09 Amor em Possessao-Mackenzie 09-Nathalia Marvin PDF
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Os Mackenzies 9
Nathalia Marvin
Amor em Possessão
Os Mackenzies
Livro 9
NATHALIA
MARVIN
.
Copyright © Nathalia Marvin 2020
Todos os direitos reservados. Os personagens e eventos retratados neste livro
são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte da autora. Nenhuma parte deste
livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou
transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a permissão
expressa por escrito da autora.
Para Hilarena Guerra.
Você foi um presente de Deus na minha vida.
Te amo, raposo!
Capítulo 1
Eu já sabia que trabalharia com o meu pai, mas não sabia que era tão
cansativo. Estou há dois meses vendo e observando seus movimentos para
saber o que tenho que fazer, já que ele me criou para ser um Mackenzie.
Contento-me com isso. Estou feliz com o que deve ser feito. Principalmente
porque agora eu o substituo. Não é o que sonhei, mas o que quero.
Meu celular toca e enfio a mão no bolso interno do terno, obtendo o
aparelho. Número desconhecido.
— Alô?
— Alô? Luke Mackenzie?
— O próprio. — Tenho vontade de bufar, mas me contento em respirar
fundo e tomar paciência.
Odeio que me liguem e estejam incertos. É o meu número e sabem meu
nome, então sou eu.
— Aqui é o Frank. Frank Widmore.
— Widmore! — finjo animação. — A que devo a honra, meu senhor?
— Como vai, filho?
— Bem, e o senhor?
— Ótimo! Estou ligando porque queria convidá-lo para a festa da minha
filha. Ela vai fazer dezoito anos, mas é meio tímida, não conhece muita
gente… Então, a maioria dos convidados são meus — solta uma risada.
Widmore é major. Tenho maior respeito pelo cara. Obviamente não vou
recusar o convite. Mas, aniversário de uma menina de dezoito anos? Não
mereço.
— Será um prazer.
— Ótimo! — respira fundo, parecendo aliviado. — O convite deve
chegar para você mais tarde. Nos vemos em breve.
— Até, senhor.
Desligo e jogo o celular na mesa.
Eu mereço.
***
— O que está fazendo? — a garota pergunta enquanto nos levo até meu
carro.
— Vou deixar você na casa da Amy.
— Eu não posso ir para casa nenhuma. Eu preciso ir de volta ao meu
trabalho. Você poderia me colocar no chão, por favor?
— Poderia, mas não vou.
Eu abro a porta do carro com uma mão e sento-a no banco.
— Olhe os pés e coloque o cinto — aviso, voltando a fechar a porta,
então faço o caminho para me sentar atrás do volante.
— Não é absolutamente correto o que está havendo aqui. Eu não vou
receber se não trabalhar — ela diz.
Ligo o carro e nos tiro do estacionamento, ignorando-a.
— Isso foi só um corte, moço. Eu não preciso ir embora. É algo banal!
— insiste.
— Meu nome é Luke e não é banal. Agora, agradeço se você calar a
boca um instante.
Ela solta um resmungo baixo e eu quase rio, mas não o faço. Até porque
não tenho motivos para rir.
Depois de um momento de silêncio, eu a ouço respirar fundo e então
virar a cabeça para mim.
— Sabe, eu poderia ter lidado com aquele vexame. Não foi o primeiro e
nem será o último.
Eu permaneço em silêncio, dirigindo, mas por algum motivo não estou
fazendo o caminho da casa da minha prima e sim da minha própria.
— Luke, não é? — A garota persiste. — Tudo bem, você pode me levar
até a casa da minha avó.
— Esse seu corte está precisando de cuidados. — Não sei por que falo
isso. Talvez porque seja verdade. — O vidro perfurou duas camadas da sua
pele.
Ela ri.
— Ah, pelo amor de Deus. Um cortezinho desse não vai me matar.
— Não vai te matar, Gabrielle, mas vai inflamar e você pode até perder
a perna por isso.
Ouço seu grunhido baixo.
— Meu nome não é Gabrielle e, fala sério, você é um exagerado! Isso
foi um hematoma, no máximo.
Eu a olho por um momento, só um instante, só o tempo de deixar claro
que sua falação e teimosia não estão me agradando nenhum pouco.
Ela se remexe no assento e desvia o olhar.
Nós seguimos em silêncio novamente, eu me perguntando por que estou
indo para meu apartamento. Talvez porque eu tenha ficado tão desnorteado
com a proposta daquela menina louca, que até parei de raciocinar. Mas, que
seja, estou levando uma pessoa que precisa de ajuda. Isso está fazendo falta
nos meus dias. Ajudar as pessoas. Eu tinha isso no exército. Eu treinava um
grupo de cinco caras e era bastante gratificante. Gosto muito de ajudar. Está
em mim.
— Você pode me deixar nesse ponto. Eu pego um ônibus até em casa —
ela fala.
— Não, garota — respiro fundo, tomando controle. — Você não está em
condições de andar. Vai te prejudicar. Fique quieta, por favor.
— Você é um chato — resmunga, mas volta a se calar, no entanto, eu
sinto seu olhar persistente em mim. Está me analisando, mas de uma forma
que me incomoda.
— O que você está olhando? — questiono sem desviar o olhar da pista.
— Estou olhando o vento.
— Interessante. Eu sou o vento agora?
— É uma falta de sorte... — resmunga e abaixa a cabeça. — Você podia
ter se esbarrado em outra pessoa. Eu precisava disso hoje. Do trabalho.
— Eu não tive a intenção. — Faço a volta e entro na garagem, indo para
o elevador privativo do meu carro. Esse apartamento foi do meu pai quando
era solteiro. Ele vendeu, mas comprou de volta e me deu. Eu gosto. Parece
bem familiar.
— O que é isso? — ela se remexe soltando o cinto e olhando para os
lados, alarmada. — É algum tipo de cápsula? Para onde estou indo?
Quase rio, mas não o faço.
Solto meu cinto também.
— É o meu apartamento. Eu vou ter que analisar seu corte mais de perto
— olho para o joelho dela, que está roxo e vermelho, com muito sangue que
escorreu. — Está doendo? — olho-a.
— Não — ela não me olha, está perplexa olhando o lado de fora. —
Menino, que lugar é esse de paredes brancas? É algum tipo de esconderijo?
— É um elevador para carros, Michelle.
Então sim ela me olha, me dando a chance de ver seus olhos claros de
perto.
— É Isabelle, entendeu? — diz. — I-sa-bel-le. Não outro nome.
— Desculpe.
Ela me analisa, soltando uma lufada de ar.
— Desculpado. Minha avó também tem lapso de memória.
— Eu não tenho lapso de memória — debato, surpreso. — Só não me
lembrei. Não que seu nome seja tão importante que eu deva me sentir na
obrigação de lembrar.
Ela abre a boca, horrorizada aparentemente.
— Claro, porque um mauricinho como você não deve estar nem aí para
fazer o esforço de sequer lembrar o nome de alguém.
— Como é?
— Exijo que me tire deste buraco e me leve até à rua. Eu vou embora
caminhando porque a minha perna está ótima.
— Está bem — destravo a porta e me inclino, abrindo a dela. — Você
está tão perfeita assim, saia e comece a caminhar. Vamos comprovar toda a
sua certeza.
A garota ri.
— Eu não vou sair aqui. Estou me sentindo em uma casca de ovo.
— Está com medo.
— Não — ela cruza os braços e olha para fora. — Aquilo é uma porta?
— Sim, a da entrada. Vou te levar para dentro e peço que não faça
escândalos e seja uma boa garota — aviso, sem qualquer paciência.
Ela resmunga alguma coisa em voz baixa de novo, mas não me impede
quando chego ao seu lado e a pego nos braços, caminhando com ela até a
porta.
— A chave está no bolso direito da minha calça. Pegue, por favor. Não
vou conseguir.
— Que coisa — resmunga quase um chiado, e eu sinto toda a tensão do
seu corpo. Quero rir. É esquisito.
A garota se ajeita um pouco e estica o braço direto por baixo do meu, o
rosto ficando contra meu ombro enquanto ela faz um esforço para alcançar o
bolso e pegar a chave.
— Mas que bolso grande e desnecessário, menino... Estou quase...
Peguei.
— Você fala demais — balanço a cabeça, enquanto ela se ajeita. —
Abra a porta.
— Abra a porta — ela me imita, mas faz o que pedi e logo estou
entrando na sala e levando-a para o sofá. — Agora você fica sentadinha aí
que eu vou ver o que posso fazer por você.
Ela bufa, mas assente e eu saio, em busca de... Quê?
Nem eu sei.
Capítulo 4
***
Estou muito surpreso por ela ter aceitado e tento não demonstrar. Quer
dizer, eu não esperava que a garota fosse aceitar de fato. Eu só estava
tentando fazê-la rir um pouco para dissipar a forma ruim como o trabalho
dela se deu no fim. Mas, vejam só, ela aceitou.
— Não era de verdade? — ela gesticula. — O convite?
— Claro que sim. Por quê?
— Você parece que não gostou da minha resposta.
— Eu já sabia o que você ia responder — sorrio. — Você está bem com
seu joelho? Ainda dói? — aponto a perna do ferimento.
Ela olha rápido para o machucado e balança a cabeça em negativa.
Eu não sei, é esquisito. A garota não parece ter mais de vinte anos e eu
já soube que teve que enfrentar um monte de coisas, mas ela não parece triste
e nem nada.
— Você disse no dia da minha festa de boas-vindas que não gostava de
barulho.
— Não disse, não — ela nega.
— Não disse de forma explícita, mas disse. Com seu corpo, expressão e
movimentos. Essas coisas se notam.
— Por que o meu corpo sempre está em questão?
— Não está. Você está equivocada.
— Que seja, não é só porque o seu corpo é aparentemente perfeito que
você pode ficar julgando o dos outros assim.
— Não estou fazendo isso, Gabrielle — erro o nome de propósito dessa
vez e dou risada com a cara que ela faz.
— Isabelle — me corrige. — Isa.
— Bela — completo.
— Belle.
— Bela, não seu nome, você que é bela.
Ela estagna no lugar, parecendo surpresa pelo comentário. Foi de
ímpeto, mas gosto imediatamente do resultado.
— O que foi, você nunca foi elogiada? — me inclino para frente,
trazendo os cotovelos aos joelhos, ciente de que estou invadindo o espaço
invisível íntimo e pessoal da garota, mas por uma boa causa. Ela precisa
sorrir mais.
— Claro que sim — a voz quase não sai. — Sou muito elogiada.
— E por que ficou assim? Não faz nenhum sentido. É o mesmo que uma
pessoa me chamar de lindo e eu ficar sem graça. Ouço tanto que é normal.
Então eu sorrio quando ela dá uma risadinha. É deliciosa e agradável.
Bem-vinda. Gratificante. Essa é a sensação de conseguir fazê-la rir. Gratidão.
Isso sim não faz o menor dos sentidos.
— O jantar está colocado — nossos olhares são atraídos para a porta ao
lado, de onde vem a senhora Abigail. — Está sendo bem tratado, querido? —
sorri para mim.
— Além do que podia esperar, vovó — me levanto, piscando para a
garota, que fica nitidamente desconfortável. — Precisa de ajuda para ir até à
sala de jantar?
— Nós não temos sala de jantar. Comemos na cozinha.
— Desculpe. — Me sinto imediatamente envergonhado. — Precisa de
ajuda para ir até à cozinha?
Ela nega, levantando com o dobro de tempo.
— Estou bem — afirma. — Aliás, desculpa, eu esqueci que íamos jantar
aqui. Seu convite vai ter que ser recusado.
— Do que está falando? — a avó pergunta.
— O Luke me chamou para jantar com ele, mas a senhora já aprontou a
janta, então não vai rolar. — Ela está implicitamente satisfeita por não dar
certo, quase posso apostar, mas também estou um pouco intrigado por ter
ouvido meu nome em sua boca mais uma vez. Saiu tão… Eu não sei.
— Ora, mas eu não sabia dessa! — Abigail parece alarmada. — Não
tem nenhum problema! Eu chamo Elizabeth para jantar comigo. Você pode ir
sair com o lindo rapaz.
— Não, vó — parece horrorizada. — Não vou fazer essa desfeita com a
senhora.
— Não é desfeita, pare de ser boba — a vó a repreende e me olha. —
Você pode levá-la.
Eu sorrio, satisfeito.
— Obrigado, vovó, mas acho que nós podemos jantar com a senhora
hoje e depois eu levo a Isabelle para conhecer um lugar mais legal ainda.
Ela parece avaliar a proposta, então nos olha por um momento,
concordando enfim.
— Tudo bem, mas só porque quero conversar um pouco com você.
Sorrio, assentindo, então ela se vira e sai sorridente, meu olhar voltando
à neta.
— Que lugar vai ser esse? — pergunta, curiosa.
— Eu gosto de fazer um suspense — me aproximo dela e ergo a mão,
levando os dedos aos seus cabelos e pondo atrás da orelha, acariciando o
lóbulo com o polegar. Gosto imediatamente da maciez dela e do suspiro que
recebo. — Mas não vou te decepcionar.
Também me viro e saio andando por onde a vovó entrou.
Capítulo 8
Eu nem sei por que estou fazendo isso. Depilando as pernas. Mal me
lembro de ter que fazer isso. Só vivo de calça. Mas não, minha avó tinha que
me lembrar de passar a lâmina só não na cabeça. É uma droga.
— Eu não sei por que estou fazendo isso! — grito do banheiro. — Isso é
demorado demais, vó!
— Pare de reclamar! — ela grita de volta. — Você vai sair pela primeira
vez com um homem e quer ir parecendo o Sasquatch?
— O Pé-Grande não se depila!
— E nem você, por isso está tendo que levar duas horas para fazê-lo!
— Isso é frustrante! Eu não acho que aquele cara valha meu tempo de
arrumação! — resmungo.
— Não é por ele, é por você! Você merece uma noite boa, assim como
toda mulher!
— Eu já tenho noites boas! Pipoca e séries! Ver Suits por acaso não é ter
uma noite maravilhosa?
Dou risada quando minha avó pragueja.
— Você precisa viver mais, Isabelle! Esses homens de filmes não vão te
dar filhos e uma casa!
— Alarme desnecessário, vó! — bufo.
Luke jantou aqui, mas minha avó decidiu que seis da tarde ainda era
cedo demais e então o convenceu a me levar para sair mesmo assim.
Constrangedor, absolutamente, mas tenho certeza que ele entendeu que é só o
pedido desesperado de uma avó encantada pela beleza dele.
Que seja. Não estou empolgada.
Ele voltou para casa, dizendo ter que trocar de roupa, e que voltaria para
me buscar às nove. Nove. Essa hora já estou no terceiro céu do sono. É quase
absurdo. A única coisa que não me fez recusar com ímpeto foi o brilho nos
olhos da minha avó. Ela ficou feliz com isso, então, por ela, eu posso fazer
isso. Sair com um lindo e arrogante, por que não?
Saio do banheiro depois de mais meia hora, os cabelos enrolados na
toalha e o corpo também.
— Tenho a impressão de que vou voar — comento e minha vó ri.
— Sasquatch mesmo — fala e caminha até minha cômoda, pegando
meu óleo corporal que nunca uso e um vidro de perfume. — Tome banho
com esses aqui — ordena e coloca os potes em minha cama.
— Óleo? Sério? Isso é agonizante, deixa meu corpo estranho.
— Por Deus, Isabelle! Você é uma mulher ou um peão de obra?
Eu sorrio.
— Acho que uma mistura dos dois. O que esse vestido está fazendo fora
do armário? — Aponto o vestido ultramente inapropriado que está sobre a
cama também. Talvez não seja tão inapropriado, mas é escandaloso. Esse
decote é avassalador.
— Não é inapropriado, é sexy — ela então me joga uma calcinha
branca. — Eu estou frustrada porque a minha neta tem vinte e dois anos e não
tem uma calcinha que preste.
— Minhas calcinhas são ótimas — discordo. — Todas bem cuidadas.
— Bem cuidadas e calcinhas que são apropriadas para eu usar, e não
você.
— Que coisa — murmuro ofendida e visto a peça de algodão. — São
muito confortáveis.
— Elas não seduzem um homem.
Dou risada.
— Essa não é mesmo a intenção, vó. Os homens estão em último lugar
no meu pensamento.
— Eu já disse a você que tem que parar de pensar assim, Isabelle — ela
suspira, parecendo cansada. — Não é porque seu pai foi um homem ruim que
todos os homens vão se assemelhar a ele.
— Que pai? — dou risada. — Eu ao menos o conheci!
— É disso que estou falando. Existem muitos homens bons por aí. Você
precisa dar uma chance.
— Bom só Deus e eu estou dando uma chance, não estou? — Evito me
estressar, então caminho até a cama e me desenrolo da toalha, começando a
passar o óleo no corpo.
Eu não me sinto nenhum pouco ruim com o meu jeito. Talvez, sim, seja
mais difícil para mim ter que me relacionar com homens, mas não não é um
problema. Eu estou bem como estou. Não acho que algum ser do sexo oposto
vá transformar a minha vida para melhor.
Veja só minha avó. Ela mesma foi trocada por outra mulher assim que
deu à luz. Um dia após chegar do hospital. Que tipo de homem faz uma coisa
dessas? Hãn? Não é nem humano!
Então também minha mãe. Meu pai a largou quando soube que ela
estava grávida e, como se não fosse idiota e burra o suficiente, ela engravidou
dele de novo. Teve minha irmã e, quando a bebê nasceu, ela também sumiu.
Não sei se por conta da doença incurável que minha irmãzinha tinha, mas não
justifica. Ela tinha que ser forte por nossa família. Por nós. E ela não foi.
Minha avó arcou com tudo.
Se eu não levo fé nas pessoas, não, a culpa não é definitivamente minha.
Mas eu tenho minha vó e ela é tudo para mim. Ela foi tudo para nós. Mulher
forte e autêntica. Única. O espelho da bondade.
— Você não precisa de sutiã — ela reclama quando vou colocar.
— Como não? Meus peitos vão pular para fora! — aponto o vestido.
— Deixe que pulem — dá um risinho, seguido de uma risada de verdade
quando vê minha expressão. — Não seja tão boba, Isabelle. Você precisa
destacar o que tem de melhor em si, ou seja, os olhos, os cabelos e o seu
lindo corpo.
— O meu lindo corpo vai estar bem seguro em uma calça e uma blusa.
— Pode ser, mas você não vai conseguir se sentir bem enquanto o rapaz
usa smoking e você um jeans surrado.
— Quem disse que ele vai de smoking?
— Eu o vi chegando pela janela — ela aponta a janela do meu pequeno
e aconchegante quarto. — Está lindo de matar nós meras mortais.
Eu fico imediatamente alarmada, meus olhos arregalando.
— Ele já chegou? Que horas?
— Acho que foi no momento que você gritou que ele não valia o seu
tempo de arrumação.
Meu queixo vai ao chão e até a toalha cai da minha cabeça, numa
surpresa instantânea.
— Deu para ouvir nossa conversa? — sussurro, derrotada.
Minha avó sorri despreocupada.
— Espero que sim — gesticula e vai até a porta. — Vista-se e arrume os
cabelos. Eu vou fazer companhia ao rapaz enquanto você termina.
Então ela me deixa no quarto, sozinha e frustrada.
Será que ele ouviu? Que seja. Eu não acho mesmo que ele valha todo o
meu tempo de produção.
Agarro o vestido e o passo pela cabeça, resmungando ao mesmo tempo
em que vejo que ele exibe minhas coxas muito brancas. Isso não vai dar
certo.
Capítulo 9
— Então você tem uma irmã? — Dona Abigail questiona. Nós estamos
em uma conversa bacana sobre minha família. Na verdade, parece mais uma
entrevista.
— Isso. Gêmea.
— Mesmo? Tão linda quanto você?
— Ela é mais — sorrio. — Somos gêmeos dizigóticos, não parecemos
um com o outro fisicamente. Ela é parecida com meu pai, e eu com minha
mãe.
— Isso de dizigóticos não tem a ver com a aparência idêntica ou não, já
foi provado cientificamente.
Viro a cabeça para o lado ao ouvir o comentário. É a Isabelle e posso
apostar que meu ar escapou dos pulmões por um milésimo de segundo.
— Você não sabia disso? — ela continua. — Oh, que impressionante.
Algo que você não saiba.
— Que princesa linda — eu me levanto, ignorando completamente a
forma ríspida que ela me trata porque, é claro, se tem uma mulher
maravilhosa dessas prestes a ficar sozinha comigo, não é uma língua afiada
que vai me fazer perder a oportunidade.
