História Do Pensamento Antropológico
História Do Pensamento Antropológico
História Do Pensamento Antropológico
Objectivos especficos
Introduo
Os estudos antropolgicos foram desenvolvidos por vrios povos e em diferentes pocas. Pelo
que, a diviso da Histria da Antropologia arbitrria. Porm sempre necessrio adotar um
determinada diviso na exposio histrica desta disciplina para facilitar a sua compreenso e
um mnimo de sistematizao das suas abordagens e respectivos autores.
Assim, podemos dividir a Histria do pensamento antropolgico em trs grandes perodos: a
Pr-histria, o perodo de Construo e convergncia e perodo de Crticas e Novas
Abordagens (cfr. MARTINEZ, 2014:97-104).
Este perodo abrange a todas as reflexes desenvolvidas sobre o homem e o universo, antes da
elevao da Antropologia como cincia. Subdivide-se em quatro fases:
1.1. Antiguidade
- Plato (427 a.C. a 347 a.C.): com a sua Teoria das Ideias, influenciou o cristianismo,
islamismo e judasmo. Concebe o homem com composto de duas partes (dualismo): alma e
corpo.
- Aristteles (384 a.C. 322 a.C): define o homem como ser racional e poltico, composto nico
de corpo e alma, matria e forma, (hilemorfismo);
- Marco Aurlio (Roma, 120-180, dC), imperador e filsofo, viajante abservador atento e
moralista.
Autores: S. Agostinho, Avicena, Averrois, Ibn Khaldum (1332 1395), filsofo social,
astrnomo, poltico e estudioso da histria, fenmenos e leis da evoluo.
1.3. Idade Moderna
a) Fase do Renascimento
- Francis Bacon, filosofo ingles, usou o metodo dedutivo e o da observao direta (mtodo
experimental);
- Montaigne (1533-1592), publica os seus Ensaios, onde fala do contacto entre povos, lana
os termos da etnografia, questiona o etnocentrismo e a apela a contingncia das civilizaes.
- Estudos do corpo humano, no seu aspecto morfolgico, com Leonardo da Vinci (1452-
1518); das medidas cranianas, com Durer (1514-1564); da anatomia, com Vessalius e a
classificao das raas com Lineu.
Este o perodo em que a Antropologia nasce a como cincia cujo objecto de estudo o homem
primitivo, o extico, o outro (aquele e aquilo que no europeu). O homem primitivo/selvagem
era estudado com o objectivo de conhec-lo para melhor domin-lo. Por isso, diz-se que a
Antropologia filha do colonialismo porque surge como instrumento de legitimao da
dominao colonial.
- Primeira descoberta do homem fssil, que com outras descobertas acima mencionadas, deu
origem a Antropologia Fsica, com Johann Blumembach.
- Trs objectivos comuns nas formulaes sobre a sociedade e cultura: origem, idade e
mudana.
Autores de destaque (todos evolucionistas): Charles Darwin, com a sua obra A Origem das
Especis; Edward Tylor (1832-1917, na sua obra A Cultura Primitiva, estuda a a evoluo da
religio); Herbert Spencer (1820-1903); Augusto Comte (1798 -1846) ; Lewis Morgan
estuda a evoluo da famlia.
- Fundao da Antropologia moderna, com Edward Tylor que procura mostrar, a evoluo
da religio, utilizando o mtodo comparativo.
- Critica ao evolucionismo: total ausncia de pesquisa de campo, que enfraquecia seu rigor
metodolgico e cientfico.
3. Crtica e novas abordagens: sec. XX at hoje
o perodo mais fecundo da Antropologia, no qual foram criticados os cnones iniciais desta
disciplina, propondo-se novas abordagens e paradigmas. Destacam-se os seguintes factos:
Aurores de destaque:
Nesta segunda parte da unidade, faremos a descrio dos estudos antropolgicos em frica e
Moambique, em particular, distinguindo dois grandes perodos: o perodo colonial e ps-
colonial.
Depois do seu nascimento como cincia autnoma no sculo XIX, em intrnseca relao com o
colonialismo, a Antropologia em frica conheceu quatro perodos distintos no seu
desenvolvimento:
4 - Perodo: de 1990 at os dias atuais - que, ainda em conexo com o anterior, tem marcado
o ressurgimento de uma escola africana de africanistas os quais sustentam crticas
interessantes ao conhecimento antropolgico tal como concebido no ocidente
entendendo-se este como as escolas britnica, americana e francesa.
A Antropologia em Moambique conheceu dois grandes perodos, sendo cada uma com
caractersticas tpicas do seu contexto histrico. Trata-se do perodo colonial e do perodo ps-
colonial. Vejamos a seguir a descrio de cada um deles.
1.1. A Antropologia colonial (1850-1960)
No perodo colonial, os portugueses preocupados com a dominao das sociedades nas suas
colonias, levam a cabo trabalhos etngrficos que numa primeira fase era efectuada por
missionarios, admistradores e voluntarios afins. Este perodo de recolha de dados dividiu-
se em duas fases: a fase da antrpologia missionria e a fase da investigao colonial.
Como dissemos antes, os principais fazedores da antropologia nesta faze eram missionrios,
militares e funcionrios administrativos. Segundo eles, o africano habitava biologicamente a
tribo, base da sociedade africana. Por isso um dos primeiros esforos empreendidos consistiu
em catalogar os colonizados por tribos, ao mesmo tempo que se inventariavam os seus
costumes, as suas formas de parentesco, os seus hbitos alimentares, as suas lnguas,
etc. Esse trabalho foi levado a cabo com a infinita pacincia dos entomlogos (bilogos
especialistas no estudo de insectos).
