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Literatura Mocambicana
Literatura Mocambicana
Literatura Mocambicana
Introdução..................................................................................................................................1.
A literatura Moçambicana...........................................................................................................3
Fazes do processo da construção da literatura moçambicana.....................................................4
Conclusão..................................................................................................................................15
Bibliografia...............................................................................................................................16
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Introdução
Em Moçambique, a literatura ganhou contornos inusitados, cerca de uma década depois da
proclamação da independência, com o surgimento de um grupo de jovens, na Associação dos
Escritores Moçambicanos, cujas práticas, romperam com as formas anteriores, baseadas na
luta de resistência à ocupação colonial.
1. A literatura Moçambicana
O processo de formação da literatura de Moçambique não difere muito do dos demais países
africanos de língua portuguesa, tendo assistido à construção, nas zonas urbanas da Beira e
Lourenço Marques (agora, Maputo), de uma elite de alguns negros, mestiços e brancos que se
apoderou, aos poucos, dos canais e centros de administração e poder.
Em 1918 os irmãos Albasini fundaram O Brado Africano, órgão oficial do Grêmio Africano
Associação Africana. Em 1932 o jornal, tendo sido impedido de funcionar, foi substituído
pelo Clamor Africano, que teve 12 números e foi criado por José Albasini. A partir de 1933,
O Brado Africano voltou a circular, mas a partir de 1958, até a sua suspensão, em 1974, seu
funcionamento esteve subordinado a muitas influências oficializastes.
Entre 1959 e 1975 o jornal Voz de Moçambique foi o veículo mais importante para a
publicação de textos literários, em vários dos quais se percebem tendências que revelam o
contato dos escritores com a Europa e o Brasil. Cecília Meireles, Adalgisa Nery, Érico
Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Castro Alves figuravam
entre os escritores brasileiros que mais circulavam no meio literário.
Os principais escritores moçambicanos são Noémia de Souza (que teve de se exilar do país
em 1951), José Craveirinha (o maior poeta de Moçambique, morto em 2003), Luís Bernardo
Honwana (autor do célebre Nós matamos o cão tinhoso), Rui Knopfli, Virgílio de Lemos e
Rui Nogar, todos ligados a movimentos que traçaram o panorama literário de Moçambique
dos anos 40 e 50, cujos ecos podem ser percebidos na poesia do pós-independência.
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2.1.Fase Colonial
Na fase colonial destacam-se, como precursores da literatura moçambicana, autores como Rui
de Noronha, João Dias, Augusto Conrado e Luís Bernardo Honwana. Entre eles merece realce
Rui de Noronha, cujo livro Sonetos foi publicado em 1943, seis anos após a sua morte. A sua
poesia reveste-se de pioneirismo, não pela forma mas pelo conteúdo, uma vez que alguns dos
sonetos mostram sensibilidade para a situação dos mestiços e negros, o que constitui a
primeira chamada de atenção para os problemas resultantes do domínio colonial.
Rui de Noronha representa também uma das primeiras tentativas de sistematizar, em termos
literários, o legado da tradição oral africana.
A coletânea de contos intitulada Godido e outros contos, de autoria de João Dias, publicada
em 1952, é considerada como a primeira obra de ficção moçambicana, por causa dos temas e
motivos que explora. João Dias tenta desmascarar realidades sociais concretas, relacionadas
com o estatuto do africano tanto no contexto colonial como no espaço social português. Nesse
caso, o que interessa é a vertente nacional, consubstanciada no conto mais extenso e que dá
título à coletânea, que se destaca dos restantes em função de determinados temas e modos de
representação. O nome da personagem principal, Godido, remete à figura histórica de mesmo
nome, filho do Imperador de Gaza, cuja deportação ocorre com Gungunhana, outra figura
elevada à categoria de mito na memória coletiva. Desse modo, Godido conota a resistência do
povo moçambicano ao invasor europeu, funcionando como símbolo das reivindicações sociais
no espaço colonial português. A história incide no quotidiano de um negro, destacando-se o
seu inconformismo num espaço rural marcado pela subserviência, humilhação e
despersonalização e as suas frustrações num espaço urbano, lugar de sonhos e aspirações. O
leitor é confrontado com os temas da exploração do negro, do racismo nas suas diversas
formas, da violência física e psicológica à qual é sujeito o moçambicano, da duplicidade do
mulato a negar as suas origens, do direito colonial a serviço do opressor, da mulher
transformada num simples objeto, da idealização do Brasil em resultado da mestiçagem social
(DIAS, 1952).