Ela bufa e a avó solta um risinho.
— Eu estou com um machucado bem aqui. Não vou sair assim —
gesticula a perna.
— Não se preocupe. O lugar que vamos é completamente particular. Ou
você acha que as pessoas vão dizer, "ei, garota, você está com o joelho
machucado"?
— Engraçado.
— Sou — sorrio para ela e me aproximo de Abigail. — Esse é o cartão
do meu pai — entrego um cartão de visita a ela, que tiro do bolso do
smoking. — Ele ainda atende esse número, apesar de não trabalhar mais.
Esse o da minha mãe — pego outro e mais dois. — Esse o da minha irmã e o
do meu cunhado. O meu a senhora já tem. Todas essas pessoas tem contato
direto comigo.
— Tudo bem, vou guardar o da sua mãe — sorri. — Não sou tão boa
com memória.
— Certo, a senhora pode me ligar caso fique preocupada com algo.
Tenho um horário específico para trazer sua neta de volta?
— Sim, quando ela quiser vir — olha para a garota. — Se comporte,
está bem, Isabelle?
Ela abre a boca, surpresa com o pedido e eu evito rir.
— É claro que vou me comportar, vó.
— Vai saber… — murmuro. — Nunca se sabe.
Isabelle resmunga alguma coisa e caminha até a avó, dando-lhe um beijo
e um abraço apertado, então passa por mim e caminha até a porta, o cheiro
bom que emana dela me deixando inebriado e anestesiado. Talvez essa noite
saia melhor do que a encomenda.
— Vamos ou não? — questiona e eu ergo o olhar para ela, dando-me
conta de que estava enfeitiçado no decote discreto.
— Vamos — sorrio. — Até logo, vovó — também deixo um beijo em
seu rosto, encabulado quando ela sussurra algo para mim.
— Tenha paciência com ela, por favor.
Me afasto, confuso, mas dou meu melhor sorriso. Seja lá o que significa
isso.
Caminho até Isabelle, que sai na frente, meio lerda por causa da perna.
Meu olhar recai para o balanço sensual que ela faz enquanto caminha. Ela é
mesmo bonitinha.
— Você quer que eu pegue uma tartaruga para fazer uma competição
com você? — pergunto passando por ela e chegando ao carro.
— Ai, que engraçado. Vou rir tanto que não sentirei o meu abdômen —
sorri irônica.
Abro a porta e seguro, aguardando por ela. Aproveito a visão. Claro, por
que não? Ela é mais branca do que deveria, os cabelos estão ondulados e o
colo cheio me faz quase salivar. Será que ela é toda macia e cheirosa?
Aliás, qual foi a última vez que eu estive com uma mulher? Uns três
meses. Isso. Antes de vir embora. A despedida dos amigos. Foi uma festa
entre o pessoal e apareceram umas garotas da vizinhança. Eram estudantes.
Mas, foi uma boa noite. De diversão. Descontração. Despedida. Só
queríamos um bom momento. Ok, não foi o meu melhor porque eu ao menos
sabia quem era ela, mas foi bom.
— Onde você vai me levar? — Isabelle pergunta enquanto entra no
carro. — Poderíamos dar uma volta e aí você me trazia de volta e diria à
minha avó que o restaurante estava fechado, que tal?
— Péssima ideia, garota. Coloque o cinto — bato a porta e dou a volta,
tomando meu lugar atrás do volante. — Por que é que você está querendo
fugir de mim?
Ela ri, sua risada chamando minha atenção e o seu cheiro bom todo se
espalhando por dentro do meu carro.
— Eu não estou querendo fugir de você e sim me livrar de você. São
coisas completamente diferentes.
— Assim você pode me ofender.
— Duvido muito. O seu ego não pode recair.
Ligo a chave de ignição, escondendo um sorriso.
— Já falei, não é ego, é realismo. O que posso fazer se sou maravilhoso?
— Fala sério. Você é no máximo… — gesticula — Bonitinho, nada
mais.
— Bonitinho? — nos coloco em movimento. — Eu sou lindo. Incrível.
Maravilhoso.
Ela ri.
— Vou rir muito da sua cara quando alguém ferir seu ego de verdade.
— Isso jamais vai acontecer porque eu sei da minha capacidade.
— Da sua capacidade de ser idiota?
— De ser o melhor — olho-a rapidamente, a tempo de vê-la revirar os
olhos. — Logo mais você vai confessar que eu tenho razão.
— ‘Tá maluco? — dá risada. — Quero ficar longe de você o quanto
antes. Só aceitei isso de verdade por causa da minha avó, se não nem estaria
aqui.
— Sua língua grande é o seu defeito.
— Fala sério! Minha língua grande? E a sua?
— Outras coisas minhas são grandes, não minha língua. Mas ela é boa
— dou um sorriso rápido para ela, querendo rir quando bufa de novo.
— Onde vai me levar?
— É surpresa.
— Eu não gosto de surpresas.
— Não perguntei do que você gosta.
— Mas eu estou dizendo! — resmunga. — Fala logo, por favor!?
— Não.
— Que saco!
— Você é muito estressada.
— Não sou. Só não quero sair com você.
— Pare de reclamar, vai ser uma boa noite.
— Meu joelho está doendo.
— Mentirosa — olho-a de relance. — Você ficou dizendo que não
estava.
— Mas está agora.
— Eu dou beijinho para sarar.
Ela ri alto.
— Devo ter jogado pedra na cruz — suspira.
Eu sorrio, voltando a atenção à pista.
Não é de todo mal levá-la para meu apartamento de novo, não é? Aliás,
é bem mais agradável do que um restaurante e, sem dúvida nenhuma, mais
privativo.
Tem que ser.
***
***
Eu não sei exatamente definir o que sinto quando Luke me rodeia com
seus braços fortes. É tranquilidade, uma paz súbita, conforto e calor. É muito
bom com certeza e um dos melhores abraços que já recebi na vida.
— Eu lamento pela sua irmã — diz tão baixo que tudo que quero é me
agarrar mais a ele, mas me mantenho imóvel. Também não sei como ele sabe
que é minha irmã, talvez Brandon ou Amy tenham aberto as bocas enormes
no dia da festa. Mas eu não ligo. Não ligo porque Luke está me dando
conforto em seu abraço e é mais que bom.
— Tudo certo — falo depois de uns segundos de silêncio.
Ele se afasta um pouco, ainda segurando meus ombros, então me olha.
— Sabe, eu não quero parecer intrometido, mas eu acho que você
deveria ir a um especialista. Suas emoções parecem conturbadas.
— Como assim?
— Desculpe — desvia o olhar, parece envergonhado e eu fico
desentendida. — Eu acabei ouvindo sua conversa com sua avó.
Balanço a cabeça. Agora eu estou envergonhada.
— Hãn... — Tento achar algo para falar, mas não tenho.
Luke senta no chão, de frente para mim, me olhando de baixo com um
sorriso de canto.
— Tudo bem, não estou falando da parte que você usa calcinhas de
velha — dá um risinho divertido —, mas sim da questão de basear a opinião
que tem por conta de uma só pessoa, na maioria. Isso é até perigoso.
— Eu não faço isso — agarro a borda do vestido e finjo me entreter com
o pano, não querendo olhar para ele.
— Você faz. Eu sei que só está aqui porque sua avó quer. Quando foi a
última vez que fez uma coisa porque queria?
— Acabei de comer pizza porque eu queria — respondo, sem vontade.
— Não pareceu.
— Mas foi — o olho rapidamente e ele parece muito avaliativo. — Você
está parecendo intrometido já.
— Eu só estou tentando ser legal — faz o barulhinho com a boca e eu
sorrio. — Você não quer ser minha amiga?
— Não.
Dou risada da cara que ele faz.
— Pois você está perdendo, porque sou um amigo maravilhoso.
— A pessoa não se torna amiga de outra em um dia, não sei se você
sabe.
— Constância, querida — sorri. — Eu tenho uma ideia, não sei se você
vai gostar.
— Me conte.
Luke sorri, mostrando todos os dentes praticamente e eu sorrio
automaticamente, em resposta à sua beleza óbvia. Ele é mesmo bonito.
— Eu posso te dar um trabalho na minha empresa. Você fica um tempo
comigo vendo o que precisa ser feito, depois vai se promovendo por seus
próprios méritos.
Minha boca se abre. Então se fecha. E abre novamente.
— Sério isso? — Estou… Sem palavras.
— Seríssimo — ele olha para o lado, dando um riso esganiçado e
passando a mão no pescoço. — Sabe, foi assim que minha mãe conseguiu
trabalho e minhas tias também.
— Não entendi. Assim como?
— Por indicação — o sorriso permanece. — Todas se tornaram uma
Mackenzie.
Estreito os olhos. Não entendi mesmo.
— O que isso quer dizer? — questiono.
— Não quer dizer nada — Luke levanta, então vai até a mesa de bilhar e
agarra o taco, debruçando-se e mirando uma bola azul. — Você nunca se
apaixonou mesmo? — o olhar dele não está em mim.
— Não e nem tenho a intenção.
— Mas é legal — a bola branca acerta a azul, que tintila por duas
laterais e acerta o buraco. — A sensação. É muito boa.
— Eu não ligo — dou de ombros.
— Você devia experimentar.
— Eu não quero.
Ele ri.
— Que teimosa.
— Não bastou seu coração ter sido esfarelado?
Me arrependo de dizer as palavras, mas Luke não parece nenhum pouco
incomodado enquanto caminha até o outro lado da mesa, para acertar mais
bolas.
— Não — responde. — Apesar disso ter acontecido, ela me fez feliz por
pouco tempo. Esse pouco valeu muito, é isso que importa.
— Hm — desdenho, nenhum pouco interessada em sua vida amorosa.
— Que legal.
— Você não pode ter medo de tudo.
— Eu não tenho medo.
— Como chama isso então?
— Precaução — cruzo as pernas. — Eu viverei sozinha e feliz.
Ele sorri.
— Boa sorte, se é o que quer.
— Não acredito em sorte.
Luke me olha rapidamente, então se endireita e põe o taco sobre a mesa.
— No que você acredita, Isabelle?
— Acredito em mim.
— Não em quem, no quê.
— Não sei o que essa pergunta quer dizer.
— Você vive baseada em quê? O que pretende, o que quer, como se
realiza?
Então eu rio, porque não há mais nada que eu possa fazer.
— Tanto faz.
— Essa é uma resposta tão medíocre quanto seu pensamento.
— Não ligo.
Luke dá um suspiro profundo e eu me sinto imediatamente incomodada
quando começa a se aproximar de mim, em passos lentos e calculados.
Seu perfume me inebria e, quando está perto o suficiente, ele se abaixa,
os olhos mirados nos meus.
— É um desperdício que uma garota tão bonita pense assim.
— Minha aparência é o que conta? — dou risada. — Que novidade! Se
eu fosse feia, imagino que não merecia então.
— Não foi isso que eu quis dizer e você sabe.
— Não, eu não sei! E também não gosto que fique falando dessas
coisas!
— Porque você é cheia de medo.
— Eu não sou — grunho. — Apenas estou esclarecendo os pontos.
Gostaria de ir embora, por favor.
— Você vai começar o trabalho amanhã. Eu pego você às seis na sua
casa.
— Isso é uma informação ou uma pergunta?
— Informação — ele sorri e levanta novamente, estendendo a mão em
minha direção. — Eu vou levá-la. E seu joelho, melhorou?
— Sim e obrigada — me levanto incomodada e caminho para a porta,
Luke vindo em seguida, seu olhar não desviando do meu nem um instante.
— Constância, Isabelita — repete. — Constância.
Balanço a cabeça, não entendendo o que ele quer dizer. E nem quero. Só
vou aceitar a ajuda porque preciso realmente. Minha avó e eu precisamos
comer, afinal de contas.
Suspiro e o sigo para a saída, meu olhar sendo atraído para um porta-
retratos na estante do corredor. É ele beijando o rosto de uma mulher linda.
Dou um sorriso.
Definitivamente o cara ainda é apaixonado.
Capítulo 11
Três toques são suficientes para a porta velha abrir à minha frente e
então tenho uma garota aparentemente não feliz me olhando. Esse é um
detalhe apenas porque o que me chama a atenção mesmo é o corpo escultural
moldado por uma saia social preta e a blusa vinho de botões também pretos.
Maravilhosa, devo admitir.
— Bom dia, flor do dia — cumprimento-a segurando um riso. — Que
bela manhã, não?
— Você está cego? — aponta atrás de mim. — Está uma chuva
torrencial!
— Está mesmo, por isso é uma bela manhã. Agradeça eu não ter te
levado pra escalar umas montanhas antes do expediente.
— São seis horas da manhã, Luke! Você é retardado ou o quê!? Tira
esse sorriso idiota da cara.
Enfio as mãos nos bolsos da calça e a analiso de cima a abaixo, com
calma. Muito bonitinha mesmo.
— Você não gosta de acordar cedo? — pergunto.
A garota se remexe um pouco, incomodada.
— Não, eu detesto. Não funciono antes da uma tarde e tudo que eu fizer
é no modo automático. Também não gosto de falar até acordar de verdade.
— Eu não te perguntei nada disso, só se não gostava de acordar cedo.
Sua avó está dormindo?
— Não, ela foi ao mercado, mas te deixou um beijo, um abraço e um
muito obrigada — ela faz uma careta.
— Encantado com essa mulher. Obrigado — gesticulo para fora. —
Vamos?
Isabelle resmunga alguma coisa, então sai, fechando a porta e trancando.
— O meu guarda-chuva foi levado pelo último vendaval — murmura
virando-se para mim. — Você tem um para eu usar até o carro?
Dou risada. Muito inevitavelmente.
— Do que você está rindo? — ela junta as sobrancelhas.
— Que guarda-chuva, garota. Vai ir na chuva mesmo, para se molhar.
Eu, hein… Nem parece homem.
Isabelle arregala os olhos, então eu rio mais.
Deixo-a na varanda e corro até o carro, entrando rapidamente. Abro as
janelas e a vejo parada no mesmo lugar, boquiaberta.
— Vem logo! — grito, controlando a risada. — Se demorar muito, te
deixo aí.
— Você não fez isso! — balança a cabeça. — Menino, eu fiquei
arrumando o cabelo por uma hora! Eu… — hesita. — Que droga!
— Se ferrou, perdeu tempo!
— Eu posso não ir!
— Ah, para de frescura!
Ela resmunga alguma coisa em voz baixa e tira a bolsa do ombro, pondo
sobre a cabeça e começando a descer os degraus, logo dando um grito quando
se molha e corre até o carro, mas eu travo a porta antes de ela conseguir abrir.
— Luke! Não está abrindo! — berra.
— Puxa com mais força!
— Não está indo — me olha pela janela. — Luke! Abre por dentro, deu
problema!
— Só abre por fora…
— Oh, merda! — ela balança a cabeça, então tira a bolsa da cabeça,
abaixando os ombros e soltando um suspiro de decepção. — Eu me molhei.
Quando começo a rir demais, Isabelle me olha, então levanto a mão e
levo ao painel, destravando a porta e abrindo.
Sua boca se abre, no nível máximo. Ela está perplexa e mais um pouco,
e isso é como me fazer cócegas.
— Você não… — hesita, muito tempo. — Você não… Eu não… Que
tipo de pessoa faz uma coisa dessas?
— Uma pessoa que quer o bem da outra. Entre.
Ela fica parada, encarando o carro, parecendo sem ação.
— Por que você fez isso? — pergunta cabisbaixa. — Eu fiquei muito
tempo me arrumando...
— Eu não ligo, você não está indo desfilar — tamborilo os dedos no
volante. — Quanto mais tempo você fica aí, mais vai ficar molhada.
Ela já está ensopada, mas fazia tempo que eu não me divertia tanto.
Isabelle entra e fecha a porta, então me olha e eu sorrio, contendo outra
gargalhada.
Ela sorri de volta e, quando estou prestes a ligar o carro, ela embola o
cabelo nas mãos e aperta, a água caindo toda no painel do meu carro.
— O quê... — a olho, pasmo.
— A vingança é um prato que se come frio, meu bem — sorri
cinicamente e cruza os braços. — Anda, vai lá, dirige.
— Garota… — minha voz não sai. — É o meu carro.
— E eu ligo? — ergue os ombros. — Não te perguntei.
Balanço a cabeça, perplexo.
— Se ele não ligar…
— Você vai fazer o quê? — ela me interrompe. — Nadinha. Eu poderia
ter feito pior, para você deixar de ser babaca.
Respiro fundo, me controlando.
Tudo bem, posso lidar com isso. É só consertar. É o meu Porsche. Não
foi nada. Está tudo bem…
— Você vai se arrepender — deixo claro, então fecho as janelas e tento
desesperadamente ligar o aquecedor que, para minha sorte, funciona. — Não
se mexe no carro de um homem.
— Não se brinca com o cabelo de uma mulher! — grita. — Seu ridículo!
— Abaixa o tom de voz.
— Eu não quero! — se inclina em minha direção, um desafio. — Falo
alto o quanto eu quiser!
— Não comigo — deixo claro, olhando-a de cima. Não preciso gritar,
minha voz já tem o timbre certo e eu sei disso, principalmente quando
Isabelle vacila um pouco, os lábios tremendo um pouco também e os olhos
perdendo o brilho. — Comigo você maneira a voz.
— Você é um idiota — ela vira a cabeça para o outro lado.
Eu respiro fundo e viro a chave, agradecendo aos céus pelo carro ligar,
então nos ponho em movimento. Um longo dia vai ser, com toda certeza.
Capítulo 12
***
Eu me remexo na cama, de um lado para o outro, como estou fazendo há
incontáveis minutos. Muito tempo. O barulho da chuva não para. É uma
tempestade sem aparente fim. Estou agoniada, nervosa e com medo.
Me sento quando um relâmpago clareia meu quarto, meu coração
palpitando descontrolado.
Decido levantar, um estrondo me fazendo gritar e corro para a porta,
destrancando-a e saindo imediatamente em direção à sala, ofegante.
Encontro Luke deitado no sofá, olhando o teto, parecendo muito
relaxado e confortável enquanto o mundo parece desabar ao lado de fora. Ele
está com a toalha ainda e eu ignoro o incômodo que me invade.
— Acordada ainda? — pergunta, me assustando mais ainda.
— Está chovendo demais — ofego. — Estou… Preocupada.
— Com o quê?
— Com a minha vida, obviamente.
Ele me olha, virando a cabeça só um pouco. Nós nos encaramos por um
tempo, então o céu faz um barulho tão alto que sinto o chão tremer sob meus
pés.
Dou um grito, instintivamente correndo para o sofá e, de uma forma
muito rápida, Luke se senta e eu me encolho ao lado dele, juntando as pernas
e os braços, suada de medo.
— Você é uma medrosa. Está sob um teto.
Eu o olho, cabisbaixa. Sou medrosa mesmo.
— Além do mais, está comigo — um sorrisinho brinca no canto dos
seus lábios e ele põe um braço por trás de mim, nas costas do sofá. — Eu vou
ter coragem por nós dois, se sente melhor assim?
Outro trovão, me fazendo tremer.
— Não devia chover tanto… — murmuro, agoniada.
— Fala sério. Só estão caindo umas gotinhas e fazendo uns barulhinhos.
Eu o olho, absorta.
— Você não pode estar falando sério.
— Por que o medo? — ele ri quando outro trovão faz um barulho
altíssimo e resmungo, fechando bem os olhos e me encolhendo mais ainda.
Fico inteiramente tensa quando sinto o calor me envolver. Eu me
lembro. São os braços do Luke. Claro, porque são incomparáveis.
— Para de tremer — pede. — Está me deixando nervoso já.
— Eu não consigo parar de tremer com tantos relâmpagos e trovões —
respondo, imóvel. É muito esquisito mesmo, mas agradeço por ele estar
sendo um pouco prestativo. Eu estou mesmo assustada.
— Essas coisas são naturais — fala baixinho, eu apertando os olhos
ainda mais firmemente. Meu ar todo some quando sinto os seus dedos
chegarem aos meus cabelos e se infiltrarem por meu couro cabeludo, uma
massagem relaxante sendo muitíssimo bem-vinda. — Logo passa. Está tudo
bem. Eu estou aqui com você e não precisa ter medo.
Suspiro calmamente, o toque me relaxando de uma forma consequente e
inesperada para mim; e, antes que eu me dê conta, estou ficando muito mole
e leve.
