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#2 - Mercy - M.N. Forgy

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~1~

M. N. Forgy
#2 Mercy

Série Sin City Outlaws

Tradução e Revisão: Bia B.

Revisão Final: Anne Pimenta

Leitura Final: Eun Hye

Data: 04/2017

Mercy Copyright © 2016 M. N. Forgy

~2~
SINOPSE

Eu sou um fora da lei. Não me apaixono e com toda a porra


certeza, não iria... até Jillian McAdams.

Eu me apaixonei por uma policial, quebrando os meus votos com


o meu próprio clube, e ficando contra minha família. Um bandido e
uma policial só podem terminar de uma maneira... mutilação.

Agora ambos temos de pagar o preço final por trair as nossas


famílias.

Eu jurei matar o meu irmão, sua fidelidade jurada para outro


clube, mas eu nunca mais o vi.

No entanto, aqui estou eu correndo para ele na esperança de


salvar a vida de Jillian...

Nós dois teremos de reescrever as regras que conhecemos para


permanecermos vivos.

Mesmo que isso signifique perdermos tudo o que tínhamos ao


fazê-lo...

~3~
A SÉRIE

Série Sin City Outlaws – M. N. Forgy

~4~
JILLIAN

Encolhida no assento do meu Cruiser, que é agora considerado


roubado, olho para fora da janela.

Zeek e eu há muito deixamos a cidade de Las Vegas e não


podemos sequer ver mais a linha do horizonte. Meus pensamentos
alternam entre pesar, tristeza e raiva. Tudo o que aconteceu... foi minha
culpa. Não há como sentir a turbulência me consumindo como uma
tempestade violenta. A sua destruição desembarca unicamente sobre os
meus ombros. Cedi à tentação. Traí o código azul. Eu me apaixonei por
um criminoso.

Eu sabia que não devia me envolver com um fora da lei,


especialmente um dos notórios Sin City Outlaws. O presidente de um
clube de moto para ser mais exata. Mas eu fui contra o meu melhor
julgamento, e tudo tem sido um inferno desde então.

Estou tentando fazer minha cabeça compreender a ideia de que


meu departamento é sujo e que o tenente Oaks, meu pai, poderia estar
de alguma forma envolvido com tais atos duvidosos. Eu só... não
consigo. Não faz sentido para mim. Talvez haja um detetive ou dois
envolvidos que trabalham para os Outlaws, mas o meu pai? Ele me
ensinou tudo o que sei sobre ser uma detetive, ele viveu pelo emblema.
Então eu pensei…

Preciso de provas, e quero voltar para Vegas e corrigir o que puder


antes que seja tarde demais.

— Precisamos pegar um carro diferente. Este já está visado, todo


mundo vai olhar para ele. — lentamente pisco, meus olhos com crosta
de tanto chorar, e olho para Zeek. Seu cabelo escuro cai em seus olhos
quando ele se inclina para frente. Ele está olhando nos retrovisores
laterais e espelhos, paranoico.

~5~
Toco o sangue seco na calça do uniforme, exalando um sopro de
ar. Visões do corpo do meu pai envolto em meus braços voltam.

Entrei para o departamento de polícia sabendo muito bem o risco,


que meu pai que era o tenente poderia morrer um dia assim como eu
também poderia. Eu só não sabia que Zeek, o homem que me
apaixonei, seria o único a matar o meu pai, e ao fazer isso mataria
também uma parte de mim. Engraçado, até chamá-lo de pai, em vez de
tenente Oaks soa estranho na minha cabeça. Mas não posso me fazer
chamá-lo de qualquer outra coisa. Não agora. Deveria tê-lo chamado de
pai com mais frequência.

Zeek não apenas derramou o sangue de um líder de muitos, mas


do meu modelo. Ele era a besta que me recusei a ver, um lobo que se
disfarçou em algo menos vicioso. Vi o bem dentro dele que outros não
viram, ou assim eu pensava. Durante a última hora, vi quão ingênua e
estúpida realmente fui por acreditar em alguém como ele. O presidente
dos Sin City Outlaws não conhece a palavra amor. Ele não se preocupa
com a família, ou tem alguma moral.

Zevin Zeek Deluca é a porra do diabo. Aperfeiçoado com uma


arma, e um colete de couro por cima.

Seu cabelo escuro sopra com a brisa vinda da janela, sua pele
bronzeada se destacando contra suas roupas. Ele parece tão enorme
sentado atrás do volante, o topo de sua cabeça roçando o teto do carro,
a largura do seu corpo maior do que o assento. Ele é todo músculo, e
cada músculo é maravilhosamente mal.

— Você me ouviu? — seus olhos castanhos se concentram nos


meus, examinando-me como um peso morto.

Meu peito incha com a vontade de chorar novamente, o peso da


vergonha montada nos meus ombros cutucando minha alma cada vez
que Zeek fala comigo é demais. Sentindo vontade de vomitar, me viro, e
olho para fora da janela. Eu não posso nem olhar para ele, quanto mais
falar. Inferno, eu não queria nem estar no mesmo carro com ele. Por que
ainda estou neste carro?

— Droga, Jillian, você tem que falar comigo em algum momento,


— Zeek rosna.

O carro começa a desacelerar, chamando minha atenção, me


endireito no assento e olho para fora do para-brisa dianteiro, curiosa
com o que lhe fez parar.

~6~
— Há uma caminhonete que podemos pegar. — Zeek aponta em
direção a um velho Chevy branco estacionado na frente de um celeiro,
ao lado de uma casa de dois andares no lado da estrada.

Balanço minha cabeça. — Oh não, não, não, eu não vou roubar


um carro com você, Zeek. — independentemente do que ele pensa, eu
ainda sou uma detetive, e eu não estou prestes a quebrar as leis com
ele. Nosso caso de rebeldia é longo. Eu deveria prendê-lo, levá-lo, e
provar que não tenho nada a ver com isso. No entanto, a última vez que
prendi Zeek, não foi nada bom. Eu não vejo esse momento diferente.

— Você não pode pegar a estrada quando você é uma procurada,


Jillian. — ele olha para mim, lembrando-me que eu sou, de fato, uma
fugitiva no momento. Ele me arrancou do corpo sem vida do meu pai, e
me jogou no meu próprio carro e arrancou. Momentos depois, nós dois
éramos procurados. Tentei dizer a Zeek que era apenas uma confusão,
que alguém entendeu errado e eu poderia acertar as coisas. Mas ele
parece pensar que cada agente da lei na área de Vegas é um cara mau.
Não tenho dúvidas de que alguns são sujos, especialmente depois das
coisas que eu vi ao longo dos últimos dias, mas não posso aceitar que
todo mundo é. E sobre o departamento de polícia? Alessandra não é
suja, ela é minha melhor amiga e iria me ajudar a explicar o que
aconteceu. Então sei que consigo lamentar não só a perda de meu pai,
mas também a perda de Zeek.

Porque de jeito nenhum podemos ficar juntos depois disso. Toda


vez que eu olhar para ele, vou ver o olhar vazio que tomou conta do seu
rosto antes de disparar no meu pai.

Ele sai do carro e caminha em direção ao meu lado, abrindo a


porta.

— Saia. — fala rudemente, tão amargo que eu sinto a picada de


suas palavras como um frio na espinha.

— Não. Eu não vou fazer isso. Leve-me de volta, preciso ir para o


departamento e dar algumas explicações — eu paro, odiando quão fraca
eu sou. Ele me agarra pelo braço duramente me puxando do carro, e me
bate contra a porta fechada. Acho que às vezes ele esquece que tive
formação profissional sobre como me defender. Usando o meu braço,
torço em torno dele, livrando-me de suas mãos.

Revirando os lábios, ele inala um grande fôlego, como se estivesse


tentando se acalmar.

~7~
Cruzando meus braços, me afasto dele. Lágrimas derramam dos
meus olhos, e eu mordo a bochecha para não soluçar. Sua mão quente
agarra meu queixo, dedos cavando em meu rosto, me forçando a olhar
para ele. Meus lábios abrem por conta própria, querendo buscar
conforto nos lábios fortes de Zeek, o que é estúpido, considerando as
circunstâncias.

— Você não entendeu? Seu departamento é sujo, Jillian. Você vai


lá, e vai acabar nas mãos do meu tio. — puxando meu rosto de sua
fortaleza, eu faço uma carranca.

Seu tio. Aquele que é o cérebro por trás de tudo o que deu errado
entre nós. Supostamente ele estava ensinando a Zeek uma lição por
dormir comigo, então mandou Zeek matar meu pai. Abrindo um abismo
entre nós. Zeek diz que não saber que era meu pai a quem tinha que
atirar, mas não me faz sentir menos responsável por tudo o que
aconteceu. Se eu não tivesse escutado meu corpo, estaria em casa com
Jinx no meu sofá agora. Jinx, meu gato, que está em casa sem ninguém
para alimentá-lo. Raiva se instala em meus membros quando percebo
que Zeek realmente me tirou tudo.

— Seu tio? Você está falando sério? Você age como se eu devesse
ter medo dele, mas ele não foi aquele que puxou o gatilho para minha
família, Zeek, foi você! Não foi ele que me trouxe contra a minha
vontade, foi você! — o empurro no peito.

Seu rosto endurece, baixando sua cabeça.

— Isso é porque você não conhece Frank. Eu te asseguro, se você


voltar ele vai te pegar. E, com isso, quero dizer torturá-la até o ponto
que você desejaria estar morta. Seja mentalmente ou fisicamente. —
suas sobrancelhas escuras se enrugam com algo sincero, mas ainda
atado com essa vantagem alfa. — Eu sei em primeira mão. Eu só
percebi que ele estava me manipulando nos últimos anos. Ele é
implacável com aqueles que ele chama de família, o que você acha que
ele vai fazer com você?

— Você nunca deveria ter me levado. — minha voz esganiça.

— Eu te salvei.

— Eu não queria ser salva! — fecho os punhos na lateral do meu


corpo, conforme meu pescoço estala com a quantidade de estresse e
raiva nadando em mim. Quero acreditar nele, mas olha o que confiar
nele me causou. Seus motivos são sombrios, e eu não tenho certeza de
estarem sempre no meu melhor interesse. Meu peito dói, sabendo que a

~8~
nossa confiança se desvaneceu como areia do deserto escorrendo por
entre meus dedos. Se foi com o vento.

— Você quer ser estúpida e morrer? — ele faz uma pausa,


procurando o meu rosto desapaixonadamente. Eu quase acho que ele
vai me deixar ir. Mas, então, seus olhos me encontram com um olhar
que contradiz esses pensamentos. Suas sobrancelhas estreitam, os
olhos piscando como se eles me pregassem onde estou. — Que pena,
Jillian. — ele me puxa para fora do carro, empurrando-me pela lombar
em direção à caminhonete. — Agora vá.

Sinto-me como uma prisioneira. Que irônico.

Zeek palpita para baixo, olhando em volta nervosamente


enquanto ele se aproxima da caminhonete. Ele claramente já fez isso
antes. Olhando de passagem para a casa solitária, não é nada, somente
terra e pequenos arbustos. O céu da noite está livre de nuvens, e a
brisa é quente e estável. Jogando fios soltos do meu cabelo em meus
olhos.

Ele projeta sua cabeça, transmitindo que ele quer que eu entre
pelo outro lado.

Não vou. Eu não vou violar a lei. Eu sou a lei pelo amor de Deus.
Independentemente do que Zeek acha.

Zeek abre a caminhonete, e olha para o tapete no chão,


procurando a chave, eu presumo. Parecendo derrotado, ele salta no
assento do motorista e olha diretamente para o painel, como se fosse
fazer ligação direta dele. Olhando para cima, ele puxa a viseira para
baixo, e um conjunto de chaves cai em seu colo. Ele sorri
maliciosamente.

Merda!

— Entre, — ele ordena, enfiando as chaves na ignição.

Fico ali, olhando para o deserto. A lua está brilhando e lançando


um brilho suave entre a terra aberta. Eu deveria fugir. Eu preciso fugir.
Eu não posso estar aqui, não com ele. Algo não está somando, e não
confio nele. Engulo seco enquanto o último pensamento fica preso na
minha garganta. Meu interior me dizendo para me virar e algemar o seu
traseiro.

— Jillian!

Corro na direção oposta de Zeek e da caminhonete.

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Corro para a noite, não me importando onde isso me leva.

Meu coração bate no peito violentamente.

Meu medo querendo olhar por cima do ombro.

Lágrimas brotam dos meus olhos, porque eu sei que, fazendo isso,
mostrei a Zeek que não confio nele. Estou nos declarando oficialmente
terminados. Mas isso é porque nós estamos.

Um grunhido alto soa perto atrás de mim. Fecho meus olhos, me


preparando para o impacto quando mãos de repente agarram meus
ombros me jogando no chão do deserto. Caio forte, um grito escapando
da minha boca, conforme Zeek usa seu peso para me ancorar no chão
com força, tirando o ar dos meus pulmões, minha boca fazendo essa
coisa de abrir e fechar enquanto inalo por ar. Ele tira o peso das minhas
costas quando se levanta, e ar quente varre meu peito. Meus olhos
quase rolam para o fundo da minha cabeça quando finalmente recupero
a compostura.

— Eu já tive o suficiente desta merda. — Zeek rosna atrás de


mim, seu tom irritado.

Minha cabeça lateja rapidamente, a minha visão borra pela


quantidade de adrenalina correndo em minhas veias. Eu sou uma
maldita detetive, tive formação com alguns dos melhores. Zeek está
prestes a aprender que eu não sou aquela que ele pode apenas
empurrar. Isto termina agora!

Torcendo meu corpo, chuto a parte de trás de seu joelho, e ele cai
no chão. Encaixando na posição vertical, jogo o punho direito na sua
mandíbula, um estalo alto soa vindo da minha mão por causa do
contato. Ele grita e tenta agarrar a minha mão, mas erra. Ficando em
pé, levanto uma perna pronta para chutá-lo no peito e ele o agarra,
torcendo-o, fazendo-me virar e cair no chão, solto às mãos pela primeira
vez. Rolo e puxo a minha arma. Eu deveria tê-la pego muito antes disso,
e lhe ordenado a parar a porra do carro. Eu não fiz porque não tinha me
ocorrido até agora que ele não ia me deixar ir.

Liberto minha arma enquanto tento ficar em pé, levantando o


braço e apontando ao mesmo tempo em que Zeek aponta a sua para
mim. Afastamos com nossas armas destinadas a um ao outro, ambos
sem fôlego.

— Basta ir, e me deixar para trás. — eu respiro profundamente.

— Não vai acontecer, — ele responde.

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Abaixando a arma disparo uma rodada de advertência no chão, ao
lado de seus pés. Ele não parece perturbado.

— Juro por Deus, eu vou atirar em você. — minha voz falha, e


minha mão começa a tremer conforme seguro o aço frio.

— Não, você não vai, ou você já teria feito. — ele dá um passo


para frente, e miro minha arma para ele mais uma vez tentando
reafirmar minha mão tremendo. O que há de errado comigo?

— Não me teste! — falo com os dentes cerrados, uma lágrima


deslizando através da ponte do meu nariz.

Ele ri, jogando a cabeça para trás, ele ri porra!

Aproveitando a oportunidade, abaixo e de lado chuto seu


tornozelo, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão. Antes que
consiga ficar de pé novamente, rastejo em cima dele e aponto minha
arma em seu pescoço, lágrimas caindo dos meus olhos tão livremente
que eu mal posso ver.

— Só porque você tem bolas, não significa que as minhas não são
maiores.

Ele inala uma grande respiração, seus olhos escuros penetrantes


através da minha bravura quando uma das minhas lágrimas cai na sua
bochecha. — Você tem trinta segundos para abaixar sua arma, Recruta,
— estala Zeek, sua voz baixa e rouca.

— Vou levantar e vou ir embora a pé e você vai me deixar. —


aviso, ignorando sua exigência. Meu coração bate contra o meu peito,
porque não quero me afastar dele. Eu não tenho escolha, porém, tenho
que voltar para Vegas. Minha mãe precisa de mim, e eu tenho que
conversar com meu departamento antes que eu esteja morta.

Lentamente estou pressionando a minha arma na parte de baixo


do queixo de Zeek, forçando-o a levantar comigo. Então, quando eu
estou a ponto de puxar a minha arma dele, ele acerta o cotovelo direito
na dobra do meu braço, me fazendo soltar a arma. Ele me empurra
para fora do caminho. Caio no chão de costas com um baque, meus
ombros atingindo o chão duro imperdoavelmente.

Agarrando minha arma caída, Zeek vira ambas as armas para


mim. Estou fodida.

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— Eu te dei trinta segundos para ter o seu acesso de raiva. Agora,
esta pequena charada, — uma careta estraga seu rosto, ele gesticula
entre nós com uma das armas, — acabou.

Ele agacha na minha frente, e aperta minhas bochechas


duramente, seus dedos cavando, fazendo-me olhar diretamente para
ele. Minha respiração trava na garganta, ele parece além de temível. A
forma que a lua aparece atrás de sua cabeça lança a silhueta perfeita
ao redor de seu corpo tonificado, é de tirar o fôlego. Eu poderia dizer
que estou lutando com o próprio bicho papão. — Você pode tentar
chutar a minha bunda o quanto você quiser, querida. Você não vai a
lugar nenhum. — sua voz é áspera, até mesmo alarmante. Arrepios
sobem pelos meus braços. Soltando o meu rosto, ele passa a mão pelo
cabelo, parecendo o Zeek que eu conheço e não o monstro que estava
na minha cara momentos atrás. Ele olha por cima do ombro mais uma
vez, e então se levanta e lentamente começa a se afastar.

Não me movo conforme lágrimas caem no canto dos meus olhos.


Olho para as estrelas da noite, desejando que o céu escuro apenas me
devore. Que me leve para longe, e devore esta dor no meu peito. Que me
dê uma direção, porque eu não tenho ideia do caralho da coisa certa a
fazer agora.

Seus passos ficam cada vez mais longe, e esperança enche meu
peito que ele só vai desistir e ir embora... mas isso é apenas por um
segundo, porque o som de botas batendo contra o chão do lado da
minha cabeça volta.

Seu rosto aparece na minha linha de visão, e um tinido de aço frio


em torno dos meus pulsos me tira da minha tristeza. Olhando para
baixo, encontro-me algemada. Ele me algemou?

— Tire isso, exatamente agora, porra! — fervo, olhando para ele


debaixo dos meus cílios. O olhar duro na minha cara desafiando-o a
dizer o contrário.

— Não.

— Não? — dou uma risada irônica. Medo enche meu peito


enquanto resisto contra as algemas. Puxo e arranco, os ossos em meus
braços prontos para estalar se eu não baixar os braços.

Zeek rosna, agarrando meu pulso e ainda os segurando. — Pare


com isso! Você vai quebrar seu pulso, porra! — ofegante, cerro os
dentes disposta a vomitar palavras de ódio absoluto. Puxando os olhos
sombrios das minhas mãos, ele olha para mim com um olhar mais

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suave do que momentos antes, aquele que diz que ele se importa se eu
me machuco ou não.

— Então, me solta.

— Não é o caso, não depois dessa briga. Briguei com um monte de


homens na minha vida, mas isso foi... — ele balança a cabeça como se
ele não pudesse acreditar.

Fecho os olhos, ignorando-o. Estou tão irritada, tão chateada que


eu não poderia me importar menos.

Não há como escapar agora. Ele vai me manter prisioneira,


trancar-me antes de me deixar escapar. Ele é louco. Idiota do caralho.

— Levante-se. — ele estende a mão para eu segurar, mas


simplesmente viro a cabeça. Ele seriamente não acha que eu ia ser o
tipo de prisioneira cooperativa, não é?

Inclinando-se ele me agarra pela cintura e me joga por cima do


ombro forte com pressa.

— Você não quer ouvir? Ótimo. Nós vamos fazer do meu jeito, —
ele rosna, voltando para a caminhonete da fazenda.

— Eu te odeio. — minhas palavras saem honestas, e


surpreendentes. Como você pode amar e odiar alguém, tudo ao mesmo
tempo? Eu o amo tanto, que isso alimenta o meu ódio por este homem.

Meu afeto por ele veio rápido, e foi extremamente irrealista. Veio
como um furacão, e foi inevitável. A maioria das coisas na vida que
causam o maior dano se movem sobre você desse jeito, não dando
muito aviso antes de erradicar completamente a sua vida, destruindo
tudo e qualquer coisa que você trabalhou tão duro para ter. Antes que
você perceba, o amor está empalado sua alma, alimentando parte por
parte os bad boys por quem nos apaixonamos tão estupidamente.

~ 13 ~
JILLIAN
Meu corpo salta para cima e para baixo conforme a caminhonete
corre pela estrada de terra nos arredores de Nevada. O aço frio aperta
meus pulsos dolorosamente. Eu não posso evitar, mas faço cara feia
para Zeek. Meu coração se enche de tristeza, medo e amor. Eu quero
que alguém rasgue meu peito e tire meu coração com uma faca, tire as
emoções insuportáveis que eu não posso compreender ou sentir mais.

Olhando de esguelha noto Zeek segurando seu braço, o rosto


contorcido enquanto olha para baixo. Puxando a palma da mão, sangue
mancha sua mão e camisa.

— Oh meu Deus, Zeek, você está sangrando! — começo a suar,


nervosa, com medo que ele esteja realmente machucado. — Eu fiz isso?

— Não, eu levei um tiro voltando para o carro enquanto


corríamos. Eu não o senti até que eu tive de perseguir seu traseiro pelo
deserto e te trazer de volta, então começou a queimar como uma cadela.

— Precisamos levá-lo a um hospital.

— Ah, agora você se importa? Você não estava com uma arma
mirada em mim? — ele balança a cabeça. — Eu nunca vou entender as
mulheres. — o sarcasmo dele não passa despercebido, mas o ignoro.
Quando alguém que você gosta está ferido, aparentemente coloca seus
maus sentimentos de lado dando ao medo um lugar na primeira fila. Eu
acho que é assim que você sabe se você realmente ama alguém, se você
pode colocar suas diferenças de lado para se concentrar no bem-estar
do outro. — E, nada de hospital, não é seguro, — acrescenta ele,
puxando-me dos meus pensamentos.

— Alguém precisa dar uma olhada, Zeek, algo crítico poderia ter
sido atingido. — deslizando a manga da sua camisa para cima vejo uma
ferida de bala na carne de seu braço. Ele está sangrando profusamente.
Puxando seu braço para cima, inspeciono o ferimento de saída,
esperando ver se a bala passou direto, mas não há nada.

~ 14 ~
— Eu tenho tudo sob controle, acalme-se. Droga!

Arqueio uma sobrancelha, minha boca se abrindo, ofendida.

— Você realmente disse isso para mim?

Ele dá de ombros, e se inclinando puxa um pano vermelho


gorduroso do piso. Usando o joelho, ele dirige a caminhonete, e envolve
o pano sujo do assoalho ao redor do bíceps. Usando os dentes, ele o
amarra firmemente em torno da ferida.

Um gemido vibra de seu peito, apertando os olhos.

— Tem certeza?

Ele se ajusta no assento, tomando de volta o controle do volante.


— Tenho certeza. Esquece isso.

Sabendo que não atingiu uma artéria e não está morrendo, minha
raiva inunda meu medo, e volto para o meu lado da caminhonete. Ele é
um babaca.

Meu estômago ronca alto, e Zeek vira a cabeça na minha direção,


olhando para minha barriga. Estou surpresa que ele ouviu com o rádio
alto tocando ‘Hideaway’ da Daya. Uma canção que está me fazendo ver
as coisas pela primeira vez.

— Você está com fome?

Não respondo. Eu não preciso de coisa alguma dele. A menos que


ele me deixe ir. Minha pobre mãe, aposto que ela está um desastre
agora. Queria saber se ela está indo bem. Pergunto-me o que
Alessandra está pensando sabendo que estou com Zeek... e fugindo?

— Nós vamos ter que parar em algum ponto. Precisamos comer,


bolar um plano. — ele está falando para si mesmo neste momento,
porque estou olhando para fora da janela, agindo como se estivesse
ignorando-o. Estou perdida em meus pensamentos com Alessandra e
minha mãe. Espero que uma delas alimente Jinx enquanto estiver fora.
— Não falar comigo só me irrita. — ele rosna, sua voz profunda e com
raiva.

Xingo, e reviro os olhos. — E eu não poderia me importar menos,


— murmuro sob a minha respiração, embora eu queira gritar isso para
ele, mas honestamente tenho certeza de que ele não ouviria. Você tende
a pisar em ovos quando está no banco da frente com um assassino que
te sequestrou e algemou você. A caminhonete de repente faz um ruído

~ 15 ~
angustiado, jogando Zeek e eu para frente em nossos assentos
enquanto o veículo morre. O rosto de Zeek se estreita em confusão
conforme ele olha o painel.

— Merda, acabou a gasolina.

— Que ladrão de carros habilidoso.

Lentamente ele vira a cabeça e levanta uma sobrancelha para


mim.

— Eu não vi você me dar mais opções antes.

Minha boca abre enquanto assinto. — Eu dei, na verdade, é algo


que o seu tipo não está familiarizado, porém. É chamado de nos
entregar. Lembra disso?

— Você ainda não entendeu, não é? — seu tom é baixo, e isso


está me irritando mais do que já estou. Ele abre a porta e fecha com
força. Contemplo apenas sentada aqui, vendo o quão longe ele anda
antes de perceber que eu não estou com ele. Mas eu sou a única
algemada, no meio do nada.

— Merda! — frustrada, abro a porta e saio, correndo para


alcançá-lo.

— Você está certo, eu não entendo. Como diabos eu tenho que


acreditar que eu não posso voltar e explicar a minha inocência?
Alessandra é praticamente minha irmã; ela me ajudaria, eu sei disso.
Sem mencionar quem diabos irá alimentar meu gato?! — ele me ignora,
seus olhos focados em frente conforme suas botas batem ao longo da
estrada de terra. — Sabe o que eu acho que é, você está me usando
para salvar a si mesmo!

Ele se vira, prendendo-me com um olhar que me faz parar e


engolir em seco. Seu cabelo está colado em seu rosto, sua pele
bronzeada brilhando com gotas de suor do ar úmido da noite. É como
se mais sujo estiver, mais gostoso irá parecer.

— É aí que você está errada. A única razão pela qual eu estou


aqui agora é por causa de você. Caso contrário, eu estaria em Vegas
tomando o meu clube de volta. Você entende isso? Você entende que
escolhi você ao invés de salvar meu clube?

Respiro profundamente, meus olhos procurando seu rosto para


qualquer indicação de que ele esteja mentindo.

~ 16 ~
— Você está, — tropeço em minhas palavras, não sei como lidar
com a ironia disso. — Mas meu pai, tenente Oaks, você... — eu paro,
tão confusa agora.

Ele passa as mãos pelo rosto, claramente agitado comigo.

— Eu te disse que não sabia quem ele era para você, Jillian. Ele
era sujo. Você precisa entender isso. Você entende isso?

Não consigo fazer as lágrimas pararem de encher meus olhos. —


Não, eu não entendo isso. Não faz qualquer sentido, então por que você
não me explica isso?

— Sujo é sujo, Jillian. Não importa agora. — ele balança a cabeça.


— Precisamos continuar andando, não tenho tempo para explicar isso
mais e mais para você. Não posso penetrar no seu pequeno cérebro
ingênuo mais do que já fiz. — seu pomo de adão balança, e ele agarra
meus punhos, puxando-me atrás dele.

— Por que você tem que ser tão idiota?! — puxo as algemas para
chamar sua atenção.

Olhando por cima do ombro, ele responde, — Eu acho que você só


aflora isso em mim, Recruta.

Isso dói.

Nós caminhamos pelo o que parece ser uma eternidade, e


nenhum carro passa por nós. A lua está alta no céu, e o vento está
começando a soprar com um frio que me faz encolher dentro de mim
mesma para me manter aquecida.

Minhas emoções estão uma bagunça. Eu não sei o que aceitar


como verdade e o que é mentira. Estava sempre tão segura de tudo, até
que Zeek entrou em minha vida. Agora eu não sei nada de nada.

Um arrepio faz meus lábios tremerem e meus dentes rangerem.


Zeek olha por cima do ombro e para.

— Está com frio?

— Estou bem.

Ignorando-me, ele tira seu colete.

— Aqui, isso vai ajudar.

Balanço a cabeça e mantenho as mãos algemadas para cima.

~ 17 ~
— Não, realmente estou bem. — a última coisa que eu quero é
usar a insígnia do clube que acabou de matou um dos membros da
minha família.

Seu rosto endurece, estreitando os olhos para mim.

Ele agarra meu braço me virando com força, e coloca o couro


quente em minhas costas. O cheiro de água de colônia, couro
desgastado e uma pitada de hortelã me enrolam como um cobertor de
perigo. Acho reconfortante, o cheiro persistente um aviso de aventura e
risco. Não é nenhuma surpresa que eu desejo uma descarga de
adrenalina e Zeek é uma droga sem interrupções.

Espiando sob meus cílios, pego Zeek me olhando avidamente, o


olhar em seus olhos nada sério. Eles estão encapuzados, olhando meu
corpo de cima para baixo.

— O quê? — sussurro. Passando minhas mãos pelas pernas da


calça, e olho para mim mesma um pouco desconfortável.

— Você está tão linda usando meu colete. — ele pisca, seus olhos
endurecendo como se não quisesse seguir por esse caminho.

Engulo o caroço de luxúria se formando na minha garganta. Meu


corpo cora com entusiasmo que o uso de seu colete seja um negócio tão
grande para ele. Mas minha cabeça trava uma batalha com o que o meu
corpo está pensando. É como se houvesse uma mulher muito mais
racional na minha cabeça agitando pequenas bandeiras vermelhas
descontroladamente, gritando: ‘Olá, ele é um assassino de policiais, não
vamos apenas ir jogando nossas calcinhas para ele!’

Pressionando a parte inferior das minhas costas, ele me puxa


para frente, me tirando da guerra interna sobre se devo ou não odiar o
criminoso, ou atirar minha calcinha para ele.

Um antigo motel maltrapilho vem à vista algumas milhas em


frente. A placa escrito Motel Whispering Petal1. Franzo uma sobrancelha
ao ler o nome. Parece o nome de uma estrela pornô.

Aponto para o motel.

— Talvez possamos parar, pegar água e descansar nossos pés.

Zeek para e olha para o prédio, esfregando o queixo.

— Sim, talvez.

1 Whispering Petal significa Pétala Sussurrante.

~ 18 ~
Chegando mais perto, o motel é de uma cor azul feia, e tem dez
quartos ou menos. Parece algo saído de um filme de terror.

— Talvez devêssemos continuar andando, afinal de contas.

Olhando por cima do ombro, o canto da boca de Zeek se curva em


um sorriso.

— Está com medo, Recruta?

— Olhe para o lugar. — gesticulo em direção ao motel barato.

— Posso te assegurar, vai ficar tudo bem.

— Se você diz... — respondo e sigo em frente, hesitante.

— Nós não podemos apenas entrar, os nossos rostos estão,


provavelmente, aparecendo em todos os lugares, — murmura Zeek,
caminhando em direção ao motel.

Olhando para a estrada aberta, o pensamento sobre fugir pisca


em minha mente mais uma vez. O pensamento está lá, mas meus pés
não se movem. Por alguma razão, o que Zeek me disse lá atrás, sobre
ele me salvar ao invés do seu clube está martelando na minha mente.
Eu sei o quanto esse clube significa para ele, e ele está jogando tudo
fora por mim. Com esse pensamento, juro que sinto meu coração
apertar.

Ele puxa as algemas quando me vê olhar para a grande liberdade


antes de me puxar atrás de si como um cachorro desobediente. — Nem
sequer pense sobre isso.

— Eu não estou. — eu meio que estava.

Andando ao lado do edifício você pode ver o escritório principal.


Tem um par de cadeiras azuis feias que parecem ser dos anos
cinquenta, um contador ao longo da parte de trás do escritório. Um
homem com uma revista tem os pés para cima, claramente alheio a
qualquer coisa em torno dele.

— Donald, isso foi simplesmente delicioso, querido. Vamos ter de


voltar para lá em nosso caminho de volta. — a cabeça de Zeek se vira
na direção das vozes. Ele levanta a mão, um sinal para eu parar atrás
dele e ficar quieta. Seguindo as vozes, encontro uma velhinha curvada,
seu vestido florido que mais parece uma camisola voando com o vento.
Seus cabelos prateados estão enrolados com um monte de pequenos
rolos cor-de-rosa.

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— Foi legal, na melhor das hipóteses, Mildred. Vamos, não se
empolgue. — o homem que eu assumo ser Donald diz, seu tom de voz
não tão alegre como o da velhinha. Eles estão saindo de um Buick
vermelho, parecendo ser modelo 1980, e indo em direção a um quarto
de motel. Ambos estão segurando barracas, e meu estômago ronca,
desta vez doendo de fome.

Zeek marcha em direção ao casal de idosos, uma mão agarrada


em minhas algemas conforme ele passa as mãos atrás das costas e saca
a arma da cintura. Meus olhos se arregalam. O que ele está fazendo?

— Zeek, não, — sussurro, lágrimas enchendo meus olhos.

Por que ele iria matá-los se nem sequer nos viram? Olhando por
cima do ombro, ele me dá um olhar de advertência.

— Tudo o que você está fazendo, pare! — sussurro alto, cavando


meus pés no chão. Eu não vou ser uma parte disto. Eu nunca vou
conseguir conviver com isso. As pessoas mais velhas são como gatinhos
ou filhotes de cachorro bonitinhos. Você não pode evitar se apaixonar
por seu desamparo. Ignorando-me, ele continua seguindo em frente,
arrastando-me para trás.

— Zeek...

— Cale a boca, Jillian, — ele responde.

Sugando uma respiração trêmula, fecho minha boca. Não sei se


ele me machucaria, mas claramente não conheço Zeek como pensei que
conhecia, então mordo o lábio inferior para manter a calma.

Estava preocupada sobre o motel assustador? Ha, a coisa mais


assustadora aqui fora é Zeek fodido Deluca.

Satisfeito com o meu silêncio, ele vem por trás de Donald e


pressiona o cano da arma nas costas do homem.

Um soluço rompe meus lábios comprimidos.

— Qual é o quarto de vocês? — pergunta Zeek baixinho, o som de


sua voz é irreconhecível. Eu nunca o ouvi de jeito antes. É afiado,
cortando o ar da noite.

O homem fica tenso, e tenta olhar por cima do ombro.

— Donald? — A senhora do lado de fora do que eu suponho ser o


quarto deles olha por cima do ombro, descobrindo seu marido na mira

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de uma arma. — Oh meu Deus! — seus olhos se arregalam, e uma mão
agarra seu peito.

— Mova-se, — Zeek rosna, empurrando a arma em suas costas


ainda mais.

— Tudo bem, só... só tenha calma, sim? — Donald caminha em


direção à porta, e olha para sua esposa com preocupação. Meu corpo
fica tão tenso que sinto que poderia quebrar em dois vendo isto se
desdobrar na minha frente. — Abra a porta, Mildred. — a velhinha olha
para Zeek, então para mim. Seus olhos azuis brilhantes e jovens,
apesar das rugas vincando seu rosto redondo.

Ela balança a cabeça, os pequenos rolos saltando em sua cabeça.


Virando-se, ela abre a porta, e Zeek empurra Donald e Mildred para
dentro do quarto.

Colocando a arma na parte de trás da calça, Zeek vira e me


empurra na frente dele.

— Isso é errado, Zeek. — ele nem sequer vacila, eu sei que a


minha luta aqui é inútil. — Por favor, não os machuque, — eu imploro,
conforme me abaixo na sala do almiscarado motel.

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JILLIAN
A testa de Zeek vinca quando ele aperta a mão no meu ombro, me
empurrando para trás até que as partes de trás das minhas pernas
acertam a cama mais próxima. Aplicando pressão sobre o meu ombro,
ele me obriga a sentar em uma das camas do motel.

— Zeek, você está me ouvindo? — ignorando-me ele desbloqueia


uma das algemas e minha mão recupera o fluxo de sangue, fazendo
com que formigue insuportavelmente. Suspiro de alívio, minha mente
agora no meu pulso, em vez de no fato de que ele acabou de levar um
casal de idosos com uma arma. Pegando a algema livre, ele me prende
ao antigo poste.

Que diabos?

— Você não pode me algemar a uma cama, Zeek! — oponho-me,


meus olhos arregalados. Raiva consumindo meus membros,
substituindo a minha necessidade de proteger o casal de idosos.

— Você fica algemada, e fica algemada na cama. Se elas estão em


você, então você não pode me dar um soco no rosto de novo.

— Eu tenho certeza que posso trabalhar em torno delas, — eu


digo sarcasticamente.

— Vocês. — ele aponta a arma para o casal, me ignorando. — Lá,


onde eu possa vê-los. — ele aponta para uma mesa com duas cadeiras
manchadas.

— Tudo bem, filho, você não tem que apontar isso para nós.
Vamos ouvir o que você nos pedir, só não nos machuque. — Donald
leva sua esposa para uma das cadeiras.

Meu peito dói por Zeek estar fazendo isso com eles.

Olhando ao redor, a sala é pequena. Há duas camas com


cobertores florais, e uma mesa de cabeceira desequilibrada. Há um

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tapete manchado cor de vinho, que combina com as cortinas, e um
papel de parede descascando de tal forma que só poderia ser
comparada a uma cena de filme de terror.

— Vocês estão esperando companhia? — Zeek puxa uma cortina,


olhando para fora da janela que tem muito acúmulo de sujeira sobre
ela, mal dá pra enxergar.

— Não, nenhuma companhia. — o homem balança a cabeça,


segurando a mão de sua esposa com força.

— Nós estamos visitando nossa Leslie, ela é uma jovem tão boa.
— Mildred diz com alegria, e não posso deixar de desviar o olhar
perplexo cruzando meu rosto em seu comportamento alegre
considerando as circunstâncias. — Você sabe, ela foi nomeada a melhor
em sua sala. — ela balança a cabeça com entusiasmo, olhando entre
Zeek e eu. — Ela puxou isso de mim. Eu costumava ser professora. —
Donald revira os olhos com uma respiração pesada, como se Mildred
fizesse isso muitas vezes. — Meu médico me disse que eu tenho
síndrome do ninho vazio, mas eu digo que não tem nada a ver.

Zeek vira e olha para mim como se a mulher tivesse perdido a


cabeça, conforme ele fecha a cortina.

— Vocês dois estão com fome? Temos sobras. — ela solta a mão
de Donald, e vai em direção a Zeek com uma caixa de viagem na mão,
não se importando que ele está apontando uma arma para ela. Eu não
posso evitar, mas estreito meus olhos em estado de choque. Ela é louca.

— Mildred, sente-se, você não vê ele tem uma arma, mulher? —


Donald cospe, sacudindo a cabeça com preocupação.

— Oh, não seja bobo, querido. — ela rejeita o marido com um


aceno de mão. — Eles ainda estão quentes. — ela sorri para Zeek, que
está acima de sua estrutura frágil com quase trinte centímetros. Seus
olhos trilham até os braços e pernas dele. — Embora eu tenha certeza
que você não precisa de proteína extra, com seu tamanho e tudo. Parece
que você está indo muito bem. — suas bochechas ficam vermelhas, e
ela começa a se abanar.

Sinto quase dó pela pobre mulher. Olhando para Zeek, você não
pode deixar de ser afetada, ainda que ele tenha uma arma apontada
para você. O físico deste homem é uma distração para a sua natureza
violenta.

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— Aqui está, querida, este tem um pouco mais. Donald nunca foi
um grande comedor. — ela deposita a caixa ao meu lado na cama. Em
pé, ela passa as mãos ao longo de seu vestido.

— Por que você está sendo tão boa para mim? — sussurro, as
palavras degolam minha garganta. Zeek os pegou e eu não fiz nada para
pará-lo, eu poderia ter feito muito mais do que eu fiz para salvar este
casal da ira de Zeek, mas não o fiz.

— Ela é boa para todos. — Donald responde por ela.

Olhando por cima do ombro, ela zomba dele. Eu acho que é a


primeira vez que vejo um olhar azedo cruzar seu rosto.

— Eu era professora. Eu tenho um talento especial para


encontrar crianças problemáticas, e você, minha querida, — ela olha
para Zeek, e depois com tristeza para mim, as sobrancelhas peludas
franzindo, — aparenta estar com problemas. — ela dá um tapinha na
mão. — Oh, eu tenho uma coisa. — girando rapidamente ela embaralha
seus pés em direção à janela, e Zeek aponta a arma para ela. Mildred
puxa um saco, um que as pessoas que não querem usar sacos de
plástico do mercado usam.

— O que você está fazendo? — Zeek fala com cautela.

Sorrindo um grande sorriso cheio de dentes ela traz uma maçã


para a minha cama.

— Quando eu era professora meus filhos me traziam maçãs,


muitas maçãs vermelhas e brilhantes. Eu tinha tantas que acabava
alinhando-as no balcão atrás da minha mesa. Então, quando uma
criança estava se sentindo triste, ou machucada, normalmente depois
de entrar em alguma briga, eu pegava e dava uma a eles dizendo: ‘Uma
maçã por dia afasta a dor pra longe’. — ela balança a cabeça
orgulhosamente.

— Umm, — eu começo a dizer a ela que eu não acho que é a


forma como o ditado diz, mas eu pego Donald balançando a cabeça
sobre o ombro de Mildred. Obviamente, discutir é inútil.

— Ooh, que inteligente. — sorrio, tentando parecer convincente.

— Então, de onde vocês são, crianças? — Mildred pergunta.

— De lugar nenhum, — responde Zeek hostil, sentando-se ao pé


da cama, a arma do seu lado. Colocando a caixa de alimentos no colo,
ele pega o controle remoto da cômoda e liga a TV. Ele está agindo como

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se estivesse visitando velhos amigos, não sequestrando duas pessoas
aleatórias com uma arma. Enquanto isso, estou aqui suando frio e
contando todas as leis que nós quebramos nos últimos dez minutos.
Sinto que vou ter um ataque cardíaco.

Olhando por cima do ombro para mim, ele faz uma carranca. —
Coma. Você precisa comer.

— Não me diga o que fazer. — franzo a testa, tentando chutá-lo.


Estou tão cansada de ele ser tão mandão.

Estou com raiva e não quero comer. Mas estou com fome, e o
cheiro de tudo o que é que vem desta caixa não está ajudando minha
rebelião contra a demanda de controle de Zeek.

— Quem sabe quando vai comer novamente. Coma. — tiro os


olhos da caixa e o encontro olhando de volta para mim. Seus olhos
escuros mais suaves do que antes, me mostrando vislumbres do
homem que eu vim a conhecer quando estávamos trancados em minha
casa.

Usando a mão que não está algemada, abro a tampa, encontrando


metade de um sanduíche de bife e batatas fritas.

Meu estômago ronca, chegando ao ponto de que me sinto doente.

— A informação acabou de chegar de que as autoridades estão


pedindo ajuda para encontrar dois suspeitos em fuga esta noite que
podem estar em nossa área. — minha cabeça se vira para a TV. —
Jillian McAdams é responsável por atirar em um tenente que estava na
linha do dever, no momento da sua morte, fomos informados de que
Zevin Deluca, o presidente notório dos Sin City Outlaws foi visto com o
McAdams no passado. Eles estão armados e são muito perigosos. Se os
encontrarem, por favor, liguem para Crime We Stop. Vamos atualizar
vocês assim que obtermos mais informações.

Meu corpo despenca contra a cabeceira, a mão livre cobrindo


minha boca. Eles ainda têm uma recompensa por qualquer informação
sobre nós no quadro preto debaixo de nossas fotos.

— Já chega de televisão. — Zeek suspira, desligando.

Fechando os olhos, balanço minha cabeça. Não posso acreditar


nisso. Antes eu achava que talvez eles recebessem informações erradas,
pois já aconteceu antes. Testemunhas ficam confusas, mas isso... não
há dúvida de que meu departamento é imundo pra cacete, e jogaram
isso em mim. Eles disseram que eu matei o meu pai. Meus olhos

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derivam para Zeek, esperando seu rosto transmitir um olhar de ‘eu te
avisei’. Isso não acontece, porém, seu rosto é sincero, as sobrancelhas
estreitam com preocupação.

Se ele estava certo sobre o meu departamento, então ele pode


estar certo sobre o meu pai. Uma dor bate no meu peito, minha cabeça
se recusando a acreditar, mas meu coração sabendo que é
provavelmente a verdade.

— Parece que vocês dois se meteram em algum tipo de problema,


— Donald diz.

— Não é verdade. Eu não fiz isso! — as palavras saem mais duras


do que pretendia e minha cabeça balança para frente e para trás como
uma louca enquanto as lágrimas saem dos meus olhos com tanta força
que mal consigo enxergar direito. Donald não responde. Olhos que
estão aborrecidos com a idade focam em mim, sua boca puxada em
uma linha apertada. Ele não acredita em mim. Eu não iria acreditar em
mim também, não depois que Zeek o sequestrou com uma arma.
Depois, levou-os com a arma.

— Eu acredito em você. — Mildred agarra minha mão, dando um


aperto. — Minha Leslie diz que os jornalistas gostam de inventar coisas,
que o drama é o seu ponto de venda. — engulo e dou um aceno
tranquilizador. Os olhos azuis de Mildred parecem tão vibrantes como a
de uma criança sorrindo para mim.

Zeek guarda sua comida e se levanta da cama. Ele dá um passo


por trás de Mildred, conduzindo-a para fora do caminho e se senta do
meu lado da cama. Seu rosto endurece, e sua mão esfrega a barba em
seu queixo. Tem crescido desde que fugimos. Está escura e áspera.
Minhas mãos querem tocá-las; espalmar. Pateticamente, quero me
enrolar em seu colo e chorar. Há algo sobre ter aqueles braços fortes e
tatuados envolvidos em torno de mim que me fazem querer me afogar
do resto do mundo.

— Eu vou corrigir isso, Jillian. — ele não olha para mim, seus
olhos estão fixos no chão. — Eu sei que isto é culpa minha, e eu não te
culpo por me odiar. — olhando para mim seus olhos estão atados com
tristeza. — Eu tirei tudo que importava de você, especialmente quando
eu levei você. — fecho meus olhos, desejando ficar surda. Suas palavras
são suaves, o pesar em seu rosto é evidente. — Mas eu não me
arrependo de levá-la. — seu rosto suaviza, seus olhos permanecendo
sérios. — Eu te afastaria de tudo se isso significasse que você respiraria
mais um dia nesta fodida terra ao meu lado.

