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Linguistica Bantu 1

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CURSO MÉDIO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRIMÁRIOS EM

EXERCÍCIO E À DISTÂNCIA

LINGUÍSTICA BANTU

MÓDULO 01
Ficha Técnica:

Consultoria :
• Rachael Elizabeth Thompson

Direcção:
• Maria da Graça Eugénio Simbine da Conceição Brás - Directora do IAP
Coordenação:
• Luís João Tumbo - Chefe do Departamento Pedagógico do IAP
Digitação:
• Fátima Nhantumbo
• Filomena Paulino Uamusse
• Hermínio Banze

Ilustração:
• Bié Artes

Maquetização:

• Hermínio Banze
• Moisés Ernesto Magacelane
Impressão :
• Carlos Mundau Cossa
• Esperança Pinto Muchine

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Como estudar o módulo

O estudo à distância pressupõe um grande sentido de responsabilidade e disciplina


pois, diferentemente do que ocorre no ensino presencial ninguém, senão nós
próprios, nos incita a trabalhar. Por outro lado, o facto de estudar sozinho pode,
também ser dificultado pela ausência de capacidade de utilizar correctamente o
material de que se dispõe. Nesse sentido propomo-nos antes de passar
concretamente aos assuntos tentar cultivar, por um lado, um procedimento
responsável diante do estudo e, por outro, oferecer alguns subsídios sobre a
correcta utilização dos seus módulos.

Julgamos particularmente importante, entre outros, os seguintes procedimentos ao


longo do seu estudo:
a) Ler o(s) tema(s) completamente com a devida atenção e concentração;
b) Resolver os exercícios sem olhar para a solução, num caderno apropriado;
c) Contactar o(a) tutor(a) ou formador(a) do(s) IMAP(s) ou do (s) CFPP(s) em
caso de dificuldades;
d) Pode , também, consultar outros profissionais e colegas do curso.

É importante evitar emocionar-se pela possibilidade que tem de estudar e cometer,


por exemplo, o erro de querer consumir de uma só vez todos os módulos entrando,
desse modo, em temas mais adiantados sem, ainda, ter concluído os precedentes.
Tal atitude provocar-lhe-ia sérias dificuldades de aprendizagem. Mas também
advertimos que você não precisa de ser vagaroso. Pelo que é preciso respeitar o
tempo estabelecido para a frequência do curso.

Para a frequência do curso em Introdução à Linguística Bantu foram propostos 3


módulos.

3
CURSO MÉDIO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRIMÁRIOS EM
EXERCÍCIO E À DISTÂNCIA
(10ª + 2)

LINGUÍSTICA BANTU

MÓDULO-01

Elaboração:

• Fátima Ilda de Araújo


• Moisés Ernesto Magacelane

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Prezado professor

Colocamos em suas mãos mais uma disciplina importante para a sua formação
geral: a Introdução à Linguistica Bantu. Esta disciplina com 3 módulos auto –
instrucionais irá fornecer-lhe conhecimentos que permitirão ter domínio da estrutura
das línguas bantu de Moçambique com vista a trabalhar com uma relativa facilidade
e segurança com crianças que tenham dificuldades de aprender na língua
portuguesa. Para estes casos o professor vai precisar de recorrer muitas vezes ao
uso de uma ou mais línguas bantu para auxiliar as crianças na sua aprendizagem,
uma vez que a língua portuguesa não tem capacidade de traduzir fielmente a
riqueza e complexidade da nossa cultura, pois, é nas línguas bantu onde residem,
se preservam e se transmitem os principais elementos constitutivos da identidade
cultural moçambicana. Embora não seja a língua o único veículo de transmissão,
recepção e conservação da cultura, ela é o único meio capaz de se debruçar sobre
todas as outras manifestações culturais de um povo.

Está cientificamente provado, e a experiência de Moçambique confirma-o, que, uma


metodologia de ensino e de alfabetização numa língua segunda (recorde-se que o
português de Moçambique para a maior parte dos seus poucos utentes é língua
segunda) não pode conhecer êxitos se não se levar em conta as línguas maternas
dos alunos ou alfabetizandos.

Os módulos de Introdução à Linguística Bantu abordarão temas como a família das


línguas bantu, ortografia, morfologia nominal, morfologia verbal, e a modernização
linguística. Findo o estudo destes temas esperamos que o caro professor seja capaz
de identificar as línguas bantu de Moçambique; descrever as características das
línguas bantu, particularmente as faladas em Moçambique; apontar algumas
diferenças ortográficas e de sons de algumas letras entre o português e as línguas
bantu e escrever textos usando correctamente as regras ortográficas da sua língua
(bantu). Para que o seu estudo decorra com sucesso aproveite o conhecimento e
experiência que você possui como falante nativo das línguas bantu.

Esperamos que você goste desta nova disciplina e utilize os


conhecimentos que nela adquirir para melhorar a qualidade do ensino e
aprendizagem em Moçambique.

Mãos à obra!

Vamos iniciar o nosso estudo neste módulo introdutório com o tema a família das
línguas bantu.

Caro professor, na área das ciências sociais e humanas, mais concretamente no


que diz respeito aos estudos da linguagem, é no século XIX (dezanove) que se
assiste ao nascimento de uma nova ciência, a linguística, que se define como a
ciência da linguagem, ou simplesmente, estudo científico da linguagem.

