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Conceitos de Antropologia

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Conceitos de Antropologia

O QUE É ANTROPOLOGIA
• A antropologia é a ciência que tem como objecto de estudo o homem, a humanidade e
as características de sua evolução física (antropologia biológica), social (antropologia
social) ou cultural (antropologia cultural).
• Esta ciência se constituiu como disciplina científica em meados do século XIX a partir
das descobertas de Darwin e sua teoria evolucionista quando se concentrava na
elaboração de teorias sobre a evolução do homem, da sociedade e cultura.
Obs: A palavra Antropologia vem do grego “Antropos” (humano ou homem) +
“Logos” (pensamento ou razão).

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• O homem deixou de ser fruto da criação divina, e os cientistas passaram a procurar sua
origem (o elo perdido), que ligaria o homem moderno a seus ancestrais hominídeos.
• Dessa forma, o estudo sobre o homem foi ganhando forma e os cientistas começaram a
se interessar pelos grupos humanos primitivos e seus costumes, cultura e características.
• Passaram a ver o homem como uma criação da Natureza e não mais como uma criação
de Deus.
• A antropologia, primeiramente, foi considerada como a história natural e física do
homem e seu processo evolutivo.
• Essa concepção restringiu seu campo de estudo às características do homem físico, o
que limitou os estudos antropológicos por um tempo, privilegiando a antropometria,
ciência que trata das mensurações do homem fóssil e do homem vivo.
A antropologia pode ser subdividida.
• Suas principais áreas são: a Antropologia Física ou Biológica, que estuda os
aspectos genéticos e biológicos do homem; a Antropologia Social, que analisa o
comportamento do homem em sociedade, a organização social e política, as relações
sociais e instituições sociais; e a Antropologia Cultural, que investiga as culturas no
tempo e espaço, envolvendo mitos, costumes, valores, crenças, religião, língua, etc.
• A antropologia cultural pode se subdividir ainda em Etnografia, Etnologia,
Arqueologia e Linguística.
• Cada uma destas áreas abriga diversas correntes de pensamento.
• Como fontes de pesquisa, os antropólogos utilizam os livros, imagens, objectos,
depoimentos, entre outros.
• As observações, através da vivência entre os povos ou comunidades estudadas também
são comuns e fornecem informações ao antropólogo.
• Os conhecimentos adquiridos através da Antropologia podem ser aplicados por
governos para facilitar o contacto com povos específicos (indígenas, quilombolas, etc.).
• É a chamada “Antropologia Aplicada”.
• A Antropologia se preocupa em detalhar os seres humanos que compõem as
sociedades humanas, seja em seus aspectos físicos, sua relação com a natureza, seja na
sua especificidade cultural.
• A antropologia é uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, a busca de
resposta para se entender o que é o homem a partir do “outro”.
• Através dela se busca alargar as possibilidades de sentir, agir e reflectir sobre o que
torna os homens seres singulares.

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ÁREAS DA ANTROPOLOGIA
Antropologia Biológica ou Física
• A Antropologia Biológica ou Física é uma ciência natural e se ocupa da análise de
material colhido em escavações ou sítios arqueológicos.
• Está relacionada com a Arqueologia e Anatomia.
• Este ramo também observa o comportamento dos macacos e símios e as diferenças
aparentes entre os seres humanos (pele, cor dos olhos, estatura, etc.).
• Estes antropólogos tentam responder perguntas sobre a origem humana e seu
desenvolvimento evolutivo.
• Alguns autores subdividem a Antropologia Biológica, criando o campo da
Arqueologia.
Antropologia Aplicada
• Baseada nas pesquisas realizadas pelos antropólogos, a antropologia aplicada
assessora os governos e outras instituições na formulação e implementação de políticas
para grupos específicos de populações.
• Em certa medida, ela pode ajudar governos na formulação de políticas sociais,
educacionais e económicas para minorias étnicas em seu território.
Antropologia Social ou Cultural
• É uma ciência social (como sociologia e psicologia) que estuda o desenvolvimento da
sociedade e da cultura humana.
• Estuda as características culturais dos povos (cultura é tida como manifestação dos
hábitos, rotinas ou costumes de um povo), e a evolução de seus costumes, crenças,
religiões, relacionamento familiar, etc.
• Engloba áreas como a linguística, arqueologia, etnologia e etnografia.
• A linguagem é vista como um reflexo do desenvolvimento cultural, mostrando como
as pessoas se agrupam, pensam e planejam.
• Alguns autores distinguem a linguística da Antropologia Social.
Obs: Etnologia e Etnografia: são termos associados à Antropologia. De acordo com
Claude Lévi-Strauss, a Etnologia e Etnografia não constituem disciplinas diferentes da
antropologia, são apenas concepções ou níveis diferentes do mesmo tipo de estudo, não
devendo estar dissociadas. Etnografia: corresponde aos primeiros estágios da pesquisa,
englobando o trabalho de campo e a observação. Etnologia: um nível mais aprofundado,
onde são feitas conclusões mais extensas, que não seriam possíveis em um primeiro
momento (síntese). Logo, a Etnografia é o passo preliminar à Etnologia. A Antropologia