Luke agarra uma quantidade de cabelos pequena e faz mais pressão,
com certa força, puxando de um jeito que me arranca um suspiro longo,
minha cabeça inclinando para trás e meus lábios entreabrindo-se.
— Melhor?
Eu ofego com a pergunta feita bem perto da minha boca, todo o ar
quente da dele passando para a minha, e abro os olhos; prendendo a
respiração ao vê-lo tão perto, me olhando de cima. Muito perto...
— Você está muito maravilhosa desse jeito, vulnerável — fala, um tom
tão grave que eu quero derreter onde estou. — Você é maravilhosa.
Tento dizer algo, mas estou com os lábios secos e pesados. Ressecados.
Não consigo me pronunciar e ao menos colocar a língua para fora e umedecê-
los. O que é isso?
Luke pressiona novamente meu cabelo, a sensação me enviando um
choque em ondas por todo corpo e eu suspiro onde estou, anestesiada.
A mão livre se ergue em direção ao meu rosto e eu prendo a respiração
quando ele esfrega meu lábio inferior com o polegar, em uma carícia leve e
decidida.
Estou perdidamente desorientada.
— Você tem uns lábios macios. Quero sentir nos meus — sussurra e eu
estremeço.
Abro mais a boca, para falar algo, mas estou perdida em sensações e
nesse momento descabido de lógica e sentido.
Luke inclina a cabeça em minha direção, eu soltando o ar, sabendo que
estou em uma situação sem volta e, quando sua boca se choca na minha com
uma vontade absurda, quase choro.
Ele respira fundo, me fazendo sentir o corpo aquecer, sua mão em meus
cabelos me fazendo erguer mais os lábios quando puxa um pouco minha
cabeça para trás, uma sensação deliciosa.
O frio se foi e estou imediatamente febril. Quase podendo suar de calor.
Os lábios dele parecem em um desespero quando puxam os meus,
exigindo que eu faça o mesmo; e eu faço.
Luke tem um gosto muito bom. É algo fresco misturado a doce. Muito
bom mesmo. Os lábios são firmes, se tornando suaves quando suspira.
Nós estamos suspirando. Na boca um do outro. Sua mão me mantém
com a cabeça parada, somente entendendo os movimentos impetuosos e sem
ritmo do seu beijo. Ele está quase como se estivesse com sede, mas eu não
preocupo muito com isso, só em tentar corresponder. Não é tão agradável
dizer que meu primeiro beijo foi aos dezesseis e eu mal me lembro o que se
faz.
Porque, claro, beijar Luke não tem comparação. Ele sabe beijar. Ou eu
acho que sabe.
Grito quando ele afasta um pouco, só para morder meu lábio inferior,
me deixando trêmula, então puxa meu cabelo para trás, seus dentes indo para
meu pescoço, onde começo a receber mordidinhas. Minha nossa…
— Você é muito macia. Estou me controlando para não arrancar esse
seu pijama ridículo.
Abro os olhos, ofegante, rogando aos céus que eu mantenha minha
mente centrada em meio à tortura cerebral e corporal.
— Você também quer? — ele afasta a cabeça para me olhar. — Quer
que eu te beije inteirinha?
Arregalo os olhos, a boca aberta, sem conseguir emitir nada. Eu quero e
a verdade me deixa horrorizada.
— Fala que você quer e eu faço isso — seus dedos acariciam o canto da
minha boca. Engulo em seco, desnorteada e ofegante.
Balanço a cabeça, incapaz de elaborar uma resposta audível.
— É um sim? — pergunta. — Você está me dizendo sim?
Novamente balanço a cabeça, negando mais firmemente.
Eu não posso. Nunca.
Empurro seus ombros, vacilante demais, me levantando toda bamba e
quente, voltando ao meu quarto de um jeito automático e surpreendente.
Tranco a porta rapidamente com os dedos trêmulos e corro para a cama.
Um trovão me traz de volta e levo a mão ao peito, sentindo o coração
martelar.
Oh, minha nossa…
Escondo o rosto entre as mãos, agoniada porque, sim, eu queria muito
que Luke me beijasse inteirinha.
— Que droga — lamento falha, sozinha e quente.
Eu não vou ser mais uma mãe minha no mundo.
Capítulo 17
***
Não fui almoçar, fui à academia e malhei quarenta minutos sem parar,
usando os ferros mais pesados que consegui. Depois, passei na lanchonete e
comi um sanduíche enorme com muita proteína, tomei banho e só então estou
voltando à minha sala.
Vai entender. Ainda estou com um enorme calor. Desde a noite anterior.
Isso não me estava sendo um problema até então, até porque eu não toquei
em um corpo feminino moldado, quente e perfeito. Que grande merda. Eu ao
menos estava mais focando nisso.
Caminho de volta ao meu escritório, ciente de que talvez eu encontre
uma garota muito irritada e pronta para me xingar por uma folha de papel;
mas, quando entro e passo o olhar em volta, sou imediatamente atraído para o
sofá, onde Isabelle está deitada, encolhida, abraçando o próprio corpo e
chorando.
Droga!
— Isabelle? — Meus passos me levam até ela, eu me abaixando junto ao
sofá. — O que foi?
Ela abre os olhos e minha preocupação aumenta quando seu olhar
encontra o meu. Ela está com medo e tremendo. É nítido.
Ergo as mãos e levo ao seu rosto, um murmúrio me escapando ao senti-
la quente como fogo.
— Você está ardendo em febre — resmungo e logo me levanto de novo,
envolvendo-a em meus braços e caminhando de volta por onde acabei de
passar.
Isabelle me abraça com força e eu fico imediatamente muito
desesperado.
Ela está com medo e é tudo que se repete em minha mente.
— Não vou voltar pelo resto do dia — informo à minha secretária, então
entro no elevador e nos levo para o hall, eu passando pelas pessoas e não me
importando que todas olhem para mim. Para nós.
Isabelle me aperta de novo e eu atravesso a rua, rapidamente dando um
jeito de abrir o carro e colocá-la dentro. Também entro e me inclino para
colocar seu cinto, e o meu próprio, ligando o automóvel e nos levando para a
clínica mais próxima.
Ela está com medo e você não faz nada, a frase me dita antes, há uns
anos, me deixando angustiado.
Ela estava com medo e eu não fiz nada.
Nada.
Dirijo o mais rápido que consigo, tentando tirar as palavras da mente,
mas, se anos não foram capazes de fazer isso, não é um minuto que vai ser.
***
Isabelle está deitada em minha cama agora, adormecida. Ela está com
muita febre, de acordo com o médico, trinta e oito graus. Foi ruim demais vê-
la trêmula enquanto era medicada, então eu me aproximei e fiquei perto dela,
tentando me desculpar. A culpa foi minha e só na hora me dei conta disso.
Suspiro e me sento na borda do colchão, levando as mãos ao rosto e
esfregando. Estou aflito. Tudo nunca parece dar certo para mim.
Viro a cabeça quando sinto o movimento do colchão e logo vejo Isabelle
abrir os olhos lentamente, os lábios secos. Ela os umedece e pisca algumas
vezes, me focando.
Ergo a mão, de um modo muito automático e ponho sobre suas pernas,
que estão cobertas pelos lençóis.
— Se sente melhor? — pergunto muito culpado.
Ela balança a cabeça afirmando e um suspiro abafado.
Me levanto e pego uma caneta e um caderno na minha prateleira, então
coloco ao seu lado, ela olhando os objetos de forma preguiçosa e voltando os
olhos para mim em seguida.
Não tem forças, é o que está me dizendo.
Eu suspiro longamente, voltando a sentar ao seu lado.
— Desculpa, Isabelle — lamento. — Não pensei que… Quer dizer, eu
não me preocupei se você poderia ficar doente. Fui um insensível e idiota.
Peço desculpas.
Ela olha para baixo, quase com muito trabalho. Sua respiração funda
também parece muito difícil para o corpo pequeno.
— Eu vou buscar algo quente para você beber — aviso. — Já volto.
E eu saio, me sentindo, pela segunda vez, culpado por conta do
sofrimento de outra mulher. Talvez seja assim. Talvez eu não possa estar
querendo muito a companhia de alguém.
Sempre acaba péssimo. Eu sempre estrago de alguma forma.
A culpa sempre é minha.
Como nunca parou de ser…
Capítulo 20
Eu estou louco.
Louco a um nível que eu não posso descrever. Isabelle está ao meu lado,
segurando minha mão. Na verdade, ela está desde o início do voo e agora
estamos aterrissando, o sol começando a nascer.
É loucura. Muita loucura… Eu estou louco por ela.
Quando o helicóptero pousa, rapidamente trato de separar nossas mãos e
tirar os nossos cintos, abrindo a porta ao meu lado e jogando a mala pequena
que trouxe ao lado de fora, descendo em seguida. Estendo os braços, para
segurar Isabelle, ajudando-a descer.
Vou rapidamente até à frente e faço um gesto para o piloto, o liberando.
Volto e seguro a mão dela, que parece incrivelmente atraente dentro da minha
roupa. Minha roupa.
Ficou tão…
Agarro a alça da mala e tiro do chão.
— Venha, por aqui — começo a caminhar em direção a casa no centro
da praia.
Isabelle parece um pouco hesitante e eu a olho.
— Tudo bem — a tranquilizo, sem parar os passos. — Essa casa foi o
meu pai que comprou quando tinha mais ou menos minha idade. Foi para
minha vó, que estava um pouco entediada. Acabou que se tornou uma casa de
férias nossa quando minha irmã e eu éramos pequenos. Agora, quase nunca é
usada já que meu pai está ansioso viajando o mundo com minha mãe.
Isabelle sorri lindamente para mim e eu sorrio de volta. Ela é tão bonita.
Angelical. Eu quero beijar cada pedacinho dela e isso é muito insano.
Suspiro e logo estamos subindo os degraus que levam à varanda, eu
colocando a mala no chão e vasculhando o bolso do short em busca da chave.
Abro a porta, entrando no hall de recepção.
Dou um sorriso, gostando de todas as lembranças que me invadem.
Recordações boas. De felicidade, alegria, amor… Minha família.
Olho para Isabelle, que parece muito impressionada enquanto sua boca
faz um O e ela olha em volta.
— Esse é o hall de entrada — solto sua mão, voltando para porta e
pegando a mala para colocar dentro de casa. Vou em direção à escada, que
leva ao piso superior. — Nós podemos andar um pouco na areia mais tarde,
se você quiser.
Ela me olha, parece mesmo muito impressionada.
— Vamos lá em cima. Eu vou te mostrar como é — chamo-a e vou subir
os degraus, sentindo Isabelle me seguir.
Ela demora um pouco mais que eu para chegar, mas consegue e eu fico
feliz que esteja melhor. O clima da Carolina do Norte não é tão quente, mas
no momento está melhor que o de Nova York.
Eu sigo pelo corredor do andar de cima, até o meu quarto que é um dos
quatro da casa.
Abro a porta e entro, vendo tudo bem arrumado. Faz muito tempo que
não venho aqui e logo estou caminhando em direção à minha cama, sentando
em cima e sorrindo.
Isabelle fica parada na porta, parecendo indecisa se entra ou não. Meus
olhos a percorrem de cima a baixo, parecendo que consigo vê-la sem as
minhas roupas. Eu já vi e é uma visão indescritível, sem qualquer sombra de
dúvidas.
— Pode entrar — digo, gesticulando. — Este é o meu quarto.
Ela hesita, mas, depois de longos segundos, suspira e entra. Parece
incerta do que fazer, então eu me levanto e caminho até ela.
Seu olhar se ergue para mim, os lábios bonitos se entreabrindo e
parecendo muito convidativos.
— Aqui é bem mais quente, não é? — pergunto, minha mão se erguendo
e meus dedos percorrendo a pele macia de seu rosto. — Você vai ficar boa
rapidinho.
Isabelle dá um passo para trás, vacilante, mas eu rapidamente circundo
sua cintura com os braços e a puxo para mim, nossos corpos se chocando de
um jeito que me deixa muito mais louco. Muito, muito mais.
Ela abre a boca e solta um suspiro contido, fazendo com que eu
responda inclinando minha cabeça e levando meus lábios ao seu pescoço,
onde imediatamente sou tentado a beijar e mordiscar; porque é impossível
sentir o cheiro da pele dela e não querer se perder.
Isabelle leva as mãos aos meus braços e aperta com força, as unhas
quase perfurando minha pele e isso só me deixa mais ligado, eu puxando-a
mais juntamente ao meu corpo.
Mexo as mãos, uma subindo até estar por entre os cabelos macios e a
outra por dentro do casaco, onde eu sinto a pele macia e quente,
aparentemente perfeita. É perfeito.
Ela completamente amolece em meus braços, meu corpo a amparando
de forma tão natural que eu perco a noção e ergo a cabeça, dessa vez
chocando nossos lábios.
Isabelle suspira alto com o contato, eu também; nossos suspiros se
misturando e sendo os únicos barulhos sendo ouvidos.
Meus dedos apertam os fios de seu cabelo, minha mão em sua cintura a
pressionando mais contra mim.
— Luke… — ela me chama quase inaudível, de uma forma muito rouca,
e é quando eu plenamente perco qualquer controle e a pego no colo, levando
para a minha cama.
Ela arregala os olhos e respira com muita dificuldade, me olhando de
baixo.
— Está tudo bem — me deito lentamente sobre seu corpo, ela
prendendo a respiração quando coloco meu rosto na curva de seu pescoço. —
Isabelle... — Seu nome simplesmente escapa de meus lábios, sem qualquer
motivo aparente.
Ela remexe embaixo do meu corpo, o dela macio e perfeito.
Sinto suas mãos irem para os meus braços e me apertarem de novo. A
garota parece perdida no que fazer.
Levanto a cabeça, mirando seus olhos que estão brilhantes e muito
abertos.
— Quero muito te beijar inteira — confesso. — Quero saber o sabor da
sua pele na minha língua — reforço a declaração quando inclino o rosto e
levo a boca ao seu queixo, circulando minha língua ali. — Diz que quer o
mesmo, por favor. Diz para eu poder fazer isso.
Suas mãos sobem aos meus cabelos, os dedos apertando.
— Isso é um sim? — questiono, quase implorando para que seja. —
Sim, por favor, diga que é um sim.
Ela se remexe uma e outra vez, então essa é a minha resposta quando
Isabelle pressiona a palma da mão na minha nuca, incitando minha cabeça a
ir para baixo.
Entendo seu pedido, então me inclino e a beijo novamente; dessa vez,
nossas línguas se enroscando e desesperadas. Ela começa a dar suspiros
abafados, baixinhos, roucos, mas que terminam de acabar com minha
sanidade.
Me apoio em um braço para conseguir por a mão dentro do moletom,
onde acaricio a pele tão macia. Quero isso tanto...
— Luke! — O grito é no mesmo momento que mordisco a carne macia
de sua barriga.
Afasto a cabeça para olhá-la. Ela está vermelha e com os lábios abertos,
os olhos em minha direção, a respiração descompassada. Ofegante.
Correspondendo.
— Isabelle — aproximo novamente nossos rostos e um grunhido de
insatisfação escapa dos meus lábios quando meu telefone começa a tocar. E é
o toque da minha família.
Que grande droga.
Capítulo 23
Luke se vira para mim assim que desliga o celular. Ele parece ofegante
e os cabelos estão novamente bagunçados. Lindos…
— Era o meu pai — diz. — Minha irmã teve outro alarme falso. Ela está
grávida e prestes a ter os bebês. São gêmeos.
Eu não sei o que dizer, então me sento, muito desconcertada e
envergonhada.
— Ela está bem? — É o que acho cabível perguntar.
— Sim — ele assente, jogando o celular no chão, em cima do tapete. —
E você, bem?
Não, é o que tenho vontade de dizer. Não estou bem porque, estou em
uma praia deserta, na casa da família dele, deitando em sua cama enquanto
ele me dá uns beijos quentes e, Deus me ajude, eu quase o deixei fazer
demais.
— Estou… — abaixo o olhar, mas minhas mãos se direcionam para
minha boca. — Minha voz voltou…
— Não com total potência — ele troveja diante de mim e eu ergo o
olhar, vendo-o já bem perto. — Mas deve voltar logo. Você se sente melhor
com seu corpo? Ainda parece que foi atropelada? — sorri.
Ele está agindo normalmente, como se não tivesse estado me beijando
com vontade há poucos minutos.
— Hm, eu... — desvio o olhar. — Um pouco melhor.
— Você achou bonita a casa?
— Achei.
— Certo. Vamos lá fora?
Eu olho para cima quando vejo sombras de movimentos e o vejo tirar a
blusa branca e dobrar, colocando em cima da cama.
— Vamos dar uma volta — emenda.
Assinto e me levanto. Em instantes estamos caminhando de volta para o
andar de baixo.
É melhor estar caminhando na areia do que estar propensa a fazer
besteira sobre a cama e sob o corpo quente do Luke.
A cada dia que passa, eu tenho mais certeza que não sei lidar com
alguém, a não ser eu mesmo. As pessoas sempre saem triste depois que se
aproximam de mim. Não sei o porquê disso, mas é assim que acontece.
Deito na areia, as mãos cruzando e indo para trás da cabeça, então como
em flashes o passado volta à minha mente. Lindsay chorando. Me segurando.
Implorando para eu não ir. Dizendo que me amava. Ela pequena, encolhida,
cheia de pavor e medo.
E o que fiz? Simplesmente me virei e fui embora, como se não fosse a
mulher que eu amava. Como se ela não valesse nada.
Olho para cima mais atentamente quando ouço um barulho, e ele vai
ficando mais alto, então me sento, meus olhos estreitando quando vejo um
helicóptero se aproximar.
Me levanto, surpreso e já ficando na defensiva. Ninguém vem aqui,
somente minha família, então passo as mãos no rosto e começo a me
aproximar do local em que ele vai pousar.
Em instantes o helicóptero se abaixa sobre a areia, meus olhos
começando a se arregalar quando a porta do piloto se abre e ninguém mais e
nem menos que meu pai desce, caminhando para o outro lado e tirando
também minha mãe de dentro.
— Mas que… — começo a me apavorar.
Eles estão rindo de alguma coisa, então começam a caminhar em minha
direção de mãos dadas. Eles sabem que estou aqui. É claro que sabem.
Estou pasmo e perplexo. Meu pai ergue a mão livre e acena, se
aproximando de mim.
— Oi, filho — me cumprimenta e minha mãe sorri largamente. —
Viemos te visitar.
— Vieram me visitar? — Eu praticamente cuspo a pergunta.
— É, o seu pai queria experimentar se aprendeu mesmo a pilotar — ela
explica. — Eu fiquei morrendo de medo de cair, mas, fazer o que, eu confio
no meu homem.
Balanço a cabeça, incrédulo.
— Estou acompanhado — é a única coisa que sai da minha boca.
— Você está com alguma mulher aqui? — Meu pai arregala os olhos e
minha mãe o aperta por reflexo, provavelmente temerosa de que ele dê um
ataque.
— Sim, pai, eu estou. Ela já não está à vontade, e quando virem que os
meus pais apareceram de surpresa, vai ficar pior.
Minha mãe leva a mão livre ao peito, fingindo indignação.
— Nós somos uma ótima companhia, Luke.
Meu pai dá uma risadinha.
— Exceto quando você está embaixo de mim — ele a olha, dando um
sorriso. — Ou em cima.
Ela ri de volta, assentindo.
Passo as mãos no rosto, não acreditando no que estou vendo.
— Vocês tem que voltar — falo.
Eles negam, então me ignoram e começam a caminhar em direção à
casa.
— Não acredito nisso — vou atrás, frustrado. — Vocês precisam voltar.
— Nós acabamos de chegar, rapaz — meu pai troveja. — Não vamos
voltar agora.
Balanço a cabeça, desacreditado.
Eu os sigo quando entram na casa, indo direto para a cozinha, e estagno
no lugar quando vejo que Isabelle está nela, vestida em minha calça de novo,
os cabelos presos, enquanto limpa o balcão.
— Boa madrugada — meu pai fala e ela leva um susto, soltando o pano
e levando uma mão ao peito, a boca abrindo e emitindo um gritinho.
Isabelle demora uns instantes até olhar para cima, então seus olhos se
arregalam quando olha do meu pai para minha mãe, parecendo mais
assustada ainda.
— Eu já vi você — minha mãe se pronuncia.
— Eu também — ele concorda. — Ela estava na festa do Luke.
— Ah, sim. É mesmo. Você é a menina que Amy estava fazendo passar
vergonha.