Actualmente, a linguística, como estudo científico da linguagem, não só é uma


disciplina como também se constitui em conjunto de disciplinas ou como resultado
de encontro entre esta e outras ciências, ou como resultado da diferença dos

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objectivos em vista quando se desenvolve um determinado estudo da língua. Três
exemplos de tais disciplinas são:

Linguística Histórica, que procura investigar e descrever a forma como as línguas


mudam ou mantêm a sua estrutura no curso do tempo. Portanto, em linguística
histórica, língua é encarada como um fenómeno, ou seja, algo dinâmico cujo
desenvolvimento compreende vários estágios, isto é passa por várias situações.

Linguística Descritiva, que estuda a língua descrevendo as suas estruturas e as


regras do seu funcionamento de acordo com a maneira como é usada pelos falantes
num determinado intervalo de tempo.

Linguística Comparada, faz o estudo comparado das línguas aplicando alguns


métodos entre os quais:

a) Tipológico, que se baseia em traços destacados pela análise da estrutura


das línguas que se pretende estudar. Este método não implica nem o
parentesco genético, nem aproximação geográfica das línguas, mas também
não os exclui. Estuda os fenómenos de convivência e divergência, previsão,
de certo modo, de mudanças linguísticas, verificação de resultados obtidos
pela reconstrução histórica;

b) Genealógico (método baseado na série de gerações pertencentes a uma


família), que se apoia em diferentes modelos que reflectem o processo
histórico de divisão de uma língua antiga, ou seja, a primeira língua que foi
falada pelos nossos antepassados em línguas dela originada. Tais modelos
são construídos com base em determinadas unidades obedecendo, por
exemplo, à seguinte ordem:

Família

Sub – família

Grupo de línguas

(Sub grupos de línguas)

Línguas

Dialectos

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A linguística, ciência que estuda a linguagem, nasceu no século XIX
(dezanove).

Para levar a cabo o estudo da linguagem, a linguística é auxiliada por


3 disciplinas nomeadamente: Linguística Histórica, Linguística
Descritiva e Linguística Comparada.

A situação socilinguística da África pré-colonial continua praticamente a ser


desconhecida. As tentativas de formar-se de novo os movimentos migratórios têm
sido feitas com base na actual dispersão linguística do continente. A análise de
dados baseados na experiência prática das diferentes línguas faladas na região Sul
do continente africano permitiu constatar a existência de algumas características
comuns do ponto de vista do som, da combinação das palavras na frase, do
vocabulário, etc, entre as línguas de um grupo a que mais tarde se chamou “bantu”.

Amigo professor, os exemplos que se seguem são muito engraçados, pois, ilustram
a semelhança morfológica da palavra que significa “homens”, “gente” ou “povos” em
algumas línguas moçambicanas, com relativas diferenças ao nível dos sons que
podem ser explicadas em termos históricos. É da semelhança entre essas palavras
que se formou o termo “bantu”. Assim temos:

Kiswahile: Wa – tu
Ciyao : Va – ndu
Shimakonde: Va – nu
Emakhuwa: A – thu
Cinyanja: A – nthu
Cinyungwe: Wa – nthu
Cishona: Va – nhu
Xichangana: Va – nhu
Gitonga: Ba - thu

O som C em bantu é igual ao som Ch em português, então, por exemplo Ciyao em


bantu escrever-se-ia Chiyao em português. O som K na língua bantu é igual ao som
q na língua portuguesa, por exemplo Kiswahili seria em português quiswahili. Mais
detalhes sobre este assunto trataremos quando falarmos da ortografia das línguas
bantu, no 2º módulo.

Esta lista, amigo professor, poderia ser mais longa e sempre se verificaria que as
duas partes do vocábulo seriam constantes em todas as línguas, ou seja, um prefixo
(de classe 2) “ba –“ (Wa -, va -, a - ) (isto no caso do plural, pois se fosse no singular
teríamos “mu”) e um tema nominal “-ntu” (-ndu, -nhu, -thu, - tu).

Outra preocupação dos estudiosos foi procurar sistematizar os critérios que


permitem saber se uma determinada língua pertence ou não a este grupo. Assim,
uma língua bantu distingue-se de outras línguas não bantu através dos seguintes
critérios:

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• Critérios principais
• Critérios subsidiários

Comecemos então por estudar os critérios principais das línguas bantu que
consistem em:

I. Ter um sistema de géneros gramaticais, em número não inferior a cinco,


apresentando as seguintes características:

a) Os indicadores de género devem ser prefixos, através dos quais os


nomes podem ser distribuídos em classes, cujo número varia,
geralmente, entre 10 e 20;

b) As classes devem associar-se regularmente em pares que opõem o


singular ao plural de cada género. Além dos géneros de duas classes
existem géneros de uma só classe, isto é, em que não se verifica a
oposição singular/plural e o prefixo de classe pode ser idêntico ou não
a um dos prefixos (seja singular, seja plural) de um dos géneros de
duas classes, outras vezes a oposição pode ser tripartida, podendo,
além de se distinguir entre o singular do plural, também entre os dois
números e o colectivo;

c) Quando uma palavra tem um prefixo independente (PI) como indicador


de classe, toda a palavra a ela subordinada deve concordar com ela
por meio de um prefixo dependente (PD);

d) Não deve haver correlação entre o género e a noção sexual ou


qualquer outra categoria semântica claramente definida. Portanto,
deve-se dar ao termo “género” um sentido mais vasto, sem referência
necessária a sexo, ou sem analogia clara com uma distinção natural,
mas apenas como uma categoria de concordância gramatical.