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— Você chama isso de respirar? — murmuro, meus olhos
vibrando com lágrimas não derramadas. — Você acha que eu estou
vivendo agora? — minha mão puxa as algemas para enfatizar o meu
ponto.

— Seu coração ainda está batendo, não está?

Bufo e caio contra a cabeceira da cama.

— Talvez, mas está severamente quebrado.

— Se eu não te levasse, Jillian, Frank teria suas garras dentro da


sua cabeça agora. Porque ele te usaria pra alguma coisa.

Fecho meus olhos, desejando que ele pare. Eu não posso mais
ouvir a verdade, meu mundo está girando e caindo aos meus pés mais
rápido do que eu posso pegar as peças para salvá-las.

— Que tal um bom banho? Hmm? — Mildred bate as palmas,


cortando a tensão entre nós. Tirando meus olhos de Zeek, eu olho para
ela, que está sorrindo novamente. Sério, o que há de errado com esta
mulher?

Zeek se estica e pega sua arma, apontando para eles.

— Você dois fiquem na cama. — ele aponta para a outra cama


queen size, seu tom de volta à uma mente criminosa.

— Como? — Donald pergunta, olhando para a cama.

— Sua esposa ofereceu um banho, vou aceitar. No entanto, não


posso simplesmente entrar no chuveiro e esperar que você e Mildred
não fujam e chamem a polícia. Então se sentem na cama para que eu
possa algemá-los, — explica Zeek.

— Isso não será necessário. Nós não vamos a lugar algum. Nossa
Leslie teve um problema há algum tempo, e tivemos que...

— Mildred, vá para a cama, querida. — Donald interrompe sua


esposa.

Eu vejo como Mildred sobe na cama, Donald bem atrás dela. Uma
vez no lugar, ele agarra sua mão e a aperta rapidamente antes de soltar.
Eles parecem como uma imagem perfeita. Como o tipo de amor que você
esperaria quando ficar mais velho.

~ 27 ~
Zeek desfaz minhas algemas, e minha mão cai como um peso
morto. Esfrego meu pulso, onde um pequeno círculo vermelho está
marcado na minha pele. Vai ficar uma contusão.

— Donald, é como o nosso aniversário em 1973. Você se lembra


disso? — ela levanta os ombros, um sorriso tímido aparece em seu
rosto. Deus, por que não posso encontrar esse tipo de amor?

Donald ri. — Sim. — Zeek os algema, colocando em ambos os


pequenos pulsos uma braçadeira e o outro na cama. Eles parecem
ignorar o que está acontecendo, perdidos em seu próprio pequeno
mundo.

— Você. — Zeek aponta para mim. — Levante-se, — ele me agarra


pelo pulso e me encolho. Seus olhos se arregalam, e ele diminui o
controle sobre a carne tenra.

Olhando por cima do ombro, ele olha para o casal.

— Se eu ouvir sequer um pio, eu vou vir aqui e atirar em vocês


dois.

— Zeek! — eu grito, a boca aberta.

— Nós não queremos nenhum problema. Vamos ficar quietos.

Donald dá um sorriso tranquilizador.

— Fiquem um tempo sozinhos. Vocês parecem precisar. —


Mildred sorri, e Donald revira os olhos.

Zeek abre a porta do banheiro, e me empurra. É pequeno. Forrado


com azulejos rachados esbranquiçados no chão e paredes. O teto
quebrado e amarelo.

A banheira não tem nada de boas-vindas, e não tenho ideia do


que é essa porcaria preta perto do ralo. Há uma garrafa de espuma de
banho na borda, e isso me leva de volta para o meu primeiro banho com
Zeek. O cheiro de doces, a maneira como ele prestava tanta atenção em
mim. Eu sinto tanta falta daquele dia que gostaria de poder voltar no
tempo.

Fechando a porta atrás de nós, Zeek olha para mim com um olhar
de preocupação, os olhos focados na minha mão.

— Deixe-me ver o seu pulso. — enfio a mão no meu peito e faço


uma carranca.

~ 28 ~
— Por quê?

Pegando meu antebraço, ele a tira do meu peito, e examina.

— Eu estou bem. — murmuro, tentando puxar de suas garras.

— Sinto muito, eu não sabia que estava tão apertado. — seu


polegar esfrega pequenos círculos ao longo da linha de contusões, o ato
contradizendo seu comportamento ao longo das últimas poucas horas.

É suave e gentil, o que provoca pequenas borboletas na boca do


meu estômago. Eu odeio isso, o jeito que ele age como um fodido
animal, então se vira e age como um ser humano que se importa. Isso
tudo é um jogo para ele, um que eu não posso compreender.

Puxo minha mão dele com êxito.

— Não acredito, eu não confio em você.

— Talvez você não devesse ter matado um tenente então, porque


agora não podemos confiar em ninguém! — levanto uma sobrancelha,
minhas palavras afiadas. Suas narinas dilatam, e ele bate as mãos no
azulejo em ambos os lados da minha cabeça, me fazendo pular
enquanto ele me embosca. Seus braços bronzeados e musculosos, o
cheiro de masculinidade vinda dele fazendo meu corpo acordar com o
desejo.

— Sim, bem, ele não foi o primeiro! — ele ruge com raiva. Minha
boca se abre, e antes que eu possa pensar cuidadosamente, minha mão
lhe dá um tapa no rosto. Eu me encolho depois de perceber o que eu fiz,
e cubro a boca com a mão. Eu bati nele antes, lhe dei socos antes, mas
quando estava puta de raiva, este tapa foi pessoal.

Ele se afasta de mim. Erguendo o queixo, ele empurra as mangas


de sua camisa para cima, como se estivesse frustrantemente quente,
revelando seus bíceps duros no processo. Ele se vira, apoiando as mãos
na parte de trás do seu pescoço, inalando uma respiração audível.

Nós dois estamos com raiva, ambos exaustos e confusos. Eu


nunca estive neste lado da lei antes, é o mal cru e puro.

Meu peito aperta, o lugar pequeno se fechando em mim. Zeek e eu


vivemos em um mundo de fingimento por muito tempo, nós nunca
pensamos sobre o que aconteceria quando todos descobrissem sobre
nós. E agora, minha vida desmoronou debaixo de mim. A vida de Zeek
desapareceu. Nós jogamos fora tudo para estar juntos, e perdemos
tudo.

~ 29 ~
Agora não temos nada, só um ao outro, e não podemos nem
mesmo estar no mesmo quarto.

Deslizo pela parede, joelhos chegando ao meu peito. — Você pode


estar certo sobre o meu departamento, e talvez meu pai não fosse o
melhor tenente, mas ele era um bom homem, — murmuro, minhas
mãos enroscando no meu cabelo. Memórias dele dando dinheiro para
veteranos sem-teto, ou me ajudando a estudar para meu teste da
academia de polícia surgem na minha cabeça.

— Eu não quis dizer isso. Você só está sendo realmente muito


complicada. — ele olha para mim, a voz sincera. — Mas você não
conhece tão bem o seu pai, como acha que conhece.

Levanto minha cabeça. — Por que não me esclarece, então?

Ele balança a cabeça, olhando para longe de mim.

— Não importa agora. Só sei que eu estou fazendo tudo que posso
para manter o seu traseiro vivo, e seria bom se você parasse de lutar
contra mim.

— Não me diga. O que é que você pensa que sabe sobre o meu pai
que eu não sei? — me ignorando, ele liga o chuveiro. — Por que você
não me diz?!

— Porque você não pode lidar com a verdade!

Fico gelada por dentro, e pisco rapidamente.

Se meu pai estava envolvido com os Outlaws e Zeek estiver certo,


não tenho certeza se posso lidar com a verdade.

Eu vou acabar morta por causa das ações e decisões do meu pai?

— Seja honesto comigo sobre algo, é seu tio que vai nos pegar?

Ele agacha na minha frente, um dedo virando meu queixo de onde


estou para olhar nos olhos dele.

— Se alguém pode salvar seu traseiro teimoso, sou eu, Jillian. —


o olhar em seu rosto me pega de surpresa. Cavando as coisas de um
lugar dentro de mim. Seus olhos mantem um olhar comprometido de
amor e adoração, mas eles também estão escurecidos com uma
promessa de obsessão e o combustível para cortar a garganta de alguém
se olhar para mim de um jeito errado. É obsessivo, como se ele pudesse
me perder amanhã, e é difícil de resistir.

~ 30 ~
Algo faz barulho dentro do meu bolso, pegando a atenção de Zeek
e eu.

— Que diabos é isso? — olho para onde Zeek está apontando ao


lado do meu quadril, e vejo a cruz que encontrei depois que Zeek me
tirou do meu pai.

— É seu. — Zeek se abaixa e pega, a outra mão atravessa o


pescoço como se só agora tivesse percebido que estava faltando. Eu
esqueci que o coloquei no bolso. — Eu não queria quebrá-lo, —
murmuro, enxugando as lágrimas dos meus olhos. Ele a segura,
esfregando o seu polegar nela. Isso significa alguma coisa para ele, eu
posso dizer pela forma como sua testa enruga e as sobrancelhas se
arqueiam.

— Entre no chuveiro, — ele murmura, puxando a cortina do


chuveiro.

— Por que você está fazendo tudo isso?

Um olhar pensativo cruza seu rosto. — Tudo o quê?

— Isso! — agito minhas mãos ao nosso redor. — Sequestrando o


velho casal à mão armada, aqui comigo. Tudo isso?

Seus olhos se afastam e ele dá de ombros. — Para que você possa


usar o chuveiro.

— Então você sequestrou um velho casal para que eu pudesse


tomar banho?

— Sim!

É errado, tão errado. No entanto, sinto meu peito apertar com


desejo e adoração. Eu gosto. O que há de errado comigo? Eu não posso
evitar a minha atração por ele. Seu olhar é frio, as mãos calejadas
ásperas, mas a sua feição é suave e sedutora.

— Você vai entrar? — ele acena rapidamente uma sobrancelha


para mim.

— Não com você, — respondo defensiva.

— Não vou deixá-la sozinha. — seu tom me diz que ele não será
coagido nisso.

— Preciso de algum tempo, Zeek. — viro minha cabeça, torcendo


as mãos com força. — Para processar tudo. Eu só, não vou entrar no

~ 31 ~
mesmo chuveiro com você. — meu coração bate apaixonadamente, me
dói machucá-lo. O que é estúpido considerando tudo o que aconteceu.

Seus ombros ficam tensos e sua mandíbula endurece.

— Tudo bem.

Ele abre e a bate a porta.

ZEEK
Saindo do banheiro, esfrego a parte de trás do meu pescoço. Pesar
e vergonha se propagam incontrolavelmente no meu peito ao ponto que
não posso respirar. Estou perdendo a cabeça, meu temperamento, a
porra da minha força. Meu braço tenciona querendo rasgar algo em
pedaços. Meu braço está doendo, uma dor que se torna quase
insuportável. Realmente preciso colocar um pano limpo sobre eles ou
algo assim.

Inclinando sobre o batente do banheiro, desfaço o material que eu


encontrei na caminhonete e o sangue começa a escorrer para fora da
ferida.

Cerrando os dentes assobio, e pego um pano limpo, me molhando


e enxugando o sangue em torno da ferida.

Eu preciso tirar a bala agora.

Olhando ao redor, não vejo qualquer coisa que posso esterilizar e


entrar fundo o suficiente para tirá-la.

O melhor que posso fazer é mantê-lo fechado e limpo no


momento. Pegando uma toalha dobrada do balcão, rasgo em longas
tiras, e as envolvo em torno do meu bíceps algumas vezes. Dói pra
caralho, fazendo minha testa suar a partir da quantidade de dor
ondulando até meu ombro. Minha pele vai a dois extremos porque
parece como uma faca de gelo frio de um lado, e fogo no outro, desde o
meu braço até atingir o osso.

Preciso de ar fresco, e algum tempo sozinho.

~ 32 ~
Marchando através da pequena sala do hotel, verifico o velho e a
merda da senhora louca. Eles não se moveram.

— Está tudo bem? — pergunta a senhora, seus olhos


preocupados.

— Sim, está tudo bem. — esfrego a parte de trás do meu pescoço.


O rosto do homem fica inquieto conforme seguro minha arma. — Eu só
queria um lugar para parar e para ela se limpar, talvez dormir um
pouco e depois vamos dar o fora. — por que estou os confortando? Que
porra há de errado comigo? Jillian está na porra da minha cabeça!

Seus rostos mudam com preocupação enquanto explico, sua


esposa segurando seu rosto como se eu tivesse contado um conto de
fadas incrível.

— É como se vocês fossem Bonnie e Clyde, — ela murmura


irritantemente.

— Oh, Jesus, Mildred. — Donald bufa, balançando a cabeça


enquanto ele aperta a ponta de seu nariz.

— Uh, eles não morrem no final? — levanto uma sobrancelha. Ela


joga uma mão para mim como se isso fosse ridículo. — Olha, eu só vou
sair por alguns minutos. Não tentem nada estúpido, e se ela precisar de
alguma, — começo a dizer, mas sou cortado por Mildred.

— Vamos chamar para você imediatamente, — afirma com


alegria. Esta mulher não parece bem.

Encosto-me à porta do hotel, deslizando a cruz com o rosário no


meu bolso. Jillian me odeia. Toda vez que olho para ela, seus olhos
lindos estão cheios de lágrimas de puro ódio, ou talvez seja medo.

Esticando meu braço um pouco demais, assobio de dor.

Fechando os olhos, vejo o rosto de Jillian, seu corpo nu debaixo


de mim e seu belo sorriso radiante para mim. É uma lembrança de um
dos dias que nos trancamos na casa dela. O dia que eu percebi que não
estava apenas começando a me preocupar com Jillian, mas amá-la. Seu
cabelo loiro espalhado debaixo dela como um halo maldito ou alguma
merda assim. Eu faria qualquer coisa para me esconder com ela
naquela pequena casa novamente, onde a realidade e julgamento
estariam fora dos muros da minha obsessão louca por ela.

Sinto falta dela. O jeito que ela deu tudo de si mesma para mim.

~ 33 ~
O cheiro do seu cabelo.

A sensação de sua pele sedosa contra a minha.

Não estou prestes a desistir de nada disso. Vou arrastá-la através


dos estados chutando e gritando se eu tiver que fazer, porra.

O amor é uma coisa feia, ele muda você mesmo que seja para
pior. Eu estava bem com o jeito que eu era antes. Alguns poderiam
dizer que não era humano, mas pelo menos antes de Jillian eu não
sabia o que diabos estava faltando. Agora que senti como era tê-la, seu
corpo macio e quente dobrado em meus braços durante a noite, e sua
respirando fazendo cócegas contra minha clavícula enquanto ela
dormia... não posso abrir mão disso agora que a tive.

Eu matarei qualquer um que tente me impedir.

Mesmo que isso signifique que nenhum de nós esteja de pé no


final.

Deixando minha cabeça cair em minhas mãos exalo um suspiro.


Sabia que meu tio estava armando alguma coisa pela maneira como ele
agiu antes de tudo dar errado. Tudo o que importava era eu puxar o
gatilho em Tenente Oaks, acabando com a vida do homem que
supostamente estava atrapalhando. Tio Frank apenas repetia que se eu
fizesse isso, tudo iria estar no lugar. O que eu não sabia era que ele
sabia sobre Jillian e eu, e estava me ensinando uma lição, pois o
tenente acabou sendo a porra do pai dela. Ele queria me lembrar não só
do meu juramento ao meu clube, mas o meu lugar como seu sobrinho.
O trabalho de ser sua cadela. Joguei esse jogo antes, e não iria fazer
isso novamente. Não agora.

Não posso acreditar que o tenente Oaks era o pai de Jillian, como
ela veio daquele pedaço de merda? Quero contar a ela tudo sobre o
homem que ele era, mas não sou tão idiota assim. Consigo ver que ela
está pendurada à realidade por um maldito fio. Se ela souber a verdade
sobre tudo, não tenho como saber como ela reagiria.

Ela precisa de tempo para processar uma perda de cada vez,


primeiro a perda de seu departamento. Se eu não tomar cuidado, posso
não só a perder para sempre, mas também a centelha de teimosia que
inflama dentro dela.

— E aí cara. Por que tão chateado. — olho para cima,


encontrando um jovem olhando para mim. Ele está usando um chapéu

~ 34 ~
que parece de pescador e um belo cabelo louro que sai por baixo do
chapéu.

— Cai fora, — rosno.

— Ei, faça a paz, não a guerra, mano. — ele abaixa a mão,


oferecendo-me seu cigarro de maconha. — Vá em frente, você precisa
dele mais do que eu, obviamente. — ele ri.

Aceito e dou uma longa tragada. Prendo a fumaça, antes de soltá-


la no ar da noite.

É uma boa merda, com tons de terra verde. Mas já usei coisa
melhor.

— Me chamo Ducky, — ele informa, enquanto se senta cruzando


as pernas.

Enrugo minha expressão. — Ducky?

— Sim. — ele aperta os lábios olhando para o céu da noite, não


oferecendo uma razão pela qual ele poderia ser chamado de pato.

— Então, por que está tão zangado? — dou outro trago e o ignoro.
Não deveria estar aqui fora. Deveria estar lá mostrando meu rosto no
espaço de Jillian, deixá-la saber que estou aqui para ficar,
independentemente do quão duro ela tente me afastar.

— Entendo, não é do tipo falador. — Ducky interrompe meus


pensamentos.

Exalando uma nuvem de fumaça, entrego a erva de volta para ele


e levanto.

— Bem, foi um prazer conhecê-lo, — digo a Ducky, observando-o


lutar para se levantar. — Obrigado pela erva. — saio, não lhe dando
uma chance de responder.

Não é porque sou um idiota, bem, eu sou, mas não é por isso que
estou indo. Eu só não confio facilmente, ainda mais em pessoas de fora.
Aqueles que não são motoqueiros, ou conhecem o código que eu vivo.

Entrando, Jillian está de pé em uma toalha na frente de um


espelho rachado. Seu cabelo loiro está ensopado, conforme ela tenta
pentear com o dedo. Pequenas gotas de água escorrem pelas costas, e
meu pau empurra contra meus jeans. Parecem anos desde que eu
estive na boceta dela. Quero dobrá-la sobre a cama e transar com ela,
enquanto o casal de velhos assiste. Minhas mãos se contorcem para

~ 35 ~
reivindicar cada polegada de sua pele, para ter seu gemido contra o
meu pescoço e garantir-me que ela ainda me pertence.

Odeio me sentir inseguro, mas ela fez isso comigo. Odeio estar
confuso sobre alguém... alguém por quem eu joguei tudo fora e nem
sequer percebe isso. Se isso não é amor, ou romântico, estou tão fodido
sobre as mulheres e as relações podem ficar fodidas.

— Querida, eu tenho algumas roupas que eu ia entregar para a


nossa Leslie, mas eu sei que ela gostaria que você ficasse com elas.
Você parece ser aproximadamente do mesmo tamanho dela. — Mildred
oferece, apontando para um saco em cima da cômoda.

— Oh, eu não posso fazer isso. — Jillian se vira, sacudindo a


cabeça. Ela é tão humilde, tão boa que ela preferiria estar em suas
roupas ensanguentadas que estão manchadas com a morte do pai, do
que aceitar uma oferta de roupas limpas de uma velhinha.

— Qual saco? — aponto para o que eu acho que ela está se


referindo. Eu não sou tão bom, eu vou pegar essas roupas e colocá-las
em Jillian se eu tiver que fazer. Uma parte de mim espera que ela vá
lutar contra mim para que eu possa colocá-las nela. Meu pau se
contorce de excitação.

— Sim, esse, — confirma Mildred.

Avançando em direção a ela, agarro e o lanço em Jillian. Ela olha


para mim, os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Você não pode ficar com esse maldito uniforme, você vai
chamar atenção. — a informo, tentando manter meu tom suave, para
então não a aborrecer mais do que já fiz. Eu abro o saco e olho para
dentro.

— Vamos ir embora depois de eu me vestir? — seus olhos


espreitam para mim debaixo de sua franja molhada. Suas bochechas
vermelhas do chuveiro quente.

— Coloque algo para a noite. Vamos sair em poucas horas,


precisamos descansar.

Segurando a bolsa, ela franze os lábios e entra de volta para o


banheiro.

~ 36 ~
JILLIAN
Soltando a toalha, ela para aos meus pés. Abro o saco e puxo
uma blusa branca e a coloco. É grande. Como Mildred pensou que
éramos do mesmo tamanho está além de mim. É três tamanhos
maiores, quase como uma camisola, mas vai funcionar para algumas
horas de sono. É realmente muito confortável, mesmo que os punhos
das mangas pendem para fora dos meus dedos em pelo menos cinco
centímetros.

Jogando o saco sobre o balcão, olho para o meu reflexo no


espelho. Odeio que vamos ficar aqui, mas as bolsas sob meus olhos
discordam. Zeek nunca me guiou errado antes, e tão amarga como
estou sobre tudo o que aconteceu, eu o amo. Ele disse que me amava
antes, mas eu parei de acreditar depois de tudo o que aconteceu. Ele
me colocando na frente do seu clube, me lembra da razão pela qual me
apaixonei por ele primeiro. Eu não posso entender o que aconteceu com
meu pai, mas ele estava certo sobre o meu departamento ser tão sujo.
Se eu quero viver para provar minha inocência, eu vou ter que começar
a parar de ser tão idiota. Mesmo se isso significar que eu vou ter que ter
que sujar minhas próprias mãos para fazer isso.

Meu coração pula com medo só de pensar nisso, o medo


invadindo meus membros.

Pensamentos obscuros agitam minha cabeça e eu chuto minhas


roupas ensanguentadas para um canto, e em seguida, pego meu
distintivo que tinha colocado no balcão antes de tomar banho. Eu
costumava pensar que detinha tanto poder antes. Apenas usar isso
perto de um civil você instantaneamente obtém um olhar de respeito.
Agora, porém, este emblema não tem qualquer poder. É apenas um
pedaço de metal. Enfio-o no saco, não querendo olhar mais para ele.
Saio do banheiro e vejo que Zeek tem uma cadeira encostada na porta
da frente, a cabeça inclinada para trás. O casal na cama está
esfregando seus pulsos, e olhando Zeek como se ele fosse o diabo. Bem,
Donald está, Mildred parece querer pentear o cabelo dele enquanto ela
conta tudo sobre a sua vida.

Subo na cama, e me apresso sob as cobertas não engomadas.

— Se você for esperta, não vai tentar nada, — rosna Zeek. Ele tem
um olho aberto, sua mão segurando uma arma apoiada em seu joelho.
Lentamente olho para o casal, e eles olham para mim, nenhum de nós

~ 37 ~
tem certeza de com quem que ele está falando2. — Bons sonhos. — Zeek
sorri, apagando a luz atrás dele.

Sentada no escuro o observo. Ele está se inclinando para trás na


cadeira, a cabeça pende para trás e os pés foram jogados em cima da
cômoda. Suas botas estão soltas, e sua camisa está aderindo ao peito
por causa do suor. Eu me reviro no lugar, tornando-me consciente de
quão desconfortavelmente quente, de repente eu estou.

Seu peito sobe, enquanto ele mordisca seu lábio inferior


silenciosamente. Sua barba cresceu. Eu gosto disso. Muito, na verdade.
Seus olhos estão fechados, selando a profunda dureza nas piscinas de
sua íris que escondem a raiva transparente delineando seu rosto. A luz
que entra através da borda da cortina do hotel lança um brilho ao longo
de seu corpo, iluminando as gotas de suor que se formam em sua pele.
Com a arma em seu colo, ele parece tão louco quanto sexy. As emoções
crescendo no meu peito são inquietantes conforme olho para o homem
pelo qual estou tão apaixonada. Eu o odeio... eu acho?

No entanto, faria qualquer coisa para tê-lo na cama comigo, seu


rosto esfregando contra meu ombro enquanto ele me puxa para perto. É
claro que finjo que o odeio, mas secretamente eu preciso dele mais do
que qualquer coisa agora.

Que irônico. A única cura para o meu coração quebrado é o único


que causou o machucado.

Um de seus olhos se abre, e minha barriga vibra com a percepção


de que ele me pegou o admirando.

Rapidamente me viro e jogo o lençol sobre mim. Meu coração está


correndo. Agora ele sabe que estou em conflito, eu vi nos olhos dele,
mesmo que brevemente. Ele sabe que eu o quero...

Porra!

***

Olhos castanhos ocos afligem meus sonhos. Sangue derramando


sobre a minha visão enquanto continuo a atravessar o meu pesadelo
viscoso.

2 É porque em inglês a palavra não tem gênero.

~ 38 ~
— Jilly Bean, eu quero que você saiba que eu te amo. Eu sei que eu
não o digo muito, mas eu te amo. Quando você entrou em nosso
departamento, eu esperava que uma página nova mudasse nossa força
de trabalho. Eu quero que você me prometa que vai manter essa cabeça
quente dentro de você.

— Pai. — grito, minhas mãos apertando seu peito.

Ele se dissolve em minhas mãos, caindo no chão do deserto e


sumindo no vento.

— Não! — soluço, tentando agarrar as cinzas.

— Jillian! — a voz do Diabo ressoa atrás de mim.

Aperto meus olhos, tentando fazer isso ir embora. Uma mão


imitando um braço escamoso de um demônio aperta meu ombro. —
Jillian! Acorde!

Meus olhos se abrem, e Zeek está me segurando em seus braços


firmemente. Minha camisa emprestada está encharcada de suor, meus
cabelos estão alvoroçados.

Rapidamente me afasto até que quase caio do final da cama. Zeek


levanta abruptamente, e passa a mão pelo cabelo, enquanto olha para
baixo. Sua postura imitando alguém com dor ou tristeza.

— Desculpe, você estava gritando como se estivesse com dor.


Tentei acordá-la e você se agarrou a mim como se alguém estivesse
perseguindo você ou algo assim. Eu não pude deixar de consolá-la. —
sua voz é profunda e gutural por causa do sono. Porra, como ele pode
ser tão atraente a esta hora da manhã?

— Você está bem, querida? — olhando através de Zeek, Mildred


está desfazendo seus rolos de cabelo, olhando para mim com
preocupação. Donald saboreia um café atrás dela. Olhando para o
relógio na mesa de cabeceira observo seus punhos, Zeek deve ter tirado.
O que significa que eu estou prestes a ser algemada, tenho certeza.

— Sim. Eu estou bem, — coaxo. Meu coração bate tão rápido que
minha visão borra. Fecho meus olhos, tentando apagar as manchas,
antes de reabri-los. Zeek está me dando um olhar de lado, seus dedos
torcendo uns nos outros. Só que ele não está olhando para o meu rosto.
Ele está olhando para baixo. Seguindo seu olhar, percebo que estou
com as pernas abertas, a camisa não cobre suficiente e minha calcinha
rosa de renda que está em plena exibição. Merda. Pelo menos eu não

~ 39 ~
estou com uma calcinha manchada de menstruação, eu acho.
Fechando as pernas rapidamente, engulo em seco.

Calor inunda a minha metade inferior, e os meus mamilos


endurecem. Gosto que ele esteja me olhando, que ele me quer.

Zeek pisca, um sorriso diabólico surge em seu rosto. Seu


comportamento de playboy é sexy, mas não posso deixar de revirar os
olhos.

— Não ser uma dor na sua bunda não inclui sexo, — eu o informo
secamente. Deslizando para fora da cama, vou para o banheiro me
vestir.

Eu só preciso de tempo para processar tudo antes de montar de


volta no seu pau de dinossauro.

***

— Precisamos de outro carro, — Zeek informa, olhando para o


canto da cortina.

— Filho, eu sei que eu sou apenas um homem velho, mas minha


esposa e eu dirigimos por todo o país para ver nossa filha e eu acho que
nós temos sido mais do que solícitos. — Zeek olha por cima do ombro,
olhando para o velho. — Tudo o que peço é, por favor, não leve o nosso
veículo. — o velho olha para baixo, antes de agarrar a mão da esposa.

Zeek olha para mim, e tento transmitir tudo o que eu estou


pensando pelo olhar no meu rosto. — Por favor, não leve o carro deles.
— Zeek assente e olha para fora da janela.

— Eu não vou levar o carro de vocês, velho. — Zeek tira as


algemas do bolso de trás e vem em minha direção. Meu coração afunda,
mesmo que concordei em não ser uma dor na bunda, ele ainda ira
colocá-las em mim. Surpreendendo-me, ele agarra o lençol da cama e
arranca dois pedaços. Tomando meu pulso, ele enrola o lençol rasgado
em torno da pele sensível para protegê-lo do metal cru. O gesto é
simples, mas diz muito sobre o seu respeito pelo meu bem-estar. Seus
olhos nunca deixam os meus, enquanto o metal clica no lugar.

Agarrando o grilhão que liga os punhos, ele me puxa atrás de si.

Saindo pela porta, o sol da manhã está quase nascendo.

~ 40 ~
— Boa sorte! — Mildred diz quando Zeek fecha a porta. Ele olha
em volta do estacionamento, o único outro veículo é uma velha
Volkswagen oxidada. A sua pintura azul lascada revela um laranja feio.
As janelas seguram cortinas néon verdes.

— Parece que vamos pegar esse carro de maconheiro. — ele puxa


ar em meus punhos, e marcha em direção à van feia.

Abrindo a porta para mim, como um cavalheiro, o cheiro de


maconha e odor corporal é esmagador.

— Só pode estar brincando comigo?

— É isso ou o carro do casal de velhos. — olhando para ele, eu


não posso evitar, mas sulco minhas sobrancelhas com raiva.

— Você não acha que já aterrorizou aquele casal o suficiente?

Um sorriso se espalha lentamente em seu rosto, e sua mão


descansa na van ao lado da minha cabeça.

— Querida, eu apenas comecei. Essa merda lá atrás, foi uma


brincadeira de criança comparado com o que eu sou capaz. — ele
arqueia as sobrancelhas. — Agora entra na van, porra.

Não sei se estou excitada ou horrorizada. Mordendo a língua, viro


e entro.

Olhando ao redor da van, ela é forrada com carpete felpudo


laranja, e tem comida em todos os lugares.

Zeek empurra sacos de batatas fritas vazios do banco do


motorista, e sobe.

— Idiota do caralho. — Zeek manuseia as chaves na ignição,


virando-as para cima. Balanço a cabeça e cruzo os braços. Quem deixa
as chaves no carro? Parece que um monte de pessoas fazem isso no
meio do nada.

— Quanto tempo até chegarmos lá? — bocejo, pronta para que


esta viagem chegue ao fim. Pronta para que tudo seja resolvido para
que eu possa voltar para casa. Para minha mãe, minha casa, e meu
gato.

— Vendo como nós temos que tomar o caminho de volta, e


estamos neste pedaço de merda, quem sabe? — ele diz calmamente,
chamando a minha atenção. — Só para você saber, a única razão pela
qual eu não matei aquele casal e levei o carro deles... foi por você.

~ 41 ~
Minhas narinas inflamam quando tomo uma respiração
superficial, meus olhos nunca deixando os dele. Quem diabos é esse
cara, e por que o amo mesmo? — Eu teria os matado em qualquer outro
dia, mas se você percebeu, ou não, você está mudando a maneira como
vejo as coisas.

Quem diabos é esse cara, e por que eu o amo mesmo?

Minha boca se abre, minha mente corre com pensamentos tão


rápidos que eu não consigo pensar algo para responder de volta, então
viro e olho para fora da janela.

Talvez haja esperança para nós depois de tudo...

~ 42 ~
JILLIAN

Uma hora depois, acabo caindo no sono. O mesmo sonho da mão


do Diabo apertando meu ombro retorna. A mão de réptil áspera desliza
pelo meu peito, e o acaricia. Suas garras afiadas retalhando minha
camisa, a pele grossa contra meu mamilo sensível. Eu suspiro em voz
alta, o nome de Zeek rasgando do meu peito. A mão escamosa aplica
pressão, suas garras cavando em minha carne derramando sangue
quente pelo meu abdômen. Dor inflama todo o meu corpo como eu nunca
senti antes, e um grito irrompe da minha garganta, as lágrimas em meu
peito, agarrando o meu coração na palma da sua mão.

Carmesim derrama de minha boca quando a mão se apoiando


sobre o meu ombro leva meu coração com ele.

— Jillian! — uma buzina ressoa, e eu salto acordada. Meu corpo


está encharcado de suor, e meu peito arfando por ar. Olho para Zeek,
que está a meio caminho fora do assento do motorista, preocupação
estampada em seu rosto. — Que porra é essa? — ele rosna.

— Eu... eu tive um sonho ruim. — arfo, esfregando minha testa.


Balançando a cabeça, ele se ajeita de volta em seu assento. — Não foi
nada. Não se preocupe com isso. Quanto tempo mais? — pergunto,
minha voz abafada com medo.

— Bem, eu estou preocupado. — ele exala uma respiração


profunda. — Estamos quase lá.

Sentando no meu lugar, pego um saco de batatas fritas que ainda


não foi aberto, revelando três outros sacos fechados debaixo dele.

— Maconheiros do caralho, — Zeek ri, pegando um saco de


Cheetos. — Eles estão sempre com fome, — continua ele, um sorriso de
menino aparecendo em seu rosto. Tento não rir, mas falho, e um
pequeno sorriso rompe. — Ah, ela sorri, finalmente.

~ 43 ~
Colocando meus pés no painel, abro o saco de creme de leite e
cebola.

— Não se acostume com isso. Passos de bebê.

Nós sentamos em silêncio, bem, principalmente em silêncio. O


único ruído é o da mastigação dos chips, e o farfalhar dos sacos.

— Procure no porta-luvas por alguns analgésicos ou talvez ele


tenha alguns sobrando.

— Realmente, você quer que eu procure por drogas? — eu não


pude esconder a quantidade de sarcasmo na minha cara.

— É maconha, os índios usavam para cura e toda esta merda.


Inferno, ela vem do chão, como flores de merda, é natural.

— Flores? Sério? Eu não vejo ninguém sentado fumando lírios, —


digo de forma inteligente.

— Estou certo de que alguém já tentou isso antes, e se o fizesse


sentir como a maconha faz, as pessoas estariam fumando lírios, tenho
certeza.

Rolo meus lábios em uma linha fina para abafar o meu sorriso.

Ele puxa o torniquete caseiro em seu braço, o pano branco quase


encharcado de sangue. Engolindo seco, sento e abro o porta-luvas. Ele
não está querendo isso pela emoção de ficar chapado, ele está com dor.

Ele foi baleado tentando salvar a minha bunda.

— Não há nada aqui.

— Merda! — seu tom de voz rouca vibra através de mim e eu me


pergunto quanta dor ele realmente está sentindo e se é suportável neste
momento. Ele deveria mesmo estar dirigindo? Questiono quando olho de
volta para ele, meus olhos onde o pano de sangue embebido está.

— Tem certeza que não devemos ver um médico?

— Sim! — ele rosna, me fazendo pular no meu lugar. Babaca. Ele


olha para mim com o canto do olho, como se não tivesse a intenção de
atacar.

Tendo o suficiente dessa merda, viro no meu assento, olhando


pela janela.

~ 44 ~
Uma hora passa, e eu não posso segurar o xixi por mais tempo.
Eu estive segurando-o pelos últimos vinte minutos.

— Preciso urinar.

Zeek bufa, olhando para mim.

— Você pode segurar, estamos quase lá.

— Quão perto?

— Eu não sei. Dez minutos, talvez?

Consigo prender, mas eu quero ser um pé no saco. Afinal de


contas, ele me deixou com a porra das algemas novamente.

— Não, eu preciso ir agora.

Seus ombros tencionam, seus olhos me perfurando com


conhecimento de causa. Ele sabe que eu estou tentando irritá-lo. Eu
não posso evitar o sorriso rompendo meus lábios. — Muito.

Motos ressoam além de nós, mas está muito escuro para ler a
inscrição em seus coletes.

— Nós realmente estamos perto, — afirmo.

Zeek puxa o carro para lateral e desliga, um monte de carros e


motos estacionados em torno de um edifício a cerca de uma quadra.

— Por que você estacionou aqui? Você não vai entrar lá com
armas em punho como você faz normalmente?

— Não, eu não vou. — ele exala, endireitando-se em seu assento.


— Normalmente, eu o faria. Mas as coisas são diferentes. — ele faz uma
pausa, seus lábios rolando um sobre o outro em pensamento. Ele
parece em conflito, ou preocupado. Para ser honesto, eu não sei o que é,
eu nunca vi esse olhar no rosto de Zeek antes. — Eu matei um de seus
membros, — ele murmura, suas palavras saindo como se ele não
estivesse orgulhoso disso. Eu quase me esqueci que Zeek e seu irmão,
Lip, entraram em uma guerra, resultando em um membro dos Devil’s
Dust sendo morto pelas mãos de Zeek.

— Remorso, uma emoção que eu não acho ter visto em exibição


no Rei de Vegas antes. — virando a cabeça, ele olha para mim, me
fazendo chupar uma respiração apertada. A maneira como seu cabelo
cai nos olhos, e a forma intensa que a mandíbula aperta. Seus ombros
subindo enquanto seus braços flexionam, é assustador.

~ 45 ~
— Eu não estaria aqui se não fosse para tentar mantê-la segura.
— suas palavras me acertam forte, como um soco no estômago tirando
ar de dentro de mim. Eu não sei o que pensar sobre o seu comentário,
porque embora eu não tenha pedido a ele para me manter a salva,
estou contente que ele me mantem protegida, e não quero que ele se
arrependa de fazer isso.

— Você acha que ele realmente vai ajudar? — pergunto, mudando


o assunto.

Balançando a cabeça, ele descansa as mãos no volante.

— Não temos outro lugar para ir.

A música está retumbando alto do bloco, mulheres nuas e


homens tropeçam ao redor. Parece que uma grande festa está
acontecendo. Há tantas pessoas andando para cima e para baixo da
rua, que você acharia que há um show acontecendo em vez de uma
pequena festa.

— Eu não acho que esta noite é a melhor noite para aparecer por
lá, — afirmo, olhando a cena com mais cuidado.

— E por que seria isso? — ele questiona, olhando para fora do


para-brisa.

— As pessoas estão bêbadas, provavelmente usando drogas.


Quando eles te virem, não vão pensar claramente, e todos vão ficar do
lado dos Devil's deixando eu e você, sem uma chance. — aponto em
direção a um Crown Vic prata a cerca de uma quadra do clube na
direção oposta. — Além disso, eles estão sendo vigiados.

A cabeça de Zeek chicoteia na direção do meu dedo. — Sério?


Como você sabe? — seu tom frenético.

Eu dou de ombros, e continuo.

— É um carro popular entre os oficiais, parece estar fora do lugar,


e tem um copo de café no painel. Parece uma participação clássica. —
memórias da minha primeira tocaia com meu pai vêm a memória.

— Pai, o que estamos vigiando?

Meu pai responde, pegando seu café.

— Um criminoso, querida, — disse ele, sem olhar para mim quando


tomou um gole. Seu tom de voz imitou o som da voz que ele fez quando
uma cobra sorrateira deslizou para a garagem. Olhei em volta do carro,

~ 46 ~
esperando algo para fazer enquanto ficava lá. Pai me levou em um monte
de seus turnos quando minha mãe estava ajudando a igreja. Ele não
queria que eu ficasse sozinha em casa, embora eu me sentisse mais
velha que meus dez anos de idade para ser deixada em casa sozinha.

— O que ele fez?

— Abaixe-se! — meu pai sussurrou em voz alta, curvando-se em


seu assento. Deslizei para o chão, levando a caixa de rosquinhas
polvilhadas para o chão enquanto tentava conter meu riso.

Faróis se espalharam pelo teto do carro, antes de desaparecer. —


Este homem tem lidado com drogas para crianças, ele é muito bom em
não ser apanhado. Ele nunca toca o produto. Eu estou tentando ver qual
é o contato dele, ver se posso usar qualquer um deles como um
informante.

Peguei no assento de vinil, ainda curvada no piso, um dos meus


joelhos quebrando um dos donuts que escaparam da caixa. — Então eles
vão contar? — questionei, limpando a crosta de açúcar do meu joelho com
um dedo e trazendo-a para a minha boca.

— Exatamente.

— Por que eles vão contar sobre o amigo deles?

— Porque, — ele olhou para mim, as sobrancelhas estreitaram. —


Eu sempre encontro um jeito.

— Merda. Não podemos ir lá, esse cara poderia estar no bolso de


Frank, você nunca sabe e nós iríamos parar direto em suas mãos. — a
voz masculina do Zeek me puxa da minha viagem pela memória.

— Sim, exatamente o que eu disse. — sarcasmo pinga do meu


tom, ganhando-me um olhar de soslaio de Zeek.

— Sua puta, você sabe que mandou ele vazar! — uma menina
seminua grita, aproximando-se com um grupo de meninas.

Abaixo minha cabeça, meus lábios pressionados em uma linha


fina. Eu nunca iria me encaixar em uma festa de um clube de
motoqueiros. A forma como estas meninas exibem seus corpos sem se
preocupar, é uma coragem que eu gostaria de ter. Eu, por outro lado,
me encolho em cada falha que tenho quando estou completamente
vestida.

~ 47 ~
Posso sentir Zeek olhando para mim, mas eu continuo a olhar
para frente.

— Você sabe que é muito mais sexy do que elas, não sabe? —
colocando meu lábio inferior entre meus dentes, escondo o sorriso
querendo escorregar pelas minhas inseguranças.

— Eu não sou como elas. Elas usam essas roupas sensuais, e


maquiagem, e eu nunca poderia fazer aquilo. — odeio o quão patética
soo.

— Isso é exatamente o que eu amo sobre você. Você é tudo o que


elas não são. — meu coração troveja no meu peito, e meu rosto se
aquece com adoração. Eu odeio como ele pode ser um completo idiota
em um minuto e, em seguida, saber exatamente o que dizer. Ele me
enlaça o tempo todo.

— Portanto, agora o que vamos fazer? — cruzo meus braços,


ignorando o elogio. Estou com muito medo de responder e ele dizer algo
ainda mais doce e vou derreter em seus braços. Preciso resistir a ele,
por uma questão da memória do meu pai, se é alguma coisa.

Ele esfrega o queixo. — Eu tenho um amigo que mora por aqui,


vou ligar e ver se podemos ficar com ele por um tempo, pelo menos até
que o carro desapareça. Hoje à noite nós vamos ficar aqui.

— Aqui?

— Sim, aqui, na parte de trás do furgão. Se tentarmos sair e ir


embora, vamos chamar a atenção. Se aquele cara no Cruiser estiver
com Frank, nós não queremos que ele nos note e ligue pra ele.

Passando minhas mãos pelo cabelo, rosno, frustrada. —


Realmente tenho que fazer xixi, então você vai ter que se virar e fazer
uma cena de qualquer maneira.

Zeek se abaixa, e pega algo do piso.

— Use isso. — ele me dá uma garrafa de Gatorade quase vazia.

— O que é que eu vou fazer com isso? — pergunto, pegando dele.

— Nós não podemos sair daqui, e você tem que fazer xixi, então...
— ele balança a cabeça em direção à garrafa, e meus olhos incendeiam
quando percebo o que ele está sugerindo.

— Você quer que eu faça xixi... nisso? — digo inexpressiva.

~ 48 ~
Um sorriso malicioso cruza seu rosto.

Algemada, passo por ele e vou para a parte de trás da van para
fazer xixi.

ZEEK
— Você pode pelo menos tirar as algemas? — Jillian bufa da parte
de trás da van.

— Não. A última coisa que eu preciso é que você corra lá para fora
e nos faça um alvo.

— Gaaaah! — ela rosna, falando merda com raiva.

— Nós tentamos isso do seu jeito, do jeito tranquilo, lembra


disso? Então você ficou me zoando e arruinou a confiança entre nós.
Portanto, você vai ficar algemada até que eu possa confiar em você
novamente.

— Vá se foder. Você é apenas um idiota controlador. — suas


palavras são como um tapa na cara. Não tenho dúvidas de que tenho
tendências de controle, mas quando você lidera um clube de
motoqueiro, isso vem naturalmente.

Ela volta e joga a garrafa de mijo em mim, errando completamente


e voando para fora da janela.

E é por isso que eu sou tão obcecado com essa mulher irritante,
ela não aceita as minhas coisas calada.

— Espero que você não tenha que mijar novamente, porque essa
era a única garrafa. — dou a ela um grande sorriso cheio de dentes,
para irritá-la, e empurrar seus botões.

— Eu deveria ir lá e buscá-la, só para jogar em sua cabeça de


novo, — ela retruca.

Um par de meninas bêbadas caminha em nossa direção, e eu


afundo no meu lugar. Jillian também o faz em sequência.

— Devemos ir para o fundo. Eu não quero que ninguém nos


reconheça. — olhando para a parte de trás da van, noto um monte de

~ 49 ~
cobertores e nenhum assento. Um grande narguilé 3 está amarrado
contra o lado da van para que ele não caia quando a van estiver em
movimento. Maconheiros do caralho.

Escorregando na parte traseira, organizo os travesseiros e


cobertores, com Jillian me seguindo.

Ela pega um travesseiro, e o espana antes de se deitar. Suas


costas de frente para mim. Ela move seu cabelo de seu pescoço,
juntando acima de sua cabeça. Seu pescoço de seda perfeito fica a
mostra. Ela suspira, e a blusa branca que é muito grande para ela,
desliza de seu ombro.

Porra.

Mordo meus dedos quando meu pau empurra contra o jeans


dolorosamente. Quero lamber seu ombro, beliscar a pele sensível da sua
nuca. Puxar seu cabelo, e transar com ela até que seus olhos revirem
na parte de trás de sua cabeça.

Soprando uma respiração agitada, fecho meus olhos tentando


pensar em outra coisa.

Com meus olhos ainda fechados, busco as palavras, tentando


empurrar os pensamentos de Jillian saltando no meu pau para fora da
minha cabeça.

Não está funcionando. Eu preciso de algo mais em que pensar.

Além do fato de que eu preciso entrar em contato com Felix. Ou


descobrir exatamente o que eu vou dizer para Lip?

Tão importante quanto esses dois pensamentos são, meu pau


esfregando contra o meu zíper à procura de qualquer tipo de atrito
neste momento está exigindo atenção.

Pensar em qualquer outra coisa é inútil.

Meus olhos se abrem, e olho para Jillian. Sua respiração está


mais lenta, e ela não se moveu. Endireitando-me alguns centímetros,
tento ver seu rosto, ver se os olhos estão abertos; eles estão fechados.