Nesta poca, apenas se escreveu uma monografia sobre as colnias. JUNOD, Henri (1898):
The Life of A South African Tribe; Sobre os Thonga de Moambique, Usos e Costumes dos
Bantu, um dos clssicos do africanismo. So dele as seguintes palavras, na sua obra clssica
que destinou especialmente a administradores e missionrios: a vida de uma tribo do sul de
frica um conjunto de fenmenos biolgicos que devem ser descritos objectivamente, pois
representam uma fase do desenvolvimento humano. primeira vista, esses fenmenos
biolgicos inspiram por vezes uma certa repulsa. A vida sexual dos Bantos, principalmente,
fere o nosso senso moral (Apud CERRA,
(http://oficinadesociologia.blogspot.com/2014/01/antropologia-colonial.html).
Junod acreditava que sua tarefa etnogrfica era a de documentar uma civilizao
estagnada. Era possvel que estes indgenas, por causa de quem tnhamos vindo para a
frica, aproveitassem com um estudo desse gnero e viessem mais tarde a ser-nos gratos por
saberem o que haviam sido na sua vida primitiva (JUNOD, 1996:21).
A partir de 1935, o regime ditatorial instituiu o estudo das colnias, com o objectivo de
elaborar mapas etnolgicos. Isto foi bem definido no Primeiro Congresso Nacional de
Antropologia Colonial (Porto, 1934). Um dos seus autores foi Mendes Correia que utilizou
um mtodo antropomtrico de campo. Foram enviadas misses para todas as colnias
portuguesas, nomeadamente para frica. Entre os impulsores destas misses destaca-se
Joaquim do Santos Jnior (Pereira, 1988). Esta antropologia representava as tendncias mais
conservadoras das ideologias coloniais do regime.
A partir de finais de 1950 produz-se uma nova antropologia colonial, protagonizada por
Jorge Dias, que se distancia, cada vez mais, do grupo de Mendes Correia.
As atenes ficam viradas aos estudos de culturas locais. No se tratava mais de medir
ndices cranianos ou avaliar provas de esforo fsico (robustez para o trabalho); no se tratava
mais de conhecer apenas a disposio social e cultural dos povos de Moambique, tratava-se
sobretudo de salvaguardar os interesses fundamentais do colonialismo portugus com vista
a facilitar a gesto social das populaes dominadas (DIAS, 1998: xxvi).
Foi assim que se criou, em Fevereiro de 1957, a Misso de Estudos das Minorias tnicas do
Ultramar Portugus, sob o impulso do Professor Adriano Moreira (1922- ), director do Centro
dos Estudos Polticos e Sociais. Contudo, longe de constituir uma realidade, o novo estatuto
imps um sistema de excluso e violncia, baseado no sistema do indigenato.
Nas suas duas fases, a Misso Antropolgica de Moambique desenvolveu suas actividades
em territrio nacional durante um perodo de vinte e trs anos (1936-1959) tendo registado 44
trabalhos publicados, dos quais apenas 14 versam sobre a etnografia. Prosperavam estudos de
antropometria, sobretudo aqueles que diziam respeito ao aproveitamento da fora de trabalho
e cujos objectivos so facilmente
descortinveis (http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=293029097009).
A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo e foi adoptada pelo
3 congresso da Frelimo realizado em Maputo em 1977, pelo seu determinismo econmico e
por ser promotora de igualdade de classes. Ela se centra sobre a anlise das formas de
explorao (sexual androcentrismo; laboral eurocentrismo, etc.); para outros, a
diferenciao sexual cultural e no biolgica. Ela ser empregue como expresso da
emancipao de uma classe social oprimida.
As independncias dos pases africanos fomentam a formao de um homem novo,
caracterizado pela criao de uma nova identidade cultural onde os valores da sociedade
tradicional (a etnia, a tribo e a regio) so substitudos pelo nacionalismo.
Emerge uma viso da luta armada idealizada que se v como uma experincia que enfrentou e
ultrapassou, sem grandes problemas, todos os conflitos. O estudo das diversas formas de
opresso far-se-ia atravs do processo de libertao com o objectivo da eliminao das formas
de opresso do homem pelo homem.
H um esforo constante de estudar a luta armada porque s atravs dela se poder constituir
uma tradio de pesquisa e de luta enraizada nas realidades moambicanas.
Porm, preciso reconhecer que a partir da independncia (e cremos que, mesmo, antes)
os quadros polticos e intelectuais do Partido desconfiam da Antropologia. O facto de a
Antropologia ter tido necessidade da viso objectivante e redutora leva-os a pr em causa
esta disciplina assim como este tipo de viso; por vezes, menos por causa das suas teses, do
que pelo seu estatuto etnocntrico.
Para uma conceptualizao da famlia foroso levar-se em linha de conta, tanto os modos que
orientam a sua constituio e organizao, como as representaes simblicas que lhe do
significado.
a cultura popular,
o folclore,
a globalizao,
a vida urbana,
estudos psicolgico,
estudos lingusticos, etc.
Bibliografia
MARTINEZ, Francisco Lerma, Antropologia Cultural: guia para o estudo, 7 ed., Maputo,
Filhas de So Paulo, 2014.
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=293029097009).
http://oficinadesociologia.blogspot.com/2014/01/antropologia-colonial.html).