II. Deve ter um vocabulário comum a outras línguas, a partir do qual se pode
formular uma hipótese sobre a possível existência de uma língua ancestral
comum.

Prosseguindo, o caro professor, vai agora aprender os critérios subsidiários das


línguas bantu que consistem em:

1. Ter um conjunto de radicais (RAD) invariáveis a partir dos quais a maior parte
de palavras se forma por aglutinação de afixos, apresentando os seguintes
traços:

a) Uma estrutura básica do tipo –cvc-. Sabe o que significa a sequência


–cvc-? Se não eu explico-lhe –cvc- significa – consoante-vogal-
consoante, pois é assim que as línguas bantu se estruturam. Veja o
exemplo desta palavra da língua Shimakonde:

Ex: Madodo – pernas


cvc

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Veja agora o exemplo na língua Ciyao:

Kugava – dividir
cv c
Porém, esta estrutura, apesar de ser a estrutura básica, não é rígida, pois há casos
em que ela não ocorre.

Veja os seguintes exemplos da língua Cinuyngue:

m a n j a. mão
cvccv

Veja aqui, que temos a estrutura consoante-vogal-consoante-consoante-vogal.

Veja o exemplo da língua da língua Shimakonde:

m p e e m e – tipo de árvore

ccvvc v

Esta palavra é mais um exemplo da não rigidez das línguas bantu à estrutura cvc,
pois na palavra mpeeme por exemplo, temos a estrutura: consoante-consoante-
vogal-vogal-consoante.

b) Juntando-se-lhes sufixos gramaticais devem formar bases verbais (BV), ou


seja sufixos gramaticais que são aqueles que se juntam ao radical para
formar bases verbais. Veja os exemplos que se seguem:

Exemplo do Cisena:

- famb - a - anda

radical sufixo gramatical

base verbal

Exemplo do Cibalke:

- mbzeng – a - esquiva

radical sufixo gramatical

base verbal

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c) Juntando-se-lhes sufixos lexicais (sfn) devem formar temas nominais, isto é,
os prefixos lexicais são aqueles que se juntam ao radical para formar temas
nominais, ou seja substantivos, vejamos os exemplos seguintes:

Exemplo do Xichangana:

Mi – rim – i - Camponês

Prefixo Radical sufixo lexical

Tema nominal
Exemplo do Cindau:

Sha - mwar -i - amigo

Prefixo radical sufixo lexical

Tema nominal

Se um nominal tiver um género de duas classes, os fonemas e o padrão tonal do


tema devem ser idênticos nas duas classes;

d) Entre o radical e o sufixo deve ser possível inserir-se um sufixo derivacional


chamado morfema de extensão (ext). Vejamos os exemplos que se seguem:

Exemplo do Xirhonga:

Kud - is -a - dar de comer

(Radical) (morfema (sufixo gramatical)


de extensão )

Exemplo do Gitonga:

Ku – reng – is - a - vender

(Prefixo) (radical) (morfema (sufixo gramatical)


de extensão)

e) Os radicais devem aparecer sem afixos. Veja este exemplo do Cimanyika:

End -a - vai

Radical sufixo

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O radical “end” deve, portanto, aparecer sem afixos, neste caso o sufixo “ – a”

É importante que você saiba que o sistema de classes não é característica exclusiva
das línguas bantu, mas é nelas que ele é mais desenvolvido e mais regular.

O termo classe é por vezes empregue para designar pares de classes em oposição
singular/plural, a que se chama género.

Uma classe nominal é constituída por um conjunto aberto de nominais que


controlam a concordância gramatical marcada principalmente por prefixos, embora
às vezes apareçam nomes sem prefixos independentes.

Os sinais que marcam a diferença de uma língua bantu de outras não


bantu são os seguintes:

• Critérios ou sinais principais que consistem em ter um sistema de


géneros gramaticais, em número não inferior a cinco.

• Critérios ou sinais subsidiários que consistem em ter um conjunto


de radicais invariáveis (palavra que não tem flexão) a partir dos
quais a maior parte das palavras se forma por aglutinação de
afixos.

Nos módulos de linguística bantu usará muitas vezes as palavras flexão e


aglutinação, você sabe o que significam essas duas palavras? Se não, fique a
saber:

Dá-se o nome de flexão as diferentes formas que tomam as palavras variáveis,


conforme o número, género, grau, modo, tempo e pessoa que designam.

Aglutinação é o processo de formação de palavras por composição, em que duas


ou mais palavras se fundem numa só.

exercícios:
Teste agora a sua aprendizagem realizando os seguintes exercícios
I. A Linguística Comparada é uma das disciplinas auxiliares da Linguística e faz o
estudo comparado aplicando alguns métodos.

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a) Quais são os dois métodos da linguística comparada que você
aprendeu?

1. -----------------------------------------------------

2. -----------------------------------------------------

II. Assinale com X as afirmações que constituem os critérios principais das línguas
bantu.

a) Os indicadores de género devem ser prefixos, através dos quais os


nomes podem ser distribuídos em classes cujo número varia entre 10
e 20.

b) Os radicais devem aparecer sem afixos.


c) Juntando-se sufixos gramaticais ao radical deve formar-se bases
verbais.

d) Quando uma palavra tem um prefixo independente como indicador de


classe, toda a palavra a ela subordinada deve concordar com ela por
meio de um prefixo dependente.