Nós matámos o cão tinhoso, de Luís Bernardo Honwana (1980), trata de questões sociais
como a exploração e a segregação. Na sua totalidade, as narrativas de Honwana denunciam as
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Uma parte significativa da produção literária moçambicana deve-se a escritores que centram a
sua temática nos problemas de Moçambique. Foram eles que contribuíram decisivamente para
a formação da identidade nacional moçambicana. Merecem realce Alberto de Lacerda,
Reinaldo Ferreira, Rui Knopfli, Glória Sant’Anna, António Quadros, Sebastião Alba e Luís
Carlos Patraquim. Alguns desses escritores produzem uma literatura de caráter mais pessoal,
enquanto outros retratam questões relativas ao aspecto social. Por exemplo, Rui Knopfli
debruça-se fundamentalmente sobre a África, a “Mãe África” e o povo que vive e sofre as
consequências do colonialismo. Por muita dessa poesia perpassa também a esperança da
libertação. Esses autores contribuíram, de um modo decisivo, para a emergência da literatura
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Europeu me dizem.
Europeias
E europeu me chamam.
Pensamento europeu,
A fase nacional caracteriza-se pela produção de uma literatura política e de combate, que foi
cultivada, sobretudo, por escritores que militavam na Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO). Entre eles destacam-se Marcelino dos Santos, Rui Nogar e Orlando Mendes.
Essa literatura preocupa-se especialmente com comunicar uma mensagem de cunho político e,
algumas vezes, partidário. Sobressaem-se, do ponto de vista estético, as obras Portagem
(1965), de Orlando Mendes, e Silêncio escancarado (1982), de Rui Nogar. Publicado em
1965, Portagem, de Orlando Mendes, é considerado o primeiro romance moçambicano por
causa da sua perspectiva crítica em relação às estruturas coloniais e da abordagem, sem
subterfúgios, do drama de um mulato em choque com a sociedade de brancos e de negros,
minada pela presença do europeu.
A ação decorre em vários espaços, tanto rurais como urbanos, para mostrar a inadaptação do
protagonista, o mulato João Xilim, que, oscilando entre os valores dos contextos europeu e
moçambicano, termina por reencontrar-se no seu destino de africano. Ao longo do seu
percurso existencial, a personagem central é confrontada com situações que te matizam a
marginalização de João Xilim, tanto no plano profissional, como no plano afetivo. Da
condição de emigrado nas minas da África do Sul até à de ajudante numa oficina gráfica, o
protagonista exerce empregos precários (marinheiro, capataz, tipógrafo e pescador), passando
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Ninguém matou Suhura, seu primeiro livro de contos, foi publicado em 1988 e narra fatos
ocorridos durante o tempo colonial. A ele se seguiu o romance Neighbours, de 1995, que
retrata fatos ocorridos durante a guerra civil. De maneira semelhante, o livro Os olhos da
cobra verde (1997) também se inspira na vida quotidiana de Moçambique, desde o tempo
colonial até a época atual. Além desses livros, produziu o vídeo-drama Muipiti, que ganhou a
distinção de melhor vídeo moçambicano produzido em 1998 e conta a história de uma mulher
da Ilha de Moçambique.