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seria o segundo e último passo da síntese, onde são abrangidas as conclusões da
Etnografia e Etnologia.
HISTÓRIA RESUMIDA DA ANTROPOLOGIA
• Desde a Antiguidade Clássica existe a reflexão sobre as sociedades, o homem e seu
comportamento social, através do pensamento de grandes filósofos, com destaque para
o grego Heródoto, considerado o pai da História e da Antropologia.
• Muitos autores concordam que a antropologia se definiu enquanto disciplina depois da
Revolução Iluminista.
• Com o Movimento Iluminista no século XVIII, a Antropologia se desenvolveu como
ciência social, através do aprimoramento de métodos e classificações para a raça
humana.
• Nesta época, o relato de viajantes, comerciantes e missionários sobre os hábitos dos
nativos das novas terras descobertas e os debates sobre a condição humana, foram
importantes para o desenvolvimento dos estudos antropológicos.
• Homero, Hesíodo e os filósofos pré-socráticos já se questionavam a respeito do
impacto das relações sociais sobre o comportamento humano.
• Os gregos, assim como os chineses e romanos, deixaram inúmeros registros e relatos
sobre cultura diferentes das suas.
• A Antropologia nasceu, por se dizer, nestes textos.
Obs: Em 1749, Georges-Louis Leclerc foi o primeiro especialista a considerar a
antropologia como uma disciplina independente.
• Entre os gregos que contribuíram para a Antropologia estão Aristóteles, com obras
sobre as cidades gregas, e Xenofonte, com obras a respeito da Índia.
• Entre os romanos, quem se destaca é o poeta Lucrécio, que tentou investigar as origens
da religião e das artes.
• Tácito, outro romano, analisou a vida das tribos germânicas, se baseando nos relatos
de soldados e viajantes.
• O saber antropológico participou das discussões da Filosofia ao longo dos séculos,
embora ainda não existisse como disciplina específica.
• Na Idade Média, muitos escritos contribuíram para a formação de um pensamento
racional, aplicado ao estudo da experiência humana, como fez o francês Jean Bodin.
• Com o Iluminismo, a Antropologia foi estruturada em dois núcleos analíticos: a
Antropologia Biológica ou Física e a Antropologia Cultural.
• Foi a partir do século XVIII que a Antropologia adquire a categoria de ciência,

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partindo das classificações de Carlos Lineu e tendo como objecto a análise das “raças
humanas”.
• Nesta época haviam textos que descreviam as terras e o “povos descobertos”, como
por exemplo, a carta de Pero Vaz de Caminha sobre os indígenas brasileiros.
• Já no século XIX, por volta de 1840, Boucher de Perthes utiliza o termo homem pré-
histórico para discutir como seria sua vida diária, a partir de achados arqueológicos.
• Charles Darwin, com a publicação de dois livros, A Origem das Espécies (1859) e A
Descendência do Homem (1871), inicia a sistematização da teoria evolucionista.
• Nasce a Antropologia Biológica ou Física.
Antropologia Evolucionista
• A antropologia do século XIX foi marcada pela discussão evolucionista e considerava
a sociedade europeia da época como o ápice de um processo evolucionário, e as
sociedades aborígines eram tidas como exemplares “mais primitivos”.
• É uma visão que usava o conceito de “civilização” para classificar, julgar e depois
justificar o domínio de outros povos.
• Esta visão de mundo a partir do conceito civilizacional de superior, recebe o nome de
etnocentrismo.
• As primeiras grandes obras da antropologia, com fundamento nestas concepções,
consideravam, por exemplo, o indígena das sociedades não europeias como o antecessor
do homem civilizado.
• Todas as sociedades progrediram em ritmos diferentes, seguindo uma linha evolutiva.
• Mas nem todos os antropólogos da época pensam da mesma maneira.
Antropologia Difusionista
• Esta antropologia reagiu ao evolucionismo e valorizava a compreensão natural da
cultura, em termos de origem e extensão.
• Os difusionistas acreditavam que o empréstimo cultural seria um mecanismo
fundamental de evolução cultural.
• Acreditavam também que as diferenças e semelhanças culturais eram consequência da
tendência humana para imitar e absorver traços culturais.
• Com Émile Durkheim começam os fenômenos sociais a serem definidos como
objectos de investigação sócio antropológica.
• No final do século XIX, juntamente com Marcel Mauss, se inicia a chamada
“linhagem francesa”.

