram e ele rosnou interiormente pensando em quando


havia perdido o comando daquela casa. Eugenia estendeu a mão para tocar sua cabeça,
mas ele correu, afastando a mão com pressa. — Está louca, mulher? Está grávida!

A condessa corou ferozmente e sibilou. — Quer gritar mais alto para que as
pessoas ao fundo possam ouvi-lo?

Ele sorriu deliciado. — Tanto faz. Assim que puder, irei ao clube para divulgar
como se deve. — Sua esposa deu uma risadinha.

— Pai... — Belinda implorou com os olhos. — Meu marido te pagará.

— E seu cavalo? — Perguntou surpreso. — Se você o adora e eu o comprei há


dois anos!

Bethany nem ouviu como tentava convencê-lo enquanto acariciava os pelos


brancos que caíam ao longo do pescoço daquela beldade, quando ele deu um passo
em sua direção aproximando o focinho no seu ombro. Ela riu, chamando a atenção das
pessoas ao seu redor, e um jovem lacaio de cerca de quinze anos imediatamente se
aproximou. — Gostou, milady?

— É bonito. — Seus preciosos olhos brilharam de admiração ao ver os olhos


castanhos de um exemplar tão perfeito.

— Quer montá-lo? Posso prepará-lo em um instante.

Olhou-o com esperança. — Posso?

— Claro, milady. Vejo que veio preparada. — Abriu a cerca, deixando-a passar
e Bethany não pôde evitar. — Vou selar ele imediatamente.

— Não é necessário. — Acariciou seu pescoço lentamente, pegando sua crina e


com um movimento ágil ela subiu na garupa, rindo enquanto se acomodava.

Ao ouvir esse murmúrio de gente, sua família se virou e o conde, vendo sua
filha a cavalo, grunhiu. — Será possível, — disse baixinho. — Subiu sem a sela.

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— Pai, deixe-a desfrutar. — Impressionada, ela deu um passo em direção à
cerca. —Olha para ela.

Seu domínio do cavalo era evidente para todos e vários homens se aproximaram
para ver como girava no pequeno cercado. Bethany riu deliciada e quando levantou a
vista viu uns olhos negros que a deixaram sem fôlego. Deteve sua montaria e este
ergueu as patas dianteiras mostrando sua coragem, mas foi fácil para Betânia controlá-
lo virando sua montaria e olhando de lado para seu duque. — Este cavalo é seu,
milorde? — Ela perguntou sem fôlego.

Ele estreitou os olhos ligeiramente fazendo seu coração disparar. — Não,


milady. O cavalo é seu. — Sem tirar os olhos dela, ele gesticulou para o lacaio que veio
imediatamente enquanto o sangue de Bethany corria descontroladamente em suas
veias, sem ser capaz de tirar os olhos dele. Seus olhos ficaram ainda mais violetas e o
ouviu dizer. — Encarregue-se de que receba.

— Sim, duque.

Todos murmuraram ao seu redor chocados. — Duque, minha filha não pode
aceitar. É muito generoso, mas não é apropriado.

O duque voltou a cabeça para o pai. — Esse cavalo é para ela. Nasceu para
milady montá-lo. Isso é óbvio para qualquer um que a veja nele, — disse com desdém.
—Acaso é míope?

Seu pai ficou rígido. — Vejo perfeitamente, duque! Mas, como disse, não pode
aceitá-lo. Podemos negociar um preço. Filha desça...

— O levarão para casa. — Disse o duque como se fosse sua última palavra. Ele
se virou e foi embora, ultrajando seu pai, mas para Bethany foi um verdadeiro triunfo.
Tinha dado a ela essa maravilha. Ele a notou! Acariciou suas crinas procurando por ele
entre as pessoas, mas não o encontrou e isso porque era alto.

— Irmã... — Belinda riu. — Você vai para casa assim?

— Desça daí agora mesmo!

Como uma boa menina, desceu do cavalo e se aproximou da cerca. O lacaio a


deixou sair sorrindo de orelha a orelha, mas por curiosidade parou antes que fechasse
a porta. — O duque já fez algo assim antes?

— Nunca, milady. E estou com ele desde que nasci.

Animada, ela sorriu. — Obrigada, rapaz.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Foi uma honra vê-la, milady.

Saiu do cercado e seu pai estava esperando-a com os braços cruzados e a testa
franzida. — Não faça essa cara, pai. — Ela segurou o braço dele e sussurrou. — Ele me
notou e você economizou algumas libras para o cavalo.

— Me chamou de míope! — Gritou na cara dela, agarrando sua mão e puxando-


a para fora do recinto enquanto toda sua família os seguia.

— Bem, ultimamente não enxerga muito bem. O monóculo...

— Ele queria me insultar!

— Você o insultou por não aceitar seu presente.

Ele se deteve surpreso. — Você está do lado dele?

— Querido, isso é um presente. — Disse Eugenia como se fosse idiota.

Vermelho de fúria, ele observou como subiam na carruagem e quando todas


estavam dentro ia fechar a porta, mas parou bruscamente, contando-as novamente. —
Onde está Delia?

O que faltava para impedir seu plano era que sua meia-irmã desaparecesse.
Sentada no sofá, ela esperava notícias de seu pai que a procurava por toda Londres.
Belinda estalou a língua enquanto se sentava em frente a ela bordando um travesseiro.
Ele olhou para ela. — Ainda está bordando as iniciais?

Ela sorriu encantada. — Só o de Daniel.

— Mas se está casada há muito tempo.

— Olhe! Tenho um filho e outro a caminho. E um marido para mimar! Nesse


ritmo, vou terminar em vinte anos!

— Você deveria ter feito como eu e bordado flores. Meu enxoval está pronto. O
duque pagará pelos lençóis com as nossas iniciais e que as freiras os façam.

Sua irmã grunhiu. — Mas não será o mesmo.

Encolheu os ombros como se não se importasse. — Odeio passar horas com a


agulha na mão repetindo a mesma coisa mil vezes. Não prefere pintar? Você faz muito
pouco ultimamente. — Sua irmã ficou em silêncio e Bethany franziu a testa. — Não é
por causa de Delia?

— É que ao lado dela parece horrível!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Você não gosta que suas falhas se destaquem. Sempre foi assim.

Belinda olhou-a irritada. — Isso é uma mentira.

— Háh! — Olhou pela janela novamente. — Onde está essa menina? Realmente,
o que ganha complicando tudo.

— Ficou impaciente.

— Pois a mim, isso me arruinou tudo! Agora ele não vai me deixar levar o plano
adiante!

— Claro que sim. Assim que a raiva passar, porque seu duque o deixou em
evidência.

— Não o deixou em evidência. — Sorriu sonhadora. — Apenas o contradisse.

Belinda riu baixinho. — Como o pai que gosta tanto de se opor.

Ela fez uma careta. — Mas você acha...?

— Já está aqui!

Ao ouvirem Eugenia do corredor, levantaram-se imediatamente e se


aproximaram dela, que estava nervosa. — Calma, isso não é bom para se estado. —
Disse Bethany, indo para a porta e gesticulando para o mordomo se afastar. Ele
inclinou a cabeça e ela a abriu, surpresa ao ver o duque em pessoa com Delia ao seu
lado chorando.

— Filha! — Eugenia quase a atropela para agarrar a filha pelo pulso e puxá-la
para casa.

Parada perto da porta, continuou olhando para o duque que observava a cena.

— O que aconteceu? Estava perdida?

— Não!

O duque ergueu as sobrancelhas e Bethany pensou que ia desmaiar chocada.

— Mas no que estava pensando? — Gritou a condessa. — Você vai ver quando
seu irmão descobrir.

— Tanto faz!

O duque sem ser convidado deu um passo à frente e mal roçou seu peito ao
passar, mas sentiu um raio perfurá-la.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Duque, obrigada por trazê-la para casa. — Disse sua irmã, forçando um
sorriso.

— Milady me disse que estava perdida. — Disse com uma voz profunda, seus
olhos perfurando Delia. — Certo, milady?

Ela olhou-o furiosa deixando-os como pedra. — Estúpido! Não me importo se


é um duque! Quando uma dama pede um favor, se faz sem questionar.

Para espanto de todos, ele riu. — Milady, se soubesse de todos os favores que
me pedem, com certeza não faria outra coisa na vida.

Bethany ao seu lado nem percebeu Jeremy fechando a porta porque não deixava
de olhar para seu perfil fascinada. Quando ria, era mil vezes mais atraente. Ele pareceu
notá-la e franziu a testa. — Nos conhecemos?

Essa frase a fez recuperar a fala. — Esta manhã. Presenteou-me um cavalo. —


Ela sorriu de orelha a orelha e ele estreitou os olhos. — Não se lembra?

— Lembro-me perfeitamente, milady. — Ele olhou diretamente para sua


madrasta. — Sobre Lady Delia...

— Você se arrependeu? — Perguntou preocupada interrompendo-o. O duque


olhou-a como se fosse um aborrecimento. — Meu pai ficou um pouco zangado, mas
não é rancoroso. Assim que falarem sobre isso, certamente se entenderão
perfeitamente.
— E por que falaria com seu pai?

Confusa, ela olhou para a irmã, que a encorajou com os olhos. — Para ser
amigos.

— Eu já tenho amigos. — Ele olhou para a condessa novamente. — Sobre sua


filha...

— Não me respondeu, duque. Você se arrependeu? — Ela perguntou sem deixá-


lo ignorá-la.

— De quê, minha senhora?

— Por presentear-me o cavalo. Lamento, mas como diz o ditado, quem dá o que
tem merece uma pancada na testa. Portanto, não o devolvo.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Acaso já recebeu?

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— Não, mas eu sei que você não vai quebrar sua palavra. — Ela sorriu
encantada.

Ele rosnou antes de dizer. — Eu não me arrependi. Calígula é sua.

— Oh, que nome mais bonito. Você o colocou?

— Duque, quer um pouco de chá? — Eugenia a avisou com os olhos.

— Eu não bebo chá, condessa. Essa mistura revolve minhas entranhas.

— Oh, tem um estômago delicado, duque? — Perguntou, se aproximando.


Como cheirava bem. Tinha um cheiro muito masculino.

— Bem, não, milady. Meu estômago está bem!

Ela sorriu. — Então vamos tomar um uísque. Meu pai traz da Escócia.

Para seu espanto, pegou seu braço puxando-o, mas nada, ele não se mexeu. —
Vamos Duque, não resista. É para agradecer pelo cavalo.

O duque grunhiu novamente seguindo-a e todas sorriram, deixando-o confuso.


— Sente-se, sente-se aqui, — disse, apontando para a cadeira do pai, sentindo-se
maravilhosamente ao tocá-lo, e quando o duque se sentou, ela o fez diante dele na
mesinha de centro. — Jeremy? Um uísque para o duque.

— Querida, sente-se no sofá. — Disse a irmã, corando por seu atrevimento. —


É que está fascinada com seu presente, duque. E esquece suas maneiras.

Ele estalou a língua como se boas maneiras não importassem para ele. —
Condessa, sobre sua filha...

— Olha, ele não se preocupa com as boas maneiras como Daniel, irmã. —
Encantada deu um passo à frente. — Parece-me que conhece meu cunhado. O Marquês
de Rushford.

— Sim, temos um negócio em nossas mãos. Posso terminar uma frase, milady?
Ou tenho que tapar sua boca? — Perguntou irritado.

Ela corou levemente enquanto os outros ofegavam com sua explosão. Bethany
ergueu o queixo. — É que tenho a sensação de que quando falar com a condessa vai
embora.

— Exato. É o que pretendo.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E eu não quero que vá embora. — Ela se adiantou mais sorrindo e mostrando
parte do decote sem perceber. — Eu gostaria de conhecê-lo melhor. Alguém que cria
cavalos tão bonitos deve saber muito sobre isso. É meu passatempo favorito.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Criar cavalos é o seu passatempo favorito?

— É que nós crescemos no campo. — Disse sua irmã, corando até a raiz dos
cabelos, pegando a sua irmã pelo braço para puxá-la e fazê-la sentar-se ao seu lado,
mas Belinda se queixou empalidecendo repentinamente e colocando a mão na barriga.

— Belin? — Assustada se pôs ao seu lado. — Belin, o que acontece?

— Chame o médico. — Disse sem fôlego.

— Marquesa? — O duque ficou de pé, ignorando o uísque que Jeremy lhe


ofereceu e agarrou o braço de Bethany para afastá-la. — Está doente?

— Está em estado. — Bethany respondeu por ela. O duque a tomou nos braços
enquanto Eugenia gritava para que o médico fosse chamado.

Bethany correu atrás deles e na escada gritou. — Portia! Algo está errado com
Belin!

A donzela anciã saiu do quarto dos meninos e ao ver seu rosto pálido sussurrou.
— Meu Deus.

Bethany se adiantou correndo e abriu a porta para o duque passar. Ele a deitou
na cama com muito cuidado e ordenou. — Não a mova. Dispa-a assim, está me
entendendo?

Confusa com quem era este homem, Portia assentiu.

— Obrigada, Duque. — Belinda sussurrou da cama, deixando sua criada com a


boca aberta olhando para ele de cima a baixo ao reconhecê-lo.

— Não deve se mover, marquesa. Garanto que agora é o melhor.

Assentiu, estendendo a mão, e uma angustiada Bethany imediatamente a


pegou. — É culpa minha.

— Pisss. Não fale besteiras. Agora quero que desça e espere na sala de estar.

— De jeito nenhum, não sou mais uma menina. Eu fico com você.

— Deve atender o duque até que papai chegue. Você sabe que ele ficaria
chateado se não o fizesse.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Isso não é necessário, marquesa, — disse o duque taxativo. — Sua irmã deve
ficar ao seu lado. Falarei com seu pai em outra ocasião, já que não posso falar com a
condessa. — Inclinou a cabeça. — Espero que não seja nada, marquesa.

— Obrigado, Duque, é muito gentil.

Bethany o viu assentir como se os elogios o incomodassem e saiu do quarto.

— Vamos, garota... Temos que deixá-la confortável antes que o médico chegue.
— As duas olharam-na assustadas com lágrimas nos olhos. — Primeiro vamos
comprovar se há manchas antes pensarmos o pior.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Capítulo 5

— Um puxão! Te há um puxão e eu perdi a oportunidade de estar com meu


duque!

Sua irmã corou muito. — Desculpe, mas doeu muito.

— Que oportuna és! — Ela cruzou os braços antes de olhar para Delia, que
estava sentada ao seu lado. — E pai que não chegou!

— Ele disse que viria falar com o papai ... — Belinda disse, tentando consertar.

— Deveria estar grata por tê-lo trazido para você. — Delia ergueu o queixo e as
três olharam para ela. Olhou de lado para sua mãe, que estava sentada na cadeira do
conde bebendo um chá para acalmar os nervos. O susto foi terrível durante a hora que
o médico demorou para chegar.

Todos esperavam a reação de Eugenia, mas ela parecia distraída com seus
pensamentos. — Madrasta, está bem? — Bethany perguntou, estranhando que ela não
tinha aberto a boca.

— O que? — Ergueu os olhos na sua direção.

— Mãe, o que foi?

Nesse momento ouviram uma carruagem e Bethany correu para a janela. Tinha
começado a chover e ela viu seu pai sair da carruagem enquanto Jeremy o cobria com
um guarda-chuva.

— O que você quer dizer com já está em casa? — Gritou furioso, entrando na
casa.

Delia gemeu, apertando as mãos e Belinda as pegou de forma encorajadora. O


conde de Keighley entrou na sala sem nem mesmo tirar o casaco. — Para o seu quarto!
Nem quero saber onde você esteve! Não sairá do seu quarto até que seu irmão chegue
de Boston! Vai dar as explicações para ele!

— Querido... — Pálida Eugenia levantou-se da cadeira. — Tivemos um susto.

Seu marido olhou para ela sem compreender. — Que queres dizer?

— Não o preocupe para proteger Delia! — Bethany disse indignada. — Lhe deu
um puxão!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


O conde deu um passo na direção delas. — O que está acontecendo aqui? — Ele
gritou nervoso.

— Nada, pai. Não estava me sentindo bem e chamamos o médico. Mas foi um
puxão. O que acontece é que eu temi...

Seu pai entendeu perdendo parte da cor de seu rosto. — Mas está tudo bem? —
Perguntou ele com mais calma.

Sorriu docemente. — Muito bem. O médico me disse que está tudo bem.

— Isso acontece porque não para! Não descansa o que deve! — Ele gritou,
assustando-a antes de apontar para sua esposa. — O mesmo que você! — Eugenia
corou. — De agora em diante esta casa fará o que eu digo! Não sairão sem minha
permissão! E isso vale para todas! — Bethany ofegou, mas nenhuma disse uma palavra
e decidiu calar a boca, se não seria bem capaz de prende-la pelo resto da vida.

Ele fulminou a todas com o olhar. — A seus quartos! — Gritou aos quatro
ventos. As quatro saíram correndo e Bethany subindo as escadas sussurrou. — Mas e
o meu?

— Psiu. — Sua irmã advertiu, avisando-a com os olhos.

O conde tirou o casaco com um gemido baixo e Jeremy o recolheu. — Um


uísque, Conde?

— Sim, duplo. — Se sentou de mau humor e olhou ao redor irritado. — Elas


estão proibidas de sair do quarto, Jeremy.

— Sim, conde. — Entregou o copo, mas não se moveu de seu lado enquanto
tomava um longo gole. O conde olhou-o engolindo e seu mordomo pigarreou. — Se
me permite Conde...

— Fale de uma vez.

— O duque de Cowlishaw esteve aqui, milorde. Na verdade, ele trouxe Lady


Delia.

Olhou-o assombrado. — O duque a trouxe?

— Sim, milorde. E ela não ficou nada feliz por tê-la trazido de volta, milorde.
Ele queria falar com a condessa, mas Lady Bethany não o deixou e me disse que virá
na hora do desjejum para falar com o senhor sobre a atitude de suas filhas.

— A atitude das minhas filhas? — Gritou, levantando-se. — Que atitude?

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Eu não sei, milorde. — Disse corando. — Foi o que disse antes de sair da casa.

— Mulheres!

Bethany observou seu cavalo chegar pela janela e sorriu encantada enquanto o
lacaio o conduzia através do portão aberto, olhando em volta como se para ter certeza
de que era ali. Já estava escuro e seu pelo branco encharcado brilhava ao luar. Era tão
lindo que era de tirar o fôlego. Ouviu os gritos de seu pai lá de baixo e assustada saiu
correndo de seu quarto indo para a escada para ver seu pai gritando que o levassem
imediatamente ou então daria um tiro nele. Angustiada, viu o lacaio se afastar.

— Pai!

O conde se virou e olhou para ela com espanto. — Eu proibi você de sair do seu
quarto!

— Eu não sou culpada pelo que aconteceu! Não é justo! — Gritou com lágrimas
nos olhos de impotência.

— Não te digo mais, Bethany. Para o seu quarto!

Portia a segurou pelo braço. — Vamos garota, não o deixe mais bravo. Agora
ele não atende às razões. Ele nunca foi muito paciente, — sussurrou. — E você sabe.

Raivosa correu para o seu quarto e bateu a porta. O conde de baixo esticou o
colete. — Jeremy...

— Sim, conde?

— Vigiem-na.

— Vigiando as duas, conde. Julguei por bem não vigiar sua esposa nem a
marquesa para não perder demasiada eficácia.

— Perfeito. — Satisfeito, disse. — O jantar.

— Gostaria que chame alguém para acompanhá-lo, conde?

— E aguentar suas caras feias? Não, obrigado.

O mordomo sufocou o riso. — Entendido, conde.

*****

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Bethany estalou a língua enquanto sua donzela entrava no quarto com a
bandeja. Irritada, estreitou os olhos cruzando os braços. Já tinha visto o lacaio vigiando
o lado de fora de casa para impedi-la de fugir, mas para onde iria? Além disso, tinha
que proteger sua reputação para que o duque não duvidasse de sua inocência. Ela não
era tola o suficiente para colocá-la em perigo. Encontraria uma maneira de suavizar
papai.

Portia colocou a bandeja na mesa ao lado dela. — Come, menina. Sei que está
chateada por causa do cavalo, mas precisa comer para ter energia e enfrentar seu pai.
E o duque, que parece um osso duro de roer.

Sorriu sem querer. — Sim, verdade? Mas ele gostou de mim, eu sei.

— Claro que sim, menina. Como pode não gostar de você? Te deu aquele cavalo.
Você o enfeitiçou.

Seu coração saltou esperançosamente. — Você acha?

— Conhece algum homem que dá algo assim por nada? Deve ter gostado e
muito.

Franziu a testa. — Pois, quando ele me viu em casa, não pareceu me reconhecer.

— Você estava usando outro vestido. Já lhe disse que deve estar bonita em casa,
porque nunca se sabe quando vai ter uma visita. Vê como sempre tenho razão? Agora,
vamos comer porque amanhã, você tem que estar bonita quando ele chegar. Virá no
café da manhã.

Ela se levantou animada. — Virá?

— Jeremy me contou.

Sorriu sentando-se novamente e começou a comer com vontade, como de


costume. Portia acariciou seu cabelo com amor. — Assim que eu gosto. Homens
gostam de mulheres com curvas.

— Sério Portia? — Perguntou com a boca cheia.

— E com boas maneiras!

Soltou um risinho fazendo-a sorrir.

Bethany levantou-se cheia de energia querendo ver seu duque e fazendo-se de


desentendida sobre não sair de seu quarto, desceu para o café da manhã para encontrar
todos na mesa. O conde largou metade do jornal rosnando, mas parecia que não podia

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dizer nada se os outros estavam ali, então rosnando de novo ele endireitou o jornal.
Ela se sentou apressadamente e sua irmã piscou para ela. — Bom dia, — disse
suavemente.

— Bom dia, querida, — disse Eugenia com um sorriso de orelha a orelha. —


Como você dormiu?

— Muito bem.

O conde grunhiu de novo como se a conversa o incomodasse e todos ficaram


em silêncio. Olhou para Delia sentada ao lado de sua irmã perguntando-lhe o que tinha
acontecido e esta acenou para Belinda que certamente conversou com seu pai sobre o
assunto para fazê-lo mudar de opinião. Se serviu do café da manhã, olhando para a
porta de vez em quando, impaciente para que aparecesse. Estava tão nervosa que se
serviu de novo e todos a observaram comer como se não houvesse amanhã.

— Bethany vai te fazer mal, — protestou sua irmã.

Piscou olhando para o prato novamente e corou porque não estava realmente
com fome.

— Se se serviu, o comerá, — disse o conde.

Ela continuou comendo em silêncio quando chamaram à porta e, sobressaltada,


olhou para trás para ver se via algo pela janela. Jeremy foi até a sala de café da manhã.

— Conde, o duque de Cowlishaw está esperando pelo senhor na sala de estar.

O conde colocou o guardanapo sobre a mesa e se levantou, resmungando algo


baixinho. Assim que ele saiu, todas se levantaram e correram para a porta da sala para
ver como seu pai entrava no quarto do outro lado do corredor, fechando as portas atrás
de si.

— Vem falar sobre seu comportamento, — sussurrou Eugenia.

— Nosso comportamento ou o de Delia? — Perguntou assombrada.

— Jeremy disse seu comportamento.

— Não o meu. Meu comportamento tem sido irrepreensível, — disse Belinda,


fazendo-as olhá-la. — Ei, não é minha culpa que não saibam como se comportar. Uma
dama é sempre uma dama — disse zombeteiramente.

— Não me faça falar, Marquesa. — Delia disse mal-humorada.

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Belinda mostrou a língua para ela e Delia ofegou antes de correr como os outros
para a porta da sala enquanto Jeremy revirava os olhos.

Pregaram o ouvido na porta e Bethany prendeu a respiração ao ouvi-los discutir

— Você não pode dar um cavalo para minha filha! E mais sem minha permissão!
Como ousa? Você prejudicou sua reputação!

Como? Espantada, olhou para Belinda, que sorriu maliciosa. Ela sabia que ele
diria isso a seu duque.

— Sua reputação não está prejudicada. Pare de exagerar, conde.

— Exagerar? — Gritou com raiva. — Vão pensar que a interessa! Agora


ninguém irá querê-la por não estar à sua altura! Sua apresentação está próxima e, se o
fizer, todos vão pensar que você a rejeitou!

— Não diga disparates, conde! Foi só um presente!

— Você sabe tão bem quanto eu como são maliciosos os boatos.

— Bem, esses rumores são apenas as más línguas! Ainda não posso me casar!
Todo mundo sabe disso!

— Sim, mas pensarão que vai namorar como minha filha merece para silenciar
as más línguas! Em seis meses você poderá se casar, não é certo, Duke? Você arruinou
a apresentação da minha filha e eu gastei uma fortuna com ela!

Gastou o que? Se só havia comprado cinco vestidos para ela. Seu pai tinha bebido?
Belinda tentou conter a risada e deu uma pisada no seu pé, o que a fez ofegar.

— Psiu! Que não escuto. — Delia protestou.

— Conde, qualquer um diria que quer impor sua filha sobre mim. E isso é
totalmente inaceitável.

Bethany ofegou e todos de repente perderam o sorriso.

— Minha filha está mais do que adequada para ser Duquesa!

— Deve estar brincando, homem! — Gritou, rompendo seu coração. — É quase


uma menina! Se comporta como se nada soubesse da vida! E é uma atrevida que não
conhece seu lugar! Só a vi duas vezes durante alguns minutos e garanto que não me
deixou uma boa impressão!

— Explique-se!

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— Me explicar? Muito bem. Na primeira ocasião, se expôs à metade de Londres
cavalgando sem sela num cavalo que era meu. Montou nele como se fosse uma
camponesa! Se lhe dei o cavalo, foi para não a ridicularizar perante os nossos pares
pela sua fascinação por ele e para evitar a humilhação da situação! — Disse friamente.
Lágrimas brotaram dos olhos de Bethany de decepção. — E na segunda ocasião se
comportou um pouco menos como uma qualquer, milorde!

— Como ousa? — Seu pai gritou.

— Suas intenções eram óbvias! Se insinuou para mim sem vergonha! Portanto,
devo dizer que não estou muito surpreso com o que acabou de me dizer, porque
qualquer tolo perceberia que quer me prender. Como deixar sua meia-irmã fingir se
encontrar comigo, dizendo que estava perdida de forma que eu não tive escolha a não
ser trazê-la para casa!

Espantadas, olharam para Delia, que balançou a cabeça. — Eu só perguntei se


poderia me levar para casa, mas ele sabia onde morava, — sussurrou. — Então, não
pude dar a o endereço de Barry.

— O que esperava, conde? Deixar-me comprometido e casar-me com uma delas


ou apenas com sua segunda filha? Me desculpe, mas tenho um gosto melhor!

Delia levou a mão ao peito indignada e Belinda, estreitando os olhos,


endireitou-se ao ver a dor em seu rosto. Bethany correu escada acima enquanto todas
a observavam, mas ouviu seu pai gritar. — Maldito bastardo!

Com medo por ele, desceu as escadas e abriu as portas para encontrá-los um de
frente para o outro, prestes a se desafiar. — Basta!

Olharam-na e ela deu dois passos em direção ao duque. — Meu pai não teve
nada a ver com isso. Queria conhecê-lo, duque. O reconheço. Assim que me falaram
de você, senti admiração por como haviam dito que era. — Sorriu com tristeza vendo
como ficou tenso olhando em seus olhos. — Disseram-me que era forte, que havia
lutado para recuperar sua esposa implacavelmente, que era honrado e queria que meu
marido fosse assim. — Uma lágrima escorreu por sua bochecha e ela a enxugou com
raiva, tentando apagar a dor em seus olhos. — Sinto muito que minha família e eu
tenhamos te importunado. Eu sinto muito de verdade. Se quiser limpar sua honra, terei
o maior prazer em encontrá-lo ao amanhecer.

— Filha! Você foi a insultada!

— Mas que loucuras diz? — Perguntou o duque com espanto.

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Furiosa porque não a levava a sério, se aproximou dele dando-lhe um tapa que
virou seu rosto.

— Tem razão, pai. Fui eu a ofendida porque não sou uma qualquer! E ninguém
insulta uma Laurens sem pagar com sangue! — Gritou na cara dele. — Encontro você
amanhã ao amanhecer no Hyde Park. Do outro lado da ponte Serpentine.

Seu pai a observava com orgulho. — Filha, esse é o meu trabalho.

— Não, pai. — Respondeu friamente, ainda olhando em seus olhos negros que
agora estavam mais escuros de fúria. — Também ouvi dizer que você não recusa um
desafio, duque. Espero que não desta vez, porque então todos vão pensar que acha que
as mulheres não têm honra.

— Isso é ridículo! — Ele olhou para o pai. — Não aceitarei duelo com mulher!

— Minha filha tem mais honra do que você jamais terá, — disse o pai com
desdém. — Se você não quiser desafiá-la, eu irei substitui-la no desafio.

— Não, pai! É meu! — Gritou furiosa. — Se fosse Belinda, você permitiria!

O conde franziu os lábios porque todos sabiam que ela falava a verdade, porque
era a melhor atiradora que conheciam.

— Irmã…

— Irei ao amanhecer! Se não se apresentar, Duque... não é só que não tem honra
e me enganei totalmente sobre você, mas que também tem medo de uma simples
mulher.

— Não tenho medo de nada. — Sibilou com fúria, dando um passo em sua
direção, tentando intimidá-la. Eles se entreolharam e ele apertou os lábios. — Você o
desejou, milady.

Seus olhos preciosos brilharam com antecipação. — Meu pai será o padrinho.

— Enviarei o meu imediatamente para acertar os termos.

— Perfeito.

Passou por ela enquanto toda a família o olhava com ódio e antes de sair ele
disse baixinho. — Família de loucos.

Os Lauren ergueram o queixo até ouvirem a porta bater com força, indicando
que havia saído de casa.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Filha…

O nó que havia se formado na garganta desde que a havia chamado de qualquer


a estava sufocando e soluçou antes de sair correndo, deixando sua família em choque.
Belinda pegou suas saias para segui-la, mas seu pai balançou a cabeça. — Deixe-a só.
Se tem que chorar para tirá-lo de dentro, deixe-a chorar. — Disse muito sério. — Não
quero que a entretenha com conversas que aumentem sua dor. Amanhã deve enfrentá-
lo e sua vida está em jogo.

— Ele não vai matá-la, — disse Eugenia. — Pode machucá-la, mas...

— Então é mais tolo do que parece, porque minha filha atira para matar. Como
disse, ninguém insulta um Laurens sem pagá-lo com sangue.

Bethany não conseguiu dormir a noite toda e não era de estranhar, porque
embora seu pai não tivesse entrado no quarto para gritar aos quatro ventos com ela,
sabia muito bem que havia destruído sua vida ao se fixar naquele canalha. Uma
qualquer. Que interpretação distorcida do que havia acontecido. E daí se ela o admirava? E daí
se quisesse conhecê-lo? Maldito estúpido. Sentada na cama em frente ao fogo, abraçou as
pernas, apoiando a bochecha nos joelhos, quando a porta se abriu lentamente como se
não quisessem acordá-la. A irmã dela entrou de camisola.

— Deveria estar dormindo. Deve descansar, você ouviu pai.

— Resta pouco tempo. — Belinda sussurrou preocupada, sentando-se ao lado


dele.

Fechou os olhos e sua irmã acariciou sua têmpora. — O que você fez? — Uma
lágrima escorreu por seu nariz. — Shiii, não chore. — Ela a abraçou. — Esqueça-o e do
dano que te fez, está me ouvindo? Você tem que sobreviver. Essa é a única coisa que
importa agora. — A afastou para olhá-la nos olhos. — Deve matá-lo para limpar sua
honra. Todo mundo vai se perguntar qual é a afronta que te fez ousar a desafiá-lo para
um duelo. E para todos há apenas um motivo, porque aqueles idiotas consideram que
não temos honra. Mas você vai mostrar que sim, matando aquele porco que ousa
insultá-la diante do homem que lhe deu a vida como se fosse o dono do mundo. Quem
aquele bastardo pensa que é? — Perguntou com raiva.

Ela começou a chorar. — Agora ninguém vai querer minha mão. Vão pensar
que estou manchada.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Se um homem realmente te ama, vai ignorar os rumores. — Pegou-a pelas
bochechas enxugando suas lágrimas. — Agora deve se preparar e acalmar esses nervos
ou sua mão vai tremer. E seu pulso deve estar firme. Você não pode falhar, Bethany!

Elas se olharam nos olhos e Bethany, ignorando seu coração partido e a raiva
dentro dela, assentiu.

Belinda olhou para ela angustiada. — Jure para mim que não vai hesitar.

— Não vou hesitar.

— Atirar para matar. Quero-o morto porque ele pode matar-te por estares louco.
Pai nos ensinou bem. Basta contar, virar e atirar sem hesitar. — Bethany acenou com a
cabeça. — Não espere para vê-lo. Está bem atrás de você. Assim que se virar, atire,
mesmo que não tenha focado sua visão.

— Entendido.

— Sei que consegue. É como quando jogávamos acertando bolas de críquete no


campo. Você já fez isso mil vezes. — Beijou sua testa. — Deve se preparar. Não use
saias. Um vestido leve que não atrapalha. Portia vai entrar agora, enxugue suas
lágrimas, ela já está muito nervosa. Deve ter temperança.

— Sim, Belinda.

— Te amo. — Disse, segurando as lágrimas pelo medo que a percorreu.

— Você virá?

— Claro que estarei lá.

Sua irmã se levantou, mas ela a segurou seu braço, impedindo-a. — Eu te amo.

Belinda balançou a cabeça emocionada. — Não me diga agora. Diga-me quando


voltar para casa.

— Se ele ganhar, não quero que faça nada. Nem papai. Terá vencido de forma
justa. Promete-me.

— Não vou jurar isso para você. — Disse com ódio. — Essas palavras nunca
sairão da minha boca. Se algo acontecer com você, o duque está morto.

Saiu da habitação e Portia entrou imediatamente. Forçou um sorriso para


tranquilizá-la porque estava pálida. — Com certeza faz frio. Vou usar o vestido de
montaria sem saias.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Sim minha menina. — Fungou ao ir para o armário. Começou a chorar
tirando o vestido e Bethany se levantou imediatamente, abraçando-a por trás. Portia o
largou acariciando seus braços. — Minha preciosa menina.

— Nada vai acontecer.

— Vi tantas coisas... Como pôde se colocar em perigo desse jeito?

— Acaso duvida de mim?

— Nunca meu amor. — Se virou para olhá-la. — Você é uma Laurens. Nunca
se dá por vencido.

Ela franziu a testa. — Claro que não.

— Eu o vi sair da sala, — disse, tirando-lhe o fôlego. — E ele estava assustado.

Deu um passo para trás. — Quão assustado?

— Vi em seus olhos negros. Estava furioso, mas por um instante vi medo.

— Medo de que?

— Eu não sei, criança, mas aquele homem estava com medo. Deve se vestir.

— Conte-me. Sei que você sente coisas. Já me disse antes.

A donzela ficou tensa. — Acontece comigo desde que eu era criança, mas são
suposições.

— Mente. Há alguns anos, você me disse na casa de campo que mudanças


estavam por vir.

— Mas isso era óbvio, porque Belinda devia se apresentar e...

— Você estava muito nervosa e pensou que eu tinha saído do quarto depois de
me vestir, mas ouvi você sussurrar que a vida dos Lauren estava em perigo. E nós
estávamos! Agora me diga o que você sente agora. — Olhou para ela, e em seus olhos
castanhos viu sua angústia gelando seu sangue. — Eu vou morrer?