Porra.

Abrindo minhas calças, chicoteio meu pau para fora, cuspo na


minha mão, e o acaricio.

3
Narguilé é uma espécie de cachimbo artificial usado para fumar aromatizantes, drogas e etc...

~ 50 ~
Manobrando meu pau duro, me masturbo suavemente.

Fechando os olhos penso em Jillian sentando sobre os joelhos, o


botão de camisa branca caindo em seus braços, e seus peitos
empinados e prontos para eu chupar. Deus, eu sinto falto do sabor
dela, e a forma como a doçura de sua pele persiste em minha língua. É
salgado e doce. Meu pau incha ainda mais na minha mão, as veias do
meu eixo protuberante conforme acaricio. Meu peito se levanta com
uma respiração irregular quando minhas bolas apertam, com satisfação
por estar recebendo atenção. Assim que o fim da minha mão alcança a
ponta do meu pau, desço rapidamente.

A sensação da minha libertação nada até meu pau, o sentimento


de felicidade tirando a tensão do meu corpo.

— Que porra você está fazendo?!

Meus olhos se abrem, encontrando Jillian olhando para mim com


os olhos arregalados, antes de olhar para o meu pau.

Eu não paro, não posso parar. Estou muito perto.

— O que é que parece, querida?

Ela engole em seco, seus olhos encontrando os meus depois de


olhar para o meu pau apenas um momento mais do que alguém que
parece horrorizado deveria. Tempo suficiente para saber que ela quer
me ver.

Seus lábios abrem para se opor, levando o meu foco para aquela
boca perfeita. A forma como seria tê-los envolvidos em torno do meu
pau.

— Quer me ajudar? — digo com voz rouca.

Suas sobrancelhas se estreitam e sua boca se fecha. Seus olhos


se concentram no meu pau mais uma vez, e seu peito sobe
rapidamente, ela está lutando contra seu desejo interior.

— Aposto que essas coxas estão apertadas como o inferno


tentando abafar essa umidade que quer cobrir meu pau, não é?

Lentamente, seus olhos encontram os meus, eles estão pesados e


atordoados com a excitação. — Vá se foder, — ela sussurra, mas sua
voz não chega a executar o insulto que ela queria. Sua camisa desliza
para baixo, quase me mostrando mamilo e peito o suficiente para fazer
meu pau empurrar por conta própria na minha mão.

~ 51 ~
Gozo. Mando gozo quente por toda a minha mão, e minha barriga.

Seus olhos pressionam levemente para meu pau, e eu posso ver


seu coração batendo na garganta a partir daqui. Minha mão continua a
ordenhar meu pau enquanto seus olhos permanecem em cada
movimento da minha mão.

— Eu acho que avisei sobre você dizer isso para mim. — pegando
um cobertor por perto, enxugo minhas mãos e depois a porra no meu
pau e na barriga.

Sacudindo a cabeça, ela se vira.

— Eu não posso acreditar que você fez isso comigo aqui, — ela
bufa, deitando-se. Sua parede de ceder aos meus avanços está de volta.
Empurrando meu pau de volta em minhas calças, passo as mãos sobre
ela, empurrando as mãos algemadas acima de sua cabeça.

— Não aja como se você não tivesse gostado de ter visto. Sua
boceta está molhada e dolorida por mim, por ele e nós dois sabemos
que é a verdade.

— Não é verdade.

Soltando suas mãos, seguro as calças pretas soltas que ela


recebeu de Mildred, e suas mãos algemadas descem, imediatamente
empurrando contra a minha mão para parar.

— Pare!

— Diga-me a verdade, e eu vou. Diga-me que você apertou suas


coxas tão duro que você terá hematomas amanhã. Caso contrário, eu
vou ver por mim mesmo, ver que você é uma mentirosa suja. A forma
como os seus olhos se iluminaram quando meu gozo passou sobre os
nós dos meus dedos, não tem como você não ter gostado, querida.

— Eu fiquei excitada. — suas palavras vêm obsoletas, como se eu


a estivesse forçando-a a dizê-las. Mexo meu joelho, esfregando-o ao
longo de sua boceta, e seus olhos reviram. O calor de sua excitação
irradiando dela é tão denso que eu posso sentir através do meu jeans.
Eu faria qualquer coisa para afundar o meu pau latejante na sua
buceta. Minha patética sessão de masturbação não fez nada para as
bolas azuis.

Esfrego meu joelho contra ela mais uma vez, e um gemido suave
escapa de sua boca, a mão se enredando em seu cabelo enquanto ela

~ 52 ~
usa os pés para empurrar sua boceta quente sobre o meu joelho de boa
vontade.

Sim, ela me quer, e é apenas uma questão de tempo antes de eu


me aproximar e quebrar essa parede de rejeição.

Eu não quero nada mais do que afastar essa blusa e transar com
ela na parte traseira de uma van, mas posso dizer que ela ainda está
lutando consigo mesma, e quando eu afundar meu pau dentro dela, eu
não vou parar porque ela está tendo dúvidas.

Meu pau latejante terá que ser paciente.

Balanço contra ela, fazendo com que seu rosto amasse em êxtase.

Inclinando a cabeça para baixo, seu corpo ainda fodendo meu


joelho, mordisco sua orelha e ela arqueia contra mim.

— Eu tenho toda a confirmação que eu preciso, — eu sussurro no


ouvido dela, puxando o meu joelho de seu sexo ganancioso.

Seus olhos se abrem, as mãos desembaraçando de seu cabelo.

— Você é um idiota! — ela me xinga e se joga de lado, de costas


para mim.

— O único idiota que pode te dar um orgasmo. — é a melhor


sensação do mundo saber que eu sou o único que pode dar isso a ela. O
único que pode provocá-la assim.

Ela rosna em frustração, as mãos levantadas no ar como se


quisesse me estrangular. Eu daria a ela algo para estrangular.

— Como você acaba de descobrir, eu tenho um grande remédio


para o stress. — isso é uma mentira, masturbar tornou tudo pior, eu
acho.

— Cala a boca! — ela grita, ainda de costas para mim. Seu tom
não é aquela raiva fofa que me faz sorrir, mas a versão puta que me diz
que ela está falando sério.

Não importa o quanto a provoque, que eu tente e mostre a ela que


ela me quer e me pertence... pode não ser o suficiente para ganhar sua
confiança, o seu respeito. As duas coisas que são mais importantes
para mim.

Fechando os olhos, eu penso sobre isso, e como corrigir esta


situação.

~ 53 ~
***

Uma moto ruge, me acordando. Sentando, olho por cima, Jillian


ainda está dormindo. Uma lasca de luz solar espreita de baixo da
cortina da janela da van, espirrando ao longo de sua clavícula.

Porra, ela é linda.

Eu realmente fodi tudo com ela.

Mata-me não ver seu sorriso pateta, onde aparece a ligeira


covinha, e as pequenas rugas junto aos olhos. Eu vou explodir se não
for capaz de tocá-la, possuir ela ou os gemidos que saem de sua boca.
Ser a causa de seu corpo tremer e morrer para a sua próxima
respiração.

Temo por ela, porque quando ela estiver finalmente farta de estar
com raiva de mim talvez eu possa realmente rasgá-la em dois, com toda
a energia reprimida possessiva que estou abrigando. Vou enterrar meu
pau tão fundo em sua umidade, que não vou saber onde ela começa e
eu acabo. Meu osso do quadril ferirá suas coxas e os braços não terão
força para segurá-la. Acima de tudo... ela não vai parar de sorrir aquele
pequeno sorriso bobo quando acabarmos.

Sim, isso vai acontecer. Em breve.

Outra moto ruge, e ela salta na posição vertical. Seu cabelo


espetado em todos os lugares, os olhos meio dormindo, um olho aberto
e o outro fechado.

— Bom dia, Recruta.

Ela me olha ferozmente, puxando sua camisa, então eu não posso


ver seus seios.

— Que horas são? — a voz dela é grossa por causa do sono. Eu


quero ouvi-la gemer meu nome com esse tom de voz. Deus, eu tenho que
parar com essa merda.

— Não sei. — vou para frente, e olho para fora do para-brisa. —


Talvez meio-dia?

O bloco está livre de carros, e a maioria das motos se foram.

~ 54 ~
— E agora? — ela me segue para frente, esfregando os olhos como
uma criança que está cansada.

Aponto para o carro que ainda está estacionado na frente do


clube.

— Nós não podemos ir lá, é muito arriscado. Então, nós vamos


encontrar um telefone para que eu possa chamar Paw.

— Paw?

— Sim, é o nome de gangster dele ou alguma merda assim, eu


não sei. Ele se mudou de Vegas porque a Califórnia tinha uma melhor
oferta e demanda para o produto que ele estava transportando. A última
vez que eu soube ele estava por esta área. — Paw era um dos meus
melhores vendedores, ele começou a vender maconha e cultivar coca
seriamente. Quando ele me informou que estava se mudando para o
oeste não fiquei feliz com isso. É difícil confiar nas pessoas no negócio
de drogas e um homem que eu conhecia desde a infância estava
apostando em mim. A única razão pela qual permiti que ele saísse foi
porque ele me colocou em contato com outro vendedor que jurou seria
rentável. O novo cara é bom, mas não tenho certeza se ele é tão bom
quanto Paw era.

— Você acharia que por ser um gangster ele viria com um apelido
um pouco mais intimidante do que Paw 4 . — ela pega o cinto de
segurança, e o afivela.

Eu não posso deixar de sorrir, espere até que ela veja o cara. Paw
é um cara grande, com tatuagens por todo corpo. Seu nome poderia ser
Fofo e ele ainda assustaria as crianças pra caralho.

Eu dirijo até o posto de gasolina mais próximo, e estaciono ao


lado do edifício. Saindo do carro, procuro algum orelhão para ligar para
Paw. Depois de encontrar, eu olho para Jillian. Eu não posso deixá-la
aqui, ela poderia correr ou tentar me abandonar.

— Você vem comigo.

— O quê? — ela retruca, insolência pesando em seu tom.

— Eu não acredito...

— Você não confia em mim. Sim, nós estabelecemos isso. — ela


revira os olhos e desafivela o cinto de segurança. Rangendo os dentes,

4
Paw significa pata ou garra.

~ 55 ~
faço uma carranca. Quando ela finalmente me perdoar, vou foder essa
atitude malcriada dela.

Saindo do carro, agarro-a pelos punhos e a puxo atrás de mim


para que ninguém possa ver o metal envolvido em torno de seus pulsos.

Mantendo a minha mão sobre ela, coloco as moedas no orelhão e


disco o último número que me lembro de Paw ter.

— Alô?

— Paw?

— Quem é?

— É Zeek. Eu preciso de um favor.

— Zeek, meu irmão. E aí cara? O que você precisa?

— Eu preciso de um lugar para ficar, apenas por um tempo.

— Você se meteu em alguma merda? — seu tom emerge, como se


alguém pudesse ouvi-lo.

— Sim, sim, me meti. — olho para Jillian, o sol irradiando de seu


cabelo loiro enquanto ela olha para os carros que passam.

— Tá bom. Você conhece LA?

— Eu posso conhecer.

— Sem dúvida, sem dúvida. Dirija até Rustic Creek, e vá até


Green Eldgewood, casa número 1356.

— Entendi.

— Tá bom, te encontro lá, cara.

Desligo o telefone, e puxo as algemas de Jillian.

— Vamos.

~ 56 ~
JILLIAN

Nós dirigimos pelo que parece uma eternidade. Eventualmente,


passando pelo oceano, o que eu não posso evitar, mas coloco a cabeça
para fora da janela e inalo o cheiro salgado. Cruzando os braços no
peitoril da janela da porta, descanso meu queixo na curva do meu
braço. A brisa quente é forte e edificante, jogando meu cabelo para o ar
descontroladamente. Pela primeira vez em dias, sinto-me... livre. Com o
sol brilhando, e aquecendo a minha pele, os pensamentos de amar ou
odiar Zeek se desvanecem conforme o sol me cega com os seus raios.
Desejo poder apenas ficar assim e não ter que enfrentar a verdade da
realidade.

Dói, essa dor prende no meu peito me lembrando que Zeek matou
meu pai toda vez que chego perto dele. O fato de que estou tão
completamente consumida por ele, que eu quero tanto esquecer tudo o
que aconteceu, mas eu não posso. Meu pai merece mais do que isso.

Lembro-me de uma noite estar em uma ligação com o meu oficial


de treinamento de campo quando recebi um telefonema de uma briga
doméstica. Após chegar ao local notei um carro em chamas na garagem
e uma menina sentada nos degraus do pátio. Quando perguntei o que
tinha acontecido, ela disse que seu namorado a traiu, e ela estava tão
louca que a única maneira que ela pode expulsar a dor em seu peito foi
colocando fogo no carro dele. Eu perguntei se ela se sentia melhor, e ela
acendeu um cigarro, sorriu e disse: — Um pouco, sim. — achei a garota
era louca naquela época, mas eu totalmente a entendo agora.

Tremo internamente. Oh Deus, eu vou ser esse tipo de namorada.


Do tipo que esculpe seu nome na moto do seu homem e queima suas
roupas quando ele quebra seu coração.

Dou a Zeek um olhar de lado. Destruir algo seu e mentalmente


ver a reação dele já me faz sentir um pouco melhor.

~ 57 ~
— O que você está pensando? — eu penso no meu sonho de jogar
gasolina sobre a moto de Zeek, segurando o galão vermelho acima da
minha cabeça e rindo como uma louca.

— Hmm, o quê? — tento afastar o pensamento.

— Sim, você, você está com esse olhar... é perturbador. — eu


mastigo minha bochecha interior, debatendo sobre o que dizer.

— Hum, eu estava pensando sobre incendiar sua moto, talvez


suas roupas também. Eu pensei que iria me fazer sentir melhor sobre
tudo... — suspiro, tentando evitar o seu olhar, porque eu tenho certeza
que ele está de olhos esbugalhados.

— Porra, você é uma daquelas cadelas.

— Isso é novo para mim, também. — eu meio que rio.

Seus lábios se curvam no canto, uma pequena covinha formando


de um lado.

— Eu gosto de loucura, isso mantém as coisas interessantes. —


ele se estica e segura minha mão. Endureço, a dor lancinante no meu
peito retornando. Eu quero apertá-lo de volta, mas... não seria certo.
Não só porque eu não tenho todos os fatos sobre o meu pai, mas eu me
sinto egoísta por querer estar com Zeek. Nós dois juntos... só traz dor a
todos em torno de nós.

Casualmente, puxo minhas mãos e ajo como se estivesse abrindo


a janela um pouco.

Deus, eu odeio isso.

— Então, você está certo sobre esse cara? — tento quebrar a


tensão insuportável.

— Sim. Se não estiver, eu vou colocar uma bala na cabeça dele. —


seu tom é casual, meus olhos ficam arregalados.

— Estou nervosa, de onde eu sou não confiamos em gângster,


muito menos dormimos em seu sofá. — balançando a cabeça, um
arrepio corre pela minha espinha.

— Eu sei, é apenas temporário. — gostaria que pudéssemos


simplesmente dormir na van. — Ei, não vou deixar nada acontecer com
você. — Zeek continua depois de ver a aparência de conflito escrita em
meu rosto.

~ 58 ~
Engulo em seco.

— É apenas um par de dias. Eu posso fazer isso. — torço minhas


mãos, meus dedos enrolando. — No entanto, você não pode me julgar
responsável se meu treinamento entrar em ação, e eu acabar
algemando-o ao banheiro.

Zeek late uma risada que é contagiosa.

— Eu adoraria ver isso.

Zeek conduz a van em um bairro de classe superior. As casas são


grandes, com Bentleys ou Cadillacs estacionados. Estreitando meus
olhos, lanço a Zeek um olhar perplexo. Pensei que estávamos indo para
a casa de um gangster?

— Aqui está. — ele aponta a frente do para-brisa para uma casa.


Com um telhado cinza, a porta de entrada é pavimentada com pedras,
uma porta de vidro dupla, com duas colunas brancas em cada lado.

— Um gangster possui isso? — estou muito confusa. Pensei que


estaria em uma casa degradada com um cão acorrentado latindo no
quintal. Talvez uma cerca, até mesmo grades nas janelas, mas não isto.

A picape preta aparece na nossa frente e a porta da garagem da


casa abre.

Um homem baixo em um blusão preto e camisa branca com


calças de brim escuras sai e aponta para a garagem. A corrente de ouro
em volta do pescoço reluzindo com o sol.

Zeek leva a van para dentro da garagem, e desliga o motor. A


garagem está quase vazia. A única coisa que tem aqui é um bando de
mesas compridas que estão dobrados na parede.

— Meu amigo filho da puta! — o homem grita, caminhando em


direção à van. Zeek sai, e o sigo. Meu coração troveja no meu peito tão
forte que minhas mãos tremem.

— Uau, eu acho que você está engordando, Paw. — Zeek ri,


fazendo alguma coisa como um aperto de mão com Paw. — Obrigado
por nos ajudar, cara, — estala Zeek, batendo em seu ombro antes de
recuar.

— Ei, não se preocupe. É o mínimo que eu poderia fazer depois de


o quão legal você foi com as coisas quando eu saí.

~ 59 ~
Dou a volta na parte de trás da van, os olhos de Zeek se
concentram em mim, Paw olhando na minha direção também. Seus
olhos caem nas minhas algemas.

— Droga, irmão, em que tipo de merda você se meteu?

— Alguma merda profunda, — Zeek responde, seu tom espesso.


Sua cabeça se inclina para trás, cabelos escuros caindo em seus olhos.
Aquele olhar, essa imagem de fora da lei sombrio que atravessa seu
rosto faz meus dentes morderem meu lábio inferior. É assustador e
sexy.

— Estava indo ver o meu irmão, mas ele está sendo vigiado. Nós
apenas precisamos esperar, isso é tudo. — Paw olha para mim de novo,
e então para Zeek.

— Certo, bem, deixe-me te mostrar o lugar.

Paw abre uma porta anexa à casa, e nós o seguimos. Está


praticamente vazia. O cheiro de tinta fresca e tapete novo são fortes. É
como se fosse uma casa nova.

Há um pequeno assento roxo na frente de uma lareira, e um


aparelho de som em cima da lareira. Uma estante com alguns livros em
uma das paredes. Uma mesa no lado mais distante, papel espalhado
por toda parte.

Espere. Olho novamente para a mesa.

— Praticamente limpei tudo dos proprietários anteriores, só


preciso tirar essa fodida estante daqui. Eu não quero encaixotar todos
esses livros sozinho e tentar encontrar homens que não são preguiçosos
é difícil pra caralho. De qualquer forma, há uma cama no quarto dos
fundos, às vezes meus meninos trabalham tantas horas que é vantagem
ficar aqui.

Meus olhos se arregalam quando olho ao redor, meu coração


correndo. Esta não é uma casa qualquer. A palavra está tão presa na
minha garganta que eu quero derramar.

— Quanto tempo você precisa ficar? — Paw projeta o queixo para


Zeek, que está olhando o lugar. — Eu tenho que abrir uma loja na
próxima semana ou eu vou me atrasar nos pedidos.

— Uma semana no máximo.

~ 60 ~
— Eu posso fazer isso funcionar. Aqui, eu trouxe algumas coisas.
Eu não estoquei nenhum alimento ainda, e eu não tinha certeza se
havia algo deixado nos armários. — Paw abaixa uma sacola de
supermercado branco que eu não percebi que ele estava carregando.

— Obrigado, mais uma vez, por nos ajudar, Paw. — acena Zeek.

— Sem dúvida. Tenho um pouco de uísque lá dentro que vai


ajudar com o braço também. — Zeek olha para seu ombro.

— Vai ser ótimo. Obrigado.

— Não foi nada, irmão. Vou deixar você resolver as coisas. Ligue
se acontecer alguma coisa. — quando ele se vira há uma tatuagem de
uma pata gigante de um tigre em sua cabeça. A casa vibra quando a
porta da garagem se fecha e Paw sai.

— Isso vai ajudar por agora, pelo menos nós não estaremos
dormindo na parte de trás da van, — estala Zeek, curvando-se para
pegar o saco de mantimento do chão. As palavras que estavam
engasgadas na minha garganta querendo sair num grito vingativo. A
raiva batendo no meu peito tão forte que eu sinto meu rosto corar. Sua
cabeça chicoteia em minha direção com surpresa, quando lágrimas
brotam em meus olhos de estar chateada.

— Você me trouxe para uma fodida casa armadilha, Zeek? — eu


grito. Minhas mãos se fecham em punhos e eu o empurro novamente.
Eu não posso acreditar que este é o lugar onde ele iria me levar, que ele
tinha aceitado ficar aqui sabendo quem eu sou e o que eu represento.
Ele tinha que saber que não estaria bem com isso.

Quando vou empurrá-lo novamente, ele se afasta. Tendo o


suficiente de mim empurrando-o, ele agarra meus pulsos, e me obriga a
parar.

— Eu não sabia, Jillian. Caralho! — ele grita, soltando minhas


mãos e segurando seus cabelos.

— Nós não podemos ficar aqui.

Uma casa armadilha é o lugar onde traficantes usam para fazer


ou vender drogas. Às vezes eles até a usam para fabricar e fazer drogas.
Eles escolhem casas em bairros normais com casas caras e carros
chamativos. Aquelas onde não há violência, e os policiais não
pensariam em dar uma segunda olhada a menos que a vizinha com
Botox perdesse seu poodle da bolsa.

~ 61 ~
— Não é como se nós tivéssemos muita escolha. Não podemos
ficar na van, tivemos sorte que ninguém nos viu, já que ele é roubado.

Caio no sofá, descansando os cotovelos sobre os joelhos, e deixo


minha cabeça cair em minhas mãos. Eu sei que ele está tentando o
melhor que pode, mas me sinto mais fora do meu elemento aqui do que
em qualquer lugar que já estive. Fui treinada para detectar lugares
como este e acabar com eles. No entanto, aqui estou, escondendo-me
em um para que não seja pega em uma van roubada. Estou perdendo a
cabeça. Estou perdendo seriamente a cabeça.

A única coisa que nunca tive dúvida era o sonho de ser uma
xerife, e coloquei todo meu esforço nisso, e essa acabou de ser jogada
contra a parede.

— Isso é contra tudo o que defendemos, — sussurro, meus olhos


ameaçando derramar as lágrimas contidas. Pensei que Paw era apenas
um comerciante de drogas aspirante. Pensei que talvez ele vendesse
droga para alguns maconheiros por perto, mas quando há uma casa
armadilha envolvida, estamos falando do grande negócio aqui. Este é o
tipo de lugar que é a porra do sonho molhado do DEA.

— Eu sei. — ele agacha na minha linha de visão, seus olhos


segurando tristeza e pesar, avançando até que segura uma lágrima do
meu rosto, esfregando-o entre o dedo indicador e o polegar. A maneira
como ele olha para as minhas lágrimas é como se ele nunca tivesse
visto esta emoção antes, como se ele estivesse confuso, o que sempre
me pega de surpresa. Costumava pensar que sua família o criou para
ser um animal, mas até mesmo os animais sentem. Não, eles
transformaram Zeek em uma arma.

Isso me faz sentir por nós dois quando o vejo fazer alguma coisa
humana, sentir algo que ele não está acostumado a sentir. Quero subir
em seu colo, colocar minhas pernas em volta da sua cintura, e beijar
seu rosto.

— Você vai ter que sujar as mãos se quiser limpá-las. Eu disse a


você... apenas confie em mim.

Paro, empurrando-o para fora do caminho. — Sim, e antes que eu


saiba vou ser a única a matar policiais. Tudo começa em algum lugar.

E da maneira que eu estou indo, isso não está tão longe.

~ 62 ~
ZEEK
Fico observando Jillian entrar no quarto que contém a cama.

Não sabia que Paw me levaria para uma casa armadilha, mas eu
não iria recusar também. Precisamos de um lugar para ficar por um
tempo, e isso vai ser perfeito. Eu sei que é contra tudo que Jillian
representa, mas eu sei que ela foi empurrada tão longe dessa linha azul
que ela vive, que nem dá pra ver mais.

Esta merda com seu pai, porém, eu entendo. Eu sei que eu não
devo revelar nada para ela. São as regras do clube não compartilhar
detalhes sobre o que acontece no clube para old ladies. Mas Jillian não
é apenas minha old lady, ela é uma porra de um policial. Uma faca de
dois gumes na forma das regras. No entanto, ela tinha um assento na
primeira fila para o que se passa no meu mundo, e eu acho que devo
isso a ela, contar quem diabos tenente Oaks realmente era. Não contar
a ela está pesando sobre mim, e me irritando com cada olhar acusador
que seus belos olhos lançam em minha direção. Ela está quebrando.

Não posso aguentar mais um olhar de ódio para mim. Isso me faz
querer agarrar a pessoa mais próxima e rasgar sua garganta. Minhas
mãos flexionam com o pensamento de violência. Estou ficando nervoso
com essa correria toda. Eu não corro das coisas, eu a enfrento com
vingança.

Avançar e voltar com Jillian está ficando velho demais. Eu estou


aqui tentando compensar o pedaço de merda que eu sou.

Amor é desgastante. Quem realmente acorda querendo encontrar


o amor? É doloroso pra caralho. Eu tive ferimentos de bala doendo
menos do que esta merda.

Agarrando a sacola que Paw trouxe, tiro uma garrafa de Jack


Daniels, um telefone não rastejável, e dois sacos de batatas fritas.

Segurando o uísque, jogo as outras coisas sobre o balcão.

Pensando bem, eu sei por que as pessoas encontram o amor.


Porque é nesses momentos que fazem você se sentir como se estivesse
ficando louco. Como quando Jillian envolve seus braços em volta do
meu pescoço e me abraça. Eu não posso evitar, mas sinto o cheiro dela,
e acho que se alguém ficasse entre nós, eu cortaria sua garganta e
foderia Jillian por tentar levar esse momento para longe de mim.

~ 63 ~
Um abraço costumava parecer um gesto simples, mas não é. A
sensação de seu coração batendo contra o meu, o significado de seus
braços me puxando para perto, tudo isso significa alguma coisa. Isso
rompe barreiras, quebrou as minhas. Isso me fez mudar de dormente
para algo mais humano.

Tomo um gole gigante da bebida.

Eu odeio o amor. É doloroso. Isso me lembra o câncer. A partir de


um lugar pequeno no interior, e se espalhando por todo o seu ser até
que você sinta como se pudesse realmente morrer.

Amor do caralho.

Coloco a garrafa sobre o balcão, e configuro o telefone e ligo para


Felix.

— Olá?

— Sou eu.

— Cara. Que porra é essa? — ele está preocupado. Como um pai


que se virou por um minuto e percebe que seu filho sumiu no outro.

— Desculpe, estive fugindo. Não é fácil fazer isso com alguém que
não deseja fugir. — rosno, tomando um gole do Jack.

— Oh, sim, como é que vai?

— Ela me odeia, como era esperado.

— Você não odiaria? — ele refuta.

— Como as coisas estão aí? — pergunto, ignorando sua pergunta.


Não culpo Jillian por me odiar, mas não estou prestes a dizer isso a ele.
Lembro-me do inferno que passei quando eu descobri que meu clube
tinha um rato. Quebrei, duvidando de todos, incluindo eu mesmo.

— Tio Frank assumiu o clube, cara. Quero dizer, eu, Machete,


Mac e Gats ainda somos seus meninos. Estamos apenas esperando sua
chamada para descobrir que rumo tomar agora. Machete quase foi
morto quando Frank assumiu. Frank basicamente nos fez suas cadelas.
Estamos nos fodendo fazendo merda de Prospecto. Você tem que voltar.

— Você me disse para correr, você me disse para pegar Jillian e


fugir. Se eu não tivesse me mandado, você sabe que ele teria matado a
mim e a ela.

~ 64 ~
— Você tinha o direito de levá-la por segurança, porque eu sei que
ela tem você porra. Mas eu não sabia que você não iria voltar. Você tem
que voltar pra cá e tomar de volta o que é seu, Zeek, este clube é tudo o
que tenho.

Esfrego minha testa. — É tudo o que tenho, também. Confie em


mim, eu sei que eu deveria estar aí tomando o meu clube de volta.

— Cara, para ser honesto, nós precisamos de mais homens. Não


temos como acabar com Frank, ele tem todo o poder, especialmente
com Mob atrás dele. É por isso que Machete enlouqueceu, está fora de
nosso controle, e só temos de sentar e deixar que isso aconteça.

— Oh, confie em mim, eu vou tomar o clube de volta. — eu sei


com certeza. Eu tenho um plano, só vai levar tempo. Nada de grande e
valioso irá acontecer de uma hora para outra.

— Como você planeja fazer isso? — sua voz é duvidosa.

— Estou indo até Devil’s Dust, para Lip. Talvez eu possa


convencê-lo a me ajudar a tomar o clube de volta.

— Ha! Isso vai sair pela culatra.

— Sim, bem, eu estou esperando que ele veja que somos uma
família, ou talvez possamos fazer um comércio de serviços, no mínimo.
— eu suspiro pesadamente. — Eu não tenho muita escolha. Eu não
confio em mais ninguém para não se virar contra mim, e ir para lado de
Frank.

— Seria ótimo se você pudesse acabar com ele.

— Eu tenho que deixar Jillian segura primeiro. — ela sempre


estará em primeiro lugar antes de qualquer coisa, mesmo com a
possibilidade de ela jamais me perdoar.

— Quem diabos se importa? Eu quero lembrá-lo que você está


deixando seus irmãos de lado por uma fodida policial.

— Eu me importo, isso é tudo que você precisa saber, Felix, se


você não puder entrar a bordo nisso, então diga alguma coisa. — eu
estou apontando para a parede, como se Felix estivesse em pé bem na
minha frente.

Um suspiro pesado soa no telefone. — Eu entendo, mas eu


preciso ter certeza de que esta cadela é o verdadeiro negócio, cara, você
está colocando muito em jogo por ela.

~ 65 ~
Olhando para a porta fechada que mantém Jillian, eu enrolo os
lábios em torno do gargalo da garrafa de uísque. — Manos antes das
minas, irmão.

— Eu faria qualquer coisa para que ela não significasse nada,


infelizmente nada com ela é fácil. É por isso que eu a quero tanto.

~ 66 ~
JILLIAN

Olhando pela janela, o sol se arrasta por todo o céu, a lua


perseguindo por trás dele. Minha mente e corpo estão tão confusos e
minha alma está além de arrependimento. Tudo que eu já conheci, que
preguei pelo amor de Deus, foi jogado ao vento. Incitou em uma
tempestade no deserto, apenas para cair em caos.

A atração foi um erro desde o início, quando esse desejo se


transformou em amor, tornou-se punição.

Nosso relacionamento é fodido, proibido, até. Os casais que estão


juntos há anos não passam pela merda que nós passamos. Mordo meu
lábio inferior em pensamento. No entanto, Zeek ficou do meu lado o
tempo todo. Mesmo quando eu o empurrei.

Eu acho que estar aqui não é a pior ideia, quem me conhece não
pensaria em me procurar aqui.

A porta do quarto se abre, batendo contra a parede com tanta


força que eu salto. Fecho meus olhos, não querendo lidar com Zeek
agora. Simplesmente não consigo trabalhar com o que está acontecendo
na minha cabeça agora. Eu o odeio, mas também o amo. Sentir os dois
é uma batalha constante. Céu e inferno jogando no mesmo campo.

A cama mergulha com força, o que soa como uma garrafa batendo
na mesa de cabeceira. Se aproximando, ele tira minhas algemas, e eu
imediatamente esfrego meu pulso sensível. Não posso evitar.

Silêncio enche o quarto, juntamente com uma tensão tão espessa,


quase impenetrável.

— Você sabe, eu acho que nunca disse isso, mas eu sinto muito
por tudo, Jillian. — suas palavras saem relaxadas e dolorosas ao
mesmo tempo. Fecho os olhos com força, tentando resistir às lágrimas
escorregando, mas não adianta. O cheiro de uísque me bate forte, e eu

~ 67 ~
percebo que ele está bêbado. — Se eu soubesse que ele era seu pai, eu
nunca teria... — ele engasga com suas palavras, engolindo em voz alta.

— Eu sei que você acha que eu sou um pedaço de merda, um


cara mau que não dá à mínima, e você está parcialmente certa. Eu sou
um cara mau; da pior espécie. Mas quando se trata de você, eu não dou
a mínima pra ninguém e eu nunca faria algo para te prejudicar, não
algo assim.

Meus pulmões gritam para se entregar e chorar, para sugar uma


respiração dolorosa, enquanto um grito interior rasga minha garganta.
Eu o quero tanto, mas sinto que estarmos juntos é algo condenado ao
fracasso, consequências e repercussões. Minhas mãos flexionam,
querendo virar e apertar a camisa de Zeek, enquanto busco conforto em
sua fortaleza. Para só deixar toda esta merda pra lá.

Isso é tudo o que eu queria desde aquela noite, mas não seria
certo. Não seria justo com meu pai.

— Seu pai não foi o melhor cara. Na verdade... — ele faz uma
pausa, e minhas lágrimas pausam, minha respiração dura e nervosa
com as palavras que ele está prestes a transbordar. — Tecnicamente,
ele matou meu pai. Parece que o cemitério de Las Vegas está cheio de
homens maquiavélicos.

— Pare, — sussurro, a palavra sai mais para um coaxar. Minhas


mãos envolvem em torno de mim em descrença, meu corpo começa a
tremer. Não pode ser. Meu pai não faria isso, se ele matou o pai de Zeek
era porque ele estava violando a lei e fazendo o seu trabalho. Certo?

Não tenho mais tanta certeza, e isso dói mais do que tudo.

— Seu pai trabalhou para nós, — continua ele. Sua declaração


bate no que o meu coração já sabia, mas não queria reconhecer.

— Quando meu tio disse que era para eu matar meu pai, coloquei
ricina em um cigarro, e me encontrei com um certo xerife para entregá-
lo. Seu pai era meu contato naquela noite. Ele era tão sujo como pode
ser, Jillian, ele fez um monte de coisas que contaminou suas mãos aos
olhos do sistema de justiça. Ele estava bem com isso, porque ele foi
pago de muitas maneiras.

— Pare, Zeek, — sussurro, não querendo ouvir mais. A memória


respeitável de meu pai lentamente se desintegrando.

— Se seu pai estava tentando acabar com alguém e descobria que


certo alguém estava atrapalhando os Sin City Outlaws, então a gente o

~ 68 ~
entregava para o departamento de seu pai, e, em troca, ele virava os
olhos para os nossos esforços quando eu precisava.

Espremendo meus olhos, sinto meu mundo desmoronar debaixo


de mim.

— Seu pai te avisou para ficar longe de nós, te proibiu de nos


derrubar, porque... ele era um de nós. Ele era um assassino, um
criminoso por trás de um emblema falso.

— PARE! — grito, virando e forçando um olhar glacial sobre Zeek.

— Sinto muito que você teve que descobrir desta forma, Recruta.
— ele pega a garrafa de uísque, curvando os lábios em torno do topo.
Liquido âmbar cai de sua boca, seus olhos encapuzados, e focado sobre
mim. Seu cabelo espesso e escuro caindo em seus olhos transmitindo
que ele não sente tanto assim. Meus olhos ficam pesados, minha boca
aberta enquanto minhas narinas inflam. Minha confusão oscila à beira
de tristeza e raiva. — Agora você pode parar de me culpar por tudo.

Palavras de raiva sentam no meu peito, prontas para derramar. —


Você é um filho da puta! — fervo. Agarrando a garrafa de uísque de
suas garras, eu o empurro para fora da cama. — Zeek, eu estou com
raiva. Tudo que eu já conheci ou me preocupei foi arrancado de minhas
mãos nos últimos dois dias. Eu não espero que você entenda isso.

— É exatamente por isso que eu não queria te dizer.

— Vá se foder!

Ele pega a minha mão, me parando. Eu puxo e o encaro. — Solte!

— Não, nós vamos falar sobre isso. O que aconteceu com o seu
pai, eu não espero que você se esqueça, Jillian, mas nós vamos
conversar sobre isso, caralho.

— Conversar, agora você quer conversar? O que, você quer sentar


e fazer a coisa de casal agora que tudo foi pra merda?! — me sinto no
auge da raiva, meu coração trovejando no peito. Seu rosto endurece, e
seu aperto no meu pulso aumenta.

— Sim, eu quero e você vai sentar aqui e bancar a porra do casal


feliz, caralho! — ele me puxa, forçando-me a sentar na cama, fazendo-
me quase cair com o uísque.

— Por que você está fazendo isso? Por que estamos fazendo isso?
Olhe para nós? — gesticulo entre nós. — Somos uma bagunça do

~ 69 ~
caralho, não pertencemos um ao outro! — grito. — Que tal isso para
começar?

— Você está certa, nós não pertencemos um ao outro. Tem sido


fodido desde o início, mas é porque estamos desafiando as
probabilidades. — seu aperto diminui, pegando a minha atenção. —
Você quer ficar comigo, Jillian?

Suas palavras me pegam desprevenida, minha parede de raiva se


desintegra. — O... o que?

— É uma pergunta simples porra, você quer ficar comigo?

Paraliso, e esfrego a carne tenra do meu pulso em pensamento.

A pergunta não é nada simples. Eu quero estar com Zeek, mas


como? Essa é a questão que tem assolado minha mente, deixando-me
tão irritada. Eu sou uma detetive, e ele é um criminoso. Como
poderíamos funcionar, e, além disso, como iremos superar essa merda?
Isso não parece promissor no momento.

Quem mais vai se machucar por causa do nosso egoísmo? Ele


ainda poderá ser presidente se ele estiver comigo? É sua vida, apenas
como ser uma detetive é a minha. Eu não acho que posso afastá-lo da
única coisa que ele já conheceu. Eu só... não posso. Ou seja, quando
isso me bate como uma pilha de tijolos... eu não odeio Zeek. Eu me
odiava, e eu odiava meu pai, mas nunca Zeek.

Dependendo de quem você perguntar, eles dizem que o amor pode


trazer o pior, ou melhor, em uma pessoa.

Quem sou eu?

— Eu... eu não sei, Zeek.

Eu bato a porta atrás de mim, meu peito arfando quando um


soluço que não posso controlar mais sacode meu corpo inteiro.

Tirando a tampa da garrafa, tomo um gole enorme, lamentando


instantaneamente quando queima na minha boca como ácido.
Fechando os olhos, engulo. O líquido é tão forte que entala na minha
garganta, ameaçando recuar.

Usando a palma da minha mão enxugo as lágrimas que nem


sabia que estavam lá, e olho ao redor do quarto.

~ 70 ~
Eu não posso acreditar que estou em uma maldita casa
armadilha. Alessandra provavelmente iria amar, curiosa para saber
como eles fazem as coisas. Tenho tanta saudade dela.

Meus dedos pressionam no tapete macio conforme ando até a


cadeira atrás da mesa com réguas e saquinhos vazios. Usando a mão
que não segura o uísque, acaricio o topo da régua. Eu vi estas um
milhão de vezes no departamento – algumas confiscadas. Que tinham
sido limpas de qualquer evidência. Esta, porém, tem uma leve camada
de pó branco. Esfregando o dedo indicador e o polegar juntos, o pó é
suave, como pó de bebê. Cocaína.

Suspirando alto, puxo a régua da mesa, e me endireito na


cadeira. Batendo a garrafa de uísque sobre a mesa.

A voz do meu pai pregando sobre fazer a coisa certa ecoa na


minha cabeça. Coisas que ele disse, mas não quis dizer. Não quando ele
foi forjado em minha cabeça, então se virou e fez o oposto.

Tomando outro grande gole de uísque, meus olhos se concentram


no rádio em cima da lareira.

Música, eu preciso de som. Qualquer coisa para calar estas vozes


de merda na minha cabeça. Rapidamente saio do meu assento e vou em
direção a ele. Ligando, ‘Used To Love You’ da Gwen Stefani está
tocando. Pressiono a parte superior da garrafa aos meus lábios,
cantando algumas letras, e tomo outro gole.

O fardo de que fui responsável pela morte de meu pai se torna


difuso, mas não o bastante. O uísque flui pela minha garganta
causando ao meu corpo um enxame com uma dormência feliz.

— Um dia, Jilly Bean, você terá um emblema brilhante, e você vai


começar a prender todos os caras maus.

Esfregando os dedos pequenos ao longo do emblema brilhante do


meu pai, meus olhos se iluminam. Eu nunca iria querer fazer mais nada
nunca mais. Para o inferno com a patinação artística, ou posar para
fotos. Eu queria segurar uma arma e prender caras maus. Deste dia em
diante, esse foi o meu sonho.

— Assim como você, papai? — perguntei, olhando para o distintivo


em reverência.

Ele suspirou, tomando o emblema de meus dedos. Eu não queria


soltar. Eu queria segurá-lo um pouco mais. Tendo-o em minhas mãos me
fez sentir como se estivesse segurando o Tridente de Poseidon, algo com

~ 71 ~
poderes mágicos. Eu poderia segurar isso e todo mundo iria fazer o que
eu queria.

— Jillian, querida, vamos esperar que você faça seu trabalho de


uma maneira melhor do que papai. — ele ajeita meu cabelo loiro, e se
afasta.

Abrindo os olhos, lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Meu pai era sujo, um assassino, disse Zeek. Meu pai me levou
para uma guerra que não estava preparada. Então percebo que se não
tivesse Zeek, estaria em um túmulo ao lado do meu pai. Pergunto-me se
a minha mãe sabe.

Minhas mãos varrem o meu couro cabeludo e o emaranhado no


meu cabelo.

Choro tão forte que minha visão borra e quando viro minha
cabeça para olhar para a porta que detém a besta, Zeek está lá me
observando. A besta por quem joguei tudo fora, aquele que jogou tudo
fora por mim. O animal que está aqui para me salvar.

O rádio começa a tocar Saliva – interpretando Always.

Levantando em pés vacilantes, derramo mais bebida na minha


garganta, meus olhos nunca deixando os seus.

Uma cueca preta abraça seus quadris confortavelmente. Seu


corpo bronzeado e delineado com perfeição, aquele fodido V que conduz
até aquela cueca apertada. Venho lutando por meu amor por ele,
negando por respeito a meu pai hipócrita.

Eu o empurrei tentando fazer a coisa certa, não só para mim, mas


para ele.

Estou tão cansada de fazer a coisa certa. É tudo que eu já fiz, e é


tão desgastante, e dolorosamente solitário.

— Beije-me, — sussurro, piscando lentamente.

Uma lágrima desliza pelo meu rosto e desce pelo meu nariz
quando finalmente me rendo à luta. Espero a dor lancinante de amar o
assassino do meu pai atacar meu peito, mas ela não vem.

Minha consciência simplesmente não dá mais a mínima.

Tentei tanto dar ao meu pai o benefício da dúvida. Eu tentei não


ligar para minha família de farda... mas não mais. Meu pai não merece

~ 72 ~
mais minhas lágrimas. É hora de parar esta festa de piedade, e tomar
de volta o que era meu. Olhar para o futuro e construir o meu próprio
caminho no nome McAdams.

Ele caminha em direção a mim, seus passos lentos, seus olhos


focados nos meus. Ele tem aquele olhar, aquele que sei que vai me
agarrar e me beijar estupidamente. Meu coração bate
descontroladamente, meus dedos que estavam segurando o uísque
afrouxam, permitindo que o gargalo da garrafa deslize através deles. A
parte inferior da garrafa bate no chão, espirrando líquido em meus pés
antes de derramar sobre o tapete. Eu não posso negá-lo por mais
tempo, preciso de seu toque. Sinto que estou me afogando sem ele,
mesmo que ele seja a razão para essa dor, eu não consigo respirar sem
ele.

Ele agarra a parte de trás do meu pescoço, olhando para mim


com um olhar de fome, proteção e dominância.

Meus lábios abrem e meus olhos ficando pesados.

— Você não me odeia, — ele sussurra. — Eu posso ser uma das


criaturas mais sombrias que Deus colocou nesta terra, mas ele me
colocou em seu caminho por uma razão, Recruta. Algumas das coisas
mais doces não existiriam na Terra sem o homem que come animais
para protegê-las.

Borboletas começam a voar em meu estômago enquanto pondero


isso. Ele me lembra do peixe-piloto no oceano, eles ficam perto dos
tubarões, porque os predadores têm medo dele. Agora tudo faz sentido.

— Apenas me beije. Podemos falar mais tarde. — minha voz cheia


de bebida e emoção. Quero que ele me violente com suas mãos fortes,
empurre-me para a beira do prazer para afastar esses pensamentos de
abandono.

Ele abaixa seus lábios, quase tocando os meus, mas para.


Aqueles olhos escuros estão olhando em minha alma, me fazendo sentir
coisas as quais eu não quero sucumbir.

— Diga-me agora, diga-me para ir embora, — ele sussurra, suas


palavras, batendo duro no meu peito. Ele disse quase a mesma coisa
antes do nosso primeiro beijo. Suas sobrancelhas estreitam, seus olhos
cobertos com sinceridade. Eu não pude dizer a ele não antes... e não
posso agora.

— Sim.

~ 73 ~
— Você é uma menina estúpida. — ele sorri. Como um lobo faz
bem antes de devorar sua presa. Maliciosamente.

Zeek pressiona suavemente seus lábios nos meus, sua boca


tomando meu lábio superior. Meus dedos do pé enrolam no tapete, os
sentimentos de luxúria, paixão e amor golpeando meu peito com tanta
força que o pouco de salvação que ainda tenho é puxado de mim.
Colocando ambas as mãos em seu peito duro, é quente sob as palmas
das mãos, sua construção dura mais sedutora do que nunca. Eu sinto
falta de tocá-lo, a segurança e o conforto trazem um vício próprio.
Recuando para recuperar o fôlego, ele me agarra por debaixo das coxas
rapidamente, abaixando-me para o tapete com facilidade.

— Seu braço! — advirto, com medo de que ele me levantando vá


machucá-lo.

— Foda-se o meu braço. — sua voz rouca me bate em todos os


lugares certos, seus lábios rosados cheios formando um sorriso.

Enganchando minhas pernas em volta de sua cintura, ele agarra


meus pulsos e os ancora acima da minha cabeça. Sua mão corre de
meus quadris para cima lentamente sobre meu estômago, saboreando
como se ele estivesse queimando com cada curva, cada sarda com cada
memória antes de cobrir meu peito firmemente. O cheiro de Jack
Daniels forte conforme penetra no tapete em baixo de nós.