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ANTROPOLOGIA – SÉCULO XX
• Em 1927, a Antropologia Francesa, centrada na denominada “Etnologia”, se torna
disciplina de ensino no Institut d’Ethnologie du Musée de l’Homme, em Paris.
• A disciplina se vincula ao Museu de História Natural, no início, porque se considerava
a antropologia como uma subdisciplina da história natural.
• Franz Boas, nos Estados Unidos, desenvolve a ideia de que cada cultura tem uma
história particular e considerava que a difusão de traços culturais acontecia em toda
parte.
• É o início do relativismo cultural, e a antropologia estende a investigação ao trabalho
de campo.
• Segundo Boas, para compreender a cultura é preciso reconstruir sua própria história.
• Surge o culturalismo.
• Deste movimento surge depois a escola antropológica da Cultura e Personalidade.
• Paralelamente a estes movimentos, na Inglaterra, nasce o funcionalismo, que enfatiza
o trabalho de campo (observação participante).
• Para sistematizar o conhecimento sobre uma cultura é preciso apreendê-la na sua
totalidade.
• Surge também a etnografia (método para coleta de dados).
Antropologia Funcionalista
• O funcionalismo se inspirava na obra de Durkheim e traçava um paralelo entre as
sociedades humanas e os organismos biológicos, porque em ambos os casos a harmonia
dependeria da interdependência funcional das partes.
• Nas relações sociais, as funções eram analisadas como obrigações.
• A função sustentaria a estrutura social, dentro de um sistema de relações sociais.
Antropologia Estrutural
• Nasce na década de 40, e seu grande teórico é Claude Lévi-Strauss.
• A antropologia estrutural centraliza o debate na ideia de que existem regras
estruturantes das culturas na mente humana, e assume que estas regras constroem pares
de oposição para organizar o sentido.
• Para a antropologia estrutural, as culturas se definem como sistemas de signos
partilhados e estruturados por princípios que estabelecem o funcionamento do intelecto.
Particularismo Histórico
• Também conhecida como Culturalismo.
• Esta escola é defendida por Franz Boas, e rejeita o evolucionismo.

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• Para esta corrente, cada cultura tem uma história particular e a difusão cultural se
processa em várias direcções.
• É criado o conceito de relativismo cultural.
Antropologias Interpretativa·• As ideias do antropólogo Clifford Geertz causaram
impacto na segunda metade do século XX.
• É considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea, a
chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa.
• Esta corrente analisa a cultura como hierarquia de significados, pretendendo que a
etnografia seja uma “descrição densa”, de interpretação escrita, cuja análise é possível
através de uma inspiração hermenêutica.
Debates Pós-Modernos
• O debate teórico na Antropologia ganha novas dimensões na década de 80.
• Surgiram críticas a todas as escolas, e foram questionados o método e concepções
antropológicas.
• Este debate gerou algumas ideias, entre elas, a de que a realidade é sempre
interpretada, vista sob uma perspectiva do autor.
• A antropologia seria então, uma interpretação de interpretações.
• Há uma preocupação com os recursos retóricos presentes no modelo textual das
etnografias clássicas e contemporâneas.
• Há uma politização da relação observador-observado na pesquisa antropológica.
MÉTODOS DA ANTROPOLOGIA
Os métodos, segundo Marconi, “permitem ao antropólogo observar e classificar, os
fenômenos, analisar e interpretar os dados obtidos pela pesquisa, capacitando-o a
estabelecer correlações e generalizações”.
1 → Método Histórico
• Consiste em investigar eventos do passado, a fim de compreender os modos de vida do
presente, que podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação
das mudanças ocorridas ao longo do tempo.
• Nesta análise, a cultura do homem é desvendada.
2 → Método Estatístico
• É um método muito utilizado tanto no campo biológico (verificando as variabilidades
das populações) quando no campo cultural (levantando diversificações nos aspectos
culturais).
• Depois de colectados, os dados são reduzidos a termos quantitativos, demonstrados em