— Não sei. Mas o que sei é que ele teme esse duelo. Tem medo de te matar.

Endireitou-se. — Por sua reputação?

— Não, porque eu não estava errada. Sentiu-se atraído desde que a viu. —
Sussurrou, cortando seu alento. — Medo por você

Ele deu um passo para trás, balançando a cabeça. — Você imagina coisas.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Talvez sim, mas se matá-lo não terá a chance de viver o resto de sua vida com
ele ao seu lado.

— Essa opção já não existe.

Ela a segurou pelos braços. — Sim existe! Ele não vai atirar para matar e vi que
você vai sofrer, mas ele é o homem da sua vida! Me dei conta quando o vi!

Seus lábios se separaram de espanto. — Devo matá-lo. Ele me insultou. Disse…

— Falou seu orgulho para ficar acima de seu pai! — Segurou seus ombros. —
Olhe para mim. Os homens às vezes machucam até encontrarem o caminho certo. Olhe
para o seu pai! Olhe Daniel! Você deve canalizá-lo.

— E eu devo deixá-lo atirar em mim? — Perguntou incrédula.

— Claro que não! Mas não o mate. — Implorou com os olhos. —A vida é muito
longa para viver sozinha e o que você sente por ele não sentirá por mais ninguém.

Prendeu a respiração enquanto se afastava dela e enxugava as lágrimas. —


Agora vamos vestir. Não deve se atrasar.

Em silencio, tirou a camisola e colocou a roupa interior que Portia havia


preparado para ela. Colocou o vestido que sem o saiote era um pouco comprido, mas
não disse nada para não preocupá-la enquanto a abotoava nas costas. — Permito que
não use o espartilho para que tenha liberdade de movimento. — Terminou de abotoar
as costas e pegou sua jaqueta. Assim que o colocou em seus ombros, se virou para ela
para que abotoasse. E quando terminou, se olharam nos olhos. — O cabelo…

— Está bem assim. Eu quero solto.

— Então deixe te escovar um pouco.

Sentou-se em sua cadeira na penteadeira e gentilmente escovou seus cabelos,


fazendo com que seus cachos castanhos ondulassem em suas costas. Olharam-se
através do espelho e Portia sussurrou. — O destino está em suas mãos. Ainda tem
tempo para decidir se quer lutar pelo que quer.

— E se você estiver errada?

Olhou-a nos olhos. — Eu errei apenas uma vez e foi porque não segui meus
instintos. Fui para a prisão por roubar. Mas já te contei essa história. Agora desça, estão
esperando por você. — A beijou no topo da cabeça antes de sorrir. — Vai tomar a
decisão certa. Tenho certeza.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Tinha certeza? Há poucos minutos, só queria matá-lo pelo dano que suas
palavras tinham causado. Mas isso não era amor. Sua irmã havia perdoado muitas
coisas ao seu marido.

Ela devia fazer o mesmo? Havia insultado sua família. Delia. Envergonhou o
pai, mas o que mais doeu foi quando disse que nunca a aceitaria. Se olhou no espelho
e seus olhos brilharam buscando vingança.

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Capítulo 6

Seu pai e Belinda provavelmente estavam em silêncio para não deixá-la nervosa.
No colo do pai estava a caixa com as pistolas de duelo, o que foi um alívio porque ela
as conhecia bem. A carruagem parou e sorriu para sua família. — A hora chegou.

A porta da carruagem se abriu e lá estava o duque em uma jaqueta de montaria


azul e calça bege. — Incrível! Conde, você deve estar louco para permitir tal coisa!

— Esperava que eu desse para trás, duque? — Perguntou irônica

— Eu sei que você não entende minha decisão, duque. Mas minhas filhas não
são como as outras damas.

— Isso é óbvio! Estas estão loucas!

— Afaste-se da carruagem antes que seja eu mesmo a atirar em você no meio da


testa!

O duque franziu os lábios e olhou para ela, querendo dar mais alguns gritos
antes de se afastar.

— Por um segundo, pensei ter visto meu marido. — Disse Belinda irritada, mas
Bethany prendeu a respiração e as palavras de Portia passaram por sua mente
novamente.

Carlton saiu estendendo a mão. — Vamos, filha. As testemunhas esperam.

Quando desceu, houve murmúrios e ela levantou a vista para encontrar quatro
homens em ternos pretos. E um pouco mais longe estava seu duque esperando
enquanto outro homem muito loiro ao seu lado falava em voz baixa com ele.

Pegando o braço do pai, caminharam em direção a eles e um dos homens se


aproximou preocupado. — Conde, isso é inédito.

— A decisão está tomada. Quem sabe assim, no futuro, o duque segure sua
língua. Isso se ele sobreviver. — Ele entregou a caixa. — Aqui estão as armas.

O duque se aproximou lentamente e a testemunha mostrou as armas. Fez um


gesto para o homem que estava com ele e pegou uma, verificando se estava carregada
enquanto o duque não deixava de olhá-la. — Você ainda pode desistir.

— Não me lembro de ter sido apresentada, duque. Não tome confianças. —


Pegou a outra pistola.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Vinte passos, filha.

Bethany acenou com a cabeça e foi com seu pai até onde indicou, virando as
costas para os homens.

— Sabe por que fiz isso, certo?

— Sim, filha. Por tê-la machucado.

Assentiu com a cabeça forçando um sorriso. — Obrigada pai.

Ele beijou sua testa e se afastou emocionado. Sentiu-o atrás dela e fechou os
olhos. — Pare com isso, Bethany, — ele sussurrou. — Eu não quero te matar.

Bethany abriu os olhos. — Então por que veio, Kayne?

— Preparados? — Perguntou o padrinho do duque.

Olhou para ele e acenou com a cabeça como seu oponente. — Bethany...

— Um! — Deu um passo à frente, erguendo a pistola e se concentrando


totalmente.

— Dois!

Foi dando os passos quase sem perceber e quando o número dezenove chegou
estava sem fôlego. — Vinte! — Ela se virou, arma levantada, viu tudo embaçado antes
de atirar. A dor em sua perna foi como uma chicotada e ela olhou para baixo com
surpresa, mas não viu nada de estranho enquanto o padrinho de Kayne corria até ele.
Olhou para ele sentindo seu coração pular fora de seu peito quando viu o quão irritado
empurrava seu amigo para longe, caminhando furioso em direção a ela.

Sem conhecer muito bem as regras, ela o olhou nos olhos. — Temos que repetir?
Então viu o buraco que havia perfurado seu braço, sem sentir nenhuma pena. — Oh,
eu ganhei.

— Atirou em mim! — Ele gritou na cara dela.

— Claro que sim. — Sorriu encantada por não o ter matado. — E eu ganhei! —
O conde veio até ela e a abraçou. — Pai, eu ganhei!

O conde olhou para o rival por cima do ombro, agradecendo-lhe com os olhos.
— Está ferido, duque.

— Pai, isso não é nada.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Kayne olhou-a assombrado sair correndo enquanto gritava. — Belinda, eu
ganhei!

Sua irmã riu e a abraçou com força. — Você não o matou, — sussurrou em seu
ouvido.

— É que me dava pena.

Belinda riu e elas caminharam em direção à carruagem, ignorando os homens


que os observavam fascinados. Quando as primeiras luzes atingiram a grama, algo
chamou a atenção de Kayne. Olhou para o chão onde Bethany havia largado a arma.
Ele se abaixou para pegá-la e viu a gota de algo escuro que fez seu cabelo se arrepiar.
Ele tocou com o dedo indicador e a luz mostrou-lhe aquela cor vermelha tão
característica do sangue. Se levantou para ver o conde ir satisfeito para a carruagem.

— Roy, ela está machucada! — Ele gritou antes de correr em direção à


carruagem.

Bethany já sentada em seu lugar olhou para fora. — Que ocorre?

Alguém apareceu na porta e era o padrinho de Kayne. — Milady, está


machucada?

— Mas o que esse homem diz?

A outra porta se abriu e o duque apareceu, segurando-a pelo braço. — Bethany


está ferida.

— Acaso não sabe perder? — Perguntou indignada.

Sua irmã olhou para as botas e ofegou. — Você tem sangue nas botas!

Se inclinou para frente e, antes que percebesse, o duque havia erguido sua saia.
Ele empalideceu com o sangue que havia manchado sua roupa interior na perna
esquerda. — O que é isso, Belinda?

— Droga, Roy! Sangra muito!

— Que ocorre? — Seu pai gritou de fora, empurrando o médico para longe. —
Meu Deus.

Bethany reagiu ao ver os rostos desesperados de sua família. — Pai não pode
ser nada sério. Não se preocupe porque nada dói. Vamos?

Roy gritou. — Conde, afaste-se! — Ele apareceu novamente e com uma rédea
rodeou sua coxa, apertando com força.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Que faz? Não me toque! Como se atreve?

Kayne segurou seu braço, detendo-a. — Está tentando salvar sua vida! Ele é
médico!

Sua respiração ficou presa. — O que?

— Por que você atirou? Não pensava responder! — Ele gritou na cara dela. —
Se não tivesse levado um tiro no braço... levei um tiro antes mesmo de perceber!

— Kayne precisa levá-la.

— Está bem, eu te perdoo. — Ela disse. — Pai, vamos?

— Como você me perdoa? — Perguntou surpreso. — Conde, sua filha está certa
da cabeça?

— Ai ai, esse aqui está procurando outro duelo! — Sua irmã gritou
histericamente. —Cocheiro pra casa! Pai, sobe!

O conde empurrou de novo Roy entrando na carruagem à toda pressa fechando


a porta.

— Deixe o médico acompanhá-la! — Seu duque exigiu.

— Não será necessário. Obrigado pelo desafio. Agora me sinto muito melhor,
Excelência.

Sem sair de seu estupor com aquela família de loucos, nem ouviu o conde gritar
ao cocheiro para levá-los para casa e quase o atropelou quando saiu dali a toda
velocidade.

O duque olhou para o amigo que fez uma careta. — Uma família um tanto
peculiar.

— Isso é um eufemismo! — Ele franziu a testa. — Se salvará?

— Isso te preocupa? Vamos cuidar desse braço. Pelo que vi, transpassou. —
Antes que percebesse, seu amigo se havia montado em seu cavalo e estava cruzando a
ponte a galope. — Parece que tenho de ir à casa do conde. — Disse, divertido.

*****

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Bethany olhou para sua coxa e sua irmã se aproximou dela rasgando o delicado
tecido de sua calça interior. Havia um pequeno buraco no meio de sua coxa e estalou
a língua. — Ele ganhou.

— A pistola disparou ao receber o impacto. Se virou antes de você. Poderia tê-


la matado, — sua irmã disse, preocupada.

— Rápido! —Seu pai gritou. — Meu Deus, devíamos ter deixado o médico vir.

— Sim, deveríamos ter. — Encolheu os ombros e sorriu. — Não me matou.


Portia está certa. Ele gosta de mim

— Está louca? — Seu pai estava nervoso. — Um homem que gosta de você não
a teria desafiado para um duelo porque não a teria insultado!

— Deve ter um caráter pior do que pensávamos. Bah, isso vai passar.

Belinda e seu pai se entreolharam sem saber o que dizer. Olhou pela janela e
piscou sem acreditar no que via. Seu duque os estava acompanhando e algo se aqueceu
em seu peito. — Olhe.

Os dois olharam para aquele lado e o pai grunhiu. — O que quer agora?

— Não está claro, pai? Está preocupado com a nossa Bethany.

— Agora! Poderia ter se preocupado antes! Ele atirou nela! — Suas filhas o
encararam. — Ah não! Nem falar! Ele poderia tê-la matado! Ainda pode matá-la!
Jamais aprovarei esse casamento!

Belinda o ignorou se aproximando dela. — Você sabe o que tem que fazer
agora?

Seu coração disparou em seu peito. — Compromete-lo sem que ele perceba.

— Exato. Esta é sua oportunidade. Ele veio até você.

— Mas para isso eu tenho que ficar sozinha com ele. — As duas imploraram ao
pai com os olhos e ele gemeu, passando a mão pelo rosto. — Por favor, pai.

— Sua reputação...

— Meu nome estará na boca de todos no café da manhã e sabe disso muito bem.
Esta é a maneira de consertar.

O conde apertou os lábios. — Eu não gosto desse homem.

— Tem que gostar, pai. — O conde olhou para ela. — Você me prometeu.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Ele grunhiu, voltando-se para Bethany. — Se ele te machucar de novo, eu o
mato.

Gritou de alegria, pulando em seu pescoço e Belinda sorriu. — Está bem, este é
o plano.

*****

A carruagem parou na frente da casa e a porta abriu de repente para encontrar


seu duque lá. Ela ofegou indignada. — Eu não vou me livrar de você? O que quer
agora? Outro tiro?

Sem responder, ele a pegou nos braços tirando-a da carruagem e Bethany gritou
abraçando seu pescoço com medo de cair. Impressionada porque a levava como se não
pesasse nada, nem viu seu amigo Roy dando ordens para o serviço. — Por que está
aqui? — Sussurrou.

Ainda subindo as escadas, olhou-a desconfiado. — Eu me sinto responsável.

Bethany escondeu sua decepção e ergueu o queixo. — Essas coisas acontecem.

— A mim não! — Gritou na cara dela ao entrar no primeiro quarto que


encontrou que era de sua irmã.

— Não é aqui.

— Cale-se! — Ele a deitou gentilmente na cama e ela reprimiu um sorriso, mas


o perdeu ao ver que segurava sua saia.

— O que faz? — Perguntou tentando impedi-lo.

— Bethany, deixe de besteira! — Ao levantar o vestido, praguejou baixinho,


vendo o buraco e olhou por cima do ombro, onde só se ouviam gritos no andar de
baixo. — Roy, onde diabos você está!

Então ela se lembrou das palavras de sua irmã e gemeu. — Isso dói.

— Como pode não doer? Roy! — Ele estendeu a mão para o laço de sua calça
interna e desamarrou apressadamente, mas Bethany gritou de vergonha enquanto
segurava com força o máximo que podia para tentar impedi-lo. — Bethany, fique
quieta! — Ele a segurou pelos pulsos e a tombou com firmeza, colocando os braços
acima de sua cabeça. Se olharam nos olhos com a respiração pesada e Kayne olhou
para seus lábios. Seu corpo quase grita de alegria e algo se retorceu com força em sua

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barriga, fazendo com que seus lábios se abrissem. Voltou a olhá-la em seus olhos e
gemeu antes de se afastar e puxar suas calças para baixo. Bethany corou muito quando
mostrou seu pelo pubiano e mordeu o lábio inferior levantando a cabeça. Parecia
concentrado em algo e o sentiu soltar a rédea da coxa para abaixar a calça. Ouviram
um barulho no corredor e Kayne se virou para ver Roy entrar com Belinda. Kayne
pegou seu vestido para colocá-lo entre as pernas abertas para cobrir seu sexo. Foi
apenas um toque, mas todo o seu corpo vibrou de cima a baixo, fazendo com que seus
olhos se arregalassem.

— Muito bem. — Disse Roy, colocando a pasta ao lado e abrindo-a


apressadamente.

Portia chegou nesse momento com uma jarra de água e piscou para ela, o que
foi um alívio porque devia estar com um bom pressentimento. Se não tivesse nenhum,
estaria nervosa. — Deveríamos despi-la, mas não quero perder mais tempo.

— Opere agora! — O duque exigiu como se tivesse todo o direito.

Seu amigo pegou uma garrafa e umedeceu um pano com seu conteúdo. — O
que é isso? — perguntou, começando a entrar em pânico.

— Algo que a faça dormir, milady.

— Não! Eu não quero adormecer!

O duque pegou o pano e colocou-o sobre o nariz e a boca quase encostado nela.
O cheiro a deixou tonta e olhando em seus olhos negros ela sentiu perder a consciência.
Kayne sorriu. — É isso aí, preciosa. Assim não saberá nada.

*****

Uma risadinha ao lado dela a acordou e alguém emitiu um som. — Está


acordando.

Sentia sua boca pastosa e sua cabeça doía um pouco, mas principalmente ela
sentiu uma dor aguda na perna que a fez abrir os olhos para encontrar Portia e Belinda
sobre ela. — Como está se sentindo? — Portia perguntou, passando a mão pela testa
para afastar o cabelo.

— Me dói tudo. Esse charlatão... Estava melhor antes. — Um movimento ao seu


lado a fez virar o rosto e ela piscou pensando que estava sonhando ao ver Kayne
dormindo ao lado dela. Mas o que a afastou é que estava nu da cintura para cima,

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exceto pela bandagem em seu braço. Seus olhos se arregalaram antes de olhar para
elas. — O que aconteceu?

Belinda sufocou a risada. — Seu duque estava tão nervoso durante sua operação
porque o médico não conseguia remover a bala, que enxugou o rosto com o pano
inadvertidamente. Caiu duro e o médico disse que assim deixaria de ouvir seus gritos.
Que tinha sido uma bênção. Dessa forma, ele aproveitou a oportunidade para costurá-
lo sem que ele rosnasse para ele. — Sua irmã riu Baixinho. — Se vê que tem um péssimo
temperamento. Escutava seus gritos no corredor.

— Não viu que golpe o acertou. Com o quão grande que é retumbou pela casa.

Olhou para o seu perfil. — Pobrezinho. Deve ser um daqueles homens que não
aceitam seus sentimentos. — Sua família concordou.

— Não o mime. — Disse a irmã.

— Claro que não. E pai?

— Ele tem o pastor lá embaixo pronto para agir. Menos mal que não fique
sabendo de nada, pois assim nos dá tempo para arrumar tudo. Seu amigo saiu há uma
hora para ver outro paciente. Aparentemente, ele havia levado um tiro.

— É que as armas são muito perigosas.

— Papai já dizia. É por isso que ele nos ensinou a usá-las.

Todas as três assentiram com a cabeça ao mesmo tempo antes de olhar para seu
futuro marido. — Mas por que queremos o pastor se ele ainda não pode se casar?

— Para que dê uma bronca, — sussurrou sua irmã. — No caso de não querer
entrar em razão.

— Ah... Acha que a anulação vai demorar?

— O padre já falou com o bispo, que entende a situação e vai agir


imediatamente. Amanhã terá os papéis. Deixe nas mãos deles. Este se casa com você.
Ah se vai.

Sorriu radiante, esquecendo-se da dor, e voltou a olhá-lo. Como ele era bonito.
E agora era tudo dela. — Eu quero dizer.

— Você tem certeza? Olha que você não pode correr atrás dele, — disse Portia,
suprimindo uma risada.

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— Muito engraçada. — Se apoiou no cotovelo sem tirar os olhos dele e ofegou
ao ver que havia um hematoma em sua bochecha. — E isso? Fez quando caiu?

—Pai que perdeu a paciência ao tentar colocá-lo na sua cama e queria acordá-lo
a socos. Pesa muito. Quatro homens foram necessários.

— Sério? — Sorriu como uma idiota e segurou seu queixo para virar o rosto em
sua direção. Se deitou de novo olhando para ele. — É tão lindo que me tira o fôlego.

— Pois quando fica com raiva, ele é assustador, — disse Portia. — Menina, que
tal colocarmos a camisola? Estávamos com medo de te acordar. Tem que estar linda
quando seu noivo acordar.

Ela se sentou rapidamente. — Sim, sim, rápido.

Para facilitar, puxou um pouco as pernas para fora da cama para poder olhá-las
de frente. Entre sua irmã e Portia, tiraram seu casaco e vestido. Estavam tirando sua
camiseta quando se sentiu observada e abaixando os braços, virou a cabeça por cima
do ombro, mas seus olhos estavam fechados. Portia se pôs diante dela e Bethany viu o
que ela estava segurando. — Não essa camisola, Portia. É muito grosso e estou com
calor.

— Mas menina...

— Traga-me um sem mangas, por favor.

Ela sentiu o olhar em suas costas novamente enquanto decidiam qual camisola
era a melhor para se sentir confortável, quando sentiu algo roçar uma mecha de seu
cabelo e tocar sua cintura suavemente. Era algo tão sutil que seria imperceptível para
qualquer pessoa, mas para Bethany foi como ser atingida por um raio, fazendo com
que seus seios endurecessem em resposta. Fingiu não ter percebido sorrindo para a
irmã quando ela chegou com uma camisola de alças grossas com rosas bordadas. —
Você ficará confortável com este.

— Obrigada.

— Portia, vá buscar algo para o café da manhã. Deve estar faminta. — Baixou a
camisola por seu torso e se recostou novamente sobre os travesseiros, colocando a
perna com cuidado. — O médico deixou algo para a dor?

— Sim, você pode tomar duas gotas de láudano em...

O duque se sentou ereto, assustando-as. — Não vai tomar nada disso!

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— Ora, ele acordou! Bem, estava na hora. — Sua irmã disse como se estivesse
ofendida.

Portia saiu do quarto imediatamente.

— Não tomará láudano! — Ele olhou para Bethany como se fosse a culpada por
todos os males na face da terra. — Não vai tomar!

— Eu tenho que suportar a dor? — Perguntou assombrada.

— Sim!

— Escute cavalheiro, minha irmã vai fazer o que disse o médico que sabe mais
do que disse! — Pegou um frasco que estava na mesinha de cabeceira e a colher de
prata.

Kayne passou por cima dela, estendendo a mão e agarrando-o quando ela o
abriu, jogando o frasco na lareira. Viu outro frasco na mesa e o quebrou também,
deixando-as de boca aberta com a fúria que refletiam em seus olhos. — Não vai tomar.

— Mas o que há de errado? Está louco?

Viu tal tensão em seu rosto que disse à irmã. — Belinda, você pode nos deixar a
sós por alguns minutos?

Belinda levantou uma sobrancelha divertida antes de sair do quarto e ele se


levantou de um salto.

— Já vejo, saiu para comprometer-me. — Furioso pegou as roupas. — Mas não


vai conseguir nada.

— Eu já consegui, duque. Toda Londres sabe que você está na minha casa
depois de atirar em mim. Me despiu e dormiu na minha cama. És meu! — Disse
triunfante.

Jogou a camisa na cama e apoiou uma perna para agarrá-la pela nuca e trazê-la
para perto dele, cortando o fôlego por sua fúria. — Retire o que disse. — Sibilou,
fechando sua mão e puxando o cabelo dela para trás.

— Nunca.

O duque olhou para sua boca. — Como disse, não sou como você pensa.

— Não, é melhor. — Seus lindos olhos se tornaram violetas pela excitação. —


Vai me beijar? Morro de vontade que me beije e saber como se sente.

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Ele rosnou antes de capturar seus lábios e Bethany arregalou os olhos quando
sua língua entrou em sua boca. Não esperava por isso e ela gemeu tentando afastá-lo
quando suas línguas se tocaram fazendo-a gemer. Foi tão emocionante que quis mais,
assim o acariciou novamente sem perceber que estremecia em seus braços. Beijaram-
se descontroladamente e ele a deitou na cama puxando sua camisola e expondo seus
seios. Ele se afastou de seus lábios, mas seguiu beijando seu pescoço. Tonta, ela
enterrou os dedos em seu cabelo, recusando-se a deixá-la. Quando a língua dele
passou pelo mamilo endurecido, ela gritou, arqueando as costas surpreendida com o
que sentiu e se contorceu querendo mais.

A porta se abriu e Bethany gritou de surpresa ao ver seu pai com o pastor
Flanagan furioso. Kayne que a estava cobrindo ficou tenso olhando em seus olhos. —
Você queria isso, querida. Não terá um bom casamento.

Bethany ofegou. — Mas eu terei você.

Os olhos de Kayne brilharam antes de cobri-la com o lençol e se levantar da


cama. Calmamente colocou sua camisa antes de se virar. — Conde…

— Vai responder a isso, duque.

— Todavia ainda não posso me casar.

— Amanhã você terá a anulação. E amanhã se casará com minha filha.

Ela sorriu. — Sim, papai. Não necessito de um grande casamento.

Todos a olharam e ao ver que estavam zangados corou. — Só estava dizendo


isso para quebrar esse tenso silêncio.

Sua irmã entrou no quarto com outro frasco na mão. — Portia tinha láudano
para quando seus joelhos doíam. Agora vai tomar uma colherzinha...

O frasco acabou na lareira novamente e todos olharam para ele com espanto.
Parecia prestes a explodir. — Ela é minha noiva e fará o que eu disser a ela! E não vai
tomar essa merda!

Vendo-o tão alterado, se sentou na cama. — Kayne, não fique assim. Se você não
quer, não vou tomar. — Embora sua perna doesse muito sussurrou — Eu prometo.

Isso pareceu acalmá-lo e ele acenou com a cabeça, pegando o paletó da cadeira.

O conde estreitou os olhos desconfiado. — Aqui amanhã às dez da manhã,


duque. Não me faça ter que ir lembrá-lo.

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Kayne sorriu irônico enquanto vestia a jaqueta e se aproximava da sua noiva. —
Que preparem suas coisas. Amanhã iremos para Cowlishaw Hills.

— Para sua casa de campo? — Perguntou, surpreendida. — Mas a temporada


começa. Seu noivo ficou tenso.

— Faça o que eu digo.

— Sim, Kayne, — ela sussurrou porque não queria discutir com ele agora que
havia conquistado tanto.

— Ela está convalescente! — Sua irmã protestou. — Deve descansar!

Ele se virou e saiu do quarto sem dizer uma palavra mais. Belinda estava pasma,
assim como seu pai. Agora era dele e ele tomava as decisões. Bethany estalou a língua.
— Calma, tenho tratado do papai por anos. Estaremos de volta antes de duas semanas.
O duque não tem nada a fazer.

Seu pai sorriu antes de começar a rir. — Verdade, filha. — Absolutamente nada
a fazer. Sorriu radiante. Deus, ia se casar com ele! Seu peito ia explodir de felicidade.

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Capítulo 7

Estava atrasado. Muito atrasado. Sentada no sofá com seu vestido de viagem de
veludo azul, ela cruzou os braços irritada ao ver como o pastor, seu pai e Belinda
discutiam sobre o que fazer porque o duque não havia aparecido e já estava mais de
duas horas atrasado.

— Isso é ultrajante! — O conde gritou enquanto sua esposa se sentava ao lado


dele assentindo com a cabeça.

— Talvez tenha tido um problema com a carruagem, — disse o pastor, tentando


acalmar as coisas.

Belinda parecia prestes a querer pegar sua arma. De repente, olhou para ela e
franziu a testa.

— Querida, você está bem?

— Como vai estar bem se seu noivo a deixou plantada! — Seu pai gritou com
raiva.

A verdade é que ela não estava se sentindo bem porque sentia seu estômago
revirado por causa dos nervos, estava com calor e sua perna latejava horrores fazendo-
a empalidecer de vez em quando. Mas ainda assim forçou um sorriso para eles. —
Estou muito bem e estará para chegar. O duque tem palavra.

— Sim, estamos vendo.

Estalou a língua. — Pai, ele está mostrando que chega quando quiser. Mas
chegará.

O conde resmungou enquanto se dirigia ao armário de bebidas e se servia de


um generoso uísque.

— Sirva-me outro. — Disse o pastor um pouco nervoso. — Devo admitir que


seu noivo me intimida um pouco, milady.

Ela sorriu sem dar importância. — Sim não é verdade? — Parecia encantada da
vida e o homem piscou como se não acreditasse no que estava vendo. — É perfeito.

O pai resmungou antes de tomar um longo gole e eles ouviram o som de uma
carruagem entrando na propriedade. Delia foi até a janela para abrir a cortina. — É o
duque. Leva toda a bagagem já carregada.

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— Perfeito. Não disse que viria? — Se levantou para cumprimentá-lo e quando
ele entrou na sala muito tenso, Bethany sorriu apesar de sua palidez. Ignorando a
todos, ele se aproximou dela olhando em seus olhos e ergueu seu queixo. — Bom dia,
marido.

Ele acenou com a cabeça, soltando-a e se virou para os outros. — Bem, vamos
começar?

— Os papéis chegaram às dez da manhã, como eu disse, duque!

— Sim, mas eu tinha coisas para fazer. — Pegou o braço de Bethany e mancando
se aproximou até o pastor, que bebeu o uísque de um gole antes de entregar o copo a
Jeremy e dar um passo em direção a eles. — Depressa, homem. Temos um longo
caminho a percorrer. — Disse irritado.

Ela olhou-o espantada. — Agora você tem pressa? Estou te esperando há duas
horas!

— Acaso falava com você?

— Não, mas me meto de qualquer maneira!

Belinda e Eugenia sorriram de orelha a orelha enquanto o conde relaxava


visivelmente.

— Vai se meter no que eu disser!

— Pois isso.

— Pois isso o que? — Gritou na cara dela, deixando-o fora de si.

— Você diz que sou sua esposa, é por isso que me meto nas suas coisas. É lógico!

Kayne grunhiu antes de olhar para o pastor como se quisesse ser atingido por
um raio. — Começa ou não?

— Estamos aqui reunidos...

Ela sorriu apertando a mão em torno de seu braço e ele colocou a mão sobre a
dela. Foi como se ele lhe desse o melhor presente do mundo e ela o olhou enamorada,
fazendo todas as mulheres da sala chorarem. Antes do esperado, o pastor pigarreou.
— Os anéis?

Seu pai deu um passo à frente e mostrou dois anéis. Seus olhos se encheram de
lágrimas. — Foi com os que sua mãe e eu nos casamos.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Obrigado pai. — Pegou o maior de sua mão e o pastor abençoou os anéis.
Quando chegou sua vez de falar, ficou em silêncio, fazendo com que Kayne olhasse
para ela pela primeira vez na cerimônia e Bethany sorriu colocando o anel em seu
dedo. — Eu, Bethany Elionora Laurens, tomo você Kayne Robert Furburgh como meu
legítimo marido para amá-lo e honrá-lo no bem e no mal, na saúde e na doença, na
riqueza e na pobreza todos e cada um dos dias que me restam de vida até que a morte
nos separe.

Ele ficou em silêncio olhando para ela e o tempo passou. O pastor sussurrou. —
Filho é sua vez.

Pigarreou desconfortavelmente e disse muito sério, olhando para sua mão. —


Eu Kayne Robert Furburgh tomo você, Bethany...

Ela estreitou os olhos. — Elionora.

— Isso, por esposa até que a morte nos separe.

Ofegou indignada, mas ele olhou para frente como se fosse nada fazendo que o
pastor continuasse. O pobre homem estava prestes a abrir a boca quando Bethany o
interrompeu. — Escute... eu quero que você me diga tudo.

— Sim, pastor. — Disse a irmã divertida. — Que diga tudo. Que deve honrá-la
e tudo mais. Acima de tudo, que deverá amá-la. Nós não ouvimos.

— Bethany...

Ele ignorou sua advertência. — Pastor Flanagan?

Olhou-o, temendo sua reação. — Entenda Duque, é o costume.

Ouviram como rangia seus dentes tentando se controlar e ela sorriu dizendo. —
Eu…

— Eu.

—Kayne Robert Furburgh...

— Kayne Robert Furburgh, tomo a ti Bethany Elionora Laurens como minha


esposa. Para te amar e honrar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que
a morte nos separe.

Ela gritou de alegria e agarrou seu rosto, beijando-o nos lábios enquanto sua
família aplaudia. Se afastou olhando em seus olhos e por um segundo pareceu
divertido. — Como você se sente, marido? — Sussurrou.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Isso o fez de repente perder o sorriso e pegou sua mão. — Temos que ir.

— Mas não vai ficar para o almoço? — Eugenia perguntou surpresa. —


Havíamos preparado um bolo de casamento.

— Temos um longo caminho a percorrer e não quero chegar depois de escurecer


para que algum ladrão nos surpreenda.

— Sim, as estradas estão perigosas hoje em dia. — Disse seu pai mais sério antes
de estender a mão. Soltou a sua para estreitar a do seu pai e o conde se aproximou o
suficiente para dizer. — Se alguma coisa acontecer à minha filha está morto. Nós,
Laurens, te encontraríamos e esquartejaríamos lentamente. — A família inteira sorriu
como loucos assentindo, incluindo Delia e Eugenia.

Ela começou a rir. — Pai, que coisas diz? — Ela o abraçou com força. — Te amo
papai.

— Minha menina. Se você precisar de mim…

— Estarei bem.

Olhou para a irmã e a abraçou com força. — Eu te amo. — Disse Belinda


emocionada. — Se precisar de mim, me mande uma mensagem.

— Dê a Daniel um beijo por mim. Aos dois.

— O farei.

Segurando as lágrimas, abraçou Eugenia. — Cuide deles.

— O farei, querida. Não te preocupes. Seja feliz.

Delia forçou um sorriso. — Eu tenho dois presentes para você.

Jeremy se aproximou com uma tela e a virou, deixando-a sem fôlego. Era ela
sentada no jardim rindo enquanto seus olhos brilhavam de alegria.

— Milady é extremamente talentosa, — disse o marido, admirando o retrato.

— Verdade que sim? Me retratou bonita.

A família ria quando uma foto muito maior apareceu naquele momento. Dois
lacaios o viraram e ela deu um passo em sua direção, impressionada porque todos os
seus foram retratadas. Daniel e Portia incluídos. A imagem representava um baile em
que o casal central eram eles. E Kayne lhe sorria. Maravilhada, deu mais um passo
para ver como Eugenia dançava com o pai, já mostrando uma gravidez que ainda não

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era visível, assim como Belinda que dançava com Daniel. A criança estava nos braços
de Portia e Delia se retratou sentada olhando para fora da pintura. Deixando claro para
quem estava olhando. — Quando você pintou?

— Eu comecei antes de ontem.

— Eu reitero, milady. Tem um grande talento. Garanto-vos que ocupará um


lugar de destaque em minha casa.

— Obrigada, duque. — Disse ela, corada de deleite.

Bethany a abraçou com força e sussurrou. — Não se dê por vencida.

— Com tudo que você me ensinou, acha que eu faria? Esse homem é meu.

— Assim que eu gosto.

A beijou na bochecha e emocionada pegou o braço de seu marido sem perceber


que estava apertando sua ferida até que ele estremeceu. — Me desculpe, te machuquei?

Ele negou com a cabeça, pegando a mão dela. — Nós devemos ir.

Ela assentiu com a cabeça e Portia, que a esperava na porta, pronta para a
viagem, abraçou Belinda.

— Cuide-a. — Sua irmã sussurrou.

— Com certeza. Nunca me separaria dela.

Seu marido a levou para fora e ordenou que seus homens carregassem as
pinturas com cuidado. Pelo seu tom, se algo acontecia com eles os esfolaria vivos.
Como ela mancava, ele a pegou nos braços para colocá-la na carruagem e gritou feliz
para sua família. — Eu os amo!

— Escreva-nos! — Sua irmã disse chorando.

Com lágrimas nos olhos, assentiu com a cabeça quando Portia, chorando, se
sentou ao lado dela. Seu marido sentou-se à sua frente que acenava um adeus, sentindo
que seu coração se quebrava. Ela havia se separado deles antes por causa de seus
estudos em Londres e odiava cada minuto que passava longe. Pelo menos agora tinha
Portia, que felizmente desta vez poderia acompanhá-la em sua nova vida, tornando o
vazio que sentia na boca do estômago menor.

A carruagem começou a se mover e esticou o pescoço o máximo que pôde até


não poder mais vê-los. Olhando para frente, viu que seu marido a observava muito
seriamente e Bethany forçou um sorriso. — Vou sentir falta deles.

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— Isso é óbvio. — Disse com ironia antes de olhar para sua empregada,
deixando-a nervosa.