III. Assinale com F ou V, conforme as afirmações sejam verdadeiras ou falsas, em


relação ao significado da palavra “bantu”.

a) A análise de dados empíricos das diferentes línguas faladas na


região sul do continente africano permitem constatar a existência de
algumas características comuns ao nível do som, do vocabulário, etc.
entre línguas de um grupo a qui mais tarde se chamou “bantu”.

b) O termo bantu, significa homens, pessoas, gente ou povos.

c) A palavra bantu é constituída por um prefixo de classe 2 (ba-) e um


tema nominal (-ntu).

IV. É, por exemplo, da semelhança entre as seguintes palavras que nas respectivas
línguas significa povos, homens, pessoas, gente, que se formou o termo bantu.
Assim, relacione a coluna da esquerda com a direita para estabelecer ligação
correcta entre a língua e palavra que signifique povos, etc.

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a) Cishona 1. Wa – tu
b) Emakhuwa 2. Wa –nthu
c) Kiswahili 3. a – nthu
d) Xichangana 4. Va – nhu
e) Shimakonde 5. a – thu
f) Ciyao 6. Va – nu
g) Gitonga 7. ba – thu
h) Cintungue 8. Va – nhu
i) Cinyanja 9. Va - ndu

Agora vamos conferir as suas respostas:

Questão I

Se você respondeu Tipológico e Genealógico, então considere a sua resposta


correcta pois realmente esses são os dois métodos da linguística comparada que
você aprendeu.

Questão II

a) se assinalou X nesta alínea, então a sua resposta está correcta, pois


esta afirmação faz parte da lista dos critérios principais das línguas
bantu.

b) Aqui de certeza não assinalou nada, porque, a afirmação “ os radicais


devem aparecer sem afixos” é de facto um critério das línguas bantu,
só que não é critério principal, é um dos critérios subsidiários das
línguas bantu.

c) Aqui também não assinalou nada de certeza, pois trata-se de outro


critério subsidiário, quando a questão pedia para que você assinalasse
apenas critérios principais.

d) Agora sim, só pode ter assinalado X aqui, uma vez tratar-se de um


critério principal.

Questão III

a) Aqui deve de certeza ter assinalado F, pois, embora seja verdade

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que foi com base na análise dos dados empíricos das diferentes
línguas faladas na região Sul do continente africano que se constatou
existir algumas semelhanças entre elas, mas é falso em relação à
questão colocada, pois nesta afirmação não nos dá o significado do
termo bantu.

b) Você assinalou V, aqui é verdade que bantu significa, homens,


pessoas, gente ou povos.

c) Aqui é F, uma vez que a afirmação desta alínea é falsa, porque


também não nos dá o significado do termo bantu.

Questão IV

A sua resposta será considerada correcta se relacionou a coluna da esquerda com


a da direita da seguinte maneira:

a) 8
b) 5
c) 1
d) 4
e) 6
f) 9
g) 7
h) 2
i) 3

Amigo professor, actualmente, o termo “bantu” é usado nos estudos da linguística


moderna para se referir a um grupo de cerca de 600 línguas faladas por perto de
220 milhões de pessoas numas vasta região da África contemporânea que se
estende a Sul de uma linha que vai desde os montes Camarões (a Sul da Nigéria),
junto à costa atlântica, até à foz do rio Tana (no Quénia), abrangendo os seguintes
países: África do Sul, Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo,
Gabão, Guine – Equatorial, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Moçambique, Namíbia,
Quénia, República Democrática do Congo, Ruanda, Swazilândia, Tanzânia,
Uganda, Zâmbia, Zimbabwe. Exceptuam-se, contudo, alguns enclaves constituídos
por línguas da família Khoi e San, que não pertencem ao grupo bantu em alguns
dos países mencionados, nomeadamente: Khoi, San e Hotentote (Kalahari), na
África do Sul e Namíbia; Masaai e Luo, no Quénia; Hadza (Hatsa), Iraqw, Maasai,
Sandawe, na Tanzânia.

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Veja no mapa que se segue a distribuição das famílias das línguas africanas pelo
continente africano. Verá também aqui onde se falam as línguas bantu.

Como é que as línguas bantu chegaram a todos esses países onde se falam hoje?

A dispersão bantu pelo continente africano deu-se em diferentes etapas,


correspondentes a dez fases, ao longo de mais de dois mil anos da seguinte
maneira:

Fase 1, por volta do ano 1000 a.n.e (antes da nossa era);

Desenvolvimento das línguas bantu na região camaronesa entre as populações


utentes de instrumentos de pedra que, relativamente cedo, conseguiram domesticar
gado caprino e começaram a praticar a agricultura.

Fase 2 a, cerca de 1000 – 400 a.n.e;

Dispersão de alguns desses falantes das línguas bantu em direcção a oriente ao


longo do limite Norte da floresta equatorial. Neste processo, entraram em contacto
com povos agricultores que se supõe sejam os antepassados dos falantes das
línguas sudânicas de quem, depois de um período relativamente longo de contacto,

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adoptaram a criação de gado bovino e ovino, bem como o cultivo de certos cereais,
sobretudo o sorgo. É quase certo que nesta fase, os povos falantes das línguas
bantu já tinham adquirido as técnicas de produção de utensílios de metal.