— Mãe — eu me aproximo e eles me olham. Suspiro. — Essa é a
Isabelle, ela está trabalhando comigo agora. Isabelle — a olho —, estes são
meus pais, Natalie e Philip.
Meu pai é o primeiro a se debruçar na bancada e estender a mão a ela.
— Muito prazer, Isabelle. Philip Mackenzie, ao seu dispor.
Ela aperta a mão dele, pigarreando, ainda de olhos arregalados.
— Muito… Prazer — responde e em instantes minha mãe está ao seu
lado, a analisando de cima a baixo.
— Você está com a roupa de aula do Luke — ela murmura. — Ele tem
ciúmes dessa roupa — sorri e a puxa para um abraço. — Bem-vinda à nossa
casa.
— Obrigada — Isabelle responde, mas parece muito sem reação.
— Você veio visitar ou… — meu pai deixa no ar.
Ela se afasta da minha mãe, chegando mais para o lado, o olhar de
incômodo, parecendo agoniada.
— Estava doente e o seu filho disse que eu poderia me sentir melhor
aqui — responde.
— Entendo. Essas desculpas esfarrapadas… — meu pai me olha. —
Você não se envergonha?
— Como se você soubesse o que significa isso — minha mãe debocha,
então volta a se aproximar de Isabelle, que novamente pega distância.
— Nós já íamos embora pela manhã. Isabelle estava resfriada e eu achei
que o clima daqui ajudaria — explico, não deixando passar o olhar curioso
que minha mãe lança a ela.
— Sem dúvidas, o clima — meu pai bufa. — Você se sente melhor,
Isabelle?
— Bastante, obrigada — ela tenta sorrir, mas não consegue olhar bem
para ele.
— Nós estamos incomodando — minha mãe enfim percebe.
— Não estamos incomodando coisa nenhuma — ele discorda.
— Philip! — Ela o repreende.
Ele me olha, os olhos sempre grandes, estreitos para mim.
— Vamos lá fora bater um papo, garoto — fala com a voz mais alta e sai
na frente.
Minha mãe assobia e me dá um aceno, então eu o sigo para fora,
lembrando que, seja o que for, não passa despercebido aos olhos de Philip
Mackenzie.
Capítulo 28
Um silêncio assustador pesa por uns segundos entre nós, mas logo é
dissipado quando começo a rir.
Todos me olham de olhos arregalados como se eu fosse louca — talvez
eu seja. Não é a primeira vez que ouço palavras duras e não vai ser a última.
Luke fez apenas menos mal que os outros, apenas falou. Não há nada demais
em ser sincero, e é exatamente o que digo, mas em outras palavras.
— Seria bom que todas as pessoas fossem tão sinceras — sorrio, mas o
olhar do pai dele é o que me atrai. Ele parece… Enxergar mais do eu gostaria.
Me viro para a mãe. — A senhora disse que já íamos…
— Sim, sim — ela pigarreia, me respondendo rapidamente. — Vamos
indo. Philip…
— Ok — ele responde simplesmente e então desce os degraus, a mão da
senhora Mackenzie envolvendo a minha e me passando um calor confortável,
algo que não estou acostumada a sentir exceto por minha vó.
Nós seguimos em silêncio pela praia, até onde está o helicóptero. O pai
dele abre a porta atrás e me ajuda a subir, subindo em seguida para colocar os
apetrechos de segurança em mim. Então eu me surpreendo quando ele
também envolve minha mão nas suas e me olha de perto, com os olhos verdes
tão claros, diferente dos do filho.
— Peço perdão em nome da nossa família — fala baixinho, só para
mim. — Não leve em consideração o que você ouviu. O Luke precisa se
achar.
Eu sorrio, assentindo.
Ele sorri também, mas é um sorriso com dor, então desce, para
acomodar a esposa.
Suspiro, juntando as mãos no colo e apertando os dedos uns nos outros,
meu sorriso alongando.
Eu não vou chorar por causa do que um homem me disse. Não vou. Até
porque ele não disse nada do que eu já não soubesse. Eu não valho nada
mesmo.
***
Respiro fundo mais uma vez e vou para o elevador, esperando que eu
possa ainda ter o emprego que me foi oferecido. Se não tiver, tudo bem, acho
que posso falar com Brandon que garantiu me ajudar.
Solto um suspiro, me acomodando no fim do cubículo então um homem
entra também. Ele sorri para mim e eu sorrio de volta.
— Bom dia, senhorita Monaghan. Que prazer em revê-la.
— Lian... — aceito sua mão em cumprimento.
— Você está me devendo um almoço, eu não me esqueci. O nosso foi
interrompido.
Assinto, gostando muito do sorriso que ele me dá. É sincero.
— É verdade — eu concordo.
— Não sou um fofoqueiro — ele finge cochichar para mim em segredo
—, mas dizem que o Mackenzie que está no comando é um pouco louco por
conta do exército.
Eu sorrio, assentindo.
— Ele é.
— Você viu a forma como ele nos tratou? — Lian assobia. — Sorte a
dele que eu estava na sua companhia e me mantive calmo, ou poderia ter
usado meus golpes de luta nele.
Dou risada.
— Falo sério — ele reforça. — Eu tenho aulas de luta e sou bom nisso.
Gosto de bater.
Eu paro de rir, um pouco surpresa.
— Você fala sério?
— Falo — ele sorri, as portas do elevador abrindo em seu andar. — Eu
tenho que ir, mas te espero no refeitório ao meio-dia para gente dar uma
volta. Tenha um bom dia.
Lian sai depois que aceno e afirmo, então as portas se fecham
novamente e eu vou para o último andar, suspirando com um pouco mais de
alívio.
Ao menos ainda tenho o Lian por aqui.
Quando adentro a recepção, a secretária sorri para mim. Dou bom dia,
sorrindo de volta e caminho sem muita vontade para a sala de Luke.
Bato duas vezes antes de abrir a porta e entrar, fechando-a de volta e
virando para caminhar até a mesa, onde ele está muito concentrado em algo
que está lendo.
— Bom dia — me pronuncio.
Ele tem um leve momento de surpresa, é notável, seus olhos se erguendo
para mim e abrindo um pouco mais.
— Você veio.
— Sim, é o meu trabalho agora. Ou estou demitida?
— Não está — ele pigarreia, então gesticula a cadeira de couro em
frente à mesa para eu sentar. — Não pensei que você fosse vir.
Eu sorrio, ajeitando minha bolsa sobre meu colo.
— Onde preciso ir hoje?
Ele me encara por uns instantes, mas abaixa a vista.
— Pensei que você poderia visitar nossa loja de roupas que fica no
shopping também.
— Tudo bem, é só me dar o endereço — abro a bolsa e pego meu
bloquinho e uma caneta. — Pode dizer — o olho, mas Luke já está com a
atenção em mim, o semblante estranho, me deixando, de algum jeito, pior.
— Tem o endereço aqui — ele desvia e me passa uma pasta preta
parecida com um fichário. — Você vai fazer o mesmo que fez da última vez.
Provavelmente vai acabar antes das oito, a loja fecha às nove. Você pode ir
embora de lá.
— Ok.
— Pode tirar o seu horário de almoço a hora que quiser.
— Ok — balanço a cabeça e pego a pasta, depois de guardar o
bloquinho. — Mais alguma coisa?
— Por enquanto, não. Eu não vou estar por aqui, caso você queira falar
comigo, eu vou te dar o meu número pessoal e…
— Não quero o seu número pessoal — nego. — Qualquer coisa eu ligo
para a sua secretária e ela te passa o recado. Se eu tiver alguma dúvida muito
urgente, pergunto ao Brandon.
Ele fica me encarando por uns segundos, mas assente.
— É que o Brandon me disse que você não tinha celular, então pensei
que…
— Eu não tenho mesmo — o interrompo. — Mas com certeza há
telefones em sua empresa. Eu prometo achar uma forma de me virar — me
levanto. — Bom dia para o senhor.
Dou as costas a ele e caminho de volta por onde acabei de entrar.
É por minha avó e só por ela.
***
***
— Você quer entrar? — pergunto ao Lian quando ele me deixa em
frente à minha casa.
Ele me olha e sorri. Está com os cabelos loiros ensopados por causa do
treino da vez. Foi melhor ainda do que no dia anterior. Dessa vez ele não
aguentou e acabou gemendo um pouco de dor, o que me deixou preocupada.
— Eu quero. Sua avó não vai ficar com raiva?
— Não. Ela vai gostar de te conhecer. Você está bem?
— Estou — ri e passa a mão no queixo, onde ficou um pequeno corte
então eu saio do carro, Lian me acompanhando.
Nós caminhamos até a porta, onde a destranco e logo avisto minha vó
sentada em sua poltrona, costurando como sempre.
Ela nos olha e parece um pouco surpresa quando percebe que estou
acompanhada.
— Oh, você chegou — diz e levanta-se, dando um sorriso.
— Sim, vó. Esse é o Lian, um amigo do trabalho. Ele me trouxe hoje —
o olho. — Lian, esta é minha avó Abigail.
Ele caminha até ela e dá um beijo em sua bochecha, minha avó sorrindo
pelo gesto e eu também.
— Prazer em conhecer a senhora.
— Igualmente, rapaz — ela me olha. — O que houve com o Luke? Por
que ele não trouxe você hoje?
Balanço a cabeça, Lian me olhando também, as sobrancelhas erguidas
em um óbvio tom de indagação.
— O Sr. Mackenzie está viajando e não sabe quando vai voltar —
respondo.
— Senhor Mackenzie? Quem é esse?
— É o Luke, vó. — Estou desconfortável.
— Viajar para onde? — insiste.
— Eu não sei.
— Ele foi? — É a vez de Lian.
— Ele disse que iria — o olho.
— Eles tem essa tendência — ele ri. — Meu pai disse que o pai desse tal
Luke fez a mesma coisa. Abandonou a empresa nas mãos do irmão e sumiu
por um tempo grande. Depois voltou cheio de marra.
Estreito os olhos pelo tom de nojo e desdém que ele faz o comentário.
Minha avó também parece perceber, pois o avalia.
— Bem, é melhor eu ir — Lian volta a sorrir e acaricia o ombro dela. —
Foi um prazer conhecê-la, Abigail.
— A você também — vovó sorri, mas não é seu sorriso habitual.
Ele se aproxima de mim e me deixa um beijo na bochecha, me
desejando boa noite e saindo em seguida.
Respiro fundo e observo quando ela volta a sentar e recomeçar sua
costura.
— Para onde o Luke foi? — questiona, sem me olhar.
— Não sei mesmo.
— E você nem perguntou?
— Não, porque não é da minha conta.
Minha avó assente, se calando, então eu peço licença e vou para meu
quarto, tomar banho e querendo dormir. E só dormir.
Capítulo 33
***
Estou concentrada enquanto tento não deixar o café cair de uma mão e
as pastas dos braços. Cumprimento a secretária e me apresso em chegar à sala
rapidamente. Dou duas batidas e entro, segurando as pastas embaixo do
queixo, como apoio.
Coloco em cima da mesa, juntamente com o café, e ponho as mãos na
cintura em seguida, suspirando.
Dean não está na cadeira, o que é estranho, então eu me viro para
procurá-lo, mas meus olhos se abrem um pouco mais ao ver Luke. É ele
mesmo, em pé, ao lado da porta, por onde acabei de passar.
Ele está escorado, as mãos nos bolsos da calça, o cabelo arrumado e a
barba bem feita. O olhar escuro está em mim, me encarando.
— Bom dia — digo um pouco surpresa. — Não sabia que o senhor ia
voltar… Hoje.
Luke inclina a cabeça um pouco para o lado.
— Voltei. Tinha que voltar.
Eu assinto e me viro novamente para a mesa.
— Estas são as análises de todos os departamentos de ontem para hoje
— aponto as pastas e agarro o café. — Eu trouxe o café favorito do Sr.
Mackenzie, seu irmão, mas vou pegar o que o senhor gosta, já que ele não
está mais aqui.
Já estou caminhando de volta à porta, quando Luke chega para o lado e
intercepta antes que minha mão chegue à maçaneta.
Retrocedo um passo.
— O senhor prefere que eu faça algo aqui?
— Como está sua avó? — ele cruza os braços.
— Bem, obrigada. Ela ficou um pouco doente, mas já está melhorando.
— Posso levar você hoje? Gostaria de vê-la.
Balanço a cabeça, tentando esconder minha surpresa.
— Você pode ir vê-la, se quiser, mas me deixar não.
— Por que não?
— Porque vou para a aula com o Lian, só depois vou embora.
— Aula? — Ele ergue uma sobrancelha e faz o barulhinho com a boca,
eu desviando o olhar porque sempre quero sorrir quando ouço e isso é muito
esquisito.
— De luta — explico.
— De luta?
— Posso ir? — Aponto a porta.
— Que luta? — ele insiste.
— Não tem algo a ver com o trabalho.
— Claro que não — ele se afasta da porta e dá um passo em minha
direção, ficando um tanto próximo, seu cheiro invadindo meu ar. — É por
isso que você está com o rosto roxo?
— Meu rosto não está roxo — minhas mãos vão à minha face em um
instante, num impulso.
— Claro que está — Luke se aproxima mais e sua própria mão se ergue,
seus dedos passando desde o meu queixo até minha bochecha. — Está muito.
Eu pensei que você tinha caído.
— Não caí — me afasto. — Gostaria de pedir para me retirar para…
— Para com isso — ele faz uma careta. — Por que isso de luta? Por que
você está tendo que deixar que te batam?
— Por que você está pedindo satisfação do que faço? — Estou irritada,
mas me contenho.
— Talvez porque eu deva me preocupar ao te ver cheia de hematomas.
— Não, você não tem. Eu quero passar.
— Mas não vai, merda — ele entra à minha frente, seu rosto pairando
acima do meu, os lábios juntos em um sinal de desagrado. — Quem te bateu?
Estou imediatamente perplexa.
— Não me bateram, foi um treino.
— Não se deixa o rosto de uma mulher assim, você é louca?
— Você é louco! — elevo as mãos, desacreditada. — Quem você acha
que é?
Luke me encara, os olhos mais abertos.
— Lian, não é? — questiona, então volta à porta e a abre, saindo
rapidamente em direção ao elevador.
Não sei o que pensar, mas meu instinto me diz para segui-lo e eu vou,
um pouco apreensiva e temerosa.
Capítulo 34
Eu estou cego.
Simplesmente ignoro o elevador e desço pela escada, tentando esvair
minhas emoções de alguma forma enquanto me esforço nos andares; mas,
quando chego ao terceiro, não tem funcionado.
— Lian — eu falo para a primeira pessoa que se aproxima então ela
aponta para um grupo de pessoas perto de uma mesa. Estão conversando e
distraídos.
Menos mil pontos para todos. Não se fica de papinho em horário de
expediente. Principalmente em uma empresa do meu comando.
Eu caminho até eles, alguns olhos já arregalando de surpresa ao meu
notar, mas, dane-se. Eu não me importo.
— Quem é Lian? — questiono sentindo meu ouvido zumbir. Já ouvi
esse nome.
— Eu sou — um cara responde. Também já vi esse rosto.
— Você é — eu confirmo antes de chegar até ele e destilar um soco em
seu lado direito do rosto, sua cabeça indo para o lado oposto e ele levando a
mão para onde bati.
Eu não aguardo ele se recuperar. Estou cego mesmo. Agarro seu
colarinho com a mão esquerda e o soco mais duas vezes no rosto, antes de
jogá-lo sobre a mesa.
Ele se levanta rapidamente e me olha com fúria, vindo para cima de mim
com tudo, mas eu desvio, passando a perna por baixo das suas e o fazendo
cair, então me sento sobre ele e encho seu rosto de socos.
Quantos eu consigo. Quantos posso. Até minha mão cansar.
— Sabe por que você está apanhando? — questiono, o fazendo me
olhar. O cara é forte, admito, está com os olhos bem vivos para mim. — Me
fala, seu desgraçado!
— Você é um homem morto — ele cospe sangue na minha cara, mas eu
dou outro soco em seu rosto.
— Você está apanhando porque não se bate no rosto de uma mulher
daquele jeito! E nem de jeito nenhum! — rosno, dando uma cotovelada em
seu queixo, seus dentes tintilando uns nos outros. — Simplesmente não se
bate em mulher!
Ele grita de dor e eu me levanto, chutando suas costelas.
— Levanta, caramba! Você não gosta de bater? Bate em mim!
— Desgraçado — ele geme, se contorcendo.
— Meu Deus! — É a voz de Isabelle. Não é exatamente a voz. Ela está
rouca ou algo assim, mas eu não consigo me concentrar nela, e sim no idiota
que está levantando do chão.
Nada se ouve, apenas nossas respirações.
— Eu não bati nela — ele fala, o rosto em fúria óbvia, então vem para
cima de mim. — Era um treino, babaca!
— Treino merda nenhuma! — o paro com um tapa em seu peito na hora
que ele se aproxima, ao tempo que rapidamente se esquiva para trás, por
impacto; e eu enlaço seu pescoço, o arrastando até o chão e prendendo sua
cintura entre minhas pernas, meus braços o enforcando. — Você sabe que
não foi um treino! Você queria machucá-la!
— Ele não quis! — Isabelle grita. Ela está com a voz trêmula. — Eu que
não desviei a tempo!
Eu a ignoro, então aperto mais o pescoço do cara.
— Eu devia te matar por deixá-la com o rosto assim. Devia te torturar
por ter deixado ela se machucar. Devia tirar o seu coração por ter se
aproximado dela — o largo só para levantá-lo junto comigo e o fazer cair de
novo com um soco forte no meio do rosto.
Ele rosna. Agora parece mesmo furioso.
— Levanta, desgraçado! — grito, cuspindo no chão.
Ele levanta com dificuldade e vem para cima de mim de novo com tudo,
mas eu o chuto, ele indo para trás, mas voltando e quase conseguindo acertar
meu rosto. Agarro seu braço a tempo e viro para suas costas, torcendo. Ele
grunhe e quando percebo que a dor já foi o suficiente, solto.
Ele cambaleia para trás e cai de volta no chão, então me aproximo e
chuto seu estômago, não para causar um estrago, mas para que fique ciente da
merda que fez. Muitos chutes. Consecutivos.
Ele está ensanguentado, mas não vai morrer. Não é para morrer, ao
menos, não ainda.
— Por favor! — Isabelle grita. — Meu Deus! Sem brigas! Por favor!
Eu olho para o lado, vendo-a com o rosto inundado em lágrimas.
Meu peito contorce.
Ela não está me olhando. Eu vejo. Consigo ver. Ela quer que eu pare,
mas não por ela, mas pelo tal Lian. A atenção dela está toda nele.
Rosno, desacreditado.
— Ele te machucou! — grito, incrédulo.
Isabelle corre de repente, me ignorando completamente.
Para ele.
Estou prestes a me afastar, pasmo, desacreditado, completamente
arrependido de ter causado a merda de uma cena à toa porque ela ainda está
preocupada com o babaca que deixou seu lindo rosto machucado.
Então é muito rápido quando sinto o impacto contra meu peito e, logo
em seguida, o grito esganiçado.
Meus olhos não focalizam bem, mas ela correu para minha frente e eu só
vejo a perna do cara abaixar e Isabelle caindo contra mim.
Em um reflexo, me abaixo com ela para o chão, as mãos dela indo para a
barriga, Isabelle se arqueando em busca de ar, os olhos lacrimejando.
— Luke… — ela geme.
Minha boca seca, meu corpo treme e eu não consigo pensar.
Os olhos dela se fecham de uma vez e eu tenho certeza que parei de
respirar.
Capítulo 35
***
— Sempre vai conseguir fazer minha avó babar por você? — questiono
ao Luke, enquanto nos direcionamos ao seu carro.
— Sim, porque eu sou demais.
Eu o olho e lá está a expressão que demorou a aparecer. E, de alguma
forma, fez falta.
— Você é muito idiota.
Ele sorri, abrindo a porta do carro para mim e, antes que eu entre, sinto
sua respiração muito próxima. Pode ter sido impressão, é claro, mas também
ouvi um som. Um ruído ou algo assim.
Luke está ao meu lado em instantes e o seu cheiro se espalha pelo
veículo.
— Pronta para a melhor noite da sua vida? — questiona, com um sorriso
de canto.
— Estou com fome, na verdade.
Ele estreita os olhos e sorrio.
— Ok, vamos te levar para comer — fala.
— Vamos comer.
— Nós vamos — ele me dá uma piscadinha e liga o carro, nos tirando
do meio do nada.