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tabelas, gráficos, quadros, etc.
• Dessa maneira, pode-se verificar a natureza, a ocorrência e os significados dos
fenómenos e das relações entre eles, tanto de natureza biológica quanto cultural.
3 → Método Etnográfico
• Se refere à análise das sociedades, principalmente das primitivas.
• Mesmo o estudo descritivo requer alguma generalização e comparação implícita ou
explícita.
• Seu objectivo é conhecer melhor o estudo de vida ou a cultura específica de
determinados grupos.
4 → Método Etnológico ou Comparativo
• Empregado tanto pelos antropólogos físicos quanto pelos culturais.
• Este método permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelos materiais
colectados.
• A antropologia física compara aspectos físicos, populações extintas, através dos
fósseis ou grupos humanos existentes, analisando características anatómicas: cor da
pele, dos cabelos, grossura dos lábios, etc.
5 → Método Genealógico
• Permite o estudo do parentesco e suas implicações sociais: estrutura familiar,
relacionamento de marido e mulher, pais e filhos, e demais parentes, informações sobre
o dia a dia, a vida cerimonial (casamento, nascimento, morte), etc.
• Através do levantamento genealógico o pesquisador além de ter a confirmação dos
dados observados e poderá ter novas informações.
6 → Método Funcionalista
• Se refere ao estudo das culturas sob o ponto de vista da função, ou seja, ressalta a
funcionalidade de cada unidade da cultura no contexto cultural global.
ANTROPÓLOGOS FAMOSOS

Veja os principais antropólogos de acordo com as escolas:


• Evolucionistas e difusionistas: James George Frazer, Marvin Harris, Lewis Henry
Morgan, Edward Burnett Tylor, Andrey Korotayev, Leslie White, etc.
• Escola francesa: Roger Bastide, Mary Douglas, Émile Durkheim, Richard Hertz,
Marcel Mauss, Paul Rivet, Henry Hubert, etc.
• Escola britânica (estrutural-funcionalismo): Raymond Firth, Meyer Fortes, Max
Gluckmann, Bronislaw Malinowski, etc.

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• Culturalistas: Franz Boas
• Escola americana (cultura e personalidade): Ruth Benedict, Godfrey Lienhardt,
Raph Linton, Margaret Mead.
• Antropologia marxista: Maurice Godelier, Claude Meillassoux, John Murra.
• Estruturalistas e pós-estruturalistas: Pierre Clastres, Philipe Descola, Louis
Dumont, Claude Lévi-Strauss, Marshall Sahlins, Victor Turner, etc.
• Interpretativistas e pós-interpretativistas (ou pós-modernos): James Clifford,
Vicent Crapanzano, Clifford Geertz, Adam Kuper, George Marcus, Stephan Tyler, etc.
• Antropólogos brasileiros: Alba Zaluar, Darcy Ribeiro, Eduardo Viveiros de Castro,
Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Gioconda Mussolini, João Pacheco de Oliveira,
Lilia Schwarcz, Luís de Castro Faria, Manuela Carneiro da Cunha, Maria Andreia
Loyola, Maristela de Paula Andrade, Mirian Goldenberg, Rita Amaral, Roberto
DaMatta, Walter Alves Neves, etc.
Veja alguns dos antropólogos que mais se destacaram e suas principais obras:
• Bronislaw Malinowski (1884 – 1942) – Principais obras: Os Argonautas do Pacífico
Ocidental (1922), Uma teoria científica da cultura.
• Franz Boas (1858 -1942) – Principais obras: The mind of primitive man (1911) e
General Anthropology (1942).
• Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009) – Principais obras: O pensamento selvagem.

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