— Deus, eu senti sua falta, — ele sussurra, moendo seu pau duro
contra mim. — A sua suavidade, seu corpo frágil sob meu, essa porra
atrai-me de uma forma que eu não consigo entender, querida.

— Eu senti sua falta, também, — gemo.

Soltando minhas mãos, ele rasga a blusa que estou usando com
tanta pressa que me surpreende. Sua boca engole meu mamilo sensível
como um homem faminto. O olhar em seu rosto, tão gostoso que eu
choramingo em resposta.

Ele morde o tecido mole do meu seio, enquanto a outra mão


agarra o meu outro seio vigorosamente. Seus toques transitam entre
algo suave e quente, de possessivo a áspero. Eu senti falta pra caralho,
e agora eu preciso que seja áspero. Exijo ser maltratada. Fazendo os
sentimentos que estão voando na minha cabeça e no peito encontrar
raízes em outro lugar enquanto eu me entrego a Zeek em um
emaranhado de gemidos e membros.

~ 74 ~
Ele desliza os lábios ao longo da minha clavícula, o sentimento de
sua língua ao longo da minha pele macia. Minhas costas arqueiam do
chão, um gemido escapando dos meus lábios.

— Você ainda me odeia, querida? — aceno com a cabeça que sim,


rolando meus lábios quando o doce desejo ondula até meus membros.
Eu não sei por que aceno, acho que iria concordar com qualquer coisa
neste momento, enquanto ele continuar fazendo o que está fazendo. Ele
para, um sorriso maligno se espalhando pelo rosto. — Eu acho que eu
vou ter que foder o ódio de você, então. — seus lábios se curvam em um
sorriso diabólico, seus olhos escurecendo. Borboletas enchem meu
estômago, assim como a primeira vez que coloquei os olhos em Zeek.

Agarrando meus quadris, ele me vira de barriga para baixo e puxa


minha calcinha em um movimento rápido.

— Se segure.

Um gemido que se assemelha a um grito desesperado sai dos


meus lábios em um apelo desesperado para ele ir mais rápido. Olhando
por cima do ombro, empurro minha bunda ainda mais e vejo quando
tira a cueca, acariciando-se enquanto seus olhos se concentram em
minha umidade exposta. Minha boceta lateja, tudo abaixo do meu
umbigo está latejando com desejo de tê-lo desesperadamente
empurrando em mim forte e rápido.

Ele empurra a cabeça do seu pau entre meus lábios molhados,


espalhando a minha excitação.

— Jesus Cristo, — ele sibila, antes de empurrar para frente com


tanta força, que saio da minha posição. Ele me enche ao ponto de que
não aguento mais, sua cintura me estendendo até onde é doloroso. A
plenitude de seu pau enterrado tão profundamente dentro de mim faz
meus olhos revirarem na parte de trás da minha cabeça. Eu poderia
viver assim, com ele dentro de mim, sem se mover. A tranquilidade que
ele traz é uma droga que meu corpo depende para sobreviver. Algumas
mulheres tomam pílulas, ou conversam com um terapeuta sobre os
seus problemas, eu só preciso de Zeek fodendo meus miolos.

Lentamente, ele puxa para fora até que a cabeça de seu


comprimento atinge os meus lábios, em seguida, ele afunda em mim
duramente, fazendo-me gemer alto. Meus dedos agarram o tapete
molhado. Ele bate em mim de novo e de novo. Pele contra pele, meus
joelhos deslizando ao longo do tapete encharcado de uísque.

~ 75 ~
— Deus, sim! — grito, encontrando seus golpes ansiosamente.
Meus pulmões gritam quando começo a perder a respiração, minha
boca fica seca enquanto praticamente ofego por mais.

Suas mãos deslizam em volta da minha cintura, puxando-me do


chão. Minhas costas estão contra seu peito agora.

— Diga que você acredita em mim sobre tudo.

— Eu... eu acredito em você! — grito, minha cabeça atirando de


volta para seu ombro. Sua mão desliza para cima minha clavícula
gentilmente me agarrando pelo pescoço.

— Diga que você é minha, — ele sussurra em meu ouvido, seus


dedos cavando na pele macia da minha garganta.

— Sua. — com a minha libertação à vista, eu diria que qualquer


coisa agora.

— Sei que você sempre será minha, Jillian. Eu nunca amei


ninguém antes, mas o que eu sinto por você, me faz não deixar você ir
embora, querida. — Seus dentes mordem meu ombro, e um calor
poderoso explode em minha metade inferior tão forte que
instantaneamente me largo em seus braços. Calor apunhala através do
meu corpo tão descontroladamente que eu fico surda e estrelas atiram
atrás dos meus olhos. Zeek agarra o meu corpo mole, penetrando em
mim cada vez mais áspero. Ele me fode como uma boneca de pano, até
que ele ruge a sua libertação tão alto que minha audição volta ao
normal. Nós dois caímos moles no chão, nossos corpos enrolados em
uma confusão de sexo, uísque e suor.

Meus joelhos queimando de tanto deslizar no tapete e meu corpo


pegajoso com álcool e gozo. Mas eu estou mais em paz do que estive em
dias.

— Ainda me odeia?

Franzo a testa, porque se há uma coisa que aprendi... é que


nunca poderia odiar Zeek. Nem mesmo se ele me matasse. Eu iria para
a sepultura amando esse homem.

— Por que você não me disse sobre quem meu pai era quando
fugimos de Vegas?

Ele suspira, seus dedos arrastando para cima e para baixo no


meu braço alegremente. Virando a cabeça, olho em seus olhos escuros,

~ 76 ~
aqueles que são capazes de amar em um segundo e colocar um rifle na
cabeça de alguém no próximo.

— Você tinha o suficiente caindo a seus pés, eu não achei que


deixá-la acreditar que seu pai era o herói que você pensou que era por
um pouco mais de tempo fosse uma coisa tão ruim. Mesmo que isso
significasse que você me odiaria, valeu a pena.

Ato meus dedos com os dele, querendo tocá-lo. É por isso que eu
o amo. Ele pode fazer as coisas mais terríveis, coisas que são
inimagináveis para qualquer pessoa normal, mas são as coisas no meio
que me fisgaram tão rapidamente.

— Parece que temos algo em comum, — murmuro. Ele olha para


mim com um olhar perplexo. — Nós dois temos pais de merda.

— É justo. Nossos pais entraram nos bolsos um do outro quando


éramos crianças, foi quando começou tudo.

— O que você quer dizer?

— Você tem certeza que quer ouvir tudo isso?

Assinto. Tanto quanto isso vai doer, ouvir sobre o quão ruim o
tenente Oaks — meu pai — realmente era, é preciso. — Eu preciso
saber o que é real e o que não é se tenho alguma esperança em
reconstituir as coisas de volta.

Coçando a cabeça, ele respira fundo.

— Aqui está o que eu sei. Todo homem tem seu preço, o meu pai
era um especialista em encontrar essa fraqueza. Na verdade, é uma das
ferramentas mais úteis que ele me ensinou. Seu pai era o poder; o
trabalho dele. Meu pai movia clubes ao redor da área de Las Vegas,
entregando os líderes de gangues e clubes nas mãos de seu pai. Seu pai
foi até o topo pela quantidade de criminosos que ele estava tirando das
ruas, alguns eram procurados por tempos.

Minha cabeça lateja com a informação, coisas se encaixando no


lugar que não o faziam antes. — Eu me lembro dele me dizendo que
tinha virado tenente tão rapidamente porque ele seguiu as regras e que,
literalmente, trouxe os criminosos à sua porta da frente. — eu balanço
minha cabeça com raiva. — Ele era um mentiroso.

Zeek ri, — De certa forma, ele tinha até razão.

~ 77 ~
— Você disse que ele era um assassino? — as palavras saem
dolorosamente.

— Tem certeza que você quer saber? — ele passa a mão ao longo
da minha espinha. Aceno, mordendo meu lábio para não chorar.

— Um detetive limpo pegou seu pai e Frank negociando uma


noite, e seu pai o enterrou.

Chupo uma respiração tão afiada que me faz tossir. Zeek bate nas
minhas costas, me ajudando a recuperar o fôlego.

— Você está bem? — meus lábios se estreitam e as lágrimas


escorrem dos meus olhos.

— Quando seu pai virou tenente, e meu pai se tornou o membro


do clube mais procurado no oeste, as coisas ficaram azedas entre o
departamento e clube.

Viro de barriga para baixo, descansando minha cabeça em meus


braços. Olho para a parede quando Zeek continua a explicar como
tenente Oaks era criminoso, e colocou minha mãe e eu em perigo sem
que soubéssemos. Permitindo-me ir para o departamento sem saber de
nada era quase como amarrar uma bomba-relógio no meu peito.
Fechando os olhos, peças que nunca pareceram fazer sentido enquanto
eu crescia entraram em eixo.

— Tenente ou não, como é o suficiente para pagar a hipoteca,


Larry? — minha mãe deu um tapa no cheque sobre a mesa. Eu estava
espreitando ao virar da esquina, observando-os continuar a sua briga.

— Caroline, não pergunte quanto dinheiro eu faço, ou o que eu


trago para esta família. Eu pago por tudo, você deveria estar me
agradecendo.

— Você tem agido muito estranho ultimamente, eu nem sei mais


quem é você. — minha mãe esfrega sua testa, sua voz avisando que ela
está prestes a chorar.

Meu pai joga as mãos para cima como ele não soubesse o que
fazer.

— Caroline, eu tenho estado apenas, — ele faz uma pausa, e olha


para o chão. — Não é fácil ser responsável por tantos detetives, estou
fazendo o meu melhor. O dinheiro veio de um bônus, eu pensei que seria
bom pagar por isso, não precisa se preocupar.

~ 78 ~
Minha mãe olha para cima, limpando o rosto. — Você promete?

Meu pai sorri, mas não chega a atingir os olhos. — Sim, querida.

— Como eu pude ter sido tão cega? — sussurro, ainda focada na


parede.

~ 79 ~
ZEEK

Acordo Jillian esta manhã, seus joelhos estão vermelhos do


tapete. Depois que eu a peguei no chão, tomamos um banho juntos,
onde nós praticamente nos beijamos o tempo todo. Eu nunca vi o beijo
como uma coisa necessária antes de Jillian, mas noite passada não
conseguia o suficiente de sua língua na minha boca, minha mão em seu
cabelo. Havia tantas coisas não ditas nesses beijos.

Ela se agita, o lençol deslizando até o montículo de seu traseiro


nu. Eu não iria deixá-la colocar a roupa antes de vir para a cama. Eu
queria sentir todo o seu corpo ao meu lado.

— Você está com fome? — não posso deixar de correr a minha


mão ao longo de sua espinha nua, porra, senti falta de tocá-la.

— Mm, sim, eu estou, na verdade. — sua voz é rouca e adorável,


com som de sono.

— Deixe-me ver se eu consigo encontrar alguma coisa. —


debruçando-me, pego meu jeans do chão e puxo a minha carteira. —
Eu tenho cerca de setenta dólares. Eu posso pedir algo. O que você quer
comer?

— Umm. — ela cantarola enquanto escava a cabeça no


travesseiro. O sol brilhando ao longo de sua pele sedosa. Sentando na
cama, passo a mão sobre ela, e beijo seu pescoço. O cheiro de sua pele
é incrível. — Quero chinesa. Esses macarrões são tão bons que estou
praticamente babando.

Roçando minha mão ao longo de suas curvas sorrio


perversamente, empurrando meu pau duro no lençol cobrindo seu
traseiro. — Eu tenho algo que você pode babar.

Ela ri.

~ 80 ~
— Alimente-me primeiro, eu preciso de combustível.

Gemendo, belisco seu ombro.

— Vou ligar para o restaurante chinês, e trazer seu macarrão,


Recruta. Então sua boceta será minha. Eu sou um homem faminto de
um tipo diferente de comida.

Peço a comida chinesa e espero por ela ser entregue. Uma vez que
o homem aparece, deslizo o dinheiro através do espaço de correio e peço
a ele para deixar lá. A última coisa que precisamos é que algum
entregador me reconheça e grite para as autoridades.

— Uau, isso é muito James Bond vindo de você, — Jillian ri.


Apoiando-se contra a porta do quarto com um lençol branco enrolado
em seu corpo e reunindo ao redor de seus pés. Ela parece angelical,
malditamente perfeita.

Deixo cair o saco de comida no chão, meu pau lutando contra


minhas calças, pronto para destruir agora essa tela de inocência. Quero
foder a boa menina para fora dela.

— O que você está fazendo? — ignorando-a, eu a agarro sob as


coxas e a levanto. O lençol como uma barreira entre seus seios firmes e
meu peito, então o arranco de seu corpo. — Eu acho que...

Calo sua boca com a minha mão, meus olhos focados nos dela.

— Pare de pensar, Jillian.

Seus olhos piscam, antes de seu peito subir conforme ela respira
pelo nariz.

Virando-nos, paro suas costas contra a estante, os pés


empurrando meu jeans para baixo da minha bunda apenas o suficiente
para o meu pau saltar livremente.

— Eu vou te foder agora. Eu vou entrar na sua boceta tão duro


que você vai achar que eu sou um idiota primeiro, então você vai estar
elogiando meu pau depois. — ela balança a cabeça, o cabelo caindo no
rosto. Aqueles belos olhos ficando pesados com luxúria.

Beijando sua clavícula, eu corro minhas mãos para cima e para


baixo das suas coxas lisas. Agarro seus tornozelos e os coloco em uma
das prateleiras mais baixas. — Segure-se em mim com força, e use a
plataforma como alavanca. — informo, minhas palavras roçando seus
lábios. Suas bochechas coram, e ela balança a cabeça rapidamente.

~ 81 ~
Puxando os joelhos separados, sua boceta rosa brilha em espera.
Mordendo meu lábio inferior, olho para ela sob o cabelo que está caído
nos meus olhos. — Segure-se, querida. — me empurro em sua umidade
em um movimento rápido. Seu corpo arqueia, sua boca aberta quando
seus dedos agarram meus ombros. Eu tiro e empurro de volta em sua
boceta quente, tirando o direito de respirar dela. Eu não lhe dou tempo
para recuperar o fôlego, em vez disso, empurro dentro e fora mais e
mais, sua boceta apertada e molhada estrangulando meu pau ao ponto
que não vou durar muito.

Agarro uma das prateleiras acima de sua cabeça, o impacto dos


meus quadris contra os dela fazendo os livros cair sobre as nossas
cabeças e ombros. Não paro, vou continuar a foder com ela como se
minha vida dependesse disso.

— Oh meu Deus! — ela geme, de boca aberta. Um livro grosso cai


no meu ombro, e um no braço, mas não abrando. Nós chegamos a um
ponto onde o prazer supera qualquer sensação de dor.

Minhas bolas apertam com força, e calor vai até meu eixo até que
estou vendo em dobro.

— Deus, querida, — rosno em seu pescoço, dentes cerrados,


pescoço esticado quando eu esvazio dentro dela.

Lentamente bombeio uma vez, duas vezes mais, não querendo


que acabe.

Uma de suas mãos corre pelo meu cabelo, os olhos nebulosos, o


cabelo em todos os lugares.

— Isso foi selvagem, — Jillian fala suavemente, um sorriso


malicioso no rosto. Ela parece desonesta, como uma raposa do sexo.
Meu trabalho aqui está feito.

Sorrio, ajudando-a a se levantar.

— Eu tenho alguns dias para compensar.

***

JILLIAN

~ 82 ~
— Então este é o seu, você chegou a rezar com isso, ou seja lá
como for que eles chamam? — eu coloco macarrão na minha boca. —
Quem deu a você? — Zeek e eu estamos sentados em uma pilha de
livros na frente da estante, o lençol enrolado em torno de nós enquanto
comemos comida chinesa da caixa. O rádio tocando ‘Let It Go’ de James
Bay.

— Porra, você faz uma tonelada de perguntas.

Dou de ombros, limpando a boca com as costas da minha mão.


Sinto-me como um gato de rua recebendo restos de comida jogados
para ela. Se Zeek colocasse a mão perto da minha comida agora, eu
poderia arranhar seu rosto.

— Eu esqueci como você não gosta de discutir sobre coisas


pessoais.

— Certo, isso leva a brigas. Então, você conseguiu uma pergunta.

Comendo meu macarrão, reflito sobre a pergunta que eu quero


fazer.

— Você reza? Quem te deu o crucifixo, ou você o comprou?

Balançando a cabeça, sua língua trilha ao longo de seu lábio


inferior, antes de parar entre os dentes. — Isso são três perguntas,
querida.

Hesitando, repito minhas perguntas na minha cabeça.

— Sim, mas estão conectadas, são todas sobre a mesma coisa. —


me defendo.

— Minha mãe me deu, e me disse, basicamente, para rezar,


porque eu era um pedaço de merda e esperava que o Senhor pudesse
trazer algo de bom para mim. Oro quando eu sinto que não tenho outro
lugar para ir, mas isso me faz sentir... um merda, como se eu não fosse
bom o suficiente.

Meu peito dói por ele, ouvindo como sua mãe tentou curá-lo com
a religião, impedindo-o de ver o que a religião realmente é.

— Sua mãe soa como uma...

— Cadela? — termina Zeek.

— Eu ia dizer irracional. — eu pisco.

~ 83 ~
— Eu acho que é seguro dizer que você e eu vemos as coisas de
forma diferente, querida, — estala Zeek, em seguida, faz uma pausa.

— Eu tive problemas com minha mãe, e você problemas com seu


pai. Não me admira que o sexo é inacreditável, — ele continua, e eu rio.

Ele enfia uma garfada de comida em sua boca, a perna se estende


para fora e chuta um livro de geometria. É grosso, e tenho certeza que
contusões irão aparecer em todo o meu corpo e de Zeek dentro das
próximas vinte e quatro horas.

— Como está o seu braço? — aponto para o braço que foi baleado.

— Está doendo. Muito.

— Você acha que Devil’s Dust terá um médico que poderá olhar
isso?

Ele brinca com sua comida, mergulhado em seus pensamentos,


mas não responde.

— Você está nervoso em ver seu irmão?

Ele dá de ombros.

— Eu não o culparia se ele nos mandasse para longe, eu


definitivamente mereço. — ele olha para mim, e enfia um fio de cabelo
atrás da minha orelha. — Eu só espero que ele não te mande embora.

Agarro seu pulso. — Eu não vou a lugar nenhum sem você, Zeek,
você não pode me deixar. — meu coração bate fora de ritmo, com medo
de que ele vá me deixar nos Devil’s Dust para que ele possa ir cuidar
dos seus negócios.

Seu rosto aperta, sua mandíbula dura enquanto seus olhos fixam
nos meus. — Eu não vou a lugar nenhum sem você, Jillian. Eu nunca a
deixaria para trás. — ele me puxa para a curva de seu corpo, e beija
minha cabeça.

Ele se inclina sobre o tapete, e agarra seu jeans. Ele tira seu
crucifixo, e o coloca na palma da minha mão.

— Pegue isso...

— Zeek, não, isso é seu.

— Tome isso, eu quero que você fique com ele. — correndo meus
dedos sobre a cruz brilhante, olho para ele sob meus cílios.

~ 84 ~
— Tem certeza disso?

Ele balança a cabeça. — Sim, para pensar em mim ou qualquer


merda assim. — sua boca levanta no canto.

— Eu vou.

— É uma antiguidade, e é prata verdadeira. Minha mãe me disse


que um homem italiano fez para sua filha, que foi criada para se casar
com um cara rico. No dia do casamento um homem vestido em trapos
passou através das portas da igreja declarando seu amor para a filha.
Ele era pobre, e não poderia oferecer nada além de seu amor. Ele era o
malandro da cidade. Ele roubou, e causou caos por lá. A filha se
afastou do altar, entregou o rosário de volta para seu pai e fugiu com o
diamante bruto.

Meu dedão passa ao longo das bordas afiadas dele, a picada da


ponta é o suficiente para perfurar meu dedo.

— Cuidado, pode causar algum dano se alguém realmente quiser.

— Foi uma bela história. É verdadeira?

— Não tenho certeza. Eu sei hoje em dia que os únicos pingentes


que você vê em crucifixos são de plástico, e este é antigo e artesanal.
Então me fez pensar que a história é verdadeira.

Zeek agarra meu queixo, seus olhos encontrando os meus. Ele é o


malandro, e eu sou a filha que fugiu da vida que ela foi destinada a
viver. Somos nós.

— Eu amo isso. — eu pressiono meus lábios nos dele, apertando


as mãos em torno do primeiro verdadeiro presente que Zeek me deu.

***

Os próximos dias são preenchidos com o sexo, fast food, e nós


pelados a maior parte do tempo. Nós brincamos, rimos, choramos, e
dormimos muito. Era como se estivéssemos em minha casa em Nevada.
Sabíamos que o mundo estava circulando a casa, à espera de nos
separar peça por peça. Nós só queríamos ter certeza de que estávamos
fortes, e prontos para assumir qualquer desafio que ele estivesse
pensando em nos atirar.

~ 85 ~
Uma coisa é certa, eu tenho que começar a fazer alguma coisa.
Zeek estava fazendo tudo enquanto eu estava mentalmente
chafurdando na minha merda. Eu devo isso a ele. ‘Para deixar minhas
mãos limpas, eu tenho que sujá-las’. Não foi isso o que ele disse?

~ 86 ~
ZEEK
Alguns dias depois

Hoje é o dia, temos de ir. Nós não podemos ficar mais aqui, Paw
precisa fazer seu negócio, e nós temos que enfrentar a tempestade
eventualmente. Sentado na beira da cama olho para Jillian, ela está
dormindo, a boca aberta e os cabelos em todos os lugares. Ela é
adorável. Inclinando-me sobre ela, dou-lhe uma sacudida.

— Ei, levante-se. — ela geme, rolando sobre suas costas. Eu não


posso evitar, mas acaricio seu seio nu. Eu mordo meu lábio inferior,
querendo tanto fodê-la esta manhã.

— Por quê?

— Precisamos ver se o carro patrulha se foi.

Bocejando, ela se senta sobre os cotovelos. Enredando os dedos


em seu cabelo, eu puxo sua cabeça para trás até ela olhar para mim.

— Nós temos que ir?

— Sim. Se não o fizermos, o caos vai chegar até nós. É melhor nos
manter à frente da tempestade. — eu beijo sua testa. — Levante-se e se
vista.

— Eu acho que você se esqueceu que já estamos no meio do caos,


— ela responde, girando um pedaço de cabelo. Aperto-a ao meu lado,
querendo saborear esse momento. — E isso é exatamente o que vai
manter o seu traseiro teimoso vivo.

Depois de se vestir, Jillian me encontra na garagem. Sua camisa


puxada na parte inferior e amarrado em um nó. Ela me pega olhando
para ela, e encolhe os ombros.

— Você rasgou todos os botões, eu tive que improvisar.

~ 87 ~
***

Tirando a van da garagem, nós saímos. Passando pelas pessoas


magras e burras passeando com seus poodles cheios de frescura.

Sentando-se, Jillian geme, olhando para seu estômago.

— Você está com fome? — pergunto, procurando ao redor da van


por mais salgadinhos.

— Sim, mas não de chips. Eu já comi salgadinhos o suficiente. —


esfrego a parte de trás do meu pescoço. Preciso comprar comida, mas
estou sem dinheiro. Merda.

O painel ressoa um alerta, chamando a atenção de Jillian e a


minha.

— Merda! — amaldiçoo, batendo no volante.

— O que, o que é?

— Estamos sem combustível.

Seus olhos se alargam. — Você está brincando comigo? Como


você consegue roubar dois carros e ambos estão sem combustível? —
ela cai para trás em seu assento, um sorriso escondido em seu rosto. —
Um pouco mais de habilidade aí, Fora da Lei. — aproximando-me, a
puxo pelos cabelos, sua boca abre enquanto seus olhos assumem um
olhar confuso.

— Por favor, deixe-me saber se eu estiver errado, mas eu tenho


certeza que seus olhos se reviraram na noite passada em que eu
coloquei minhas habilidades no potencial máximo, não?

Seus olhos estreitam, e ela se afasta do meu aperto.

— Você realmente é um idiota arrogante.

— E você realmente gosta do meu pau. — levanto uma


sobrancelha e sorrio para ela. Suas bochechas coram e ela olha pela
janela. Vou levar isso como uma vitória.

— Então o que nós vamos fazer? Porque não podemos


simplesmente sair e andar onde estamos, há pessoas em todos os
lugares.

~ 88 ~
— Nós vamos ter que roubar outro carro, ou encontrar
combustível.

Ela olha para fora com canto dos olhos, os lábios franzindo como
se ela estivesse pensando.

— O quê?

— Vamos roubar combustível, talvez possamos comer alguma


coisa enquanto estamos no assunto.

Acho que eu acabei de morrer.

— Espere, você quer roubar, na verdade cometer um crime?

Ela revira os olhos. — Não seja tão dramático. — ela aponta para
o painel. — Não nos vejo com um monte de opções aqui.

— Tudo bem, vamos fazer isso. — eu esfrego minhas mãos, e


retiro a rampa de saída em direção a um posto de gasolina.

— Tudo bem, vamos entrar e você distrai o funcionário e eu vou...

— Apenas pare lá, — ela interrompe, apontando para a bomba do


outro lado de um Chevy.

— O bico ainda está na caminhonete e o motorista está lá dentro.


Nós podemos simplesmente colocá-lo na van, então devolvê-lo antes que
a pessoa volte. — deslizo meu olhar para ela, meu pau crescendo em
minhas calças.

— Se nós não estivéssemos prestes a fazer isso, eu iria te


debruçar e foder você agora.

Indo para o outro lado da bomba, ela salta para fora antes que eu
tenha a chance.

— Jillian! — eu vou atrás dela. Eu não quis dizer para ela sair e
realmente fazer o trabalho. Meu batimento cardíaco é selvagem, nervoso
que ela vai ser pega e eu vou ter que cortar a garganta de um filho da
puta por ter se aproximado dela.

Rodeando a van, ela vai até a bomba e puxa o bico da


caminhonete. Desfazendo a tampa da van ela casualmente põe a bomba
na nossa e se inclina contra o veículo.

— Você não tem que fazer isso, eu ficaria mais do que feliz em
fazer isso, — eu a informo, e usando minha mão, eu me abraço na van.

~ 89 ~
— Está feito.

A bomba clica, nos dizendo que está cheia. Aproximo-me da


bomba, mas Jillian me bate e coloca de volta na bomba.

— Não, coloque novamente na caminhonete! — eu sussurro em


voz alta, olhando ao redor, certificando-me de que ninguém está nos
observando.

— Oh, certo! — ela se vira, colocando-o de volta na caminhonete


verde. Ela corre e salta na van, ao mesmo tempo que eu.

— Espere, comida! — ela grita, quando eu começo a girar a chave.

— Eu vou buscar. Você fica aqui.

Saindo, eu me dirijo para dentro. Tem cheiro de café, desinfetante


de limão, e donuts.

— Sinto muito, quanto que você disse? — um homem pergunta


em voz alta no balcão.

Olhando através da loja eu encontro a padaria de donuts frescos.


Eu me direciono a eles.

Abrindo uma caixa, eu a encho como tantos polvilhados quanto


eu posso. Chocolate, baunilha, cereja e morango, todos polvilhados.

— É melhor chamar a porra do seu gerente, porque essa maldita


coisa está quebrada! — ele grita. Casualmente, eu dou a volta no caixa
e vejo o homem praticamente pulando sobre o balcão do pobre
funcionário, ele parece ter talvez dezoito anos e está com medo pra
caralho. Eu ensinaria a aquele filho da puta uma lição se não fosse
chamar atenção para mim e Jillian. Minhas sobrancelhas sulcam com
esse pensamento. Eu, servindo a justiça? Jillian está começando a fazer
um número em mim. Que merda está acontecendo?

Caminho para fora, entro na van, e passo a caixa de donuts para


Jillian, e passo despercebido por todos.

— Oh, meu Deus, você pegou donuts! — o jeito que ela diz isso,
soa semelhante aos pequenos gemidos que ela faz quando estou
profundamente dentro dela.

— Porra, você realmente gosta de donuts, não é?

~ 90 ~
Ela sorri, envolvendo a boca de pelúcia na massa macia e morde,
morango grudando em seus dentes. — Eu te disse, eles são a minha
coisa. — não posso deixar de rir.

Endireitando-me, pego um chocolate da caixa e dou uma mordida


grande.

— Eu acho que rosquinhas podem ser a única memória honesta


que eu tenho do meu pai agora.

Ela olha pela janela, profunda em pensamento enquanto chupa os


dedos para livrar o excesso de açúcar.

— Você está bem?

Virando a cabeça, sua testa enruga e as sobrancelhas se juntam


em questão.

— Por que não estaria?

— Eu não sei; você nunca roubou nada antes. Inferno, eu não


acho que você até mesmo usou seu spray de pimenta, — eu digo.

Ela olha para baixo. — Era o que tinha de ser feito, mas sim, eu
estou pensando sobre isso. Eu só... — ela olha de volta para fora da
janela, o vento soprando em seu cabelo. — Eu não faço coisas assim.

Culpa corre nas minhas costas, me fazendo suar. Eu deveria ter


roubado o combustível, eu sabia disso. Eu sei que ela estava fazendo
isso porque ela está tentando ajudar, mas como ela disse... não é ela.
Estou totalmente bem com isso. É por isso que eu a amo. Ela é a luz
para o meu mundo, sem ela é escuro e violento.

Agarrando outra rosquinha da caixa, ofereço a ela. — Aqui, tome


outro donut. Vai fazer você se sentir melhor.

Olhando para baixo, ela mordisca seu lábio inferior e o pega de


mim.

— Eu sou uma detetive de merda.

— Não, você não é. Você está tentando viver, e você roubou um


pouco de gasolina. E daí? — aproximo e esfrego a parte de trás do seu
pescoço. — Além disso, só pode haver um idiota nessa relação.

***

~ 91 ~
Jillian engole seco conforme olha para fora do para-brisa,
percebendo que estamos prestes a ir tão fundo como podemos ir nesta
tempestade de merda. Seu distintivo brilhante e uma pistola emitida
pelo departamento não significa nada aqui.

O carro que estava vigiando se foi, e agora é nossa chance de


entrar.

— Você fica aqui.

Sua cabeça se vira em minha direção.

— Não. Não vou ficar aqui.

Cerro os dentes. Por que as mulheres têm que ser assim tão
teimosas?

— Sim. Você fica. Se Lip perder a cabeça e me matar, você precisa


fugir.

Seus olhos se enchem de lágrimas quando ela olha de volta para


fora do para-brisa.

Olhando em volta, noto um cara com um saco de lixo, limpando.


Provavelmente um Prospecto.

Ela olha para baixo, uma lágrima deslizando pelo seu rosto e
desembarcando em suas mãos.

— Está tudo bem, Jillian, — abro a porta da van enferrujada. —


Só lembre que se as coisas derem errado, você foge. — ela olha para
mim como se eu tivesse perdido a cabeça, os olhos arregalados. Pego a
arma do painel, e fecho a porta, meu coração correndo contra o meu
peito.

O sangue corre através do meu corpo tão rápido que as bordas da


minha visão escurecem. É isso. Estou prestes a ver o meu irmão mais
novo desde... bem, desde que um quase matou o outro.

Isso vai acabar de uma maneira... mutilação.

Enfiando a arma na parte de trás da minha cintura, sopro uma


respiração nervosa e me afasto da van.

— É tudo ou nada, — sussurro para mim mesmo.

~ 92 ~
O Prospecto olha para cima. Ele está usando um gorro, óculos de
sol, e uma barba que está ostentando sérios fios cinza. — Lip está por
aí? — pergunto. Ele solta o saco de lixo e corre para dentro. Será que
meu rosto é conhecido por aqui?

Não vacilo em meus passos, e sigo em direção ao clube.

Cinco metros da porta, ela abre e Lip sai com o resto dos Devil’s
Dust. Os olhares em seus rostos são duros e frios. PORRA.

Eu paro, enfiando os polegares no bolso, inclinando a cabeça


ligeiramente para trás conforme vou até meu irmão mais novo — e os
seus homens.

Ele parece o mesmo que da última vez, mas menos sangrento. Ele
ainda está ostentando o mesmo cabelo castanho de cor avermelhada, o
olhar de menino bonito e magricela mesmo que construído pra cacete.

— Que porra você está fazendo aqui? — ele aponta para mim,
puxando a arma com a outra mão. O resto dos seus homens puxam
algum tipo de arma. Pistola, faca... aquilo é a porra de um taco? Eu
gostaria de dizer que nunca achei que seria assim, mas com toda a
honestidade, eu meio que esperava isso.

— Irmãozinho. Prazer em vê-lo novamente. — meu tom sai calmo,


e contido. Mas não estou nada bem, porra.

— Você não é a porra do meu irmão, — ele zomba. Eu odeio


quando ele diz isso.

— Você matou um dos nossos irmãos, então entrou em nosso


território, — um homem com cabelo escuro começa, — É como um
Natal antecipado. — ele esfrega as mãos, claramente pronto para
acabar com a minha vida. Olhando para seu colete, seu nome é Shadow
e ele é o Vice-Presidente.

— Eu... — faço uma pausa, não sabendo como dizer que matar
um deles não era minha intenção. Isso não importa, não o traria de
volta. Cair de joelhos e implorar por perdão não vai me fazer chegar a
lugar nenhum. Tenho que ganhar respeito. Fazê-los ver que quero fazer
negócios, e é puramente isso, eu estou aqui para negócios. Abaixo a
cabeça, tentando pensar no que dizer em seguida.

Aço frio é pressionado na minha testa, olhando para cima, Lip


está olhando para mim do outro lado da arma. Rapidamente tiro minha
arma, e coloco-a na cabeça de Lip. Sua arma na minha cabeça, a minha
na dele. A ideia de que ele iria apontar sua arma em mim não me

~ 93 ~
impede de tentar ser civil. Sabia que não iria durar muito tempo de
qualquer maneira. Eu só não esperava que Lip fosse o primeiro a pegar
sua arma.

— Você acha que eu estaria aqui se não fosse o último fodido


lugar na Terra que eu poderia ir? — empurro as palavras por entre os
dentes, meu dedo no gatilho.

— Vai ser o seu último lugar. — Lip ferve, seu polegar clicando
uma bala na câmara.

— Se você puxar o gatilho, você vai comigo. — eu dou a minha


cabeça uma inclinação para o lado, escárnio rasgando minha garganta.

O cano de uma arma é pressionado na parte de trás do meu


pescoço, fazendo-me ficar ainda mais parado.

— Sugiro que você baixe essa arma, filho. — balanço minha


cabeça, que se dane se as duas balas voarem através do meu crânio.

— Eu não posso fazer isso, — sussurro, os olhos fixos nos de Lip.

— Lip, abaixe sua arma. — ordena a voz atrás de mim, o tom


segurando uma autoridade.

Os olhos Lip deslizam por cima do ombro, suas sobrancelhas se


arqueando.

— Você tem que estar brincando comigo.

— Eu não estou. Abaixe sua maldita arma!

Lip abaixa seu braço. Sua arma se afastando do lado da minha


cabeça. Seguindo o exemplo, abaixo a minha e exalo um suspiro que eu
não sabia que estava segurando. Minhas costas estão suadas, e a mão
dolorida de segurar a arma com tanta força.

A arma na parte de trás do meu pescoço empurra para frente,


lembrando-me de que nem todas as minhas preocupações se foram.
Que eu deveria continuar segurando a respiração em vez respirar.

— Vire-se. — segurando minha arma ainda mais apertada, eu


viro.

Um homem um pouco mais alto do que eu está com uma 45


apontada a meras polegadas do meu rosto. Seu cabelo escuro está
caindo em volta do pescoço. Seus olhos são verdes brilhantes e ele
parece mais velho, seu cabelo e barba mostrando fios brancos. Puxando

~ 94 ~
meu olhar do dele, olho para o seu colete, encontrando-me cara a cara
com o próprio Diabo. O Presidente, Bull.

— O que está me impedindo de puxar o gatilho? — ele questiona.

Esta é uma boa pergunta. Uma que eu não sei a resposta. Se eu


fosse ele, eu puxaria essa merda de gatilho. Acabaria com minha vida
patética e, com isso, ele poderia não só salvar Jillian, mas uma vida
futura de merdas e turbulências.

— Nada, — respondo, minhas narinas dilatadas.

Ele aperta os olhos, inclinando a cabeça enquanto me olha. Ele


parece confuso, como se ele estivesse confuso que não estou
derramando minhas tripas para fora a respeito de porque eu estou aqui.
Pedindo misericórdia, ou explicando a morte de um de seus membros.

Ele abaixa a arma, mas eu não sinto qualquer alívio. Eu não senti
a lufada de ar fresco que eu senti com Lip. Não sinto nada.

— Por que você está aqui?

— Bull? — Shadow reforça, claramente não concordando que eu


ainda estou sobre meus dois pés.

— Dá um tempo, Shadow. A última vez que verifiquei, eu ainda


mandava neste clube. — Bull olha para mim e balança a cabeça.

— É melhor isso ser bom, ou meu Prospecto, Fox, irá limpar seu
cérebro durante todo o dia.

— Eu não vou implorar para viver. Eu não vou cair de joelhos e


pedir desculpas pela morte de seu membro.

— O nome dele era Tom Cat! — um homem louro grita da


multidão.

Bull saca a arma para cima, apontando-a para meu crânio, mais
uma vez.

— Resposta errada, filho.

— E você? — eu continuo, minhas sobrancelhas franzidas. —


Será que você nunca disse que estava arrependido por fazer o que foram
criados para fazer? Tudo o que eu vim fazer naquele dia foi conversar, e
eu e meu clube fomos tratados como bosta.

— Não dê ouvidos a ele, Bull. Ele está jogando com você, — Lip
estala.

~ 95 ~
— Eu não estou, — rio. — Eu não estou porque, se eu estivesse
jogando, eu diria a você o que você queria ouvir. Eu estou te dizendo a
verdade. A verdade que está incorporada em cada um de nós. Fomos
criados para sermos brutais, criados com temperamento forte, e
vivemos por nosso próprio conjunto de regras. Eu matei um de seus
membros em uma névoa de raiva, um que eu não posso trazer de volta,
ou mudar. Está no passado, e tudo o que posso fazer é seguir em frente
e pagar minhas dívidas. Eu estou aqui porque eu não tenho outro lugar
para ir. Eu estou aqui porque é o último fodido lugar na Terra.

Bull abaixa sua arma, mais uma vez. Seu rosto se transformando
de duro para curioso.

Lip se aproxima e bate o punho no meu intestino. Debruço-me e


tusso. Recompondo-me, retribuo o favor e o soco bem na boca. A ferida
no meu braço queima até os ossos, e meu ombro dói. Estremecendo, o
soco novamente e ele se debruça mais uma vez.

Lip me agarra e me derruba no chão. O punho acerta minha


sobrancelha.

— Meninos! Meninos! — mãos agarram nós dois, puxando para


nos separar. Lip está apoiando as mãos nos joelhos, tentando recuperar
o fôlego. Colocando as mãos na parte de trás do meu pescoço, eu tento
acalmar a minha respiração. Minha sobrancelha arde, meu lábio está
sangrando.

— Diga-me, Zeek, por que você está realmente aqui? — pergunta


Bull, cruzando os braços.

— Tio Frank, — eu olho de volta para Lip, cujo olhos piscam ao


ouvir o nome. A forma como ele desliza da minha língua poderia ser
comparado a alguém anunciando que têm câncer. — Ele me manipulou,
todo esse tempo ele estava tentando tirar o clube de mim. Ele
finalmente conseguiu, e virou todo o meu clube, e Las Vegas, contra
mim.

— Por que diabos eu me importo? — Lip empurra.

— Porque nós somos irmãos, e seu clube também, mesmo que


você não queira ter nada a ver com isso.

— Não somos...

— Cale a boca, Lip, — ordena Bull.

~ 96 ~
— Mas essa não é a razão pela qual eu estou aqui. Estou aqui
para salvar...

Um grito estrangulado soa da rua, e todos os cabelos na parte de


trás do meu pescoço se arrepiam. Toda a dor em meu corpo drena para
pura raiva.

— Zeek! — grita Jillian. Um cara loiro a tem pelo braço,


carregando-a em nossa direção.

Jillian bate seu cotovelo na curva dos braços dele, fazendo-o se


curvar de dor. Ela, então, bate com a parte traseira de seu punho no
rosto dele e ambos rolam pela rua.

— Kane, pegue ela, — ordena Bull.

Dou um passo para frente, pronto para explodir a porra da cabeça


de todos. Eu não devia ter vindo aqui.

— Calma, filho. Nós não vamos machucá-la, nós apenas não


queremos nenhuma surpresa, isso é tudo. — Bull insiste, segurando
sua mão até meu peito.

— Solte ela! — exijo, apontando para ele.

Kane, e o boneco Ken filho da puta pegou Jillian em cada braço,


puxando-a para nós.

— Tire suas malditas mãos dela agora! — advirto, meu dedo no


gatilho parecendo impaciente.

— Bobby, você está bem? — Bull pergunta ao maldito desgraçado


bonito.

— Esta cadela sabe lutar, — Bobby geme, limpando o sangue de


seu lábio.

Eles empurram Jillian em meus braços, e ela se agarra a mim


como uma tábua de salvação. Envolvendo meus braços em torno dela,
eu a conforto.

— Quem é a cadela? — Bull pergunta, projetando a cabeça para


ela.

— Ela é minha. — eu a empurro atrás de mim, em um ato de


proteção.

— Old lady?

~ 97 ~
— Sim. — eu olho para Lip. — Nosso tio está atrás dela.

Bull assente, coçando a cabeça com o cano da arma.

— Por quê?

— Ele acha que ela sabe merdas sobre o seu modo de operação, e
agora ele quer nós dois mortos.

— Soa como uma bagunça. O que mais eu estou perdendo? —


Bull parece agitado. Ele pode sentir que eu não estou contando tudo e
eu não vou. Eu não vou dizer a eles que ela é uma detetive, porque eles
não vão entender. Eles são motoqueiros, e no credo de um motoqueiro,
policiais são o inimigo.

— Por que você fugiu como uma vadia? — brinca Lip.

— Porque Frank foi atrás da sua mulher, agora Zeek quer


protegê-la. Eu entendo, — Bull acrescenta, já respondendo a pergunta
de Lip.

Eu concordo.

— Engraçado, você não pareceu se importar quando você pegou a


minha mulher, — diz Lip. Porra, eu sequestrei a namorada dele, mas eu
não a machuquei ou tive qualquer intenção de fazer isso. Eu estava
apenas tentando chamar a atenção de Lip, nada mais estava
funcionando naquela época.

— Você o quê? — Jillian sussurra atrás de mim.

— Então você achou que talvez seu querido irmão e seu clube
iriam manter você e sua cadela seguros. Quem você se importa por ter
matado um membro do clube, é isso? — Bull anda para um lado,
juntando os pedaços.

— Não é isso. Não estou dizendo que o sangue de seu membro foi
derramado sem motivo...

— Você disse que não iria pedir desculpas por ele, — Shadow
lembra, de braços cruzados.

— Eu disse que não iria pedir desculpas; não significa que eu não
me arrependo.

Bull sorri, mas não de uma forma feliz, mais de uma maneira
sarcástica.

~ 98 ~
— Será que derramar o sangue de Tom Cat fez você voltar para
Deus ou algo assim? Será que ele fez você olhar para o cenário maior
que é a vida? É isso? — ele zomba.

Minha mão esquerda está em punho. — Não amoleça. — estou


pisando em uma linha fina do caralho.

Seu humor cai, e antes que eu possa reagir, Bobby e Shadow


apertam meus braços firmemente. Jillian agarra a minha camisa,
gritando para eles me soltarem.

— Eu vou dizer o que é mole, você aparecendo aqui achando que


você não iria pagar o preço pelo nosso irmão morto.

Jillian grita quando Kane envolve seus braços em torno dela como
uma camisa de força.

— Solte-a! — tento lutar através do aperto de Bobby e Shadow,


querendo chegar a Jillian.

Bull se afasta, e em um piscar de olhos um punho bate no meu


olho. O impacto girando minha cabeça para trás. Calor e dor se
espalham ao longo do lado esquerdo do meu rosto e minha visão borra
instantaneamente.

— Caraaaaaalho, — murmuro, minha cabeça pendurada.

— Depois que eu terminar com você, você vai desejar que seu tio
tivesse pegado você primeiro, — Bull graceja na minha cara.

— Vá se foder! — cuspo sangue em seu rosto, que escorreu de


meu olho, reunindo entre meus lábios.

Um por um, cada membro bate em mim. Minha cabeça está


martelando. As minhas costelas gritando. Minha boca rachada e
sangrando. Mas nenhum deles é tão doloroso quanto os gritos de medo
que irrompem da boca de Jillian. Os poucos vislumbres que tenho dela
antes de outra porrada acertar meu corpo, dói mais do que qualquer
coisa.

Minha cabeça cai, o corpo mole e eu vejo Lip colocar um par de


soqueiras.

— Phillip, — gemo, sangue escorrendo de minha boca. — Irmão,


— eu sussurro, na esperança de fazê-lo ver em quem diabos ele está
prestes a bater.

~ 99 ~
— Eu não sou seu irmão, porra, — Lip rosna e me acerta no peito.
Meus joelhos cedem, e eu caio no chão. Fico sem fôlego com uma raiva
ardente.

— Não! Pare com isso! — Jillian grita.

— Kane, cale essa cadela, — ordena Bull.

Os gritos de Jillian são abafados. Eu tento me levantar, a raiva


correndo pelas minhas pernas. Ninguém toca na minha mulher.

— Eu vou matar você, — grito, a minha boca inchada. Juro com


todas as minhas forças que eu vou matar cada um deles. Pensando em
todas as maneiras que eu vou derramar o seu sangue, meu coração
palpita. Eu tento olhar para cima, ver o que eles estão fazendo com a
minha Recruta, mas minha cabeça pesa muito para levantar do meu
peito.

Ouço uma arma, e o medo provoca uma descarga de adrenalina


através do meu sistema. Endireito meus joelhos, meus dedos
pressionando no cimento para manter meu peso, e levanto a cabeça.
Com cabelo em meus olhos, encontro a visão de Lip borrada mirando a
pistola bem na minha cabeça. Todo o sangue do meu corpo drena, meu
estômago caindo... meu irmão mais novo está a ponto de me matar.

— Porra, faça isso, — ouso dizer, sangue escorrendo da minha


boca. — Atire, cadela! — seus olhos estreitam, a mão tremendo.
Fechando os olhos, ele exala, antes de encarar com um olhar frio.