Fase 2 b, por volta de 1000 – 200, a.n.e;

Um segundo grupo de povos falantes de línguas bantu deslocou-se dos Camarões


rumo ao Sul, para a região do baixo Congo. Estes usavam utensílios de pedra,
panelas de barro e devem ter trazido com eles as técnicas de produção de
alimentos que já eram conhecidos pelos seus antepassados na região dos
Camarões.

Fase 3, cerca de 400 – 300, a.n.e ;

Os falantes das línguas bantu mencionados na fase (2a), os tais que se tinham
deslocado para o oriente a partir dos Camarões, fundaram uma cultura da Idade de
Ferro Inferior na região de Entre Lagos.

Fase 4, cerca de 300 – 100 – a.n.e ;

Alguns dos povos que se tinham estabelecido entre os flancos da floresta equatorial
e as zonas de savana do Sul deslocaram-se para o ocidente rumo ao Baixo Congo,
onde foram responsáveis pela introdução de muitos aspectos da cultura da Idade de
Ferro Inferior, junto de outros grupos de falantes de línguas bantu referidos em (2b)
que se tinham deslocado directamente dos Camarões para a região do Baixo
Congo. Esta fusão deu subsequentemente a vaga ocidental da Idade de Ferro
Inferior.

Fase 5, cerca de 100 a.n.e ;

Uma dispersão para o Sul do grupo do ocidente, trouxe a cultura da Idade de Ferro
Inferior para o Baixo Congo através da Angola, para o Norte da Namíbia,
acompanhado de falantes das línguas bantu do grupo das Terras Altas Ocidentais.

Fase 6, por volta de 100 – 200, n.e (nossa era);

A vaga oriental da Idade de Ferro Inferior daqueles povos, que não se tinham
deslocado para o ocidente rumo ao Baixo Congo, deslocou-se em direcção ao Sul e
ao oriente, a partir da região lacustre (à margem de um lago) da costa do Sul do
Kenya e Norte da Tanzânia. As línguas destes povos e de outras comunidades da
vaga oriental eram relacionadas com as línguas bantu faladas pelos povos que se
tinham deslocado para o oriente, tal como foi notado na Fase 2 a.

Fase 7a, cerca de 300 – 400, n.e;

Uma grande expansão da vaga oriental da região à margem do lago para o Sul
passou pelas terras altas do Lago Niassa em direcção a Transval. O facto de
passar por regiões infestadas pela mosca tsé-tsé no Sul da Tanzânia, parece ter
impedido que estes fossem até ao Sul com o seu gado.

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Fase 7b, cerca de 300 – 400, n.e;

Uma expansão paralela rumo ao Sul a partir das planícies da região oriental do
Lago Niassa, levou gente ao Sul de Moçambique e a Transval Oriental.

Veja-se no mapa que se segue a ilustração das fases 1 (desde cerca do ano 1000 a
.n.e.) até à fase 7b(por volta dos anos 300 – 400 da n.e.) aqui descritas:

As sete fases apresentadas neste mapa foram seguidas de outras que são as
seguintes:

Fase 8, 400 – 500, n.e;

Povos do grupo ocidental expandiram-se para o oriente, para o interior de Shaba e


região ocidental da Zâmbia. Nesta última região, foram estabelecidos contactos com
os povos do grupo oriental.

Fase 9, por volta de 500 – 1000, n.e;

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Ocorrência em Shaba de um aumento substancial de povos da Idade de Ferro
Inferior, ao mesmo tempo assistia-se a um desenvolvimento económico, tecnológico
e sócio–político, permitindo mais tarde a prática de culturas de Idade de Ferro
Inferior pelos povos bantu do grupo das Terras Altas Orientais.

Fase 10, cerca de 1000 – 1220, n.e;

Expansão de falantes das línguas das Terras Altas Orientais de Shaba introduziu a
cultura da Idade de Ferro Superior na metade oriental do sub–continente.

Este mapa ilustra as fases 8 a 10 das migrações dos povos bantu. vê-se que o
núcleo 9 constitui o ponto de chegado dos povos que se deslocam do ocidente e,
mais tarde para o Norte, o oriente e o Sul.

Caro professor, pode-se considerar que as migrações bantu são


marcadas por dois grandes momentos. Um primeiro momento, que vai
desde o ano 1000 a . n. e. até aos anos 300 – 400 da n.e., e um segundo
momento que vai desde os anos 400-500 da n.e. até aos anos 1000 –1110
da n.e.

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Mais detalhes sobre a expansão bantu, consulte o módulo 01 da disciplina de
História.

Bem! Você aprendeu as línguas bantu no geral; o que será que acontece então com
as línguas bantu de Moçambique?

Caro professor, em Moçambique, apesar de o português ser a língua oficial, as


línguas bantu procuram por si mesmas impor-se e quebrar as barreiras em que o
implícito estatuto de não oficiais as coloca, pois a comunicação diária da maioria
dos moçambicanos é estabelecida através das línguas bantu.

As línguas bantu de Moçambique têm estado a reivindicar um estatuto que ponha


fim à desvantagem secular em que se encontram em relação à língua portuguesa.
Porém, precisam de se desenvolver para que a relação com a língua portuguesa
seja de complementaridade e não de domínio desta sobre as outras, como vem
acontecendo até agora.

A tendência de alguns especialistas da área de linguística de Moçambique tem sido


a de reduzir tanto quanto possível o número de línguas faladas neste país. Assim,
em relação a outros países africanos, a situação linguística de Moçambique pode
ser considerada das menos complexas.

Amigo professor, que tal agora ficarmos a saber onde se fala o quê? Boa ideia não
é? Então vamos a isso.