— É Portia. Ela cuidou de nós desde pequenas e tem sido nossa donzela todos
esses anos.

— E você não preferiu cuidar do pequeno herdeiro? — Perguntou algo irritado,


corando-as.

— Espero poder cuidar do seu, duque. Quando chegar a hora. Além disso, não
estaremos em sua fazenda para sempre. Os verei de novo.

Bethany sorriu porque não se deixava se intimidar.

— Não me diga? Meus planos são diferentes, então se ainda quiser ficar na
cidade, ainda há tempo. — Isso apagou seus sorrisos.

— Quanto tempo?

— Como a boa senhora disse até você me dar um herdeiro.

— Kayne!

Ele a olhou fixamente. — Acaso tem algo que discutir, Duquesa?

Disse seu novo título de uma forma que fez seus cabelos ficarem em pé. Como
se houvesse se vendido para conseguir ou algo assim. Mas ela também não se
intimidou. — Vai mudar de opinião.

— Duvido muito.

— Você tem negócios com meu cunhado e...

— Nosso cunhado já tem carta branca para usar minhas terras. Esta manhã falei
com Barry para solucioná-lo, como solucionei mais algumas coisas.

Ela prendeu a respiração. — Que coisas?

— Me forçou a falar seriamente com minha amante.

— Excelência, não se fala sobre essas coisas! — Portia disse, escandalizada.

— Sua amante? A terá despachado.

Kayne riu como se estivesse muito divertido. — Você esperava isso?

— Sou sua esposa! Me deve respeito!

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— Nós dois sabemos que me casei com você por uma questão de honra. Sua
reputação estava totalmente arruinada e não foi tudo culpa minha, foi, querida?

Totalmente pálida não se deixou distrair. — O que disse à Baronesa?

— Ah... vejo que estava ciente de sua existência. Sherill é uma mulher do
mundo, soube entender depois que tive que convencê-la. É exatamente por isso que
cheguei atrasado. Ela gosta de fazer amor com tempo até ficar satisfeita. E eu concordo
a satisfaço em tudo.

Seu coração torceu tentando se encaixar no que ele acabara de dizer e Portia
pegou sua mão enquanto o olhava incrédula. O duque deu uma risadinha. — Você é
minha esposa e tem alterado meus planos, mas isso não significa que vá alterar minha
vida.

Não sabendo o que dizer porque não esperava, ela desviou o olhar magoada.
Passou as próximas horas em silêncio olhando para a estrada, tentando não chorar
porque seu marido havia dividido a cama com outra mulher no dia do casamento. Era
tão humilhante... Ninguém queria machucá-la de propósito e que seu marido o tinha
feito de propósito foi um verdadeiro jarro de água fria. Mas conseguiria. Conseguira
que ele a amasse.

O chacoalhar da estrada a deixou pálida de dor, mas não disse uma palavra.
Portia olhou para ela preocupada porque apesar de não estar quente, sua testa estava
começando a pingar de suor. Seu marido parecia imerso em pensamentos e totalmente
ignorante a respeito dela. Começou a se sentir realmente muito mal porque até seu
estômago estava embrulhado e não teve mais escolha a não ser dizer — Preciso descer.

Ele a olhou surpreso, como se não se lembrasse de que ela estava ali e ao ver seu
rosto golpeou o teto. — Pare!

Ouviram o cocheiro parar a carruagem na beirada da estrada, mas Bethany não


teve tempo de sair da carruagem. Ela abriu a porta e vomitou com força quando Portia
a agarrou pela cintura. A ânsia de vômito foi tão forte que a fez desmaiar e Portia gritou
porque não conseguia segurá-la. Seu marido a segurou bem a tempo que caísse da
carruagem e quando a virou de costas viu que ela havia perdido a consciência. —
Bethany? — Ele perguntou pálido. — Água, rápido!

Ele a sentou sobre ele enquanto Portia ensopava um lenço na água. — Se


apresse! Precisamos ir para casa!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


A carruagem voltou para a estrada e uma angustiada Portia colocou o pano na
testa. — Tem febre.

— Não pode ser. Estava bem. — Tirou o lenço da testa dela e a abraçou,
colocando o rosto sobre ela.

— Não deveria ter deixado Londres. Ela está ferida...

— Cale-se!

Portia começou a chorar. — Não conseguiu dormir a noite toda com dor.

Ele ficou tenso. — Pode suportá-lo. Agora cale a boca se não quiser voltar para
Londres imediatamente!

Passaram os próximos minutos atentos que ela acordasse, e o duque praguejou


baixinho, agarrando a garrafa de água e jogando-a em seu rosto. Bethany acordou
tossindo porque algo havia caído em sua boca. Quando ela abriu os olhos, sorriu para
o marido e seus lindos olhos brilhavam de febre. — Eu não estou me sentindo muito
bem.

— Vai se recuperar logo. — Ele passou o lenço sobre o rosto aquecido,


enxugando-o.

— Me senti assim uma vez e quase morri.

Ele olhou para Portia, que assentiu chorando silenciosamente, mas ela nem
percebeu. — Foi antes de conhecer Daniel. — Sorriu tristemente. — Ele nos deu
aventuras incríveis. Nossa vida inteira mudou com sua chegada. — Olhou para o teto.
— Eu só queria o que ela tem. — Portia começou a chorar.

O duque passou o pano na testa, que naquele momento já ardia. — E o que ela
tem, querida?

— A única coisa que importa na vida. Ela tem seu amor.

Kayne prendeu a respiração. — E é isso que você quer?

Sem entendê-lo, olhou em volta. — Portia? — Ela choramingou como uma


criança assustada. — Não me sinto bem.

— Eu sei, minha menina. Um médico irá atendê-la logo.

— Quero ver Belinda. Onde está?

— Logo virá.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Papai, tem convidados?

— Não, também está vindo.

Suspirou aliviada. — Belinda vai cuidar de mim como sempre fez.

— Sim, céu. Sempre estará ao seu lado.

Ela adormeceu em seus braços e Kayne impaciente olhou pela janela. — Isso
não pode estar acontecendo. — Sibilou.

Portia o olhou fixamente e em sua mente viu o duque segurando a cabeça


desesperado enquanto chamava a Bethany aos gritos. Quando não obteve resposta,
bateu na parede com tanta força que acabou machucando sua mão. Portia fechou os
olhos morta de medo porque acabava de ver sua reação ao perder a sua menina.

*****

Uma dor intensa a acordou e ela gritou de medo ao se ver cercada por pessoas
que não conhecia. Sentiu que rasgavam sua coxa e gritou novamente, querendo se
afastar. Kayne apareceu em cima dela segurando-a e choramingou agarrando-se a seus
ombros. — Logo passa, querida. —Pegou a mão dela e apertou. — O médico está te
curando. A infecção progride muito rápido.

A dor a rasgou novamente e ela arqueou as costas gritando porque parecia que
sua carne estava sendo rasgada.

— Drogue-a! — Gritou Portia.

— Já quase estou terminando!

A dor a perfurou novamente e desta vez com muito mais força, como se algo
em sua pele rebentava. — Pronto, o sangue já sai limpo. Deus, nunca vi nada assim.

Exausta, ela sorriu para o marido. — Você viu? Sou especial.

Kayne sorriu. — Sim você é. Quando te vi subir em Calígula, disse a mim


mesmo que era muito especial.

— Você vai trazê-lo para mim? — Perguntou, sentindo seus olhos fecharem de
exaustão.

— Claro. É seu.

— Quero montá-lo... — Sussurrou adormecendo.

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— Melhor assim. — Disse o médico. — A dor deve ser terrível desde ontem.
Como não deram algo para evitar isso? — Perguntou, impressionado. — Se não tem
nem um emplastro. Poderia morrer de infecção.

— Vai ficar bem? — Portia perguntou, preocupada.

— Veremos o que acontece. Se a infecção atingiu o sangue, não haverá nada a


fazer, Duque.

Ele apertou os lábios, olhando para o rosto de sua esposa e as linhas marcadas
sob seus olhos. Portia começou a chorar e fulminou-a com o olhar. — Fora daqui! Não
quero que a veja você assim!

A empregada saiu correndo e o médico franziu os lábios, começando a costurar


a ferida. — Vou ter que dar láudano, duque.

Ele ficou tenso ainda mais se virando para olhá-lo. — É necessário?

— Totalmente. Não sei como conseguiu suportar a dor até agora. Qualquer
outra pessoa nem conseguiria andar. Também terei de dar algumas gotas para tentar
diminuir a infecção e um chá de ervas. Sei que você não é fã desses tratamentos, mas
sua esposa certamente morrerá se não os tomar.

— Faça o que for preciso.

— É culpa sua. — Surpreso, viu Portia na porta onde ela havia permanecido
sem dizer uma palavra. — Você quebrou os frascos do remédio e a fez prometer não
tomar nada!

O médico olhou para ele surpreso. — Duque!

— Se ela morrer, será sua culpa! — Gritou Portia histérica. — Embora seja o que
quer, porque assim voltaria para sua amante com quem realmente queria se casar!

O duque se levantou lentamente, mas ela ergueu o queixo sem se intimidar. Ele
caminhou até ela e pegou seu braço sibilando. — Desapareça da minha vista.

— É minha menina! Nunca vai conseguir me separar dela!

Ele a arrastou para fora do quarto e gritou. — Thomas! Não deixe essa mulher
chegar perto de mim de novo!

O mordomo que estava no corredor, caso precisassem de alguma coisa, acenou


com a cabeça pegando Portia pelo braço. — O que ordene, Excelência.

— O que faz? Quando ela acordar, vai precisar de mim! Vai querer me ver!

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Kayne fechou a porta com raiva e o médico olhou-o de lado começando a
enfaixar sua esposa.

— Termine de uma vez! — Gritou com raiva.

O homem franziu os lábios enquanto continuava seu trabalho. Kayne nervoso


passou a mão pelo cabelo e se aproximou de sua esposa sentando-se ao lado dela. O
médico suspirou, endireitando-se. — Excelência, sua esposa precisa se sentir
confortável e protegida em sua convalescença, se conseguir sair dela. Eu sei que você
não quer ouvir, mas vou te dizer assim mesmo, pelo bem da Duquesa. Ela está em uma
casa estranha, está cercada por estranhos e aquela mulher que expulsou é a única
pessoa que ela ama além de você. Aconselho você a repensar para o bem da paciente.

— O que tem que tomar? — Perguntou friamente.

O médico tirou dois frascos da pasta. Um, um pouco menor, que o outro. —
Ajude-me a erguê-la.

Sob seu olhar vigilante, ele forneceu à esposa os medicamentos necessários. —


De manhã e à noite. O duque assentiu. —Se sente muita dor, pode tomar mais duas
gotas de láudano com um copo d'água na refeição. Passarei para vê-la ao amanhecer.

— Já vai?

— Tenho mais pacientes, duque. Deixei uma mulher em trabalho de parto para
vir aqui, mas tenho certeza de que chegarei a tempo, — disse ele, olhando para
Bethany. — Se piorar, me avise.

Ignorando-o, gentilmente pegou a mão da recente Duquesa. O médico balançou


a cabeça antes de sair do quarto. Sua esposa choramingou em seu sono. — Shiiii...—
Sentou-se de costas na cabeceira da cama e a pegou carinhosamente, abraçando-a
como se ela fosse uma criança. Beijou sua testa e sussurrou angustiado. — Tudo ficará
bem. Agora deixará de doer, preciosa. Já verá como sim.

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Capítulo 8

— Bethany. Bethany acorda. — Ouviu que seu duque dizia. Sorriu exausta e
tentou abrir os olhos. — Vamos linda, olhe para mim. Me escute, esposa. — Ela ergueu
as pálpebras com esforço e sorriu para Kayne. — Abra a boca, você tem que comer
alguma coisa.

Seus lábios se separaram e ele levou uma colher à sua boca. Quando engoliu o
caldo, sussurrou. — Você me alimentando?

— Prefiro eu fazer. — Disse, certificando-se de que havia engolido antes de


aproximar a colher a ela.

— E Portia permitiu?

Viu como ficava tenso. — Ninguém me proíbe nada, muito menos na minha
casa.

Engoliu o caldo e estreitou os olhos por seu tom. Aproximou a colher para mais
perto, mas ela virou a cabeça, olhando em volta. Não vendo Portia, entrou em pânico
e tentou se levantar. Seu marido a segurou colocando a mão em seu ombro. — Não se
mova. Está exausta. Precisa recuperar sua força.

— Onde está Portia? —Sussurrou olhando em seus olhos negros.

— Coma Bethany!

Se olharam por alguns segundos e ele suspirou. — Suponho que já tenha


chegado a Londres.

— O que você fez?

— É melhor me perguntar o que ela fez!

— Nada que possa me machucar! — Disse levantando a voz.

— Não vou permitir que ninguém me contradiga em minha própria casa, muito
menos me insulte na minha cara! Essa mulher nunca mais porá os pés nesta casa!

Ela perdeu a pouca cor que tinha no rosto e deu um tapa na colher atirando-o
no chão. Kayne endireitou as costas. — Quer uma luta de vontades, duque? Porque
embora ainda não tenha percebido, sou mais forte do que pareço. Você não vai tirar
alguém que amo só porque te dão razão! Se ela o repreendeu por algo, se o insultou,
tenho certeza de que você mereceu! Portia conhece seu lugar perfeitamente! Tudo o

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que ela fez desde que nasci foi me proteger e por mais que eu venha a te amar, não vou
deixar pisotear aos meus!

Kayne olhou para ela. — Coma, Bethany.

Com esforço, se apoiou nos cotovelos. — Não tem ideia do que fez. Prepare-se
para uma visita dos Lauren, — sibilou. — Agora desapareça de minha vista até que
Portia volte ou não comerei! — De repente, seu marido sorriu e piscou surpreso. — Do
que você ri?

— Você tem uma cor melhor.

Impressionada porque parecia aliviado, se recostou nos travesseiros. — Há


quanto tempo estou doente?

— Três dias.

— Quando Portia foi embora?

—Não sei, mas minhas ordens são sempre cumpridas.

Nesse momento ouviram várias carruagens chegando e ele ficou tenso,


levantando-se e colocando a tigela sobre a mesa. Afastou as cortinas e Bethany sorriu
quando ele franziu os lábios antes de praguejar baixinho. — Eles chegaram?

Se virou fulminando-a com olhar para vê-la sorrindo enquanto bebia de sua
caneca. Os gritos do andar de baixo indicavam que o conde tinha chegado impondo-
se. — Onde está minha filha? — Seu pai gritou aos quatro ventos.

Ela engoliu em seco e sorriu para o marido. —Isso é para que depois não faça o
que quiser sem pensar em mim.

Ele apontou o dedo para ela querendo dizer alguma coisa, mas ela ergueu uma
das sobrancelhas castanhas. — Querido, não vai receber seus convidados?

De repente a porta se abriu e lá estava sua família inteira. Sorriu encantada. —


Estão aqui!

Belinda correu até ela, sentando-se ao seu lado enquanto os outros se colocaram
ao pé da cama parecendo querer matar alguém. Sua irmã olhou para suas olheiras. —
Está bem?

— Foi a ferida que se pôs azoado. — Belinda beijou sua testa, verificando se
havia febre, e franziu a testa. — Estou bem.

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— Você ainda está com febre. — Virou a cabeça para o cunhado olhando-o como
se quisesse dar um tiro. — Se você tivesse tomado o remédio...

— Isso são águas passadas. — Seu pai atrás de Belinda estava muito zangado.
— Pai, não vai cumprimentar o meu marido?

Olhou para seu duque e estreitou os olhos antes de dizer, — Portia?

A donzela entrou no quarto erguendo o queixo e sorrindo de orelha a orelha. —

Sim, milorde?

Kayne grunhiu com os punhos cerrados e ela sorriu descaradamente. — Cuida


da minha filha, tem que comer.

— Em seguida, milorde. —Se aproximou imediatamente e viu a colher no chão.


— Oh, eu vou pegar outra agora. — Olhou para a tigela, franzindo o nariz. — Isso não
é o suficiente para a minha menina.

— Esteve muito doente. Não pode comer muito ou vomitará.

Os Lauren olharam para ele como se fosse um idiota e Portia pegou a tigela de
suas mãos saindo do quarto.

O conde deu um passo ameaçador em direção ao marido. — Suponho que não


se importará com nossa visita prematura, já que minha filha está neste estado.

— Não conde. Não me incomoda. Outras coisas me incomodam! Como posso


ser insultado em minha própria casa! Essa mulher não vai ficar aqui!

— Claro que sim, — disse Belinda, levantando-se. — Cuida da minha irmã. E se


você se sentiu insultado é porque lhe disse verdades como punhos e você não tolera
isso.

Bethany suspirou, colocando a mão na testa. — Não discutam.

— Portia vai ficar, — disse Eugenia, muito tensa, apoiando a família porque
nunca tinha visto a enteada tão doente e foi um choque. — Ou levamos sua esposa
para Londres. Não permitiremos que fique aqui sozinha.

— Bem dito, mãe! — Delia exclamou, dando um passo em direção ao marido


querendo sangue. — E tome cuidado! Espero que esteja dando o remédio para ela!

— Claro que sim, mana. — disse, surpreendendo-a porque a considerava como


a Belinda. —Ele me trata muito bem. Antes de chegarem, ele mesmo me alimentava.

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Os Lauren relaxaram visivelmente e Eugenia sorriu. — É assim que eu gosto,
genro... que você cuide de sua Duquesinha.

— Como deve ser, esposa. — O conde se aproximou de sua filha e beijou sua
testa. —Como está se sentindo?

Bethany segurou sua mão. — Sinto muito que tiveram que vir e que se
preocuparam por mim.

— Você sabe que faríamos qualquer coisa por você, querida.

Se emocionou e Belinda se afastou para que seu pai se sentasse. — Vão ficar?

— Claro. Não sairemos daqui até que esteja totalmente recuperada.

Quando o marido viu que ela ia chorar, disse com raiva. — Acabou de acordar
depois de três dias sem sentido. A estão esgotando e isso não lhe convêm!

— O duque tem razão. — Disse Eugenia, preocupada com sua palidez. Quando
as lágrimas escorreram pelo seu rosto, acrescentou. — Essas emoções não são boas no
seu estado. Deve descansar depois de comer algo. Carlton já viu que está melhor e você
terá tempo de conversar com sua filha.

O conde assentiu e beijou sua mão antes de se levantar. Belinda sorriu. —Agora
vamos nos acomodar e descansar. Portia cuidará de você.

— Sim. — Ela olhou para o marido e sorriu. — Mas ele se saiu muito bem, não
foi?

Considerando que esteve prestes a morrer por causa dele, ninguém disse uma
palavra. — Verdade? — Perguntou mais alto, fazendo com que todos concordassem
com ela como loucos. Ela sorriu. — Ele é o melhor marido do mundo.

O conde endireitou-se com um grunhido e disse ao genro. — Acho que


precisamos conversar, Kayne.

— Não até eu vê-la comer. — Disse, deixando todos paralisados.

— Haverá quartos suficientes, certo, querido? — Ela perguntou preocupada. —


Oh, não me apresentei ao serviço. Não conheço a casa.

Kayne se aproximou e se sentou ao lado dela, pegando sua mão. — Não se


preocupe com isso.

Olhou-o nos olhos e corou ligeiramente. — Eu nunca dirigi uma casa. Belinda
fez isso e então...

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— Não importa. Fará isso de olhos fechados. Se você pode comigo, pode com o
serviço. — Ela sorriu deliciada enquanto todos os observavam fascinados. — E há
muitos quartos. Setenta e dois.

Bethany deixou cair a mandíbula chocada porque era duas vezes o de Laurens
Hall. — O que?

— Ótimo, pois vou escolher. Existe um na torre? — Delia perguntou com os


olhos brilhante encantada.

— Torre?

— Querida, é um castelo. Tem seis torres com telhados pontiagudos em forma


de cone. — Disse Eugenia entusiasmada. — Tem até um fosso.

Assombrada olhou para o marido. — Mesmo?

Kayne riu. — Parece que você vai adorar.

— Um castelo. Sempre quis morar em um castelo. — Portia entrou naquele


momento com uma bandeja. — Você já visitou o castelo?

— Não céu. Não tive tempo. Vamos percorrer juntas.

Excitada, pegou o braço de seu marido enquanto Portia se sentava do outro


lado. — E existem passagens secretas?

Kayne observou enquanto Portia colocava a bandeja na mesa e pegava uma


tigela de ensopado de vegetais. — Sim céu. Existem passagens. —Respondeu
distraidamente. — Isso está muito quente.

Portia grunhiu por dentro antes de tomar uma colher e soprar. Surpresos, os
Laurens viram que ele supervisionava como levava à boca como se não confiasse na
donzela.

— Que emocionante. Passagens. — Belinda disse encantada. — Não nos diga


onde estão. Queremos descobrir por nós mesmas, certo?

Todos assentiram e Bethany com mais veemência enquanto mastigava com


vontade.

— Bem, se encontrarem a passagem que leva para fora do castelo, me diga


porque um dos meus ancestrais era tão desconfiado que não contou a ninguém e
morreu levando esse segredo para o túmulo.

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— De verdade? — Todos sorriram com a ilusão que ele lhe deu, incluindo o
duque que estendeu a mão removendo um cacho de sua têmpora.

Belinda olhou para o pai satisfeita e ele assentiu. — Bem, é hora de deixá-la
descansar. Vamos nos acomodar. Te vejo mais tarde, filha.

— Sim, Pai. Descansa, com certeza você viajou a noite toda. Você também,
Portia. Deve estar esgotada depois de tanta viagem.

— Mas... — Olhou para a tigela que estava pela metade. — Assim que terminar.

— O duque me dará.

O duque pegou de suas mãos para surpresa de todos e Portia assombrada viu
que pegava uma colherada aproximando-o de seus lábios para comprovar que não
esteja muito quente, antes de dar à Bethany que tomou sem hesitar. — Se estiver
satisfeita não coma mais.

— Quero mais. — Respondeu com a boca cheia.

Ele assentiu.

— Minha menina tem um bom apetite. — Portia disse levantando-se.

O conde gesticulou para que saíssem do quarto e todos foram abandonando aos
poucos. Seu pai ia fechar a porta, mas disse. — Se precisar de alguma coisa, estamos
bem ao lado.

— Eu sei, pai. — Piscou para ele, fazendo-o sorrir.

Bethany abriu a boca novamente e olhou o marido nos olhos. — Não faça isso
de novo.

Ele ficou tenso. — Agora me dá ordens?

— Não céu. É uma sugestão, porque senão teremos minha família morando aqui
o resto de nossos dias. — Kayne abriu a boca perplexo e ela riu. — Que cara você fez.

— Deve estar de brincadeira!

— Ora, e isso porque meu cunhado ainda não chegou. Ele é tão mal-humorado
quanto você e me ama muito. — Sorriu maliciosa. — Muito, muito. Sou a menina de
seus olhos.

Kayne riu. — Está mentindo, preciosa.

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Fascinada por sua risada, assentiu. — Totalmente. Nós não nos damos muito
bem.

— Faria algo.

— Você realmente não sabe. Mesmo que tenha aprendido a amá-lo agora,
continuo incitando-o a irritá-lo. Eu amo vê-lo ranger os dentes. — Riu de novo e
quando viu que levantava a colher novamente, balançou a cabeça. — Não quero mais.

Ele se levantou rodeou a cama e colocou a tigela na bandeja. Ela o observou


pegar o remédio e sussurrou. — Você disse para não tomar.

— Dói muito?

— Dói.

Seu marido franziu os lábios porque estava claro que o que quis dizer é que
havia doido muito mais. — Tomará por alguns dias. O médico está de acordo. — Ela
abriu os lábios e o marido enfiou a colher em sua boca antes de fazer o mesmo com o
outro medicamento. Quando colocou as colheres de volta no copo, se sentou ao seu
lado e sorriu. — Agora durma.

— Quem bebia láudano?

Ele apertou os lábios. — Por que pergunta isso?

— Você odeia. Como se temesse que eu criasse dependência.

— Cria dependência.

— Você o viu. Sofreu as consequências e é por isso que o odeia tanto.

— Meu irmão morreu quando tinha onze anos. Ele se afogou no poço e o médico
receitou para minha mãe para acalmá-la. Nunca parou de tomar. Suas mudanças de
humor eram insuportáveis e a vida ao seu lado era um inferno quando não conseguia
que o médico desse a ela. Meu pai até a trancou em seu quarto e a destruiu
completamente. Tentando fugir, se atirou pela janela.

Impressionada, sussurrou quase sem voz. — Meu Deus, sinto muito.

Ele sorriu irônico. — Mas ela não se matou ali. Ela quebrou uma perna e um
braço caindo na árvore abaixo e estava sorrindo de satisfação quando o médico lhe deu
láudano para a dor. Aí começou a se machucar porque sabia que assim conseguiria o
que queria. Meu pai não sabia o que fazer e começou a desaparecer daqui deixando-a.
Ele nos deixou a cargo da avó que tentou ajudá-la. Até que um dia seu coração parou.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Kayne, profundamente na memória, olhou para o espaço. — Foi um inferno. Não
foi suficiente perder um irmão que teve que nos torturar por mais cinco anos.

Ela prendeu a respiração. — Você a culpa pela morte do seu irmão?

Ele franziu os lábios. — Ela o jogou no fosso. — Ela colocou a mão no peito em
choque. — David estava com medo da água e ela o jogou no fosso para que aprendesse
a nadar. Eu estava com meu professor quando ouvi os gritos porque ela também não
sabia e não conseguia tirá-lo de lá.

— Estava louca. — Ela sussurrou antes de abraçá-lo com força, mas ele ficou
tenso.

— É melhor você dormir. — Disse, pegando seus braços, afastando-a. — Você


deve descansar.

Preocupada, viu que ele estava evitando seu olhar. — Está bem?

— Claro. Vou ver se sua família está bem. Volto em alguns minutos.

Observou enquanto ia para a porta sem olhá-la como se arrependesse de ter


contado.

Assim que disse sem poder evitar. — Te amo.

Ele parou, mas não se virou antes de sibilar. — Você não me conhece. — Disse
antes de sair.

Ela ofegou porque havia dor em suas palavras. O havia machucado de alguma
forma e não sabia como. Recostou-se nos travesseiros pensando nisso, mas o remédio
estava fazendo efeito e ainda se sentia exausta. Antes que percebesse, estava dormindo.

*****

Não acordou até a manhã seguinte, quando o médico chegou e a viu tomando
o café da manhã nas mãos de Portia. O homem que devia ter uns 60 anos e cabelos
grossos brancos, se apresentou. — Sou o Dr. Maxwell.

— Muito prazer. — Estendeu a mão e o homem a beijou.

— É uma honra, Duquesa. Me alegro que tenha apetite. Nos deu um bom susto.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


—Obrigado por salvar minha vida. — Ela gesticulou para Portia porque não
queria mais e sua donzela levantou-se da cama recolhendo o café da manhã. — Como
me vê, doutor?

— Bonita. — Colocou sua maleta na cama e a abriu. — Estou surpreso por não
ver o duque ao seu lado. Não se separou de você por um minuto. — Sorriu divertido.
— Vejo que tem sua donzela de volta.

— É que não pode com a minha família. — Disse maliciosa, fazendo-o rir
baixinho. A donzela veio ao seu lado pronta para ajudar. — Descubra a perna dela.

Portia o fez na hora, expondo sua perna. Perdeu toda a cor de seu rosto quando
viu como estava inchado. — Eu não vou perder minha perna, vou?

— Não, claro que não.

Suspirou aliviada. — É que eu a necessito, sabe?

O médico sorriu. — Eu sei, Duquesa.

— É o médico da família, certo? — Ela perguntou, observando abrir a


bandagem.

— Desde que vim para a cidade há trinta e cinco anos. Eu trouxe o duque ao
mundo.

— Conheceu sua mãe então.

O médico assentiu. — Desde que ela se casou com o duque, alguns anos antes
do duque nascer.

— Estava louca?

Ele olhou-a surpreendido. — Louca? Não, não estava louca, milady. — Olhou
para a ferida. — Não gosto de falar sobre os mortos.

— Pois vai ter que fazê-lo, porque desde que meu marido me falou sobre ela,
não voltou por aqui. E isso me deixa um pouco inquieta. — Entrecerrou os olhos. —
Vai deixar sua paciente inquieta?

O homem sorriu. — É muito inteligente, Duquesa.

— Obrigada, é o que meu pai diz.

— Fale doutor ou não vai deixá-lo ir. — Disse Portia, olhando para a ferida e
sorrindo. —Tem uma boa cor.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Vejo que entende essas coisas, Portia.

— Já vi muitos ferimentos nesta vida, doutor.

— Está bem? — Ela olhou-a e gemeu ao ver o corte em sua coxa. — Vou ficar
com cicatriz.

— Isso é inevitável, milady. Mas está indo muito bem. — Pegou um pano e um
frasco embebendo-o.

— Vamos doutor, não fique enrolando. Estava louca?

— Não, milady, não estava louca. — Ele passou o pano suavemente sobre o
ferimento várias vezes e ela estremeceu. — Era má. A pessoa mais horrível que já
conheci.

Ela segurou a respiração. — Sério?

— Adorava fazer sofrer aqueles ao seu redor. Matou seu filho em um ataque de
raiva porque o duque a proibiu de ir a Londres. Pelo menos foi isso que disseram.

Espantada, ela olhou para Portia, que mordeu o lábio inferior. — Com sua
atitude ela torturou o atual duque tanto quanto pôde até que o Senhor a levou embora.
O falecido duque fugiu da propriedade proibindo-a de deixar o castelo e impotente
pagava com seu filho.

— Meu Deus, poderia tê-lo matado também.

— Ah não. Ela não era estúpida. Justificou a morte de seu primeiro filho dizendo
que havia tentado fazê-lo aprender a nadar, mas não ousaria com seu segundo filho
porque sabia que estava arriscando seu pescoço.

— O duque acreditou que o havia jogado na água para ensiná-lo a nadar? —


Perguntou incrédula.

— O duque a amava com loucura. Não via sua maldade porque ela era muito
inteligente. Diante dele tinha um rosto e diante dos outros outro. Mas o láudano
chegou...

— E já não pode mais controlar seu caráter.

— Aí o duque percebeu com quem havia se casado e fugiu para Londres.

— Como pôde deixar seu filho aqui? — Perguntou sem entender.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Porque lhe disse que se o levasse não sobraria nada em sua vida e o amor é
algo estranho. Ele não suportava vê-la sofrer.

Bethany entendeu. — Ele lhe dava láudano quando você recusou.

— Falei com ele mil vezes poucos meses depois da morte de seu filho. Não
deveria dar mais a ele, mas foi o Duque quem me convencia, porque quando tomava,
era a mulher por quem se apaixonou. Doce, engraçada... Não queria ver a realidade. O
efeito era cada vez menor e teve que aumentar a dose. Quando me recusei
terminantemente a lhe dar mais, mandou ele mesmo despachar de Londres. Mas
chegou um momento em que ficava totalmente drogada o dia todo e o duque se
recusou a dar-lhe mais até o episódio da janela.

— Meu marido me contou. Aí voltou a prescrever, não é?

— Com a dor que ela sentia e sua dependência, teria sido horrível. Então, eu
forneci. Depois de fazer um grande corte em sua perna para me fazer conformar
novamente com seus desejos, o duque não aguentou mais e foi embora por alguns
meses. Suas visitas eram curtas e cada vez mais raras, até que finalmente morreu. Foi
um alívio para todos, garanto. O duque tinha nove anos quando seu irmão morreu e
ele teve uma adolescência horrível. Várias vezes tive que vir por causa dos golpes que
lhe dava. Até quebrou um braço. Mas cresceu e pode se defender... — Vendando-a
novamente disse pensativo — Ou perdeu o medo, quem sabe. E sua mãe não ousava
mais tocá-lo.

— Meu Deus. — Impressionada, sussurrou. — E a avó? Não fazia nada?

— Ai, a duquesa viúva. Se odiavam. Se fosse por ela, a teria matado desde a
morte do herdeiro. Ela sabia como era desde o início e nunca a deixou ocupar seu lugar
na fazenda. Esperta era a duquesa viúva. A nora, vendo-se impune pela morte do filho,
fez todo o possível para ridicularizá-la. A Duquesa foi a única que protegeu seu neto.
Teve que suspender sua vida social quando ele quebrou o braço e nunca mais saiu da
fazenda. A partir desse momento só me chamaram em outra ocasião pelo duque e foi
por um corte no braço. A Duquesa estava moída a golpes, mas eles não me deixaram
cuidá-la. A duquesa viúva disse com orgulho que recebeu o que merecia.

— Kayne se defendeu. — Disse orgulhosa.

Ele assentiu. — Foram cinco anos muito difíceis para ele. — Olhou para a porta
e sussurrou. — Houve rumores de que ela a matou.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E é mesmo? — O médico franziu os lábios olhando para Portia. — Não se
preocupe, é de confiança. Não dirá nada a ninguém.

O homem acenou com a cabeça. — A trancou num quarto em uma das torres,
dizendo que lhe daria o que ela precisava e lhe deu láudano até que desmaiasse. Então
ela mesma a fez engolir até que seu coração parasse. Eu mesmo vi os frascos ao lado
de seu corpo. Quando olhei para a Duquesa, ela me disse que devia ter feito isso muito
antes. Dessa forma, seu filho e netos não teriam sofrido. Estava convencida de que era
dependente de láudano desde antes de se casar, mas que o tomava às escondida até o
episódio do filho.

— Meu Deus, que horror. A duquesa viúva se saiu muito bem.

Portia assentiu com veemência. — Bem dito, menina. Que vadia.

Ansiosa, olhou para o médico que cobria suas pernas com os lençóis. — Me
conte mais. O que aconteceu depois?

O médico olhou nos olhos dela. — Seu marido não teve muita sorte na vida,
milady.

Seus olhos se encheram de lágrimas. — Por favor, me conte. Quero entender,


ele não é muito de falar.

— E você sente falta? — Ele suspirou, colocando as coisas na maleta. — Durante


um tempo era retraído, é claro, mas cresceu se convertendo num verdadeiro duque.

— Graças à sua avó.

— O adorava. Não havia nada que seu neto fizesse de errado. Ela o mimava
tanto quanto podia, tentando compensar sua dor. Seu pai voltou para casa após a
morte de sua esposa, mas no fundo sua mãe tinha um pouco de rancor contra ele.

— Ela o considerava um covarde. — Disse, começando a conhecê-la.

— Ela era uma mulher muito dura e seu filho agia como um covarde sem
personalidade. Embora o amasse, nunca o perdoou, mas sofreu muito com sua morte.

— Como morreu?

— Uma infecção intestinal. Não pude fazer nada por ele. Comeu algo em mal
estado e me chamou tarde demais. Acho que ele queria morrer. Nunca mais foi o
mesmo. O duque tinha 20 anos e estava em Londres aproveitando a temporada.
Nenhum dos dois derramou uma única lágrima por sua morte, embora não tenha
ficado surpreso.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E quando ela chegou?

Não escondeu que não sabia de quem estava falando. — Cerca de dois anos
depois. O casamento deles não durou dois anos. Outro desastre. Bonita por fora, mas
vazia por dentro. Deslumbrou-o e ele acreditou que a amava. Mas percebeu que seu
amor não seria suficiente no momento em que chegaram aqui depois da lua de mel.
Ela odiava isso. As discussões eram contínuas para voltar a Londres. Mas tudo piorou
quando ela teve o aborto.

Ela ofegou. — Iam ter um filho?