Mia Couto transfere todo o seu potencial poético para a ficção. O moçambicano Antônio
Emílio Leite Couto, ou Mia Couto, é um dos escritores mais conhecidos da África e da língua
portuguesa. É autor de vários livros de narrativas curtas (contos e crônicas) – Cronicando
(1988), Cada homem é uma raça (1990), Estórias abensonhadas (1994), Contos do nascer da
terra (1997), Na berma de nenhuma estrada (2001), O fio das missangas (2003), O país do
queixa andar (2005) e Pensatentos (2005) – e de vários romances – Terra sonâmbula (1994),
A varanda do frangipani (1996), Vinte e zinco (1999), Mar me quer (2000), Um rio chamado
tempo, uma casa chamada terra (2002) e O outro pé da sereia (2006). O romance Terra
sonâmbulo (1994) é considerado um dos doze melhores livros africanos do século 20. Além
desses, escreveu um livro de poemas, Raiz de orvalho e outros poemas (1999), e livros
infantis. Como se pode observar, o escritor transita entre vários gêneros literários, o que,
como afirmam Rita Chaves e Tânia Macedo (2007, p. 50), pode ser visto como uma
característica da literatura moçambicana, uma vez que os escritores “migram de um gênero a
outro, optando, a cada momento, por aquele que consideram mais adequado ao que têm a
dizer”.
Nas narrativas de Mia Couto chama a atenção o motivo comum que atravessa sua escrita: a
profunda crise econômica e cultural que acompanha o quotidiano da sociedade moçambicana,
durante e depois da guerra civil, ou seja, após a independência nacional. Suas obras
problematizam a instabilidade na qual está mergulhado o povo moçambicano, a corrupção em
todos os níveis do poder, as injustiças como consequência de um racismo étnico, a
subserviência perante o estrangeiro, a perplexidade face às rápidas mudanças sociais, o
desrespeito pelos valores tradicionais, a despersonalização, a miséria. De maneira geral, nas
narrativas de Mia Couto os motivos afloram de histórias algo insólitas. O insólito é
acompanhado por episódios satíricos, que imprimem dimensões hilariantes às histórias.
Exemplo dessa particularidade do autor é o conto “Ngilina, tu vai morrer”, que narra os
infortúnios de uma moça na condição de lobolada, sua vida infeliz ao lado do marido e da
sogra, seu envolvimento total com os afazeres domésticos e a falta de perspectiva de
mudanças que a leva ao suicídio. Num relato breve, desenha-nos o conto um retrato histórico-
cultural da mulher moçambicana, num espaço cenográfico que encena as contradições que
caracterizam o país. O conto é narrado em terceira pessoa, mas atravessado por outras vozes
que se integram à voz do narrador pela reelaboração que ele opera na palavra, emprestando-
lhe uma dicção particular que implica não somente o aspecto linguístico da verbalização oral
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Ngilina nunca até ali dormiu com homem e nunca mais gostou desde aquele dia em que o
marido a possuiu. Mas ele queria sempre, todos os dias. Como diria não se lhe pertencia?
Acordava com dores na coluna, nas ancas, na cabeça, todo o corpo. Como diria qu’stou
doente? Lá estava a sogra – aquela velha maldita – a dizer: tu, lenha; tu, água; tu, balde de
barro na cabeça; tu, enxada; tu, panela de barro no lume; tu, pratos lavados... Mas lá estava a
sogra a chamá-la preguiçosa, preguiçosa, preguiçosa todo o dia do xicuembo. (CASSAMO,
1989, p. 14).
A leitura da narrativa é guiada pela procura daquilo que o próprio autor chama, na abertura da
coletânea de contos O regresso do morto (CASSAMO, 1989, p. 4), de “sabor” da terra
moçambicana, sabor esse que assume a feição de um modo singular de narrar, o qual se
caracteriza por uma eloqüência particular, uma fluência de dicção e um poder de sugestão que
parece querer inscrever, nos textos, a cultura e o modo de ser de Moçambique. Nos anos 80, o
escritor Eduardo White recupera, em sua poesia, os lugares e as marcas da moçambicanidade
e faz um pacto com o que é o sustentáculo da vida: os sentimentos de afetividade pela terra e
pelos homens que povoam “o país dos sabores”. Autor de Amar sobre o Índico (1984),
Homoíne (1987), O país de mim (1988), Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser
ave (1992), Os materiais do amor (1996), O desafio à tristeza (1996) e Janela para oriente
(1999), ele faz parte da geração que viveu a experiência da guerra e suas adversidades.