Comecemos pela língua Kimwani que se estende na faixa costeira na província de


Cabo Delgado nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Ibo,
incluindo nela as ilhas do arquipélago das Quirimbas. É também falada em Pemba,
capital da província de Cabo Delgado, assim como na vila de Palma, pelos Mwanis
que ali residem.

Segundo os dados do censo populacional de 1997, a língua Kimwani é falada na


província de Cabo Delgado, como língua materna por cerca de 25.653 pessoas, a
maioria das quais nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Ibo e
cidade de Pemba.

Shimakonde localiza-se na região Norte da província de Cabo Delgado, numa


superfície de 40.000km2 Apesar de os 233.358 falantes desta língua em
Moçambique (segundo o censo de 1997) encontrarem-se espalhados por quase
todo o território nacional, é principalmente em 7 distritos da província de Cabo
Delgado onde o Shimakonde é falado como língua materna, a saber: Macomia,
Meluco, Mocímboa da Praia, Mueda, Muidumbe, Nangade e Palma.

O Ciyao é falado principalmente em três países a saber: Malawi, Moçambique,


Tanzânia e algumas regiões de Zâmbia e Zimbabwe. Não se sabe ao certo o nº total
dos seus falantes, mas uma estimativa aponta para pouco mais de um milhão e
meio de utentes deste idioma, espalhados pelos cinco países. A maior concentração

19
dos falantes desta língua em Moçambique encontra-se na província de Niassa e
Cabo Delgado. A província de Niassa é aquela que é considerada como sendo o
“habitat” natural dos falantes desta língua, pois é considerada o berço do povo Yao.

A língua Emakhuwa é falada nas seguintes províncias: Nampula (em toda a


província); Cabo Delgado (nos disritos de Montepuez, Balama, Namuno, Pemba,
Ancuabe, Quissanga, Chiúre, Mecufe, parte dos distritos de Meluco, Macomia e
Mocímboa da Praia); Niassa (Metarica, Cuamba, Mecanhelas, Maúa, Nipepe e
Marupa); Zambézia (Pebane, Gurué, Gilé, Alto Molócue e Ile). Segundo o censo
populacional de 1997, o Emakhuwa é falado por cerca de 3.291.916 pessoas.
Portanto, ao nível de todo o território nacional é a língua com mais falantes.

A língua Echuwabo é falada nas províncias de Zambézia (distritos de Maganja da


Costa, Quelimane, Namacurra, Mocuba, Mopeia, Morrumbala, Lugela, Inhassunge,
Mugogoda e Milange); Sofala (Beira). Segundo o censo populacional de 1997, o
Echuwabo é falado por cerca de 786.715 pessoas.

Cinyanja é falado nas províncias do Niassa (Mecanhelas, Mandimba e Lago);


Zambézia (Milange); Tete (Angónia, Furancungo, Macanga, Zumbo, Tsangano e
Partes de Fíngoé, Cazula e Moatize); é falada ainda no Malawi e na Zâmbia. Há
497.671 falantes de Cinyanja em Moçambique, conforme os dados do censo de
1997.

O Cinyungwe é basicamente falado na província de Tete, nos distritos de Moatize,


Changara, Cahora Bassa e partes de Marávia. Existem registos de existência de
falantes desta lingua no Malawi, Zimbabwe e Zâmbia. Há cerca de 298.716 falantes
de cinyungwe em Moçambique, segundo o curso de 1997.

Que tal amigo professor? Qual é a sensação de saber que essas línguas são
faladas nessas locais e por esse número de pessoas? Curioso não é?

Vamos então continuar a saber mais sobre outras línguas.

O Cisena é falado em 4 províncias, nomeadamente: Sofala, Manica, Zambézia e


Tete. Tem cerca de 876.057 falantes, conforme o censo de 1997.

O Cibalke situa-se na província de Manica e cobre todo o distrito de Barué, à


excepção da localidade da Serra Shôa. Os falantes desta língua autodenominaram-
se Wabalke. Os seus vizinhos imediatos são os (wa)manyika, (wa)tonga,
(wa)golongozi e (wa)tewe. No entanto nas áreas de Katandika, Chozvo, Honde e
Lenyamatamba, o Cibalke é tido por mais puro.

A zona coberta por esta língua vai desde o rio Púngué (localidade de
Senyammutamba), ao sul da Serra Shôa, a Oeste do distrito de Guro, ao Norte e
Leste do distrito de Gorongosa. Não é possível determinar o número de falantes,
pois o censo populacional de 1997 não faz referência a esta língua, talvez por ser
considerada um dos dialectos do Shona, língua falada por cerca de 15.000 pessoas
na região.

20
Cimanyika é falado ao longo da região fronteiriça da província de Manica com a
República do Zimbabwe, nos distritos de Mossurize, Manica, Bárwe e Sussundenga.
Também é falada a leste da República do Zimbabwe. Segundo o censo de 1997,
existem 121.993 falantes de Cimanyika em Moçambique.

O Cindau é falado nas províncias de Sofala, Manica e na zona Setentrional da


província de Inhambane. Também é falado na República do Zimbábwe. Há cerca de
581.000 falantes de cindau em Moçambique, segundo os dados do censo de 1997.

O Ciutee é falado na cidade e arredores de Chimoio, província de Manica. Estima-


se em cerca de 250.000 o número de falantes de Ciutee, de acordo com o censo de
1997.