Eu não sei para onde estamos indo, mas quando ele faz várias curvas e
dá voltas por lugares que não conheço, começo a me remexer. Está um pouco
frio por conta do ar gelado do carro e eu o olho, a fim de perguntar.
— Onde vamos?
— É uma surpresa.
— Pois eu não gosto de surpresas.
— Você vai gostar.
— Não vai me dizer?
— Não, Isabelle. Se não deixa de ser uma surpresa.
Suspiro, contrariada.
— Por que você não me deixou sair da sua sala nos últimos três dias? —
pergunto. Ele não deixou, e isso me incomodou, porque eu já estava
acostumada a carregar pastas pelo prédio e a ir em vários lugares atrás de
números.
— Porque o médico me disse que você precisava de uns dias para se
recuperar.
— Certo, mas me sinto bem.
— Que bom.
Suspiro de novo.
— Você não vai mesmo me dizer para onde estamos indo?
— Apenas saiba que você vai gostar.
Me recosto no banco, indignada. Mas, tudo bem, se eu vou gostar, posso
esperar.
Depois do que parecem muitos minutos, Luke finalmente estaciona.
— Nós chegamos — avisa e sai do carro, a porta ao meu lado sendo
aberta em instantes e a mão dele se estendendo à minha frente para eu
segurar.
Estou um pouco em conflito, mas tiro o cinto e aceito sua ajuda. Olho
em volta, um pouco perdida, então estou boquiaberta.
— Um Porto? — indago. — O que estamos fazendo aqui?
— Não é o que estamos fazendo, é o que vamos fazer — ele fecha a
porta e segura minha mão mais firmemente, me incentivando a caminhar com
ele pelo caminho que estão distribuídos alguns barcos pequenos.
Estou impressionada e incapaz de falar.
— Eu não sei nadar — digo, impulsiva.
Luke não responde, apenas para ao lado de um iate e sobe. Me afasto um
passo, embasbacada.
— Venha — ele estende a mão novamente para mim. — Vamos
conhecer o Gabe.
— O Gabe?
— O meu iate — sorri.
Estou tão pasma que apenas me aproximo de novo e ponho minha mão
na sua, Luke me ajudando a subir.
Quando estou firme sob o chão, ele sorri para mim.
— Vamos nos divertir — diz e leva minha mão aos lábios, beijando.
Ainda estou tentando entender, mas assinto e o deixo me levar para o
meio do transporte, temerosa, porém confiante de que pelo menos uma
comida boa eu vou comer.
***
Estou sentada nesse sofá marfim que, posso afirmar com certeza, é mais
macio que a minha cama. Luke me deixou aqui e foi por uma portinha,
sumindo lá dentro por uns cinco minutos.
Eu deixo meu olhar percorrer o pequeno cômodo, que tem uma estante
com TV e alguns outros aparelhos eletrônicos; também um bar, uma poltrona
preta de couro e uma mesinha de xadrez com duas cadeiras. É bem
confortável e íntimo. Na verdade, tudo relacionado ao Luke parece ser assim.
O escritório, a casa dele, a casa na praia e agora o Gabe.
— Você está sorrindo — ele reaparece, chamando minha atenção. Está
muito bonito em uma camisa social azul clara e o jeans escuro, contrastando
com os sapatos de couro marrom e o relógio prateado reluzente em seu pulso.
É uma cena bonita.
— Estou pensando que os lugares que você tem são muito agradáveis de
estar.
— São mesmo — Luke traz uma panela de porcelana cinza que está
tampada e coloca sobre a pequena mesinha de centro que está bem em frente
ao sofá. — Fondue — tira a tampa. — De queijo. Você gosta?
— O que é? — ergo a sobrancelha, mas imediatamente o cheiro
delicioso me embala e sei que vou gostar.
Ele dá um risinho.
— É uma receita boa para o inverno. Se não comeu, vai experimentar.
O observo sair novamente e, quando volta, traz dois pratos com garfos
normais e outros dois grandes.
Ele põe um prato com cada talher em minha frente e o outro onde vai
sentar, ao meu lado.
— Você que fez? — pergunto, passando as mãos nervosamente no
vestido. Luke parece sempre tão à vontade com tudo que faz, que é um pouco
intimidante.
— Sim. Esqueci o principal — ele ri e levanta de novo, voltando bem
rápido com dois recipientes de vidro. Um contém pãezinhos cortados e o
outro, carne, todos cortados em quadradinhos pequenos. — Agora sim.
— Parece… Bom.
Ele sorri e pega o garfo maior de seu prato. Bem maior.
— É assim, você espeta o pão ou a carne aqui. Espeta bem para não ter o
perigo de soltar quando levar ao molho — ele mergulha o garfo na tigela —,
aí, quando você for levar para o prato, dá uma voltinha assim para não
respingar na mesa e pode tirar com o garfo. Esse aqui — mostra o garfo
maior —, você pode apoiar aqui em cima, não tem problema — põe sobre a
panela.
Eu sorrio.
— Obrigada pela aula.
— Disponha — pisca para mim e pega o pãozinho com os dedos,
jogando na boca.
— Ei, isso não é nenhum pouco educado — dou risada.
— Eu sei — gesticula a mesa —, pode se servir. Vamos ser sem
educação juntos.
Eu assinto, me debruço e pego o garfo maior, espetando na carne e
levando à panela, obtendo o molho e fazendo como Luke disse, então trago
ao meu prato e tiro com o garfo normal, trazendo até a boca.
Um gemido de satisfação é inevitável. Está perfeito.
— Hmmm — Luke me imita. — Tão bom assim?
— Excelente — respondo com a boca cheia.
Ele sorri, todo convencido.
Mastigo e engulo.
— Você é um ótimo cozinheiro — admito, lambendo o pouco de molho
no canto da boca.
Luke acompanha o movimento com os olhos.
— Eu sou — concorda.
Ignoro o fato de que ele parece em um pequeno transe e volto a comer.
Está perfeito e mais um pouco. Nunca comi algo tão bom.
Ele levanta e vai até o bar, voltando com duas taças longas e uma
garrafa.
— Vinho branco — ele diz. — Você já bebeu?
— Uma vez — o olho, tampando a boca —, eu estava servindo em uma
festa. Bebi vinho tinto. Depois fui querer beber uma taça, mas era um pouco
salgado… Sabe, o preço.
Ele assente e coloca as taças na mesa, preenchendo-as em seguida com o
vinho. Só uns dois dedos, quase nada.
— Combina muito com o fondue. Tudo quentinho. — A voz dele está
mais grave e suave. Gostosa de ouvir.
O silêncio. A paz. O conforto. O relaxamento. É bom. Um momento
agradável. Gosto mesmo do que estou sentindo.
Nós comemos em silêncio, Luke vez ou outra me lançando um sorriso
gentil. Estou à vontade, algo que não é mesmo comum, mas, não sei, com ele
é simples. Torna-se simples.
Quando estou satisfeita, suspiro e bebo o vinho, gostando muito do
gostinho meio forte e ao mesmo tempo suave, que realmente combina muito
com o molho, o tal fondue.
Solto uma respiração funda quando termino e levo a taça de volta à
mesa, então olho para Luke, que já está com sua atenção em mim.
Sua mão se ergue e ele limpa embaixo da minha boca, onde caiu um
pouco do vinho, então espalha um pouco do respingo pelo meu lábio inferior,
avaliando a ação.
Respiro fundo.
— Você gostou do que eu fiz para você? — questiona, um sussurro
abafado.
Assinto, maneando a cabeça.
Seus olhos se erguem para os meus, mas ele não quebra o contato, ao
contrário, seu corpo também vem para mais próximo de mim.
Não quero me afastar, apesar de saber que, talvez, eu devesse porque ele
está com os olhos brilhantes como quando chegou perto de mim na casa da
praia. E eu sei como acabou…
— Você é linda, sabia? — ele pergunta, mas não acho que deseja uma
resposta, já que seus dedos passam a acariciar todo o meu rosto, desde a
minha boca, bochecha, testa e sobrancelhas. — Fico me perguntando se sente
tão à vontade na minha companhia como me sinto na sua.
— Sinto — admito, porque sinto. Isso é bem notável para mim.
Luke sorri. Um sorriso curto.
— Você lembra o que sentiu no sofá, quando eu te toquei?
Engulo em seco. É uma pergunta muito… Capciosa.
— Lembra? — ele insiste. — Porque eu não me esqueci o que senti e o
que te vi sentir.
— Eu… — hesito, estremecendo um pouco quando ele inclina a cabeça
e beija o canto da minha boca.
— Você tremeu sob meus lábios — sussurra, lambendo o cantinho do
meu lábio inferior, sua mão indo para debaixo dos meus cabelos e agarrando
minha nuca, numa pressão que me faz estar ciente da sua pretensão. — E
você gritou o meu nome, sabia? Eu ainda quase posso escutar. Me diga, você
gostou do que eu te fiz sentir?
Ele leva a boca até minha orelha e morde a pontinha, um calafrio me
percorrendo.
— Você está me provocando — consigo dizer, meus olhos se fechando.
— E você gosta, não é? Gosta que eu te provoque.
— Não é bem assim que funciona — as palavras se arrastam da minha
boca, a voz rouca, porque seu perfume me deixa imobilizada.
— Então me diga como funciona. Estou curioso. — Luke roça os lábios
em minha têmpora e estremeço.
— Não desse jeito. — Estou fraca de repente. — Eu… Luke, não dá pra
falar assim.
— Assim como? — ele enfia os dedos em meu cabelo e beija meu rosto.
— Você me… — respiro fundo. — Está me hipnotizando desse jeito —
confesso, já com dificuldade para respirar.
— É mesmo? E você gosta, não é?
— Na verdade, não.
— Hmmm... — ele dá um risinho e beija meu pescoço, a corrente
elétrica sendo imediata. — Tão racional.
— Você não é. Alguém precisa ser...
Minhas pernas estão dormentes. Eu estou dormente. Estou mole, mole.
Luke ri baixinho e passa a mão direita até minha garganta, onde
impulsiona minha cabeça para trás, a outra mão me segurando a nuca ainda,
me mantendo como quer.
Suspiro, embalsamada por ele.
— Me diga, querida, o que faço agora? — pergunta, encostando a boca
em minha orelha.
Estou muito mole. Derretida. Me sinto em brasas.
— Por favor… — as palavras fluem, em uma petição desesperada.
— Por favor o quê? — Luke raspa os dentes em minha garganta.
— Me solta.
— Não vou soltar até me dar a resposta correta. Você sabe disso, não é?
— Essa é a resposta correta.
Estou perdida.
— Não, não é. O que você quer realmente é a resposta correta.
— É o que eu quero — afirmo, sem forças.
— Seja sincera comigo. Diga o que você realmente quer, Isabelle — ele
está calmo e tranquilo.
— Por favor, me solta… — peço em uma última tentativa.
Luke beija meu queixo, até minha orelha, onde me lambe e também
mordisca. Agarro seus pulsos, por puro reflexo.
— Não seja teimosa — pede, um sussurro rouco. — Estamos perdendo
tempo aqui. Diga pra mim o que quero ouvir.
— O que você quer ouvir é diferente do que quero dizer — inclino meu
rosto ao seu toque.
— Não estou pedindo para me dizer o que quer, e sim o que tem
vontade.
— Luke, por favor… — imploro.
Sinto seu suspiro em meus cabelos.
— Adoro que diga meu nome — ele suspira e solto um grito em
surpresa e choque quando me impulsiona a ir para trás, deitando no sofá.
Seu rosto paira acima do meu e em segundos os lábios dele se juntam
aos meus, o grunhido que dá reverberando por todo o meu corpo e me
fazendo queimar.
Minhas mãos se erguem para seus cabelos, que estão macios e naturais,
meus dedos se infiltrando por entre os fios sedosos.
Luke arrasta uma mão para baixo, acariciando a lateral do meu corpo,
me ligando de uma forma descomunal.
Me sinto em um mar de prazer, relaxando aos poucos; principalmente
quando sinto o veludo quente e molhado ultrapassar por meus lábios. A
língua do Luke. Ele a movimenta em ritmos sincronizados dentro da minha
boca, gemendo loucamente e eu só posso amolecer mais. Mais e mais…
Meus olhos se apertam quando o sinto desviar para meu pescoço, onde
suga e lambe, parecendo desesperado. Eu também estou. Agora eu estou.
Precisando também de mais.
— Você é tão cheirosa — ele troveja, grave.
Aperto mais seus cabelos, puxando. Luke grunhe, descendo os lábios
mais para baixo, para meu colo.
Estou me erguendo para sua boca, ofegante.
— Minha bela está quente — me olha de cima, então fico um pouco em
transe quando ele rapidamente puxa meu vestido, expondo meu sutiã. Não
sabia que a peça me deixava tão vulnerável.
— Também está ofegante.
Eu estou, não nego.
Luke sorri e olha para meu sutiã. Gosto imediatamente da expressão que
toma seu rosto. Um misto de surpresa, dor e desejo. Muito desejo.
— Uau... — ele quase sussurra, então seus olhos voltam aos meus
enquanto aproxima a boca, começando a beijar minha pele disponível,
intercalando entre lambidinhas e mordidas indolores.
Estou formigando.
Me remexo, seu nome saindo dos meus lábios em um tom mais que
desesperado.
É demais. Simplesmente demais para suportar ter Luke tão perto, me
tocando assim, sendo assim… É tão novo. Bom.
Ele se endireita, só para puxar a alça direita do meu sutiã para baixo,
meu seio sendo exposto.
Luke morde o lábio, só para me olhar por uns segundos e então cair de
boca, sugando toda a carne que consegue e chupando, enquanto rosna.
Estou alucinada...
— Nossa... — meus olhos querem se fechar, mas eu não quero permitir.
Ver Luke me tocar é muito bom.
Em instantes estou com os dois seios sendo agraciados por sua boca,
língua e dentes, e nem sei como. Mas, nem importa, só o que importa é isso
que estou sentindo. A liberdade…
— Preciso sentir o seu gosto de novo, minha bela — ele informa. É um
aviso, na verdade.
Luke se abaixa em frente ao sofá e puxa minhas pernas, eu estando tão
mole que me deixo ir.
Ele começa a alisar minhas pernas e beijar, lamber, chupar, gemer…
— Oh, Deus… — minha cabeça está zumbindo.
Luke vai abrindo-as conforme seus lábios sobem, e eu permito, porque
ele parece tão maravilhoso no que está fazendo. Minhas pernas já viraram
gelatina.
Ele grunhe quando meu vestido sobe totalmente, se afastando um pouco
para me olhar.
— Você se preparou para essa noite? Sabia que eu te teria para mim? —
questiona. — Sabia que me deixaria tão louco?
Meu peito está subindo e descendo fortemente, em uma óbvia falta de ar
total.
Luke não espera uma resposta, abaixa-se novamente e começa a
distribuir beijos pelo interior das minhas coxas, de uma forma lenta e
torturante.
Meus dedos dos pés estão se contorcendo em uma reação e não consigo
soltar o lábio inferior de entre os dentes. Estou derretendo…
— Luke… — chamo seu nome, sem motivo aparente.
Ele não me responde, apenas me surpreende quando leva a boca ao meio
de minhas pernas e envolve, sem eu esperar.
Minha cabeça impulsiona para trás, um grito esganiçado saindo da
minha boca por consequência da ação prazerosa.
Luke grunhe, seus dedos apertando minhas coxas, mantendo-as abertas,
enquanto ele suga praticamente minha calcinha para dentro da boca.
É entorpecedor.
Ele afasta a boca, só para me dar tapinhas por cima da calcinha e eu
ofego, desesperada.
— Você é perfeita — ele grunhe.
O olho, já sem saber se estou focando muito bem. Estou alucinada, é
verdade.
— Fala para mim, você me quer? — ele traz o rosto para perto do meu,
seus dedos me acariciando entre as pernas, em uma fricção que me faz
agarrar seus ombros, choramingando.
Engulo em seco, começando a suar. Estou aflita.
— Diz — ele roça os lábios no meu. — Fala para eu ouvir da sua boca.
— Sim — admito, trêmula, Luke estreitando os olhos quando respondo,
meu nome saindo de seus lábios em um sussurro.
— Eu sei — geme, um grito me escapando quando sua mão se infiltra
para dentro da minha calcinha e ele rosna.
— Vem para mim — ordena e berro quando sinto seu dedo longo e
grosso me penetrar, em uma fricção perfeita e eu me deixo ir.
O choque sobe desde os meus pés até a cabeça, explodindo como uma
bomba, que me destrói em milhões de pedaços. Meu Deus do céu... Mal
respiro.
Eu não sei como, mas, quando abro os olhos, trêmula, estou abraçada ao
Luke. Abraçada fortemente, enquanto ele mordisca minha orelha e eu sinto
seu dedo me acariciar por dentro. Poderia querer a sensação para sempre,
com certeza. É mais que esplendorosa.
— Você me quer, Isabelle? — ele sussurra. — Você quer que eu te faça
mulher de verdade?
Gemo, escondendo meu rosto em seu pescoço e inalando o cheiro dele.
Masculino, bom, prazeroso.
— Eu quero — sussurro de volta. Quero muito.
Luke geme, eu me surpreendendo novamente quando sou erguida e, sem
qualquer dificuldade, ele nos leva para uma outra porta, onde eu vejo que é
um quarto.
Ele me deita no meio da cama, deixando um beijo demorado no canto da
minha boca, antes de se levantar e ficar ao lado, suas mãos indo para os
botões da blusa e desfazendo-os enquanto se livra dos sapatos.
Eu me remexo, ansiosa por vê-lo.
Deveria ser uma vergonha, meus peitos de fora e eu quase com a roupa
rasgada, mas tudo que sinto é calor e prazer. Anseio por mais.
— Tire sua roupa também — ele pede. — Faz isso para mim?
Balanço a cabeça, um pouco conturbada, mas não estou pensando tão
bem mesmo, então me sento e termino de tirar o vestido junto com o sutiã,
jogando-os no chão, então me deito e agarro as bordas da calcinha, tirando-a
pelas pernas e também jogando.
Mordo o lábio, agarrando os seios e apertando-os com força, enquanto
junto bem as pernas.
— Não, baby. Abre — Luke abaixa a cueca e, quando se ergue, minha
boca é que se abre e um gemido é inevitável.
É tão… Nossa. Longo, largo, simétrico, chamativo…
Levanto o olhar para seus olhos novamente e Luke me encara, firme,
então eu o vejo agarrar o membro ereto e movimentar a mão de cima a baixo;
um movimento tão forte, que os nós de seus dedos ficam brancos e ele grita.
Um grito todo masculino e forte.
Minhas pernas se abrem de forma automática e ele rosna, vindo para a
cama e caindo de boca em mim de novo.
Meus olhos reviram e balanço a cabeça, o choque sendo mais do que
bom demais. Estou nas nuvens.
— Luke! — grito, agarrando seus cabelos.
Ele geme e rosna, sua boca em mim sem qualquer pudor ou controle, me
sugando e puxando, sua língua me lambendo até que seu dedo volta para
dentro de mim e ele faz voltas, me deixando louca.
— Eu vou… — começo, mas não termino, apenas vou, sentindo todo
meu corpo falhar mais uma vez, em um ataque de contrações e choques.
Sinto os beijos quentes por minha coxas e, quando consigo abrir os
olhos, vejo Luke já ajoelhado entre minhas pernas, suas mãos envolvendo a
grande extensão no preservativo.
Me contorço, agarrando novamente os seios em um aperto forte.
— Ansiosa, minha bela? — ele me olha, então lambe os lábios. — Você
me quer?
— Quero — assinto, estranhando minha própria voz. Um fio de voz.
Luke assente e se debruça sobre mim, seus braços aos lados da minha
cabeça, apoiando o próprio peso.
Ele se inclina até me beijar, um beijo todo quente e que vai se
intensificando conforme se abaixa mais, nossos corpos se aproximando e eu
prendo a respiração quando sinto o toque entre minhas pernas.
— Hmmmm — mordisca meu lábio inferior.
Acaricio suas costas, braços e ombros, até erguer os dedos para seus
cabelos novamente, onde puxo.
Luke grunhe, então eu grito quando o sinto impulsionar para dentro de
mim, em um movimento mais forte.
— Isabelle... — ele me olha de cima, parecendo desfocado, tanto que
pisca os olhos algumas vezes. — Você está tão pronta…
Puxo seus cabelos, sem saber o que dizer. Não quero pensar. Não posso.
Ele respira fundo, parecendo ofegante, então novamente grito quando o
impulso é total e forte, a dor e ardência instantâneas.