— Essa era a razão porque o duque não queria partir. Ele queria que o herdeiro
nascesse aqui e considerava este ambiente muito mais saudável.

— Com razão. — Disse Portia. — Também o recomendaria à minha ama.

— Mas há mais médicos em Londres. — Disse, pensando em sua irmã. Corou


com o que havia dito. — Sinto muito. Não sei se me expliquei.

Ele sorriu. — Eu entendo o que você quer dizer. Posso estar ocupado ou doente.
Mesmo morto e até que me encontrem um substituto...

— Meu cunhado se recusa a permitir que minha irmã dê à luz na fazenda.

— E é compreensível, mas o duque tinha essa opinião. Ele nasceu aqui e confia
em mim. — Olhou-a nos olhos. — E eu estarei aqui, Duquesa. Não deve se preocupar
com isso.

Ela sorriu docemente, corando. — É cedo ainda.

— Espero que Deus a abençoe com muitos filhos. É disso que o duque precisa.

— Eu não me pareço com ela, pareço?

— Em nada e isso é uma bênção. Eu te asseguro. Sua esposa anterior era uma
caprichosa que conseguiu do duque que queria. Não fez nada além de exigir e exigir.
Quando ela perdeu o bebê, culpou-o por seu sangue ruim. — Bethany perdeu toda a
cor de seu rosto enquanto Portia ofegava. — Essas coisas estão nas mãos de Deus, mas
ela aproveitou para machucá-lo. Depois foi para Londres com a desculpa de que
precisava ficar com sua família e demorou quatro meses para voltar. O administrador
informou ao duque sobre o esbanjamento de sua esposa em Londres e ele teve que ir
procurá-la porque era evidente que não pretendia retornar. Ela chegou mais arrogante,
mais exigente, e o caráter do duque mudou novamente.

— Ele não queria ser como o pai.

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— Exato. Os boatos de que durante aqueles meses ela tivera um amante
chegavam até aqui e o duque, apaixonado como estava, exigia explicações. — O
médico franziu os lábios. — Mas ela o convenceu com suas artimanhas. Já que não
podia ir para Londres, dava festas aqui e convidava o máximo que podia. Seu marido,
tentando fazê-la se sentir confortável, consentiu, mas um certo conde visitava muito a
casa e o duque o desafiou para um duelo depois de encontrá-los no estábulo muito
animados para o gosto de qualquer um. Um dos lacaios disse que viu como a Duquesa
roubou um beijo dele.

— Meu Deus.

— Ele o matou em um duelo, deixando clara sua posição. Ela o temeu por um
tempo, mas voltou aos velhos costumes. Então, chegaram rumores ao povoado de que
a duquesa estava gravida, mas eu nunca a examinei e meses se passaram sem que
notasse nada.

— Era mentira.

O médico franziu os lábios e estava prestes a se virar quando segurou seu braço.
— Diga-me por favor. Eu sei que meu marido nunca vai me dizer.

— Ela foi a uma mulher da aldeia para removê-lo.

Colocou a mão no peito chocada até que entendeu por que fizera isso. — Não
era de Kayne.

— Todo mundo sabia que não dividiam a cama desde o duelo. A teria matado
se tivesse descoberto.

— Meu Deus, — disse Portia, impressionada. — E continuou com sua vida como
se nada tivesse acontecido?

— Não só isso. Ela tinha um amante entre os serviçais, pelas costas do marido,
é claro. Era um lacaio muito bonito que foi despedido poucos dias antes do dia em que
ela desapareceu. — Olhou-a nos olhos. — Seu marido não a procurou
implacavelmente porque estava perdidamente apaixonado, milady. Ele parou de amá-
la no momento em que a viu naquele estábulo. Estava procurando-a para se vingar por
expô-lo ao mundo inteiro. E se a tivesse na sua frente, ele a mataria com suas próprias
mãos.

Assentiu com a cabeça entendendo-lhe muito melhor e sorriu docemente. —


Obrigado por ser tão sincero, doutor.

— Foi um prazer, Excelência. A ferida está muito melhor. Dói muito?

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Olhou em seus olhos. — Não tomarei mais, doutor. Pode levar o frasco. Pode
necessitá-lo mais que eu.

— Tomado com sabedoria, é muito útil.

— Me alivia quando meus joelhos doem muito.

— Pois fique com ele, Portia. Quer que a revise?

— Sim doutor, faça-o. Ela tem reclamado muito ultimamente.

Enquanto o médico examinava Portia sentada no sofá ao lado da janela, ela


pensou em todo o sofrimento de seu marido. Só precisava de uma coisa. Sentir-se
seguro e amado e ela faria tudo que pudesse para fazê-lo se sentir assim ao seu lado.
Daria sua pele se necessário para fazê-lo acreditar nela e em como se sentia por ele. É
por isso que havia respondido que não o conhecia, quando disse que o amava. Não
tinha acreditado nela e teria que fazer o que fosse necessário para fazê-lo acreditar em
seu amor. Porque se era possível, agora ela o amava e admirava mil vezes mais.

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Capítulo 9

Seu marido apareceu pela porta de comunicação já vestido para o jantar e ela
sorriu, estendendo a mão. — Tenho sentido sua falta. Que bonito está. Como minha
família se comporta?

— São muitos, — ele sibilou, fazendo-a rir. Era lógico que o deixassem louco
porque estava acostumado a ficar sozinho.

— Se quiser, comparto um segredo com você. — Disse maliciosa enquanto o


puxava para se sentar ao seu lado.

— Estou ansioso para ouvir. — Afastou uma mecha de sua testa.

— A única que lê é Belinda e desde que teve o bebê não lê muito.

— A biblioteca, entendido. Quem sabe consigo ler o jornal. — disse, exasperado.

Ela riu com vontade, balançando a cabeça. — Meu pai sempre lê no café da
manhã. Terá que fazê-lo mais tarde.

— Invadiram minha casa.

— Sim. — Olhou-o com amor. — Mas assim que eu me levantar, vão se sentir
mais calmos e irão embora. E vamos ficar sozinhos.

Ele grunhiu, se abaixando e capturando seus lábios. Ela abraçou seu pescoço
sentindo-se maravilhosamente até que alguém pigarreou. Seu marido separou os
lábios de surpreendido ao ver Portia vermelha como um tomate com a bandeja do
jantar nas mãos. — Você tem que jantar.

— Você não sabe bater na porta, boa mulher?

— É que nunca bate. — Explicou Bethany antes de rir. — Mas tenho certeza de
que de agora em diante vai bater, certo Portia?

— Sim claro. — Se aproximou com a bandeja. — De agora em diante não


esquecerei, menina.

— É a Duquesa!

— Já sei.

Ele resmungou se levantando e esticando sua jaqueta de forma rude. —


Querido, vejo você um pouco inquieto, — disse maliciosa.

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Ele a devorou com o olhar e disse com a voz rouca. — Quando acha que vai
estar recuperada?

— Em breve, — disse coquete. — Vem me ver depois do jantar? Assim


conversaremos.

— Deve descansar. — Portia e seu marido disseram ao mesmo tempo.

— Eu me sinto muito melhor. Olha, marido, eu não tomo mais láudano.

Ele viu apenas o frasco para a infecção. — Não dói mais?

— Um pouco. — Mentiu descaradamente. — Por isso já não durmo tanto. Virá?

— Talvez. — Ele foi até a porta e saiu sem dizer mais nada. Ao fechar, ouviu o
grito do marido. — Que diabos é isso?

— É o carrinho de passeio de lorde Daniel, duque. — Respondeu o mordomo


de longe. — Ele simplesmente não adormecia e eles acompanhavam-no pelo corredor,
Excelência. Assim a marquesa não precisa carregá-lo.

— E tem que ser no meio do corredor? — Ele gritou aos quatro ventos.

— Assim é mais prático. Essa criança acorda com frequência.

— Já vou tirar, seu chato! — Sua irmã gritou de longe.

—Portia.

A donzela suspirou indo até a porta. Abriu à toda pressa para ver o duque
empurrando o carrinho. Espantadas, viram como o carrinho retornava e Kayne
apertava os olhos escutando a risada provocadora de sua irmã, que devia estar do
outro lado. — Não tem graça, Marquesa! Alguém pode tropeçar!

Seria preciso ser cego para não ver o carrinho de Daniel. Seu marido o empurrou
novamente e um segundo depois ele estava de volta na frente dele. O duque estreitou
os olhos e agarrou o enorme carrinho com as duas mãos antes de jogá-lo no corrimão
da escada. Ofegou, sentando-se ereta ao ouvir sua irmã gritando que o havia destruído.
— Assim aprenderá a recolher suas coisas, marquesa. Especialmente se estiver na casa
de outra pessoa. — Seu marido disse casualmente antes de se afastar.

Portia fechou a porta. — Resolvido.

Gemeu e começou a contar. — Um, dois…

A porta se abriu e sua irmã furiosa gritou. — Seu marido é um bruto!

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— Não tem concerto?

— Está quebrado! A babá vai se matar para cuidar de Daniel!

— Te comprará outro.

— Não vai encontrar aqui! Daniel encomendou para mim de Paris! Vai ver
quando ele descobrir! Custou-lhe uma fortuna com o escudo do Marquês! — Ela
sufocou uma risada e sua irmã rosnou. — Não é engraçado.

— Está relaxando. Prefiro que faça isso do que não diga nada e, aos poucos,
fique ressentido com você. Em pouco tempo será mais um membro da família e é disso
que precisa. — Olhou-a nos olhos. — Ele precisa disso, Belinda.

Sua irmã olhou para Portia, que assentiu. — O que é que não me contou?

— Não vou falar sobre isso.

Uma Belinda impressionada se aproximou dela. — Nem comigo?

— Há certas coisas em um casamento que não são contadas. Sabe bem disso. —

Ergueu o queixo, olhando para Portia. — Eu vou descobrir.

— Certamente, mas prometi não dizer nada para a pessoa que confiou em mim
e prometo cumpri-lo e Portia também.

— Por Deus! Delia, como você entrou na armadura! — Seu marido gritou lá de
baixo.

Com os olhos arregalados, saíram correndo e Bethany afastou as cobertas para


sair da cama. Ao chegar ao parapeito, olhou para baixo para encontrar o maior
corredor que já vira, mas não viu ninguém, então foi até a impressionante escada
dupla, descendo com cuidado para não cair, fascinada com o que tinha ao seu redor.
A foto de uma mulher com seus cabelos grisalhos exageradamente penteados chamou
sua atenção, mas foram seus olhos negros tão semelhantes aos do marido que a
chamaram. Tinha dentro de si uma força que o pintor soubera retratar muito bem e
que indicava perfeitamente quem era. Avó de seu marido. Viu que as mãos dela
apoiadas nos braços da cadeira mostravam muitos anéis e ergueu uma sobrancelha
porque a senhora tinha colocado todos. Uma enorme esmeralda em seu polegar a fez
sussurrar. — Devia ser forte para carregar tanto peso.

— Tire o capacete! Tire! — Sua irmã gritou.

— Ai! — Delia gritou.

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— Filha, como você entrou aí?

Curiosa, desceu as escadas e caminhou descalça pelo corredor impressionante


até chegar à porta da sala de jantar mais bonita que ela já tinha visto. Tinha uma mesa
comprida onde caberiam cerca de cem pessoas e no final havia uma cadeira que
parecia um trono. Seus lábios se separaram, vendo os maravilhosos lustres de prata e
as duas grandes lâmpadas de óleo das quais pendiam cristais coloridos que brilhavam.
Minha mãe e ela sem saber administrar uma casa!

— Ai, meu brinco! Você está arrancando, bruto!

— Será possível, — sibilou seu marido.

Viu uma porta aberta à direita e entrou na sala de jantar para encontrar uma
sala de jantar menor que a família normalmente deveria usar. Delia havia posto a parte
de cima de uma armadura com capacete e tudo e seu marido tentava removê-la com
pouco sucesso. Revirou os olhos antes de dizer. — Banha de porco.

Sua família se virou para vê-la parada ali. — Você está louca, mulher? O que
você está fazendo levantada? — Gritou seu marido, indo rapidamente até ela e
tomando-a nos braços. Ela sorriu, escondendo que lhe havia machucado sua perna e
acariciou sua nuca. — Você deveria estar na cama!

Acariciou o lóbulo da sua orelha, cortando sua respiração. — Eu me sinto muito


melhor.

— Isso já vejo. — Disse em uma voz rouca. — Mas não quero que fique doente
de novo.

Ele começou a subir as escadas e ela apontou para a pintura. — Era sua avó?

— Sim.

— Como se chamava?

— Gaudencia.

— Ah... o nome é fofo. — Seu marido riu.

— Querida, você não quer chamar nossa garota assim, quer?

— Que garota? — Divertido, ele a sentou na cama.

— A que você vai me dar. — Ele se sentou ao seu lado. — Supõe que deveria
me dar um filho, mulher!

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Ela sorriu acariciando seu peito apreciando seus músculos. E era tudo dela. Não
podia acreditar. — Estou ansiosa para me tornar sua esposa. — Ela olhou em seus
olhos e viu a paixão neles. Sorriu sensualmente. — Querido, feche a porta.

Seu marido pigarreou levantando-se e foi até a porta fazendo seu coração pular
no peito de antecipação quando ele saiu fechando suavemente. Ela ofegou indignada.
— Kayne! Você não vai embora? — Franziu a testa porque não parecia que voltaria tão
cedo. — Tudo bem, deve estar com fome. Te vejo logo! Depressa, que te espero aqui!
— Cruzou os braços olhando ao redor antes de levar a mão à boca e expirar. Acenou
com a cabeça cruzando os braços novamente. — E agora o que eu faço? — Olhou para
a bandeja do jantar e ofegou. — Oh, o jantar, está esfriando. Vou precisar de energia.

*****

A porta se abriu e Kayne parou porque a cama de sua esposa estava vazia.
Olhou em volta antes de ir para trás do biombo, onde a banheira e o vaso sanitário
estavam intactos.

— Onde está essa mulher agora? — Ele perguntou exasperado antes de gritar,
— Portia! — Foi até a corda e puxou com força. Impaciente, caminhou até a cama e
levantou as cobertas para olhar embaixo.

Portia chegou quase correndo, e quando viu a cama piscou. — Onde está a
menina?

— Isso é o que eu me pergunto!

Um ruído do outro lado do painel de madeira ao lado da cômoda o fez gemer.


O duque foi até lá e empurrou uma das arandelas de madeira. A porta se abriu fazendo
Portia ofegar enquanto se aproximava à toda pressa para ver uma luz fraca vindo de
baixo e uma escada estreita que desciam. — O que é isso?

— Isso foi feito no passado para que os duques fugissem em caso de cerco. —
Ele enfiou a cabeça e gritou. — Mulher, se estiver aí, vou deixar seu traseiro de um
modo que não consiga sentar-se em uma semana!

— Meu amor, isso é fascinante!

Portia estalou a língua. — É que ela sempre foi muito curiosa. Desde pequena.
— Ergueu uma sobrancelha. — Não planeja ir procurá-la?

— Não! Ela tem que vir. É muito apertado para mim!

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Ela viu o estreito corredor descendo em espiral e achou que não era tão ruim.
Olhando para ele, viu que estava muito nervoso. — Bethany, você tem que subir! —
Gritou como se estivesse desesperado.

— Querido? Está tudo bem. Sabe que tem um barril aqui? O que terá dentro?

— Bethany!

— Menina, sobe. Seu marido está ficando branco

Bethany com um mau pressentimento virou-se e começou a subir as escadas


com cuidado para não machucar o ferimento e quando o viu, ele pareceu aliviado.
Sentiu remorso por preocupá-lo. — Estou bem.

Ele agarrou seu braço, arrebatando a lâmpada, e gritou em seu rosto. — Nunca
entre em uma passagem de novo! São perigosas! Você pode ficar trancada e ninguém
saberá que está lá dentro!

— Sinto muito. Eu não sabia. — Disse, vendo sua angústia.

A pegou nos braços com força e a deitou na cama, olhando-a como se para se
certificar de que estava bem. Portia tirou os chinelos que estava usando. — Você se
manchou inteira. — Sibilou com raiva.

— Havia teias de aranha.

— Portia uma camisola. — Fulminou-a com o olhar. — Se você se por doente de


novo... Está muito frio nessas passagens e você está sem manto! E coxa!

Ela sorriu e acariciou sua bochecha, mas vendo como suas mãos estavam sujas,
ofegou. — Quanta merda há naquela escada. Querido, precisa limpar.

Portia sufocou uma risada enquanto se levantava descaradamente e tirava a


camisola casualmente, fazendo seu marido quase ficar vesgo surpreso ao ver seu
traseiro em forma de coração. A donzela colocou a camisola nas mãos do duque que a
jogou de lado sem tirar os olhos da esposa e Portia, sorrindo, saiu discretamente do
quarto.

Bethany começou a se lavar, ensaboando bem as mãos antes de esfregar o rosto


como uma criança. Com os olhos fechados, procurou a toalha onde sempre a tinha em
casa, mas não estava ali e quando abriu os olhos piscou ofegando ao ver o marido
totalmente nu com uma toalha na mão. Se antes ela pensava que tinha tido sorte,
olhando para seu peito musculoso e descendo seus abdominais para alcançar seu sexo
ereto, ela sabia que Deus a tinha abençoado com aquele pedaço de homem.

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— Vem que te seco. — Disse ele com voz rouca.

Ela deu um passo em direção a ele hipnotizada por seu sexo que tremeu sob seu
olhar e seu marido rosnou antes de pegá-la pela cintura e pegá-la contra ele. Sentir sua
pele perto da dela a fez fechar os olhos e seu sexo duro contra sua barriga causou um
gemido de necessidade que saiu de sua garganta. Quando ele beijou seu pescoço,
sentiu as pernas tremerem de prazer. O roçar de seus seios com os pelos de seus
peitorais era uma tortura e, inadvertidamente, se agarrou a ele fazendo seu sexo
queimar. O duque capturou sua boca e acariciou seus ombros zonza, ficando na ponta
dos pés, mas sua perna se ressentiu. Ele grunhiu pegando-a nos braços e sem parar de
beijá-la como se estivesse com sede, deitou-a na cama. Os lábios dele deixaram sua
boca e desceram por seu pescoço para subir novamente para o lóbulo de sua orelha
quando Bethany sentiu que o fogo que corria por sua barriga a tencionava com força e
ela gritou arqueando as costas fazendo seu marido olhar para ela com espanto. Ela
sorriu de uma forma boba tentando se recuperar do paraíso em que estava quando seu
marido agarrou seu queixo ordenando. — Abra os olhos.

Alargando o sorriso, ela os abriu mostrando os olhos totalmente violetas. — Já


terminamos? Já me fez um bebê?

Ele sufocou a risada. — Não preciosa, nem comecei ainda.

Seus olhos se arregalaram. — Sério? E meu coração pode aguentar? Nunca tinha
ouvido falar de alguém morrer de prazer. Olha, estou delicada e... — Seu marido
rosnou tomando sua boca e ela abraçou seu pescoço em resposta ao seu beijo quando
o fogo começou a correr por ela novamente. Se virou para beijá-lo melhor e a mão do
marido desceu para seu traseiro, passando a perna machucada sobre seu quadril. Seu
sexo duro roçando o dela a fez gritar de prazer e Kayne se afastou para olhar seu rosto
enquanto seu sexo lentamente entrava nela. Ofegante olhou seus olhos e cravou as
unhas em seus ombros ao sentir que a pressão aumentava à medida que ele a
preenchia. Com a respiração pesada, ele massageou suas nádegas antes de puxá-la
para seu corpo, quebrando a barreira de sua virgindade.

Os olhos de Bethany se encheram de lágrimas e ele beijou suavemente seus


lábios. —Dói muito? — Perguntou, afastando-se para olhá-la nos olhos.

— Como vai doer-me ser sua? — Uma lágrima caiu por sua bochecha. — Não
posso ser mais feliz do que neste instante.

Ele a olhou possessivo antes de capturar sua boca e acariciar suas costas
apaixonadamente antes de sua mão alcançar seu peito. Quando ele acariciou seu

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mamilo duro, ela estremeceu com força, apertando seu membro de tal forma que
Kayne gemeu tombando-se sobre ela. Ainda estremecendo, nem sentiu como ele
entrou nela novamente alongando seu êxtase e a partir daí a loucura foi desencadeada
porque o prazer cercou seus quadris enquanto ele com seus impulsos selvagens a
catapultava ao êxtase várias vezes até que ele explodiu dentro dela fazendo-a ficar sem
folego sob seu corpo.

Outro estremecimento de sua esposa vários minutos depois, o fez levantar a


cabeça e sorrir afastando o cabelo de seu rosto que mostrava que ainda desfrutava de
tê-lo dentro. — Eu já tinha ouvido falar que uma mulher podia gozar várias vezes
durante um coito, mas nunca acreditei.

Ela abriu os olhos. — Eu faço isso?

Divertido moveu-se dentro dela e ela gemeu arqueando o pescoço para trás à
beira do orgasmo novamente. — Mulher, vai desfrutar muito do casamento.

— Não esperava menos, meu duque.

*****

No dia seguinte, mal teve que discutir para sair da cama, porque estava tão feliz
que ninguém foi capaz de continuar a contradizê-la ao ver seu rosto. Sua irmã,
surpreendida, viu que poderia convencer seu duque com apenas um olhar, embora ele
se recusasse a princípio. Era só fazer um beicinho e permitir que ela se levantasse por
algumas horas, embora o médico não tivesse falado nada sobre ela sair da cama. Isso
se, tomasse o café da manhã na cama.

Quando ela desceu para a sala, todos já estavam lá e ela gritou de alegria ao ver
Daniel que soltou um barulho gorgolejante ao ver sua tia. Sentou-se ao lado de sua
irmã e o pegou. Seu marido a observou com um sorriso nos lábios.

— Vocês sabem? Tem uma passagem no meu quarto. — Disse feliz olhando para
o menino sem perceber que seu marido de repente perdeu o sorriso enquanto as
meninas gritavam de alegria.

— Bethany...

Ao ouvir o aviso em sua voz, assentiu. — Mas estamos proibidos de entrar. É


perigoso e muito sujo.

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Kayne acenou com a cabeça antes de olhar para o jornal em suas mãos e Bethany
fez um gesto descuidado para Delia e Belinda, que haviam perdido um pouco da
ilusão. Ambas sorriram de orelha a orelha.

— Por que você recusa agora que o procurem, quando as encorajou a encontrá-
los? —Carlton perguntou surpreso.

O duque resmungou baixando o jornal que seu sogro já havia lido. — Porque
na época estava tentando distrair minha esposa doente enquanto comia e eu não
dormia há três dias.

— Oh, querido... Te tirei o sono? — Ela perguntou, radiante de felicidade, não


se importando nem um pouco que não havia pregado o olho. — Isso porque você já
me ama um pouco. — Disse satisfeita deixando-o em estado de choque. Ela olhou para
sua família. — Dei uma olhada ontem. Há escadas redondas, mas só desci cerca de
dois andares. A verdade é que é um tanto claustrofóbico descer por lá.

— Você ficou trancada! A porta estava fechada! Tenho certeza de que você nem
sabia onde era a abertura! — Gritou furioso.

— Estava realmente fechado? — Perguntou surpreendida e sorriu. — Que bom


que você me encontrou.

— Meninas, não quero que vocês entrem nessas passagens. — Disse o pai, sem
que dessem ouvido. — Falo sério! Pode ser perigoso!

— Sim, pai. — Todas disseram ao mesmo tempo.

— Kayne tome cuidado. Assim que nos virarmos, começarão a procurá-los. É


por isso que a menina se levantou. Sim, que a conheço.

Belinda riu do olhar chocado de Bethany. Ele a conhecia, sim, porque foi
exatamente por isso que ela se levantou. Por isso e porque no quarto estava
mortalmente entediada.

— Você está planejando mudar algo na decoração, querida? — Eugenia


perguntou bordando.

Seu marido olhou horrorizado. — Do que sua madrasta está falando?

— É lógico que quando uma mulher recém-casada chega em sua nova casa, faça
as coisas do seu jeito.

— Você não fez. — disse Carlton assombrado.

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— Oh, porque sua casa em Londres é linda, querido. Gosto da decoração. Além
disso, aconteceram tantas coisas que também não pensei muito nisso.

— Então faz isso por tédio. — Disse seu duque olhando para a criança em seus
braços. — Não se preocupe, vou mantê-la entretida.

Bethany deu uma risadinha. — Não vi muito, mas de tudo o que vi não mudaria
nada. Preserva a essência do castelo e com muito bom gosto.

— É certo. Sua casa é linda, Kayne. — Delia disse. — Me inspira muito. É uma
pena não ter minhas pinturas.

— Thomas veja que Lady Delia tenha tudo o que precisa para pintar.

— Entendido, duque. Vou cuidar disso agora mesmo.

Todos sorriram, mas ele nem deu conta lendo o jornal.

— Querido, vai encher o seu castelo de quadros. — Delia mostrou-lhe a língua,


fazendo-a rir.

— Com o seu talento, não me importo.

— Obrigado, duque. — Fez uma careta para sua meia-irmã.

— A propósito, onde estão os que trouxemos? Já os penduraram?

Ele baixou o jornal com o cenho franzido. — Thomas?

— Estão em um dos quartos vazios, duque. Quer que os baixe?

— Sim, deixe-a decidir para onde vão. Assim minha esposa se entreterá um
pouco, quem sabe assim me deixa ler o jornal.

— Muito engraçado, querido.

Ele sorrindo continuou lendo. Belinda se inclinou e sussurrou. — Seu marido


está muito feliz esta manhã. O que você fez, diabinha?

Se pôs como um tomate e sua irmã riu.

— Cale-se! — Disse antes de sorrir sem querer.

— Genro, suas terras chegam muito longe?

— Já estamos. — Protestou Eugenia. — Será possível? Sempre falando sobre


terras, ovelhas e fábricas. Já não tem dinheiro suficiente?

— Não. — Os homens responderam como se fosse óbvio.

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Kayne olhou para Carlton. — Você vai investir nas fábricas do seu outro genro?

— Pode chamá-lo de Daniel. — Disse Belinda satisfeita. — Você vai fazê-lo?


Tinha entendido que meu marido não tinha ou não queria sócios.

— É verdade, meu filho nunca se associa pois isso depois traz problemas.

— Se quiser usar minhas terras... Esse é o acordo que fiz com Barry. — Disse ele,
divertido.

— Como você é inteligente, amor. — Orgulhosa, piscou para ele.

— Então não ficará com suas terras. — Disse Delia, colocando a manga do
vestido.

Todos olharam para ela enquanto Eugenia assentia. — Por que não ia aceitar se
associar com meu marido? — Perguntou irritada.

—Porque as sociedades trazem problemas. Já ficou chateado e nem falaram


sobre isso pessoalmente. Barry disse que... — Relembrando sua paixão, fulminou
Carlton com o olhar e este revirou os olhos.

— Já te disse. Fale com seu irmão sobre isso. — Disse sua mãe.

— Sim, mas Bethany foi capaz de se casar com seu duque!

Kayne olhou para ela sem compreender. — Desculpa?

— É que a princípio o pai não te queria como genro. De fato, escolheu a um


conde mata-mulheres como candidato. Desta vez, deu no osso. Ao escolher o marido
de minha irmã, teve uma visão melhor.

— Desculpa? — Perguntou mais alto.

Ela sorriu. — É que bisbilhotamos e acreditamos que você era o escolhido


quando na verdade falavam de suas terras. Mas eu fiquei iludida.

— Vamos ver se entendi... — Sua irmã gemeu baixinho. — Você está me dizendo
que seu pai escolhe os maridos.

— Como deve ser. — Disse o conde muito sério.

— E você, pensando que ele tinha me escolhido, teve ilusões.

— Exato! Querido, como é inteligente. Cada dia me surpreende mais.

— Isso é porque você não me conhece!

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— Isso se resolve passando muito, mas muito tempo juntos. — Ela piscou para
ele, deixando-o de boca aberta. — Foi quando me interessei por você. E eu não
conseguia mais tirá-lo dos meus pensamentos.

— E você armou para mim como supunha!

— Está reclamando? — Vendo que estava pensando, ela piscou surpresa porque
depois da noite que passaram juntos acreditava que já eram um casal e que ele a
apreciava. Pode ser que não como sua amante, já que passou muito mais tempo com
ela, mas acreditava que pelo menos não se arrependia de ter se casado.
Cuidadosamente entregou a criança adormecida para sua irmã antes de se levantar
com muita dignidade. — Thomas? Os quadros.

— Imediatamente, Duquesa.

Kayne, vendo que sua esposa estava chateada, franziu os lábios, mas todos
esperavam um gesto dele em relação a sua esposa que não chegou. Pegou o jornal e
continuou lendo como se nada tivesse acontecido.

Irritada, Belinda levantou-se lentamente com a criança nos braços. — Vamos,


família. Vamos ajudar Bethany a escolher onde pendurar as fotos.

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Capítulo 10

Como estava com raiva, removeu duas pinturas da escada de pessoas que não
sabia quem era para colocá-la ao lado da Duquesa. A verdade é que era um contraste
entre os dois, mas gostou do resultado. O de toda a sua família decidiu colocá-lo na
sala de jantar da família para vê-los todas as manhãs de seu lugar. Então voltou para a
sala de estar e seu marido já não estava. Decepcionada, se sentou no sofá e forçou um
sorriso enquanto sua família falava sobre como as pinturas tinham ficado boas. Ela
encorajou Delia a fazer mais e Delia respondeu que faria uma do castelo muito grande
e isso a lembrou de que não tinha visto o castelo de fora. Olhou pela janela e disse a si
mesma que estava cansada de sair nesse momento. Já faria outro dia. Levantou-se e
disse. — Acho que vou me deitar um pouco.

— Mas se falta pouco para comermos. — Disse seu pai. — Não está se sentindo
bem?

— Não, só estou um pouco cansada, só isso.

— Deite-se, minha querida. — Disse Eugenia, olhando-a com atenção. — Talvez


tenha se levantado cedo demais.

Ela acenou com a cabeça mancando em direção à porta e Thomas a observou


subir as escadas. — Precisa de ajuda, Duquesa?

— Não, obrigada. — Respondeu distraída em seus pensamentos.

Sabia que tudo tinha sido muito precipitado. Que ela forçou Kayne a um
casamento que não queria porque estava planejando se casar com sua amante. Que
mal se conheciam e que ele teve uma vida muito difícil para se entregar a ela daquele
jeito. Mas não pôde deixar de se sentir magoada porque ainda estava indignado por
ter que se casar com ela. Recordou de seu rosto enquanto faziam amor e parecia querê-
la. Como podia ter-se iludido dessa maneira? Tinha que dar-lhe tempo. Tinha que ser
paciente e o faria. Seria a coisa mais importante de sua vida. Estava segura.

*****

Seu marido não foi para sua cama naquela noite e mordeu seu lábio inferior
olhando para a porta à sua frente ao lado da cômoda. Olhou através do armário para
a porta escondida e estreitou os olhos. Quando mais sua irmã e seu marido se

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aproximaram foi quando eles passaram por dificuldades, e o mesmo aconteceu com
eles. Os problemas uniam muito um casal. Olhou para a porta da passagem novamente
e franziu os lábios. Sua perna doía, melhor deixar para outro dia. Afastou os lençóis
porque também havia outra maneira de unir um casal e saiu da cama se aproximando
da porta que comunicava com o quarto do Duque. Girou a maçaneta e abriu a porta,
parando repentinamente quando viu que a cama estava vazia. Franziu a testa,
fechando a porta e, ao passar pela lareira, olhou para o relógio. Era quase meia-noite.
Onde estaria? Puxou o cordão de veludo para chamar o serviço e se sentou na cama.
Houve uma batida em sua porta minutos depois. — Entre.

Uma criada abriu a porta e fez uma reverência. — Duquesa... necessita algo?

— Onde está o duque?

— Ele se foi, minha senhora.

Teve um mau pressentimento. — Se foi? Onde?

— Para Londres, minha senhora. — Respondeu, confusa. — Saiu esta tarde


enquanto dormia.

Ficou tensa, levantando-se lentamente. — O que disse?

— O duque recebeu uma mensagem enquanto estavam pendurando os


quadros, minha senhora. Ordenou partir para Londres depois do almoço. Disse que
estaria de volta em dois dias. Certamente não lhe disse nada porque estava dormindo.

Ela franziu os lábios porque Portia não disse uma palavra no jantar,
provavelmente para não incomodá-la. Ela se virou para não mostrar seu
desapontamento porque tinha certeza de que tinha ido ver sua amante. — Pode se
retirar.

— Sim, Excelência. Boa noite.

— Boa noite.

Seu primeiro impulso foi ir atrás dele, mas tinha que ser mais fria. Era óbvio
que devia manter o marido entretido para que não pensasse em partir novamente. E
as dificuldades também entretinham muito. Devia falar com suas irmãs para fazer
planos. Muitos planos para o seu futuro.

*****

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Quando a carruagem chegou, estavam preparadas e sentadas no corredor como
boas meninas. Sorriram quando ele entrou na sala entregando ao mordomo o casaco
de viagem. — Querido, exatamente dois dias. Que pontual. Era um lado que não
conhecia sobre você. — Disse deliciada se aproximando dele e dando-lhe um beijo
suave nos lábios. — Que tal a viagem?

— Muito bem. — Disse, olhando-a com desconfiança. — E você como esta?

— Perfeita.

— Bem, tivemos que chamar o médico porque o ferimento doía, mas ela está se
sentindo muito melhor agora. — disse Delia. — Veja o que pintei.

Ele olhou para cima da lareira e piscou ao ver uma grande pintura do castelo
com um casal em frente ao fosso, de costas com as mãos unidas. Era evidente que eles
eram o casal pelos longos cabelos castanhos de Bethany e seu cabelo escuro. — É lindo,
Delia. Vejo que esteve entretida.

Belinda sorriu. — E não é a única. Sua esposa tem estado muito...

— Belinda, o menino não está chorando?

— Sim? Vou ver.

Seu marido olhou em seus olhos. — O que esteve fazendo?

— Descansar basicamente. — Ela pegou sua mão e puxou-o. — Venha querido,


deve estar exausto. Quer uma bebida antes do jantar?

— Deveria mudar de roupa.

— Oh, não seja tão rígido. Estamos em família. Além disso, você não é um
homem que se preocupa muito com as boas maneiras.

Sentando-se na cadeira, ele franziu a testa. — Está me chamando de rude?

— Ai, ai! Estou percebendo que você está um pouco mal-humorado. Mas deve
ser por causa da viagem, porque você tem um caráter muito bom.

Delia sufocou a risada e ele olhou para ela chateado. — Tem algo errado, Delia?

— Claro que não. E a viagem?

— Eu já disse, — respondeu sério, pegando o copo entalhado que sua esposa


lhe entregou com seu Bourbon favorito — muito bem.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E o que aconteceu que teve que partir sem nem me dizer nada? Tinha que ser
uma emergência. Alguma coisa séria? — Perguntou, sentando-se ao lado de Delia. —
A casa estava pegando fogo?

— Algo assim. Em Londres havia um fogo que devia de apagar imediatamente.

— Relacionado à sua amante, eu imagino.

— Foi um dos motivos da minha viagem. Ela teve um acesso de raiva, só isso.
Não vai voltar a passar.

Ergueu as sobrancelhas tentando esconder a raiva que a percorria. — Bem, um


incêndio teve que ser apagado aqui também, querido. O celeiro se queimou.

Se engasgou com o que estava bebendo e acabou cuspindo e Delia protestou. —


Meu vestido novo!

— Calma, meu marido te comprará outro.