O Gitonga é falado na província de Inhambane, em regiões circunvizinhas à Baia


de Inhambane. Distribui-se por: cidade de Inhambane, distrito de Inhambane,
Morrumbene, Homoíne e Inharrime. Amigo professor, é importante que tome nota
de que existem núcleos de falantes de Gitonga espalhados por todo o país, sendo
de destacar o da cidade de Maputo. Segundo os dados do censo populacional de
1997, o Gitonga é falado por cerca de 350.991 pessoas.

A língua Cicopi é falado predominantemente nas províncias de Inhambane (distrito


de Zavala, Inharrime e Homoíne) e Gaza (Manjacaze, Chidenguele e Chongoene)
Segundo o censo populacional de 1997, o Cicopi é falado por cerca de 245.591
pessoas no país.

O Xichangana é falado nas províncias de Maputo (nos montes Libombos,


abrangendo parte dos distritos de Namaacha, Moamba, e Magude); Gaza ( Bilene,
Massingir, Manjacaze, Chibuto, Guijá, Chicualacuala, Xai–Xai e Limpopo);
Inhambane (Panda, Morrumbene, Massinga, Vilanculo e Govuro). Esta língua é
ainda falada na zona meridional da República do Zimbabwe e na África do Sul
(província de Transval). De acordo com o censo populacional de 1997, o
Xichangana é falado por cerca de 1.423.327 habitantes em Moçambique. Depois do
Emakhuwa, é a segunda língua com maior número de falantes ao nível de todo o
território nacional.

O Citshwa é falado nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, e na zona


meridional das províncias de Manica e Sofala. De acordo com o censo de 1997, é
falado por cerca de 10.088 habitantes.

O Xirhonga é falado nas províncias de Gaza e Maputo (Manhiça, Marracuene,


Boane, Catembe, Ponta do Ouro, Moamba–Sede, parte dos distritos da Namaacha,
cidades de Maputo e Matola). Esta língua é falada por 205.064 habitantes, segundo
o censo populacional de 1997.

Já viu amigo professor, como o nosso país tem muitas línguas? É mesmo motivo
para nos orgulharmos.

21
Veja agora o mapa linguístico de Moçambique (Nelimo, 1989), para melhor
visualizar a localização das línguas bantu de Moçambique.

Há vários estudiosos que com as suas investigações contribuiram para o melhor


conhecimento das línguas bantu. Dentre eles se destacam Doke e Guthrie, que
fizeram a classificação das línguas bantu.

Doke, por exemplo, considera que as línguas bantu distribuem-se em zonas, que
são áreas caracterizadas por fenómenos linguísticos uniformes ou semelhantes.
Dentro de cada zona há grupos, os grupos são conjuntos de línguas com traços
comuns ao nível dos sons e gramatical, mais ou menos salientes e têm um alto grau
de intercompreensão. Esta classificação feita por Doke é fundamentalmente
geográfica.

22
Mas Guthrie, amigo professor, vai ainda mais longe, pois, faz uma classificação que
não se limita só ao nível geográfico, mas atinge o genealógico (relações
estabelecidas através de gerações). Ele agrupa as línguas em 15 zonas codificadas
por letras maiúsculas, a saber: A,B,C,D,E,F,G,H,K,L,M,N,P,R,S como está
representado na figura.

Mapa ilustrativo das zonas codificadas por letras maúsculas

Internamente, cada zona divide-se em vários grupos de línguas estabelecidas


conforme critérios de proximidade/distanciamento linguístico e geográfico,
reflectindo um certo grau de proximidade genealógica.

23
Atenção! Caro professor preste atenção à seguinte explicação:

Cada grupo de línguas é codificado por um número decimal sufixado à letra do


código da respectiva zona. Por exemplo: P.20, significa grupo Yao, abrange as
línguas Ciyao, Cimwela, Shimakonde, etc. Isto significa que o Yao faz parte da zona
P e constitui o grupo 20 dessa mesma zona.

Codificada a zona e grupo como é que se codificariam as outras línguas do mesmo


grupo?

Não se assuste, senhor professor, isto não é difícil, pois o que acontece é o
seguinte:

As línguas que constituem cada grupo são, por sua vez codificadas através de
unidades dentro desse número decimal. Por exemplo, a língua Shimakonde tem o
código 3 dentro do grupo 20, da zona P. Assim, P23 significa (na classificação de
Guthrie ora em estudo) língua Shimakonde do grupo Yao da zona P.

Entendeu? Se não entendeu, não se preocupe entenderá melhor quando observar


com mais detalhes a classificação que Guthrie fez às línguas bantu de Moçambique.

De acordo com a classificação de Guthrie, as línguas bantu de Moçambique


distribuem-se por quatro (4) zonas diferentes, a saber: G, P, N e S (de Norte a Sul).
Distribuídas por estas zonas, as línguas moçambicanas podem apresentar-se nos
seguintes grupos linguísticos como se segue:

1. Zona G: G40: Grupo Swahili: G42: Kiswahili


G45: Kimwani

2. Zona P: P.20: Grupo Yao: P 21: Ciyao


P 23: Shimakonde
P 25: Shimabiha
P 26: Cimákwe

P. 30. Grupo Makhuwa – Lomwe: P31: Emákhuwana


*Exirima
P32: Elómwé
* Emarevone
* Manyawa
P33: Emetto (Ngulu)
* Esáaka
* Enahara
P34 : Echuwabo
* Nyaringa
* Kurungo
* Mayindo
P35: Ekoti
* Esankaci