Eduardo White (2003, p. 242)
Onde se celebra
Com um discurso contido, cortante, que lembra o ofício engendrado por outros poetas de sua
geração que experimentaram a guerra, Eduardo White redimensiona a sua voz poética,
arrumando as aflições, as carências individuais, para atingir o todo, a coletividade inserida
num cenário histórico envolvido num processo de transformação constante, como bem define
o próprio poeta no momento em que é levado a falar sobre a valoração do amor em Amar
sobre o Índico (1984) e O país de mim (1988), obras produzidas num tempo árduo, gerado
pelos efeitos das guerras: Antes de mais nada gostaria de ressaltar que a temática que usei nos
dois livros é
Acima de tudo uma temática de protesto e também de relembrança. A minha geração é uma
geração de guerra: da guerra colonial, e, depois, da guerra de Smith e agora e sempre da
guerra com a Renamo. O que eu procurei é levar ao leitor uma relembrança do que afinal está
em nós ainda vivo, do que a gente acredita como sendo possível, como sendo real, que é o
amor. (WHITE apud LABAN, 1998, p. 179).
No cenário poético moçambicano desponta também a voz de Luís Carlos Patraquim, autor de
A inadiável viagem (1985), Monção (1989), Vinte e tal novas formulações e uma elegia
carnívora (1991), Mariscando luas (1992) e Lindemburgo blues (1997). Segundo Cármen
Lúcia Tindó Secco (2003, p. 259), Luís Carlos Patraquim, em suas obras, assume o exercício
da meta poesia e o jogo onírico da linguagem. Conhecedor de modernas técnicas que dão ao
verso uma cadência singular, o poeta, num jogo intertextual, estabelece, entre as arcas
peculiares da memória e da palavra poética, um diálogo artístico com vozes significativas da
literatura e da arte moçambicanas. Nesse sentido, entretecendo um ritmo gerador de
cumplicidades e oposições, o poeta leva o leitor a apreciar o entrecruzar do canto polifônico,
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os traços que remontam, na cadeia do tempo lírico, aos sinais de uma universalidade. A
memória é ilimitada e encontra na criação poética os recursos linguísticos necessários para
fazer nascer – da musicalidade dos versos, da repetição das palavras que compõem o mosaico
– a “infinita medida do canto”, pois “é preciso inventar-te porque existes / enquanto os deuses
adormecem nas páginas dos livros” (PATRAQUIM, 2003, p. 227).
A invenção poética dá o tom da lírica desse autor que dialoga com seus compatriotas e com
outros de além-mar. Segundo Elisalva Madruga (2003, p. 20), a voz de Drummond, carregada
de sentimento de mundo, ecoa em outras vozes poéticas africanas, formando com elas um
coro cuja tonalidade é orientada pelo diapasão da dor.
O sentimento alimenta a poética daqueles que precisam inventar o verso preciso para
“percorrer o tempo que nos deram” (PATRAQUIM, 2003, p. 227), na flexibilidade rítmica,
imprimindo ao poema evocativo a cadência singular proveniente “da conscientização, da
percepção das dores e das alegrias, das implosões e das explosões que provocam a morte e
impulsionam a vida” (MADRUGA, 2003, p. 21). Como bem define Drummond, no meio do
caminho tinha uma pedra que precisava ser removida para deixar falar as horas límpidas
repletas de luz, para exorcizar o medo que ronda a memória do poeta, pois “é preciso a
distância para chegar / onde o poema parte e se reparte no léxico verde do teu corpo”
(PATRAQUIM, 2003, p. 226).