— Diga olá para o papai.

Virando a cabeça com toda a minha força de vontade, olho para


Jillian. Suas bochechas estão vermelhas, os olhos arregalados quando a
mão de Kane é pressionada contra sua boca.

A arma dispara, e minha visão escurece.

~ 100 ~
ZEEK

Acordando após o desmaio, escuto alguém soluçando. Forço os


pés, me impulsionando no chão até conseguir ficar sentado e agarro o
meu estômago quando se contrai em uma raiva ardente. Meu corpo dói,
e todo o resto queima, mas meu estômago está queimando para
caralho.

— Parece que ele vai sobreviver. — uma voz feminina ruge. Minha
visão dobra quando uma mulher de cabelos loiros retira um par de
luvas azuis das mãos.

— Você está brincando? — a voz de Lip soa em torno de mim.

— Não. Não acertou nada importante. Tirei uma bala de seu


braço, também está infectado, então lhe dei uma forte dose de
antibióticos. Ele vai ficar dolorido, mas ele vai se recuperar
completamente.

— Boa pontaria do caralho, Lip, — zomba Bobby.

— Houve uma tonelada de sangue, porra. Fox ainda está lá fora,


tentando limpar o pátio, pelo amor de Deus, como isso é possível?

— O que posso dizer, ele tem sorte. — a loira responde, que eu


suponho ser médica, seu tom de voz soando confuso.

— Então ele vai viver? — Jillian pergunta. Tento e me endireito,


querendo chegar até ela, mas me sinto fora.

— Calma, cowboy, você está com analgésicos pesados, vá com


calma, — a médica instrui, me empurrando de volta para baixo até ficar
sentado.

— Então ele vai viver, que perfeito, — exala Lip.

~ 101 ~
— Ei, você precisa se acalmar, irmão. — a voz de Bull ecoa
através do meu estado atordoado. — Independentemente do que
aconteceu, ele é da família.

— Não, ele não é Bull.

— Você e ele têm o mesmo DNA. Independentemente do quanto


você o odeia, ou quão idiota ele é. Você tem que bloquear essa porcaria
e aceitar que ele é sua família. Você não acha que nenhum de nós tem
um membro da família que desejamos acabar em algum momento? Se
recomponha, irmão, e pare de agir como um adolescente irritado.

Lip responde, mas não consigo ouvir nada. Minha visão dobra, e
tudo fica preto.

***

Acordo. É mais como um estalo. Minha visão não está mais


embaçada, e eu posso mover a maioria dos meus membros, sem uma
quantidade insuportável de dor. Meu braço que segurava a bala está
insensível, e envolto em bandagens limpas. Tornando, de repente ciente
de onde estou e o que aconteceu, começo a entrar em pânico,
precisando encontrar Jillian.

— Zeek? — virando a cabeça na direção da voz, encontro Jillian


sentada em uma cama, os joelhos de encontro com o peito conforme ela
abraça as pernas firmemente. Tento me esforçar para chegar até ela,
mas a dor aguda no estômago não sede, e eu tenho que me sentar por
um segundo.

— Você está acordado. Você está com fome? — a mulher loira


pergunta, quando ela coloca um prato com um sanduíche e batatas
fritas em uma mesa de cabeceira. Ela está usando luvas azuis e um
estetoscópio em torno de seu pescoço.

Ela se senta e meus olhos se estreitam com raiva. O desejo de


mutilar seu pequeno rosto bonito se torna irresistível. Enrolo meus
punhos em vez disso, o sangue em sua camisa como um lembrete que
essa garota provavelmente me salvou.

— Droga, Doc. Eu te disse para não vir aqui sozinha. — Bobby


diz, e me olha com cautela. Ele está ciente da minha natureza violenta.

~ 102 ~
— Você está melhor? — Doc, como Bobby chamou, se aproxima
do meu pescoço e levanta o estetoscópio. Ela coloca as pontas no ouvido
e coloca o metal frio do estetoscópio sobre meu peito.

— Seu coração está batendo um pouco mais rápido, o que é bom.


Você me deixou um pouco preocupada.

— Tenho certeza de que minha morte iria pesar sobre a sua


consciência, princesa, — estalo condescendente.

— Vá. — aponta Bobby na porta, escoltando-a para fora.

Ela bufa enquanto se levanta, dando a ele um olhar mal-


intencionado antes de sair.

Bobby esfrega o pescoço, sua posição tensa.

— Só para você saber, ela é provavelmente a sua única amiga


aqui. Ela não merece o seu desrespeito.

— Se o meu desrespeito é a única coisa que dei a ela, acho que


ela está se saindo bem. — inclinando a cabeça para o lado, sorrio.

Sem piscar um olho, ele bate com o punho na minha boca, o


sangue pulverizando através da parede.

— Pooorra. — gemo, meu lábio queimando.

— Pare, você está machucando-o! — Jillian grita, e Bull e...


Shadow, eu acho que é esse seu nome, correm para o quarto.

Jillian bate o cotovelo no estômago de Bobby, fazendo-o cair de


joelhos. Shadow agarra o braço dela e a joga na cama como um urso de
pelúcia do caralho.

— Pare! — ele ordena, o dedo apontado na cara dela. Ela afasta o


dedo dele, querendo o estrangular.

— Droga, Bobby, — grita Bull, empurrando-o para fora do quarto.

— Que tipo de mulher é essa? — Bobby geme, debruçado


conforme manca para a saída.

Olhando para Jillian, um sorriso orgulhoso se espalha pelo meu


rosto ensanguentado. Minha mulher é um pouco protetora.

— A menos que você queira tentar a sua sorte com a morte de


novo, por que não tenta falar a verdade, hein? — Bull sugere, curvando-
se na minha linha de visão.

~ 103 ~
Usando a palma da minha mão, limpo minha boca que ainda está
sangrando. Assobio quando o sal da minha mão pica a ferida.
Suspirando alto, ele se levanta e segue Shadow para fora.

— Por quê? — Jillian soluça com seu olhar zangado.

— Porque o quê?

— Por que você está fazendo isso? Agindo como um completo


idiota quando você quer a ajuda deles? — seu rosto está vermelho de
tanto chorar, seu cabelo uma bagunça pela briga. Não deveria ter vindo
aqui, eu sabia disso.

— Nós não precisamos da ajuda deles, vamos embora.

Sangue pinga em minhas calças. Usando o polegar, tento limpar


de alguma forma sem sucesso. — Mas, para responder à sua pergunta,
se eu viesse aqui pedindo desculpas, e beijando a bunda deles, você
acha que iriam me levar a sério? Não, eles querem descontar a raiva em
mim. Eles querem que eu sinta — eles querem me ver arrependido do
que fiz.

Ela balança a cabeça, sem entender. Não esperava que ela


entendesse. Ela não cresceu neste mundo, ela cresceu onde as pessoas
falavam de seus problemas e você perdoava seu inimigo,
independentemente se você realmente quisesse ou não. No meu mundo,
o mundo de bandidos e criminosos, não damos a mínima para um
pedido de desculpas ou uma explicação verbal. Ganhamos seu respeito,
fazendo você sangrar por um pedido de desculpas. Só então decidimos
se seu sofrimento é tolerável para o que diabos fez para merecer isso em
primeiro lugar. Se não, fazemos novamente.

Não mostramos nenhuma piedade. A misericórdia é para os fracos


e por causa do mundo em que vivemos, não há espaço para a fraqueza.
Apenas a porra dos fortes sobrevivem.

— Você se arrepende do que fez? — essa é a pergunta de milhões


de dólares.

Olhando para baixo, limpo o sangue no meu jeans.

— Algo assim. É uma merda o que aconteceu. Mas está no


passado. — sou honesto com ela, e as palavras que saem da minha
boca me chocam. Saber que sou realmente capaz de sentir
arrependimento assim me faz sentir como se Jillian estivesse me
transformando em uma boceta gigante.

~ 104 ~
— Inacreditável. Eu acho que você deve apenas explicar para...

— Este é o meu mundo, querida, não espero que entenda o que


estou fazendo, ou como estou agindo. Apenas cale a boca e me deixe
fazer o que faço melhor, — interrompo com meu tom irritado.

Cruzando os braços, ela repousa a cabeça sobre eles.

— Ele vai te matar. — ela levanta a cabeça, os olhos espreitando


sob sua franja loira. — Seu irmão, ele vai te matar e depois o que
acontece comigo? — nunca deixaria isso acontecer. Nunca.

— Se ele quisesse me matar, ele teria apontado para minha


cabeça. Estou vivo porque ele queria que eu vivesse.

— Ou ele é péssimo em pontaria. — ela abaixa a cabeça


novamente, quebrando o contato visual.

Não sou capaz de lidar com o silêncio mais, e tento me levantar.


Meu estômago reclama onde Lip atirou em mim antes mesmo de eu dar
um passo.

Tropeço contra a parede, meu corpo dolorido.

— Onde você está indo? — a cabeça de Jillian aparece


freneticamente.

— Eu vou nos tirar daqui. — alcançando a porta, Kane está


encostado na parede no corredor, seu telefone celular em uma mão.

— Ele está de pé! — Kane adverte aos homens. Ele deve ser o cão
de guarda. Olhando para seu colete, vejo que é um Prospecto.

— Onde está minha arma? — pergunto.

Bull se aproxima pelo corredor, com Lip no seu encalço.

— Como diabos você está de pé? — Bull ri, um cigarro


balançando de seus lábios enquanto ele fala.

— Nós não precisamos mais da sua ajuda, nós vamos embora. —


tudo fica confuso, meu rosto começando a suar profusamente.

— Não me parece que você está indo muito longe, — observa Bull.

— Vou rastejar daqui com balas voando, se tiver que fazer. —


balançando a cabeça, tento empurrar a visão dupla e focar meus olhos.

~ 105 ~
— Você não vai sair daqui esta noite, a patrulha voltou. Se você
sair daqui desse jeito, você vai chamar atenção. Além disso, nós
incendiamos seu carro roubado, então você não tem como sair daqui.

— QUE PORRA. — rujo, batendo o punho na parede.

— Deixe sua old lady dormir, tomar um banho, e você pode ir de


manhã. Estou colocando um par dos meus homens a sua volta para
certificar que você mantenha o seu rabo naquele quarto, e se você
tentar escapar, eles vão colocar uma bala na sua cabeça.

JILLIAN
Um cara alto que parece ser indiano entra no quarto. Kane, eu
acho que é o nome dele, junto com um homem com cabelo castanho
curto e barba correspondente. Seu rosto é redondo, os olhos moles. Ele
está usando um colete de couro que diz Prospecto assim como Kane.
Zeek manca para o quarto, atirando em Kane e ao outro Prospecto um
olhar de ódio. Entendo porque ele está agindo do jeito que está, mas
ainda é arriscado. E se Bull se cansar da boca suja de Zeek e nos atirar
para fora? Ou pior, nos matar?

— Você acha que pode lidar com ela? — Bull pergunta, entrando
no quarto e com um grande sorriso para mim. Franzo a testa, recuando.
Realmente gostaria de estar com minha arma, porque agora, estou
completamente à mercê dos Devil’s Dust.

— Eu acho que Nova e eu podemos lidar muito bem com ela. —


meus olhos vão para o cara que deve ser Nova. Sr. Olhos Suaves.

— Eu acho que Bobby discordaria, — brinca Nova.

— Onde você aprendeu a lutar assim? — Bull pergunta, puxando


um cigarro da embalagem.

Abraço minhas pernas mais forte e fico quieta. Há uma razão para
que Zeek não tenha contado sobre mim. Sou uma policial. Não importa
o que Zeek faça, o fato de ser uma policial vai cavar nossos túmulos.

— Ninguém vai machucar você, querida. Facilite pra gente.

Bull dá aos dois rapazes uma olhada e dá uns passos para longe.

~ 106 ~
— Qual é seu nome? — pergunta Kane. Seus ossos da face
nítidos, seus olhos escuros com as sobrancelhas grossas. Ele tem o
cabelo escuro longo que faz meu cabelo parecer patético.

Percebendo que estou encarando, viro minha cabeça, e não


respondo.

— Há quanto tempo você está com Zeek? — pergunta Nova.

— Não responda, — Zeek acrescenta, sentado ao meu lado na


cama.

— Você está com fome? — Kane agarra o prato da mesa de


cabeceira e desliza-o sobre a cama.

Olhando para a comida, meu estômago ronca alto. Ele aperta tão
forte que sinto como se pudesse vomitar.

— Vá em frente. — Kane o empurra mais longe da cama.

Não sendo capaz de resistir mais tempo, pego o sanduíche e dou


uma mordida grande. Os sucos do peru escorrem na minha língua e eu
não posso evitar comer devagar.

— Devagar, querida, um pouco mais e eu vou estar pulando aqui


com uma ereção. — Nova sorri, mas o seu tom não está de brincadeira.
Engulo em seco e não posso deixar de olhar para sua virilha, que parece
estar endurecendo.

— Com licença? — as sobrancelhas de Zeek quase atingem a


linha do cabelo. Meu coração gagueja, com medo de Zeek sair da cama
em direção a Nova. Zeek para, os ombros tensos e punhos fechados. —
O que diabos você disse a ela? — ele começa a ir em direção a Nova, e
Kane passa entre eles, uma de suas mãos no peito de Zeek para
empurrá-lo de volta.

— Calma, ele está apenas sendo um idiota. — Kane olha para


Nova enquanto toma um assento. — Você quer morrer, cara? Não flerte
com a old lady de outro cara. Que diabos está errado com você?

— Estava apenas brincando, — Nova encolhe os ombros. — Mais


ou menos.

Balançando a cabeça, Kane se senta.

Puxo a camisa de Zeek, pedindo a ele para se sentar também.


Olhando por cima do ombro, ele rapidamente ergue uma sobrancelha.
— Sente-se, está tudo bem. — o puxo novamente. — Por favor.

~ 107 ~
Exalando uma respiração, seu corpo relaxa e ele se senta
novamente na cama ao meu lado.

Nova espera, e pega um salgadinho do meu prato. Eu o olho


enquanto morde. Esse era meu salgadinho.

Os olhos de Zeek saltam conforme o cara mastiga alto. Sua boca


se mexendo de uma maneira irritante conforme mastiga.

— Que porra, cara, pegue sua própria comida. Deixe-a comer. —


a cara sombria de Kane se transforma numa de raiva. Eu não posso
evitar, mas gosto de Kane. Ele tem uma personalidade que me deixa
atraída. Talvez possa contar com ele se for necessário.

— Por que vocês dois não dão o fora, para podermos dormir? —
Zeek já está claramente de saco cheio desse cara, Nova.

— Nós estaremos lá fora, — Kane adverte, enquanto ele e Nova se


levantam e saem.

— Por que ainda estamos aqui? Precisamos ir, ele atirou em você!
— não posso evitar levantar a voz.

— É apenas por esta noite. Amanhã vamos sair daqui e descobrir


um plano B.

— Vir aqui nos mostrou que não temos nenhum lugar para ir. —
deslizo sobre a cama.

— Vim porque não tínhamos mais para onde ir, querida, não
tenho a mínima ideia do que vamos fazer amanhã, mas Lip não me
matou por uma razão, então por enquanto estamos bem.

— Como é que isso nos ajuda?

— Ele poderia ser o único a nos ajudar. Lip e eu nunca fomos


próximos, e não vejo isso mudando. — Zeek desliza mais para a cama,
chutando as botas, uma pistola caindo no chão. Sentando-se na cama,
olho para o colchão, olhando a arma preta. Zeek se joga para cima na
cama e a agarra, antes de me olhar. Sua outra mão segurando a lateral
do corpo.

Meus olhos se estreitam. — Pensei que eles tinham tirado isso de


você.

— Eles pegaram uma, mas eles não pegaram esta daqui. Eles não
revistaram embaixo depois que pensaram que morri. — ele solta uma
risada, colocando-a na cintura.

~ 108 ~
Meu coração corre contra meu peito pelo homem sentado diante
de mim. Ele é tão mal quanto é inteligente. Ele sabe o que está fazendo,
e ele conhece o jogo de um criminoso. Estou incrivelmente excitada,
mas assustada pra caralho. Podemos sobreviver a isto, afinal.

Levantando-se, fecho a porta e desligo as luzes. Deito na cama ao


lado de Zeek, e ele joga o braço sobre mim. É a primeira vez que me
sinto segura desde que entramos no covil dos Devil.

— Você foi bem hoje, — ele sussurra em meu cabelo. — Minha


menina arrebentou.

Fechando os olhos, limpo as lágrimas. Estava tão assustada que


Zeek estivesse morto quando Lip disparou a arma. Toda a força em
minhas pernas cederam quando fiquei inerte nos braços de Kane
assistindo o corpo de Zeek sacudir quando caiu para frente. Nunca vou
esquecer.

A raiva, e o julgamento de todos os envolvidos ao longo dos


últimos dias me faz pensar que porra Zeek e eu estamos fazendo.

— Zeek, — sussurro.

— Sim, — ele responde, seu tom cheio de dor.

— Você acha que nós estarmos juntos é uma boa ideia?

Ele se mexe, e agarra meu queixo. — Por quê?

— Olhe para isso, olhe para nós. Perdi meu emprego e meu pai.
Você perdeu o seu clube, sua família, e foi baleado. — balanço a cabeça,
as lágrimas que estava tentando afastar caindo rapidamente.

— Isso é tudo que vale a pena. Não vou a lugar nenhum, Jillian.
Nunca. Se o mundo não pode se acostumar a estarmos juntos, então é
melhor dar o fora do nosso caminho.

Uma risada sai dos meus lábios enquanto enxugo as lágrimas.

— Você é tão arrogante.

— É a verdade, querida, é apenas a verdade.

~ 109 ~
ZEEK

Acordando posso ouvir um bate papo ocioso e uma comoção do


lado de fora da porta do quarto. Sentando-se gemo, meu corpo dói e o
lado onde a bala atravessou queima pra cacete.

Jillian se agita do outro lado da cama, um suspiro suave saindo


de seus lábios que faz meu pau imediatamente endurecer. Eu faria
qualquer coisa para deslizar meu pau dentro de seu sexo molhado.
Mesmo se pudesse apenas esfregar entre esses lábios rosados,
empurrá-lo contra sua abertura um pouco...

Pego na minha virilha, e fecho os olhos. Mentalmente contando


até dez, ou alguma merda assim. Precisamos sair daqui, não foder como
coelhos.

A porta do quarto se abre, chamando minha atenção. A ruiva


delgada entra, usando botas de couro desbotadas com shorts verdes
rasgados. Os peitos dela estão saltando por todos os lados e pequenas
sardas marcam seu corpo.

Seus cílios vibram quando um pequeno sorriso aparece em seu


rosto afiado. — Oh, desculpe por isso. Achei que este era o quarto de
outra pessoa.

— Sem problema. Nós estamos saindo.

Sua língua se espalha ao longo de seu lábio inferior, seus olhos


passando rapidamente para trás de mim antes de conectar aos meus
novamente. — Bem, espero que consiga o ver novamente em breve. —
ela pisca e sai.

Olhando para trás para ver o que lhe chamou a atenção, Jillian
está sentada acordada na cama, o cobertor puxado até o queixo com as
duas mãos, o olhar em seu rosto cai em algum lugar entre chateada e

~ 110 ~
talvez com ciúmes? Não consigo entender, sou péssimo em ler
mulheres.

Meus olhos focam no banheiro do outro lado do quarto, ao mesmo


tempo em que a lateral do meu corpo coça. Levantando a camisa não há
sangue seco em torno da gaze. Sei que eu não deveria molhar, mas
preciso de um fodido banho. Estremecendo, levanto e vou em direção ao
banheiro.

— Vou tomar um banho, — anuncio.

Apertando o interruptor, a lâmpada ilumina o banheiro


gorduroso. Ligando o chuveiro, tiro a roupa e entro, certificando-me de
manter a gaze longe do fluxo constante de água.

Tendo o suficiente de água fria saio do chuveiro e pego uma


toalha. Envolvendo-a em torno da minha cintura, meu pau ostenta
agora uma tenda. Vou para o quarto em busca de uma camisa limpa, e
encontro Jillian ainda sentada na cama. Os olhos arregalados, as
bochechas bonitas ruborizadas como o inferno, antes que ela vire a
cabeça. Eu não posso evitar o sorriso arrogante que divide meu rosto.

— Qual é o plano hoje? — pergunta ela, ainda olhando para o


outro lado. Seus olhos me evitando começando a me irritar.

— Você não pode olhar para mim e perguntar isso?

Ela revira os olhos, as mãos inquietas.

— Cubra-se e talvez eu vá, — ela zomba, como se por estar


enrolado em uma toalha fosse desagradável. Ela está chateada com
alguma coisa.

— O que está errado?

— Nada além do óbvio. — ela estreita os olhos, descendo.


Seguindo sua linha de visão, a pego olhando para o meu pau. Olhando
de volta para ela, levanto uma sobrancelha em confusão. Desde quando
meu pau a deixa irritada? — Eu entendo, ela é gostosa. — ela ajusta
seu corpo, e afofa seus cabelos.

— Quem é... — é quando percebo que ela está com ciúmes


daquela garota ruiva e se sente insegura. Não entendo como ela se
sente assim quando está perto dessas vagabundas. Elas são usadas e
desgastadas, e tem que tentar dez vezes mais até parecer tão boa
quanto ela. Isso me irrita. Quantas vezes tenho que dizer que quero ela,
e somente ela?

~ 111 ~
— Isto, — pego meu pau duro. — É porque eu quero você, não
ela. — escalando no colchão pairo sobre ela, e pegando-a pelo longo
cabelo, forço a encontrar meus olhos.

— Você está com ciúmes, querida. — aponto. O canto da minha


boca se transformando em um sorriso. Não posso evitar. Saber que ela
está com ciúmes me faz sentir bem.

Ela revira os olhos, tentando puxar minha mão. — Dificilmente.


— seu tom não é muito convincente, mas sua besteira sarcástica está
irritando meus nervos. — Alguém precisa foder o ódio de você esta
manhã?

Seus lábios abrem, os olhos arregalados como uma pequena


corça. De repente, seus olhos se estreitam, e sua boca se encaixa em
uma linha fina.

— Vá se foder, Zeek! Eu não sou como essas meninas. Eu não sou


uma vagabunda.

Aperto minha mão em seu cabelo e puxo seus lábios a uma


polegada de distância dos meus.

— Oh, não, querida, você é muito pior do que isso. Você é uma
droga, a pior espécie dela. Uma que está me comendo de dentro para
fora. Você me faz fraco, um homem faminto e disposto a fazer qualquer
coisa pela próxima dose. E eventualmente... — me movo entre suas
pernas, ocupando seu espaço. Sua boca abre enquanto ela toma uma
respiração audível. — Você vai me destruir de dentro para fora. — seus
lábios estão inchados e me implorando para tomá-los, seus olhos
encapuzados com luxúria. Usando minha mão livre corro meu polegar
ao longo de seu lábio inferior, minha testa descansando contra ela. —
Mas sem a droga, o viciado não existiria.

Um gemido sai de sua boca, seu corpo arqueando nos meu


enquanto transmito a ela que ambos precisamos um do outro.
Independentemente se somos bons um para o outro ou não.

Rangendo os quadris, roço minha dureza contra ela no ponto


certo e seus olhos reviram. A toalha cai na cama. Rodando meus
quadris mais uma vez, seu corpo amolece contra o meu, suas mãos
levantam no ar tenso e duro, como se ela não pudesse decidir se quer
me afastar, ou me agarrar com necessidade carnal.

— Não tente resistir, estamos muito além disso, — respiro na sua


orelha antes de mordê-la. Meu coração bate descontroladamente,

~ 112 ~
porém, nervoso, que ela possa clarear seus sentidos e realmente me
afastar.

— Você não precisa ficar ciumenta, querida. Você é a única com


quem vou estar a noite, você é a única que eu amo, e você é quem estou
prestes a foder.

Apalpando seu pescoço, puxo seus lábios nos meus, chupando o


lábio inferior antes de mergulhar minha língua em sua boca,
saboreando-a, guardando esse gosto na memória.

As calças dela estão tão grandes que as retiro em um puxão


rápido, expondo sua calcinha delicada. Passando as mãos em suas
pernas de seda, as envolvo em torno das coxas e aperto sua bunda. Sua
cabeça cai para trás por causa do contato, enquanto os quadris
levantam da cama. Amassando os lados de seu traseiro, deslizo minhas
mãos sob a calcinha, meus dedos deslizando na abertura do seu
traseiro. Quero tanto comê-la aqui que isso está me deixando louco.

Há algo sobre foder a bunda de uma menina que é diferente da


boceta. É mais apertado, como um aperto mortal. É escorregadio, e sem
mencionar o controle que sinto. Chegando num certo nível de um
relacionamento, onde uma mulher vai deixar você arrebentar a porta
traseira é tão dominante como é poderosa. A transgressão é uma
sensação ótima.

Roçando meus lábios ao longo de seus joelhos, meus olhos


observam a reação de seu corpo de perto quando entrelaço um dedo no
cós da sua roupa íntima puxando das suas longas pernas, antes de
jogá-los sobre meu ombro.

Afastando seus joelhos, sua boceta rosa brilha com desejo. Pronta
para devorá-la até que nenhum de nós possa voltar atrás. Inclinando
para frente toco sua excitação, e ela treme, um miado vibrando por todo
seu corpo. Usando a ponta do polegar, espalho sua umidade ali,
primeiro em círculos em torno da boceta e lábios, então lentamente
começo a estender a lubrificação para baixo em direção ao pequeno e
apertado botão dela.

Mordendo meu lábio inferior, meu coração bate


descontroladamente, questionando se ela vai me dizer sem fôlego que
ela não está pronta para me deixar ir lá ainda.

Ela se agita contra a minha mão em busca de atrito, os olhos


fechados e a boca aberta inclinada de uma maneira sexy. Ela está
completamente perdida no auge do prazer, seu corpo e mente são meus.

~ 113 ~
Puxando minhas mãos de seu aperto, ela vira o cabelo sobre o ombro e
me olha por cima do ombro. A maneira como ela responde ao meu
toque, a maneira como ela olha para mim... me deixa selvagem.

Usando meu pau, empurro contra sua abertura, espalhando a


excitação para cima e para baixo em sua bunda. Ela enterra a cabeça
no cobertor em uma tentativa de abafar seus gemidos, seus dedos
arranhando os lençóis. Usando minha mão, amasso a bochecha da sua
bunda, lentamente arrastando até a abertura de seu traseiro. Usando a
umidade revestindo sua entrada, deslizo o dedo mindinho para deixá-la
pronta para o tamanho do meu pau, seu traseiro apertado pra caralho e
meu pau sacode com ciúme.

Deslizo o dedo dentro e fora lentamente e, eventualmente, ela


começa a se abrir para mim quando deslizo dois dedos nele. Porra, eu
não posso esperar mais. Agarrando a base do meu pau com uma mão, a
outra puxando as bochechas, empurro a cabeça do meu pau contra sua
abertura. Ainda é tão apertado que eu tenho que usar meus joelhos
para me dar um pequeno empurrão para deslizar a cabeça para dentro.
Uma vez que estou lá dentro, a sensação de seu corpo apertando meu
pau me desfaz rapidamente. Sua cabeça revira, e os olhos me encaram
com preocupação e medo.

— Está tudo bem, querida, eu vou devagar. — ela engole, ainda


não tendo certeza.

Abaixando meu peito em suas costas, posso sentir seu coração


batendo violentamente. Puxando os cabelos de seu ombro levo meu
nariz ao longo da concha de sua orelha. Ela tem um cheiro sutil e
delicado, e eu adoro isso. É leve, e não forte como algumas bocetas
usam.

— Vai ser bom, eu prometo. Só dê um minuto para se ajustar. —


digo a ela. Ela balança a cabeça, e empurro meu pau um pouco mais.
Circulo meus quadris, tentando fazer com que seu corpo se acostume
ao meu tamanho, mas ela está tão tensa como uma tábua do caralho.
Ela precisa relaxar senão meu pau não vai caber.

Envolvendo minha mão em torno dela, coloco-a no meio do


edredom e encontro seu clitóris, provocando-a, fazendo o seu corpo
relaxar e se concentrar no prazer aqui em vez do medo de que eu possa
machucá-la.

Fechando os olhos, a boca se despede quando circulo seu clitóris


uma e outra vez. Usando o indicador e o dedo médio, os deslizo em sua
boceta quente, e gananciosamente ela os aperta.

~ 114 ~
— Oh Deus! — ela chora, e empurro meu pau em sua bunda um
pouco mais.

Lentamente bombeio meus dedos dentro e fora da sua boceta, e


seu corpo arqueia no meu, completamente alheio que estou avançando
em sua bunda lentamente. Quando meu pau está enterrado até o
punho, retiro e lentamente empurro para dentro.

Meus olhos rolam, minha cabeça caindo para trás.

— Droga. — meus dentes apertam com força, mal posso aguentar


o sentimento de sua bunda sufocando meu pau tão alegremente.

— Oh Deus. Oh Deus! — ela geme na cama.

Sua bunda agarra meu pau enquanto pego o ritmo. Sinto sua
umidade quando começo a estocar dentro dela.

Sabendo que ela está totalmente relaxada agora puxo meus dedos
de sua boceta, e me sento sobre os joelhos, trazendo-a de quatro.

Não consigo me controlar. Cavo meus dedos em seus quadris e


empurro nela mais e mais, minhas bolas batendo contra seu clitóris
sensível. A lateral do meu corpo ainda dói, me avisando que estou
exagerando, mas não me importo. Não vou desacelerar por nada no
mundo.

— Isso é bom, querida? — pergunto entre cada estocada.

Sua cabeça acena ansiosamente, seu cabelo atirando em todos os


lugares.

— Você gosta que eu foda seu pequeno rabo apertado com o meu
pau duro? Sua boceta molhada é gananciosa, querida. Está molhando
suas malditas coxas. Talvez eu deva enfiar meu pau lá, te dar o que sua
boceta está implorando.

— Porra, sim! Não pare! — ao ouvir a tensão em sua voz, uma


dica de que ela está a ponto de gozar faz meu pau se contrair, e minhas
bolas apertam com vontade de gozar nela.

— Você é a mulher mais sexy de todas. Você sabia disso? — ela


não responde, então aperto seu cabelo.

— Ok, — ela respira entre os gemidos.

~ 115 ~
— Não apenas ok, diga que você é a garota mais sexy que já enfiei
meu pau, ou eu vou parar agora. — retardo meu impulso e seu rosto
entra em pânico.

— Eu sou, eu sou a mulher mais sexy que já comeu. — enfio em


seu buraco quando seus olhos fecham e a boca se abre.

Gozo duro ao mesmo tempo em que ela.

Ela geme palavras ininteligíveis tão alto que sei que todo mundo
pode ouvi-la. Soltando seu cabelo, a beijo e a trago de volta para o meu
peito.

— Shhhh! — ofego sem ar, montando o fim do meu orgasmo. Com


os olhos arregalados, as narinas dilatadas para recuperar o fôlego, ela
assente.

Finalmente terminando um orgasmo que eu pensei que nunca iria


acabar, a solto e ela entra em colapso.

Seu corpo corado, seu corpo levantando e descendo até conseguir


respirar enquanto treme pelo esforço.

***

Vou para o banheiro, limpo meu pau e molho um pano, meus


pontos estão sangrando; a pele irritada e queimando pra cacete. Eles
não estouraram, então eles vão ficar bem. Talvez.

Subindo na cama uso o pano molhado para limpar Jillian.

— Posso fazer isso, — ela murmura.

— Eu sei, mas deixe que eu faço.

— Por quê? — seus olhos encontram os meus.

Dou de ombros. — Não sei. Acho que parece mais pessoal se eu


cuidar de você depois.

A constatação de que realmente quero cuidar dela não passa


despercebido. É surreal que sinto isso fortemente sobre outra pessoa. É
assustador saber que há alguém neste universo mais importante do que
a si mesmo.

~ 116 ~
Mordendo o lábio inferior, posso dizer que ela quer me fazer uma
pergunta. Não gosto de perguntas, elas levam a merda, merda que
causa estranheza, ou explicações. Posso senti-la olhando para o lado da
minha cabeça.

— O quê? — pergunto, não podendo aguentar o olhar silencioso


por mais tempo.

— Você sempre limpa as meninas depois que você... você sabe? —


suas bochechas estão vermelhas, mas não posso dizer se é porque eu só
fodi o fôlego dela ou porque ela está constrangida com a pergunta dela.

Meu coração corre contra meu peito, meu estômago aperta com a
sua pergunta.

— Não, nunca senti a necessidade de cuidar de outra mulher. Só


de você. — terminando de limpá-la, corro o risco de olhar para ela. Ela
prendeu a respiração, e seus olhos estão me encarando do jeito que ela
fez quando estava prestes a foder tudo.

— Eu vou corrigir tudo, você sabe disso, certo? — escovo um fio


de cabelo do seu rosto. Revirando os lábios um sobre o outro, ela desvia
o olhar e assente.

— Eu vou encontrar um telefone para ligar para Felix antes de


irmos. Atualizá-lo sobre as coisas, — informo, saindo da cama.

Saio do quarto. Uma mão pressiona contra o meu peito, me


parando.

— Ei, onde você acha que está indo? — Kane pergunta,


aparentemente aparecendo do nada. Ele está usando a mesma merda
que na noite passada.

— Você tem cerca de dois segundos para tirar suas malditas mãos
de mim. — o olho intensamente, meus olhos passando rapidamente
entre a palma da sua mão no meu peito e seu rosto.

— Está tudo bem, deixe ele passar, — informa Bull.

Concordando, Kane se afasta.

Segurando a lateral do meu corpo, viro a cabeça para o corredor


escuro em direção à área comum.

Um frenético Bobby de repente entra no clube, fazendo com que


todos olhem para ele.

~ 117 ~
— Temos cerca de dez minutos antes de sermos invadidos. — todo
mundo entra em pânico, correndo em torno do clube para esconder
contrabando, e as merdas que eles não querem que qualquer um que
não seja um criminoso conhecido se depare. Estive nessa situação uma
ou duas vezes. Ter a polícia e o departamento da polícia em nossos
bolsos tem suas vantagens.

— De onde isso está vindo? — Bull pergunta, seu tom casual. O


que é surpreendente. Ele deve estar preparado para isso. Quantas vezes
isso acontece aqui?

— Fofoca, cara. — Bobby encolhe os ombros. — Foi dito que


Skeeter e sua tripulação têm informações de algo e está vindo pra cá.

— Você sabe o que fazer, — Bull balança a cabeça, olhando em


torno do clube.

— Jillian precisa se esconder, — afirmo. — Nós somos


procurados, e se eles nos pegar, estamos mortos.

Bull está focado em mim. Posso dizer que ele quer perguntar
mais, mas ele apenas balança a cabeça enquanto esfrega o queixo,
olhando em volta do clube por uma solução rápida.

— Se eles os encontrarem aqui, nós vamos ter porcos cavando


através de tudo o que é nosso, — Bull informa a Bobby.

— Meu quarto tem um alçapão que dá para o sótão. Tudo o que


podemos fazer é esperar que eles não façam uma verificação completa e
vão lá para cima.

— Vá. — Bull projeta o queixo em direção ao hall. A palavra


soando como uma arma disparando na linha de partida de uma corrida.

Como uma bala, corro pelo corredor. A dor em meu corpo que se
dane. Tenho que esconder Jillian.

Abrindo a porta, Jillian agarra o peito em pânico quando a porta


bate contra a parede.

— Que diabos?! — seu rosto está amassado com raiva.

— Temos que nos esconder.

Ela estala, os olhos arregalados. — O que? Por quê?

— AGORA! — exijo, meu coração gaguejando com o pensamento


de que policiais podem aparecer na porta a qualquer momento.

~ 118 ~
Agarrando a mão dela, arranco-a para fora do quarto, e sigo Bobby pelo
corredor.

— Diga-me o que está acontecendo, Zeek! — Jillian tenta puxar


minha mão, fazendo-me agarrar seus dedos minúsculos.

— Aqui. — Bobby abre uma porta no fim do hall e nós seguimos.


Está sujo como o inferno, e cheira como um adolescente acampando por
semanas. Há roupas em todos os lugares, latas de cerveja derrubadas, e
o colchão quase pendurado para fora da cama. Eu ficaria surpreso se
este Skeeter tentasse até mesmo entrar aqui.

Bobby desliza a porta do armário para o lado, e aponta para o


teto. Claro o suficiente, há uma entrada de um por um no espaço do
sótão, um pequeno painel de aglomerado cobrindo-a. Bobby desliza
uma cadeira rasgada do armário, e passo sobre ela me colocando mais
perto do alçapão. Empurrando o painel para o lado, poeira e sujeira
caem em meus olhos.

— Venha aqui. — seguro a minha mão para ajudar Jillian a subir.

Ela agarra a beirada da porta e se alavanca. Agarrando as pernas,


ajudo a empurrá-la para cima, meus pontos esticando e queimando por
causa da força. Eles vão rasgar antes da manhã, eu sei disso.

— Não posso ver nada, — sussurra Jillian, subindo.

Olhando para baixo, contemplo ajudar a esconder a merda dos


Devil’s antes que os policiais apareçam. É mais por hábito do que
qualquer coisa.

— Você vem? — Jillian sussurra. Olho para cima, o rosto


assustado.

— Sim. — imitando os movimentos de Jillian, vou para cima. Os


pontos puxando meu abdômen dolorosamente.

Caindo de costas, agarro a ferida. Levantando minha mão, sangue


mancha a palma da minha mão.

— Oh, merda, — sussurra Jillian, os olhos arregalados.

Posso ouvir Bobby mover a cadeira lá embaixo, e fechar a porta do


armário.

— Está tudo bem, temos que avançar um pouco mais, apenas no


caso de eles se intrometerem e olhar aqui para cima. — afastando-me,

~ 119 ~
gingo na escuridão como a porra de um pato, com Jillian rastejando
atrás de mim.

— NO CHÃO! — um grito ressoa bem debaixo de nós, nos fazendo


congelar. — NO CHÃO, IDIOTA! — repete alguma outra pessoa, pegando
nossa atenção. Nós olhamos para baixo e notamos que há fendas entre
a madeira gasta debaixo dos nossos pés, dando a mim e Jillian uma
pequena visão do que está acontecendo.

Um cara com cabelo escuro aponta uma arma. Homens da SWAT


jogam Bull e o resto dos Devil’s no chão. Em seguida, um detetive entra,
tirando os óculos do rosto de forma arrogante. Jillian suspira, suas
mãos batendo através de sua boca. Olhando para cima, seu rosto detém
não só medo, mas... reconhecimento. Como se ela conhecesse o porco.

Estreito minhas sobrancelhas como se fizesse uma pergunta, e ela


vira a cabeça rapidamente. Sim, ela sabe quem ele é.

— Cheira a merda aqui, — diz o detetive com desgosto.

— É Bull. — o policial ri, batendo a bota nas costelas de Bull. Bull


grunhe e agarra suas costelas.

— Algo que eu possa ajudá-lo, Skeeter? — Bull pergunta do chão,


olhando para o cara que acabou de chutá-lo.

— Limpo! — vários homens gritam do fundo do corredor.

— Oh, eu não sei. Você viu esses dois merdinhas rastejando por
aqui? — Skeeter pega duas fotos do detetive e as deixa no chão, mas
Bull não tem que sequer olhar para elas antes de responder não. —
Você está invadindo meu clube por duas pessoas que não estão aqui? —
Bull continua. — Quão desesperado você está?

— A palavra é que aquela ali, que é uma detetive, matou seu


próprio pai. Sabe alguma coisa sobre isso? — o policial esfrega o rosto,
apontando para as fotos.

A cabeça de Bull se inclina, todo o seu corpo flexionado. Porra, ele


sabe que ela é uma policial agora.

— Eu disse que não sei quem eles são, — grita Bull, colocando
sua cabeça entre o lixo cobrindo o chão.

— Certo, bem, soube que ela e o menino foram vistos aqui. — Bull
não responde.

~ 120 ~
Skeeter se inclina, segurando Bull pelo cabelo para fazê-lo olhar
para ele. — Deixe-me colocar desta forma, se nós descobrirmos que eles
estavam aqui e eu vou descobrir... fui ordenado a destruir o clube, tijolo
por tijolo.

Skeeter o agarra pelo colarinho, empurrando-o de volta, como se


ele fosse um verme, antes de se virar, as mãos nos quadris.

— Realmente sinto muito sobre isso, ele está muito animado.


Agora, onde estávamos? Ah, sim... — ele caminha até Lip, e se agacha.
— Se aquele pedaço de merda do seu irmão aparecer por aqui, eu
aconselho você a chutar a bunda dele no meio-fio, ou nos ligar. —
começo a suar, nervoso que Lip vai nos caguetar.

— Vá se foder. — Lip vira a cabeça, quebrando o contato visual.


Meu corpo cede com alívio quase que instantaneamente.

Ele agarra Lip pelos cabelos, puxando sua cabeça para trás. Meus
punhos apertam com o desejo de descer e protegê-lo. Por quê? Não sei,
porra.

— O único que vai foder qualquer um aqui vai ser eu. Vou foder o
seu rabo enquanto destruo todo o seu clube. Você me entende?

— Deixe ele em paz. Nós não sabemos de nada, idiota, —


acrescenta Bull.

— Vamos apenas dizer que é um longo caminho de volta para


Vegas para você, menino bonito. — ele se inclina mais para baixo, e por
reflexo estou me abaixando também, tentando ouvi-lo. — E você vai
estar chupando meu pau todo o caminho de volta para o seu tio. —
endureço, não tendo certeza se o ouvi direito. Arranho meu queixo,
repetindo-o em minha cabeça. Se o ouvi corretamente, então ele está
trabalhando para o meu tio. Porra, não tem como Jillian e eu sairmos
daqui com eles farejando os Devil’s Dust agora.

Jillian se mexe, o pequeno espaço que estamos amontoados é


desconfortável. As placas chocalham com seu movimento, e o detetive
olha para cima.

Prendo a respiração.

Meu coração corre contra meu peito.

A adrenalina pulsando em minhas têmporas.

— Alguém verificou o sótão?

~ 121 ~
— Oh, não, — sussurra Jillian, olhando para mim.

— Não entre em pânico. Só fique parada, — sussurro.

— Não senhor. Não acho que eles têm um, — outro homem grita
do hall.

— Oh, eles têm.

Botas batem forte contra o chão do clube e em poucos minutos


eles encontram a porta da armadilha.

Porra.

Puxando a arma da minha cintura, puxo a parte de trás e carrego


uma bala na câmara.

— Siga-me, — exalo. Não vamos sair daqui sem lutar.

~ 122 ~
JILLIAN

Ele dá um passo na minha frente, meu peito subindo e descendo


rapidamente enquanto meu coração corre no peito com medo. Zeek
dispara sua arma no policial que tenta subir, e ele cai para trás. Eu
grito. O assassino em Zeek é capaz de aparecer sem aviso e em pleno
vigor.

Ele não vai deixá-los nos levar sem lutar.

Mais duas balas passam no buraco, e Zeek dispara sua arma


novamente. Um cai para trás, mas o outro continua à frente, atacando
Zeek como um jogador de futebol. Ambos voam através do teto, caindo
no chão. Zeek briga com o policial, lutando para recuperar a arma. Um
movimento pega meus olhos atrás de mim, outro policial vindo em
minha direção. Levantando meu braço, o soco na garganta, fazendo-o
cair de volta. Procurando uma maneira de escapar, encontro uma
pequena janela, cerca de cinco metros de onde eu estou. Ando
rapidamente em direção à janela, esperando que haja algo para
amortecer a minha queda assim que sair. Assim que meus dedos tocam
a janela, um braço é enrolado em volta do meu pescoço, me puxando
para trás. Batendo no pé dele, a pessoa grita, caindo de joelhos.
Apressando-me, aperto o braço que estava contra de mim e o torço,
quebrando-o com um estalo alto.

Gritos de dor ricocheteiam através do sótão enquanto solto o


braço e olho para a janela. A coronha de uma arma de outro policial
entra na minha linha de visão logo antes de aparecer na minha cara,
me derrubando no chão.

— Droga, ela pode lutar. — uma voz ecoa. Minha cabeça palpita e
sinto náuseas. Tento mexer os braços para lutar de volta, mas estou
muito desorientada. Meu corpo é puxado como se não pesasse nada, e
sou jogada sobre um ombro. Minha cabeça balança enquanto me levam
para a área principal do clube. Zeek entra em foco, algemado ao bar.

~ 123 ~
— Deixa ela ir, porra! — ele exige, praticamente espumando pela
boca. Seu rosto está vermelho, perto do roxo, as veias salientes na
testa. — Leve-me! Meu tio me quer!

— Zeek. — tento gritar seu nome, mas sai fraco e lamentável.

— Juro por Deus, eu vou te matar se machucá-la. — ele puxa as


algemas com força, e detetive Orlando Needon ri. Como ele chegou aqui?
Ele é um babaca do meu departamento que tentou me arrastar para
sua cama desde que comecei a trabalhar com ele. Ele é um idiota, e se
eu acreditava que alguém estava sujo no meu departamento, seria ele.

— Oh, ela vai se machucar, haverá muita dor, menino Zeeky. —


Orlando força o final da arma na lateral do corpo de Zeek, fazendo-o
tossir de dor.

— Pare, — coaxo, tentando me levantar do ombro que estou, mas


falhando miseravelmente. Meu mundo gira com o esforço, meu redor
escurece quando tudo fica preto.

ZEEK
O corpo mole e pêndulo de Jillian balança enquanto saem, meu
pulso sangrando e machucado conforme arranco e puxo as algemas
ligadas ao fodido bar. O lado da minha camisa está encharcado com o
sangue dos pontos que estão estourando, mas não poderia me importar
menos sobre qualquer uma das dores. A única coisa que sinto é a raiva
e medo crescente no meu peito. É uma porra insuportável.

— JILLIAN! — grito, esperando que ela possa me ouvir.

— Tire-me destas fodidas algemas! — rujo, puxando tão forte


quanto posso.

Todo mundo ainda está amarrado ou algemado, eles não


deixaram qualquer um de nós soltos.

— Espere, acho que quase consegui, — Bobby diz, puxando seus


pés até as mãos. Ele está de barriga pra baixo, as mãos e os pés
amarrados.