Agora foi…
Fecho os olhos, apertando-os.
Luke respira descompassadamente em meu ouvido, gemendo.
— Minha bela — sussurra, mas estou buscando respirar, tentando não
focar na dor. — Tão perfeita e maravilhosa…
— Luke, por favor — estou choramingando e isso faz com que ele
balance os quadris e se puxe para fora, sua boca reclamando a minha em um
beijo alucinante e que dispersa minha atenção da dor.
Mas outro grito é inevitável quando volta no mesmo instante.
Então ele se afasta, me olhando de cima, parecendo fora de si e muito
selvagem, o olhar escuro no meu, seus movimentos iniciando e se tornando
sem controle; o vaivém desesperado, alucinante, sem medidas, até que ele
grunhe e sua cabeça balança um pouco.
— Isabelle… — ele geme e não fecha os olhos, mas eu sinto quando
algo dentro de mim parece esquentar mais. Muito mais.
Luke murmura roucamente, seus lábios tremendo, ele inteiro tremendo,
parecendo sofrer.
Seus dedos ainda se erguem para meus lábios, ele os circulando, mas os
olhos nos meus.
— Minha Isabelle — sussurra, em um gemido, então afunda a cabeça
em meu pescoço, minhas mãos indo para suas costas e alisando…
E eu já não tenho mais certeza de nada.
Capítulo 39
Estou um pouco alucinado. Ainda. A noite foi tão perfeita que eu não
quis dormir, mas foi inevitável quando rolei para o lado e Isabelle se
encolheu em mim, seu cheiro doce, uma mistura da tentação e inocência, me
inebriando de forma inexplicável. Simplesmente me livrei do preservativo e a
puxei para mim, tendo tido um sono incrível.
Persisto olhando para baixo, ao meu lado, onde ela continua me
abraçando e dormindo com tanta serenidade, que sou incapaz de me mover
para não perturbar seu sono.
Os cabelos emaranhados caídos para frente e um pouco para trás, nas
costas nuas que estão descobertas pelo lençol. A respiração dela está
compassada e tranquila. É a perfeição. Mais que emoção...
Eu poderia querer isso para mim. Acordar assim em todas as manhãs,
por que não? Isabelle me transmitindo tudo que estou sentindo… Exceto pelo
fato de que ela é um pouco perturbada e isso, com certeza, é um pequeno
problema. Mas pode ser resolvido. Se ela me deixar ajudar, podemos resolver
juntos. Eu posso ajudar. Podemos nos ajudar.
Deixo que meus dedos percorram a pele do seu braço, em um carinho
leve, tocando a maciez que ela tem. Ela é mesmo muito macia. Eu senti e só
de lembrar minha boca fica seca.
Depois de alguns minutos, ela se remexe muito lentamente, então
suspira. Seu corpo para por uns segundos e observo quando ergue a cabeça,
seus olhos claros me vendo e focando, enquanto ela engole em seco.
— Bom dia, flor do dia — sorrio, pela sua expressão. — Dormiu bem?
Isabelle pisca algumas vezes, então engole em seco de novo, só para
desviar o olhar e voltar a se aconchegar em mim, seu rosto se escondendo em
meu peito, e eu sorrio coberto de satisfação.
— Vou entender você estar feliz hoje — fala, um sussurro abafado e
rouco. — Eu também estou.
Subo minha mão por suas costas, até infiltrar meus dedos por entre seus
cabelos e fazer uma massagem.
Ela geme.
— Estou mais que feliz — admito. — Não me lembro da última vez que
me senti tão leve e em paz.
É verdade.
Fecho os olhos quando recebo uma mordidinha no peito, Isabelle dando
um riso baixo.
— Desculpe, eu queria ver como era a sensação de morder tantos
músculos — diz. — Fico feliz por você estar feliz.
Abaixo minha cabeça e afundo meu rosto em seus cabelos, o cheiro
deles me fazendo suspirar.
— Você é tão quente — ela acaricia minha barriga. — Isso é uma
cicatriz?
— Sim — abro os olhos e faço uma pequena pressão nos fios. —
Levante a cabeça, quero olhar para você.
Isabelle o faz, o sorriso que ela me lança me deixando de boca aberta.
— Está contente? — pergunto.
Ela assente, os olhos brilhando.
— Sim, eu não sabia que minha noite ia terminar desse jeito. Ao menos
consigo entender o que aconteceu, na verdade.
Sorrio, pegando impulso e nos virando, meu corpo sobre o dela.
Isabelle ofega, seus olhos nos meus, ela parecendo tão… Leve. Porque
está comigo. É, sim. Por minha causa. Isso eu fiz certo, pelo menos.
— Você me perdoa? — pergunto, muito culpado. — Pelo que falei na…
— Esquece isso, Luke — me interrompe, como se não fizesse caso. —
Eu já disse, ouvi coisas bem piores.
— Eu não quis dizer aquilo.
Ela sorri, concordando. Ao menos o sorriso em seu rosto está constante
e isso me enche de alívio.
— Estou sentindo... — Isabelle desvia um pouco o olhar. — Estou
sentindo vontade novamente.
Meu sorriso também é instantâneo.
— Está, é?
— Sim — volta a me olhar, parece envergonhada. — Sabe, daquele
molho de ontem. Ainda tem, não é?
— Depende qual — me ergo um pouco para tirar o lençol de nossos
corpos e Isabelle ofega, o dela perfeito ficando descoberto e sob meus olhos,
minha vontade já muito evidente.
Suas mãos avançam para meus braços e ela me aperta por reflexo.
— Qual você quer primeiro? — pergunto, abaixando a cabeça e levando
minha boca para um dos seios redondinhos e perfeitos.
— Luke! — É o meu nome em um suspiro, cheio de desejo.
— Responda — mordisco o biquinho já eriçado entre meus dentes,
soltando só para passar a língua em volta. Isabelle se arqueia, pedindo por
mais. E eu dou mais a ela, porque ela se entregou para mim.
A verdade me preenche, me fazendo ter noção do que foi. Sim, ela se
entregou. A mim. Porque quis. Para mim.
— Você quer a mim primeiro? — sussurro a pergunta contra sua pele,
meus olhos na tarefa, eu me perdendo gradativamente; mesmo sabendo que
não posso permitir que isso aconteça. Não de novo.
— Oh, nossa… — ela arranha meus ombros quando sugo o outro
mamilo para dentro da minha boca e o movimento entre meus lábios. —
Você. Sim.
Sorrio, satisfeito com a resposta, então respiro fundo enquanto desço
minha mão livre por seu corpo, até o meio de suas pernas, onde a encontro
molhada e pronta. Porque sou eu.
Espalho sua umidade com meus dedos, deixando-a bem lubrificada para
mim, então me ajeito entre suas pernas, guiando-me para dentro do seu corpo.
Só o início, só o suficiente para Isabelle se agitar e gemer.
— Você foi mesmo feita para mim — o pensamento escapa da minha
boca em palavras e ela prende a respiração em resposta, seu corpo me
apertando, em um movimento involuntário.
Fecho os olhos, tomando equilíbrio, mas me assusto quando ela de
repente grita e me empurra, parecendo desesperada para que eu saia de cima
dela.
Eu saio realmente, em reação.
Ela senta, se encolhendo, ofegante, os olhos um pouco arregalados.
— Isabelle, o que foi? — questiono quase assustado demais.
— Você… — murmura, olhando para o lado. — Não vi você colocando
o preservativo.
Minhas sobrancelhas se erguem.
— Não, é verdade — digo, tentando me aproximar, mas ela senta e se
afasta, parecendo de repente isolada enquanto se cobre com o lençol e olha
para o chão. — Mas eu não ia fazer mal a você.
— Poderia se repetir… — sussurra, mas não é para mim. Ela parece
muito distante de repente, estando em uma conversa interior. — Poderia
acontecer novamente.
— Do que você está falando? — pergunto um pouco agoniado.
— A minha mãe — fecha os olhos e abaixa a cabeça —, a história dela
quer se repetir comigo e eu quase deixei isso acontecer.
Então fico um pouco abalado, mas mais preocupado porque, droga, a
culpa é inteiramente minha se a deixei pensar que eu seria capaz de fazer a
mesma coisa.
Capítulo 40
Estou em pânico.
É bem óbvio, mas não consigo evitar. As coisas aconteceram muito
rápido e estou desesperada, sem saber como reagir.
O que vou fazer?
— Desculpe — Luke sussurra e o sinto passar os braços ao meu redor,
me puxando para seu corpo.
Eu me esforço a deixar, porque ele não é culpado pelas merdas que
enfrento, mas tem sim total culpa pelo que senti. Muito prazer misturado. Me
confundiu.
— Eu não quero prejudicar você, Isabelle — ele afirma, acariciando
minha têmpora com os lábios. — Nós tivemos algo bom e eu quero manter
assim. Eu te disse que pode funcionar, e pode mesmo, se você quiser arriscar
junto comigo.
— E se eu não quiser?
Luke suspira. Um suspiro de contrariedade.
— Se você não quiser, eu vou fazer algo para te fazer mudar de ideia.
Eu me remexo, virando o rosto para sua pele e inspirando seu cheiro
bom que, de todas formas, me acalma muito, mas me deixa agitada ao mesmo
tempo.
— Vamos comer — me afasta um pouco e me olha. — Está com fome,
não é?
— Estou — assinto, estremecendo quando ele sorri para mim.
Observo quando Luke alisa meu braço e levanta, saindo do quarto sem
nenhuma roupa e não parecendo nenhum pouco incomodado por isso. E nem
deveria. Ele é perfeito de corpo. Parece uma pintura em holograma, só que
sendo real.
Suspiro e seguro o lençol junto ao corpo, me perguntando o que pensará
minha avó. Ela não deve estar preocupada, claro que não, o fato de Luke ser
um ex-soldado a faz ter certeza de que estou bem. Deveria me sentir, mas não
consigo completamente.
Sempre que penso que estou bem, alguma coisa me atrapalha e isso é
decepcionante porque, é muito óbvio, ninguém é obrigado a sofrer comigo as
consequências da minha vida. Ninguém.
Prendo os cabelos e em instantes Luke retorna ao quarto, trazendo a
mesinha que estava na pequena sala para o quarto, com a comida em cima.
Minha boca se abre, em uma surpresa. Ele sorri e pisca para mim, seu
corpo grande, suculento e moreno parecendo mais alto, enquanto os músculos
dos braços se flexionam pela força e o seu… Oh, minha nossa. Que
chamativo.
— Vem aqui, coelhinha — ele me chama e eu mesma me surpreendo
enquanto levanto rápido da cama, segurando o lençol enrolado ao redor do
meu corpo.
Luke não parece muito satisfeito, pois, quando chego perto dele e ele
coloca a mesa no centro do tapete do quarto, suas mãos avançam para o pano
e ele o puxa de mim, me fazendo ter um pequeno sobressalto.
— Você é muito bonita para ficar coberta — fala, então se senta no
chão, me puxando junto para si, eu me apoiando em frente ao seu corpo, o
dele atrás do meu. — Nós vamos comer assim —
beija meu ombro e dá uma mordida.
— Assim como? — Não estou tão confortável sentindo a dureza e
quentura no meio das minhas costas, mas ao mesmo tempo estou pelo corpo
do Luke, tão grande e confortável.
— Agarradinhos — ele beija meu pescoço e em seguida leva as mãos à
mesa, cortando um pedaço do bolo de massa branca e colocando em um
pratinho, que logo está ao meu alcance. — Coma — pede.
Eu não hesito, também levanto as mãos e o trago à boca, comendo com
a mesma fome que estou, os farelos escapando da minha boca e caindo.
Luke enche um copo com um suco amarelo e coloca ao lado, enquanto o
sinto se mexer um pouco.
— Você não vai comer? — questiono quando suas mãos passam a alisar
minhas pernas, que estão juntas e encolhidas por causa da mesa.
— Não estou com fome… — hesita e mantém uma mão sobre minha
perna direita, enquanto a outra volta à mesa e ele pega uma maçã. — Mas
vou comer para não te deixar nessa sozinha.
Sorrio, terminando o bolo.
— Você fez essas coisas? — questiono.
— Não, essas eu trouxe já feitas — ele morde um pedaço da fruta e
mastiga. — Eu sou muito organizado e trouxe tudo mais cedo, antes de trazer
você.
— Hmmmm — estendo as mãos e corto outro pedaço de bolo, Luke
rindo atrás de mim. — O que foi? — viro um pouco a cabeça para vê-lo.
— Você está faminta — murmura, sua boca úmida da maçã chamando
minha atenção. Os lábios atrativos. Ele os lambe e sei que é de propósito.
Desvio o olhar e volto a comer.
Depois de alguns minutos, quando já estou acabando, o sinto me apertar
mais contra seu corpo, um suspiro me escapando.
— Sabia que o maior que podemos cometer na vida é o de não tentar,
Isabelle? — questiona em minha orelha, sua voz rouca e controlada.
Eu me remexo, um arrepio me percorrendo, então abandono o copo
sobre a mesa e olho para baixo, tentando controlar minhas próprias emoções.
— Você se sente bem assim comigo? — faz outra pergunta, sua mão
abandonando a maçã e Luke puxando meu cabelo para o lado, começando a
distribuir beijos molhados em minha nuca.
Me remexo, evitando suspirar.
— Eu sei que você se sente e eu também me sinto. É muito bom — diz
seus beijos descendo mais e meu corpo indo para frente de um jeito
involuntário; os beijos dele passando por minhas costas, onde suas mãos
também vão e eu posso mesmo achar que vou derreter.
— Isso é… — tento falar, mas não tenho palavras.
— É bom — Luke completa, continuando com seu carinho por uns bons
minutos, como se tivéssemos todo o tempo do mundo.
Suspiro, relaxando totalmente sob seus lábios.
— Venha cá — ele me puxa e estou tão maleável que ao menos percebo
como consegue me fazer deitar no chão, suas pernas abrindo as minhas e ele
deitando sobre mim, sua boca me dando vários beijos rápidos nos lábios.
Me remexo embaixo dele, só para observar Luke se ajoelhar e pegar a
garrafa de vinho do dia anterior sobre a mesa, sorrindo para mim.
Eu sinto um arrepio pela sua expressão, mas ele simplesmente a
destampa e vira, deixando um pouco do líquido gelado cair em minha
barriga.
— Luke… — me contorço, desacreditada, tanto por sua ação como pela
sensação.
— Isabelle ao vinho branco — ele sorri e se inclina, beijando e sugando
minha barriga, me deixando limpa. — Uma delícia. Eu aprovo muito.
Agarro seus cabelos, em reflexo, Luke deitando no chão de barriga para
baixo e mordendo o lábio.
— Você é uma delícia — revela e grito quando também sinto ser
molhada pelo vinho entre as pernas, dessa vez, bem mais.
Ele não perde tempo, imediatamente traz a boca até mim, rosnando
enquanto me suga, chupa e lambe; minhas pernas tremendo em reação.
— Hmmmm… — morde o interior da minha coxa, me fazendo dar
quase um pulo, mas logo acalma a dor com a língua. — Gostosa.
Engulo em seco, tentando focar o teto, mas meu coração falta pular da
boca quando me sinto ser erguida novo, mas dessa vez para sentar em seu
colo.
Estou ofegante, o olhando com os olhos arregalados.
Como ele consegue ser tão rápido e me movimentar como se eu não
fosse nada mais que um peso pena?
Levo minhas mãos aos seus ombros, em busca de apoio. Luke sorri.
Parece, como sempre, bonito demais e convencido na mesma medida.
— O que está fazendo? — pergunta, suas mãos indo para trás e
agarrando meus glúteos com força, me fazendo remexer.
— Eu não sei — admito.
Ele dá uma risadinha rouca e me ergue um pouco, então sinto a pressão
entre as pernas, me fazendo prender a respiração.
— Tudo bem. Pode relaxar, eu não vou machucar você.
— Grande — digo, engolindo em seco.
— E grosso — ele me dá um tapinha e ri quando me arqueio.
— Não estou vendo graça… — respiro com dificuldade.
— Nem eu — ele estreita os olhos e os meus se arregalam quando me
puxa de uma vez para baixo e me senta sobre si, meu corpo tendo um
espasmo violento.
— Luke! — grito, o choque me deixando inerte por uns segundos e ele
agarra meus quadris, me incentivando a remexer para os lados. — Meu Deus!
— Eu vou morrer — ele espalma uma mão nas minhas costas e me puxa
para frente mais um pouco, seu rosto indo para entre meus seios, onde ele
geme. — Morrer, Isabelle.
Não, eu vou, tenho vontade de dizer; mas estou queimando e pulsando
por dentro, ansiosa por ele, então agarro seus cabelos e me remexo, gemendo
pela pressão boa.
— Isso… — me incentiva. — Rebola com força.
Seguro-o mais firmemente, me mexendo aos poucos, a sensação ficando
cada vez mais desesperadora.
Luke me incentiva a subir e descer, parecendo descontrolado enquanto
treme embaixo de mim.
— Eu não vou aguentar… Tanto… — geme, então sinto seus dedos
entre minhas pernas, no lugar que tudo parece desmoronar. — Vem, Isabelle,
pra mim.
Olho-o de cima, Luke também me olhando ao mesmo tempo e
sussurrando alguma coisa em voz baixa, mais semelhante a uma súplica, e eu
me deixo ir, gritando e mantendo os olhos abertos porque quero vê-lo, mas é
completamente impossível quando ele insiste me tocando e eu caio para
frente, tremendo.
Ele nos deixa cair para trás e suas mãos voltam aos meus quadris, ele
estocando dentro de mim com uma força desesperada e grunhindo alto; até
que geme, o rosto indo para meu pescoço de novo, seus braços ao meu redor,
me pressionando contra si.
Estou alucinada.
— Eu estou ferrado… — o ouço sussurrar, tão baixo que seria inaudível,
se eu não tivesse prestando tanta atenção.
Capítulo 41
***
A única coisa ruim, no entanto, é que eu não sei como tudo vai se dar
daqui para a frente.
O que é isso que parecemos estar tendo? E se eu me apegar? E se eu
estiver gostando demais e não percebendo os riscos? Eu posso estar
formando um filho neste exato momento.
Um calafrio me percorre ao pensar nisso e tomo uma decisão de
imediato, me levantando e caminhado até sua mesa.
— Bela Isabelle — seus olhos se erguem para mim e ele sorri. —
Precisando de algo?
— Sim, eu gostaria de saber se posso tirar o horário de almoço agora.
Luke faz um beicinho.
— Eu pensei que nós íamos almoçar juntos - murmura.
Tento sorrir, meu peito contorcendo.
— Seria ótimo, mas eu prometi comprar uma coisa para minha vó. Sabe,
as linhas de costura dela estão acabando e…
Ele se levanta.
— Eu levo você — diz —, podemos aproveitar e tomar um sorvete.
— Não! — protesto, imediatamente. — Não precisa. Eu até volto mais
rápido, se você quiser almoçar comigo mesmo.
Sua sobrancelha se ergue, ele desconfiado, mas acaba concordando e
volta a sentar.
— Tudo bem, vá lá — sorri. — Mas, não demora muito, ou eu posso
ficar tristinho.
Dou risada, tentando me controlar para não me aproximar e abraçá-lo,
então tirar suas roupas e beijá-lo enquanto ele me invade incansavelmente
e…
— Céus — eu suspiro, a boca seca de repente. — É melhor eu ir — digo
depressa e então vou até minha bolsa e a pego, saindo de sua sala.
É o certo a fazer. Eu sei que é. Não posso me dar esse luxo. Luxo
nenhum, na verdade. O que estou pensando? Tenho 22 anos, Luke 25. Mal
sabemos o que pode acontecer conosco. Nem sei o que ele pensa ou quer.
Deve estar empolgado com a novidade de poder me convencer a fazer tudo
que quer tão facilmente. Eu, sinceramente, não sei o que pensar, mas decido
agir pela razão.
Saio para a rua e chamo um táxi, pedindo para que me deixe em uma
clínica o mais perto possível, preferencialmente de saúde para mulher.
É o certo. Tem que ser.
***
***
***
***
Mesmo após três semanas, a dor ainda continua insistente. Mesmo que
eu esteja me forçando a não lembrar. Mesmo que nada pareça me ajudar. É
quase caótico.
Observo minha irmã amamentar seus bebês, como se fosse a coisa mais
maravilhosa do mundo. Ela sim, com certeza, está feliz.
Confesso que esses almoços de família não são meus programas
favoritos, mas é a minha irmã e seus filhos, então me esforcei para vir.