Ele olhou-a com espanto. — O daqui ou o reprodutor?

— O daqui, querido. Não se preocupe, as crias estão seguras, onde quer que
estejam, ainda não sei porque você não me mostrou.

— Perdeu algum cavalo? Cain está bem?

— Suponho que seja o seu cavalo. Sim, estão todos bem. A propósito, onde está
Calígula?

— Trouxe para você.

Sorriu radiante. — Você se lembrou. Pensou muito em mim?

Ele grunhiu em resposta, levantando-se e engolindo seu Bourbon de um gole.


— Vou ver os danos.

— Quer que te acompanhe? Não restou muito. Na verdade, não sobrou nada.
Melhor ficar aqui porque está um pouco frio.

— Sim, é melhor você ficar.

Saiu a toda pressa e gritou. — Thomas, o que diabos aconteceu com o estábulo?

— Eu não sei, meu senhor. De repente, queimou. — Disse, seguindo-o para fora
do castelo.

Sorriu maliciosa e olhou para sua meia-irmã, que deu uma risadinha. — Isso é
por me deixar sozinha.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Tem razão. Ele fez muito, muito mal.

Belinda colocou a cabeça para dentro e piscou para ela enquanto entrava na sala
de estar. — Você é uma atriz melhor do que pensava.

— Obrigada, irmã. Tenho praticado muito.

Então viram seu marido furioso atravessar o corredor e as três correram para a
porta. Quando ele desapareceu, correram atrás, entrando no corredor abaixo da
escada. Viraram à direita no final e viram seu marido entrar em seu escritório fechando
a porta com violência. — Ele está furioso. — Delia sussurrou, reprimindo a risada.

— Um, dois…

— Bethany! — Seu marido gritou furioso.

Correram para a sala e se sentaram como se nada. — Oh sim... esse tecido é


lindo. Eu deveria comprar para fazer um vestido para mim. Não tenho vestidos
coloridos para mulheres casadas.

— Sim, irmã... você deveria.

Seu marido apareceu na porta e a verdade é que seu rosto era realmente
assustador. As três se levantaram aos poucos perdendo o sorriso. — Querido, há algo
errado?

— O que aconteceu no meu escritório! Onde está?

— Você quer dizer aquele quarto sombrio do outro lado da escada?

— Não, a sala ainda está lá. Mas tudo o mais não!

— Eu não sabia que era o seu escritório. — Disse arrependida. — Eu precisava


de uma sala de costura porque não havia nenhuma no castelo e escolhi aquela sala
acreditando que você não se importaria.

— Que não me importaria se você tirasse meu escritório, mulher?

— Eu pensei que fosse do seu pai ou do seu avô. Era tão... feio.

As três concordaram. De repente, Bethany sorriu. — Está muito mais bonita


agora. O novo papel de parede o torna mais brilhante. Você não gosta de flores?

— Não!

Ela estalou a língua. — Ora.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Dos mais de setenta quartos, você tinha que escolher meu escritório? —
Gritou furioso.

— Bem, a lareira era maior. Tem gárgulas! Elas são um pouco assustadoras, mas
eu as adoro!

— Eu pensei que gárgulas fossem usadas para a chuva em catedrais e outras


coisas. — Belinda disse confusa.

— Não são gárgulas? Teremos que descobrir. — Ela olhou para o marido. —
Querido o que são?

— São cavalos!

— Oh, bem, então o artesão não estava tendo um bom dia.

Ele a olhou como se tivessem brotado chifres e Bethany piscou. — Me desculpe,


querido. Podemos escolher outro quarto para você. Há um ao lado...

— Aquela era a sala de costura da minha avó!

— Disse que os móveis eram algo feminino. — Estalou a língua. — Está bem,
vou me mudar para a sala ao lado.

— Ai, que pena. Com o quão bom o papel de parede tinha ficado.

— O que é uma pena são os móveis.

— Por quê?

— Porque até que você voltasse eles estavam no estábulo. — Ele olhou-a como
se fosse louca. — Eu não sabia onde colocá-los. Esta casa está cheia de coisas!

— Aquela mesa tinha mais de cem anos! Foi um presente do rei para meu
bisavô!

— Ora.

— Ora?

— Se você estivesse aqui...

Seu marido rosnou antes de se afastar e gritar. — Thomas, como você permitiu
isso!

— Não estava, milorde. Era domingo. Dia de missa.

— Estou pouco ligando! Como puderam empapelar a parede tão rápido?

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— A Duquesa tem muitos recursos, Excelência. Fez tudo em um dia.

— Meu escritório! Inferno, tinha papéis importantes nele!

— Sinto muito, meu senhor, quando voltei da cidade me entretive um pouco


com o incêndio do estábulo. Não poderia dar mais. — Disse o pobre homem assustado.

— Pois deveria contratar alguém que dê mais!

Temendo que fosse despedi-lo, Bethany saiu da sala para encontrá-los sob as
escadas.

— Pare de implicar com o pobre Thomas. A culpa foi minha!

— Exato! — Ele gritou furioso antes de se afastar e sair pela porta de vidro que
levava ao jardim dos fundos.

Ela sorriu divertida e olhou para Thomas, que piscou para ela antes de
continuar com seus deveres.

— Esse suborno foi um sucesso, querida. — Disse sua irmã atrás dela.

— Totalmente. Eu preciso tê-lo do meu lado.

— Pois você conseguiu.

Seu marido voltou a entrar e passou por eles sem dirigir-lhe palavra. Subiu as
escadas cruzando com seu pai que ergueu uma sobrancelha quando ele não o saudou.
Todos o viram entrar em seu quarto e quando ele fechou a porta com violência, seu
pai fez uma careta. — Vejo que ouviu falar do estábulo. Eu também subiria pelas
paredes.

— Vamos lá. — Radiante subiu as escadas e deu um beijo na bochecha de seu


pai antes de continuar.

— Querida, tenha cuidado com a ferida.

— Sim, Pai. — Entrou no quarto do marido sem bater e o encontrou olhando


pela janela.

— Está tomando láudano? — Ele perguntou sem olhar para ela.

— O que?

Se virou muito tenso. — Está tomando láudano de novo para a dor, mulher? —
Ele perguntou, levantando a voz.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Não. Claro que não. Só chamei o médico para o caso de a ferida ter
infeccionado novamente. — Sorriu se aproximando e o abraçou pela cintura. Ele a
olhou como se não acreditasse sem responder ao seu abraço, mas ela fez de conta que
não notou. O ciúme a percorria de cima a baixo sem perder o sorriso. — Mas ele apenas
recomendou que eu descansasse.

— E por que você não está descansando?

— Descansa comigo? — Ele olhou para os lábios dela sem demonstrar desejo e
ficou magoada com a rejeição. — Estará exausto após a viagem.

Seu duque estreitou os olhos. — Por que fez aquilo com o escritório?

Estalou a língua e caminhou até a cama, acariciando o poste. — Você acha que
eu fiz de propósito?

— Eu sei que você fez de propósito.

Era mais esperto do que pensava, então tinha duas opções: dizer a ele que fizera
de propósito e ficasse furioso ou se fingir de boba, mas isso o faria não confiar nela.
Mas ela queria que a vigiasse de perto, então decidiu bancar a boba. — Por que pensas
isso? Não confias em mim?

— Pois não! E menos se você tomar láudano!

Ofegou indignada. — Muito bonito, marido! Se o tomasse, o que não tomo, é


porque estou com dor! Ou você acha que eu também os invento!

— Eu não duvido que doa, preciosa. — Suspirou virando-se e ela se sentiu


culpada, mas então se lembrou de que seu marido fora ver sua amante e logo passou.

— Está exausto, querido. Deveria descansar um pouco.

— Estou bem. — Respondeu ele muito tenso.

— Por que está tão bravo? — Perguntou, perdendo a paciência.

Olhou-a furioso. — Havia documentos muito importantes naquela mesa. Eu já


te disse!

— Oh, é por isso? — Pensou rapidamente. — Estão em uma caixa em algum


lugar. Como vou deixar a escrivaninha no estábulo cheio de coisas?

Vendo seu alívio, ficou intrigada com o que havia naquela mesa.

— E onde está essa caixa?

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Vai ter que perguntar a Thomas, querido. Mas fique tranquilo, pois esses
papéis estão seguros.

Ele esfregou a mão na nuca, mostrando que estava exausto. — Sim, é melhor
você descansar um pouco. — Puxou a jaqueta sobre os ombros e ela a tirou de seus
braços. Kayne se virou e a pegou pela cintura, pegando-a contra ele. — E o que o
médico disse a você além de descansar?

— A ferida está bem. — Removeu o lenço de seu pescoço, deslizando-o


lentamente sobre a nuca, olhando em seus olhos negros e deixando-o cair no chão. —
Só que movi muito minha perna e o músculo está sofrendo.

— Sim, parece ter estado muito ocupada. — Disse ele com voz rouca enquanto
ela acariciava seu peito sobre o tecido. — Vai ouvir o médico. — Apertou sua cintura
antes de abaixar as mãos em seu traseiro, massageando-a com força.

— É uma ordem, marido?

Ele grunhiu beijando-a apaixonadamente e segurando-a pelas nádegas, a


ergueu para trazê-la à sua altura. Beijaram-se desesperadamente como se precisassem
um do outro e ela abraçou o pescoço dele respondendo com toda a alma, porque não
havia passado um minuto nesses dois dias em que ela não pensasse nele. Tinha entrado
em seu sangue e seria seu até o dia em que morresse.

Kayne caminhou até a cama e se ajoelhou em uma perna sem deixar de beijar
seus lábios e ela gritou quando sentiu sua mão acariciá-la entre suas pernas sobre sua
calcinha. Não sabendo como os dedos dele tocaram suas dobras molhadas e explodiu
em um orgasmo que a fez gritar em sua boca enquanto arqueava as costas tanto quanto
podia. Ele se afastou para contemplar seu êxtase enquanto ainda a acariciava e
sussurrou. — Vai ser uma soneca muito interessante, querida. Posso gostar. — Entrou
nela fazendo-a gritar de prazer. — Vamos ver quantas vezes você pode gozar, esposa.
Estou intrigado. — Ele se ergueu devagar e segurou suas pernas, acariciando-as sobre
as meias, esperando que se recuperasse um pouco antes de entrar com força. Foi como
se ela fosse atingida por um raio e gritasse, sentindo que não havia uma única fibra de
seu ser que não estivesse totalmente tensa buscando a liberação. Seu marido entrou
com força novamente e todo o seu ser vibrou, tremendo com força, deixando-a
completamente perdida de prazer. Kayne estreitou os olhos e se deitou sobre ela. —
Ah não, querida... Vai voltar comigo. — Ele se moveu lentamente dentro dela fazendo-
a tremer sob seu corpo e ela abriu os olhos, fazendo-o sorrir. — Você tem que aguentar
um pouco mais, querida.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Sim? Eu não te faço desfrutar?

Kayne gemeu quando apertou seu interior e disse com esforço. —Você me faz
desfrutar muito, mas é que assim terminarei imediatamente. E eu quero fazer você
desfrutar.

Ela olhou para ele como se fosse louco. — Mais? Você quer ficar viúvo!

Ele riu e Bethany acariciou seus ombros antes de acariciar sua nuca. Ele perdeu
o riso aos poucos. — Quero que seja feliz, — disse, cortando-lhe o fôlego. — Eu quero
que seja feliz ao meu lado. Você acha que vou conseguir, marido?

Kayne a olhou intensamente antes de beijá-la como se fosse a coisa mais


importante da vida fazendo seu coração pular no peito. Quando afastou os lábios de
sua boca, beijou seu pescoço movendo-se levemente dentro dela. Ela cerrou as unhas
na nuca e o marido perdeu totalmente o controle. Acelerou o ritmo e entrou nela uma
e outra vez, empurrando-a ao limite novamente até que ela explodiu em êxtase e desta
vez fizeram isso juntos.

Deitados na cama, meio vestidos, respirando pesadamente, eles se


entreolharam. — Marido, você faz cada vez melhor. — Disse sem fôlego.

— E você cada vez aguenta mais. Está se acostumando?

— São menos, mas mais intensos. — Ela se virou acariciando seu peito nu
possessivamente. — Você gosta de mim?

— Você não sabe quanto, preciosa. — Ele acariciou uma mecha de seu cabelo.

— E eu gosto de ter você lá dentro.

Ele deu uma risadinha. — Já notei.

Ela beijou seu peito. — Você me tira o fôlego.

— E se eu fosse feio?

Ela ergueu os olhos surpresa. — Do que você está falando?

— Você ouviu o nome errado e teve muitas ilusões. E se fosse feio?

Apoiando-se em seu peito, se sentou ao lado dele e o marido passou a perna


sobre seu corpo para que ficasse mais esticada. — Me informei um pouco. Portia tinha
visto você no Laurens Hall alguns anos atrás.

Ele assentiu. — Quando eu estava procurando por Daphne.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Sim. E Barry também me contou como você era. Não confiava muito em
Portia. — Riu suavemente. — Acha o lacaio do estábulo da casa do papai atraente e é
caolho. — Seu marido riu. — Embora minha donzela não se lembrasse da cor dos seus
olhos ou do seu cabelo...

Divertido perguntou. — E o que lembrava de mim?

Droga... — Bem, que não estava de muito bom humor. E teu nome. Se lembrava
disso muito bem. — Ele ficou em silêncio acariciando suas costas e sentou-se para
começar a desabotoar o vestido olhando em seus olhos. Foi um alívio que ele não
estivesse com raiva. — Sabe que depois te espionei?

— O que? — Deu uma risadinha.

— Um dia te esperei do lado de fora da sua casa para vê-lo e não havia como
voltar atrás, — sussurrou, acariciando a nuca dele. — Disse a mim mesma, este homem
tem que ser para mim. Achei que você fosse resistir mais.

— É o que dá quando se é forçado a casar, alguém resiste um pouco.

— Aquele duelo foi decisivo, não foi? — Ela perguntou assombrada. — Bem, eu
não fiz de propósito. Se não tivesse me insultado...

— Me perdoa?

Isso cortou seu folego. — Eu te perdoaria tudo... Exceto uma coisa.

Ele deu uma risadinha. — O quê, querida?

— Que você ame outra mulher. Eu a mataria e depois te mataria.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Com duelo ou sem duelo?

— Muito engraçado, Duque.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Capítulo 11

Deixou cair a carta no chão e pegou a próxima da gaveta da escrivaninha,


sentindo seu coração quebrar. Belinda e Delia de pé atrás dela se entreolharam
enquanto ela a abria apressadamente. — Querida, pare de se torturar. Isso é passado.

Sentindo um nó na garganta, balançou a cabeça. — Ele ainda as tem. Conserva


todas as suas cartas! — Gritou com raiva começando a ler.

— Meu Deus. — Sua irmã sussurrou quando viu seus olhos cheios de lágrimas.
— Era sua esposa. — Bethany nem a escutava enquanto uma lágrima caia pelo seu
rosto. Belinda não aguentou mais, arrancando-a de suas mãos, mas ela se abaixou para
procurar mais na gaveta. — Deixe-as.

— Onde estão esses papéis importantes? — Gritou, abrindo outra gaveta e


jogando-a no chão. Se abaixou para mexer dentro dela. — Onde?

— Papéis importantes são sempre mantidos no cofre. Isso é o que meu irmão
diz.

Belinda assentiu concordando com Delia. — É certo. Ninguém deixaria algo


importante em um lugar onde qualquer donzela pode bisbilhotar descuidadamente.

Ela começou a chorar cobrindo o rosto. — As lia com frequência. É por isso que
os tinha lá. Sente sua falta.

— Mas agora você entrou na vida dele. — Sua irmã se abaixou segurando-a
pelos braços para levantá-la sem se importar em se sujar seu maravilhoso vestido de
noite e a abraçou com força. — Isso é passado. Você é sua esposa.

— Mas ele não me escolheu. A ela sim.

— E ela o decepcionou. Ela o machucou e o deixou. Foi infiel. Como vai amar a
essa mulher? Ela o traiu de todas as maneiras possíveis. Nenhum homem perdoaria
tal coisa.

Olhou para ela assustada. — E se voltar? E se arrepender de ter ido?

— Você é sua esposa agora. Isso não mudará nada. E se ela retornar, haverá que
tomar medidas.

— Que audácia se voltasse. — Delia disse indignada.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Além disso, você ouviu o que o médico disse. Ele a mataria com as próprias
mãos se a visse. Essa humilhação não se perdoa.

Ela ofegou. — Te contou tudo, não foi?

Belinda se fez de boba. — O que?

— Portia te disse!

— Bom, é que existe a confiança. — Disse como um tomate.

Apontou o dedo para ela. — Nem pense em dizer nada a mais ninguém. Se ele
descobre... — Belinda olhou para Delia que assobiava olhando de um lado para o
outro. — Meu Deus, toda família sabe, não é

— Querida, que diferença isso faz? Todo mundo sabe disso por aqui. Agora o
entendemos melhor e a verdade é que sinto muito por sua infância. Agora entendo
muitas coisas. Ele é como o meu Daniel, que se superou e se tornou um homem. Você
deveria estar muito orgulhosa.

— E estou!

— Ah, pois muito bem. Vamos descer para jantar? — Olhou para o chão e
apontou para as cartas. — Deveria colocá-las ou...

Bethany se abaixou para pegá-las e fechou-os com cuidado para que estivessem
iguais. Estava prestes a colocá-los na primeira gaveta à direita quando franziu a testa.
— Preciso de uma caixa, elas deveriam estar em uma.

Suas irmãs procuraram ao redor. — Há de tudo neste sótão. — Delia se


aproximou de um pequeno baú e abriu-o. — Ei, olhe para isso.

Belinda se aproximou para ver dentro e pegou uma roupa de bebê que era
maravilhosa.

— É lindo, tem até um gorrinho.

Curiosa, Bethany se aproximou com as cartas nas mãos e franziu a testa. — São
muito novas para serem de Kayne ou de seu irmão, não são?

As irmãs se entreolharam antes de franzir os lábios. — Acha que são do bebê


que estava esperando? — Delia perguntou distraída, pegando outro pequeno traje.

— Deixem isso aí. — Ela disse irritada, virando-se. — A caixa!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Suas irmãs fecharam apressadamente o baú e continuaram procurando. —
Tenho uma! Belinda se aproximou com uma caixa de madeira e jogou as cartas dentro.
Começou a tirar as gavetas virando-as para jogar seu conteúdo dentro quando viram
que um grande envelope caiu em cima.

Bethany franziu a testa. — O que é isso?

— Você não verificou tudo?

— Isso não. — Pegou o envelope e abriu-o rapidamente, retirando alguns


documentos. Ao ler o título tirou seu fôlego. — É um testamento de um Lorde Lambert.
— Ao olhar para a data, viu que mal tinha uma semana e estava assinado em Londres.
Estreitou os olhos. — Ele não estava em Londres nesse dia. Estava comigo.

— Poderia ser o que recebeu? Era por isso que foi para Londres?

— Não, disse que estava tendo um problema com aquela baronesa a quem
pretendo esfolar assim que chegar à cidade.

— Sim, céu. Que vá se preparando.

Ambas viram como lia à toda pressa e de repente olhou para elas chocada. —
Ele deixou tudo.

— Quem é? Um familiar? — Delia sorriu. — Um tio por parte da mãe ou algo


assim?

— É o pai da Daphne.

Olharam para ela surpreendidas. — Sério? — Belinda se aproximou. — E o que


lhe deixa exatamente?

— Todas as suas posses! Deserdou seu filho a seu favor! Aparentemente Kayne
está pagando as despesas da família desde que se tornaram parentes e agradece-lhe
desta forma. Deixa para ele várias propriedades em Bath.

— Pode fazer isso?

— Claro que pode. — Disse Delia. — Você só precisa de advogados.

De repente Bethany sorriu de orelha a orelha e olharam para ela sem entender.
— Ele não foi a Londres para se encontrar com a Baronesa. Foi por causa disso! E este
é o papel importante que precisa.

— Vamos, coloque na caixa e vamos descer, vão nos pegar e...

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Alguém pigarreou e as três se olharam com os olhos arregalados antes de se
virar lentamente para ver seu marido olhando para elas com os braços cruzados. —
Querida, para estar com a perna ruim você subiu muitas escadas, não acha?

Se pôs como um tomate e quando viu que tinha o testamento na mão,


rapidamente o levou nas costas e sorriu como uma louca. — Meu amor, estávamos
fofocando um pouco.

— Sim, esta casa é fascinante. — Disse Delia.

— Há milhares de coisas aqui. — Acrescentou Belinda.

— Sim, centenas de coisas coletadas ao longo de gerações. — Ele ergueu uma


sobrancelha. — Como a mesa do meu ancestral. Querida, não havia queimado?

Ela se virou para olhar para ele. — Vamos, era isso? E eu que mandei o serviço
colocá-la no estábulo. Claro, eles certamente pensaram que eu estava confusa. — Se
pôs a rir. — Pareceria estranho quando se tem mais de setenta quartos.

— Sim, pareceria estranho. O mais estranho é que Thomas me disse que haviam
deixado no estábulo. — Separou os braços e estalou os dedos, assustando-as. — Já sei,
está perdendo a memória.

— Você acredita?

Ele a fulminou com o olhar. — O que eu acho é que você mente mais do que
fala! — Esticou a mão, arrebatando o testamento das costas dela. — O que você está
fazendo com isso?

— Bom, já que você pediu os papéis...

— Não, querida... diga que queria enfiar o nariz onde não te importa!

— Isso também. — Ergueu o queixo. — Somos marido e mulher, não há


segredos entre nós.

Ele olhou-a como se estivesse louca apontando para a mesa. — E isso?

— Foi uma mentirinha. — Ela parecia realmente furiosa com ele. — Eu só queria
te irritar!

— Sabia que havia feito de propósito!

— Sim, e daí? Estava com ciúmes! Sabia que você iria vê-la!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Ele prendeu a respiração se endireitando. — Diga-me que você não teve nada a
ver com o incêndio do estábulo.

Suas irmãs limparam a garganta. — Nossa, como já está tarde. O jantar com
certeza esfriará e papai vai se perguntar onde estamos. É melhor descermos e...

— Paradas! — O duque gritou com raiva, assustando-as. — Ninguém sai daqui!


—Olhou para Bethany. — Estou esperando!

Estalou a língua sem sentir nenhum medo e colocou os braços na cintura. —


Isso é por você ir embora sem se despedir.

— Está louca? Sabe quanto um novo vai me custar?

— Bah! Você tem dinheiro de sobra. Deixe de manter aquela amante cara e, a
longo prazo, sairá mais barato.

Belinda reprimiu uma risada e ele olhou para ela como se quisesse que um raio
a atingisse. — Marquesa, é hora de que façam as malas.

Ofegou chocada. — Está nos expulsando?

— Parece que tenho muitos problemas para resolver com minha esposa e você
parece ser uma má influência.

— Quer parar de expulsar os meus quando fica bravo? Porque isso me faz ficar
mais brava!

— Está me ameaçando?

— Sem castelo vai ficar se voltar a vê-la! E não vou repetir!

Segurou suas saias e passou por ele aproveitando o fato de estar atordoado. Ele
reparou na caixa e viu as cartas de sua primeira esposa. Ele estreitou os olhos para suas
cunhadas. — Leu-as? — Ambas assentiram com veemência. — Chorou?

Elas assentiram com a cabeça novamente, e uma Belinda intrigada deu um


passo em direção a ele. — Como você sabe que ela chorou?

— Seus olhos ficam escuros por três razões. — Disse com firmeza. — Quando
chora ou está radiante de felicidade...

— E a terceira ocasião? — Delia perguntou inocentemente.

O duque grunhiu saindo do sótão. Belinda deu uma risadinha e Delia olhou
para ela sem entender. — Vai entender quando se casar.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— E isso será?

— Tenho de voltar a Londres, não me pressione.

— Nos acabam de expulsar.

— Bah, Isso irá embora assim que ele se sinta lisonjeado porque sua esposa o
ama tanto que ficou com ciúmes de outra mulher.

— E acha que ele vai demorar muito para entender?

— Esse já está sorrindo enquanto desce as escadas.

Bethany sentada à direita de seu marido pela primeira vez como senhora da
casa olhava de soslaio para seu marido mexendo a comida enquanto sua família falava
sobre o que haviam feito durante o dia. Felizmente, já parecia calmo. O que foi um
alívio, porque não mencionou novamente que sua família tinha que ir embora.

— Podemos jogar cartas mais tarde. — Disse Delia antes de tomar um gole de
sua taça de vinho.

— Não, que tal brincar de esconde-esconde? — Belinda sorriu.

— Nesta casa grande não acabaríamos nunca. — Disse o pai, divertido. — E


estou muito velho para subir tantas escadas.

— Você não é nem um pouco velho, amor. — Eugenia segurou sua mão. —
Vamos ter um filho.

— Como você se sente, Carlton? Deve ter sido uma surpresa.

— Você nem imagina. — Disse, fazendo-o rir.

—A surpresa vai ser para Daniel. — Belinda riu baixinho e explicou ao cunhado.
— No seu contrato de noivado, deixou para ele as terras do campo que são contíguas
às suas.

— Entendo. E com a chegada do novo herdeiro...

— Acabou.

— Se for um menino, claro. Se não, vou distribuir entre minhas filhas.

— Ainda falta muito para isso.

— Sim, papai. Não antecipe eventos que então o que acontecerá — Disse
Belinda, divertida.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Seu marido olhou para ela. — E o que ia deixar para você?

— O que há em Londres. — Encolheu os ombros. — Mas agora não importa


mais porque te peguei do mesmo jeito. — Sorriu. — E sem tentá-lo com possíveis
fortunas.

Sua irmã grunhiu fazendo-os rir.

— Não querida. Você me chantageou com minha honra.

— Muito mais eficaz e rápido. — Piscou um olho para ele, fazendo-o sorrir.

— Então, vamos brincar de esconde-esconde? — Delia perguntou.

— Só no primeiro piso e excluamos as áreas de serviço. — Sugeriu Bethany.

— Querida, você deveria descansar. Não saia correndo pela casa procurando
sua família.

Essas palavras confirmaram que a raiva havia passado e ela sorriu deliciada. —
E se eu procurar por você? — Perguntou olhando-o nos olhos.

— Isso seria diferente, mas eu prefiro fumar um cigarro e tomar um drink


tranquilo.

— Penso a mesma coisa, genro. Te acompanho.

— Brinquemos só nós, eles são uns chatos.

O duque sorriu divertido. — Querida, se você se perder, não irei procurá-la.

— Ráh! — Ela o desafiou com o olhar. — Você não me encontraria.

— Conheço a casa como a palma da minha mão. Poderia percorrê-la com os


olhos fechados.

— Quer apostar?

— Isso está ficando interessante. — Carlton esfregou as mãos. — Filha, peça a


ele o cavalo que vi esta tarde. É um belo castanho que quero para a minha propriedade.

— E se você perder, o que vai me dar?

Ela não tinha nada para apostar que o interessasse, exceto... — Te darei um filho.
— Ele a olhou intensamente. — Isso virá por si só. Não é algo que me dê.

— Sim, mas se eu perder, vou me empenhar muito mais para dá-lo. Bem mais.

Seu pai pigarreou. — Minha filha quando se empenha em alguma coisa...

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Ele a comeu com os olhos. — Estou começando a conhecê-la, conde. Trato feito.

— Ah, ah... Você tem uma hora. Não pode demorar mais porque se não
ficaremos assim a noite toda.

— É uma casa muito grande.

— É apenas o andar térreo. E sem área de serviço. Temes pelo seu cavalo?

— Em absoluto. Trato feito.

— Pai, você já tem um cavalo novo.

Seu pai riu e Eugenia sorriu, assim como toda a família.

— Vejo que têm muita fé em você, querida.

— Você também vai acreditar em mim depois da aposta.

Seu marido, com uma bebida na mão, sorria divertido sentado na poltrona da
sala e Belinda disse a Bethany olhando para o relógio. — Você tem cinco minutos para
se esconder. Pronta?

— Dê dez que assim não corre. — Disse o marido antes de beber.

— Pois dez.

— Obrigada, querido.

— De nada. E você não corra. — Ele a advertiu com os olhos. — Se você se


machucar, ficarei zangado.

— Bah, logo passa.

Sua família riu e Kayne sorriu sem querer.

— Pronta? — Belinda perguntou, olhando para o relógio novamente, esperando


o ponteiro bater doze. — Já!

— Até dentro de uma hora.

— Te encontrarei em dez minutos.

Ela soprou um beijo para ele da porta e seu pai riu divertido sentando-se ao
lado de sua esposa. — Esta menina...

— Sempre foi uma alegria. — Acrescentou Belinda.

— Sim, sempre foi, sim.

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Enquanto isso, Bethany passou por debaixo das escadas e olhou para ambos os
lados do corredor. Decidiu-se pela direita e acelerou o passo abrindo a primeira porta,
mas naquele quartinho qualquer um a veria. Fechou a porta e abriu o antigo escritório
do marido que ela havia se apropriado. Viu a enorme lareira e estreitou os olhos
porque era fundo o suficiente para se esconder dentro. Olhou para o vestido e fez uma
careta. Bem, teria que fazer vestidos para uma mulher casada. Estava farta dessas cores
suaves.

Sabendo que tinha uma desculpa para um vestido novo, entrou no escritório,
fechando a porta suavemente e caminhou até a lareira. Deixou de lado o protetor que
pesava muito porque era feito de bronze com figuras que representavam cavalos
correndo por um prado. Ela o afastou mordendo o lábio inferior e estalou a língua
pelas cinzas. O vestido não ia ser mais aproveitável. Ergueu as saias e, abaixando-se,
pisou no interior da lareira com cuidado para não levantar poeira e para que o marido
não percebesse. Passou o outro pé e não teve escolha a não ser soltar a saia para esticar
os braços e agarrar o protetor novamente. Ela gemeu quando guinchou contra o chão
de pedra até colocá-lo no lugar. Mordendo o lábio inferior, ela esticou o pescoço para
olhar para a porta, mas não poderia ter passado já dez minutos. Quando o deixou no
lugar, deu um passo para trás e olhou para cima para descobrir que podia se endireitar.
Menos mal, porque ficar assim uma hora seria um suplício. Com cuidado para não
bater a cabeça na borda da pedra, se endireitou e sorriu, movendo-se o mais perto que
pôde da parede. Olhou para cima e ficou impressionada com o quão grande era. Dava
para perceber que esta lareira tinha muitos anos porque parecia ter sido feita com a
pedra original que havia na maior parte do castelo. E era enorme. Se perguntou se
aquela lareira já fez parte de uma sala maior. Certamente sim. Duvidava muito que
seu marido a acendesse com frequência. Ela franziu a testa. Teria que falar com
Thomas. Essas cinzas já tinham muito tempo porque seu marido certamente não havia
estado ali há dias. E não podia ser. Estava se pondo séria. Era seu papel como dona da
casa.

O tempo passou e para ela estava se tornando eterna, na verdade. A fuligem


havia caído sobre ela e devia estar um desastre. A porta se abriu e ela prendeu a
respiração, pregando-se à decoração de ferro que a lareira tinha nas laterais internas.
Ela também pressionou o vestido contra as pernas para que não pudesse ser visto de
fora. Segurando o riso, observou o marido passar pela lareira e olhar para trás do sofá
que ela colocara ali. Saiu tão rápido que era óbvio que queria encontrá-la. Mas não
podia sair até que passasse uma hora, então colocou a mão na parede à sua esquerda,
pronta para esperar. Deixou de apoiar a perna para não forçá-la quando seu polegar

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roçou em algo metálico. Ela estreitou os olhos aproximando-se e sentiu. Parecia uma
argola. Olhou para cima. Seria a tiragem da chaminé? Ao olhar para o outro lado, viu
o que era uma tiragem moderna como a que tinha em sua casa em Londres. Então o
que era aquilo?

Intrigada e disposta a se por perdida se fosse a velha saída de ar, ela puxou a
argola, mas não se mexeu. Claro, como iria se mover? Não tinha forças para mover a
pedra na qual estava agarrada. Estalou a língua, pegando a argola novamente e
apalpando a pedra na qual estava preso, passando os dedos ao redor dele. Se colocou
em frente, esquecendo-se do marido. Agarrou o anel com as duas mãos e puxou com
força várias vezes, gemendo de esforço. Frustrada, encostou a perna boa na parede e
puxou novamente, girando em seu esforço para movê-la, e o anel girou com ela.
Prendeu a respiração olhando para cima, mas nada caiu. Continuou girando o anel e
ouviu um barulho à sua esquerda, então moveu o anel totalmente abrindo a porta de
metal que ela pensou ser uma simples decoração. Impressionada, soltou a argola e
esticou o pescoço para dentro. O cheiro era muito forte e tapou o nariz. Era uma
passagem e seu coração deu um pulo porque com certeza era a passagem que seu
marido dissera que não sabia onde ficava. Aquele que saia do castelo.

Excitada, saiu da lareira sem se importar em manchar o chão ou o carpete com


cinzas e saiu do ambiente pegando uma lamparina de óleo do corredor. Voltou
fechando a porta e correu até a lareira, evitando o protetor para entrar novamente nela.
Espantada, viu que a argola tinha gravuras que pareciam antigas e viu que do outro
lado da lareira havia uma placa de ferro exatamente como a que agora estava aberta.
Pôs a lâmpada no corredor e viu outra argola do outro lado da porta. Supôs que era
para fechar, se fugiam, ninguém saberia que era por ali. Além disso, certamente
alguém acenderia o fogo para cobrir sua fuga de modo que a porta ficasse
completamente escondida dos invasores. Fascinada, deu um passo em seu interior e
enfiou a cabeça. Era um corredor muito longo. Estava preocupada por não haver
aberturas ali. Pelo menos no corredor que pode ver. E se entrar lá não era saudável?
Deu mais um passo para dentro e decidiu não fechar a porta. Além disso, não dava
para ver da entrada, então se o seu marido voltasse, não saberia que estava lá porque
não a tinha encontrado antes. Deu vários passos e ergueu a lâmpada olhando para
cima. Era alto o suficiente para Kayne passar sem se abaixar. Quando chegou ao final
viu que o caminho continuava à direita e pensando nisso percebeu que passaria por
trás da sala atual. Divertida continuou andando e parou em seco quando ouviu
algumas risadas. Passou na ponta dos pés.

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— Duque, te restam dez minutos! — Sua irmã gritou para que seu marido
pudesse ouvi-la onde quer que estivesse.

Continuou andando e quase perdeu o pé sem perceber que havia uma escada
que descia. Olhou para baixo e viu uma escada em espiral e parecia muito profunda.
Claro, se quisesse sair do castelo, tinha que evitar o fosso. Restava pouco tempo antes
dela ter que sair, então se apressou e começou a descer, segurando a bainha do vestido.
Era claustrofóbico e olhou para cima começando a ficar angustiada e pensando em
subir, mas sem se dar conta desceu mais um degrau e outro quando algo brilhou em
um dos degraus. Franziu a testa descendo os degraus até que estava debaixo do brilho
e estendeu a mão ao que parecia ser um anel. Ela soprou na pedra e esfregou no
vestido, atordoada ao ver a esmeralda da Duquesa. Se virou olhando para baixo e se
sentiu mareada. Assustada, se encostou na parede, deixando cair o anel. Droga.