~ 124 ~
Ele puxa a perna da calça, e tira uma faca. Ele solta as pernas
com um suspiro profundo, e começa a tentar fazer seu corpo rolar para
que possa se sentar. Ele empurra, dobrando os joelhos, sem jeito.

— Vamos! — exijo, meus olhos passando rapidamente entre a


porta e ele. Nunca vou saber para onde foram se ele não se apressar.

— Por que não te levaram também? — pergunta Bull.

— Eu não sei, porra, — bufo. Na verdade, eu sei, mas dizer isso


em voz alta me assusta pra caralho. Frank está usando-a contra mim,
ele tem um plano para ela.

— Consegui, — ele geme quando começa a sair das cordas.


Continuo a puxar e soco o metal contra a coluna. Orando para que a
algema se quebre, mas ela nem mesmo se mexe.

Bobby se levanta e serra as algemas de Bull. Rolo os olhos e


continuo a bater as algemas contra a coluna.

Finalmente, ele solta seu Presidente e anda até mim, só para ser
interrompido no meio.

— Bobby, vai buscar o cortador de serra, — ordena Bull antes de


andar até mim e agarrar meus punhos, me impedindo de quebrar meu
maldito pulso.

— Se você quebrar o pulso não vai fazer bem a ninguém. Relaxe.

— Você não entende o que Frank é capaz de fazer se ele por as


mãos nela. — balançando a cabeça, a coloco sobre a barra, e oro a Deus
que eu possa sair daqui e encontrá-la antes que seja entregue a Frank.

— Você quer dizer o porco que trouxe para o meu clube? — sua
voz é nítida e chateada.

— Não é assim. — não levanto a cabeça, e não olho para ele. Sei
que ele não vai entender.

— Por que não tenta e me diz por que você estava fugindo de
novo, e não minta. Caso contrário, vou deixá-lo apodrecer aqui.

— Fui contra minha fraternidade. Dormi com uma policial. O meu


clube descobriu e meu tio me pôs contra eles, me fez matar o pai de
Jillian bem na frente dela. Então ele tentou matá-la, e eu sei que ele
teria tentado me matar também, então a peguei e fugi. — a sala fica em
silêncio. Os eventos do que aconteceu se repetindo na minha mente
mais e mais. — Nada disto é culpa dela, ela é inocente.

~ 125 ~
Vibração atinge as algemas, fazendo-me olhar para cima e
encontrar Bobby utilizando a serra. Em poucos segundos ele me deixa
livre.

Esfregando o pulso, corro do clube, em busca de Jillian.

— Onde você pensa que está indo? — grita Lip, correndo atrás de
mim.

— Encontrar Jillian.

— Você não pode fazer isso, você vai se matar.

— Não é como você se importasse com qualquer um de nós


mesmo, você atirou em mim e vocês iam nos atirar para fora hoje. Bem,
agora estamos fora. Agora vá se foder, — bufo, indo em direção à
estrada.

— E minha reação a você aparecer aqui é culpa minha? Isto é


tudo culpa sua, Zeek, você matou um dos meus irmãos, pelo amor de
Deus. — paro, meus punhos cerrados.

— NÃO! Isso é culpa sua, tanto quanto é minha. Alguma vez lhe
ocorreu pegar a porra do telefone, me ligar para conversar com o seu
próprio irmão? Não, você deu o fora. Você fugiu com a nossa mãe, e me
deixou para decidir tudo.

— Seu pai...

— Você acha que ele foi bom para mim? Você não acha que eu
tive meu traseiro chutado, Lip? Eu tive. Se não carregasse uma arma,
ou se dissesse a coisa errada no momento errado na frente das pessoas
erradas eu apanhava pra caralho. Porra, ele quebrou a porra do meu
pulso uma vez porque perdeu uma aposta que eu poderia superar a
pontaria do filho do presidente de outro clube. — eu o olho da cabeça
aos pés, seu olhar de surpresa não passa despercebido. — Eu sei que
você achou que eu estava melhor, mas não, não mesmo. A única
diferença foi que você teve a mãe atrás de você, eu não tinha ninguém.

Os olhos de Lip se arregalam, sua boca abre.

— Sim, mas Tom Cat...

— É fácil para você colocar a culpa em mim, quando tudo que


você fez foi fugir de seus problemas, Lip. Tudo que eu queria era o meu
irmão quando eu mais precisava dele; e você me negou isso. Você foi
desrespeitoso, e não me deu uma chance. Sequestrei sua cadela porque

~ 126 ~
sabia que era a única maneira de conseguir a sua atenção e, então a
merda deu errado, — aponto minha mão para ele, farto dessa merda. —
Esta porra não importa. Isso não muda nada.

Dobro meus passos, olhando para a estrada procurando um carro


para roubar.

Indo até um Neon amarelo, arranco a maçaneta.

— Eu não sabia que meu pai fazia essas coisas, que ele batia...

— Não importa, Lip. — chuto a porta e ela se abre. Neon são o


mais fáceis de entrar.

— Você acha que Frank vai realmente machucá-la se ele por as


mãos nela?

Assinto, dizer as palavras dói demais.

— Vamos lá, podemos pegar o SUV do clube.

Franzindo as sobrancelhas, olho para ele em confusão,


perguntando por que ele iria me ajudar e quais seriam seus verdadeiros
motivos.

— Não estou fazendo isso por você, estou fazendo isso por ela.

JILLIAN
Não consigo ver nada. Minhas mãos estão algemadas nas costas,
fazendo com que todo o meu peso descanse no meu ombro dolorido.

Assim que deixamos o clube, dois homens saíram de uma SUV.


Um cobriu minha cabeça com um saco preto, enquanto o outro me
algemou. Fui então jogada no banco de trás.

Minha respiração está tão pesada que faz o tecido do saco chegar
até meu nariz. É tão difícil respirar, mas continuo puxando o ar, tanto
quanto meus pulmões permitem.

— Obrigado pela entrega. — a voz de um homem desconhecido


soa de fora do carro.

~ 127 ~
— Onde está a minha parte? — pergunta o detetive Needon. A
porta da SUV fecha, e não posso ouvir a conversa.

Deslocando-se no banco de trás, minha cabeça bate contra algo


quente, como uma perna. A porta na frente do carro fecha, e a SUV é
colocada em movimento.

— De volta para o cassino, Cross. — uma voz masculina do meu


lado ordena. Uma mão quente escova o cabelo do meu pescoço. Eu me
afasto e uma risada maníaca enche o carro.

— Você tem bom instinto de ter medo de mim, pequena porca. —


a perna que a minha cabeça estava descansando se movimenta, e um
hálito quente varre meu pescoço. Sinto meu corpo gelar, um tremor
incontrolável em meus membros pelo medo. — Eu mato porcos, não os
fodo. — a voz do homem prende um sotaque italiano grosso, um cheiro
de forte colônia me sufocando mesmo com o saco na cabeça. Um
pequeno gemido treme de meus lábios em sua ameaça.

Fechando os olhos, minha pele se arrepia com medo. Meu coração


bate em um ritmo lento enquanto tento olhar tudo ao meu redor. Este é
Frank.

Fui treinada para ser corajosa. Fui condicionada a ser uma


heroína e confiar no sistema de justiça. Mas não sinto nenhuma dessas
coisas agora. Agora, estou apavorada, estou com medo, e estou
esperando que Zeek venha e mate cada um desses idiotas.

O carro dá uma guinada, e deslizo mais até suas pernas. De


repente, sinto náuseas. Eu fico tonta quando minha garganta pulsa
com o aviso de que estou prestes a vomitar.

— Vou vomitar, — advirto, tentando me sentar.

— Caralho, não vomite em mim! — ordena Frank, empurrando


minha cabeça para longe dele. O carro para bruscamente, quase me
jogando no chão.

O saco é puxado da minha cabeça, a luz me cegando, conforme


minha porta é a aberta. Eu nem sequer vejo quem o abre quando sou
expulsa rapidamente do carro. Minhas costas doem quando caio no
chão no lado da estrada, com um baque. Vômito faz um caminho
flamejante pela minha garganta e vomito ao lado da estrada. Minha
barriga agita, minha garganta está em chamas, até que meu estômago
se esvazia completamente.

~ 128 ~
Ofegante, vejo se terminei. Tentando me comprar algum tempo,
cuspo e tusso esperando que Zeek apareça em uma moto brilhante para
salvar o dia. Minha visão está borrada por causa dos meus olhos
lacrimejando quando olho o SUV em direção à estrada, mas não há
qualquer sinal de uma moto, ou qualquer carro. Sem sinal de Zeek.

— Terminou? — girando minha cabeça para Frank, o vejo pela


primeira vez. Ele tem o cabelo preto, que é ondulado e repousa sobre
seus ombros, seus olhos escuros, e grandes. Ele está usando um belo
terno com uma gravata vermelha. Não tenho certeza a quem ele está
tentando enganar. Ele se parece com um criminoso, mesmo sob esse
terno que parece caro. — Vá se foder, — rosno, minha voz rouca de
tanto vomitar.

Ele torce seus lábios e estala os dedos. O lado do passageiro do


SUV abre, e um homem com calça preta e uma camisa de botão branca
sai. Ele é pequeno e atarracado, cabelos negros penteados para trás
com tatuagens no pescoço.

— Coloque esta estúpida de volta no carro. — ele pega as algemas


que estão nos meus punhos e me puxa para cima, me jogando de volta
para o carro. Frank pega a parte de trás do meu pescoço duramente, e
cerro os dentes para não choramingar. — Você quer me foder, porca?
Você não é meu tipo, querida. — ele me empurra contra a porta, antes
de tirar suas mãos do meu pescoço. Suor escorre pela minha espinha,
meu peito subindo e descendo rapidamente quando o vejo de soslaio.
Não vou mentir, estou morrendo de medo de que hoje seja o dia em que
eu vá morrer.

Seus olhos lentamente encontram os meus, uma expressão séria


em seu rosto.

— Aí está, — ele sorri.

— O quê? — digo sarcasticamente.

Ele se inclina com um sorriso brincalhão se alongando em seu


rosto e qualquer outra expressão, qualquer bravura que estava
escondido na boca do estômago desce pela minha garganta emitindo
um gemido. — O medo! — o olhar em seu rosto só mostra quão louco
Frank realmente é.

— Chefe, estamos dirigido durante todo o dia, podemos pegar


comida antes de pegar a estrada? — uma voz na frente pergunta.

~ 129 ~
— Você está brincando comigo, Alfeo? — Frank acena sua mão ao
redor com raiva.

Alfeo, fecho os olhos tentando gravar esse nome na memória.

— Temos dirigido durante todo o dia, esperando que o fodido do


detetive Skeeter tire a cabeça da bunda e nos ajude. Quem diria que a
porra de uma transferência de Vegas até aqui seria tão complicada.
Além disso, preciso reabastecer, — explica Alfeo. Fecho os olhos e
respiro estavelmente. É por isso que o detetive Needon estava no clube.
Ele é sujo, e trabalha para os Sin City Outlaws. Para obter jurisdição
aqui em Los Angeles, Frank lhe tinha transferido.

— Tudo bem. Consiga comida, e então precisamos voltar para a


estrada. — a testa de Frank se vinca. — Faça isso rápido. — olhando
por cima do assento, noto que Alfeo tem uma construção maior, e
quando se inclina para frente, ele ostenta um rabo de cavalo preto.

— Está com fome, porca? — Frank cutuca minha perna me


tirando da avaliação de Alfeo. Viro-me e encaro Frank. — Você deve
estar com fome. — um sorriso genuíno cruza seu rosto, e juro por Deus
que é a coisa mais assustadora que já vi. Acho que prefiro o sorriso
brincalhão.

Não respondendo, continuo a olhar para a parte de trás do


assento.

— Oh, qual é, você deve comer. — lágrimas ameaçam derramar


dos meus olhos ardentes, mas me recuso a deixá-las cair. Odeio que ele
esteja tentando ser legal, porque sei que é falso. Fechando os olhos,
inalo uma respiração dura. Sou forte, sou a única com formação
profissional, e um namorado que não vai parar até que me encontre. Eu
posso sobreviver a isso. Vou superar isto.

Abro os olhos, as sobrancelhas estreitando, determinação


tomando conta.

— Zeek virá atrás de mim, — finalmente quebro o silêncio.

Os olhos de Frank encontram os meus, seu rosto ilegível. — Oh,


espero que sim, esse é o plano, — Frank ri, me confundindo.

O SUV para e tento me levantar e olhar para fora da janela. Falho,


maldição, e não consigo ver nada.

~ 130 ~
— Ei, Cross, traga uma Coca-Cola e um hambúrguer para a
nossa amiga. — Frank manda, ordenando o cara no banco do
passageiro. Cross... soa familiar, mas não consigo lembrar.

Minutos passam e, em seguida, uma mão dá um tapa na minha


coxa e eu dou um pulo. — Está se sentindo melhor? — rangendo os
dentes tento ficar longe dele. — Oh, você não pode escapar de mim,
porquinha. Aprenda isso agora.

A porta abre e o veículo afunda quando Cross e Alfeo sobem de


volta para dentro.

— Uma Coca-Cola e hambúrguer. — Alfeo entrega a comida para


Frank.

— Aqui, sente-se. — agarrando meus punhos como se fosse uma


fodida coleira, ele me puxa para mais perto, e desdobra o invólucro que
envolve o hambúrguer. O cheiro de carne grelhada e queijo quente
flutua em torno de mim. Minha língua de repente parece muito grande e
minha garganta pulsa com a vontade de vomitar mais uma vez. Engulo
em seco, esperando que vá passar quando meu estômago virar de
cabeça para baixo.

Um som estrangulado rasga minha garganta. Cross vira em seu


assento a meia mordida em seu hambúrguer, me olhando
preocupadamente.

— Acho que ela vai vomitar de novo.

— Droga! — Frank se inclina e abre minha porta, sua mão


ostentando anéis de ouro. Ele empurra a cabeça para o lado do carro.
Tento segurar o vômito, mas ele tem mente própria e vômito quente
derrama da minha boca. Mais e mais, continuo vomitando. Cuspo,
tentando tirar o gosto da boca, mas não faz nada para afastar esse
gosto ácido revestindo minha língua.

Sou puxada para trás, e a porta se fecha logo que termino.

— Você está doente ou algo assim? — Cross pergunta, virando-se


em seu assento. Usando meu ombro, limpo a boca na camisa,
ignorando sua pergunta. É apenas stress.

— Talvez ela esteja grávida, — Alfeo sugere casualmente, a boca


cheia de comida.

Frank arregala os olhos enquanto olha em minha direção. — Você


está? — um grande sorriso cheio de dentes se espalha por seu rosto, o

~ 131 ~
peso físico de seu olhar me deixando inquieta. Minhas mãos
instintivamente tentam proteger a minha parte inferior quando balanço
a cabeça. Olhando para baixo, deixo o pensamento se sentar por um
momento. Zeek tem puxado para fora sempre que goza desde antes da
casa armadilha, então as chances de estar grávida são pequenas. Certo?
Eu não tenho certeza de quão preventivo retirar realmente é...

Frank não diz mais nada; ele apenas esfrega o queixo quando
seus grandes olhos assustadores me olham pensativos. Escapo para
mais perto da porta e olho para fora da janela. Deus, depressa Zeek.

Agarrando meu punho, Frank de repente me puxa para dentro do


assento, minha cabeça agora em seu colo. Eu tento me afastar dele,
mas seu aperto é forte. Sua mão escova o cabelo do meu rosto com
ternura, e assustadoramente.

— Acho que você acabou de deixar tudo muito mais fácil, — ele
sussurra. Fico gelada, minha cabeça girando com toda a merda que
Frank diria ou usaria contra Zeek.

— Não estou grávida, — indico, minhas palavras afiadas.

— Acho que vamos descobrir, não? Quanto tempo antes de


chegarmos ao cassino? — Frank late, sua mão fria acariciando minha
bochecha. Meus olhos queimam com a vontade de chorar; o toque de
suavidade contrariando os planos fodidos do homem para mim,
tornando mais difícil compreender a realidade desta situação.

— Algumas horas, — responde Cross.

— Tire-nos daqui mais rápido.

— Beleza, chefe, — Alfeo obedece, o veículo ganhando velocidade e


acelerando rapidamente.

— Você acha que é uma boa ideia? — Cross pergunta, olhando


por cima do ombro.

— Você está me questionando? — a mão de Frank estala, assim


como meu coração.

— Não senhor, — Cross responde, virando em seu assento.

O zumbido do carro começa e a forma como Frank está me


acariciando faz com que a exaustão me pegue. Tento me levantar,
acordar, mas Frank se recusa a me soltar. Piscando e bocejando,
eventualmente, sucumbo e caio em um sono profundo.

~ 132 ~
Talvez quando acordar tudo vai ser apenas um pesadelo.

Um pesadelo horrível que Zeek vai me salvar.

~ 133 ~
ZEEK

Estamos dirigindo há horas. Paramos e perguntamos a todos que


Lip conhece se sabem de alguma coisa, mas não conseguimos nada. O
único lugar que nos resta é o departamento de policia.

Lip para do lado de fora do prédio do departamento e estaciona.

— Você pensa em simplesmente entrar e perguntar se eles estão


com ela? — meu tom atado com escárnio.

— Não, alguém vai mudar de turno em breve, e vamos fazê-lo nos


dizer.

Meu peito aperta com orgulho. O idiota do meu irmão tem


algumas bolas.

— Gosto do jeito que você pensa.

Olhando para trás, um cara carregando um saco de folhas sobe


em uma caminhonete preta.

— Aqui vamos nós, — sussurra Lip, indo atrás dele.

Assim que a caminhonete entra em uma rua deserta, Lip para na


frente dele e pisa nos freios.

Rapidamente, eu saio.

— Que porra é essa! Sabe quem eu sou? — o policial grita


enquanto salta do veículo.

Chegando nele antes de Lip, agarro o filho da puta pela garganta e


bato com ele contra o lado da sua caminhonete tão forte que juro que
seu ombro quebra contra o para-choque.

— Você sabe quem diabos eu sou? — empurro com os dentes


cerrados.

~ 134 ~
— Calma, irmão, nós estamos apenas recebendo informações,
lembra? — olhando por cima do ombro, Lip está com os braços
cruzados.

Exalando uma respiração furiosa, que não faz nada para me


acalmar, alivio minha pressão... um pouco.

— Algum detetive trouxe uma mulher loura em custódia com o


nome de Jillian McAdams? — pergunto, tentando manter minha raiva
sob controle. Isso não está funcionando, minhas mãos estão tremendo
com a necessidade de colocar para fora todos os meus problemas na
mandíbula deste idiota.

— Não, nenhuma loura, e ninguém com esse nome. — ele balança


a cabeça freneticamente.

— Sabe o que vou fazer se você estiver mentindo...

— Não estou mentindo, cara, eu juro!

Olhando para baixo, pego seu crachá.

— Bem, Tyrese, se descobrir que você está mentindo... eu vou


voltar. E meu irmão aqui, — olho para Lip. — Ele não estará aqui para
te salvar da próxima vez.

Os olhos de Tyrese se arregalam, a cabeça se inclinando. — Não,


eu juro. Não estou mentindo.

Dando a ele um último empurrão, recuo. Ajeito meu ombro para


ajudar a aliviar a tensão, marcho de volta para o SUV e entro.

Em seguida, Lip entra, colocando o carro na estrada.

— Ele a levou para Vegas, — murmuro, minhas mãos flexionando.

— Tentei todos os meus contatos, ninguém os viu na cidade.

— Preciso voltar para o cassino, para o meu clube, — afirmo,


olhando pela janela.

— Não posso acreditar que você de todas as pessoas se apaixonou


por um fodido porco. — minha cabeça chicoteia na direção de Lip.

— A menos que você queira ser empurrado para fora do carro, eu


tomaria cuidado com a maneira que fala dela, — digo com meu tom
ameaçador e olhar glacial. Ele franze as sobrancelhas, segurando o
volante com a outra mão. — Ela não é assim. Você não a conhece como
eu.

~ 135 ~
— Só estou querendo saber se uma boceta vale a pena tanto
assim, cara. — ele balança a cabeça. — Especialmente uma policial.

— Sim, bem, se minha memória não me falha, tenho certeza que


certo alguém foi bem idiota quando sua cadela foi levada. — seu queixo
flexiona, os olhos que parecem familiares de quando éramos crianças e
ele queria me bater vem à tona.

— Você tinha que puxar esse assunto, não é? — olhando para os


meus dedos, as emoções que senti quando levei sua namorada volta. Eu
estava com raiva, e quando as pessoas estão com raiva, fazem coisas
estúpidas.

— Eu não iria machucá-la, só estava tentando chamar sua


atenção. — balanço minha cabeça, olhando para fora da janela.

— Eu deveria matar você pelo que fez.

Levanto uma sobrancelha, um pequeno sorriso curvando meu


lábio superior. — Você poderia ter me matado, mas não o fez.

Ele olha para mim interrogativamente, deslocando em seu


assento, nervoso. — No seu clube, você poderia ter me dado um tiro na
cabeça e acabado comigo, mas não o fez.

— Sim, bem, errei a mira, eu acho.

— Não, você acerta o alvo perfeitamente. Você atirou em mim,


onde pretendia atirar em mim. — olho para ele, bem na hora que ele
olha para mim.

— Aonde você quer chegar, caralho?

— Você não quer me matar. — dou um grande sorriso cheio de


dentes, mas ele não está sorrindo. Na verdade, ele parece chateado.

Ele aperta os freios, vira o carro e sai. Isso é quando percebo que
chegamos ao clube dos Devil’s Dust.

Descansando minha cabeça na parte de trás do encosto, o medo


atinge meu peito. E se Cross estiver com Jillian? E se tio Frank, no
entanto, deu a ordem para levá-la para onde bem entendesse?
Balançando a cabeça, tento limpar os pensamentos negativos da minha
mente.

Lentamente saio do carro. Preciso encontrar um telefone, ligar


para meus meninos em casa. Ver se eles ouviram ou viram alguma
coisa.

~ 136 ~
Caminhando para o clube, todos os homens do Devil’s Dust
param o que estão fazendo e olham para mim. Todos os olhos em mim,
o silêncio enche o clube e fico com a sensação esmagadora de que não
sou bem-vindo. Não os culpo, vir aqui foi a porra de uma má ideia.

— Vou embora. — me viro para sair.

— Espere, — afirma Lip.

Uma mão na porta e viro a cabeça sobre o ombro.

— Você pode ficar na minha casa até descobrir o seu próximo


passo. — minhas sobrancelhas estreitam. Será que escutei direito?

— Irmão, o que você está fazendo? — Bull pergunta, acendendo


um cigarro casualmente.

Lip olha para mim, e cruza os braços. A maneira como ele respira
fundo transmite que o que ele está prestes a dizer é difícil para ele.

— Ele é meu irmão, ele é da família. Tanto quanto odeio o idiota e


quero ele fora daqui, não posso virar as costas para minha família. O
que aconteceu é tanto minha culpa quanto de Zeek. Eu desrespeitei seu
clube, e o seu nome. Nós todos sabemos que quando alguém cospe em
nosso clube, é terra aberta para a guerra. — ele passa as mãos pelo
cabelo. Por mais que não queira que ele me defenda, ele está certo. Em
nosso mundo, se alguém desrespeita o outro clube, é uma guerra. Foi o
que aconteceu entre nós, uma fodida guerra. — Zeek não estava aqui
para ferir Tom Cat, ele estava aqui por mim. Eu não tenho sido o irmão
que deveria ter sido, e preciso corrigir isso. Entendo se nenhum de
vocês entenderem isso, eu juro. Porque sinceramente, não tenho certeza
se eu entendo. — balançando a cabeça, ele olha para baixo. Posso dizer
que ele não quer me ajudar, mas sente a necessidade disso. O clube fica
em silêncio, todo mundo olhando entre Lip e eu.

— Entendo, filho, eu entendo, — Bull acrescenta, soprando


fumaça no ar.

— Não significa que te perdoo. — Lip me olha com um olhar duro.

— Posso viver com isso, — afirmo, virando-me para encará-lo


totalmente. — Você não tem que fazer isso, eu assumo total
responsabilidade pelo que fiz. Não espero que você ou qualquer um dos
seus homens me ajudem. Vir aqui... — corro as mãos pelo meu cabelo.
— Eu só não sabia mais para onde levar Jillian para mantê-la segura.

~ 137 ~
— Tenho um amigo em Las Vegas, trabalha como um soldado.
Vou ligar para ele, ver se posso pedir um favor. — Bull esfrega o queixo,
pensativo.

— Aprecio isso. — assinto, agradecido.

— Tenho uma moto que você pode usar para voltar para Vegas,
também, vou pedir para um Prospecto trazê-la, — Lip oferece.

Estou surpreso, observando os Devil’s trabalhando juntos e


chegando a uma solução. E eles estão fazendo tudo por Lip. Eles
cuidam dele, independentemente se mereço ou não. Esta é a
fraternidade que Lip queria, que ele merece. Comparando o meu clube
com o deles, não temos esse tipo de lealdade. Se eu fosse Bull, e este
fosse o meu clube, não estaria respirando. Esta é a porra de uma
fraternidade.

~ 138 ~
JILLIAN

O SUV para, as portas abrem e fecham quando Cross e Alfeo


saem.

— Vamos, porca, — Frank rosna um insulto quando estou saindo


do carro e dou de cara com as luzes de Las Vegas. Estou em casa. Meus
olhos estreitam quando olho ao redor. Parece ser algum tipo de entrada
privativa para o Sin Casino. Uma pequena garagem com um elevador
privativo.

— Mexa-se, — Cross me empurra em direção à porta, mas minha


mente está em um redemoinho. Onde Zeek está? Quanto tempo fiquei
dentro do carro? — Eu disse para se mover! — Cross me agarra pelos
cabelos, me jogando para frente. Resistindo, reúno minhas mãos e bato
meu cotovelo em seu peito. Ele resmunga e me arrebata pelos cabelos
novamente, moendo os fios do couro cabeludo dolorosamente. Puxando
minha cabeça para trás, seus lábios roçam pela minha orelha.

— Você acha que é durona, gata? Tudo o que você está fazendo é
deixar meu pau duro. Gosto de uma cadela que pode lutar. — ele morde
meu ouvido e grito de dor. — Agora ANDE, porra! — ele me empurra
para a garagem até as portas do elevador.

— Você vai aprender a parar de lutar, minha querida. — Frank


sorri com força, uma sobrancelha espessa levantada.

O elevador cheira a Frank, um perfume caro. O piso é acarpetado


de vermelho, e as paredes espelhadas. As portas do elevador se fecham
e ele sobe com tanta pressa que sinto cócegas no meu estômago.

O elevador soa, e antes que você perceba as portas abrem para


uma suíte privada.

Janelas do chão ao teto alinham o lado esquerdo de todo o andar.


Há uma bancada de granito preto na cozinha no lado direito, e um

~ 139 ~
espaço pequeno, de frente para as janelas, composto por sofás preto de
pelúcia e cadeiras.

— Amarre-a em um dos bancos do bar, vou mijar. — Frank


aponta para uma banqueta de madeira com encosto alto, e vai para
uma sala ao lado.

Os dois homens se viram para mim e me encolho de medo. De


perto eles parecem muito maiores e musculosos.

Alfeo agarra meu braço e empurro de volta. Usando o joelho, tento


acertá-lo na parte de trás da rótula, mas ele reage muito rapidamente.

— Ah, eu quase esqueci que não estamos lidando com qualquer


donzela em perigo, — ri Alfeo.

— Sim, ela é uma maldita cadela. — o jeito que Cross diz isso, soa
como Ron James. É completamente fodido.

Raiva corre em minha mente, o medo enchendo meus membros, e


grito bem alto. Minha cabeça bate junto com meu coração quando meu
rosto fica vermelho beterraba. Estou orando para que alguém em outro
quarto me ouça. Cross estende a mão para mim, mas desvio dele, as
lágrimas tentando encher os olhos.

— Querida, não torne isso complicado, — Alfeo balança a cabeça.

— Vá se foder, não me chame de querida. — ofego sem ar.


Querida, quem diabos ele pensa que é?

— Só a segure, Alfeo! — Frank exige caminhando de volta para o


quarto.

Suspirando, Alfeo agarra meu ombro. Focada em Alfeo, nem


sequer vejo Cross parar atrás de mim. Um pontapé de repente me
acerta, me fazendo cair de joelhos. Quero quebrar, quero cair no chão e
chorar pra caralho, sentir pena de mim. Mas não posso. Se fizer isso,
sou tão boa quanto morta. Tenho que lutar, e me recompor.

Levanto do chão e bato o banquinho duramente em Cross assim


quando Frank reentra no quarto.

— Você não tem mais nenhuma fita? — Alfeo pergunta, pegando a


fita.

— Provavelmente não, vamos começar a usar plástico filme, —


Frank dita.

~ 140 ~
— Plástico filme?

— Funciona quando você está em um local apertado. — Cross


sorri sinistramente. Não posso deixar de lembrar as cenas do meu
treinamento como oficial quando me deparei com evidência de sangue,
plástico filme, e nenhum corpo. Pergunto-me se Cross estava por trás
deles também?

Usa o plástico filme para subitamente enrolar em torno do meu


corpo com força, prendendo-me na cadeira. Enrola e enrola, tornando
uma simples respiração quase impossível.

Grito tão alto quanto posso, queimando quando a voz rasga


minha garganta. Oro novamente para que alguém do cassino me escute.
É a minha única esperança.

— Cale-a, — Frank late.

Alfeo pega o plástico e fecho minha boca.

Seus dedos grandes cavam meu queixo, fazendo-me abrir


amplamente. Choramingo de dor, seus dedos pressionando tão forte
que juro que minha mandíbula está prestes a quebrar. O plástico é
empurrado tão fundo em minha boca que vomito. Minha língua
parecendo três vezes maior quando a invasão de plástico é empurrada
em minha boca.

Alfeo amarra atrás da minha cabeça, e giro a língua tentando


ajustar à estranheza dela na minha boca.

Cross para na minha frente com a mão apoiada na minha


clavícula.

— Zeek vai matar você, — digo abafadamente em torno do


envoltório, meu peito tremendo enquanto lamento sob o plástico. O
pouco de ar que estou inalando não é o suficiente para satisfazer meu
estado de pânico. Sinto-me fraca, como se não restasse nenhuma luta.
Estou desesperadamente amarrada a esta cadeira, sem nenhum resgate
à vista. O medo é tudo o que tenho.

Ele sorri, como se aceitasse o desafio. — Um de vocês vai buscar o


teste de gravidez, e se apresse, — Frank ordena do outro lado da sala,
mantendo tanto quanto possível as mãos limpas. Ele é um covarde.

— Onde diabos é que vou conseguir um desses? — Alfeo parece


em conflito, como se Frank tivesse acabado de lhe pedir para encontrar
Marte.

~ 141 ~
Frank belisca a ponta do nariz e suspira. — Na porra de uma
farmácia, seu idiota!

Cross para e olha para mim. Seus olhos escurecidos. Costumava


pensar que Zeek tinha uma aparência semelhante, uma que aparecia
em seu rosto antes de ele ferir ou matar alguém. Aposto que ele estava
por trás da formação de Zeek, eles têm táticas semelhantes.

— Tic tac, tic, tac, — Cross ri. — Daqui a pouco você vai descobrir
se está carregando o bebê do assassino do seu pai.

***

— Essa foi a quinta mulher que matei, ela não era muito
inteligente, — Cross continua a me informar quantas pessoas ele matou
e como. Tentando ignorá-lo enquanto penso nas possibilidades de eu
estar grávida, e o que vou fazer para me vingar. O que é que eu vou fazer
se estiver? Zeek pode ter uma vida normal, e criar uma criança? Devo
abortar? O que isso significa para o meu trabalho? Como devo matar
esses idiotas?

É um círculo vicioso de pensamentos mantendo minha mente


girando...

— Onde diabos você estava? — Frank late, levantando-se do


assento de seu sofá caro, tirando-me dos meus pensamentos. Agradeço
aos céus que Alfeo finalmente chegou, não suporto ouvir outra história
de Cross. Dizer que estou com medo deste homem é um eufemismo.

— Não sabia qual devia comprar, então eu peguei um de cada. —


Alfeo se aproxima e entrega o saco à Frank.

— Tenho certeza de que apenas um seria muito bom, — Frank diz


para ele, pegando a sacola de sua mão e puxando uma caixa rosa. Ele
joga o saco no chão e, em seguida, rasga a caixa com os dentes,
olhando diretamente para mim. — Leve-a para cima.

Alfeo caminha em minha direção, desemaranhando o plástico


filme do meu corpo. Levanto os braços que estão dormentes e
formigando, minhas pernas parecendo gelatina. As algemas estão
prensadas em meus pulsos tão profundamente, que está sangrando. O
que antes era apenas dolorido agora está em carne viva.

~ 142 ~
Uma vara branca de xixi é colocada na minha linha de visão,
centímetros do meu rosto. — Mije nisso, — ordena Frank, seu tom
firme.

Engolindo o nó se formando na minha garganta, levo meus olhos


da vara para ele. Medo pulsando em minhas têmporas e borrando a
minha visão. Se estiver grávida não quero descobrir assim.

— Não, — quase engasgo com as palavras, o envoltório na minha


boca ainda me amordaçando. Estou sendo imprudente e estúpida com
minha a vida, mas não me importo.

— Não? — Frank inclina a cabeça para o lado, seus olhos escuros


queimando através da minha bravata restante. Cerrando os punhos,
busco a força que me resta.

— Eu disse não! — grito, lágrimas derramando dos meus olhos.

— Obrigue-a, — Frank bufa, os olhos esbugalhados como um


lunático, sua mão puxando a gravata vermelha.

Alfeo agarra meus membros, fazendo-me levantar, e Cross me


puxa pelos cabelos arrastando-me pelo corredor.

— Você vai mijar na fodida vara, — Cross ameaça em meu ouvido,


o calor de seu hálito quente na minha pele. — Ou vou colocar a porra
de um cateter na sua boceta até que nosso menino Zeeky nos ligue.

— Vá se foder! — grito, tentando me puxar de suas garras.

Sou empurrada para o banheiro, deslizando sobre o azulejo preto


e caindo de joelhos dolorosamente.

— Não vou fazer isso, — choro, minha cabeça pendurada,


lágrimas descendo pelas minhas bochechas e caindo no chão.

Mãos agarram minha calça, rasgando-as.

— Pare com isso! Não! — grito, tentando chutá-los. Se minhas


mãos não estivessem algemadas eu seria capaz de lutar melhor. Mas
elas estão algemadas, deixando-me desesperada.

Minha calça e calcinha se juntam aos meus pés, e uma brisa


fresca sopra entre minhas pernas. Esticando minha camisa para baixo,
tento cobrir minhas partes íntimas. Meus olhos arregalados e
constrangidos com lágrimas enchendo-os.

~ 143 ~
Cross envolve a mão no meu pescoço, pressionando os polegares,
dor envolve meu pescoço enquanto ele me obriga a ficar no chão. Alfeo
assobia, seus olhos imperdoavelmente se arrastando de cima a baixo
pelo meu corpo. Lentamente Cross me solta e eu olho para fora da
janela do banheiro vendo as luzes de Vegas refletidas. Sinto que vou
vomitar de novo. Deus, onde está Zeek?

Estando lá, sem calças e sem calcinha me sinto desmoronando.


Lágrimas rolam pelo meu rosto, sinto-me tão humilhada. Fui despojada
não só das minhas roupas, mas da minha dignidade também.

Frank entra no banheiro, a vara na mão. Posso dizer que ele não
suja as mãos, ele tem homens para fazer isso por ele.

— Mije. Nisto. Agora. — ele enfatiza cada palavra. Minha boca


treme quando percebo que o teste acabou.

— Você é um covarde, — rosno.

Ele bufa.

— Ou inteligente, depende da maneira como você olha para isso,


querida.

— Por quê? Por que você quer saber se estou grávida?

Ele esfrega o polegar pelo seu lábio inferior, os olhos baixos.

— Zeek é um traidor, voltando-se contra não só a sua


fraternidade, mas com você em sua cabeça o fazendo pensar que estava
tudo bem acabar comigo e meu controle sob seu clube. Ele vai pagar
pela infração, e ao fazer isso, tomarei o meu lugar no poder. Zeek vai me
ajudar a subir na máfia, e tomar o seu lugar à cabeceira da mesa dos
Outlaws, comigo guiando-o. Estou cansado de ser o segundo no poder
para qualquer um nesta porra de cidade! — ele ruge, as veias salientes
na testa. — Não tinha tanta certeza de que ele obedeceria...
especialmente com seu recente comportamento desafiador. Suponho
que ele esteja evocando formas de acabar comigo ou fugir de novo uma
vez que ele tentar te salvar. Mas, se ele souber que tenho o filho dele em
minhas mãos, ele vai sucumbir às minhas exigências muito mais fácil.

Meu peito aperta, um nó se formando em minha garganta. — A


máfia? — ele vai fazer Zeek ser morto.

— Eu já te disse o suficiente, tudo o que você precisa fazer agora é


seguir as instruções. — Franks segura o teste, oferecendo a mim
novamente. Não quero fazer xixi nisso, e se der positivo? Não quero

~ 144 ~
descobrir que estou grávida algemada e forçada a fazer xixi em uma
vara. E não quero Zeek caindo em uma armadilha por causa de mim ou
do bebê.

— Não! — reafirmo.

A mão de Cross levanta, me esbofeteando forte no rosto. Minha


cabeça chicoteia para o lado, os meus lábios queimam severamente
conforme minhas bochechas irradiam dor.

Frank revira os ombros e exala um sopro alto. Cross pega uma 45


de um de seus coldres e pressiona o cano frio no interior da minha
coxa, arrastando-a até que parar no meu abdômen.

— Urine nesta vara, ou vou atirar na sua barriga, derramando


seu sangue e a vida do bebê bastardo que pode ou não existir. — ele
sorri, como se estivesse esperando que não o obedecesse para que
pudesse atirar em mim. Eu quero matá-lo.

Uma lágrima desliza entre meus lábios, meus olhos vibrando com
a derrota. Acabou. Nunca vou viver comigo mesma sabendo que meu
orgulho matou um pedaço de Zeek e eu.

— Tudo bem, — sussurro.

Cross sorri. — Tá vendo, nós podemos nos dar bem.

Segurando meus ombros, ele me empurra para trás e aplica


pressão, fazendo-me sentar no vaso sanitário.

— Faça. — ele me entrega o bastão.

Segurando o teste de gravidez no meio das pernas, faço xixi. Não


percebi o quanto realmente precisava ir ao banheiro até que um fluxo
constante flui continuamente.

Lentamente puxo o bastão de entre minhas pernas e o entrego,


meus olhos procurando a pequena caixa que continha os resultados,
mas Cross o leva antes que possa ver alguma coisa.

— Diz aqui que você tem que esperar três minutos. — Alfeo
aponta na parte de trás da caixa que está segurando.

— Você leu as instruções? — Cross o olha como se fosse estúpido.

— Bem, um de nós precisa saber como essa merda funciona, —


afirma Alfeo.

~ 145 ~
— Fodo a bunda das cadelas apenas para evitar essa merda, —
Cross rebate e Alfeo balança a cabeça. Juro que fui sequestrada por
idiotas.

— Vista-a e a traga de volta para a cadeira, então vamos mostrar


os resultados. — os olhos de Frank estão fixos nos meus, tomando
fôlego. — E o futuro dela.

***

Meu coração está correndo, meus olhos procurando o rosto de


Frank para qualquer indicação do que o teste tenha revelado.

— Já se passaram três minutos. — pontua Cross em seu relógio,


seu corpo esparramado no sofá.

— Duas linhas significa que ela está grávida, — informa Alfeo.

Frank caminha em direção ao balcão, suas pernas curtas e


pequenas conforme desliza para o balcão. Pegando o teste, seus olhos
sulcam. Estou rezando para que ele acabe com a porra da minha
miséria e fale logo que o diabos deu nos resultados. Espero que seja
negativo, não quero descobrir que estou grávida assim. Não quero nem
estar grávida. Mal posso pensar na ideia de que Zeek matou meu pai.
Trazer uma criança para essa situação dá a questão de Zeek ser um
assassino um significado totalmente novo.

— Não vejo nada.

Meu corpo cede com alívio.

— Espere... — minha cabeça levanta, confusa.

Frank coloca o teste sob a luz, Cross olha por cima do ombro para
os resultados.

— Há duas linhas fracas. — Cross o informa.

Frank abaixa o teste e me dá um olhar que faz minha alma


murchar e morrer no meu peito.

— Parece que alguém tem um pequeno Outlaw a caminho. —


Frank sorri, o sorriso brincalhão, e o vento é sugado dos meus pulmões.

~ 146 ~
— Estou grá-grávida. — minha voz esganiçada em descrença.
Olhando para baixo vejo minha barriga, a ideia de carregar uma criança
não parece real. — Grávida, — sussurro, pequenas borboletas de um
sentimento desconhecido enchem meu estômago.

~ 147 ~
ZEEK

— Sim, obrigado, cara. — Bull segura o telefone para cima e


sacode a cabeça para mim. — Desculpe, cara, nada.

Levantando, arremesso minha cerveja. — Caralho! — tem sido um


dia, um fodido dia desde que eles a levaram. Sinto que estou falhando
com ela, que já deveria tê-la encontrado até agora.

— Fique calmo, cara, a moto está sendo trazida. Você pode ir para
Vegas agora.

O telefone descartável de Paw toca.

— Olá?

— Zeek... — Frank cumprimenta. Meu coração para, tudo em


torno de mim ficando mudo.

— Como você conseguiu esse número?

— Ah, você continua a me subestimar, menino Zeeky.

— Onde ela está? — pergunto com os dentes cerrados.

— Zeek, só queria ser o primeiro a felicitá-lo. — a voz de Frank ri


do outro lado do telefone. Meu queixo fica tenso, minha mão
flexionando em torno do telefone.

— Corte a merda, me diga onde ela está ou... — o telefone apita.

— Verifique isso.

— Juro por Deus, se você a tocar...

— Verifique a porra da mensagem, Zeek! — ele grita ao telefone,


seu humor sumiu.

~ 148 ~
Coçando a parte de trás do meu pescoço, puxo o telefone da
minha orelha e abro uma mensagem de texto, sentindo náuseas que vai
conter algo horrível. É uma imagem, mas não posso ver ainda. A
imagem vem à resolução completa que mostra duas linhas cor de rosa
em uma pequena janela circular.

É um teste de gravidez.

Positivo.

— Parabéns, Zeek, — ouço através do alto-falante do telefone.

Meu mundo falha. Tudo ecoa, minha visão borra. Meu estômago
revira tão forte que sinto que poderia vomitar. Isso não pode ser real.

Coloco o telefone de volta no ouvido, suor escorrendo da minha


testa.

— É melhor...

— Não acho que você está na posição de fazer exigências neste


momento. Esta é a forma como isso vai ser, você é porra de um traidor.
Sua traição não vai ficar sem consequência e você sabe disso, na
verdade, estou completamente perdido sobre onde sua lealdade está,
Zeek. Talvez eu devesse ter te matado com seu pai, cortar a linhagem da
traição quando tive a chance.

— Vá se foder. Eu não sou um traidor.

— Não? Bem, acho que nós vamos descobrir. Os chefes têm tirado
mais que o normal do casino e quando sugeri me retirar, eles se
recusaram. É hora deles... e você... perceberem que estou assumindo.
Amanhã à noite um sedan preto estará deixando o Sin Casino com
sacos de dinheiro a serem entregues para a Máfia. Você irá interferir e
pegar esse dinheiro, trazendo-o de volta para mim.

— E se eu não o fizer?

— Você nunca vai conseguir olhar para qualquer lugar


novamente, e sua cadela vai dormir com que eu decidir se você
questionar minha decisão. Nós temos um acordo ou não?

Cerrando os olhos, meu rosto se aquece de raiva. Estou cansado


de lidar com Frank. Vou cortá-lo membro a membro da próxima vez que
o vir.

— Tudo bem, — fervo no telefone.

~ 149 ~
— Oh, e há mais uma coisa. Você deve começar com o
planejamento, Zeek, seu clube trabalha para mim. Não vamos mais
lutar contra o inevitável aqui. — a ligação termina, meus dedos
curvados ao redor do telefone ao ponto de quase quebrá-lo.

— PORRA! — grito, minhas mãos enroscando meu cabelo. Meus


olhos cheios de água, meu peito arfando para cima e para baixo. — eu
tenho que encontrá-la. Eu preciso encontrá-la agora! — afirmo
histericamente para qualquer pessoa que possa ouvir.

— Que porra é essa, cara? — Bobby olha para mim como se eu


tivesse perdido a cabeça. Olhando para Lip, engulo em seco.

— Ela esta grávida. Frank está com ela, e se não atender suas
exigências, ele vai matar ela e o bebê. Não posso deixar isso acontecer.

— Eu vou ser tio? — Lip pergunta com um olhar de choque no


rosto.

— Sim, de um bebê policial. — Bobby ri fazendo Lip olhar


furiosamente para ele por cima do ombro.

— Qual é o trabalho? — pergunta Bull, cortando as brincadeiras


entre Lip e Bobby.

Explico que os chefes do casino são, na verdade, a máfia, e


criaram Frank na vida perfeita. Em troca, ele desvia dinheiro dos lucros
do cassino e lhes dá. Digo a eles como Frank vem tentando tomar o
meu clube para acabar com eles e tomar conta de tudo. Informo que
Frank está querendo que eu e meus meninos roubemos o dinheiro e
devolvemos de volta para ele.

— De quanto dinheiro estamos falando aqui? — Bull pergunta,


esfregando o queixo depois de dar a ele e aos Devil’s o resumo.

Dou de ombros. — Eu não tenho certeza, alguns milhões.

Os olhos de todos se arregalarem. Bobby cospe cerveja em


Shadow.

— A coisa é, sei que mesmo se eu fizer isso, Frank vai matar


Jillian para fazer um ponto. Ele não vai deixar eu foder uma policial, e
fugir com ela, sem quaisquer consequências. — ele matou a última
garota com quem me relacionei apenas por prazer, ele vai fazer isso de
novo sem pensar duas vezes e não posso deixar isso acontecer.

~ 150 ~
Bull esfrega a parte de trás de sua cabeça. — Me dê um
momento?

Olho para Lip que me dá um aceno tranquilizador.

— Faça isso rápido, realmente preciso ir. — não sei o que diabos
vou fazer, mas sentar aqui não é uma opção.