— Isso não dói? — questiono a ela. — Os dois ao mesmo tempo?
Amber me olha e sorri.
— Não, dói menos que a boca do pai deles, com certeza.
Faço uma careta, bem no mesmo instante que Nicholas chega e adentra
o quarto dos bebês, indo até eles e se abaixando, então beija cada um e, em
seguida, minha irmã.
— Você precisa de alguma coisa? Está com fome? — questiona a ela,
que sorri brilhantemente para ele.
— Não, amor. Estou bem e para de querer me deixar gorda.
— Eu amo você como for — ele declara e levanta, dando um beijo em
seus cabelos.
Depois de aguardar mais uns minutos, ele pega os filhos no colo, um de
cada vez, e leva para os berços, os beijando e voltando para ajudar Amber a
levantar.
— Você pode ir descansar, eu vou ficar com o Luke por perto, se eles
chorarem — diz, guiando-a para fora.
— Está bem, mas não deixa meu irmão pegá-los fortemente porque ele
tem a mão pesada como meu pai.
Nicholas ri e assente, e até eu riria, mas não estou conseguindo achar
muita graça.
— Entra. Senta aí — meu cunhado aponta a poltrona que minha irmã
estava. — Como está tudo depois que você voltou?
— Bom — sento, ele tomando assento em uma cadeira de balanço.
— Ficamos muito felizes que você pôde voltar a tempo de ver os bebês
nascerem — ele está falando mais baixo por causa do sono dos pequenos.
— Foi bom — concordo. — Ainda é estranho ver minha irmã como
mãe, ou até você como pai. Nós jogávamos videogame um dia desses. É
mesmo estranho.
Ele ri.
— É maravilhoso — olha os bebês. — Trabalhoso, muito, mas também
muito bom. Gosto da vida que tenho. Não foi fácil consegui-la.
Assinto.
— Cara, sei que houve algumas coisas entre a gente — Nicholas hesita e
suspira —, mas ainda somos amigos. Você pode contar comigo para o que
for.
— Como você soube que era apaixonado pela minha irmã? — A
pergunta simplesmente sai dos meus lábios.
Ele ri, então respira fundo.
— Foi quando eu percebi que não tinha graça ficar sem ela, mesmo que
ela não estivesse falando comigo ou, até estivesse, mas me jogando sete
pedras, como aconteceu na maioria das vezes — sorri. — Mas, eu a queria, a
companhia dela, tinha que vê-la, era… Sabe, é estranho de dizer, mas mesmo
que a pessoa esteja te repelindo, você necessita dela. Era uma necessidade
constante.
— Que bom — olho para o chão, incomodado, fingindo que não
entendo; mas, eu entendo tão bem que é quase assustador.
— Não foi fácil — Nicholas suspira. — Ter a Amber, quero dizer. Eu
sofri um inferno, ela também. Era desgastante para mim ficar tentando e
tentando algo que eu nem sabia se era real. Eu sentia, mas não sabia se era
correspondido. Ela dizia que não, os atos que sim, e eu ficava me sentindo
perdido — respira fundo, como se não quisesse lembrar.
Eu o olho, vendo a dor em seus olhos.
— Foi horrível, cara. Achei que não ia ficar com ela nunca. Mas ela me
amou — o sorriso volta, junto com um suspiro de alívio. — Ela me quis tanto
quanto eu a quis, eu só precisei persistir e não desistir. Uma hora veio e, olha
só para mim — gesticula —, sou o homem mais sortudo da Terra, não?
Sorrio pela felicidade óbvia dele.
— Fico feliz que você esteja assim e faça a Amber igualmente feliz —
digo sincero.
— Eu a amo — ele sorri —, sempre vou amar. E você, está solteiro?
— Sim, não é… — pigarreio. — Ninguém parece se dar muito bem
comigo.
— Fica frio, você vai encontrar alguém que te faça feliz. Todo mundo
encontra, em algum momento.
Eu concordo, meus olhos se fechando enquanto escondo o rosto entre as
mãos.
Esse é o meu medo.
Ter encontrado, mas não ter percebido.
Capítulo 47
Ainda não entendo como minha avó pode ter odiado nossa viagem. Foi
tudo lindo. O lugar, os passeios… Tudo! Simplesmente não entendo como ela
quis voltar. Estou chateada de verdade.
— Você ainda me ama? — ela pergunta chegando ao meu quarto e
sentando na beirada da cama, onde estou deitada.
— Não amo — murmuro, ao que ela ri.
— Vamos ser sinceras, querida. Estava um saco. Eu ao menos te via
contente. E, você sabe, eu só estou feliz se você estiver.
Eu sorrio, me virando de barriga para cima.
— A gente podia tentar em outro lugar. Um outro país, que tal?
Minha vó suspira com impaciência.
— Não, Isabelle. Essa casa foi comprada com muito suor meu. Seu avô
e eu moramos aqui — ela desvia o olhar. — É a minha única lembrança. Não
quero sair daqui.
— Vovó, não se pode viver do passado.
Ela me olha, parece espantada.
— Não é passado, é o amor da minha vida — diz, as mãos indo ao peito.
— Mesmo que tenha acontecido tudo como se deu, eu o amava, Isabelle.
— Ele não merecia seu amor — sento, um pouco incomodada. —
Homem nenhum merece ser amado. São todos uns idiotas. Eu os odeio.
Para minha surpresa, minha avó rir.
— Posso saber o motivo da sua revolta? Será o mesmo de você querer
mudar?
— Não — coço a bochecha —, eu apenas estou dizendo a verdade.
— E por que você acha isso?
— Ora, vó! Olhe para a senhora, minha mãe… Esses homens que
apareceram para vocês…
— Mas eram apenas dois homens — ela arqueia as sobrancelhas
brancas. — Você não pode basear as ações de dois homens sobre os milhões
que existem na Terra, filha. É até injusto.
Bufo, em descrença.
— E tem também o Luke! — despejo. — Ele só não me abandonou com
um filho porque eu consegui raciocinar a tempo e me preveni.
Ela então parece assustada, e eu arrependida, porque falei algo com a
cabeça quente e sem pensar. Que grande merda…
Minha vó direciona os olhos para baixo, para minha barriga, então abre
a boca. Seu olhar só se ergue para mim novamente depois de muitos
segundos.
— Você… E o Luke… — ela pisca algumas vezes. — Deus, Isabelle!
Por que você não me contou?
— Não era mesmo relevante — me remexo, desconfortável. — Ele me
insultou depois, então tanto faz.
— Eu esperava que ele fosse pedi-la em namoro em algum momento…
Então eu rio. É inevitável.
— A senhora foi mais iludida que eu, vovó.
— Como assim iludida? — questiona. — Luke não me pareceu um mau
rapaz.
— Bem, eu pensei que não — desvio o olhar. — Ele pareceu, em algum
momento, que queria realmente tentar alguma coisa comigo.
— Você também queria?
— Eu não sei — junto as mãos. — Não é estranho pensar que alguém
quer estar junto a você? — respiro fundo. — O ponto, no entanto, é que, não
sei, fiquei morrendo de medo de ser abandonada. Até pensei que ter um bebê
pudesse ser prazeroso, mas eu não tinha a certeza se ele ia estar comigo, o
Luke. Soa confuso para a senhora? Eu querer ser mãe, mas ao mesmo tempo
temer isso?
— Claro que sim — ela parece desesperada por me responder. — Você
não tinha certeza se ele ia estar com você. Ou tinha?
— Não, ele não disse nada. Mas, eu não sei, pareceu irritado quando
achou a caixa do medicamento — suspiro. — Na maior parte do tempo, eu
odeio ter que tê-lo conhecido, mas… A senhora sabe quando fica uma
confusão muito grande na cabeça?
Minha avó ri.
— Você está parecendo um pouco perdida, Isabelle.
— Estou — admito. — Não consigo parar de pensar em como ele me
humilhou, mas também me lembro de como ele me tratou bem. Vó… —
aperto as mãos. — Ele até cantou para mim. A voz dele é muito bonita. Eu
fiquei tão… — procuro a palavra. — Sabe, fiquei… — me remexo. —
Emocionada.
Ela dá uma risadinha.
— Parecem ter sido muitas emoções as que ele causou em você.
— Foi — eu suspiro, me sentindo péssima. — Não era fugindo, sabe?
Mas, sei lá, talvez tentar a vida em um lugar que não me lembrasse dele ou
qualquer homem que nos fez sofrer, fosse ser bom.
— Meu amor — ela senta ao meu lado e acaricia meus cabelos —,
talvez houvesse um pequeno detalhe nos homens que sua mãe e eu
conhecemos que eu não lhe falei.
— Qual?
— Eles não nos amavam — ela sorri, tristemente. — Nunca se
preocuparam em demonstrar isso. Nós é que estávamos apaixonadas e não
quisemos raciocinar, mas, seu avô e pai, nunca prometeram amor ou
demonstraram.
— Eu sinto muito, vovó — suspiro, a abraçando. — A senhora merecia
toda a felicidade do mundo e um homem que valesse a pena.
— Eu fui feliz, Isabelle — ela alisa minhas costas. — Apesar de ele não
corresponder, eu pude ser feliz, porque ele me deu sua mãe — me afasta,
então sorri — e ela me deu você.
Também sorrio.
— Nós temos uma a outra, é o que importa — digo, tentando soar
esperançosa.
Minha vó olha novamente para baixo, minha barriga, então seu sorriso
alonga.
— Sim, nós temos — concorda.
***
***
Estou ultramente incomodada quando Luke retorna, mas não por muito
tempo porque, assim que se aproxima de onde estou, esperando-o sentada em
uma poltrona mais macia que o sofá da minha avó, ele se inclina e seus lábios
se chocam com os meus, em um beijo longo e quente, que me rouba qualquer
ar e raiva.
Ele só se afasta depois de um bom tempo, suas mãos em minha face
fazendo um carinho delicioso.
— Se divertiu?
Pisco os olhos, evitando babar na imagem dele. Suado e gostoso.
Sorridente. Meu namorado.
— Não — respondo, então abaixo a vista quando o sorriso dele some,
Luke parecendo decepcionado.
— Não tinha roupas que você gostou? Podemos ir à outra loja.
— Não é isso — abano as mãos, então me levanto. — Apenas não me
divirto com isso e, quer dizer, eu não estou tentando ser uma ingrata e nem
nada, mas vou pedir que você me avise quando for fazer algo assim, por
favor.
Luke parece estranhar qualquer coisa, porque faz o barulhinho com a
boca e passa as mãos no rosto.
— Está certo… — hesita. — Eu só pensei em uma surpresa ou algo
assim. Desculpe, não sabia que você não gostava.
— Além do mais — agora demonstro todo meu desespero — a moça, a
Lin, colocou umas roupas que eu não precisava e nem disse que queria. Se
você quiser devolver, pode fazer isso.
Estou aflita de novo. É verdade, a mulher foi me entregando roupas e
roupas, cada uma ficando mais bonita que a outra e eu só pensava em gritar
para que ela parasse, ou eu estaria carregando a loja comigo.
— Você não tem que se preocupar quanto a isso — me tranquiliza, se
aproximando novamente e trazendo as mãos ao meu rosto, me acariciando.
— Eu disse para pegar o que quiser.
Então eu estou chorando. Sim, do nada. Eu começo a chorar. Por nada.
Luke parece assustado, mas logo me puxa para si e eu repouso a cabeça
contra seu peito, nem ligando se ele está todo molhado de suor, porque o
cheiro dele continua ali; e me traz paz.
— Está tudo bem, bela — ele sussurra, só para mim. — Eu estou aqui,
lembra?
Agarro sua camisa e choro mais alto, soluçando.
É uma vergonha. Por que estou chorando?
Luke acaricia meus cabelos com uma mão, enquanto a outra está
espalmada em minhas costas, fazendo um carinho bem-vindo.
Ele me deixa ficar pelo tempo que eu quero, muito tempo. Quando me
vejo mais tranquila, suspiro profundamente.
— Melhor? — ele me afasta para perguntar.
Ah… Eu poderia suspirar. Ele está tão lindo, a barba recém-feita o
deixando tão mais jovem, mas nunca menos lindo.
Dou risada, balançando a cabeça, ao que ele também ri.
— Do que você está rindo? — pergunta.
— Eu não sei, e você?
— Estou rindo de você, obviamente — me puxa de volta e inclina a
cabeça, seus lábios circulando os meus, uma carícia branda. — Vamos
embora. Você já disse para Lin enviar as roupas?
— Ela falou que tinha o endereço.
Ele assente e segura minha mão, nos levando para fora da loja.
— Está enjoada? — pergunta.
Eu nego e sorrio, Luke nos guiando pela calçada, sem pressa. Está um
ventinho leve e confortável, e eu respiro fundo tantas vezes, de pura paz, que
ele chega a me olhar.
— Está cansada? Quer sentar? — Ele parece preocupado demais e isso
me deixa um pouco desconfiada.
— Seria bom sentar um pouco — admito.
Ele assente e caminhamos mais uns cinco minutos, até chegarmos a um
pequeno parque, que está repleto de famílias.
Luke nos leva até uma grande árvore e senta contra o tronco, me
puxando pela mão para eu fazer o mesmo.
Ele me ajuda a sentar entre suas pernas, eu me apoiando totalmente nele,
sentindo os músculos quentes dele e suspirando, em um conforto surreal.
Ele beija meu ombro e entrelaça nossas mãos, acariciando.
— É bonito, não é? — sussurra contra meu ouvido. — Todas essas
famílias. As crianças...
— É, sim — concordo, num suspiro.
— Acho que eu vou ser um bom pai — ele fala e eu reteso no lugar
porque, eu não tomei mais os comprimidos.
Engulo em seco, ficando desesperada. Eu não tinha esse costume de
fazer essas coisas que estou gostando de fazer, então não me lembrei.
Luke deve perceber minha tensão, porque logo me questiona se estou
bem.
— Eu… — pigarreio. — Sim. — Me lembro de que a médica me disse
que em até 72 horas podia fazer efeito. Estou orando interiormente para que
assim o seja ou estarei em desespero completo.
— Você está gostando da minha companhia? — Ele questiona.
— Muito — eu suspiro. — Minha avó precisa saber que… Estamos
juntos. Ela vai ficar muito contente.
— Espero que sim — ele mordisca minha orelha, me arrancando um
gemido. — Porque eu não pretendo me separar da neta dela.
Então estou sorrindo longamente pelas palavras dele. Mas… Não vou
levar a sério. Ainda é novidade. Preciso estar centrada porque, sim, Luke
pode se separar.
É bom estar atenta.
Capítulo 54
A senhora Abigail está exultante. Ela nos abraça direto enquanto repete
o quanto é uma das melhores notícias que ela já recebeu na vida.
Eu também acho...
Mas, Isabelle não está parecendo tão bem no momento. Já quando
viemos, ela parecia branca mais que o normal, e agora está com os lábios
roxos.
Seguro sua mão, enquanto ela está sentada ao meu lado no sofá.
Ela me olha, os olhos tristes.
— Está enjoada? — eu questiono, tendo certeza da resposta.
— Eu acho que… — ela suspira, uma ânsia vindo. — Vou ao banheiro.
Já volto — tampa a boca e se levanta, saindo depressa.
Eu suspiro, um sorriso no rosto, só me dando conta porque sua avó diz.
— Você sabe, não é? — questiona, sorrindo igualmente.
— Penso que sei — suspiro. — Não sei como ela… Ainda não
desconfiou.
— Isso não vai ser fácil para ela, Luke. Quando se der conta de que está
grávida.
Passo as mãos por cima do short, em um gesto de nervosismo. Eu não
imaginei que seria aparentemente tão agonizante. Estou louco para que ela
perceba.
— Você está feliz com isso? — vovó pergunta, seu semblante parecendo
um pouco cauteloso.
— Estou demais — admito, meu sorriso voltando.
— Ela precisa estar confiante de que não vai ser abandonada.
Infelizmente, o que ocorreu na minha vida e na da mãe dela, afetou—a
profundamente e isso é muito ruim para ela.
— Eu percebi — me levanto. — Vou falar com ela. Não pretendo me
afastar. Principalmente agora, que eu sei que ela está carregando meu bebê.
Encontro Isabelle no banheiro, abaixada sobre o vaso, vomitando. Eu me
junto a ela, segurando seus cabelos e a ouvindo gemer, parecendo com dor.
— Logo você melhora — digo, tentando soar convicto, mas a verdade é
que não sei quanto tempo ela vai ficar assim.
Ela me olha e a vejo chorando. Está horrivelmente pálida
— Vou te levar ao médico — aviso, ao que ela balança a cabeça, em
negação.
— É só um mal-estar, Luke — sussurra, seu olhar desviando para baixo
e ela suspira. Sei que não acredita nas próprias palavras. — Eu vou… —
então se debruça e volta a vomitar.
Eu aguardo, em silêncio, segurando seus cabelos.
Eu estou realmente feliz por saber que ela está grávida. É tão óbvio para
mim como se eu já pudesse sentir o meu filho. Ou filha. Ou ambos. Estou
sorrindo imediatamente.
— Isabelle — chamo sua atenção, ao que ela me olha. Suspiro e me
levanto, pegando papel e voltando para perto dela, para limpar sua boca. —
Você sabe por que está assim?
Ela geme, apertando os olhos. É um lamento em meio a uma dor, talvez.
Eu não sei. Só quero que ela entenda que estou disposto a isso. A nós.
— Estou com medo — sussurra. — Não sei se… Luke, eu… — ela
tampa o rosto.
— Está muito óbvio para nós o que é — eu me sento no chão e agarro
suas mãos, puxando-as para mim. — Precisamos mesmo ver um médico.
Então ela começa a chorar fortemente, parecendo desesperada.
A puxo para mim e a aninho em meus braços, sentindo-a gelada.
— Está tudo bem — a tranquilizo, porque está mesmo. — Eu vou estar
com você.
— Estou grávida, não é? — ela questiona, entre o choro, mas não acho
que precisa de uma resposta.
— Sim, você está — eu sorrio, uma satisfação imensa me embalando.
Ela treme contra mim, então me empurra um pouco, querendo se afastar.
Eu deixo que o faça e percebo seus lábios trêmulos.
— Eu não… — ela hesita, me olhando.
— Eu estou feliz, Isabelle — sorrio. — De verdade — meu olhar recai
para baixo, para sua barriga. — Um bebê nosso.
Ela esconde o rosto entre as mãos e chora novamente, então acaricio
seus cabelos, me certificando de passar que ela estará bem. Comigo. Eu vou
me certificar disso.
— Nós vamos a um médico amanhã cedo — eu aviso, então ela soluça.
— E, depois de confirmar o que já sabemos, vamos contar à minha família.
— Você realmente está feliz? — Ela me olha, tremendo um pouco e
soluçando.
— Eu estou — reafirmo e é no mesmo instante que meu celular toca e
tiro do bolso, vendo o nome do meu cunhado na tela. — Um segundo — peço
a ela e atendo, sem tirar uma mão de seus cabelos. Quero que ela se sinta
confortável e ciente do meu apoio o tempo inteiro.
— Oi, Nicholas — atendo.
— Oi — ele parece ofegante e fico preocupado no mesmo instante.
— Minha irmã e meus sobrinhos estão bem?
— Sim, sim — ele se apressa em dizer. — Não é sobre eles — suspira.
— É a minha irmã. Ela foi atropelada com o filho e… Está quase... Cara, ela
pediu para te ver... Eu não sei o que fazer... Preciso que venha para cá.
Meu coração para um instante e meu olhar recai em Isabelle.
Lindsay está quase o quê?
Capítulo 55
***
Eu acordo com os olhos pesados, mas meu corpo todo está leve. Leve
como pluma. Depois que saímos da casa da minha avó, e ela rejeitou
veemente a ideia de ir conosco para casa do Luke, nós chegamos lá e fomos
dormir. Ele dormiu abraçado comigo. Foi muito bom. Eu me senti tão bem,
exceto pelo fato que fui diretamente para o banheiro de novo pela madrugada
e manhã.
Logo cedo fomos para uma clínica e eu fiquei muito emocionada quando
recebemos o exame de sangue confirmando uma gravidez. É mesmo verdade
que estou grávida. Vou voltar em uma semana para iniciar as consultas.
Tentei não ficar muito emotiva quando Luke me levantou nos braços e me
rodopiou na sala do médico, chorando logo após.
Eu ao menos posso entender os acontecimentos. De verdade. Não soa
tudo tão estranho? Mas é bom, e isso que me faz me achar louca. É muito
bom.