Nesse sentido, o retorno à tradição, ao diálogo com outras artes, com poetas locais e de outras
nacionalidades, impõe-se ao escritor que se quer inventor de uma nova poética capaz de
formular as respostas precisas para expressar a crença de que “o poeta pode evitar o caos
quando consegue assegurar à palavra o direito e o poder de continuar fundando utopias”
(CHAVES, 2006, p. 63).
Destacam-se, além de poetas como Patraquim e Eduardo White, que procuram dar rumos
inusitados à produção literária, escritores que voltam a tratar da temática da guerra, sempre
presente nas literaturas africanas, assumindo formas interessantes de produção do relato.
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Dentre eles é importante citar Paulina Chiziane, a primeira mulher moçambicana a escrever
um romance – Balada de amor ao vento (1990). Além desse romance inicial, uma balada de
amor que envolve as personagens Sarnau e Mwando, foram publicados Ventos do apocalipse
(1999), que assume a crueza da guerra civil e a penúria dos que tentam dela se salvar, O
sétimo juramento (2000) e Niketche, uma história de poligamia (2004). Na orelha da edição
portuguesa desse último livro (CHIZIANE, 2004) transcreve-se a visão da escritora sobre o
seu processo criativo:
Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um
Romance (Balada de amor ao vento, 1990), mas eu afirmo: sou contadora de estórias
E não, romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas.
Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte. Nasci em
Vivo e trabalho na Zambézia, onde encontrei inspiração para escrever este livro.
João Paulo Borges Coelho percorre o tempo devastador da guerra civil no romance As duas
sombras (2003) e em Setentrião, volume de contos publicado em 2005. A mesma temática
está no seu livro As visitas do Dr. Valdez (2004), dirigida, nesse romance, para o tempo da
guerra colonial. Ainda a guerra é também o fio que amarra ficção e história no romance
excecional de Bahassan Adamodjy, Milandos de um sonho (2001). Ao iniciar o romance no
lugar onde nasceu, Mussquite, Adamodjy assume acontecimentos que também viveu. Mas
essa é uma estratégia que é levada ao limite no livro, antecipada pela advertência do escritor
na introdução do livro: “Qualquer semelhança de factos ou de personagens com a realidade
além do Mussquite, onde se passaram os casos retratados e narrados, será pura coincidência
[...]” (ADAMODJY, 2001, p. 9).
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Conclusão
Uma parte significativa da produção literária moçambicana deve-se aos poetas da "literatura
europeia", ou seja, aqueles que, sendo brancos, centram toda, ou quase toda a sua temática nos
problemas de Moçambique; foram eles que contribuíram decisivamente para a formação da
identidade nacional moçambicana. Merecem especial realce: Alberto de Lacerda , Reinaldo
Ferreira, Rui Knopfli, Glória Sant'Anna, Sebastião Alba, Luis Carlos Patraquim e António
Quadros. Alguns destes poetas escrevem poesia de carácter mais pessoal, enquanto os outros
estão virados para o aspecto "social". Por exemplo, Reinaldo Ferreira e Rui Knopfli são
poetas cuja obra se debruça fundamentalmente sobre a África, a "Mãe África" e o povo que
vive e sofre as consequências do colonialismo. Por muita desta poesia perpassa também a
centelha da esperança da libertação. São estes autores que contribuíram deum modo decisivo
para a emergência da literatura da "moçambicanidade". Em muitos destes poetas podemos
detectar a alienação em que se encontram perante a sociedade africana a que pertencem
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Bibliografia
NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária. Lisboa:
Caminho, 2002. NOA, Francisco. Literatura Moçambicana: os trilhos e as margens. In:
CALAFATE, Ribeiro. MENESES, Maria Paula (Orgs). Moçambique das palavras escritas.
Porto: Edições Afrontamento, 2008.