Afastando-me, coloco as mãos nos quadris e respiro fundo. Uma


respiração que nem sequer sinto que estou respirando, porque não
estou. Grávida. Ela está grávida de um filho meu. Meu pai costumava
me dizer para puxar para fora e eu estaria bem. Cross, então, me disse
que foi como fui concebido, e não o escutei. Imagino que Cross não
estava me alimentando com mentiras, porém, porque agora eu sou pai.

Olhe para mim, como posso ser um maldito pai. Mal posso ser o
homem que Jillian merece, e muito menos o modelo que uma criança
merece.

Um pedaço de mim se pergunta se Frank está brincando comigo,


mas outra parte se pergunta que se ele não estiver, então Jillian está
grávida. Arrastando as mãos pelo meu rosto, gemo, antes de gritar para
o ar da noite. Caio de joelhos, minha raiva e fúria saindo pela minha
boca como veneno implorando para ser libertado.

Eventualmente perco o fôlego, e meu rugido desaparece em um


grito lamentável.

Com o peito ofegante e olhos lacrimejantes caio para frente com


minhas mãos e olho para as pedras. Se ele a machucar, vou matá-lo.
Vou matar todos no meu caminho. Vou pintar as ruas de Vegas de
vermelho como o tapete que reveste os pisos do cassino de Frank.

— Zeek, você está bem, cara? — Lip vem à vista.

Tentando me recompor, sento-me e limpo as mãos no meu jeans.

— Sim.

— Bull quer ver você.

Balançando a cabeça, e empurrando o cabelo do meu rosto, sigo


Lip pra dentro.

— Então, você quer a sua cadela de volta? — Bull pergunta, e não


posso deixar de revirar os olhos com a pergunta redundante. — Se você
nos der esse dinheiro, nós vamos te ajudar a conseguir a cadela de

~ 151 ~
volta. — Bull toma um gole de sua cerveja, seus olhos nunca deixando
os meus.

— Então você quer o dinheiro... e em troca vai me ajudar a salvar


Jillian? — pergunto, as sobrancelhas levantadas.

— Sim. Mas para você conseguir a nossa ajuda, você tem nos dar
todo o dinheiro, ou nada feito. — balançando a cabeça, olho para Lip
que está me olhando de volta com os braços cruzados.

— Eu só quero ela, — declaro imediatamente. Sei que estou


passando por cima de uma tonelada de dinheiro, mas não dá para
colocar um preço sobre o que sinto por Jillian.

— Isso significa nada para você e seu clube. Você está escolhendo
sua mulher ao invés do dinheiro, — Bobby esclarece tudo, como se não
tivesse entendido o ultimato de Bull.

— Sim, eu sei. — correndo a mão sobre a testa suando, ainda


estou confuso sobre o porquê de eles estarem querendo me ajudar. Eles
não me devem nada. Caralho, eles deveriam me entregar a Frank. —
Por que você quer fazer isso? Você não entende o que está acontecendo.
Se falharmos, Frank poderia vir atrás do seu clube.

Bull cruza as pernas, e se inclina contra o bar. — O que posso


dizer? Eu gosto de felizes para sempre... e de dinheiro. — todos eles
riem em uníssono.

— Nós também poderíamos conseguir o dinheiro. Este lugar está


caindo aos pedaços, se você não notou. — Shadow diz, apontando para
o teto, que está caído completamente.

— Se Frank não receber o dinheiro, ele vai matá-la. — os informo.


Não sei como vamos conseguir o dinheiro e Jillian.

— Acho que com os seus homens e os meus, podemos pegar o


dinheiro, pegar a sua mulher, e matar esse idiota desprezível do Frank.

Minha mão levanta, apontando para ele, meu coração correndo no


peito furiosamente.

— Frank é meu!

Os lábios da Bull se enrolam no canto.

— Entendido.

~ 152 ~
JILLIAN
— Acho que vamos ver onde a cabeça de Zeek está. Será que ele
irá me trazer o dinheiro, ou vai tentar salvar a mulher e filho e morrer
no processo?

Fecho meus olhos, não querendo mais ouvir sua voz. A maioria
das mulheres que descobrem que estão grávidas estão andando pelo
banheiro, os seus maridos se preocupando no outro quarto. A ideia de
paternidade os assustando enquanto eles se perguntam se vão
sobreviver as lutas pela frente.

Fui sequestrada e forçada por uma arma a mijar em um teste de


gravidez, que seria utilizado para colocar o pai do meu filho em uma
armadilha mortal.

A turbulência e o caminho que Zeek e eu percorremos nunca falhará


enquanto estivermos juntos.

— Não importa, não é? No final, nós vamos matá-los. — Cross ri.

Frank esfrega sua gravata. — Não vou matar Zeek. O acordo era
que ele teria que voltar para o clube e estar sob o meu comando. Não
posso manter esses animais na linha, e fazer o lado do negócio das
coisas também. Preciso de alguém com algum cérebro para cuidar do
clube.

— Olá, — Cross balança sua mão. — Eu poderia ter te poupado


um monte de problemas se você me pusesse no comando.

Frank suspira e revira os olhos. — Isso nunca acontecerá. Você


não pode nem mesmo manter a cabeça no lugar se eu não estiver em
cima de você. Você teria o clube em um banho de sangue, cada conexão
com o clube seria cortada. Você está onde você deveria estar.

— E o que acontece com ela? Você vai matá-la? — Cross projeta o


queixo em direção a mim.

A mão de Frank lentamente se move para cima, e vejo como ele


esfrega o queixo, seus olhos caindo sobre mim. — Sim. Não. Talvez. Não
sei ainda. — ele solta uma expiração. — Vou deitar antes de Zeek
aparecer, mantenham um olho nela. Não me importa como vão fazer, só

~ 153 ~
façam. — Frank puxa a gravata novamente e caminha em direção ao
elevador.

— Oh, isso vai ser um prazer. — Cross ri, os olhos varrendo de


cima para baixo em meu corpo. Faço uma careta, e olho para o outro
lado. Concentro-me em um vaso com flores falsas, tentando acalmar
meu batimento cardíaco. A necessidade de quebrar, desistir, e chorar é
esmagadora.

Preciso descobrir uma maneira de sair daqui.

— Diga-me, como é a sensação de estar carregando o DNA do


homem que matou seu pai? — Cross pergunta.

— Diga-me, como é a sensação de ser nada mais do que o cão dos


Outlaws? — retruco. Seu rosto cai quando ele range os dentes e, em
seguida, ele se aproxima com pressa. Tenho que morder a língua para
não rir, as pernas curtas e grossas me lembrando do Sr. Cabeça de
Batata. Suas mãos afundam no meu cabelo, puxando duro. Meu humor
some quando gemo de dor.

— Vou amar quebrar você. — seus lábios escovam contra a curva


da minha orelha. Ele joga a cabeça para frente, os músculos do meu
pescoço dolorosamente tensos. — Incluindo o bebê bastardo.

Meu corpo ataca com adrenalina, meu coração batendo


loucamente no peito. Meus olhos queimam, mas luto contra isso. Não
quero que ele veja o quanto me afeta.

Não vou quebrar. Eu sou forte.

— Então, acho que prender você em um porão até você ter esse
filho seria melhor. Nós poderíamos moldar a criança, ele ou ela, em um
animal como o pai. Melhor. Um que obedece e sabe o seu lugar.

Fico olhando fixamente para frente, minha mente não estando


realmente em qualquer lugar no momento. Prefiro morrer com este bebê
a deixar isso acontecer.

Imagens do rosto de Zeek antes dele matar enchem minha mente.


Aquele olhar vazio, o pensamento de Zeek não achar que ele é capaz de
amar ou ser amado projetado no rosto de nossa criança me vem a
cabeça.

Não quero isso para Zeek, e com certeza não quero isso para um
filho meu. Meus membros se tornam impacientes, meus pulmões
queimando para lançar um grito emocional.

~ 154 ~
— O sangue de um Outlaw, misturado com o de uma policial.
Este garoto iria apresentar algumas habilidades incríveis. — Cross
estatela no sofá, os braços estendidos ao longo das costas. — Sim,
garanto que Frank estará bem com isso. — ele abaixa a cabeça, os
olhos encapuzados. — Então parece que você não vai tomar o caminho
mais fácil.

Solto um grito angustiado, o rosto avermelhado, coloco tudo o que


tenho no grito. Chorando histericamente ao ponto de que não posso
nem ver direito.

Cross ri em resposta à minha angústia, mágoa e dor.

Estou quebrando.

Mas, mesmo com o pensamento passando pela minha cabeça, sei


que não é verdade. Não estou quebrando. É tarde demais para isso.

Já estou quebrada.

ZEEK
Pronto para voltar para Vegas, decido ligar para Felix, contar a ele
o que aconteceu e descobrir se ele tem visto Jillian.

— Olá?

— Estou voltando para Vegas agora.

— Já era hora, — sussurra Felix. — Você conseguiu a ajuda dos


Devil’s para recuperar seu clube de volta?

Engulo em seco, minha cabeça latejando como se alguém


estivesse batendo um fodido tambor lá. Olhando para Lip, esfrego a
testa com a mão livre.

— Sim, sobre isso. Frank me deu um ultimato, pegar a remessa


de dinheiro da máfia e ele vai deixar Jillian ir. — o telefone fica em
silêncio.

— Mas? — Felix sabe que há mais. Ele conhece o tio Frank tão
bem quanto eu.

~ 155 ~
— Nós voltamos a trabalhar para Frank.

— Você está brincando comigo? — Felix late no telefone. — Você e


eu sabemos que ele vai matá-la de qualquer maneira, e depois de dar a
ele o dinheiro, você vai voltar a ser a cadela dele! Se a Máfia não vier e
te matar primeiro!

— Ele não estará recebendo o dinheiro, os Devil’s sim. — estou


tentando explicar a ele o que está acontecendo, mas seu tom de voz está
realmente começando a me irritar.

— Você perdeu a cabeça, porra? — ele está com raiva, gritando


como um adolescente irritado. — Quem garante que os Devil’s não vão
foder com tudo?!

— Não tenho escolha agora, Felix. É a minha única opção! — grito


de volta, minha paciência se esgotando.

— Se você fizer isso, você não terá o clube de volta mais uma vez,
você sabe disso, certo? Se você a salvar, é jogar tudo nas mãos dele.
Você estará escolhendo a porra da policial ao invés do seu clube, de
novo! — ele ainda está gritando, e isso me irrita mais do que já estou
irritado. Estalo. Ainda sou a porra do presidente, e ele obviamente
esqueceu o respeito antes que atendesse ao telefone.

— Felix! — grito para o telefone. — Ela está grávida de um filho


meu, e eu vou salvá-la antes de qualquer outra coisa. Você quer ser
meu irmão e me ajudar a salvar a minha menina e meu filho, ou você
cai fora. Se você virar as costas, estará retratando a sua real lealdade a
mim e renegando a sua posição como meu vice-presidente. Não culpo
você de qualquer maneira. Sou o único a mudar as regras... Eu sei
disso. Então, cale a porra da boca e seja o braço direito que eu preciso,
ou dê o fora para bem longe.

Desligo o telefone, olhando para Lip. Meu rosto deve parecer como
uma criança em uma fodida casa de horror pela maneira que Lip está
olhando para mim.

— Por que ele está tão irritado sobre isso?

— Estou escolhendo salvar uma policial em vez de salvar o meu


clube. — as palavras são espessas, e saem de minha boca com
hesitação. Trabalhei tão duro para o clube, derramei tanto sangue para
chegar onde estou. Estou colocando anos de objetivos e sonhos na parte
inferior da lista para salvar uma menina que nunca deveria ter dado
uma segunda olhada.

~ 156 ~
Vou salvar uma detetive.

Vou salvar minha old lady.

Vou salvar a mulher grávida do meu filho.

Então, foda-se o que Felix diz, que ele vá se foder.

— Eu te dou cobertura, cara. Estou dentro. — ele acena com a


cabeça firmemente, e dá as minhas costas um tapa amigável. A
aparência suave em seu rosto vai fundo dentro do meu peito. Tudo o
que sempre quis foi ter meu irmão ao meu lado, estando aqui para mim,
e eu para ele. Um vínculo. Uma família. Um fodido irmão.

— Tem certeza? — pergunto, ele não me deve nada e ainda estou


chocado que ele e seu clube querem me ajudar.

Ele dá de ombros. — O que é um irmão se você não pode contar


com ele para ajudar a roubar sua namorada policial de um membro da
família insano que faz parte da máfia? — dou risada.

Abaixando minha cabeça, esfrego a parte de trás do meu pescoço


sem jeito.

— Obrigado, cara, — sussurro.

Tomo uma respiração profunda, obtendo o controle das minhas


emoções. Estou começando a me sentir como uma cadela recebendo
toda esta merda aqui.

— Então, vamos fazer isso, — Bull acrescenta, soprando a fumaça


pela boca e nariz.

Com isso, todos os membros do Devil’s Dust falam, todos


oferecendo sua ajuda.

Sigo-os para fora do clube, com um colete à prova de balas em


uma mão, uma nove milímetros carregada e uma 45 milímetros no meu
coldre. Todos eles se juntaram para garantir que minha bunda estivesse
protegida, e caralho, ainda não consigo acreditar. Olho por cima do
ombro, esperando ser uma brincadeira, ou uma bala me atingir no
peito.

— Por que você está fazendo isso por mim? — pergunto a Lip
enquanto coloco meu colete no lugar.

— Isso se chama fraternidade. — ele dá de ombros, colocando seu


próprio colete.

~ 157 ~
— Você estava certo, sabe.

— Certo sobre o quê?

— Em não voltar para Vegas comigo, porque meu clube era nada,
além de selvagens.

— Cara, apenas disse isso porque...

— Independentemente disso, você estava certo. Isto aqui, o que


vocês estão fazendo por mim, nunca vi antes. Em Vegas eles teriam me
matado, mas não antes de rir na minha cara quando pedisse ajuda. Isto
é... é outra coisa.

Lip me dá um tapinha nas costas. — Bem, não é tarde demais


para mudar as coisas.

Concordo. Ele está certo, se há alguma hora para mostrar aos


meus filhos o que uma fraternidade deve ser e se tornar a porra do
presidente que eu sei que posso ser, é agora.

Indo em direção as motos, Shadow aponta para o SUV.

— Vocês dois devem levar o SUV, poderá ser necessário um


músculo extra se nós estivermos carregando milhões de dólares, — ele
sugere.

Engolindo em seco, vou em direção ao SUV preto com Lip


enquanto o resto dos Devil’s montam em suas motos. Adrenalina corre
nas minhas veias que esta noite vai ser caótica.

Lip salta no lado do motorista e eu lhe dou as instruções antes de


acelerar em direção a Vegas.

O tempo todo fico verificando minha arma, certificando-me de que


ela está carregada, e puxando meu colete à prova de balas
ansiosamente.

— Você está bem? — pergunta Lip.

Olhando pela janela sopro uma respiração nervosa. — Parece que


estou bem?

— Apenas tente relaxar, você pode fazer o inferno quando chegar


lá. — aceno com a cabeça em concordância, porque trazer o inferno é
exatamente o que pretendo fazer.

— Dê-me o resumo, deixe-me saber o que esperar. Onde está o


carro com o dinheiro?

~ 158 ~
— Haverá um sedan preto com pelo menos três homens, e eles
vão estar armados até os dentes. Eles chegam pela entrada dos fundos,
onde o caminhão blindado leva o dinheiro para o depósito, um dos
homens que ajuda a carregar os caminhões vai levar os sacos marcados
e entregá-los a um dos homens que conduzem o sedan. O caminhão é
sempre pontual... nunca se atrasa. Que dia é hoje? — tirando os olhos
da janela, olho para Lip.

— Sexta-feira.

— O caminhão vai fazer a retirada corretamente antes da corrida


então, às oito horas.

— Como você sabe tudo isso?

— Quando eu tinha dezesseis anos, era eu quem carregava os


caminhões. Pai me obrigou.

Os olhos de Lip passeiam entre eu e a estrada. — Sério? Se você


tivesse sigo pego...

— Ele teria me matado, eu sei.

Lip toma uma respiração profunda. — Isso não é o que eu ia


dizer, ia dizer que você teria um momento difícil.

Arrastando meu olhar da estrada para Lip, direciono um olhar


sério. — Há coisas mais assustadoras na vida do que ter um ‘momento
difícil’, é chamado de família.

Lip olha para o relógio no painel de instrumentos, o motor


rugindo com mais aceleração.

— Nós vamos estar lá daqui há duas horas, nós vamos pegar o


dinheiro, e depois vamos pegar a sua mulher.

~ 159 ~
ZEEK

Chegando a Vegas, aponto para o cassino do tio Frank. — É este


aí.

— Então este é o famoso Sin Casino do tio Frank? — Lip se


inclina para frente olhando para o edifício que está iluminado em
vermelho.

— Sim, é tudo dele.

O caminhão blindado parando no estacionamento do cassino e se


direcionando ao ponto de coleta me chama a atenção.

— Bem na hora, — digo em voz alta, as palmas das mãos se


contraindo pela emoção a frente.

Meu telefone toca, chamando minha atenção.

— Estou dentro. Onde você nos quer? — informa Felix. Alívio me


inunda por eles estarem me protegendo. Preciso disso, e não falo essas
coisas para muitas pessoas em minha vida.

— Quando o sedan sair, siga-o.

— Entendido.

O caminhão blindado sai primeiro, estacionando à esquerda


quando o sedan que procurávamos vira para a direita.

— Você estava certo, — Lip soa chocado. Carrancudo, olho para


ele. Ele achava que eu estava mentindo?

Colocando o SUV na entrada, Lip segue o sedan. Nós ficamos


cerca de quinhentos metros para trás, tomando cuidado para não
sermos vistos. Motos aparecem do nosso lado. Olhando pela janela,
encontro meus meninos. Machete sorrindo e me mostrando o dedo.

~ 160 ~
— Seus? — Lip pergunta.

— Sim, eles são meus.

O sedan entra em uma estrada lateral que leva à autoestrada. Os


cabelos na parte de trás do meu pescoço se arrepiam. Ninguém quer
que nada dê errado, é agora ou nunca.

— Agora. — as palavras saem roucas quando pego a minha arma.

Descendo a janela, puxo minha arma e aponto para o pneu


traseiro direito. Puxando o gatilho, uma bala acerta a borracha, fazendo
os pneus explodirem. O carro fica mais lento, e um homem com um
chapéu preto coloca a cabeça para fora da janela, seu chapéu voa.
Ficando totalmente para fora da janela, ele puxa um Colt AR 15.

— CARALHO! — grito, voltando para o carro.

Balas pulverizam através do para-brisa, rasgando os assentos e o


painel. Pedaços de vidro acertando meus braços e rosto. Raiva, pura e
doce corre através de meus membros conforme peço abrigo.

— Jesus Cristo! — Lip grita. Ele olha por cima do volante, e bate
no acelerador enquanto corremos para frente.

— Vou matar cada um deles! — grito acima do caos, puxando a


minha 45 do coldre.

— Se segura! — Lip instrui.

Ignorando-o, miro o carro quando batemos no para-choque


traseiro do sedan. Sou jogado para frente, a cabeça batendo no para-
brisa, e meu ombro acerta o painel. O homem com o Colt AR 15 é quase
jogado da janela, quando o carro gira sem controle antes de parar
abruptamente.

— Que porra foi essa?! — grito. Minha testa arde e meu ombro
queima. Pressionando os dedos no cabelo, acho sangue. Não muito,
mas o suficiente para me fazer encarar Lip.

— O quê? Eu disse para se segurar.

Devil’s Dust e os Outlaws circulam o carro, armas apontadas à


medida que saem de suas motos. Parece a porra de uma equipe da
SWAT, mas é pior, são criminosos sem lei.

~ 161 ~
Saindo do carro, puxo minhas duas armas para fora e as miro na
porta do passageiro. Os homens começam a sair do carro, armas na
mão e cada um de pé.

Não dando a eles a chance de abrir fogo, peneiramos seus corpos


com balas.

Eles caem no chão do deserto, sangue escorrendo através de suas


roupas, e os buracos de bala do sedan preto de um lado para o outro.

— Jesus Cristo, isso foi incrível! — Machete grita, me batendo na


parte de trás da cabeça com excitação.

— Você não teve a porra de uma Colt AR 15 atirando em você! —


respondo com os olhos arregalados, não tendo certeza onde está a
excitação nisso. Ele dá um tapinha no meu ombro e corre em direção ao
final do carro. Ele é doente.

Andamos até o sedan e Bobby aparece.

Bull assobia de olho na mercadoria. Dando a volta na parte de


trás do carro, vejo o que o deixa em reverência. Há pelo menos treze
sacos no porta-malas.

Machete abre um e pega o dinheiro. — Jesus, — ele sussurra.

— Você não estava mentindo. — Bull esfrega a cabeça com sua


arma.

Agarrando um dos sacos, tiro do porta-malas e o empurro no


peito de Bull. — Você tem seu dinheiro, agora vamos pegar a minha
mulher.

— Bobby, esvazie estes sacos, e os encha, — ordena Bull.

— Com o quê? — Bobby olha para ele com curiosidade.

— Não dou a mínima para o que seja.

— Oh, que tal com dinheiro falso? — seus olhos brilham, e não
posso evitar rir.

— Não faça isso, — Shadow ri meio sério.

— Adoraria ver a reação deles, porém. — ri Bobby.

— Eles não terão tempo para reagir antes de estarem mortos, —


Bull informa casualmente. Gosto da forma como este homem pensa. —
Vamos começar enchendo estes para parecer que está levando o

~ 162 ~
dinheiro, e então vamos colocá-los no carro. Quando os homens de
Frank saírem para pegar, você o ataca.

— Ele não vai estar protegido, eu gosto disso. — Felix balança a


cabeça em aprovação, de pé ao meu lado.

— Ligue para ele, marque a entrega, — insiste Bull.

JILLIAN
Suor escorre pelas minhas costas, meu estômago roncando com a
necessidade de comer. Estou tão cansada, mentalmente e fisicamente.

— Zeek nos ligou, — Frank entra na sala. — Vamos buscar a


entrega, envie nossos homens para buscar.

Cross bufa. — Vou mandar os meninos para se certificar de que


eles nos darão tudo.

— Envie todos eles, não quero nenhuma surpresa, — Frank


insiste.

— Você, no entanto, vou te usar como exemplo para o meu


sobrinho, o que envolve você tendo medo. Quando ele chegar, vou tirar
sua vida. Vou espremer cada lufada de ar de seus pulmões até que seu
coração fique mais lento e seu corpo implore por ele. Então, e só então,
quando ele perceber que sou quem controla a sua própria existência, aí
vou acabar com ela e este porco que você está carregando.

Lágrimas caem dos meus olhos conforme choro, rezo para Zeek
ter um plano quando ele chegar. Quero ser forte, mas estar amarrada
numa cadeira e ter sua vida e do seu bebê ameaçada... tudo o que você
pode fazer é chorar e esperar.

— Sobre isso, Frank, eu tive uma ideia quando você estava


ausente. E se nós ficarmos com ela, escondê-la em algum lugar e deixar
Zeek pensar que tirou a vida dela. Ela vai ser nossa até que dê à luz.
Podemos transformar esse bebê bastardo no líder leal que precisamos.
Conheço um lugar e as pessoas certas para fazer esse tipo de coisa.

Frank assente, os lábios torcendo em aprovação. — Tá vendo, é


por isso que eu preciso de você do meu lado, Cross. Só você pode

~ 163 ~
pensar neste tipo de merda. Amo isso. — ele ri como o diabo
reencarnado. — Ele nem vai saber que ela está viva. Ela vai ficar bem
debaixo do seu nariz o tempo todo, até quando carregar essa criança e
torná-la nossa arma!

Um som ressoa da janela, chamando a atenção de todos. De


repente, um vaso perto de nós explode. Os olhos de Frank sulcam como
se ele estivesse surpreso. — Que porra é essa? — Cross caminha em
direção ao vaso quebrado e se abaixa.

— É uma bala. — seus olhos se arregalaram de medo quando ele


grita. — SNIPER! — sua voz atravessa a suíte assim quando outra bala
passa através da janela e pousa em um gabinete. — Vá para a porra do
chão e se esconda! — ele continua a gritar, quando mais assobios
atravessam, rasgando o plástico filme e meu bíceps.

Fechando os olhos, seguro um grito de dor. O sangue escorre pelo


meu braço, quente e grosso, queimando como uma cadela. Tenho que
sair da visão ou vou ser atingida novamente. Balançando, caio no chão
duro. Meu ombro rugindo com a dor do impacto conforme mordo meu
lábio para abafar um grito.

Tudo fica em silêncio, o único barulho é a minha respiração


áspera.

Finalmente, depois de alguns segundos que parecem minutos,


eles param. Tudo fica silencioso e imóvel.

— Fomos enganados, porra! — Frank grita.

— Eu te disse para matar o idiota. — Cross geme profundamente


como se ele estivesse com dor. Ele deve ter sido atingido também.

As portas para a suíte de repente abrem, e Zeek e Lip entram. Ele


está de calças jeans sujas e uma camisa preta que está bem apertada.
Seu peito está estufado, o olhar em seu rosto se assemelha ao maldito
Hulk. Seus olhos varrem a suíte antes de lentamente pousar em mim.

Meu coração bate em câmera lenta, borboletas voando na boca do


meu estômago. O canto de sua boca levanta em um pequeno sorriso. —
Recruta, — ele diz, fazendo meu mundo voltar a vida novamente.

Eu não vou morrer.

Felix e Lip entram na sala, olhando para o cenário destruído. Um


sorriso quebra através do meu olhar severo, meu peito aquecendo.
Todos eles vieram aqui. Para me salvar. Uma policial.

~ 164 ~
Os ombros de Cross sobem e caem, os olhos cheios de raiva
enquanto seu rosto quase fica roxo.

— Aahh! — Cross atravessa toda a sala e ataca Zeek, ambos caem


no chão. Cross bate com o punho no rosto de Zeek, antes de Zeek rolar
e devolver o soco. O som do punho no osso ecoa por toda a sala do
hotel.

Frank dá um passo à frente e Lip pressiona a arma na parte de


trás de sua cabeça, parando-o.

Um cara loiro com Devil’s Dust escrito em seu colete anda até
mim, Bobby, acho que é. Ele corta o envoltório em torno da cadeira com
uma faca Buck. Adrenalina corre através do meu corpo tão rápido que
não tenho paciência para esperar ele libertar minhas mãos das
algemas. Rasgo o plástico filme do meu corpo, e corro para ajudar Zeek.

— Jillian, NÃO! — Zeek grita quando me vê. Tendo a vantagem,


coloco as mãos ao redor de seu pescoço. Nem sequer dou aos homens
de Zeek a oportunidade de interferir, tenciono todos os meus músculos,
cerrando os dentes, e enfio o pé na cara de Cross tão duro quanto
posso. Raiva impulsiona minha adrenalina. Quero minha arma, eu
quero matá-lo! Cross voa de Zeek, caindo de costas. Um olhar
atordoado cruzando seu rosto quando sua cabeça faz contato com o
chão com força.

Um rosnado emocional irrompe da minha boca, não se sentindo


satisfeita que Cross ainda está vivo. Limpo as palmas das minhas mãos
suadas na calça tentando me acalmar, Zeek geme atrás de mim.
Minhas mãos deslizam ao longo de uma protuberância no bolso da
calça, lembrando-me da cruz do rosário que Zeek me deu. Depois de
todo esse tempo ficou comigo, me protegendo quando Zeek não foi
capaz disso.

‘Pense em mim ou algo assim’ ecoa na minha mente. Ninguém


jamais se levantou por Zeek. Babacas que o aterrorizaram pareciam ter
intimidado os únicos poucos fiéis que ele teve do seu lado.

Tirando-o da calça, minhas mãos amarradas tornando mais difícil


puxá-lo para fora, o espalmo. Olhando diretamente para Zeek, seus
olhos se arregalam quando vê o que estou segurando.

— Jillian!

Engolindo em seco, meu coração corre descontroladamente contra


o meu peito enquanto olho Cross nos olhos.

~ 165 ~
— Eu vou desfrutar de te rasgar ao meio. — minhas palavras me
surpreendem, vindo de um lugar escuro que nunca soube que tinha. No
entanto, não vacilo.

Dou um passo a frente, agachando-me e bato a ponta do pingente


em seu peito com toda a força. Sangue cospe em meu rosto, mas não
terminei ainda. Golpeio cada vez mais fundo, forçando a ferida a abrir
mais e mais. O sangue começa a escorrer da palma da minha mão,
enquanto assisto o queixo apoiado no peito, seu olhar indo para a cruz
saindo de seu peito. Seus olhos escuros lentamente encontram os
meus, e consigo vê-lo percebendo que pode morrer esta noite.

— Você não mexe com a família. — puxo a cruz de seu peito, um


soluço deixando minha boca. O sangue jorra da ferida, seu peito
arfando de dor. Levanto o pingente sangrento em minha mão.

Sua mão cobre a ferida, enquanto seus olhos ficam nublados e


seu peito se ergue para respirar. A adrenalina correndo solta através
dos meus membros se dissipa, a percepção do que fiz começando a
parecer pesado demais.

O que diabos eu fiz?

— Você está bem, querida? — Zeek pergunta suavemente, ficando


cara a cara comigo.

— Sim, estou bem. — as palavras travam na minha garganta.


Baixando uma de suas armas, ele puxa minhas algemas. Estremeço,
meus pulsos me lembrando que minha pele está em carne viva.

— Espere, deixa comigo. — Mac toma minhas mãos, e tira uma


ferramenta semelhante a um grampo. Em segundos, minhas mãos
estão livres. É meio assustador quão rápido ele consegue abrir as
fechaduras das algemas.

— Obrigada, — coaxo.

Ele pisca. — Não foi nada.

A mão de Zeek apertam a parte de trás do meu pescoço, e ele me


puxa para um beijo forte. Um que literalmente derrete todo o peso que
estou carregando nos ombros desde que fui sequestrada. Um calor se
propaga através dos meus membros quando fecho os olhos e me deleito
com o sentimento de segurança. O cheiro de couro e especiarias me
confortando. Eu senti falta desse homem, e senti falta dele pra caralho.
Beijá-lo, estar tão perto dele depois de ter sido arrancada de seus

~ 166 ~
braços, com certeza posso dizer sem dúvida que sou dele para sempre.
Assim como ele disse, nunca vou ser capaz de deixá-lo.

Zeek puxa lentamente os lábios de mim, e amuo por dentro. Não


querendo que ele pare.

Olho nos olhos de Zeek, e não quero que ele quebre o abraço
confortante que seus braços trazem. Eu sei o que vai acontecer em
seguida, porque o olhar de cobiça e amor está desaparecendo em algo
sombrio e ameaçador. Puxando seu olhar oco do meu, ele se concentra
em Frank.

ZEEK
Respiro fundo, tentando me acalmar, mas a fúria nervosa dentro
de mim não pode ser contida.

Deslizando meu cabelo para trás, encaro Frank.

Ele criou este animal, alimentou esse monstro durante anos, e


agora ele está prestes a ver sua obra-prima em primeira mão.

Como a pequena cadela que ele é, tenta fugir. Ele não vai muito
longe, porém, porque a arma de Lip o chicoteia na cabeça, fazendo-o
cair de joelhos.

Libertando minha arma do coldre, avanço para Frank.

— Isso acaba aqui, — fervo.

— Zeek, espere, — ele implora. — Por favor, tenha misericórdia,


sobrinho. Entenda o que fiz como seu tio. Estava apenas tentando fazer
você o homem que sei que você é capaz de ser. — bufo e confiro o clipe,
certificando-me de que está carregado com balas.

Então aponto a arma para ele, na cara dele, uma atuação que ele
vem fazendo tudo para o meu próprio bem caindo ao que ele realmente
é. Um bandido cruel. Um Deluca.

Sua atuação desaparece quando percebe que vai morrer, sua


verdadeira atitude aparecendo em seu rosto.

— Eu deveria ter matado você, juntamente com seu pai traidor. —


seu tom gotejando com intenção maliciosa. — Você sabe por que

~ 167 ~
ordenei matá-lo? Porque eu sabia que você ficaria fraco e vulnerável
depois, e você ficou. Foi tão fácil manipulá-lo para fazer o que eu
precisava. — ele ri, a cabeça caindo para trás diante de seus olhos
mortos me fixando onde estou. — Mas, veja, não mencionei uma parte
crucial da informação. Ele não era o seu pai. A cadela da sua mãe
dormiu com Cross quando ela descobriu que seu marido estava fodendo
com uma prostituta do clube. Cross é seu pai. Você me escutou? Você.
É. Filho. Do. Cross.

— Isso não é verdade, — Lip grita atrás de mim. Não estou


surpreso que ele iria defender nossa mãe tão rapidamente. Faz sentido,
no entanto, tanto quanto não quero que seja, tudo faz sentido pra
caralho.

Olho para o corpo de Cross sangrando e tento ver se sinto alguma


coisa. Alguma ligação simples que me diga que este homem é realmente
o homem que me gerou. Mas não sinto nada. Assim como tinha sido
ensinado a sentir por tanto tempo quanto poderia lembrar. Não há calor
inchando meu coração como quando olho para Jillian — a minha luz, a
única pessoa neste mundo que tem me guiado para ver que existe mais
em mim do que um animal incapaz de sentir.

A única coisa que sinto por Cross é nada. Ele não era meu pai,
digo a mim mesmo. Ele era um covarde, não importa quão ruim ele era
nas ruas de Las Vegas. Ele era um covarde dentro deste círculo de
mentiras por deixar outro homem me criar como seu.

— É tudo muito verdadeiro. — Frank continua a rir, trazendo a


minha atenção de volta para ele. — Por que você acha que sua mãe o
odiava tanto, Zeek? Você era o único erro da sua mãe. O erro que tive a
sorte de usar para minha alavancagem, Zeeky. Você foi o melhor
segredinho sujo guardado que os Deluca manteve de todos...

Inclinando-me no rosto de Frank, meu nariz quase toca o seu.


Meus olhos dançando para frente e para trás entre os dele, vendo algo
muito familiar. Frank e eu não somos tão diferentes, ou pelo menos não
éramos antes de eu conhecer Jillian. Antes dela, eu era um homem com
um objetivo — poder. Queria estar no topo, e governar as ruas não me
importando com o custo. O poder é mais viciante do que o sexo, drogas
ou dinheiro. Ele obscurece sua mente e colhe sua alma, e antes que
você perceba, você não está vivendo, está apenas sobrevivendo. Frank
me ensinou isso, ele injetou a droga em minhas veias quando me
ordenou a matar meu pai. Meu pai. Pelo menos o homem que eu
considerava como meu pai. O homem que me deu a agulha suja do
desejo constante de ser o cara que merece o respeito em uma idade tão

~ 168 ~
jovem. Por causa disso perdi não apenas pessoas que eu amo, mas
perdi quem eu poderia ter sido.

— Guarde um lugar para mim no inferno, — fervo com os dentes


cerrados. Endireito-me, tentando decidir como quero ir em frente.

— Depois de tudo o que te dei, você acha que um pouco de


misericórdia e compreensão viria um pouco mais livremente de você. —
assim quando as palavras condescendentes deixam a boca de Frank,
me viro.

— Delucas não tem misericórdia. — o chuto na garganta, um


rugido rasgando meu corpo inteiro. Frank voa quando balas zunem,
derrubando-o e fazendo-o cair vinte andares abaixo. Vento entra no
quarto do hotel, e Jillian grita atrás de mim. Aproximando-me da
janela, olho para baixo, encontrando Frank, do tamanho de um grão de
sangue. Seus braços e cabeça desmontados enquanto ele está lá em
pedaços. A queda foi tão grande que seus membros
impressionantemente se desconectaram.

As pessoas estão correndo, gritando. Um fodido caos completo.


Esfrego meu queixo. Vou ter que usar um monte de pontos para sair
disso.

— Zeek? — uma voz com medo chama minha atenção. Virando,


me concentro em Jillian que está de pé muito mais perto do que antes,
os braços segurando a barriga de uma forma protetoramente, e um de
seus braços está sangrando. Meus olhos vão para sua barriga, e exalo
um suspiro que não sabia que estava segurando. Um que tenho sido
capaz de segurar desde que Frank a levou. Aproximando-me dela,
enrolo meus dedos em seu cabelo e a trago para meu peito. Precisando
sentir seu coração batendo contra o meu.

— Você está bem? — meus olhos a examinam com mais


profundidade, e ela balança a cabeça. Puxando o lábio inferior entre os
dentes, lágrimas caem dos seus olhos.

Merda!

Eu sei que ela tem que estar além do medo, e isso é contra tudo o
que ela representa. Como ela poderá me olhar do mesmo jeito depois
que ela viu o animal que sou capaz de me tornar será um milagre. Eu a
amo, porém, e vou fazer com que esses olhos estejam cheios de nada
além de amor e luxúria, e não de medo quando olhar para mim.

~ 169 ~
Não suporto vê-la com medo de mim, preciso de seu amor. Tenho
que tê-lo ou não vou sobreviver. Por alguma razão, ela é a única que
confio neste mundo.

— Vou te tirar daqui. — a puxo novamente para meu peito, seus


dedos arranhando a minha camisa.

— Merda, temos um problema. — tirando meus olhos de Jillian,


olho para Felix. — Cross sumiu.

— O quê?! — soltando Jillian, olho onde tinha visto Cross pela


última vez, e encontro manchas de sangue indo para o elevador. — Você
não viu? — pergunto quando abro o elevador, apenas para encontrá-lo
vazio.

— Nós estávamos bem atrás de você, cara. Estávamos olhando


para Frank, pensei que Cross era um negócio acabado. Morto. — Mac
dá de ombros.

— CARALHO! — grito.

— Ele se foi? Ele não pode ter ido! Ele vai voltar, ele...

— Jillian! — grito, interrompendo-a. Colocando minhas mãos em


seus braços, seu corpo treme, os olhos vazando lágrimas assustadas.

— Vou encontrá-lo. Não vou desistir até que o encontre, querida.


Eu prometo. — ela balança a cabeça, os olhos vibrando.

Puxando-a para perto, envolvo meus braços em torno dela,


precisando abraçá-la. Deixo que saiba que estou aqui. Ela estremece na
minha fortaleza. Puxando-a para um braço, noto o sangue manchando
seu braço. Meu peito pesa, percebendo que foi atingida.

— Porra, querida. — puxando seu braço, inspeciono a ferida. A


bala passou de raspão nela.

— Está queimando pra caralho, mas acho que vou ficar bem, —
ela responde com os dentes cerrados. Quero virar e bater com o punho
na garganta de Shadow. Ele jurou que não iria acertar nela. Mas ela
poderia até mesmo não estar aqui sem a sua ajuda.

— Shadow mandou uma mensagem, disse que a arma travou e


recuou mais do que o previsto. Quase deslocou o ombro quando atirou,
— Bobby informa, segurando o telefone. Shadow deve ter me visto
olhando para o braço de Jillian. Olhando para fora da janela, olho para

~ 170 ~
os telhados, e projeto meu queixo para fora. Silenciosamente dizendo a
ele que estamos bem.

— Nós precisamos ir, — Lip informa a seus irmãos, olhando para


o corpo de Frank pela janela. — Temos policiais. — Devil’s Dust se
dispersam para fora do prédio, e Lip para no elevador.

— Você vem? — Bobby pergunta a Lip, mantendo as portas


abertas.

— Não, vai indo. Vou descer em um segundo. — virando, ele cruza


os braços e sorri na minha direção.

— Não foi tão ruim trabalhar com você, — sua voz bem-
humorada. Acho que Lip e eu sempre tivemos uma falha de
comunicação desde que éramos crianças. Com nossos pais fora do
caminho, e as nossas cabeças fora de nossos traseiros, graças a
algumas mulheres fortes, talvez agora possamos realmente ser os
irmãos que deveríamos ter sido. Deixamos nosso orgulho e o tamanho
dos nossos paus para trás. (Porque todos nós sabemos que o meu é
ainda maior).

— Sim, não mesmo. — sorrio, indo em direção ao elevador


segurando a mão de Jillian. Todos nós entramos, desejando que o
elevador desça logo para que não sejamos pegos pela polícia.

— Você precisa de ajuda para limpar o clube? — ele levanta


rapidamente uma sobrancelha em minha direção.

— Acho que meus meninos e eu podemos cuidar disso. Você tem


uma família para cuidar. Agradeço por tudo, irmão, realmente.

— Você sabe que Frank estava falando merda, certo? Você é meu
irmão Zevin, posso sentir isso, e eu sei disso. — fechando os olhos, ele
balança a cabeça. Não tenho nenhuma dúvida de que Lip é meu irmão,
seja metade ou totalmente. Mas não acho que Frank estava falando
merda.

— Provavelmente, ele sempre foi cheio de merda, — minto.


Sempre tive ciúmes da estreita amizade de Lip e minha mãe, mas é algo
que não quero falar. Não mais, de qualquer maneira.

— Se você precisar de nós, ou não, e apenas quiser disparar


merda ou jogar sinuca... me liga.

~ 171 ~
— Você quer dizer que você vai realmente atender ao telefone se
eu ligar? — digo com um sorriso no rosto. Tentando cortar a tensão
espessa em torno da estranheza da nossa ligação.

— Veremos. Não vamos nos precipitar, — ele brinca, rindo.

As portas do elevador abrem, e a garagem está livre de policiais.

Shadow se inclina e abre a porta do passageiro do SUV, pedindo a


Lip para entrar.

— Até mais, mano.

— Até, — sussurro.

~ 172 ~
JILLIAN

Montando na parte traseira da moto de Zeek, meu cabelo


chicoteia com o vento. Minhas mãos segurando em torno de seu corpo
com tanta força que não tenho certeza se ele pode respirar. Tantas
coisas estão correndo em minha mente quando nos dirigimos para o
que parece ser a minha casa. A gravidez, ter meu emprego de volta,
minha mãe, falar com Alessandra. Mas acima de tudo, Cross. Eu tenho
esse sentimento angustiado de que ele estará de volta. Não sou
facilmente assustada, com certeza eu fiquei com medo nos últimos dias,
mas o terror subindo pela minha espinha está em uma categoria
própria.

Zeek para na minha garagem, e desliga a moto. Chutando o


suporte de apoio, ele desce e levanta a mão para pegar a minha, me
ajudando.

— Obrigada, — respondo.

Seu rosto está vermelho, veias salientes em seu pescoço tenso.


Ele caminha, suas narinas dilatadas como um touro irritado.

Mordo meu lábio sem saber o que dizer ou fazer.

— Zeek? — ele se vira rapidamente e aperta os lados do meu


rosto.

— Eu vou matar aquele filho da puta, eu prometo. Ele acha que


pode fugir? Vou encontrá-lo, e vou cortar a garganta dele. — seus olhos
dilatam, os dedos involuntariamente cavando em minhas bochechas. —
Você acredita que vou te proteger?

Assinto, meu suspiro trêmulo. Puxando minha cabeça para


frente, ele cola os lábios na minha testa. Seus lábios macios contra a
minha pele abrasadora juntam meu coração e alma. Nós ficamos assim
por alguns minutos, um não querendo deixar o outro ir.

~ 173 ~
Finalmente nos soltando, destranco a porta e congelo. Parece que
fui roubada. Espere, não, tudo ainda está aqui. Há roupas penduradas
em todos os lugares, e me inclino para pegar uma peça de roupa até
que não a reconheço.

— Que diabos?

— Merda. — Zeek tira o par de boxers vermelhas de minha mão e


começa a pegar as peças de roupa jogadas em volta da minha sala de
estar.

— Umm, você sabe a quem isso pertence?

Jinx derrapa enquanto corre para a sala de estar e vem para mim.
Curvando para baixo, o seguro quando se esfrega contra mim, miando
como um louco. Ele sentiu a minha falta.

— Pedi a Machete para cuidar de Jinx, mas não sabia que ele
tomaria isso como um convite para ficar aqui. — ele corre a mão pelo
rosto, olhando em volta para as latas de Mountain Dew vazias. —
Realmente sinto muito, eu vou mandar este idiota vir limpar essa
bagunça.

Balanço a mão para ele. — Não, não se preocupe com isso. É o


mínimo que posso fazer se ele esteve cuidando do meu gato.

A testa de Zeek enruga. — Tem certeza disso?

Levanto-me e arranho entre as orelhas de Jinx quando o trago até


mim. — Sim, tenho certeza.

Ele sorri, indo na minha direção. Usando o dedo indicador,


acaricia o nariz de veludo de Jinx.

— Vejo que o diabo do gato sentiu sua falta.

— Ele não quis dizer isso, — sussurro no ouvido de Jinx,


conforme o acaricio de perto.

Zeek dá um sorriso condescendente. — Oh, mas eu sim.

Baixando Jinx, coloco minhas mãos nos quadris e olho em volta


da casa suja. Vou ficar louca até que esteja limpa.

Zeek enfia os dedos grossos dos meus, puxando-me da bagunça.


Quando a palma da mão áspera toca a minha, um calor formigante se
espalha pelo meu braço. É sexy saber que meu homem tem as mãos

~ 174 ~
ásperas e masculinas. — Não se preocupe com a casa, temos um monte
de merda que temos que fazer primeiro, isso pode esperar.

— Para onde você está me levando?

Ele liga as luzes do banheiro, senta no vaso e começa a ligar a


água corrente para um banho.

— Nós vamos tomar um banho, e quando estivermos nus e em


uma banheira cheia de bolhas, toda esta merda fará mais sentido.

Ele derrama um monte de sabão com uma pitada de perfume e


usa os pés para tirar suas botas.

Roo as unhas, protelando. Sei que quando entrar no banho, tudo


virá a tona. Coisas que estou nervosa como o inferno para lembrar
completamente. Como a gravidez, e Cross. Depois de tudo o que
aconteceu, só quero subir na cama, jogar o lençol sobre nossas cabeças,
e me esconder do mundo.

Puxando a camisa pela cabeça, ele caminha em minha direção.


Seus dedos fortes agarrando a bainha da camisa de botão grande em
mim, e desliza-a por cima da minha cabeça. Um gemido sai de meus
lábios quando o material passa pelo meu braço machucado. O tecido
macio é como lâminas de barbear quando toca.

— Vai doer por um tempo. — seu olhar é intenso. Seus dedos


trilham sob o elástico do meu sutiã, seus olhos fixos em meu peito
antes de encontrar meus olhos.

Viro-me, e ele desabotoa meu sutiã como um profissional. É


inquietante o quão rápido ele é.