— Malditas escadas em espiral. — Sibilou, tendo que se sentar. Então viu algo
vermelho e estendeu a mão com a lamparina para reconhecer que era um pano
vermelho que parecia veludo. Assustada, se levantou lentamente, apoiando-se na
parede com a outra mão, incapaz de parar de olhar para o tecido empoeirado. Desceu
um degrau vendo que o tecido continuava quando viu uma preta. Tamanho foi o
impacto que começou a tremer, mas algo dentro dela a fez descer mais um degrau para
ver os cabelos ruivos e o rosto mumificado da primeira esposa de seu marido.

— Meu Deus. — Disse, encostando na parede diante daquela imagem


assustadora. Ouviu seu nome à distância e olhou para cima. A primeira coisa que lhe
passou pela cabeça foi seu marido e o escândalo que se seguiria se isso se tornasse
conhecido. Olhou para o cadáver novamente. Era óbvio que havia fugido. Com
cuidado se esquivou e viu sua valise que se havia aberto e colocou a mão no peito
quando viu as joias e o dinheiro. Havia roubado uma verdadeira fortuna de seu
marido. Indecisa, disse a si mesma que precisava pensar a respeito. Aquela mulher
estava lá há cinco anos e por mais uma noite não faria diferença. Pálida começou a
subir as escadas a toda pressa e quando caiu de joelhos, quase derrubando o abajur,
disse em voz baixa, levantando-se e agarrando a saia. — Só faltava você se juntar a ela.

— Bethany! Onde você está? — Seu marido gritou, começando a ficar zangado.

Correu escada acima e, ao passar pela sala, seu pai disse preocupado. — Talvez
tenha acontecido algo e não pode nos ouvir. E se desmaiou?

— Thomas, que todo o serviço procure por ela!

— Sim, duque.

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Correu pelo corredor e foi até a lareira, fechando a porta. Se esquivou do
protetor da lareira quando a porta se abriu novamente e seu marido pálido estava lá.
Olhou-a assombrado porque seu vestido branco era praticamente cinza e seu rosto
estava coberto de fuligem, assim como seu cabelo. — Mas onde você esteve?

— Na lareira. — Disse, respirando com dificuldade.

Ele olhou para a lareira como se não acreditasse e se aproximando parou diante
dela. — Tá louca, mulher?

Bethany sorriu. — Eu ganhei.

— Não nos ouviu?

— É que meu vestido ficou preso. Tentei não rasgar, mas acho que não adiantou.
Portia vai decidir. — Como se não tivesse acontecido nada foi até a porta. — Acho que
preciso de um banho. — Olhou para ele por cima do ombro maliciosa. — Lava minhas
costas?

— Bethany? — Sua irmã gritou do outro lado do corredor.

Colocou a cabeça para fora e gritou. — Estou aqui!

— Graças a Deus. Não vou mais brincar de esconde-esconde com você de novo!
Que susto. — Vendo-a aproximar-se, ofegou. — Mas o que aconteceu com você?

— Ocorreu que a sua irmã entrou na lareira! Que tipo de pessoa entra na
chaminé! Casei-me com uma maluca!

— Calma, querido... O filho te darei da mesma forma. — Colocou a lâmpada


sobre a mesa e soltou um grito quando ele a ergueu, olhando possessivamente para
ela. — Então, no final, esfrega minhas costas.

— Penso esfregar-te muito mais.

Belinda suspirou enquanto observava como saíam enquanto sua irmã ria. —
Que vontade que meu Daniel realmente volte.

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Capítulo 12

Deitada ao lado do marido, que dormia profundamente, ela pensou em como a


vida é injusta. Por que tinha que aparecer agora? Porque sua curiosidade a meteu nessa
confusão. Portia lhe disse mil vezes que sua curiosidade iria cobrar seu preço um dia
e esse era o momento. Gemeu, virando-se e abraçando suas costas. Agora o que faria?
Pensar que ela estava lá embaixo fez seu estômago revirar. Agora era sua casa! Ela não
apitava nada lá! Frustrada, entrecerrou os olhos. Tinha que tirá-la do castelo. Este túnel
tinha saída, então não seria difícil. Embora só de pensar em tocá-la a deixasse doente.
Então franziu a testa. Onde estava o cavalo? Se não o haviam encontrado e supunha
que deveria estar caçando, onde havia deixado o cavalo? No final do túnel com seu
cúmplice. Certamente aquela vadia havia entrado no túnel, roubado e voltado pelo
mesmo lugar, caindo escada abaixo com o saque. Se ela fosse seu cúmplice e demorasse
muito, iria embora às pressas, mas levaria o cavalo? Talvez sim. Isso se não quisesse
que encontrassem a entrada e descobrissem os planos de Daphne, porque temeria que
algo tivesse dado errado e tivesse que ficar. Tentaria proteger seu amante porque
estava arriscando seu pescoço. Prendeu sua respiração. Da mesma forma, o amante da
duquesa pensava que seu marido havia matado sua esposa e que estava fingindo
procurá-la por toda a Inglaterra. Sim, isso pensaria. Mas se era um dos convidados da
caça, o que fez com o cavalo? Porque, pelo que sabia, não o haviam encontrado.
Supunha que deveria ter fugido nele. Se fosse o amante e tivesse pensado que algo deu
errado, o teria deixado no estábulo porque ela deveria estar em casa. A menos que
tenha entrado no túnel e a encontrado morta. Ou que ele a matou jogando-a escada
abaixo. Mas as joias a rodeavam e ele não levou nada. Porque se tivesse pegado algo
ele teria levado tudo, certo? Era uma fortuna, quem resistiria? Ademais era um homem
sem muitos escrúpulos se havia se relacionado com uma mulher casada a ponto de
querer fugir com ela. Teria que se colocar em seu lugar. Esperando no meio de uma
caçada com o cavalo de sua amante que iria roubar no castelo, estaria nervoso caso
fosse surpreendido pelo duque e ainda mais se tivesse que esperar mais do que o
combinado. Impaciente, entraria no túnel e ao ver o cadáver entraria em pânico.
Quereria sair dali a toda pressa. Não podia soar o alarme porque teria que dar muitas
explicações. E como deixar o cavalo ali e descobrissem o cadáver? Nem poderia levá-
lo ao estábulo para o caso de alguém o ver. Melhor cobrir tudo. Eles não a encontrariam
lá. Aquele homem se livrou do cavalo e com certeza nunca descobririam sua
identidade porque ele havia coberto seus passos muito bem. Mas que naquele dia

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havia alguém no fim do túnel, tinha certeza, porque senão o cavalo não teria
desaparecido.

Mas por que pensava nessas coisas? Inferno, o que lhe importava com quem
estava indo? O importante é que ela estava ali e tinha que desaparecer de suas vidas
para sempre. E sabia a quem recorrer.

*****

Mal tomou o café da manhã nervosa nem abriu a boca. Sua família a olhava de
soslaio igual seu marido, porque sua atitude nada tinha a ver com ela. — Querida, está
se sentindo mal?

Olhou para Kayne surpreendida. — Não! Como vou me sentir mal? — Riu sem
vontade olhando para sua família. — Não pareço bem? — Perguntou, ficando muito
nervosa.

— Parece meio estranha para mim. — Disse sua irmã preocupada. — Sua perna
está doendo?

— Não, está perfeita.

— Você sempre tem um café da manhã farto, querida. — Disse Eugenia. — E


você mal tomou café da manhã.

— Estou bem, de verdade. — Enfiou o garfo cheio de rins na boca e mastigou


sem nenhuma vontade.

Kayne a olhou com desconfiança e sabia que iria vigiá-la de perto para ver se
tomava láudano. Sorriu para ele, mascando com cara de louca, o que o deixou ainda
mais tenso e disse a si mesma que precisava relaxar ou eles a pegariam antes de tirar
aquela vadia de casa.

Quando o café da manhã terminou, suspirou com força aliviada, levantando-se


da cadeira e seu marido estreitou os olhos ao ver como quase correu em direção à irmã,
entrelaçando seu braço ao dela para sussurrar algo em seu ouvido. — Se estiver
chovendo. — Disse Belinda alto o suficiente para que a ouvisse.

Kayne caminhou atrás delas e sua esposa sussurrou. — Vamos para a estufa.
Quero falar com você.

— Então, vamos para o meu quarto. — Sussurrou sua irmã.

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— Eu não quero que Portia...

— Querida... — disse ele, interrompendo-a. Sua esposa se virou surpresa e


sorriu novamente como uma louca. — Ocorre algo?

— Não. Claro que não.

Delia disse olhando pela janela da sala. — Acho que vou pintar. Não dá para
sair de casa.

— Que tal você pintar minha esposa?

Ela olhou para ele horrorizada. — Ou melhor, um retrato juntos. Vamos colocá-
lo na lareira.

Delia sorriu. — Sim claro. Assim vamos nos entreter.

Ela grunhiu interiormente enquanto relutantemente se aproximou de seu


marido e agarrou seu braço. — Odeio posar.

— Assim você vai ficar quietinha um pouco e vai descansar essa perna que não
para.

— Vou preparar tudo. — Delia saiu correndo animada porque ninguém queria
posar.

— Por que você está fazendo isto comigo? — Ela protestou como uma criança e
ele olhou-a divertido. — Que tortura.

— Não vai ser tão ruim.

— Já verá.

*****

Sentada um ao lado do outro em um lindo sofá, que Thomas arranjou para que
fosse transferido para a sala que ela usava como ateliê, disse a eles que se olhassem. —
Não assim não. — Ela se aproximou deles e pegou a mão de Kayne, colocando-a em
sua cintura antes de pegar a mão de Bethany, colocando-a no rosto do marido como se
o estivesse acariciando.

Kayne olhou para ela divertida. — Temos que ficar assim?

— Claro.

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— Querida, chegue mais perto ou suas costas vão doer.

Olhando em seus olhos, se aproximou dele. — Eu te disse.

— Não vai ser tão ruim. Nos demais não posamos e nos saímos muito bem.
Assim que der umas quatro traçadas, podemos ir. Verá como sim.

— Não, querido. Ela vai aproveitar para fazer não sei que técnica aprendeu em
Verona e vai querer que posemos até ao fim.

Delia deu uma risadinha atrás da tela. — Que inteligente és. — Ergueu as
sobrancelhas como se dissesse “eu te disse”. — Bethany, posicione-se bem!

Suspirou olhando nos olhos dela e acariciou sua bochecha. — Sabia que está
linda esta manhã?

— Mesmo? — Perguntou, surpresa. — Pois não dormi direito.

— E por quê?

Ela baixou o olhar, amaldiçoando sua boca tão grande. — Não sei. De repente,
as coisas continuaram passando pela minha cabeça.

— Do que você está falando? Algo está te incomodando? Se for por Sherill...

— Que Sherill?

O marido dela pigarreou. — A Baronesa.

— Ah não. — Olhou para ele com desconfiança. — Porque não preciso me


preocupar, certo? Olhe que eu me planto em Londres!

Ele sorriu. — Não, querida, não precisa se preocupar.

— Menos mal porque agora para mim não é boa hora para ir para Londres.

— Não me diga? E eu que pensava que íamos embora na próxima semana.

Ela olhou para ele surpresa. — Não, não podemos ir agora!

— Você queria experimentar a temporada. Ainda não está grávida e podemos


nos divertir.

— Desde quando você se diverte? — Perguntou, horrorizada porque não


poderia deixar Daphne lá. Precisava da Belinda e não sabia se teriam a chance em uma
semana de tirá-la de lá sem que ninguém as visse.

Ele franziu a testa. — Querida, você está bem?

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— Claro que sim.

— Te vejo meio chateada.

— Não tomo láudano. — Suspirou acariciando sua bochecha. — Eu não sou


como sua mãe, de acordo?

Ele ficou tenso. — Não disse que era como ela.

Olhou-o com amor e sua mão roçou sua orelha. — Essa é outra vida. Uma vida
horrível em que não estive com você. Agora isso mudou e deveria estar encantado.

Levantou uma sobrancelha como se não acreditasse em uma palavra e em sua


ânsia de convencê-lo, beijou seus lábios suavemente. — Eu te amo. — Seu marido
prendeu a respiração. — E se você voltar a dizer que não te conheço, vou ficar com
raiva e queimarei algo. Está avisado.

— Não querida. Você não me conhece.

Se afastou para olhá-lo nos olhos. — Sei que sofreu muito e não acredita no amor
porque a única pessoa que te amou foi sua avó. Sei que te entregaste a uma mulher
que não te merecia e que procura construir um muro entre nós para que o teu coração
não sofra mais. Mas vou derrubá-lo e conseguirei ser a coisa mais importante da sua
vida. Conseguirei. — Beijou seus lábios novamente e sorriu. — Claro que sim. Quando
me empenho em alguma coisa... me casei com você, não é?

— Nunca serei capaz de te amar.

Perdeu o sorriso aos poucos. — Não diga isso.

—Bethany...

Se levantou e gritou. — Não diga isso! Vai me amar tanto quanto eu te amo! Vai!
Tem que esquecê-las!

— Esquecê-las? — Kayne se levantou muito tenso. — Claro que as esqueci, se


você se refere à minha mãe ou minha esposa! Mas elas me ensinaram a ser assim! Parei
de amar, quando com nove anos, minha mãe me trancava no passadiço de seu quarto!
Deixei de amar durante essas horas sem comer nem beber, porque sabia que eu tinha
medo de descer aquelas escadas para encontrar a saída e também sabia que ninguém
me encontraria ali! — Ela empalideceu ao ouvi-lo. — E comecei a odiá-la quando ela
me pegou pegando o láudano dela e me bateu com o atiçador da lareira! Foi quando
percebi que havia matado meu irmão! Depois daquele dia não tinha mais nenhum

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respeito por ela e se me tocava eu devolvia! Que tipo de filho bate na mãe? — Ele
perguntou furioso.

— Querido... — Ela deu um passo em direção a ele, mas se afastou olhando para
ela como se o enojasse.

Ele riu de uma maneira que fez seu cabelo se arrepiar. — Acredita que amava
Daphne? — Perguntou com desdém. — Ela era linda e a considerava perfeita para ser
uma duquesa. Porque era o que eu procurava, uma Duquesa que deixasse todos
impressionados e foi isso que consegui. Você leu suas cartas! Ela me amava e eu
simplesmente a decepcionei! Então começou com os amantes por pura vingança!

Isso a fez reagir. — Ela era uma pessoa caprichosa que não te amava! Se
houvesse te amado não teria exposto você naquele estábulo! — Gritou com raiva
porque ele falou bem dela.

— Parece ter encontrado um confidente que lhe disse muitas coisas. — disse
com raiva.

— É uma pena que ele não tenha me contado mais. — Apontou o dedo para ele.
— É por isso que procurou por ela? Por que achou que a decepcionou? — Gritou
nervosa depois da noite que haviam passado. — Essa mulher queria sua posição! E
quando percebeu que não estava tendo a vida de festa que queria e esperava em
Londres para mostrar sua posição, te abandonou!

— Você não a conhecia! Como se atreve a falar sobre ela? — Gritou fora de si.

Chocada, deu um passo para trás com a fúria que emanava, sentindo seu
coração quebrar com a dor em seus olhos negros. — Meu Deus, você ainda a ama.

— Não diga estupidez! Disse que nunca a amei!

— Por isso estava procurando por ela.

— Quer saber por que estava procurando por ela? Pelas joias da família que
levou naquele dia maldito! As joias de gerações de Furburgh! — Ele sorriu. — Até esse
ponto eu me preocupava com minha esposa. Se procurei, foi só para recuperar o que é
meu!

Se olharam durante alguns segundos, mas não acreditou em uma palavra.


Havia conservado suas cartas. Se a odiasse, as teria queimado querendo apagá-la de
sua memória. Se sentou em silêncio no sofá e Delia forçou um sorriso. — Se quiserem,
podemos deixar a pintura para outra hora.

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Seu marido a olhou por vários segundos e cerrou os punhos, contemplando sua
dor. — Eu nunca vou te amar. Coloque isso em sua cabeça e pare de insistir nesse
tópico! Conforme-se com o que temos!

Ela olhou para ele. — Nunca. Eu quero tudo!

Ele franziu os lábios antes de deixar o escritório, deixando o silêncio atrás dele.
Delia preocupada se aproximou. — Não te preocupes. Vai te amar.

Ela sorriu tristemente. — E como você sabe se nem percebeu que Barry bebia os
ventos por você?

Delia fez uma careta. — Pois, você está certa.

— Desculpe. — Sussurrou, sentindo sua energia acabar.

— Você acabou de se casar. E veja o quão longe chegou. Depois de seu passado,
não pode pretender que a ame de um dia para o outro. Olhe para sua irmã, não se
apaixonou imediatamente. Deve ter um pouco de paciência.

Sabia que tinha razão, mas o amava tanto... Sentia tanta necessidade de estar ao
seu lado e ser retribuída que não suportava.

— Está muito nervosa hoje. — Disse Delia, sentando-se ao seu lado. — Todos
nós notamos. Algo está errado?

— Sim, deve ser por isso.

— O que está acontecendo? Posso ajudar? Sei que não sou casada, mas...

Olhou a Delia nos olhos e se levantou imediatamente. — Vem comigo.

Sua meia-irmã não hesitou, deixando o pincel sobre a mesa e seguindo-a. Ao


sair para o corredor, Bethany olhou de um lado para o outro e sussurrou. — Corre.

Delia a seguiu e quando entraram no antigo escritório de Kayne, se detiveram


ao verem Belinda lendo um livro.

— Graças a Deus que está aqui.

— Procuravam por mim? — Fechou o livro levantando-se.

Sem responder sussurrou. — Delia feche a porta com a chave.

Sua meia-irmã o fez e olhou para Belinda que não entendia nada. Elas a
observaram afastar o protetor da lareira para o lado e entrar nele.

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— Vai se perder de novo. — Sua irmã protestou antes de arregalar os olhos
quando abriu a porta para a passagem. — O que é isso?

— Preparem-se para o que vão ver. Irmã acende aquela lamparina a óleo. Nós
vamos necessitar.

Belinda o fez a toda pressa e se aproximou. Delia já havia enfiado a cabeça para
dentro. — Que mal cheiro.

— Tenham muito cuidado. Entenderão imediatamente o porquê. Movam-se em


silêncio pois podem nos ouvir na sala.

As duas assentiram e Bethany pegou a lâmpada, indo na frente. Caminhou


rapidamente. Elas a seguiram sem dizer uma palavra e quando chegaram às escadas
parou olhando para trás para se certificar de que a estavam seguindo. — Cuidado com
os degraus, podem dar enjoos.

— Fique tranquila. — Disse Belinda, forçando um sorriso. — Nós ficaremos


bem.

— Belin, fique atrás de mim. — Disse Delia, temendo por ela.

Sorrindo, se pôs atrás dela e Bethany começou a descer, mostrando-lhes os


degraus com a lâmpada. O fizeram lentamente e, quando chegaram ao fundo, deu um
passo para o lado para revelar Daphne.

Belinda ofegou levando a mão ao peito e Delia agarrou seu braço, incapaz de
tirar os olhos do cadáver. — Está mumificada. — Sussurrou, impressionada.

Sua irmã foi a primeira a reagir e olhou em volta. — As condições fizeram com
que o corpo ficasse mumificado. Quase não há ar aqui.

— Veja as joias que havia roubado do seu marido.

Sua irmã olhou para baixo. — Mas que cadela. O havia roubado?

— Que faremos? — Perguntou, sem saber o que fazer depois da reação do


marido.

— Se alguém descobrir sobre isso, será um escândalo. Mais um ligado ao seu


nome e acho que já teremos o bastante. — Disse sua irmã.

— Pensava isso.

— E o que mais você pensava?

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— Tira-la daqui e enterrá-la em qualquer lugar. Não quero que Kayne se lembre
dela de jeito nenhum.

— Creio que é o melhor. — Delia disse, olhando para o corredor. — Para onde
isso vai?

— Sai do castelo. Pelo menos eu acho.

— Temos que ter certeza. — Disse Delia.

— Sim. — Belinda a apoiou. — Não devemos deixar nada ao acaso. Se alguém


nos vir, aí sim será um escândalo. A segunda mulher se desfaz do cadáver da primeira.
Nos comeriam vivos.

— Devíamos tirá-la à noite. — Disse Bethany.

— Sim, e devemos ter o túmulo preparado agora. — Delia acrescentou.

— Vamos ver onde isso nos leva primeiro.

Começaram a andar seguindo o túnel. O calor as sufocava e começaram a suar.


— Deus, até onde isso vai? — Belinda perguntou.

— O estranho é que este túnel não desmoronou depois de tantos anos. — Delia
sussurrou, assustada.

— Pelo amor de Deus, não diga isso.

— Este túnel está aqui há centenas de anos. — Disse Bethany. — Seria má sorte
se algo assim acontecesse. — Sentiu uma lufada de ar frio e parou. — Estamos
chegando.

— Dá para perceber que estamos subindo. — Disse Delia, suando como as


outras.

O túnel se alargou. Tiveram que passar entre duas pedras estreitas e


assombradas ao olharem para cima viram estalactites. — É uma caverna. — Sussurrou
Belinda.

— Que melhor maneira de esconder uma entrada. — Bethany olhou ao redor e


viu seis entradas ao túnel muito mais óbvias. — Veja.

— Aposto que os outros não têm saída. — Delia estremeceu. —Uma armadilha
para inimigos.

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Assentiu com a cabeça dando um passo para trás e algo estalou sob seu
calcanhar. Olhando para baixo, viu um osso longo e o crânio de um cavalo. — Já
sabemos o que aconteceu com o cavalo. — Disse, abaixando-se.

— E ficou aqui para morrer? Por que não saiu?

Puxou a rédea e viu que estava presa a uma pedra. — Porque não podia.

— Meu Deus, coitadinho. — Sussurrou Delia.

Belinda ergueu uma sobrancelha. — Você sente mais pena do cavalo do que da
morta.

— O cavalo não tinha culpa de nada. A outra era uma vadia de primeira.

Bethany se endireitou e caminhou em direção à entrada. Elas a seguiram


correndo. Uma grande rocha estava a alguns metros da entrada cobrindo a caverna,
elas a rodearam e viram uma floresta. — Perfeito para uma escapadela. — Disse a irmã.

Estalou a língua. — Raios!

— Que ocorre?

— Minha teoria de que seu amante estava esperando por ela aqui acaba de ir
por água abaixo.

— E por que você pensou algo assim? — Delia perguntou.

— Pelo cavalo! Acreditei que havia se livrado do cavalo quando Daphne não
apareceu para fugir com ele. Bem, não importa. — Colocou os braços na cintura e olhou
para a floresta. — Precisamos de uma pá.

— Irmã, eu não descartaria essa teoria.

Se virou para Belinda que estava atrás da rocha e se aproximou para ver que
tinha algo na mão. Franziu a testa chegando mais perto e viu um botão de metal. Tinha
escurecido com o tempo, mas dava para dizer que era de qualidade. — Pode ser de
qualquer um, não?

Sua irmã apontou para a rocha com a cabeça, olhou para cima e viu uma seta
marcada na pedra apontando para a esquerda. — Claro que fez isso com o botão para
que ela soubesse aonde tinha ido.

As três caminharam na direção da flecha e quando subiram uma pequena colina


pararam ao avistar o enorme castelo no centro do vale. — Ele voltou para o castelo.

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Era um convidado porque aquele botão pertence a alguém com dinheiro. — Sibilou
com raiva.

As três observaram o prédio. — Isso é água passada. — Disse a irmã.

Bethany olhou para ela. — Traíram meu marido!

— E ela pagou com a morte. Deixe estar. Devemos voltar antes que descubram
que estamos ausentes.

— Sim, apressemos. Devemos preparar tudo para enterrar aquela bruxa esta
noite. Quanto mais cedo melhor, — Delia disse, entrando na caverna novamente. —
Isso me deixa com os cabelos em pé.

*****

Ela ouviu o marido entrar no quarto do duque. Não tinha voltado a falar com
ela o dia todo. No almoço e no jantar, nem a olhou. Ficou mais zangado porque dissera
que o amava do que por queimar seu estábulo. Não havia quem entendesse os homens.
E tão pouco sabia por que tinha ficado assim, porque não era a primeira vez que dizia.
Embora em ambas as ocasiões ele não tenha reagido muito bem. Na verdade, estava
reagindo cada vez pior. Mordeu o lábio inferior girando-se. Era óbvio que ele não iria
visitá-la, então esperou porque aquela era a noite.

Se levantou devagar e sem trocar de roupa calçou os chinelos para não fazer
barulho. Foi para o lado da cômoda e abriu a porta escondida. Esperou alguns
segundos para o caso de ouvir barulho do outro lado, mas não ouviu nada, pegou a
lamparina a óleo. Fechou a porta silenciosamente e se virou, mostrando as escadas.
Começou a descer a escada em espiral, apoiando-se na parede com a outra mão e,
quando chegou ao fundo, caminhou pelo corredor que havia percorrido essa tarde. Ao
chegar ao final, este se uniu a outro túnel e foi para a direita. Havia passado horas
andando pelos túneis do castelo, enquanto deveria estar tirando uma soneca, e
seguindo esse caminho sabia que iria chegar a um dos quartos atrás da escada. Quando
chegaram à sala de costura da Duquesa, ali estavam. Delia estava meio adormecida no
sofá e sua irmã se levantou imediatamente da poltrona quando a viu entrar. Fechou a
porta vendo que elas também estavam com roupas de dormir. — Prontas?

— Preparadas. — Delia sussurrou, levantando-se. — Você demorou muito.


Pensamos que não viria.

— Não me visitou, mas queria ter certeza de que estava dormindo.

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Belinda franziu os lábios. — Não deve se preocupar. Precisa ter…

— Paciência, já sei. Não percamos mais tempo.

Abriu a porta do corredor e colocaram a cabeça para fora. A esta hora seria
estranho ver alguém, mas tinham que ter cuidado. Correram para o antigo escritório
de Kayne e entraram a toda pressa, trancando a porta. Rapidamente foram até a lareira
e entraram. Cada uma pegou o que haviam deixado ali. Duas pás que Delia roubou do
jardineiro, um cobertor e uma corda. Bethany, lâmpada na mão, agarrou a corda e
caminharam silenciosamente pelo túnel. Um som estridente a fez se virar e Delia
estremeceu. —Sinto muito. A pá atingiu a parede.

— Tenha cuidado. — Sussurrou antes de se virar e chegar às escadas.

Desceram com cuidado e ao chegar aonde estava Daphne, Bethany puxou a


corda antes de se abaixar para colocar a lâmpada no chão. Colocou os braços na cintura
e percebeu que se acostumava a tudo porque não a via mais tão horrível. — Pegue as
joias.

Todas começaram a olhar em volta e pegaram várias que haviam caído da


valise. Bethany enfiou a esmeralda nele e fechou-o. Sua irmã jogou o cobertor sobre
Daphne e gemeu. — Quem vai vira-la?

— Deixe comigo. Vocês já fizeram o suficiente. —Se abaixou tentando não forçar
sua coxa e empurrou sem sentir nenhuma pena, fazendo seu corpo rolar no cobertor.

— Não foi tão ruim.

Delia gemeu porque uma mão tinha ficado de fora e Bethany se agachou
olhando os anéis que seu marido lhe dera. Um enorme diamante em forma de coração
e uma esmeralda cercada por outras esmeraldas menores. Sentiu um nó no estômago
porque ela nem tinha recebido a aliança de casamento, mas era o que dava forçar
alguém a se casar. Colocou a mão dentro e sua irmã perguntou espantada. — Não vai
tirá-los? É uma fortuna!

— E o que posso fazer com eles? Acha que meu marido não os reconheceria?

Belinda corou com seu erro. — Está bem, péssima ideia, mas poderia vendê-los
e doar o dinheiro para as crianças do orfanato. É uma pena que se enterrem com ela.
Não os merecia.

— Não, eu as mereço, mas não vou tocar em nada que ela usou. — A empurrou
de volta, envolvendo-a completamente.

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— Bethany está certa. — disse Delia. — Melhor enterrá-los com ela pode ser que
venha reclamá-los.

Olharam-na como se fosse louca. — Já viu alguém morto voltar? — Belinda


perguntou divertida. — Se fosse assim, seu irmão não teria paz com todos que
despachou.

Delia franziu a testa. — Pois está certa. Já lhe tiro os anéis.

Deixando-as paralisadas se agachou e virou o corpo novamente, puxando a mão


e tirando os anéis. — Ai... a pele parece couro.

— Oh por Deus! Você quer deixar isso? — Bethany não conseguia acreditar.

Um dedo se desprendeu e Delia gritou, caindo para trás. Quando Delia viu o
dedo em sua mão gritou novamente, jogando-o de lado, Belinda revirou os olhos. —
Quer terminar de uma vez? Mulheres grávidas dormem muito.

— Eu me assustei, está bem? —Ficou de joelhos e agarrou o dedo com nojo,


tirando o anel. — Muito bonito.

— Isso não está acontecendo. — Disse Bethany exasperada. — Se apresse!

Puxou o outro anel que saiu sozinho, o que foi um alívio. — Tem brincos? —
Perguntou sua irmã.

— Nem pensar!

Sem fazer-lhe caso Delia descobriu seu rosto e as três ofegaram ao ver o rosto
deformado pela postura da morta durante todos aqueles anos. — Meu Deus. — Disse
sentindo que seu estomago se revirava.

Belinda cobriu a boca com a mão sentindo uma arcada, mas para seu espanto
Delia se abaixou e arrancou os brincos de pérola de suas orelhas. — Pronto. — Disse,
empurrando-a de novo para cobri-la até que estivesse totalmente enrolada. Se levantou
mostrando as joias. — Não tenho bolsos na bata.

— Coloque-os na valise. — Disse exasperada, querendo acabar logo com isso.


Delia assentiu e o fez apressadamente. — Belinda, pegue a valise e suba. Nós cuidamos
disso.

— De jeito nenhum, alguém tem que vigiar. Além disso, alguém deve carregar
a lamparina. Vamos, apressem-se.

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Ao carregá-la, se surpreenderam ao ver como era leve e se apressaram pelo
túnel. Mas o corpo começou a pesar e a falta de ar as obrigou a parar algumas vezes
antes de chegar à caverna. Exausta, Bethany deixou o corpo cair, sentando-se ao lado
do crânio do cavalo enquanto suspirava de exaustão.

— E agora começa o pior. Devíamos ter feito a cova antes de tirá-la. — Protestou
Delia.

— Sim, para alguém que passasse por ali a visse. — Bethany estalou a língua.
— É melhor fazer tudo de uma vez.

— Estamos perdendo muito tempo, — disse Belinda, surpreendendo-as. —


Acham que uma tumba se cava em poucos minutos? Já, já vão ver. Tem que ser muito
profundo para que os cães não o sintam. Imagine se eles cavam e retiram?

Bethany empalideceu. — Meu Deus, em que problemas estamos nos metendo?

— Agora não há tempo para arrependimentos. Movam-se! Pegue as pás.


Faremos a sepultura primeiro, antes de levá-la para a floresta.

E assim fizeram. Encontraram um lugar longe da caverna e começaram a cavar.


Sua irmã estava certa. Isso era mais difícil do que parecia e pouco tempo restava até o
amanhecer, quando terminaram. Exaustas, correram para a caverna para pegar
Daphne e agora sim estava pesada porque elas não tinham mais energia. — Meu Deus,
e ainda tem que cobri-la. — Disse, ficando muito nervosa porque elas mal tinham
tempo. Logo, logo o pessoal do serviço se levantaria.

Belinda estava gelada enquanto elas suavam profusamente e sua irmã


impaciente começou a chutar o chão com o pé, querendo terminar de uma vez. Quando
terminaram, o sol estava aparecendo e com a respiração pesada viram perfeitamente a
terra removida. — Espero que ninguém passe por aqui. — disse Delia, fazendo uma
careta.

Histérica passou a mão no rosto, enxugando o suor, sem perceber que estava
manchando-se de sujeira novamente. — Vamos cobrir com galhos. Não podemos
deixar assim.

Belinda os ajudou e quando ficaram satisfeitas, correram para a caverna


novamente. Bethany pegou a valise certificando-se de que tudo estava certo antes de
passar atrás delas entre as pedras. Quando chegaram à lareira, fechou a porta girando
a argola e após sair da lareira colocou o protetor. Delia tirou seu robe virando-o e se
ajoelhou para limpar o chão. Chegaram à porta e Bethany colocou um dedo na boca.

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Girou a chave bem devagarinho e abriu a porta tentando não fazer barulho. Não vendo
ninguém no corredor, foram o mais rápido possível para a sala de costura da Duquesa.
Foi um alívio entrar na passagem.

— Não façam barulho. Se acordarmos Kayne estaremos perdidas. — Sussurrou,


fazendo que assentissem com a cabeça. Subiram lentamente e quando chegaram ao seu
quarto, empurrou a pedra que abria a porta. Apertou os lábios porque era alto o
suficiente para que Kayne não alcançasse quando era pequeno. A vadia. Se a tivesse
na sua frente, iria acabar onde estava a outra. Menos mal que a Duquesa cuidou disso.

Suas irmãs entraram no quarto e ela deixou a valise no corredor antes de fechar
a porta. Belinda abriu a porta do quarto da Duquesa saindo para o corredor e correram
para o quarto da irmã tentando não fazer barulho. Quando chegaram, Portia se
levantou da cadeira onde estava sentada. — Vamos meninas. Estão muito atrasadas.

Em silêncio, tiraram as camisolas. Uma por uma, entraram na banheira. Belinda


só se lavou superficialmente e escovou o cabelo antes de vestir uma camisola limpa.

Portia iluminou o cabelo de Bethany olhando para a ferida em sua coxa. —Você
rompeu um ponto.

Olhou para a perna surpreendida e suspirou de alívio. — Mas a ferida não abriu.
Não é nada.

— O médico vai dizer algo, você vai ver. E mais quando veja que mudou a
bandagem.

— Deixe o médico comigo.

— Secou o cabelo com a toalha e gemeu ao ver a banheira com a água tão suja.
— Como vamos nos livrar da água?

— Deixe comigo. — Disse Portia inquieta. — Para a cama, rápido.

Belinda foi para a cama e Bethany foi para o corredor. Saiu mais tranquila
sobressaltando-se ao ver uma donzela na porta. — Bom dia, Duquesa.

— Bom Dia. Não incomode minha irmã. Ela não está se sentindo bem, —
murmurou, indo para seu quarto e fechando a porta.

— Entendido, Duquesa. — Disse, olhando para o cabelo úmido dela.

A donzela ia para a escada de serviço quando Lady Delia saiu do quarto da


marquesa. Franziu a testa porque seu cabelo também estava úmido. Como eram
estranhos aquela família.

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Capítulo 13

Portia não as deixou dormir nem três horas para não levantar suspeitas e com
rostos exaustos se sentaram à mesa. Seu marido olhou para ela e ergueu uma
sobrancelha quando bocejou sem querer. — Não dormiu bem?

— Eu também não dormi muito, — disse o pai. — Existem fantasmas no castelo?


Porque ontem à noite ouvi barulhos.

Olharam para ele com os olhos arregalados. — O que você diz, pai? Como pode
haver fantasmas?

— Bem, eu estava na sala ontem depois que todos saíram e ouvi um grito. E
então vários gritos. Garanto que fizeram meu cabelo ficar em pé.

— Sério? — Eugenia perguntou, intrigada.

Olhou para sua irmã, que forçou um sorriso. — Vai ver é sua imaginação, pai.
Eu não ouvi nada.

— Sim, e ouvi algo sobre anéis.

Seu marido levantou a vista do seu café da manhã e a encarou. — Anéis?

— Sim, e algo sobre brincos. Isso foi depois da gritaria. Garanto que estava
muito atento.