Agora, de olhos abertos, um sorriso é inevitável quando vejo onde estou.
Está noite, mas esse cheirinho é inconfundível.
Praia.
— Ela acordou — eu ouço atrás de mim e viro a cabeça, vendo Luke
sentado em uma cadeira, com um livro sobre as pernas. — E está sorrindo.
— Eu estou — me sento, não conseguindo tirar o sorriso do rosto. — Oi.
— Oi — ele sorri também. — Espero que não queira me matar por eu
ter colocado uma dosezinha de um sonífero para você. O médico disse que
não ia te prejudicar — seu olhar desce — e nem ao nosso bebê.
Nosso bebê.
— Tudo bem, eu me sinto até melhor — suspiro. — Nos trouxe para a
casa da praia de novo.
— Isso — ele põe o livro de lado e levanta, vindo em minha direção. —
Eu queria apagar a última lembrança que você teve daqui.
Eu sorrio mais largamente, querendo chorar, mas me impeço.
— Gosto de estar aqui — confesso.
— Que bom — ele se abaixa e segura minhas mãos, beijando—as em
seguida. — Você está melhor? Enjoada?
— Estou bem — sorrio pela verdade. — Nenhum enjoo agora.
Luke suspira, aliviado.
— É horrível ver você passando mal e eu não poder fazer nada. Fico
péssimo.
— Vai acontecer muitas vezes, de acordo com o médico.
Ele acaricia minhas mãos com os polegares.
— E eu vou estar com você em todas elas — sorri.
Eu suspiro, me derretendo.
— Você quer dar um mergulho? A água gelada deve fazer bem — ele
palpita.
— Aceito — respondo, animada, então tiro minhas mãos das suas e saio
da cama, ficando de pé.
Luke sorri largamente.
— Alguém melhorou muito.
— Melhorei — eu caminho para ele quando se coloca de pé e o abraço,
fortemente. — Obrigada.
Ele me abraça de volta.
— Vamos logo nadar — sussurra, então me afasto, acanhada.
— Ok — concordo e o deixo passar na frente.
Rapidamente chegamos ao andar de baixo, na varanda, e depois estamos
já na areia gelada, o vento gostoso da noite me fazendo suspirar.
Eu olho para baixo quando sinto Luke entrelaçar a mão na minha, então
para seu rosto, e ele sorri para mim.
— Está bem com isso de entrar na água?
— Estou — sorrio também. — Só não deixa eu me afogar, porque não
sei nadar.
— Vou sempre te segurar, bela — ele aperta um pouco mais minha mão
e eu sinto a certeza da voz e do contato.
Em instantes estou dando uns pulos rápidos quando a água chega aos
meus pés. Luke dá risada, então solta minha mão para tirar a blusa e jogar na
areia, juntamente com o short e… Ai, meu Deus.
Engulo em seco, meus lábios também secando igualmente ao ver seu
mastro delicioso de novo. Isso é muito bom. Estou quente no mesmo instante.
Suspiro, desviando a vista, ao que Luke agarra minha mão de novo.
— Vamos — ele chama e me incentiva a entrar com ele no mar, as
ondas brandas, então eu grito quando caio.
Imediatamente ele me levanta, e eu o vejo rir, puxando-me para seu
corpo. Eu ofego no mesmo instante.
— Calma, espera ao menos a gente chegar à borda para você cair — ele
diz e torna a rir.
Eu finjo um murmúrio, mas logo estou rindo também, então grito
quando ele me pega no colo e nos leva mais além na água.
— Vou te soltar — avisa e me solta mesmo, a água quase muito acima
de mim, mas Luke se certifica de que eu não caia. — Vou te ensinar a nadar
pela manhã. Vamos aproveitar enquanto você continua magrinha.
Eu sorrio porque ele pisca para mim, me deixando maravilhada. Essa
sensação… É tão boa.
Nós ficamos na água um bom tempo, Luke me levantando algumas
vezes e me empurrando em outras, mas o sorriso não saindo de seu rosto,
exceto quando ele mergulha e agarra meu corpo, emergindo à minha frente;
lindo, molhado, meu namorado.
Eu suspiro quando ele envolve minha cintura com os braços, então cola
nossos corpos, o dele tão quente mesmo na água fria.
— Bela, Bela — ele respira em minha boca, minhas mãos indo para seus
ombros. — Se sente bem?
— Ótima.
— Que bom — sua cabeça se inclina e Luke me beija. A princípio, um
beijo lento, calmo e paciente. Ele está gentil, suas mãos acariciando minhas
costas em toques gentis.
Abro a boca para suspirar, ele aproveitando a oportunidade para enfiar a
língua quente, dançando-a em todos os cantos.
Eu me desespero no mesmo instante, querendo-o muito. Imediatamente.
Luke grunhe em minha boca, parecendo me entender.
Em um movimento rápido, ele me pega em seus braços e nos leva de
volta à areia, me deitando ali mesmo, perto do mar.
Eu ofego, já muito desesperada, querendo Luke todo para mim.
Seu rosto paira acima do meu e ele sorri. Eu fico louca.
Ele se ajoelha e rapidamente tira meu short, beijando minhas coxas,
então sobe para minha camisa, jogando-a em qualquer lugar junto com o
sutiã.
Eu mesma levo minhas mãos à calcinha e tiro, ofegante.
Luke grunhe, abrindo minhas pernas e levando uma mão ao membro,
tocando-o por um tempo, enquanto traz a mão livre para meu sexo e me
acaricia gentilmente.
Balanço a cabeça, o toque parecendo muito para eu suportar.
— Luke! — grito, agarrando os seios, apertando-os, querendo esvair na
areia. O meu corpo. Principalmente quando sinto seu dedo longo me penetrar.
— Meu Deus, Isabelle — ele geme. — Você está tão quente por dentro.
Eu arregalo os olhos, me deparando com o céu estrelado, ao mesmo
tempo que ouço o barulho das ondas e sinto o cheiro do mar; enquanto tenho
o toque dele. Do Luke. E é demais para eu suportar.
A explosão orgásmica acontece de forma maravilhosa, subindo por todo
meu corpo, igualmente, parecendo nunca querer cessar. Eu amoleço, sentindo
as lágrimas caírem dos meus olhos.
— Minha Bela — ouço-o murmurar, então sinto seu cheiro muito perto.
— Abra os olhos.
Eu abro, seu rosto próximo ao meu, então eu o vejo me observar, seu
corpo apoiado em um só braço enquanto o outro abaixa por entre nossos
corpos e ele se coloca em minha entrada, nossas respirações se misturando.
— Minha Isabelle — ele sussurra e se enterra em mim de uma vez,
minha respiração irrompendo, enquanto recomeço um choro contido; muitas
emoções e acontecimentos para eu assimilar.
Luke, por sua vez, dá um rosnado que ecoa pelos ares, e tudo parece tão
perfeito...
Ergo as mãos e enfio meus dedos por seus cabelos, seus olhos se abrindo
e nossos olhares se conectando assim como nossos corpos.
Nós gememos quando ele começa o vaivém preguiçoso e lento,
parecendo ter total controle do que está fazendo. E eu só posso me entregar a
cada vez mais, meu corpo relaxando sobre a areia, Luke me possuindo de
todas as formas. E eu gosto disso. Da sensação. Dele.
Meu corpo o recebe pelo tempo que parece muito, maravilhoso,
incrível… É inominável. Estou flutuando.
— Vamos juntos, Bela — ele sussurra, nossos olhares não
desconectando em nenhum momento. E eu entendo. Meu corpo entende.
Luke se ajeita e remexe os quadris, ondulando-os, a sensação sendo
perfeita e jogo minha cabeça para trás enquanto sua pélvis estimula meu
clitóris, e eu me deixo ir; ele segurando minha nuca e me fazendo olhá-lo,
enquanto grunhe, se derramando dentro de mim durante meu próprio
orgasmo.
Talvez não devesse, mas me assusto quando ouço seu soluço e Luke
abaixa a cabeça para meu pescoço, tremendo um pouco o corpo e pulsando
dentro de mim, ele chorando baixinho.
Acaricio seus cabelos, enquanto observo o céu escuro acima de nós,
então penso estar mesmo sonhando porque tudo está tão bom e perfeito, que
eu só posso concluir que…
Droga...
Estou tão apaixonada.
Capítulo 56
1 mês depois…
***
Esmiuçada, é como me sinto. Apenas disse à minha avó que vim mais
cedo e ela me deixou aqui para ir ao mercado, ansiosa por fazer algo que
Luke gosta de comer.
Luke.
Fecho os olhos com força, apertando-os bem, mas não quero ficar triste.
Nosso bebê pode sentir e eu não quero que ele sinta. Ele precisa sentir amor e
somente.
Somente amor…
Choro um pouco, levando um susto quando ouço as batidas fortes na
porta. Batidas rápidas.
Me sento, meu coração acelerando porque, isso soa como desespero, os
toques na porta e eu me lembro quem bateu assim da última vez.
Eu me levanto, trêmula, o coração palpitando, então chego à sala, as
pancadas insistentes.
Estou ofegante, quase sem ar.
Então a porta se abre em um baque, batendo contra a parede e roubando
meu fôlego.
Luke.
Ele está parecendo incrivelmente mais alto e suas narinas infladas me
dizem que não está com qualquer paciência.
Imediatamente me movo, retrocedendo, indo em direção ao meu quarto,
sabendo que é uma ação idiota, mas não posso deixar de pensar em fazer
qualquer outra coisa.
— Aonde você vai? — ouço o grunhido, já dentro do cômodo, então me
viro, ofegante, buscando ar para meus pulmões.
Luke simplesmente entra em meu quarto e tranca a porta, seus passos o
trazendo imediatamente para cima de mim e sei que estou perdida.
Sua boca colide contra a minha e solto um gemido do fundo da garganta
quando nossos lábios se encontram. O que posso fazer? É inevitável.
Ele se inclina um pouco para baixo, sem desgrudar nosso contato, então
me pega no colo, eu sendo obrigada a segurar seus ombros para não cair.
Luke me coloca em minha cama, ainda passeando a língua por dentro da
minha boca, então se afasta, desviando para meu pescoço, me deixando
louca.
Não é justo…
— Eu fico louco com o gosto do seu beijo, e mais ainda quando você me
diz não quando na verdade está louca pra me ter — fala, grave. Muito grave.
— Fico louco.
— Sai, Luke — peço, tão falha que eu mesma quero rir de mim. — Sai
daqui.
— Merda nenhuma — ele levanta a cabeça, segurando meus braços
presos na cama. — Eu vou te fazer gozar até você perder o raciocínio e parar
de pensar tanto.
— Isso não... — me remexo para sair. Ele não pode estar brincando. —
Não é justo.
— É muito justo — ele monta em mim, o peso de seu corpo nos joelhos,
então tira a camisa, exibindo o peito sólido e delicioso que não tem qualquer
grama de gordura. Abençoado peitoral, posso estar salivando.
Não deveria…
Oh, meu Deus…
Fecho os olhos, Luke se inclinando e subindo minha blusa e sutiã, só
para trazer a boca aos meus seios e me deixar louca, eu me retorcendo
embaixo dele.
— Você estava com sua ex-noiva! — eu grito. — Eu vi!
— É o que estou te dizendo! — ele levanta a cabeça e me olha. Está
vermelho. Parecendo furioso e além. — Você pensa demais! E pensa tudo
errado!
— Você me disse que ninguém tinha seu endereço! — cuspo as palavras
e ele grunhe, parecendo um animal deliciosamente feroz em cima de mim.
— Erros, Isabelle — fala, a voz um trovão. — Tem drogas de erros em
minha vida que não posso mudar, mas não foi o que você deve ter pensado!
Achei que estava te mostrando, inferno!
Balanço a cabeça, os olhos cheios de lágrimas.
Luke agarra meus pulsos e junta-os acima da minha cabeça, segurando
com uma só mão enquanto a outra ele traz ao meu pescoço, me mantendo
parada, nossos olhares um no outro.
— Você não percebe? — ele abranda a voz, parecendo triste de repente.
— Que droga, Isabelle. Estou apaixonado por você e é só você. Tudo agora
se resume a você.
Balanço a cabeça, contendo um choro.
— Por que você a abraçou? — eu sussurro.
— Porque ela precisava de apoio e, por mais que o que ela tenha feito
comigo possa ter sido errado, eu gosto de ajudar as pessoas. Faz parte de
mim. Está em mim e você precisa aprender a lidar com isso.
— É isso que pensa que está fazendo por mim!? — estremeço, gritando.
— Me ajudando?!
— Droga! — ele abaixa a mão do meu pescoço até chegar ao meu
vestido, subindo só o suficiente para conseguir afastar minha calcinha e se
enterrar em mim, com um grunhido enquanto eu engasgo. — Presta atenção
no que estou fazendo por você, Isabelle!
Estou engasgada, é verdade, buscando ar desesperadamente;
principalmente quando Luke pega impulso e começa um vaivém nervoso.
— O que estou te dizendo no que faço, Isabelle? — grunhe, virando meu
rosto para si e conectando nossos olhares.
— Está tentando… — engulo em seco, meu corpo não querendo
cooperar quando grito, as investidas sendo tudo e mais um pouco.
— Estou tentando te mostrar o que sinto por você! E vou continuar, até
você acreditar em mim!
Viro o rosto, não querendo olhá-lo, então ele parece não gostar da minha
ação, porque sai de dentro de mim com um rosnado e logo sou virada de
bruços.
— Você não me ouve, garota! — ele rosna e dou um grito quando ouço
meu vestido ser rasgado, Luke se enterrando em mim novamente com força.
Meu corpo treme inteiro, minha boca contra o travesseiro e eu começo a
babar com as investidas dele, querendo chorar ao mesmo tempo.
Sinto seus beijos ao longo de minhas costas, até que Luke chega à minha
orelha e morde, respirando ali, seu calor me envolvendo de todas as formas.
— Entende, Bela — ele sussurra e com um último impulso, eu grito
contra o pano, a explosão me atingindo em cheio, Luke gemendo baixinho
em meu ouvido, enquanto estremeço por dentro e por fora.
— Entende logo que eu amo você — diz e eu penso que posso ter
sentido meu coração parar de bater.
Capítulo 57
— Você precisa respirar fundo ou vai ter uma parada cardíaca — vovó
me repreende.
— Eu também acho — Amy concorda, então me olha de cima a baixo.
— Que bom que vocês resolveram casar em pouco tempo, porque quando o
Luke te ver, coitado do bebê depois da cerimônia.
— Amy! — Amber a repreende, limpando as lágrimas. — Deixe…
Ela… Está… — um soluço. — Linda.
— Alguém me ajuda, eu não consigo parar de chorar — é a Natalie e eu
sorrio.
Sim, é verdade. Pouquíssimo tempo. Luke decidiu nosso casamento para
um mês depois do pedido. Não tive tanto trabalho, porque a família dele tem
muitas mulheres e todas aliviaram bastante o meu lado. A única parte louca
mesmo foi na hora de escolher o vestido.
Eu fiquei louca e tonta, mas, no final, todas nós gostamos do mesmo —
o que foi uma grande sorte.
Por mim, não seria nada grande, não precisaria; mas o Luke insistiu,
pois disse que queria que todas as pessoas que o conhecem, saibam que ele
está casando comigo.
Eu estou muito trêmula e isso não é nenhum pouco legal. Estou nervosa.
Tremendo. Agoniada. Nervosa. Suando. Ofegando. Eu já disse nervosa?
— É a hora — eu ouço a voz de Philip e levanto o olhar, vendo-o
adentrar a sala.
Ele sorri para mim, parecendo contente.
— Isabelle, você está mesmo bela, como o Luke diz — vem até mim e
segura minha mão, dando um beijo em cima. — É muito bom ter você na
nossa família.
— Obrigada, Philip — eu agradeço. — Não posso chorar.
Ele ri e olha para baixo.
— Tudo bem com vocês dois?
— Sim — respiro fundo, levando as mãos à barriga. — Tudo ótimo.
— Ótimo. Nós temos que ir, o Luke já está arrancando os cabelos.
— Se fosse o meu casamento — Amy se pronuncia —, eu quebrava os
quinze minutos. Demorava meia hora, só para o meu noivo achar que eu tinha
desistido.
— Acho que você vai engolir as próprias palavras — minha avó diz e
todos riem.
— Vovó, não vou — ela discorda. — Está para nascer o homem que vai
me fazer querer ir a um altar.
— Para de dizer asneiras, Amy — Philip a repreende. — Por que a
Amber está chorando?
— Eu não… sei… — soluço — pai.
— Eu, hein… — ele bufa. — Vamos logo, vocês todas. Amy deveria
estar lá dentro já.
— Eu faço o que eu quero, não sigo regras — ela se levanta, sorrindo.
Philip pega minha mão novamente e coloca em seu antebraço.
— Obrigada por entrar comigo — eu digo, agradecida.
— É um prazer — ele acaricia minha mão e nós esperamos todo mundo
sair na frente, minha avó vindo me beijar antes.
Ela está evitando chorar muito também, o que é um incentivo para mim.
Respiro fundo e deixo Philip me conduzir. Não vou negar, nem sei por
onde estamos indo porque minha vista não foca nada, tudo está apenas
parecendo preto e preto.
— Isabelle? — Olho para o lado, então ele para. — Você está bem?
— Nervosa e nervosa — respiro fundo.
Ele assente, sorrindo.
— Nós chegamos.
Olho para a frente, vendo a porta da igreja fechada, então meu coração
acelera de verdade, Philip apertando um pouco minha mão, me dando um
pequeno conforto.
— Quero que saiba que não poderia ter feito melhor escolha em sua vida
do que a de fazer parte da nossa família — diz para mim. — Nós nos doamos
às mulheres que amamos e isso pode ter certeza.
— Obrigada — é tudo que consigo dizer.
Ele sorri e o vejo fazer um aceno para o homem ao lado da porta, então
logo a marcha nupcial começa a tocar.
— Eu não consigo respirar! — ofego, Philip apertando minha mão de
novo.
— Calma — ele ri. — Vamos lá, inspira, expira… Isso…
Eu o acompanho, alarmada.
— Muito bom. Inspirou, expirou… Um, dois… Pronto, agora sorria
porque as portas vão se abrir e você pode logo em seguida recomeçar o treino
da respiração.
Dou risada, nervosa, então é no mesmo instante que as portas realmente
se abrem e eu sinto todos, mas o único que eu vejo, é ele.
Luke.
Lindo. Meu noivo.
Meu coração acelera a um nível que penso que vai pular pela boca.
— Precisamos andar — ouço o sussurro de Philip. — Inspirou,
expirou… Um, dois…
Eu me forço a mover, as pernas bambas, então estou tremendo quando
Luke leva as mãos à boca, parecendo estupefato ao me ver.
— Inspirou, expirou… — o pai repete ao meu lado.
Alguns convidados soltam murmúrios, sussurros… Mas, não, tudo se
resume a ele. Ao Luke.
Estou sorrindo, emocionada, ele no altar, me esperando,
impecavelmente lindo.
Acho que estou chorando.
— Um, dois…
Prendo a respiração e, quando finalmente estou me aproximando, Luke
desce do altar, me encontrando no caminho.
Estou mesmo chorando.
Ele me abraça, com força, eu não sabendo em que momento Philip se
afasta, apenas o ouço murmurar algo sobre como só podia ser filho dele.
— Meu amor — Luke me aperta. — Deus do céu, estou sem fôlego.
— Não estou diferente — sussurro.
— Vamos, precisamos oficializar, eu preciso de você — ele se afasta e
logo suas mãos vêm ao meu rosto, acariciando. Seus olhos estão lacrimejando
e eu me emociono mais. — Tão linda e minha...
Eu sorrio, ele se inclinado e beijando minha testa. Fecho os olhos,
embalsamada de amor.
Sim, puro e genuíno amor.
Luke segura minha mão e beija, pondo—a em seu braço em seguida e
nos conduzindo para o altar.
Eu suspiro, apaixonada.
Quando vejo o pastor, meu coração acelera.
É real e está mesmo acontecendo. Comigo.
Estou casando com o amor da minha vida e esperando um filho seu...
Nada poderia ser mais perfeito.
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Amor em Atração
Amor em Redenção
Amor em Obsessão
Amor em Opção
Amor em Omissão
Amor em Negação
Amor em Ilusão
Amor em Impulsão
Amor em Intenção
Amor em Pretensão
Amor em Obstinação
Amor em Depressão
Amor em Ambição
Amor em Solidão
Amor em Exceção
Amor em Emoção
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