Enganchando as mãos no cós da calça, ele puxa minha calcinha


para baixo. Quando elas se reúnem aos meus pés, chuto minhas botas.
Parada lá, nua, um frio corre pelo meu corpo. Esfrego meus braços, e
olho para o espelho. Meus olhos caem no meu abdômen. Não pareço
grávida. Os olhos de Zeek refletem no espelho quando ele olha para o
que estou olhando, nós dois estamos pensando a mesma coisa.

— Cross queria me manter escondida até que eu tivesse o bebê e,


então o usaria como uma arma. — lágrimas ameaçam encher meus
olhos, mas as afasto. Não vou deixar isso acontecer.

— Vou matá-lo antes que ele tenha a chance. Tenho Felix e


Machete procurando por ele agora. — engulo, grata de ter Felix e
Machete na minha vida. — Agora banho, vamos. — ele dá um tapinha

~ 175 ~
nas minhas costas. Virando-se, ele entra primeiro, e paro entre suas
pernas. Sentando-me contra seu peito quente, ele desliza meu cabelo
até um ombro, e seca minhas lágrimas.

— Então, é verdade. Você está grávida? — ele sussurra em meu


ouvido. Fechando os olhos, meu estômago revira ao lembrar o episódio
com Frank, Cross e o teste. Pode ser traumatizante se eu deixar a
memória me oprimir, mas não vou. Sou mais forte do que isso, e posso
superar qualquer coisa com Zeek e minha arma ao meu lado.

— Sim. Quer dizer, eles me fizeram mijar no teste, e deu positivo.


— meus dedos brincam com a água que sai da torneira. — As linhas
eram fracas, então acho que é recente.

Silêncio enche o banheiro, o único ruído que nos rodeia é a água


enchendo a banheira.

Tomo uma respiração profunda, com medo do que ele vai dizer.
Pessoas terminam relacionamentos por isto. Não sei se posso
simplesmente fugir de Zeek depois de tudo o que passamos.

Seus dedos correm ao longo da parte superior do meu ombro. —


Você teve quaisquer sintomas ou alguma coisa?

Dou de ombros, puxando meus joelhos para cima e os abraçando.


— Agora que penso sobre isso, eu tive náuseas, meus seios doem, muito
na verdade.

Aquele silêncio constrangedor acontece novamente.

— Você quer ficar com ele?

Uau, a pergunta da vez. Eu quero ficar com o bebê? Se eu ficar,


vou ser colocada em serviço administrativo, isso é, se eu conseguir meu
emprego de volta. Sem mencionar que o pai é um criminoso, colocando
nós dois em perigo. Acho que isso não é justo, porque meu trabalho
também é perigoso. Mas e se Cross vier em busca do bebê?

— Você não tem certeza? — ele responde por mim.

— Eu não sei. Há tantos prós e contras, eu só...

— O que está incomodando você?

— Nós. Olhe para nós. Nós não somos os mais seguros, ou o casal
mais normal para educar uma criança. O bebê foi usado contra nós e
ainda nem mesmo está aqui. Estou com medo que eu possa ser uma
mãe terrível. Consigo ver isso agora, e estarei pregando sobre regras da

~ 176 ~
escola, e como lidar com valentões da maneira certa. Além disso, tem o
meu trabalho. Se eu conseguir recuperá-lo, vou ser colocada no serviço
administrativo por um tempo. Eu odeio isso. E Cross... ele sumiu, mas
e se ele vier em busca do bebê? — divago, liberando tudo o que passou
pela minha cabeça desde que descobri que estava grávida.

Zeek agarra meus ombros, me puxando para seu peito.

— Isso não vai acontecer. — ele soa tão certo.

— Você não estava lá, você não viu o olhar nos olhos de Cross. Ele
quer esse bebê.

— Cross estará morto, e se ele voltar vai ser por mim, querida.
Não pela nossa criança.

— Como você sabe?

— Cross estava apenas tentando entrar em sua cabeça, que é o


que ele faz. Ele estava brincando com você, como gato e rato. Você é o
menor dos problemas dele. — ele beija minha testa.

— Você acha que ficar com o bebê é uma boa ideia? — meu peito
infla com a incerteza, o stress me deixando tonta.

— Eu acho que tudo o que você disse é besteira, todos os pais se


preocupam com seu filho. Eu também estou com medo, mas pense
nisso. Leve o seu tempo tentando colocar tudo em ordem, querida. —
ele beija minha cabeça, e levanta, agarrando uma toalha.

— Não seja tão evasivo, me diga, você quer ficar com ele? —
gesticulando para mim, me envolve em uma toalha, virando-me para
encará-lo.

— Eu quero tudo o que vá fazer você feliz. Eu nunca pensei que


fosse ter filhos, mas se vou tê-los, gostaria de tê-los com você. E
também acho que nós seríamos pais perfeitos. Onde você é rigorosa e
têm regras permanentes, eu sou livre e divertido. Acho que nos
equilibramos um ao outro muito bem.

Suas palavras rolam pela minha cabeça como uma roda perdida
saltando pela estrada.

— Você acha que o que Frank disse é verdade, sobre Cross ser o
seu pai? — as palavras derramam da minha boca antes que eu consiga
pará-las.

~ 177 ~
Ele fica tenso, e tremo com a minha pergunta estúpida. A ideia de
Cross ser avô, que seu sangue está correndo através de mim, tem
estado em minha mente desde que Frank revelou o segredo sujo.

— Acho que sim. — suas palavras são suaves, e quase dolorosas.


Por que eu fiz uma pergunta tão estúpida?

— Sinto muito, — sussurro.

— Está tudo bem, querida, não se desculpe. Minha mãe odiava


meu pai, não me surpreende que ela o traísse. O jeito que ela olhava
para mim como se eu fosse o diabo, era porque ela sabia que o diabo
estava na minha alma. Meu pai poderia ter sido o porteiro do inferno,
mas o fodido Cross geria essa merda. E eu... eu sou o prodígio de uma
situação muito fodida.

— Não diga isso. Não é verdade... você é muito duro consigo


mesmo. Eu gostaria que você pudesse ver o que eu vejo. — ouvindo
minhas próprias palavras, eu sei que Zeek será um grande pai, e nada
como Cross ou o homem que ele achava ser seu pai. Zeek tem
compaixão, mesmo que ele não queira vê-la. Eu vejo.

Agachado, ele abre o armário inferior e tira meus suprimentos


médicos. Um policial nunca está muito preparado, embora esteja
surpresa que ele sabe que os suprimentos estão lá.

— Dê-me seu braço. — tento ajustar a toalha de modo que apenas


o meu braço espreite para fora. Zeek agarra a toalha na mão grande e a
puxa para baixo. Seus olhos em meus seios nus antes de me conferir
por inteira. Rolando meu lábio inferior entre meus dentes, volto a
encará-lo. Ele é tão definido, e solto a respiração que está comprimindo
meu peito quando olho de volta para o seu rosto. A maneira como ele
olha para mim como se estivesse pronto para me prender e me foder até
o esquecimento me excita.

Ele pisca rapidamente, como se para limpar sua mente e aperta


minha mão para segurar meu braço. Lentamente, envolve meu braço
em gaze e uma bandagem adesiva, seu toque suave, os olhos focados.

— Você é bom nisso.

— Muita prática. — seus olhos nunca deixam o meu braço


conforme ele termina.

Colocando o que sobrou no balcão, seu peito nivela com o meu, e


tenho que olhar para cima para ver seus olhos. O calor que irradia dele
é afrodisíaco, e deslizo a ponta do dedo em seu peito.

~ 178 ~
Um rosnado baixo vibra em seu peito enquanto suas mãos
apertam minha bunda, e seus dedos escavam em meu rosto antes de
me pegar. Seus olhos escuros estão nos meus quando ficamos no
mesmo nível.

— Pare de me olhar assim. Eu estou tentando ser um cavalheiro e


deixá-la descansar, mas cada polegada de mim — incluindo meu pau —
quer ficar enterrado profundamente dentro de você até o sol nascer. —
ele inala uma respiração tão grande que levantamos uma polegada
conforme seu peito sobe. Eu não quero dormir, o quero tanto que dói.
Embora, não tenha certeza se poderia aguentar por tão cansada como
minha mente e corpo estão. — Vamos dormir um pouco. Amanhã é o
controle de danos, querida.

***

Encontro-me na cama e fico olhando para o teto, acariciando


Jinx. Zeek adormeceu há um tempo, mas não consigo dormir. As
palavras aborto e reuniões de trabalho de parto estão fazendo minha
cabeça latejar. Meu coração para de bater quando penso em Cross e
suas intenções. Eu nem sei de quanto tempo estou. Colocando minhas
mãos em meu abdômen, tento contar na minha cabeça os dias do meu
último período.

Acho que estou talvez com três semanas de gravidez. Virando,


pego meu telefone na mesa de cabeceira e pesquiso no Google três
semanas de gravidez.

Olhando as fotos, nosso bebê parece um pequeno camarão. Então


pesquiso sobre aborto, e três semanas de gravidez e eu não posso parar
o suspiro audível que deixa minha boca. Há fotos de pequenas mãos e
pés, e minúsculos bebês em toda parte. Isto não pode ser correto, né?
Virando o telefone, o lanço na mesa de cabeceira e rolo de lado.

Suspiro e me mexo na cama. Não acho que poderia fazer um


aborto e ficar bem comigo mesma. Eu amo Zeek, e se ele está disposto a
me ajudar, acho que ele vai ser ótimo, ou pelo menos não dos piores
pais.

Infelizmente, no meu trabalho já vi esse tipo de pais. Casas com


fraldas e comida pelo chão todo. Drogas nas mesas de café ao lado de
mamadeiras e brinquedos, e crianças em berços com baratas e escaras.

~ 179 ~
Odeio esses tipos de chamadas.

Quero saber se é um menino. Posso ver Zeek comprando


pequenas botas de motoqueiro e armas de brinquedo. Se for uma
menina, ela vai estar correndo por aí em um vestido rosa com botas de
motoqueira. Sorrio com a imagem do nosso filho correndo por aí como
um bad boy.

Fecho meus olhos, limpando a cabeça de todos os pensamentos.


Assim quando me vejo caindo no sono, a mão de Zeek viaja contra a
minha carne. O calor de sua palma se infiltrando em minha pele
enquanto ele descansa na metade inferior do meu estômago.

— Meu. Os dois. — ele sussurra em seu sono.

***

— Ei, você vai dormir o dia todo, querida? — Zeek sussurra no


meu ouvido, as mãos amassando minha bunda. Gemo por ele, e suas
mãos varrem na minha frente, encontrando meu clitóris. Nós não nos
incomodamos em nos vestir na noite passada. Apenas caímos no sono.

Estava nervosa que poderia ter pesadelos, mas estava tão exausta
que nem sequer sonhei.

Minha cabeça cai para trás em seu ombro, seus dentes me


mordendo. Dois de seus dedos deslizam em minha umidade com
facilidade e minhas pernas abrem para permitir que ele os empurre
totalmente para dentro.

— Alguém está pronta para mim esta manhã. — ele puxa os


dedos de mim, e meus olhos se abrem.

— Por que você parou?

— Eu a deixei descansar na noite passada, mas não aguento mais


um minuto sem ter meu pau em você, Jillian.

Seu pau empurra no meu calor, as mãos apoiadas em cada


bochecha da minha bunda. Um pedaço de mim se pergunta se ele vai
me tomar lá novamente. Era algo que eu não estava esperando gostar,
mas Deus, eu gostei tanto. Todos devem fazer sexo anal.

~ 180 ~
Usando suas mãos, ele empurra e puxa meu corpo em seu pau,
usando minha bunda como guidão.

Olhando por cima do ombro, vejo que sua boca se abriu de uma
maneira sexy, a testa franzida com o esforço. Seu peito está tencionado,
seus bíceps flexionados ao máximo. Ele retarda as estocadas, e isso me
pega desprevenida. Zeek nunca foi lento, mesmo quando me acidentei
ele foi duro, e no controle.

Seus olhos estão olhando para mim enquanto lentamente


bombeia dentro e fora de mim. Aquele olhar em seu rosto me corta até
meu coração. É um olhar que toda a mulher quer. Como se ele pudesse
me perder amanhã, e isso o faria morrer. É aí então que sei que nunca
vou amar outro homem como amo Zeek. Eu e ele podemos não ser bons
um para o outro, podemos ser diferentes em todos os aspectos, mas
isso não desvanece o que sinto por ele. Isso me consome.

— Eu te amo, — falo, minha cabeça batendo na cabeceira.

— Eu te amo, — ele responde.

Meu núcleo formiga com um calor agradável. Virando a cabeça no


colchão, um gemido derrama da minha boca quando um orgasmo
atinge minhas pernas tão forte que mal posso respirar.

O pau de Zeek pulsa quando derrama seu gozo quente em mim.


Um flash de calor começa na minha espinha e se espalha através dos
meus membros quando prazer golpeia todo meu corpo.

Caindo de lado, nós dois arfamos. Seus olhos encontram os meus.

— Vou ficar com o bebê. — solto as palavras.

Ele balança a cabeça, seus olhos nunca deixando os meus. — Eu


esperava que você fizesse isso.

— Então por que não disse para eu ficar com ele? — estou um
pouco zangada que ele me fez decidir tudo.

— Eu não queria que minha opinião influenciasse sua decisão. Se


você realmente não quisesse ficar com ele e acabasse ficando por causa
de mim, então iria acabar se ressentindo de mim mais tarde.

— Odeio como você é inteligente, às vezes. — estreito os olhos


para ele.

Olhando para o teto, Alessandra vem à mente.

~ 181 ~
— Eu preciso contar a Alessandra. — Deus, eu posso literalmente
ouvir seu suspiro daqui quando disser a ela que estou grávida.

— Por que você não vai vê-la, tenho certeza que ela está
preocupada com você. E vou colocar meu clube em ordem. — ele
levanta da cama.

— É seguro? — engulo em seco, sabendo que Cross está lá fora


em algum lugar é inquietante.

— Eu vou deixar Mac escoltando você. O que você realmente


achou? Que eu iria te deixar sair sozinha? — ele fica sério.

— Sério? Eu não preciso de uma babá, posso cuidar de mim.

Ele dá um tapa na minha bunda.

— Isso não é negociável. Preciso ir para o clube, então ou você


pode vir comigo até que eu termine, ou Mac pode te seguir.

— Ah! Você é impossível!

~ 182 ~
JILLIAN

Entrando no meu jeep, me direciono ao Blue Café, se Alessandra


não estiver lá, então vou aparecer na sua casa e esperar ela aparecer.
Olhando no espelho retrovisor, Mac está bem atrás de mim em sua
moto. Tenho que admitir, me sinto mais segura sabendo que ele está lá.

Notando a viatura de Alessandra no estacionamento, estaciono e


entro. Ela está sentada em nossa mesa com um prato de comida na
frente dela, a cabeça concentrada em uma pasta, com uma caneta na
mão.

Deslizando para a mesa, pego uma batata frita e coloco em minha


boca. Os olhos dela deslizam para cima com raiva, e seu rosto
empalidece.

— Oh meu Deus! — ela pula em cima da mesa, me puxando para


um abraço com aperto de morte. — Tenho estado tão preocupada, —
chora no meu ombro.

— Eu estou bem, — rio, tentando erguer os braços de cima de


mim. Ela aumenta seu abraço, quase cortando minha respiração. — Me
ame menos! — coaxo, batendo em suas mãos.

Ela recua e enxuga os olhos marejados.

— Onde você estava? — sentada na cadeira, seus olhos caem para


a pasta. Há fotos do meu rosto no cartaz de uma pessoa desaparecida.
— Oh, sim, estava indo colocar isso hoje.

Sorrio. É bom saber que se eu sumir alguém por aqui procuraria


por mim.

Conto a ela tudo o que aconteceu. Como não matei meu pai, como
é que fugimos para os Devil’s Dust, sobre Frank, até mesmo Cross, e
como tudo terminou.

~ 183 ~
Ela fica lá olhando para mim, a boca aberta.

— Diga alguma coisa, — insisto.

— Puta merda. — ela vira o cabelo sobre o ombro. — Parece que o


nosso bandido favorito salvou o dia, então.

Olhando pela janela, me preparo. — Há outra coisa. — olhando


para ela, suas sobrancelhas levantando enquanto espera. — Estou
grávida.

O rosto dela fica mole. — Cale a boca, isso não é engraçado. — eu


não rio. — Você está falando sério? — seus olhos se arregalam como
pires. — Você vai ficar com ele?

Concordo com a cabeça, mordendo meu lábio inferior. — Você


sabe que vai ficar no serviço administrativo por um ano, certo?

Bufo. — Eu nem sequer tenho um emprego agora, até a última


vez que verifiquei eu era uma fugitiva.

Seus lábios torcem em simpatia. — Você deve ir para o


departamento e explicar a ele o que aconteceu.

— Se eu fizer isso, então jogarei Zeek diretamente para o sistema


de justiça. Eles vão querer saber quem matou meu pai, e então eles vão
querer a prova.

— Entendo seu ponto de vista. Diga a ele que Cross atirou em seu
pai então. Onde está a arma agora?

— Eu não sei, nós fugimos, lembra?

— Ah é mesmo... bem, você sabe tão bem quanto eu, nenhuma


prova, nenhum crime.

Não quero mais falar sobre isso. Está me fazendo mal só de


pensar em ir para o departamento e mentir.

— Como está minha mãe? Você falou com ela hoje? — mudo de
assunto.

— Hoje não, ela provavelmente está se preparando para o funeral.


É em uma hora.

Meu estômago revira, minha cabeça caindo em minhas mãos. Um


funeral. Como pude esquecer uma coisa dessas?

— Eu nem sequer pensei em perguntar.

~ 184 ~
— Bem, você tinha um monte de coisas acontecendo, sendo
sequestrada e ficando grávida, eu posso entender isso. Você vai embora,
certo?

Tomando meu lábio inferior entre os dentes, olho para fora da


janela. — Eu soube de algumas coisas interessantes sobre o meu pai ao
longo da última semana, ele não era quem eu pensava que ele era.

— Eu já ouvi histórias.

— Você ouviu?

— Quero dizer, era só conversa em torno do departamento. Não


acho que qualquer coisa fosse verdade. Era?

Inalando uma respiração, penso no que Zeek me disse, as


memórias do meu pai ressurgindo. Estava irritada com o meu pai pela
forma como ele mentiu, e se apresentou como algo que não era. Como
ele me colocou em um departamento tão sujo, que fui obrigada a me
afastar com as mãos manchadas, ou ser morta. Mas, os momentos que
significaram mais para mim, mesmo se ele estivesse fingindo, sempre
serão uma parte de mim. — Provavelmente.

— Uau. — suas sobrancelhas chegam à linha dos cabelos, o


queixo caindo drasticamente. — Então você não vai, né?

— Preciso ver minha mãe, e mesmo que meu pai fosse um verme,
não consigo afastar os pensamentos das vezes que ele não era um
tenente e foi realmente um pai. — olho para ela, e ela assente em
compreensão.

— Eu entendo isso, totalmente entendo. Você é uma pessoa


melhor do que eu, porque eu iria levantar minha saia preta e mijar no
túmulo se ele fosse meu pai. — o canto da minha boca se curva em um
sorriso imaginando Alessandra mijando em uma sepultura.

— Vou correr para casa e me trocar. Eu te pego mais tarde.

Levantando-me, corro para casa para vestir algo mórbido e preto.

ZEEK
Flexiono minhas juntas, sangue espalhado sobre elas, Felix,
Machete, e eu acabamos com aqueles que foram inclusos pelo meu tio,
ou aqueles que se voltaram contra nós e ficaram do lado dele. Não

~ 185 ~
sobrou muito, mas prefiro ter dez homens leais, do que trinta homens
não confiáveis atrás de mim.

Sentado em um banquinho, Machete me entrega uma cerveja.

— Você. — aponto para ele. — Você destruiu a casa de Jillian.

— Não foi tão ruim assim.

— Peguei a porra da sua roupa íntima, cara, — explico com


desgosto.

— Você provavelmente tem gonorreia agora. — Felix ri,


saboreando a sua cerveja. Seu cabelo puxado para cima em uma
daquelas coisas que usa como rabo de cavalo.

— Cale a boca, ela estava limpa. — Machete responde quando


pega uma cerveja para ele.

— Espere, você fodeu com alguém na casa dela? — Machete olha


para mim com os olhos arregalados. — Você deveria ter pedido isso à
um Prospecto, idiota! — estreito meus olhos para ele.

— Como é que você deixou o clube ficar fora de controle, nunca


vou entender. — tia Carola interrompe enquanto pega alguns cacos de
vidro... — Quero dizer, você era o Presidente do clube, querido, por que
deixou alguém além se você fazer as regras.

— Eu respeitava o meu tio, porra, eu era apenas uma criança


quando fui colocado na posição de presidente. Olhei para meu tio em
um monte de coisas. Nunca me ocorreu que em algum momento ele
começaria a me manipular, fazendo-me fazer coisas do seu próprio
interesse e não do clube. Não até que fosse tarde demais, e mesmo
assim eu não queria acreditar.

Todo mundo fica em silêncio, e tomo um gole da minha cerveja.

— Então, se terminamos de trocar histórias sentimentais, vamos


terminar de deixar este lugar limpo ou...? — Felix pergunta, escárnio
em seu rosto. Rindo, o soco no braço.

— O que vamos fazer sobre Cross? — Machete faz a pergunta de


um milhão de dólares quando tia Carola sai.

— Vocês não encontraram nada sobre ele?

— Nada. Nem mesmo um rastro de sangue, — informa Felix.

— Procure pela cidade, encontre-o.

~ 186 ~
— Você acha que Frank estava falando merda quando disse que
Cross era o seu pai? — Felix levanta uma sobrancelha, com a cerveja a
meio caminho da boca. Suspiro, cansado dessa conversa. Deixa-me
doente pensar sobre esta possibilidade.

— Não, acho que não. É por isso que temos que encontrá-lo.

— Por quê? — Machete parece confuso.

— Porque se eu fosse Cross, porque uma parte de mim é, eu iria


voltar. E quando isso acontecesse, isso entraria para os fodidos livros
de história.

Todo mundo tem que aparecer em algum momento, e quando ele


fizer, eu estarei lá com a minha arma na sua garganta.

JILLIAN
Olho de longe. Todo mundo no cemitério está no círculo em torno
do túmulo do meu pai, uma bandeira estendida sobre seu caixão. Não
pareceu muito bom ficar lá, não quando estou carregando o bebê do
homem que matou meu pai no meu ventre.

Além disso, não tenho certeza que não iria ser presa no local.
Ainda preciso lidar com isso.

Depois que todo mundo sai, vejo minha mãe sentada em um


banco de concreto. Enxugando minhas lágrimas, ando até ela. Meus
saltos pretos colando no chão macio.

— Eu sabia que era você. — ela não olha para mim, enquanto
olha para o céu ensolarado. Ela está em um vestido de renda preto, com
um chapéu preto que é dois tamanhos maior.

— Mãe, eu... — paro. Eu não sei o que dizer. Quero dizer que meu
pai era sujo, que ele não era o homem que achava que ele era, mas não
quero quebrar seu coração mais do que já está. Talvez se ela lembrar
dele da maneira que pensava que ele era não seria uma coisa ruim.

— Sente-se. — sua voz é nítida, o rosto sério. Tirando os óculos


do rosto, a maquiagem está perfeita. Nem sequer parece como se ela
estivesse chorando.

~ 187 ~
Virando-se para mim, seu rosto de pedra se transforma em
simpatia. — Não desperdice suas lágrimas sobre ele, querida.

Meu coração para. — O quê? — murmuro.

— Eu amava seu pai, e ele te amava, mas ele era tão sujo como dá
pra ser. Ele estar naquela sepultura é provavelmente o melhor para nós
duas. Para ser honesta, eu esperava que isso acontecesse muito mais
cedo do que isso.

Balanço a cabeça, derramando uma lágrima e escorregando pelos


meus lábios.

— Você sabia?

— Claro que eu sabia. Como eu poderia não saber? — ela ri.

— Bem, eu acabei de descobrir, — afirmo, sentindo-me estúpida


por não saber.

— Bom, isso significa que fiz a coisa certa. Fiz tudo o que podia
para te proteger dos negócios secundários dele. Uma vez ele pegou o
dinheiro de uma gangue aqui na cidade, e acho que ele não cumpriu
seu lado do negócio. — ela arqueia as sobrancelhas para mim. — Eles
colocaram fogo na nossa casa e perdemos tudo. Se não fosse pelo
departamento e a Cruz Vermelha, teríamos dormido nas ruas, Jillian.

Oh, meu Deus, eu me lembro do fogo. — Você disse que foi um


incêndio elétrico. — pisco rapidamente, lembrando das chamas
lambendo o lado da casa enquanto saíamos de pijama.

— Sim, bem, você era pequena.

Esfrego minha testa, estou tão estressada. — Tudo o que ele me


ensinou sobre ser uma policial.

— Com a bondade que restava nele, ele não queria que você
gostasse disso. Eu o elogio por isso. — ela balança a cabeça
rapidamente, apontando para nada em particular.

— Eu poderia ter morrido tantas vezes quando estava com ele.

Ela morde a bochecha, olhando para longe. — Nós brigamos sobre


isso regularmente. Eu queria que ele se aposentasse, entregasse as
rédeas para que você pudesse transformar o departamento. Fazer seu
pai abrir mão do controle, era a parte mais complicada.

~ 188 ~
— Isso não importa mais, não vou ser capaz de fazer qualquer
coisa depois que eles acharam que eu o matei.

— Eu sei que você não o matou, logo que veio na TV, eu sabia que
as relações dele finalmente tinham o pego. Eu estava preocupada
tentando te encontrar. Alessandra e eu até mesmo imprimimos folhetos,
— ela sorri, pegando minha mão. — Eu quase não dormi, nervosa que
algo tivesse acontecido com você. O departamento não retornava meus
telefonemas, ou me não me dava informações sobre o seu caso. Orei, e
esperei com toda minha alma que você voltaria ilesa.

Sorrio, olhando para baixo. Não sabendo como ou se agora é o


momento certo para revelar que estou grávida.

— Você está bem, querida? — ela escova um fio de cabelo atrás da


minha orelha.

Balanço minha cabeça, a vontade de chorar é forte. Foda-se os


hormônios. — Estou grávida, mãe. É o que me manteve forte o tempo
todo que estive fora.

— O quê? — sua voz é alta, seu corpo se inclinando como se


talvez ela não tivesse me escutado direito.

— Estou grávida. — vou direto ao ponto agora. Olhando para ela,


um grande sorriso se espalhando por todo seu rosto. Ela me ouviu
agora.

— Oh, meu Deus! — ela aperta as mãos e olha para o céu. —


Nunca pensei que veria este dia!

— Mãe! — grito.

— Foi com aquele cara, aquele com o grande...

— MÃE! — meu rosto fica vermelho. Vou para o inferno.

— Bem, é, não é?

— Sim, o nome dele é Zevin, mas todo mundo o chama de Zeek.

— Oh, você tem que chamá-lo para jantar. Quero me encontrar


com ele, com roupa desta vez.

Ela começa a saltar, animada.

— Ele não é o que você pensa, mãe. — aí vem a notícia que vai
acabar com a sua felicidade, mas sinto que ela precisa saber quem ele é
antes de aceitá-lo plenamente. Não vou contar a ela tudo, é claro, ela

~ 189 ~
não precisa saber que Zeek matou o seu marido, mas vou deixá-la saber
que Zeek não é nenhum menino do coral da igreja.

Ela se acalma. — Ele é bom para você?

Mexo-me, não sei onde ela está indo com isso.

— Sim.

— Você acha que ele vai ser um bom pai?

Concordo. Estou certa disso.

— Então, isso é tudo que importa. Traga-o, vamos fazer a caçarola


que você tanto gosta.

***

— Detetive McAdams, terminei com a sua declaração e só queria


confirmar algumas coisas. — Sargento Chang puxa uma cadeira para
fora, e toma um assento. Ele tem uma barriguinha, sua cabeça calva
com pequenas sardas escuras.

— Sim, claro. — minhas mãos estão suando, com medo de que


eles não vão acreditar em mim. Por que sou uma péssima mentirosa.

— Você disse aqui que o gangster italiano chamado Cross, foi


quem atirou no tenente Oaks, correto?

— Sim, — respondo com certeza, mas suando como uma louca,


meus dedos formigando conforme a mentira passa através dos meus
dentes.

— Infelizmente, não fomos capazes de localizar Cristoforo. — não


reconheço o nome. Percebendo a confusão no meu rosto, ele franze a
testa. — Esse é o nome de nascimento dele, Cristoforo.

— Oh, não o conhecia como outra coisa senão Cross, — explico a


minha confusão.

— Certo, bem, como eu disse, tenho nossos homens procurando


por ele e um mandado de busca para a propriedade. Vamos encontrá-lo.
Também ajuda que recebemos um telefonema da policial Alessandra
Lucas que testemunhou a sua declaração.

~ 190 ~
— O quê?!

Suas grandes sobrancelhas estreitam. — Sim, ela explicou que foi


chamada ao local naquela noite, e não viu o atirador, mas te viu
claramente e você não puxou o gatilho. — ele morde a bochecha. — Isso
não é verdade? — engulo, meu peito fazendo essa coisa como um
grande formigamento. Alessandra mentiu para mim, e agora estou
prestes a mentir um pouco mais.

— Não, não, é verdade, — respondo rapidamente. É oficial. Vou


para o inferno.

— Então, aqui está o que podemos fazer, entretanto. Posso abrir


uma investigação, e se o resultado sair de que Cross matou o tenente
Oaks como você tão claramente acredita, e os resultados do seu
polígrafo estiverem limpos, então você estará limpa e poderá voltar ao
departamento.

Torço meus dedos firmemente. — Sim, claro.

— Se não, eu ficaria na cidade, detetive. — meu coração salta pra


fora do meu peito.

Ele puxa os papéis, batendo-os contra a mesa e estica a mão,


apertando a minha com firmeza.

Deixando a sala de interrogatório, sorrio, agindo amigavelmente e


feliz em ver todos, e deixando o departamento. Assim que entro no jipe,
minha língua se torna muito grossa. Pego um saco de fast food, e
vomito nele. Só que esse vômito não é por causa do bebê, é de ser suja.
Aproveitando minha farda para salvar minha família.

Agora eu sou o bandido.

~ 191 ~
JILLIAN

Enrolada na cama, Jinx escondido debaixo das cobertas comigo,


penso sobre o bebê. Penso em Zeek indo conhecer minha mãe no jantar.
Eu penso sobre... tudo.

Mãos quentes envolvem em torno de mim, me puxando para um


peito forte, quente. O cheiro familiar de couro desgastado me
confortando.

— Como foi? — Zeek sussurra em meu ouvido.

— Eu fui para o departamento, passei pelo polígrafo. E eu menti.


— vomito a palavra.

— Eles não vão descobrir que você mentiu se você treinou.

— Talvez, mas se você manter seu ritmo cardíaco sob controle, e a


pressão arterial baixar, então às vezes você pode passar. Não tenho
certeza se eu consegui, nunca menti na minha vida. — agarrando o
edredom, o puxo até meu rosto.

— Sinto muito que você teve que fazer isso. — suas palavras
soprando no meu pescoço, e os braços me puxando para mais perto.

Balançando a cabeça, inalo uma grande respiração. — Não tinha


que fazer isso, mas eu queria meu emprego de volta.

— Você poderia ter dito a verdade e teria o seu emprego de volta,


querida.

Balanço minha cabeça. — Não, minha família vem em primeiro


lugar. — viro minha cabeça, meus olhos se enchendo com fodidas
lágrimas hormonais. — Você é a minha família. Este bebê é a minha
família, e eu jamais iria me colocar em primeiro lugar. — aperto sua
bochecha, a nuca delicadamente contra a palma da minha mão.

~ 192 ~
Virando o rosto, ele beija minha palma. — Eu te amo, Recruta.

— Eu fui ao funeral do meu pai hoje.

Ele paralisa, seu coração batendo tão forte no peito que consigo
sentir.

— Minha mãe estava lá, e disse a ela sobre o bebê. Ela quer
oferecer a você uma caçarola. — não posso deixar de rir.

— Sim, porque a última vez correu tão bem, por que não. —
sarcasmo pinga de sua voz.

Viro-me em direção a ele, rindo.

— Ela está muito animada com o bebê. — Zeek coloca a palma


grande no meu estômago.

— Com a morte, vem a vida.

— Você acha que isso vai ser mais fácil? Nós, eu quero dizer?
Você ser um cara mau e eu ser policial?

Ele suspira na curva do meu pescoço.

— Não vai. Mas vai valer a pena.

— Eu te amo, Zeek. — enterro minha cabeça no peito dele.

Sua mão desliza no meu cabelo, os lábios beijando minha testa.

— Eu te amo pra caralho, Recruta.

~ 193 ~
JILLIAN

Sentada na minha mesa, aponto para a cesta, e tiro a tampa.


Merda, perdi novamente.

Os meses desde que tudo desmoronou passaram rapidamente.

Eles encontraram o rifle que foi usado no assassinato de meu pai


no armário de Cross, com suas impressões digitais por toda parte. Fui
liberada e permitida a voltar ao trabalho, mas porque estou grávida, fui
colocada em serviço administrativo.

É um saco.

Estou sempre entediada.

Pensei que eles fossem fazer uma investigação completa sobre a


morte de Frank, mas não fizeram. Acho que todo mundo estava apenas
aliviado que ele tinha ido embora. A notícia era que foi considerado um
suicídio. Acho que Zeek passeando por aqui teve algo a ver com essa
conclusão. Embora ele negue.

Os restos mortais de Frank foram cremados, e Zeek espalhou as


cinzas no túmulo de seu pai. Disse que ambos podiam habitar no
inferno juntos, que, com os dois sendo enterrados, a Terra não ficaria
tão maníaca. Acho que Zeek esquece que ainda está faltando Cross.
Ninguém consegue encontrá-lo, é assustador e não vou desistir até que
ele seja encontrado.

— Detetive Oaks, você pode fazer a fichar dela? — me assusto e


levanto da mesa, meu estômago enorme me atrasando. Tendo gêmeos,
você ficar maior do que se tivesse só um. Pelo menos é o que os livros
dizem. Obrigada, família Deluca, esse gene duplo veio do seu lado.

Finalmente saindo do meu lugar, vejo Dolly. Ela está usando


roupas sujas, e está algemada.

~ 194 ~
— Eu disse que não fiz nada!

— Qual é a acusação? — pergunto a Chewie, olhando para a


papelada na mão. Chewie foi meu parceiro por um tempo antes de tudo
acontecer. Ele é um cabeça de vento, mas acho que é leal, e isso é tudo
que importa para mim.

— Excesso de velocidade, e ela me bateu com o capacete e tentou


fugir. — ele aponta para o lado da sua cabeça, que está machucado.

— Droga.

— Sim, não seja boa com ela. Faça-a esperar para ser fichada ou
algo assim. Você sabe o que... apenas faça da vida dela um inferno. —
ele parece frustrado, a testa enrugada de raiva. Não posso deixar de rir.

— É isso aí. — fazer a vida dela um inferno, isso eu posso fazer.


Vou colocá-la na cela com a bêbada que se cagou. Quero tentar ser
profissional, mas quando se trata de vadias quatro estrelas, não consigo
agir pelas regras.

— Ei, eu tenho a informação que você queria. — meus olhos se


animam.

— Sim?

— Então, parece que a tripulação que move as drogas está


tomando a 405. — ele coloca as mãos nos quadris, a cabeça inclinada
para o lado como se explicasse suas descobertas.

— A 405? — isso não faz sentido, isso não pode estar certo.
Mordisco o lábio e agito o mouse do computador.

— O que você está fazendo? — ignorando-o, e puxo o mapa para


cima e aponto para a tela.

— Não, isso não está certo, eles têm gangues rivais nessa rota.
Atenha-se a 110, eles vão pegar essa direção, eu sei disso. — olhando
para trás, para Chewie, ele franze a testa.

— Meu informante diz...

— Eles estão errados, confie em mim.

Ele inala, e bate os papéis na mão na palma da outra mão.

— Beleza.

~ 195 ~
— Ei, você vai me fichar ou não? Onde está o meu telefonema,
cadela? — Dolly masca um chiclete, os joelhos raspados por Chewie ter
prendido ela no chão. Seus olhos se iluminam com reconhecimento
quando a enfrento.

— Oh, eu sinto muito, vou fazer uma pausa. Vai demorar um


pouco. — sorrio falsamente, acariciando minha barriga e indo para a
sala de descanso para comer um donut.

ZEEK
— Você tem certeza?

— Sim, disse para tomar a 110, que você tinha rivais na 405. —
um sorriso orgulhoso surge em meu rosto.

— Obrigado. — desligando, gesticulo o telefone para Machete


descer do caminhão.

— Tá sentindo o cheiro disso? É merda de primeira linha, cara. —


Machete cheira suas mãos.

— Mudança de planos, nós vamos pegar a 405.

— Cara, o Gringos toma...

— Nós ficaremos bem. Fique de olho no radar, temos uma


armadilha criada na 110.

— Porra. Tudo bem, vou avisar os meninos, — estala Machete,


puxando o seu telefone.

— Nós não vamos entregar até amanhã, nós temos tempo para
fazer planos e deixar tudo arrumado, — grito atrás dele.

***

Entrando em casa um cheiro de comida bate no meu estômago.


Não comi o dia todo, e estou morrendo de fome.

~ 196 ~
— Ei, querida! — grito, jogando as chaves sobre a mesa lateral.

— Estou na cozinha! — grita Jillian.

Jinx desliza para dentro da sala, e começa a se esfregar na minha


perna.

— Ei, gatinho do diabo. — abaixando, faço um carinho. Ainda


odeio gatos, mas só gosto de Jinx. Ele entende meu ódio por sua
espécie, e o aceita totalmente.

Andando para a cozinha, Jillian está colocando um prato de


comida.

— Querida, eu disse que ia cozinhar. — agarrando-a pelos braços,


a puxo para mim, e a abraço com força cheirando seu pescoço. Porra,
senti falta dela hoje.

— Eu queria, está tudo bem. — ela segura meu rosto com uma
luva de forno.

Descendo, esfrego sua barriga.

— Como estão meu carinha e a princesa?

— Ugh, sentados na minha bexiga. — ela geme, dando a volta em


mim. Ser pai me assusta pra caralho. Tenho uma pilha de livros do meu
lado da cama que estou lendo, esperando que eles possam me explicar
como não ser um pai fodido... mas eles não tem que me dizer como
fazer isso. Eles apenas te dizem o que fazer quando for colocar seu filho
na cama. É assustador, e porra, como eu não sabia que ser pai seria
mais terrível do que ser um Outlaw?

— Minha barriga coçou como um louco. — sua cabeça se inclina


para trás, e seus olhos rolam enquanto ela começa a coçar a pele da
barriga. Agarrando seu pulso, a impeço.

— Vá buscar o creme, vou passar em você.

— Oh, isso seria incrível. Eu não consigo fazer como você faz.

Ela entra em nosso quarto, e assisto seus quadris que


aumentaram ao longo dos últimos meses balançando para trás e para
frente enquanto seu traseiro se move. Quem disse que gingar não era
sexy claramente nunca viu Jillian fazer isso. Voltando com um tubo
gigante de manteiga de cacau, ela vem direto para mim.

~ 197 ~
Levanto sua camisa e esfrego em sua barriga inchada. Ela está
apenas de cinco meses, mas está ficando grande. Apenas sua barriga e
seios, não que eu esteja reclamando. Sua bunda tem um balançar extra
também, algo que me encontro gostando mais e mais. Todo o resto está
aproximadamente do mesmo tamanho.

— Melhor?

— Muito. — ela exala, e abaixa a camisa.

Às vezes sinto pena dela. Jamais conseguiria carregar esses


gêmeos. Eles são definitivamente Delucas porque simplesmente
sequestraram seu corpo, e assumiram o comando.

Olhando para minhas mãos brilhantes, olho em torno da cozinha


e pego uma toalha para limpar as mãos.

— Eu, uh, eu tenho uma coisa. — meu peito aperta. Eu nunca


comprei nada para ninguém. E se ela odiar?

— Pra mim? — seus olhos se arregalam com surpresa.

Deslizando minha mão no bolso, retiro o rosário com a cruz que


ela usou como uma arma.

Ela engasga, segurando a boca. Ela não viu a melhor parte.

— Eu estava procurando por isso. — ela balança a cabeça. — Eu


não queria te dizer que perdi. — ela sorri, suas bochechas corando.

Seus dedos correm através do rosário, e seus olhos se arregalam e


um grito soa a partir deles. Um olhar de choque total molda seu rosto,
quando um leve rubor se espalha através de suas bochechas.

— Zeek... o que é isso. — ela segura o anel, e com lágrimas nos


olhos encontram os meus.

Não posso evitar sorrir. Agarrando-a pelos quadris, a puxo para


mim, e escovo o cabelo do rosto.

— Sei que você não pode se casar comigo, porque ao fazer isso
você terá que desistir do seu trabalho. E não posso te pedir para fazer
isso. — ela abre a boca para se defender e eu a calo. — Eu sei que o
departamento não vai deixar uma policial se casar com um criminoso.
Eu entendo isso, querida, mas não significa que não estou tirando o seu
traseiro do mercado no momento. — abaixo minha mão até sua barriga
inchada. — Nós fizemos uma família juntos, e eu quero não só ser um
pai, mas o homem que você merece. Isso significa intensificar e não ter

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medo de compromisso e saber que eu posso fazer isso com você, não
parece mais tão assustador.

Pego o anel e desembaraço das pérolas que têm um valor


sentimental para nós. — Eu não sou fácil de amar, nada sobre mim é
simples ou suave. Mas, com este anel, eu prometo ser o homem que
você merece, e sempre estar aqui. Que, quando chegar a hora, vou me
casar com você, tradicionalmente, em alguma igreja grande. Enquanto
isso, eu vou te chatear e mimá-la todos os dias. Vou construir uma casa
grande para que possamos preenchê-la com as crianças que vamos
fazer. — emaranho meus dedos em seus cabelos e o puxo. — E vou
fazer amor com você, e te foder tanto quanto puder e eu prometo nunca
mais me segurar. — meus olhos se concentra nos dela, sua boca se
separando enquanto ela me olha. — Eu prometo te dar tudo o que sou,
Recruta. — soltando seu cabelo, abaixo minha cabeça para a dela, e
beijo sua testa.

Meus ombros parecem mais leve expulsando todos os meus


sentimentos por ela. Recitei essa merda dez vezes para Felix e os caras.
Eles riram na minha cara algumas vezes. Mal posso esperar que eles
passem por essa merda. — Você vai me deixar fazer essas coisas? Você
vai me deixar cuidar de você?

Lentamente, ela inclina a cabeça para trás e me olha com olhos


lacrimejantes. Meu coração corre a cada segundo que ela não responde,
nervoso que ela vá rir da minha proposta fraca. Merda, eu deveria ter
esperado até que pudesse realmente me casar com ela.

— Sim. Sim, eu quero tudo isso. Eu quero você, — ela sussurra, e


exalo a respiração que estava segurando. — Você me tem, você tem
tudo de mim e eu te amo tanto que eu não poderia imaginar estar com
mais ninguém. — uma única lágrima desliza do canto do seu olho, e
não posso evitar secar com a ponta do meu polegar.

— Nós vamos ter uma cerimônia onde você quiser, e você pode se
produzir. Assim como em um casamento real, mas sem a porcaria legal.
Eu gostaria de poder fazer mais, mas...

— Não, isso é perfeito. — ela desliza o anel de três quilates de


corte fino em seu dedo. Ele serve, graças a Deus. Eu tive que colocar
um dos meus anéis de caveira no dedo dela de noite e tentar descrever
para o joalheiro até onde o dedo chegou. Acho que planejar assaltos não
era tão complicado como isso.

— Eu amei.

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Eu sorrio como um maldito idiota.

— Sim?

— Sim! — ela balança a cabeça ansiosamente. — E o rosário, —


ela ri, enfiando-o em seus dedos.

— Pensei que com a história por trás deles, seria... eu não sei,
doce ou algo assim. — dou de ombros. — Eu pensei em propor em um
restaurante ou algo extravagante, mas é aqui que nos tornamos nós...
onde todos os nossos segredos começaram, então achei que seria
perfeito.

Ela segura minha bochecha, a mão com o anel. — Foi perfeito. —


isso é no mínimo um alívio.

Parando atrás dela, cavo meus dedos em seus quadris. — Deus,


eu te amo pra caralho. Como pode alguém como eu ter tanta sorte de
ter alguém como você?

Ela se vira. — Eu poderia dizer o mesmo sobre você.

Beijo-a fervorosamente. Quase a derrubando no chão e ela ri.

— O jantar está pronto, — ela sussurra e aponta para meu lugar


no final da mesa. Virando, vejo um prato de comida fumegante. Eu
tinha planos de transar com ela depois de propor, mas vendo que ela
esteve aqui cozinhando não vou deixar a comida ir para o lixo.

— Tudo bem, mas depois de comer, eu vou te foder nessa mesa.


— minhas sobrancelhas se arqueiam quando me direciono para o
assento.

Ela sorri, praticamente fodendo seus cílios brilhantes para mim.

Isso, eu amo isso. A ideia de uma vida doméstica me assustou pra


caralho antes, mas saber que posso ser um criminoso de dia e seu
homem e um pai de noite é o melhor dos dois mundos.

Muita gente não sabe como Jillian e eu podemos ficar juntos


vivendo em mundos opostos. Quando Jillian conseguiu seu emprego de
volta, nós chegamos a um acordo... ela não leva trabalho para casa, e
eu não trago para casa negócio do clube. Nós o mantemos separado.

No entanto, sei que esta pequena merdinha está tentando me


pegar. É quem ela é, não sei o que ela faria se realmente me pegasse.
Provavelmente iria rir na minha cara e dizer eu te disse bem antes de eu

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ser solto por seu novo tenente. Não importa, porém, porque ela nunca
vai me pegar.

A perseguição é divertida, porém, e isso faz com que o sexo seja


muito mais gostoso.

Sentada de frente para mim, ela apunhala um pedaço de espargo


com o garfo, sorrindo enquanto mastiga. Não posso deixar de sorrir de
volta, enquanto mordo um pedaço de pão.

— Como foi o trabalho? Ajudou a pegar os filhos da puta que você


estava atrás? — pergunto.

Suas bochechas coram, enquanto ela empurra comida na boca.

— Ainda não, mas nós vamos.

Sorrio em silêncio, mastigando duramente.

FIM

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