Poetry">
Lliteratura
Lliteratura
Lliteratura
1
0
Código:41190565
2.0Fundamentação teórica............................................................................................................5
3.0 Conclusão................................................................................................................................8
4.0Bibliografia..............................................................................................................................9
3
1.0 Introdução
O pan-africanismo inventa uma África para os africanos e propicia a ideia de que este
continente é sinónimo de negro, formada só por um povo, os africanos, além de dispor dos
negros da diáspora como parte deste continente, daí, o fato de terem sido os pan-africanistas
um dos responsáveis pelos movimentos de “retorno” dos negros recém-emancipados, ou já
livres e vivendo há algumas gerações nas Américas para o continente africano. Neste caso, o
presente trabalho foca-se no estudo do Pan-africanismo e extrair suas marcas no poema “Voz
do sangue” de Agostinho Neto. Portanto, o presente estudo foca-se na análise do Pan-
africanismo, extraindo as suas marcas no poema do Agostinho –Neto com o titulo Voz do
sangue. Em relação aos objectivos específicos, o presente estudo, pretende caracterizar o Pan-
Africanismo e extrair marcas do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho
Neto. A pesquisa realizada neste trabalho foi classificada como descritiva, pois, se buscou para
a construção do referencial teórico explorar o tema a partir de uma pesquisa bibliográfica,
ferramenta que permitiu a exploração mais profunda sobre o tema, como também, buscou-se
realizar uma pesquisa de campo com a finalidade de recolher e registar os dados que
embaçassem mais precisamente o assunto.
4
2.0Fundamentação teórica
O poeta Agostinho Neto escreve versos com pretensão de provocar o leitor no tocante à
submissão e reacção ao colonialismo e mais que isso, o fazer poético é oportunidade para que
ele se veja nas poesias, pois espelha suas raízes. Ainda que escolha não reflectir seu universo
no eu-lírico, o eu-lírico é, de facto, uma das vestes do poeta, ou melhor, uma de suas faces,
forjada ou não. Portanto, sua construção está directamente ligada ao tempo presente em que
vive o poeta. Nas poesias de Agostinho, o eu-lírico não trará visões que contribuam com o
colonizador, já que foram séculos de protagonismo europeu, mas discursos combativos, pois,
como sujeito construído pelo poeta, o eu-lírico será o porta-voz do mundo colonizado com seus
diversos personagens.
As escritas do poeta revelam uma gama de elementos como o humor, a melancolia, a ironia, o
saudosismo, a paixão, a utopia, a consciência política e a consciência intelectual, indicando as
vozes a quem pertencem. Tais características são ensejos para que o eu-lírico seja percebido
como diverso, porque indicam vestígios do poeta, do povo e, consequentemente, toda a
bagagem histórica.
A partir dessa ideologia foi criada a Organização de Unidade Africana (1963), que tem sido
divulgado e apoiado, maioritariamente, por afro descendente que vivem fora da África.
5
Na realidade, o pan-africanismo é um movimento de carácter social, filosófico e político, que
visa promover a defesa dos direitos do povo africano, constituindo um único Estado soberano
para africanos que vivem ou não na África.
Neste poema o líder angolano Agostinho Neto evoca o Pan-africanismo com o objectivo de
solicitar o engajamento dos negros na luta pela sua independência.
Com versos que fogem de uma estrutura metrificada e rimada, o poeta vai reforçando a
intenção de aproximar o eu-lírico do povo comum, mostra a consciência do intelectual por trás
do poeta, que compreende o combate à colonização a partir da presença mais activa da situação
angolana.
A presença do intelectual enquanto sujeito pertencente a uma sociedade colonizada modifica os
versos já dados à poesia, que tematiza a colonização e a ditadura decorrente dela, pois, a
literatura escrita por quem pertencia ao país oprimido possibilita novas versões sobre os fatos,
frequentemente distintas das versões dadas por literaturas que narravam a partir do olhar de
quem pertencia a países opressores, ou que sequer herdaram os resquícios daquela violência.
VOZ DO SANGUE
Palpitam-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue.
Ó negro esfarrapado
do Harlem
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South
6
Neste poema Evoca “negros de todo o mundo”, o eu-lírico se coloca modestamente à
disposição para compor o coro à ancestralidade. Ao citar o blues, forma musical originária
da música afroamericana, o “negro esfarrapado/do Harlem”, bairro também afroamericano, o
“dançarino de Chicago” e “o negro servidor do South”, há a potencialização da presença e
importância africana fora do continente, na cultura e na construção de outras sociedades. A voz
poética de “Voz do Sangue”, novamente, reconhece ser parte de um todo, irmanando histórias
e sinalizando a necessidade de uma universalização na luta pela liberdade da opressão,
sintetizando no título e em singular, o que os torna aliados: o sangue, símbolo de vida e de
família.
Percebe-se que Agostinho traz um tom de melancolia pela miséria deixada com a exploração
europeia, paralelo a certo entusiasmo que nasce da esperança por novos tempos. Nos versos
acima, o entusiasmo surge volumosamente nesse formato de paixão e utopia pela irmandade
que trará a consciência política, delineando um mesmo plano de acção e de escrita.
A voz poética de “Voz do Sangue”, reconhece ser parte de um todo, irmanando histórias e
sinalizando a necessidade de uma universalização na luta pela liberdade da opressão,
sintetizando no título e em singular (para enfatizar a unidade), o que os torna aliados: o sangue,
símbolo de vida e de família
Eu vos sinto
negros de todo o
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
Portanto em todos cinco os versos que compõem o poema nota-se marcas claras do pan-
africanismo pois ele retrata da unidade dos africanos, a dor que eles passam juntos devido a
colonização, a não valorização das suas culturas. Neste poema ve-se o pedido da unidade de
modo a vencer a opressão.
7
4.0 Conclusão
Chegando ao fim do estudo, podemos concluir que , embora a denominação Pan-africanismo
remonte necessariamente a uma relação estreita com o continente africano, essa corrente
teórica tem sua origem nos países de colonização inglesa, particularmente nos Estados Unidos
e nas Antilhas Britânicas. Este movimento político pode ser entendido sobre duas perspectivas:
a primeira enquanto projeto de libertação da estrutura eurocêntrica, e a outra enquanto projeto
de integração da população negra nas organizações ocidentais.
Salientar que, no poema voz do sangue de Agostinho, o eu-lírico não trará visões que
contribuam com o colonizador, já que foram séculos de protagonismo europeu, mas discursos
combativos, pois, como sujeito construído pelo poeta, o eu-lírico será o porta-voz do mundo
colonizado com seus diversos personagens. Com versos que fogem de uma estrutura
metrificada e rimada, o poeta vai reforçando a intenção de aproximar o eu-lírico do povo
comum, mostra a consciência do intelectual por trás do poeta, que compreende o combate à
colonização a partir da presença mais activa da situação angolana.
8
5.0Bibliografia
Decraene, P. (1962) O Pan-Africanismo. São Paulo: Difusão europeia do livro.
Ervedosa, Carlos (1997). O roteiro da literatura angolana, 4º ed: união dos escritores
angolanos.
Universidade Aberta Isced (2022). Manual de Metodologias da Investigação Cientifica.1º
Ano. Beira.