Fulminou com o olhar a Delia que corou ferozmente, metendo o garfo em sua
boca.

— Aí fui para a cama quando não ouvi mais nada, mas não consegui dormir
mais. Aí as meninas acordaram muito cedo quando estava adormecendo e me
mantiveram acordado.

Seu marido franziu a testa. — Não acabou de se levantar?

— Oh, é que Belinda não estava se sentindo bem ao amanhecer. Vomitou.

— Chamou o médico?

Sua irmã, que tomava o café da manhã com ansiedade, forçou um sorriso com
a boca cheia. — É coisa de gravidez. Estou bem.

De repente, o mordomo entrou pálido. — Duque...

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Levantou a vista para ele. — O que foi, Thomas?

— Uma das donzelas encontrou algo que...

Kayne franziu a testa enquanto todas se enrijeciam. — Do que se trata?

— As joias da duquesa, duque. No corredor do quarto da Duquesa. Dentro de


uma valise.

— Como? — Seu marido enrijeceu, levantando-se enquanto ela empalidecia


olhando para sua irmã. — O que você quer dizer com as joias da Duquesa?

— A donzela viu que a porta não estava bem fechada e abriu-a por curiosidade
porque nunca a tinha visto aberta. Do outro lado havia uma valise de viagem. Eu a
reconheci imediatamente, Duke. Era de Lady Daphne.

Kayne saiu correndo da sala de jantar e Bethany praguejou baixinho,


levantando-se. — O que está fazendo? Sente-se, — Delia sussurrou, pegando sua mão
para detê-la.

Seu pai franziu a testa. — O que está acontecendo aqui?

— Te conto mais tarde, — Belinda sussurrou.

— Opa, opa. Querido, as meninas têm algo a ver com isso, — disse Eugenia.

— Estão fora de controle. Que vontade tenho que seu marido volte!

Belinda corou ferozmente. — Estou ansiosa por isso também, pai. Você nem
imagina.

Se sentou novamente quando Delia voltou a puxar sua mão e muito tensa
esperou porque sabia que seu marido voltaria. E não a decepcionou porque apenas
cinco minutos depois ele apareceu na entrada da sala de jantar com cara de querer
matar alguém. E quando a fulminou com o olhar sabia que ela era o objeto de seus
desejos. — Esposa... venha um momento. Há algo que preciso te mostrar.

Forçou um sorriso. — São realmente as joias da Duquesa?

— Estou muito surpreso que com sua curiosidade você não tenha vindo
averiguar por si mesma. — Caminhou até a mesa e agarrou seu pulso, levantando-a
com um puxão. — Venha querida. Quero que as veja.

Sentindo seu sangue gelar, sussurrou. — Sim, claro. Estou morrendo de vontade
de vê-las.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Ele a puxou e o seguiu quase tendo que correr para acompanhar. — Querido,
se formos mais devagar...

Ele parou sibilando. — Nem pense em se fazer de boba sobre isso. Agora feche
a boca até chegar ao seu quarto. E eu aviso que se você mentir para mim, vai pagar.

— Escute, a mim ninguém me ameaça! — Soltou seu pulso e subiu correndo as


escadas. Ao olhar por cima do ombro, ela o viu seguindo-a sem tirar os olhos dela e
entrou no quarto onde Thomas estava tirando cada peça, colocando-as delicadamente
na cômoda, uma após a outra. Ela ficou sem fôlego ao ver um colar de diamantes que
era a coisa mais impressionante que já tinha visto. — Meu Deus... — sussurrou,
chegando mais perto.

— É incrível, Duquesa. Nós os considerávamos perdidos — sussurrou o


mordomo, colocando a aliança de casamento de Daphne na cômoda. Ela sentiu o
marido enrijecer atrás e gemeu. Isso não ia poder explicar sem dizer a verdade.

O mordomo tirou também uma muda de roupa interior amarelada e uma


escova de prata com um D gravado no cabo.

— Isso é tudo, duque.

— Muito bem Thomas, pode se retirar.

O mordomo inclinou a cabeça antes de colocar a valise no chão e sair do quarto.

Apertou as mãos e olhou para ele. Ele foi até a cômoda e levantou o anel de
diamante de Daphne. — Eu dei a ela no dia do nosso noivado. Nunca o tirou. — Seu
olhar não era um bom presságio. — Ela amava este anel. Está morta, certo?

Olhou-o nos olhos com angustiada. — Eu a encontrei no túnel da lareira.

O marido perdeu toda a cor do rosto. — Que lareira?

— Aquele em seu escritório, — respondeu, vendo sua angústia. — É a passagem


que sai do castelo. Deve ter caído da escada enquanto fugia. A enterrei na floresta.

Seu marido largou o anel chocado e colocou as mãos na cabeça. — Droga!

— Querido... — Se aproximou e tocou suas costas.

Ele se virou e deu um tapa nela que a jogou no chão. — Como se atreve? —
Surpreendida e apavorada com o seu olhar, se apoiou no cotovelo, sentindo o sangue
sair do canto da boca. Ele deu um passo ameaçador em sua direção e Bethany gritou
de medo se cobrindo com o braço, mas a agarrou pelos cabelos machucando-a e

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afastando seu braço. — Como você ousa esconder algo assim de mim? — Gritou na
cara dela. — Quem você acha que é? Não é ninguém! Ela foi minha esposa e tinha o
direito de saber a verdade!

— Não queria que sofresse com o escândalo. — Sussurrou, implorando com os


olhos.

— Que sofresse? — Gritou na sua cara. Ele a soltou como se o enojasse. — Não
consigo nem imaginar que tipo de pessoa você é para fazer algo assim. Sabia que
sempre conseguia o que queria, mas não conseguia imaginar o quão manipuladora é.
Só fez isso para que não me lembrasse dela, certo? Não se importou com o escândalo!
— Ela prendeu a respiração porque não podia negar que tinha razão. — Reconheça!

Levantou a mão para bater nela novamente e ela sem querer, chorando, gritou.
— Sim! Odeio que tenha estado na sua vida! Não quero que você se lembre ou pense
nela! Acreditei que era o melhor para todos!

— Não, foi o melhor para você! Pensei que elas eram umas vadias
manipuladoras, mas você as supera e muito! Vadia mentirosa, tinha o direito de saber
a verdade! — Bethany congelou com o ódio emanado de cada palavra. — Fez isso
ontem à noite, certo? — Gritou fora de si.

— Sim. — Disse com a voz congestionada de dor.

Sorriu com desprezo. — É por isso que seu pai ouviu barulhos. Tirou os anéis
de suas mãos mortas como uma raposa gananciosa! — Olhou-a como se fosse uma
louca rompendo seu coração despedaçado. — E suponho que suas irmãs a
acompanharam. — Passou a mão no canto da boca. — Responda!

— Foi ideia minha. — Ela reprimiu um soluço e viu o sangue nas costas de sua
mão. Jamais imaginou que seu marido fosse bater nela. Nem mesmo seu pai havia
batido nela. Não podia acreditar. Soluçou novamente, cobrindo o rosto com as mãos,
quebrada de dor.

Kayne sibilou muito tenso. — Não vai sair do seu quarto até que eu diga. Volte
a entrar na passagem e lhe darei uma surra que não sairá da cama por uma semana!
— Ele apontou o dedo para ela. — Acho que arranjou o marido errado se acha que
pode fazer o que quiser comigo! Aprenda a ocupar o seu lugar ou irá muito mal, juro
pelo que há de mais sagrado!

— Pensei que estava fazendo o que era melhor para você.

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— Entrou na passagem quando eu a proibi! Escondeu de mim algo vital para o
ducado! Se comportou como uma louca enterrando minha primeira esposa e não
penso consenti-lo! Agora terei que dar muitas explicações para justificar essas joias! Os
rumores certamente se espalharão pelo serviço e se espalharão como uma pólvora por
toda a Inglaterra! Não percebe que vão pensar que eu a matei, estúpida? Só tinha que
ter dito a verdade! Você é a Duquesa de Cowlishaw e se não sabe como deve se
comportar, juro que vou te ensinar.

Furiosa, olhou para ele. — Como você fez com ela?

Ele deu um passo em direção a ela e Bethany ergueu o queixo com orgulho.
Kayne estreitou os olhos. — Não me provoque, querida. Não me provoque mais.

Ela havia feito tudo por ele e que se comportasse daquela forma havia sido uma
grande decepção, porque ele nunca tentou entendê-la. Ela o olhou incrédula porque a
única coisa com que realmente se importava era o escândalo para justificar as joias.
Um escândalo que ela tentara evitar. Tamanha era a contradição em seu
comportamento que não saia de seu espanto. Observando-o sair do quarto batendo a
porta, ficou lá sentada sabendo que se havia equivocado completamente com ele. Nem
mesmo tinha o menor apreço por ela e naquele momento sabia que nunca iria receber
seu amor. E o que era pior, já não o queria mais. Os Laurens não se deixavam ser
pisoteados por ninguém.

*****

Sentada em seu quarto olhando pela janela, observou sua família entrar nas
carruagens. Nem havia deixado se despedir dela. Belinda olhou para sua janela e ela
com lágrimas nos olhos tocou o vidro. — Fora da minha casa! — Ouviu o marido gritar.

Seu pai, muito tenso, pegou o braço da irmã e a obrigou a entrar na carruagem.
Portia entrou na carruagem atrás, chorando, com o bebê nos braços. Era um insulto
expulsá-los de casa daquele jeito. Não podia acreditar que isso estava acontecendo.
Quando as carruagens se afastaram, começou a chorar cobrindo o rosto e tocando a
bochecha inchada, se perguntou o que havia dito para fazê-los partir, porque Belinda
não se daria por vencida facilmente.

A porta se abriu, deixando-a sem fôlego e viu o marido entrar no quarto. — Eles
não são mais bem-vindos aqui, — disse friamente. Ficou em silêncio olhando em seus
olhos negros. — Sua irmã me mostrou seu túmulo. Chamei o oficial de justiça e

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expliquei o que seu pai inventou. Que vocês se assustaram e que a enterraram
acreditando que iriam me acusar de assassinato. Que você queria me proteger.
Felizmente Thomas sabe muito bem que nunca entraria nas passagens por causa do
que aconteceu comigo quando criança e quando o oficial de justiça viu o corpo
percebeu que tinha quebrado o pescoço. Caso encerrado.

Ficou em silêncio sem mostrar nada. — Não se pode evitar o escândalo, mas era
algo inevitável. O funeral será amanhã e você não comparecerá. Disse ao oficial de
justiça que você estava transtornada com o que aconteceu.

— Agora estou louca. — Sorriu com ironia. — Você é um bastardo de merda.


— A surpresa em seu rosto a fez rir. — Eu sou a louca? Sua mãe mata seu irmão e te
maltrata fazendo de você uma pessoa sem sentimentos e eu sou a louca? Sua
maravilhosa Dafne, aquela que você queria para a Duquesa, coloca os chifres em você
sempre que pode e tenta abandoná-lo por outra pessoa, roubando sua herança e eu
estou louca? — Ela se levantou furiosa. — Sabes que? Tem razão, eu não te conhecia!

Porque nunca teria passado pela minha cabeça que o homem que amo pudesse
me machucar simplesmente porque a merda de seu passado voltou a salpicar quando
tudo que fiz foi tentar evitá-lo! Você está absolutamente certo, devo estar louca ao me
fixar num homem tão desprezível quanto você!

Ele franziu os lábios. — Bem, agora temos que nos suportar até você morrer.

— Ou até você morrer, — disse com ódio. — E eu juro para você que neste
momento eu gostaria que fosse logo.

Kayne sorriu ironicamente. — Ao que parece, o amor passou rapidamente.

— É o que os golpes fazem, te ensinam muitas coisas.

O marido olhou para a bochecha dela e cerrou os punhos antes de sibilar. —


Jamais havia batido numa mulher.

— Não se esqueça da sua mãe, querido. — Kayne empalideceu. — Não se


esqueça disso.

Seu marido saiu do quarto e ela olhou para a janela. Era incrível o que havia
mudado em um ano. Antes nunca teria ousado falar com ele assim. E tudo graças ao
seu cunhado. Ao pensar nele, começou a chorar, porque tinha certeza de que se
estivesse ali seu marido estaria morto.

*****

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


O tiro a assustou e ela se sentou na cama, respirando com dificuldade. Suspirou
de alívio. Foi um sonho. A porta de seu quarto se abriu, assustando-a novamente e ela
viu sua irmã com a arma na mão. — Vamos, apresse-se.

Pálida correu para o quarto do marido e gritou quando o viu banhado em


sangue. — O que você fez? — Gritou fora de si.

— Dar o que merece. O sangue dos Laurens com sangue se paga.

Olhando para o marido gritou por como ele lutava para respirar e quando ele
tossiu sangue ela gritou — Thomas um médico!

— Bethany! — A pegaram pelos ombros sacudindo-a e, surpresa, abriu os olhos


encharcada de suor e encontrar Kayne gritando com ela — Bethany, acorde!

Com os olhos arregalados, não reagiu e seu marido se levantou ensopando uma
toalha na água. — Bethany? — Ele voltou para o lado dela e enxugou a testa com a
toalha. — Vamos linda, foi apenas um pesadelo.

Olhando-o como se não o conhecesse, sussurrou. — Vão te matar.

— Você teve um pesadelo, só isso, — disse preocupado. — Vou chamar o


médico.

Isso a fez reagir e agarrou seu pulso. — Minha irmã virá por você.

— Sua irmã? — Perguntou divertido. — Sua irmã vai me matar? — Ela assentiu
assustada. — E por que faria isso?

— Porque você me machucou.

Kayne apertou os lábios enquanto se sentava ao lado dela. — Querida…

— Não me chame assim! — Gritou na cara dele.

Ele franziu os lábios, desviando o olhar e colocando o pano sobre a mesa. —


Está a caminho de Londres. Você teve um pesadelo com tudo o que aconteceu. Te
afetou ver o cadáver de Daphne e...

— Mas o que você está dizendo? Por que aquela mulher me afetaria? E morta
além disso? Foi uma alegria saber a verdade.

— Uma alegria? — Perguntou incrédulo.

— Claro, imagine se tivesse aparecido mais tarde. Isso sim teria me afetado
porque teria que matá-la!

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Quer parar de matar as pessoas?

Ela piscou surpreendida. — Um ano atrás, isso não teria me ocorrido. Mas
amadureci muito.

Ele grunhiu. — Vou dizer algo que nunca pensei que sairia da minha boca. Vou
buscar láudano.

A porta da passagem se abriu e ela gemeu ao ver sua irmã com uma arma na
mão.

— Eu te disse.

— Bethany se levanta, você vem comigo.

Seu marido se levantou devagar. — Marquesa, eu acho... — Ela apontou para o


rosto dele.

— Querido, deixe isso comigo, de acordo? Belin baixa a arma.

— Nem pensar. Esse bastardo bateu em você! — Deu um passo na direção dele.
— Afaste-se da minha irmã ou atiro em você no meio dos olhos.

Bethany deu um empurrão no marido pelo quadril para afastá-lo, mas ele não
se mexeu. — Kayne me ajude um pouco!

— Você não me queria morto, querida?

— Sim, mas não assim.

A olhou assombrado. — Sério?

Ergueu o queixo. — Você me bateu. Tem que pagar por isso.

— Desculpe? Você enterrou minha esposa morta! E escondeu de mim!

— Já estava morta! — Se levantou na cama. — Se eu a tivesse matado, poderia


ter entendido sua raiva, mas já estava morta!

— Está louca! — Gritou na cara dela.

— Sim, você já disse isso!

— Bethany, temos que ir. Agora começam a discutir?

— É que és muito inoportuno. — Ela pulou da cama e abriu o armário.

— Nem pensar. Você não vai a lugar nenhum!

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— Claro que sim. Eu não vou morar com você.

— Se for bom e a deixar em paz, não te mato. Só vou dar um tiro em você... —
Ela o olhou de cima a baixo, do peito nu, das pernas cobertas pela calça até os pés
descalços. — Pé. Isso vale para mim como reparação.

— Não! — Bethany protestou fazendo Kayne sorrir. — Vai ficar coxo!

— Que diferença isso faz? — Olhou Kayne nos olhos. — Temos um acordo?

— Você está claramente maluca. Ela é minha esposa e não vai a lugar nenhum!
— Vendo que sua esposa estava colocando uma capa, se aproximou a toda pressa, mas
ela correu atrás da irmã que sorriu maliciosa sem deixar de mirar nele. Parecia que
havia lhe dado a maior surpresa de sua vida. — Bethany?

Olhou para ele por cima do ombro da irmã enquanto calçava a bota e viu algo
em seu olhar. Como se estivesse assustado. Seu coração se torceu. — Sinto muito,
Kayne. Eu te amei, realmente te amei e teria dado qualquer coisa por você. — Seus
olhos se encheram de lágrimas. — Mas você me machucou.

— Querida... — Deu um passo na direção delas, mas Belinda engatilhou a


pistola.

— Escolhe Bethany. Não temos a noite toda.

— O ombro.

O tiro o surpreendeu tanto que deu um passo para trás atordoado antes de olhar
para o ombro. Bethany começou a chorar. — Não deveria ter me golpeado. Daniel
nunca teria batido na Belinda. Você provou que não é o homem com quem devo
compartilhar minha vida. Não quero mais te ver. — Se virou, agarrou a lamparina e
desapareceu na passagem.

— Bethany!

Belinda mirou em seu rosto o parando em seco. — Abra sua boca sobre o que
aconteceu aqui e você se encontrará no túmulo ao lado daquela esposa que você tanto
amou. Fique longe da minha irmã. Nunca mais vai vê-la, está me entendendo? Porque
senão vai encontrar o Diabo, e isso juro pelo mais sagrado.

Correu atrás de sua irmã e, impotente, as observou desaparecer no túnel. Ele


tentou entrar, mas sua respiração se agitou com força e sua visão começou a ficar turva,
fazendo com que tivesse que se segurar no batente da porta. Dando um passo para

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trás, a chamou a gritos, levando a mão na cabeça antes de socar a parede que destroçou
sua mão. — Thomas! — gritou.

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Capítulo 14

Daniel suspirou passando a mão pelo cabelo preto e desviou o olhar de sua
cunhada que estava no jardim de sua casa em Londres, passando um frio de mil
demônios, mas que nem percebia. — Oh meu Deus, alguém vá buscá-la!

— Portia já foi, mas ela a ignorou, — disse sua esposa preocupada.

Delia passou como uma alma penada pelo corredor e Daniel gemeu. — Não
posso acreditar no que aconteceu! Fico fora por um mês e todo mundo ficou louco!

— Isso é o que dá por partir sem mim.

— Sim, deve ter sido isso, porque tenho certeza de que você teve muito a ver
com tudo o que aconteceu, — disse, olhando para ela com aqueles olhos verdes que a
deixavam louca.

Ela corou ligeiramente. — Sim, eu as animei um pouco. Mas é que estavam tão
iludidas...

Delia voltou a passar pelo corredor com uma cara tão triste que não conseguia
suportar e ele revirou os olhos. — Quando eu pegar Barry...

— Barry!

Foram até a janela e viram Bethany se aproximar do cavalo que acabara de


chegar. Aparentemente, seu melhor amigo já sabia que havia chegado. Daniel ficou
tenso. — Eu vou arrancar sua pele.

— E depois? — Perguntou sua irmã animada da porta.

Grunhiu indo para a saída, mas parou no corredor enquanto o mordomo abria
a porta, dando passagem a Barry que tirou o chapéu com uma cara de quem havia
engolido um pedaço de pau. — Daniel...

O primeiro soco o derrubou escada abaixo, fazendo-o cair diante do cavalo e


todos gritaram de surpresa. Bethany veio correndo e Daniel desceu as escadas
lentamente. — Eu deveria te matar, seu bastardo! Com a minha irmã? — Se abaixou,
agarrando-o pelo casaco para incorporá-lo, e deu um soco no estômago que o dobrou.

— Daniel, vai matá-lo. — Disse sua irmã chorando.

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— Querido, estão te olhando. Por que você não continua batendo nele lá dentro?
— Belinda disse. Delia fulminou-a com o olhar. — É por não estar na boca de todos.
Isto é Londres, não o Oeste.

Um gemido os fez se concentrar na surra e Bethany estremeceu quando viu


como lhe dava um soco deixando-o quase sem sentido sobre uma cerca viva.

— Barry, defenda-se, — disse Delia.

— Querida, ele é seu irmão. Como você quer que eu me defenda?

Bethany estalou a língua. — É tão injusto que não tem graça. Cunhado, deixe-o
senão terá remorso depois.

— Como você os tem por haver atirado em seu marido? — Perguntou furioso.

Seu olhos se encheram de lágrimas e ela saiu correndo para a casa de seu pai.

Belinda enrijeceu olhando para o marido como se quisesse matá-lo e Daniel


pigarreou. — Está um pouco sensível.

— Te aconselho a consertar isso! Tudo! Já estou farta de tanto choro!

— Você bagunça tudo e eu tenho que consertar?

— Claro que sim! É sua culpa por me deixar aqui! Você me disse para me
entreter!

Entrou na casa furiosa enquanto Delia corria até a treliça saindo de seu jardim
para a rua atrás de Bethany.

— Delia!

Sua irmã parou e se virou para olhá-lo com lágrimas nos olhos. — Eu vou para
casa! Não faz nada além de estragar tudo. Nós te amamos e você só nos faz sentir mal!

Atônito, viu que ia correndo sem parar de chorar. Aquilo era o cúmulo! Seu
amigo gemeu e ele grunhiu olhando para Barry. Furioso, deu um passo em sua direção,
fazendo-o estremecer. Exasperado, sibilou. — Levante-se.

— Sei que fiz errado...

O marquês totalmente desapontado observou-o por vários segundos antes de


entrar batendo a porta da casa. Barry olhou para a porta, sentou-se e passou a mão no
queixo antes de movê-la de um lado para o outro.

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— Psiu... — Ele olhou para cima para ver Belinda que apontava para a porta. —
Siga-o. Está quase convencido. — Sussurrou.

— Mesmo? — Perguntou surpreso.

— Confia em mim. — Piscou para ele antes de fechar a janela.

Barry estreitou os olhos para a porta. — De qualquer maneira, de algo teria de


morrer.

Se levantou o melhor que pôde e abriu a porta. O mordomo pigarreou e apontou


para o escritório. Mancou até lá e encontrou-o de costas para ele, servindo-se de um
uísque. — Não pude evitar. Eu a amei por tanto tempo que quando percebi que me
correspondia... sei que é imperdoável. Eu sei que não mereço. Não tenho título ou
fortuna, mas garanto que ninguém a amará tanto quanto eu.

Daniel bebeu seu uísque sem se virar e, desapontado, olhou para baixo. — Vim
apresentar minha demissão. Queria te dizer o porquê eu mesmo. Pareceu-me o mais
honrado.

— Honrado? — Se virou, querendo matá-lo. — Confiava em você! Deixei minha


família ao teu cuidado!

— Sinto muito ter te desapontado. Se você quiser, nos encontraremos no campo


da honra.

Ele ergueu uma de suas sobrancelhas pretas. — Então está disposto a morrer.

— Me desculpe por não estar à altura. Você tem direito a reparação.

— Não, não há estado à altura. — Se sentou atrás de sua mesa. — Nunca teria
imaginado que você não lutaria pelo que queria. Não deve amá-la o suficiente.

Ele prendeu a respiração. — Sim que a amo.

— Pois não há demonstrado.

— Eu pensei que meu título...

— Desde quando eu me importo com essas coisas? — Sua decepção aumentou


e Barry viu em seus olhos. — Você era como um irmão para mim, só tinha que falar
comigo!

— Não seja hipócrita! — Gritou, surpreendendo-o. — Você se casou com a filha


de um conde!

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— Porque eu a amo mais do que minha vida!

Barry empalideceu e lamentou suas palavras. Abaixou o olhar, sentindo-se


derrotado.

— Daniel, eu não tenho fortuna.

— Então terá que consegui-lo.

Olhou para ele surpreso. — Que queres dizer?

Daniel franziu os lábios e recostou-se na cadeira. — Vai me mostrar se a ama


tanto quanto diz.

Deu um passo na direção dele. — O que tenho que fazer?

— Há uma mina de prata perto do Texas. Seu valor é incalculável. Eu encontrei


por acaso quando estava lá, mas nunca me apropriei solicitando a concessão de terras
porque meu negócio estava centralizado em Boston. Além disso descobri pouco antes
de voltar e decidi esquecer. Se, todavia, ainda não solicitaram sua concessão, ali tens a
fortuna de que precisa. — Olhou-o nos olhos. — Mas eu o aviso que arriscará sua vida
a cada minuto que estiver lá e mais se eles souberem que você tem dinheiro.

— Diga-me onde está.

Minutos depois, abraçou a seu amigo no corredor. — Boa sorte, Barry. Eu


realmente desejo.

— Obrigado. Eu voltarei.

— Eu sei.

Barry saiu de casa e ele o observou ir para seu cavalo, obviamente dolorido
pelos golpes.

— O que você fez, amor? — Se virou e viu sua esposa atrás dele com lágrimas
nos olhos. — Por que o mandou para a América?

— O orgulho dele não permitiria serem felizes, querida. Se sentiria menos que
um homem se eu os mantivesse para que Delia levasse a vida que está acostumada.
Esse rancor seria como um veneno dentro de nossa família.

Belinda o abraçou pela cintura. — Você acha que vai voltar?

— Eu dei um ano. Se ele não voltar em um ano...

— Meu Deus, prepare-se para a reação de sua irmã.

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*****

— Te odeio! — Ela gritou, saindo do salão dos Condes, chorando muito.

Daniel suspirou olhando para seu sogro que de pé ao seu lado em frente à
lareira fez uma careta. — Isso é o mesmo que me disse. Se pode viver com isso, não se
preocupe.

Eugenia apertou as mãos e olhou para Belinda sentada ao seu lado. — Minha
pobre menina.

— Quando voltar terá sua própria fortuna e não haverá razão para não se casar.
Ele estava de acordo, — disse Daniel, servindo-se de um conhaque.

— Sim claro. Ele também tem seu orgulho. Sua irmã vai entender, não se
preocupe filho.

O conde pigarreou. — Você ouviu as boas novas, genro?

Belinda gemeu, se mexendo no sofá e Daniel estreitou os olhos. — Não estará


grávida? Porque se não, tenho que ir buscá-lo no porto, daí sim que vou matá-lo!

— Não, querido. É outra coisa.

Daniel suspirou. — Menos mal, porque por um momento pensei que fosse outra
má notícia e...

— Estou grávida, filho!

O marquês perdeu toda a cor do rosto, deixando cair o copo no chão. —


Desculpe?

— Vamos ter um bebê. Não é uma notícia maravilhosa?

— Se você tem quase cinquenta anos!

Sua mãe ficou vermelha como um tomate e seu marido a olhou horrorizado. —
Você me disse que tinha quarenta e cinco anos!

— Tenho quarenta e oito!

Seu filho grunhiu. — Mãe, não pode estar falando sério. Tem que ser perigoso!

— O médico disse que está tudo bem. — Disse angustiada.

— Não a preocupe! — Sua esposa protestou.

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— É que eu não entendo! — Se virou exasperado, passando as mãos pelos
cabelos.

— Bem, você não notou mais nada... — Ele se virou, olhando para a esposa. —
Querido, está um pouco devagar com a viagem. Se tem um menino...

Seu marido deixou cair o queixo de espanto antes de olhar para o sogro. Carlton
corou muito. — Ótimo! Isso é ótimo!

— Não parece estar feliz por nós.

Daniel olhou para sua esposa em busca de ajuda e ela sorriu. — Claro que está
feliz, mas tudo o que encontrou de repente o surpreendeu um pouco, isso é tudo.

Eugenia sorriu. — Desculpe, filho. Estamos te importunando com tantas coisas,


certo? Sim, você está com péssimo aspecto. Deveria descansar porquê...

— Por quê?

— Meus informantes dizem que chegava hoje.

— Quem?

— Querido, o duque. Talvez você realmente precise descansar. — Sua esposa


disse preocupada.

— Ah não. Isso sim que não!

— O que estou dizendo, genro, Belinda deu um tiro nele, mas ao que parece
quer mais. — O conde disse irritado.

Espantado, olhou para a esposa. — Você não estava em casa e papai não
conseguia subir tantos degraus. É uma história longa.

— Está grávida! E pelo que parece você só me conta o que te interessa!

— Vamos ver, o que te contou? — Eugenia perguntou surpresa.

— Bem que Bethany se casou com um duque por quem ela se apaixonou
perdidamente e que ele a espancou! E é por isso que ele levou um tiro no ombro! Eu
pensei que ela tivesse atirado!

— Oh, filha... como você resume.

Belinda sufocou a risada.

— Não tem graça! — Seu marido gritou. — Agora vai me contar tudo nos
mínimos detalhes.

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*****

Uma hora depois, Daniel teve que se sentar. — Ótimo. Agora sim que vou ter
que matá-lo.

— Sério? — Sua esposa perguntou, desapontada.

— Sim, querida. —disse com ironia. — Porque aquele bastardo vem buscá-la.
Vem reclamar sua esposa e legalmente tem todo o direito!

— Ou não. Talvez venha ver sua amante.

Daniel olhou para o sogro. — Você acha?

— Demorou um mês para vir. Não tinha muita pressa em ter sua esposa de
volta.

— Por isso está assim, não é?

Belinda assentiu. — Suponho que ela esperava que ele a seguisse.

Ficaram em silêncio e Daniel suspirou, apoiando os cotovelos nos joelhos. —


Como é esse homem?

— Há sofrido muito. Acho que quando descobriu o que aconteceu com sua
primeira esposa, explodiu e pagou com ela por tentar esconder isso dele. Reagiu mal.

— E se a tivesse matado? Também reagiu mal? Se foi um impulso e não se


controlou, poderia tê-la matado com um forte golpe. Não tem justificativa. — Todos
eles concordaram sabendo que ele estava certo. — Esse homem não vai chegar perto
dela novamente. Não há mais nada o que falar.

Bethany que os estava ouvindo no corredor franziu os lábios sabendo que essa
seria sua reação e se virou para subir as escadas. Portia a observou com tristeza até que
ela desapareceu no corredor e respirou fundo antes de ir para a sala.

Belinda olhou para ela. — Sim, Portia?

— Eu sempre tive pressentimentos... — Eles a olharam sem entender. — O


duque sofreu muito.

— Já sabemos disso, Portia. — Disse o conde. — Mas existem coisas


imperdoáveis.

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— Tentou se matar.

Todos ficaram surpresos e Daniel se levantou lentamente. — Por Deus, o que


você disse?

— Eu sonhei. Se embebedou quando a menina se foi e tentou se matar por causa


dos arrependimentos. O mordomo agarrou seu braço para detê-lo.

— Meu Deus. — Disse Eugenia, impressionada.

— Esse homem não está bem da cabeça! — Exclamou Daniel.

Belinda passou a mão no rosto. — Isto é minha culpa.

— Como pode ser sua culpa?

— Se eu não tivesse ido buscá-la, poderiam ter se arranjado. — Daniel olhou


para ela sem acreditar. — Se amam!

— Um homem que ama uma mulher não bate nela!

— Você não experimentou o que ele passou na infância e com sua primeira
esposa. Não sabe como reagiria a algo assim.

— Oh sim. Eu sei como reagiria porque se te encontrasse com um homem no


estábulo, estaria morto e você também! Eu sei muito bem!

Belinda sorriu. — Isso mostra que ela não é capaz de sofrer de verdade porque
ainda estava viva para fazer suas coisas.

— Pois machucou aquela que menos culpa tinha, você não acha?

— Removemos seu passado e não medimos as consequências. Não foi


intencional. Além do mais, tentamos não permitir que o que aconteceu com sua esposa
o afetasse novamente, mas cometemos erros e o machucamos. — Ela olhou-o com seus
lindos olhos azuis. — E se você machuca um leão que já foi ferido no passado, não
pode se surpreender ao receber um golpe dele. Acho que estava começando a confiar
nela e a se sentir confortável...

— Quando aquela mulher teve que aparecer novamente. — Disse Eugenia


irritada.

— Exato. Eu pensei muito sobre isso.

— Oh por Deus. E se deixarmos voltarem juntos e ele voltar a golpeá-la? E se


ele matou a sua mulher?

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— Não, ela foi infiel a ele. Eu vi o sinal na pedra.

— Isso poderia ter sido feito mais tarde! Ou anos antes! — Ninguém pode
refutar o Marquês.

— Ela o ama. — Todos olharam para Portia, que apertou suas mãos. — Ele é o
amor da vida dela. Está magoada e sei que se recusaria a vê-lo novamente, mas sei
também que nunca amará ninguém do jeito que o ama. Ela se entregou completamente
e nunca mais será a mesma sem o duque. — Se virou, deixando o silêncio atrás dela.

— Esplendido. — Daniel foi servir-se de um uísque e se virou com dois copos


nas mãos, entregando um ao sogro, que quase bebeu de uma vez. — Tudo bem,
querida... —Belinda olhou para ele. — Que propõe?

— Acho que antes de propor qualquer coisa devemos descobrir as intenções do


duque. Não sabemos para que veio a Londres. Talvez só queira falar com Barry sobre
os terrenos nos arredores de Londres.

— Sim, não vamos antecipar. — Disse o pai, um tanto aborrecido por não estar
muito satisfeito. — Nunca gostei daquele homem. Eu disse.

Eugenia sorriu para ele. — Mas você não precisa gostar, querido. A única coisa
importante é a felicidade de sua filha.

— Pois vamos esperar e ver o que ele faz, — disse Daniel. — Quem sabe ainda
nos surpreende e vem implorar seu perdão em vez de exigir sua esposa.

Bethany observou seu pai trincar os dentes lendo o jornal anunciando que seu
marido havia voltado para sua amante e que foram vistos juntos em uma festa.
Também falavam dela, a quem chamaram de louca por seu comportamento com sua
primeira esposa quando encontraram o corpo. Também falavam sobre o duelo que o
prendeu em um casamento que ele não queria de acordo com uma fonte confiável e
havia rumores de que o Duque iria pedir o divórcio para se casar com a Baronesa.
Olhou para o café da manhã porque até a vontade de chorar havia perdido.

— Isso é o cúmulo! — Seu pai gritou. — Eles mentem como patifes!

— Eles não mentiram, pai. — Sussurrou sem apetite. — Não mentiram sobre
nada.

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— Mas eles expõem como se você fosse louca, quando apenas lutava pelo seu
amor. — Disse sua irmã, extremamente preocupada com o estado de Bethany, que
piorava a cada dia. — Querida, está planejando deixar as coisas assim?

— Que posso fazer? Não se importava antes e não se importa agora. — Disse
calmamente. — E além disso, mesmo que ele peça desculpas, o que não vai fazer, não
quero vê-lo. Muito menos agora. É natural que falem assim. Eu procurei com minhas
ideias absurdas de um casamento de conto de fadas. — Ela se levantou devagar. —
Não estou me sentindo muito bem. Vou deitar-me um pouco.

Assim que ela saiu, seu pai bateu na mesa com o punho. — Esse canalha...

— Pai, acalma seu ânimo porque isso não nos beneficia em nada.

— Ele nem se interessou por seu estado!

Daniel franziu os lábios e pegou a mão de sua esposa. — E se ele estiver nos
provocando?

Todos olharam para ele sem entender e sorriu. — Vamos, é um homem que
conheceu uma mulher que o desafiou para um duelo. Que foi capaz de enterrar sua
primeira esposa e sua voz não tremeu quando disse que deveria atirar nele. — Deu
uma risadinha. —Não conhece essa Bethany. Está provocando-a com sua amante para
que seja ela quem se aproxime dele em busca de vingança.

Todos o ouviram com olhos arregalados. — Você acha? — Perguntou sua


esposa surpresa.

— É tão bizarro que faz sentido. — Disse o conde surpreso.

— Quer comprovar se ainda o ama. Se ainda tem uma chance, porque sabe que
a tratou mal e que ela não merecia. A necessita, mas tem medo de se aproximar para
não sofrer com sua rejeição. Mas se ela vai até ele...

De repente Bethany apareceu na porta do café da manhã com os olhos apertados


e todos viram sua cara de fúria. Todos sorriram de orelha a orelha. — Está se sentindo
melhor, cunhada?

— Pai…

— Sim, filha?

— Preciso da sua arma.

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— Ah não. Melhor deixarmos as armas fora disso que você já acertou dois tiros
nele e não há necessidade de tentar a sorte.

Belinda riu enquanto se levantava e pegou sua mão. — Por que não come algo?

— Tenho muito que fazer. — Disse, com vontade de matar.

— É por isso que precisa de energia. Deves ter força para esfolar a Baronesa. E
pelo que entendi, estará no teatro esta noite.

Os olhos de Bethany brilharam. — Sério?

Seu pai virou o jornal. — Não é interessante que diga aqui que vai comparecer
hoje à noite? Essa fonte deve conhecê-lo muito, mas muito bem.

Ela grunhiu sentando-se. — Sim, pai... Deve ser uma fonte muito próxima.

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Capítulo 15

Vestida com um lindo vestido azul pavão com miçangas pretas, entrou no hall
do teatro rodeada por sua família e se abanou sem tirar o sorriso da boca. Havia
aceitado o desafio e estava pronta para tudo. Começaram a subir as escadas enquanto
todos em silêncio os observavam maravilhados e Belinda ao lado dela, de braços com
o marido sussurrava. — Se a Rainha entrasse neste momento nem perceberiam por
que não tiram os olhos de você.

Bethany riu e quando a família desapareceu pelo corredor, os espectadores


correram para seus assentos para não perder nada. Entrou no camarote e segurou a
saia para mover-se entre as cadeiras antes de erguer os olhos para encontrar aqueles
olhos negros dos quais tanto havia sentido falta. Ofegou e separou os lábios sem
querer. Os olhos de Kayne brilharam de satisfação e isso a fez reagir levantando o rosto
antes de se sentar muito rígida.

Sua irmã ficou ao seu lado e abriu o leque para sussurrar. — É muito bonita.
Uma pena que esta beleza não durará muito. — Seu olhar mudou de seu marido para
a bela loira ao lado dele que estava rindo como uma hiena de algo que haviam dito no
camarote. Esta sorriu irônica e teve a pouca vergonha de inclinar a cabeça.

— Que audácia. — Disse Eugenia indignada.

— Arranque os olhos dessa bruxa. — Delia se aproximou para sussurrar em seu


ouvido. — Ou quer que eu vá?

— Não, irmã... eu me encarrego. — Ela ergueu uma das sobrancelhas olhando


para o marido e ele ergueu uma das dele.

— Aí está a sua provocação, cunhada. — Disse Daniel divertido.

Um brilho chamou sua atenção e ofegou ao ver a esmeralda da vovó em seu


dedo. Estava Louco? Como lhe ocorre fazer algo assim? Fora de si, abriu o leque com
tanta força que o quebrou em dois e sua irmã estalou a língua antes de sussurrar. —
Quer o meu?

— Quero uma arma!

— Já começamos. — Disse seu pai, revirando os olhos.

Seu olhar caiu sobre o marido, que sem deixar de olhá-la lentamente se
aproximou de sua amante e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-a rir. Todo o teatro

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


voltou a cabeça para ela que sentiu naquele momento que os demônios a estavam
levando. Justo nessa hora as luzes se apagaram e houve protestos, mas a peça começou.
Ela apertou o que restava de seu leque observando-a olhar para o palco e sussurrar
algo para ele, o que ele acenou com a cabeça sem deixar de observar cada uma de suas
reações. Eles se olharam nos olhos e o acúmulo de emoções que sentiu naquele
momento foi tal que os seus se encheram de lágrimas. Kayne ficou rígido e se
endireitou, envergonhada porque ele viu que a tinha machucado por estar com ela,
desviou os olhos para olhar para o palco. Enxugou as lágrimas secretamente e olhou
para ele. Parecia derrotado. Como se tivesse desistido, estava olhando para o vazio.
Sentiu raiva por fazê-la passar por isso. Por fazê-los passar por isso e furiosa jogou o
leque com tanta força que ele cruzou o teatro acertando a amante na cabeça.
Assombrado levantou a vista para ver seu sorriso de orelha a orelha enquanto sua
amante ofegava de surpresa.

Todo o teatro voltou a cabeça para o duque, que ainda surpreendido não reagiu
quando a Baronesa o agarrou pelo pescoço, beijando-o na boca. Foi como se todos os
demônios a tivessem levado porque se levantou de repente, fazendo ofegar metade do
teatro e gritou. — Volte a tocá-lo sua cadela e ficará sem lábios, isso eu juro!

Os atores se detiveram.

— Deveria se controlar porque todos vão pensar que é louca, Duquesa. — Disse
zombando.

— Louca, eu? Por que não me espera no corredor, sua vadia aproveitadora?

— Vê como ela é louca, querido? Que bom que você vai se divorciar dela.

O teatro murmurou e com raiva sibilou. —Te mato antes que fique com algo que
é meu!

— Me ameaçou? — Perguntou assombrada.

— Ah, é estúpida também?

Vários riram e a Baronesa olhou para Kayne. — Não pensa dizer nada?

— Desde que conheço minha esposa, descobri que é a pessoa mais sensata que
conheço. Muito mais do que eu.

Seu coração saltou no peito e a Baronesa ofegou pela grosseria. — Como ousa
defendê-la?

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


— Será porque eu a amo mais do que jamais pensei que amaria alguém e só
quero que me perdoe. — Ele olhou nos olhos dela com esperança. — Me perdoa,
querida?

Ergueu o queixo orgulhosa enquanto seu corpo inteiro gritava de alegria. Havia
dito ante toda Londres que a amava e sentia que não poderia estar mais feliz, mas
mesmo assim disse. — Vamos conversar em casa!

Kayne sorriu. — O estou desejando.

— O que você quer dizer com está desejando? — Sua amante perguntou com
espanto. — Como que a ama? E eu?

— Não sei. Pergunte ao conde com quem você tem dormido e quem lhe deu
aquela carruagem de que tanto se vangloria. — Se levantou enquanto todos
começavam a rir de seu rosto chocado. — A propósito... — Ele pegou a mão dela e,
embora resistisse aos gritos, Kayne conseguiu remover o anel. — Isto é da minha
esposa. A Duquesa de Cowlishaw. — Lançou através do teatro e Bethany estendeu a
mão no ar. Desafiando a essa mulher com o olhar, colocou no dedo.

Olhou para sua mão satisfeita. — Kayne?

— Sim querida?

— Ainda não te perdoei totalmente.

Ele sorriu divertido. — Eu imagino.

— Bem. — Sentou-se novamente e corou ao ver que todos estavam olhando para
ela esperando algo mais. — Podem continuar! — Gritou para os atores.

— Certeza? — Perguntou alguém com um olhar melindroso, corando-a ainda


mais.

— Sim, claro!

Belinda riu enquanto seu pai revirava os olhos como se não acreditasse, antes
de olhar para Daniel como se fosse o culpado por tudo. — Calma, sogro, temos que
nos ajustar. Suas filhas são especiais.

— Eu não sei o que aconteceu com elas. Eram educadas e obedientes. — Disse
espantado.

Bethany suspirou. — Pai, prometo que quando consertar isso vou ficar muito
mais tranquila até dar à luz.

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Os Laurens gritaram de alegria antes de abraçar Bethany, que sorria. O duque
recebeu vários tapas nas costas, olhando para ela como se fosse a mulher mais bonita
do mundo e corou de prazer.

— Parabéns pelo futuro herdeiro, duque! — Gritou uma atriz. — Deveria


acompanhar sua esposa!

O teatro aplaudiu e Kayne saiu de seu camarote. Incompreensivelmente, ela


ficou nervosa e olhou para a irmã, que sorriu encantada. — Estou fazendo o certo?

— Todo mundo merece outra chance. Se não, atiro nele novamente.

Riu, balançando a cabeça, e quando Kayne entrou no camarote ela se virou,


corando encantada. Mas, em vez de ir em sua direção, ele parou muito sério ante seu
pai o encarando muito sério e o conde cerrou os punhos. Preocupada, ela deu um passo
em direção a eles. — Pai?

— Que isso não volte a acontecer, duque.

— Juro pela minha vida.

— E será o que perderá se machucá-la novamente.

Ele assentiu com a cabeça e olhou para sua esposa estendendo a mão. — Acho
melhor irmos, querida. Temos mil coisas para conversar. — Insegura olhou para a mão
dele e sussurrou. — Não vou decepcionar você de novo, Bethany. Por favor.

Que ele implorasse a emocionou e olhando em seus olhos que pediam uma
oportunidade, ela pegou sua mão. Kayne sorriu e entrelaçou seu braço para sair de lá
enquanto todos observavam.

Caminhando pelo corredor, sorriram quando o público saiu de seus camarotes


para aplaudir, desejando-lhes boa sorte. Eles estavam descendo as escadas quando ele
sussurrou. — É verdade que você vai me dar um filho?

— Sim, algum dia. — Respondeu como quem não quer nada, fazendo-o parar
de repente.

— Mas você disse... — Ela riu ao ver o rosto dele e ele grunhiu. — Foi
brincadeira?

— Não.

Sem entender nada, sibilou. — É melhor conversarmos em casa.

— Sim querido. Eu ainda não a conheço por dentro. Não te dá vergonha?

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Ele corou ligeiramente. — Querida…

— Vai pagar por me deixar.

— Você me deixou!

— E com razão!

Saíram do teatro e ele impaciente olhou em volta soltando seu braço. — É


melhor não discutirmos.

— Oh sim... nós vamos discutir e muito! Vou te fazer pagar por ter me
provocado com essa…

Alguém saltou sobre ela e ofegou com o golpe quando viu a louca Baronesa
agarrá-la pelos cabelos. Gritou empurrando-a pelo peito, mas ela puxou
violentamente.

— Pare com isso, Sherill! — Furioso agarrou sua amante pela cintura puxando-
a, mas muito bruta não largava seus cabelos.

Escutaram um grito e antes que percebesse Delia estava se jogando sobre a


mulher enquanto Daniel agarrava Kayne à força, empurrando-o para longe. — Deixe
com elas!

— Você está louco?

Delia derrubou Sherill no chão antes de se virar para verificar seu estado. —
Está bem?

Bethany se levantou olhando para sua rival como se quisesse matá-la sem dar
se conta da cara de louca que tinha. Ao mesmo tempo Sherill se levantou com o cabelo
bagunçado e as duas se desafiaram com os olhos antes de gritarem, jogando-se uma
sobre a outra.

— Dá-lhe, irmã! — Delia gritou antes de gemer quando recebeu um tapa forte.

Elas se arranharam como gatos e na luta rasgaram as mangas de seus vestidos,


dando socos uma na outra. Os Laurens a animavam enquanto Kayne gritava, incapaz
de se soltar — Pise-a querida!

Como se o tivesse ouvido, ela deu um pisão que a fez gritar de dor antes de
socá-la. Sherill revirou os olhos caindo para trás e um dos lacaios a segurou antes que
ela caísse no chão.

Kayne se libertou indo para sua esposa. — Está bem?

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Sorriu eufórica, mostrando o arranhão em sua bochecha. — Ganhei!

Ele revirou os olhos. — Está grávida! — Gritou na cara dela.

— Tinha que me defender. Acaso não quer que eu me defenda? Porque sempre
vou me defender! Então coloque na sua cabeça!

Ele grunhiu, pegando sua mão e puxando-a para a carruagem. A subiu antes
que pudesse se despedir de sua família que estavam sorrindo satisfeitos e assim que
se sentou na frente dela gritou.

— Pra casa!

O lacaio fechou a porta a toda pressa e quase imediatamente a carruagem


começou a se mover. Ela sorriu deliciada sem se dar conta de sua aparência e
surpreendendo-o, ela se jogou sobre o marido, enchendo seu rosto de beijos. Kayne a
segurou pela nuca afastando-a e sorrindo sussurrou. — Você não sabe como senti sua
falta, querida.

Ficou comovida ao ouvi-lo. — E eu a você, meu amor.

— Me desculpe, não sabe como eu sinto. Não entrei em razão até você ir embora.
— Ele a abraçou com força. — Senti que me faltava a vida. — As lágrimas correram
por suas bochechas, precisando senti-lo. — Nunca tive mais medo do que no momento
em que você entrou naquela passagem. Achei que nunca mais iria te ver.

— Estou aqui.

Preocupado afastou-a para ver seu rosto. — Não chores.

— É de felicidade. — Sorriu olhando em seus olhos negros. — Pensei que não


me entenderia. Nunca.

— Sinto muito. Minha reação…

— Chiii... — Beijou suavemente seus lábios. — Isso é tudo que importa. Agora
estamos juntos e eu te amo.

Beijou-o novamente e Kayne a segurou pela nuca, assumindo o controle,


fazendo-a gemer com o quão bem a fazia se sentir. Ele afastou a boca ao vê-la à beira
do orgasmo e Bethany impaciente o beijou novamente necessitada. Kayne afastou os
lábios. — Querida, não podemos...

— Claro que sim.

— Chegamos em casa.

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Espantada, olhou pela janela para ver a casa do marido e disse impaciente. —
O que você está esperando?

Divertido, viu como ela quase saltava da carruagem sem que o lacaio a ajudasse
e naquele momento a porta da casa se abriu mostrando o mordomo, que arregalou os
olhos ao ver uma mulher toda desgrenhada com um vestido rasgado e arranhões que
entrou na casa como se tivesse todo o direito do mundo. — Excelência?

— Travis, esta é a Duquesa de Cowlishaw. — Disse, sorrindo.

Olhou-a novamente para ver com espanto que a duquesa subia as escadas com
as mãos nas costas. — Querido! — Exclamou exigente.

— Sim querida. Já vou.

— Estou feliz que tenham se reconciliado, Excelência.

— Obrigado, Travis.

Os dois a observaram entrar no primeiro cômodo que viu, e o mordomo ergueu


uma das sobrancelhas cinzentas. — Estava com saudades de mim.

— Isso é maravilhoso, meu senhor. Espero que sejam abençoados com muitos
filhos.

Surpreendentemente, o duque deu um tapinha em suas costas. — O primeiro


está a caminho.

— Parabéns, duque.

— Kayne! Já estou na cama!

Sem poder acreditar, viu como seu senhor reprimiu o riso antes de subir as
escadas e quando chegou em cima o ouviu dizer. — Querida, você sabe que este quarto
não é meu, não é? Nem teu.

— Dá na mesma!

O duque, rindo, fechou a porta atrás de si e o mordomo, de olhos arregalados,


olhou para uma das donzelas que estava de boca aberta. — Esse é o nosso duque? —
Ela perguntou. — Ele riu.

Travis sorriu. — Acho que a nova Duquesa vai trazer muita alegria para esta
casa.

— Que Deus te ouça, Travis. Que Deus te ouça.

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*****

— Posso saber o que você está fazendo, mulher?

Bethany gemeu ao tirar o pé do estribo de Calígula. — Por favor…

— Você se viu?

Olhou para sua barriga protuberante e fez uma careta. — A culpa é tua!
Portanto, não tenho que pagar as consequências. Ele está ansioso por isso!

— E estou ansioso que você dê à luz, para não ter que vigiar tudo o que você
faz!

Ela olhou para ele maliciosa. — Você faria o mesmo. — Ele agarrou seu pulso,
puxando-a para fora do novo estábulo e se dirigiram para o castelo. — Eu só queria
subir um pouco. Não iria cavalgar nem nada.

— Sim, e eu chupo meu polegar!

Eles ouviram um dos bebês chorar e ela disse. — Esse é o pequeno Carlton.

— Como sabes?

— Seu grito é mais alto que o de Letitia. A filha da minha irmã dá um uivo que
me deixa de cabelos em pé. Que caráter minha sobrinha vai ter.

Surpreso, ele parou. — Você os reconhece pelo som de seu choro?

— Claro.

Ele sorriu. — Vai ser uma ótima mãe.

— Eu neste momento só quero trazê-lo ao mundo. — Olhou para ele maliciosa.


— E então você cuida.

Seu marido riu. — Conhecendo-te sempre o terá em seus braços.

— Eles cheiram tão bem...

Ele beijou seus lábios e nesse momento ouviram uma carruagem chegar.
Quando o viram cruzar a ponte, passando pela paliçada, disse. — Será o médico para
se certificar de que está tudo bem?

Seu marido franziu a testa. — Não. Querida, entre em casa.

Ficou tensa com o tom dele. — Que ocorre?

— Uma visita indesejável. Confie em mim, entre no castelo.

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Agarrando a barra do vestido, subiu os degraus e ele se acalmou, o que a
preocupou ainda mais. Ao entrar na casa, passou correndo pelo mordomo. – Quem é?

— Não sei, Duquesa.

— Oh, Thomas... — Ela correu para a primeira janela que viu, que era da sala
de estar e sua família ergueu as sobrancelhas vendo-a espiar descaradamente.

Daniel reprimiu um sorriso, voltando ao jornal. — Algo interessante?

— Kayne se pôs em guarda no momento em que viu a carruagem. Quero saber


quem é e porque esse ou essa não entra na casa.

As meninas pularam para a próxima janela e viram um homem da idade de seu


marido descer. Ele estendeu a mão com um sorriso amigável, mas seu marido nas
escadas do castelo não se aproximou para estreitá-la. Ela segurou o folego porque
estava olhando para o duque de meses atrás, com frieza e sem sentimentos, e se
perguntou quem seria esse estranho. O homem perdeu o sorriso, deixando cair a mão
e dizendo algo irritado.

— Quem será?

— Não sei, mas obviamente não é bem recebido. — Disse seu pai atrás dela.

— É o irmão de Daphne! — Eugenia exclamou. — Eu me lembro daquela festa.


Ficou bêbado de uma maneira escandalosa.

— É estranho que ele venha aqui, — disse a irmã. — Especialmente depois que
seu marido recebeu a herança dela.

Daniel imediatamente se levantou e saiu correndo da sala e o sangue de Bethany


gelou. Como se o tempo tivesse parado, virou a cabeça e via como o homem sacava
uma arma disparando e gritou quando seu marido caiu no chão.

— Não Daniel! — Belinda gritou antes de sair correndo e, como num sonho,
correu atrás dela para ver seu cunhado segurar a mão que carregava a arma antes de
socá-lo o que lhe arrancou dois dentes. Furioso, seguiu batendo e ela olhou para o
marido que gemia virando-se de lado.

Vendo o sangue em sua camisa, ela se agachou pálida. — Não é nada, querida.

— Deixe-me ver, — disse, morrendo de medo.

Ergueu seu braço e, ao puxar a jaqueta de lado, franziu a testa porque não
conseguia ver o buraco em lugar nenhum. Rasgou a camisa, mas não havia nenhum

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buraco na lateral, o que foi um alívio. Procurando pela bala, agarrou seu braço,
puxando-o mais para cima ao ver que sua manga estava sangrando e encontrou a
pequena queimadura na pele que estava exposta. Olhou em seus olhos. — Está
reclamando por isso? — Gritou na cara.

— Querida, é uma área que dói muito, — disse, prestes a rir.

— Não tem graça! Pensei que havia matado!

Ele gemeu sentando-se. — Isso é o que o bastardo estava tentando fazer, mas
ele sempre teve uma pontaria terrível. É por isso que ele não teve coragem para me
desafiar a um duelo.

O irmão de Daphne estava sentado no chão encostado na roda da carruagem,


com o rosto esmagado. — Filho de uma mãe ruim, — disse ele antes de cuspir sangue.
No dia em que reparou na minha irmã, fomos amaldiçoados pela má sorte.

— Azar? — Furioso se levantou. — Não, Michael... muito pelo contrário! Se não


fosse por mim, você assediado pela dívida! Eu mantive seu estilo de vida até a morte
de seu pai!

— Mas que mal-agradecido. — Disse Eugenia, escandalizada com o filho nos


braços.

— Você tirou tudo de mim. — Começou a chorar como uma criança e Bethany
levou a mão ao peito. Ele viu a esmeralda e gritou. — Esse anel pertence à minha irmã!
Ela roubou para mim! Onde está? Daphne?

— Meu Deus, ele perdeu o juízo. — Sussurrou Belinda.

— Roubou para você? — Bethany deu um passo em direção a ele, mas seu
marido segurou seu braço e ela olhou-o nos olhos. — Deixe-me falar com ele.

— Não se aproxime. — Sibilou.

Ela olhou para o homem. — Então ela roubou para você, Michael. — Tirou o
anel e mostrou a ele. — Tem certeza?

— Sim! Dê para mim, vadia! É meu!

— E por que ela daria a você? Queria te ajudar? Por suas dívidas?

Ele começou a rir de uma forma que arrepiava os cabelos e sem perceber se
aproximou de seu marido. Michael olhou para ela. — Você é a nova vadia dele?

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O duque, muito tenso, aproximou-se dele e agarrou-o pelas lapelas do paletó,
levantando-o. — Insulte minha esposa novamente e você perderá o resto de seus
dentes.

— Maldito estúpido. Essa cadela vai zombar de você como minha irmã fez. —
Os deixou gelados quando começou a rir. — Ela também carrega o filho do irmão?

— Santa mãe de Deus. Mas que bobagem diz? — Disse Eugenia enquanto Delia
deixava cair o queixo de surpresa.

— Ele só quer feri-lo. — disse Daniel. — Deixe-o, o oficial de justiça cuidará


dele.

— Não! Quero saber! — Exigiu doído.

— Querido?

— Leve-a para dentro!

Se afastou do pai, que tentou segurá-la pelo braço sem deixar de olhá-los, e
Michael riu. — Rebelde como a bela Daphne. — Riu novamente. — Acaso acha que ela
te quis alguma vez? — Aproximou seu rosto ao do seu marido e disse com desprezo.
— Eu a convenci. Ela não queria. Você sempre a assustou. Antes de se casar, ela
acreditava que, se você descobrisse seu jogo, a mataria.

— Que jogo? — Gritou na sua cara.

Impotente porque olhava para o marido sorrindo e este perderia a paciência a


qualquer momento perguntou. — Quer o anel, Michael? — Ele a olhou e viu Bethany
com o braço estendido mostrando a esmeralda. — Queres?

— Sim!

— Então, diga-nos do que está falando. Queremos saber o que tramava com sua
irmã. Fale de uma vez ou fico entediada e levarei minha esmeralda.

Ele olhou para o anel com avidez. — Ele é rico. Mas ela era uma prostituta que
abria as pernas para qualquer um. Não podia evitar! Até eu fui seduzido na minha
cama quando era quase uma menina!

— Você mente! — Kayne gritou de desgosto, jogando-o no chão.

Ele riu. — Por que era pura na sua noite de núpcias?

— Sim!

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— Um corte simples no dedo com o anel que eu mesmo dei a ela logo após fazer
amor com você e só teve que acariciar seu membro assim que você saiu de dentro... —
Kayne deu um passo para trás assombrado e ele começou rir. — Tenho certeza de que
você ainda se lembra dessa carícia, certo?

— Você me dá nojo, — disse Daniel, fazendo-o rir ainda mais alto enquanto elas
estavam horrorizadas com sua maldade.

— Nojo. Era assim que ela temia que o marido sentisse por ela, porque sabia
que perderia tudo. — Ele olhou para o castelo. — Soube que estava grávida de mim e
fingiu que era seu. Quando chegou aqui, só queria fugir porque se sentia
constantemente vigiada. Mas ela o perdeu e foi sua chance de voltar para Londres,
para sua vida oculta. No começo era tão gentil... parecia tão apaixonado..., mas a fez
voltar e a encontrou no estábulo fornicando com um simples lacaio. Ou foi com um
conde? Não lembro bem. A surpreendeu um par de vezes, não foi, duque? E não fez
nada! — Exclamou antes de rir. — Ela zombava contando-me sobre suas escapadas.
Foram tantos que perdi a conta.

Assombrada, olhou para o marido, que apertava os punhos, impotente.

— Ela percebeu como ele estava mudando. Sabia que estava grávida de novo e
não era dele, porque a enojava tanto que ele não a tocava há muito tempo! E não podia
tirá-lo! A velha a quem sempre recorria para fazer aborto, a última vez a avisou que
não poderia engravidar de novo porque não suportaria outro aborto. Que morreria de
hemorragia! É por isso que me fez vir à caçada quando eu não deveria estar aqui.
Pensava fingir um roubo e me dar as joias!

— Não podia abortar, e quando sua gravidez fosse evidente, seu marido
descobriria sobre sua traição. — disse Daniel com desdém. — Então ela roubou dele
para que não ficasse sem nada quando ele a repudiasse e tiver que voltar para casa!

— Disse que sabia como entrar sem ser vista. Que havia encontrado uma
maneira. Esperei por ela fora da caverna, mas não voltou! Ele só tinha que me dar as
joias e voltar à caça como se nada tivesse acontecido. — As lágrimas brotaram de seus
olhos e soluçou. — Mas não voltou e ouvi alguns cavalos chegando. Fiquei assustado
e indiquei com uma flecha onde estava escondido.

— Veio ao castelo? — Perguntou com espanto.

Ele acenou com a cabeça para o outro lado do muro. — Cerca de dez milhas de
distância, há um celeiro. Nos encontrávamos ali quando vinha ao castelo.

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— Por Deus, mate esse homem doente! — O conde gritou com raiva enquanto
Kayne se virava, levando as mãos ao cabelo como se não pudesse suportar ouvir.

— Como chegou lá sem ser visto! — Belinda perguntou.

— Não foi difícil. Já fiz isso muitas vezes. Minha irmã deixaria as joias na
caverna porque é muito esperta e eu esperei. Sabia que minha preciosa Daphne ficaria
brava comigo por mudar seus planos, mas assim que entendesse que poderia ter sido
descoberta me daria um beijo mostrando que me perdoava. Como sempre fazia. —
Disse com um olhar vazio. — Mas ela não voltou. Nunca mais voltou. — Bethany
colocou o anel no dedo e ele o viu gritando. — É meu!

Kayne se virou, dando um soco que o deixou inconsciente. — Prenda essa


escória até o oficial de justiça chegar.

— Sim, Excelência. — Disse Thomas antes de gesticular para os lacaios armados


que os cercavam.

Preocupada com o marido, cujo rosto estava congestionado de dor, se


aproximou dele, mas Kayne passou por ela entrando em casa. — Deixe-o um
momento, filha. Tudo isso foi demais para ele.

Ignorando-o, entrou na casa atrás dele passou por baixo da escada indo até o
escritório que havia sido reformado novamente. Estava em frente à lareira. Fechou a
porta lentamente e ele sorriu tristemente para as cinzas. — Eu menti para você,
querida.

Com lágrimas nos olhos, ela sussurrou. — Sempre soube que a havia amado.
Necessitado de amor, você se deixou enganar.

— Não poderia ter dito melhor.

— Sua reação confirmou no dia em que a donzela encontrou a valise. — Disse


suavemente. — Por mais que você negue...

— Naquele momento eu não a amava mais, eu juro. — Se virou para olhar nos
olhos dela. — Juro pela minha vida. Matou meu amor aos poucos e quando
desapareceu não havia nada. Mas esse maldito dia eu finalmente confirmei que tinha
zombado de mim. Isso me enfureceu todo o tempo que perdi procurando por ela
quando estava bem aqui. Os anos perdidos. Com aquela valise saltou algo dentro de
mim que me deixou louco. — Desviou o olhar como se estivesse envergonhado. —
Mesmo assim não posso acreditar nisso. Era uma demente, sem sentimentos. Pior que
minha mãe. Deve pensar que sou estúpido.

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— Como você pode ser estúpido se eu o escolhi como meu marido? —Abraçou-
o pela cintura sabendo que precisava dela. Mataria aquela vadia de novo se pudesse
por machucá-lo novamente. Haviam passado anos e se perguntou se algum dia se
livrariam dela e de sua maldade. Ela faria o que fosse necessário para que isso
acontecesse. Tentando demonstrar a ele tudo que amava, ela o abraçou mais. — Você
simplesmente amou a pessoa errada, só isso. Mas agora estou aqui e...

Ele sorriu acariciando suas costas. — Sim, está aqui. Ao meu lado.

— E sempre estarei, meu amor. Esse passado não tem mais nada a ver conosco.
Ficou para trás para sempre e não quero que penses mais nisso porque temos um
futuro cheio de surpresas.

— Você é a melhor coisa que eu já tive na minha vida. Te amo mais que tudo.

— Eu sei. — Disse, sabendo que o faria rir, como ocorreu. Beijou seu queixo. —
Querido?

— Sim, minha preciosa duquesa?

— Agora que banimos tristezas, decepções e tudo mais de nossas vidas e que
seremos felizes para sempre...

Ele sorriu. — Sim? Continue.

— Por que não decidimos o nome da criança?

— Isso já está decidido, querida. Se chamará Kayne.

— Sim, já supunha.

Fez que não gostava nem um pouquinho e olhou-a indignado. — O que há de


errado com meu nome?

— Nada.

Ele a olhou desconfiado. — Não gostas? Bem, vai ser chamar assim!

Maliciosa sorriu enquanto se afastava e se dirigia para a porta. — Bethany? Falo


sério! Ele se chamará Kayne e não há mais o que discutir! Sei que é muito teimosa
quando alguma coisa entra na sua cabeça, mas não vou desistir!

Ele a seguiu para fora do escritório. — Eu não disse nada.

— Sim, que disse! Seu olhar diz tudo!

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Chegou ao salão e sentou-se. Sua irmã deu uma risadinha. — Já esqueceu o
assunto? — Perguntou baixinho.

— Com certeza.

Seu marido entrou na sala com a testa franzida. — E se for uma menina?

— O nome dela será Belinda.

Sua irmã espantada sussurrou. — Sério?

Olhou-a nos olhos. — Qual a melhor maneira de agradecer por cuidar de mim
desde que mamãe morreu?

Emocionada, sua irmã a abraçou. —Então será uma menina. — Seu marido
grunhiu indo para o armário do bar.

— Ah não. Eu não quero que você beba.

Kayne se virou surpresa. — E isso por quê?

— Porque quero que você esteja sóbrio quando Belinda vier ao mundo e os
partos som longos. Pode ficar bêbado.

Ele deixou cair o copo no chão em estado de choque, olhando para ela como se
não entendesse uma palavra. — Você está em trabalho de parto?

Sorriu radiante. — Hoje vai ser um grande dia para os Lauren.

— Um médico! — Seu marido gritou, aproximando-se de sua esposa. — Te dói


algo?

— Não.

— Então, como você sabe que está em trabalho de parto? — Perguntou


exasperado enquanto todos riam. Ele fulminou-os com o olhar. — Não tem graça!

Ela acariciou sua bochecha, chamando sua atenção. — Meu amor, se digo que
nasce hoje é que nasce hoje. Quando eu me empenho em algo...

Às cinco para doze, sua preciosa filha Belinda veio ao mundo. Seu marido riu
quando a colocaram nos braços de sua mãe e seu duque beijou sua esposa na testa. —
Ela é loira como seu pai. Querida, você não poderia tê-la feito morena?

— E tão linda que saiu a mim. Duque não reclama que eu fico irritada.

Kayne riu e ficou maravilhado com o que estava sentindo quando disse. — Não
estou reclamando. Não poderia ser mais feliz.

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Olhou em seus olhos. — Sério?

Ele beijou seus lábios. — Como me alegro que tenha escutado o nome errado.

— Foi aí que minha felicidade começou. — Disse com amor.

Portia se aproximou. — Dê a menina ao seu marido. Devemos arrumá-la.

O duque, sorrindo, tomou-a com muito carinho e, comovida, viu como ele a
embalava, como se fosse porcelana. — Vá mostrar para a família. Estarão impacientes.

Desejando-o, Kayne foi até a porta com orgulho e quando saiu ouviu os gritos
de sua família parabenizando-o.

— Você fez muito bem, menina. — Disse Portia, sorrindo com ternura.

— Sério?

— E não estou dizendo isso apenas pela menina. Digo por que você não desistiu
e conseguiu seu amor.

Seus olhos preciosos brilharam de felicidade. — É que era o certo, Portia.

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Epílogo

Delia pintava toda a família com as crianças e a pequena Belinda começou a


chorar.

Bethany se levantou imediatamente. — Nossa, desculpe, mas tem que comer e...

— Vá, vá..., Mas não deixe os outros se moverem. — Disse como um sargento.

Belinda bufou, ganhando um olhar de ódio de sua meia-irmã, e Daniel abafou


uma risada. — Esta precisa de um marido.

— Eu te ouvi. — Delia disse por trás da tela.

— Bem, eu já estou aqui.

Deixou cair o pincel chocada e se virou lentamente para ver Barry na porta.
Ficou sem fôlego porque estava muito mudado. Estava mais forte e sua pele estava
muito mais escura, mas seus lindos olhos castanhos diziam que ainda a amavam mais
do que qualquer coisa. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto se aproximava
com muito mais confiança do que antes e vestia roupas de qualidade. Sentindo que
seu coração pulava do peito pensando que era uma aparição, nem percebeu que ele a
segurava pela cintura colando-a contra ele. — Diga-me que você esperou por mim.

Uma lágrima caiu por sua bochecha. — Sempre.

Ele a abraçou como se precisasse senti-la e sussurrou. — Eu te amo, minha Delia.


Não sabe quantas vezes repeti o seu nome para me dar forças.

Se aferrou aos seus ombros. — Não posso acreditar que você já está aqui.

— Diz que me amas.

Ela se afastou surpresa. — Acaso duvida? Ainda estou solteira por sua causa!

A família riu e Barry sorriu. — Pois não vou fazê-la esperar mais.

— Isso espero! Veja-as! Todas já tiveram filhos!

Barry olhou para a família e sorriu. — Parabéns por... — Contou todas as


crianças. — Os três novos descendentes.

Daniel riu se aproximando e deu-lhe um forte abraço. — Te vejo bem, amigo. —


Se afastou para olhá-lo. — Foi difícil?

Marido Desejado – Sophie Saint Rose


Olhou para Delia mostrando todo o seu amor. — Não. Faria isso mais mil vezes.

— Temos um casamento a planejar. — Disse Belinda emocionada.

Barry pigarreou. — Sinto muito, Marquesa, mas como disse minha mulher, já
esperamos muito.

Daniel concordou. — Te entendo.

Delia entusiasmada o abraçou pela cintura colando-se a ele. Barry olhou para
Kayne. — Sinto muito por invadir sua casa assim, mas não podia esperar chegar a
Londres.

— Não tem problema. Você é da família e seus motivos são mais do que
compreensíveis.

Portia levou seu bebê para ser alimentado pela ama e o duque colocou um braço
em volta de sua cintura, observando os amantes se olharem nos olhos enquanto
sussurravam. — Eu olho para você assim? — Ela perguntou, emocionada pelo amor
que tinham.

— Sim querida. Embora seu olhar escureça de uma forma muito peculiar.

— Isso é porque eu te amo intensamente, marido. Tão intensamente que altera


minha alma.

FIM

Marido Desejado – Sophie Saint Rose

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