24
3. Zona N: N30: Grupo Nyanja: N31a: Cinyanja

N.31b: Cicewa
N.31c: Cimangánja
N40: Grupo Nsenga – Sena: N. 41: Cinsenga

N.42: Cikunda
N.43: Cinyungwe
* Citonga
N.44: Cisena
N.45: Ciruwe
N.46: Cipodzo

4. Zona S: S10: Grupo Shona: S.11: Korekore


S.12: Zezuru
S.13a: Cimanyika
S.13b: Ciwutewe
* Cibarwe
* Gorongozi
S.15a: Cindau
S.15b: Cindanda

S50: Grupo Tswa – ronga (Tsonga) S.51: Xitswa


S.52: Xigwamba
S.53: Xichangana
S.54: Xirhonga
S.55: Xilhengwe

S60: Grupo Copi:


S.61: Cicopi (Cilenge)
S.62 Gitonga

Como se vê, de acordo com a classificação de Guthrie, existem oito grupos


linguísticos (Swahili, Yao, Makuwa – Lomwe, Nyanja, Nsenga – Sena, Shona, Copi
e Tswa – Ronga) em Moçambique distribuídos por quatro zonas (G, P, N e S). O
número de línguas, conforme se pode constatar, varia de grupo para grupo, uma
vez que nem todas as línguas bantu de Moçambique foram inventariadas por
Guthrie. Pelo que, o amigo professor notará que algumas línguas que aparecem nos
documentos de recenseamento da população não estão aqui incluídas. Assim, para
um melhor conhecimento da situação linguística de Moçambique, o amigo professor
deve (se puder), ler mais materiais sobre a linguística bantu e ainda prestar mais
atenção às experiências práticas de convívio com a realidade.

25
Vamos agora testar a sua aprendizagem realizando os seguintes
exercícios:
I. Assinale com X as afirmações correctas sobre as fases da dispersão bantu
pelo continente africano:

a) O termo bantu é usado para fazer referência a um grupo de cerca de


600 línguas faladas por perto de 220 milhões de pessoas.

b) Por volta do ano 1000 antes da nossa era, as línguas bantu


desenvolvem-se na região camaronese entre as populações utentes
de instrumentos de pedra, que conseguiram domesticar gado caprino
e começaram a praticar a agricultura.

c) As línguas bantu abrangem os seguintes países: África do Sul,


Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo, Gabão,
Guiné – Equatorial, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Moçambique,
Namíbia, Quénia, República Democrática do Congo, Ruanda,
Swazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe.

d) Cerca do ano 100 antes de nossa era, uma dispersão para o Sul do
grupo do ocidente trouxe a cultura da idade de Ferro Inferior para o
Baixo Congo através da Angola, para o Norte da Namíbia,
acompanhado de falantes das línguas bantu do grupo das Terras
Altas Ocidentais.

e) Da lista dos países abrangidos pelas línguas bantu exceptuam-se


alguns enclaves constituídos por línguas da família Khoi e San.

II. Assinale com V ou F, conforme as afirmações sejam verdadeiras ou falsas,


sobre os locais onde se falam as línguas bantu de Moçambique:

a)  A língua Ciyao é falada nas províncias de Niassa e Cabo Delgado. A


província de Niassa é considerada o “habitat” natural dos falantes
desta língua.

b)  Os falantes do Cibalke autodenominam-se Wablke. Os seus vizinhos


imediatos os (wa)manyka, (wa)tonga, (wa)golongozi e (wa)tewe.

c)  O Citshwa é falada nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, e


na zona meridional das províncias de Manica e Sofala.

26
d)  A língua Emakhuwa é falada por cerca de 3.291.916 pessoas,
portanto, é ao nível nacional a língua com mais falantes.

e)  A língua Cicopi é falada predominantemente nas províncias de


Inhambane (distrito de Zavala, Inharrime e Homoíne) e Gaza
(Manjacaze, Chidenguele e Chongoene).

III. Responda as seguintes questões sobre a classificação de Guthrie:

a) As línguas bantu de Moçambique distribuem-se em quantas zonas? ______


_____________________________________________________________.

b) Quais são as letras do alfabeto que representam essas zonas? __________


_____________________________________________________________.

Vamos verificar as respostas:

Questão I

a) Aqui você assinalou X, porque apesar de ser verdade que o termo bantu faz
referência a um grupo de cerca de 600 línguas faladas por perto de 220
milhões de pessoas, não é verdade que isso represente umas das fases da
dispersão bantu.

b) Acertou aqui se assinalou X, pois esta afirmação faz referência a uma das
fases da dispersão bantu pelo continente africano.

c) Apesar da línguas bantu abrangerem todos os países mencionados nesta


alínea, você não assinalou X, porque faz referência a dispersão banttu.

d) Aqui sim, se assinalou X está certo, pois fala-se aqui de uma das fases da
dispersão bantu.

e) A sua resposta é correcta se não assinalou X, pois não estamos perante uma
das fases da dispersão bantu.

Questão II

a) Esta afirmação é verdadeira porque realmente o Ciyao é falado nas


províncias de Niassa e Cabo Delgado.

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b) A sua resposta estará correcta se assinalou F, uma vez que a afirmação
desta alínea não faz referência ao local onde ela é falada.

c) Se assinalou V aqui, então a sua resposta está certa, pois realmente o


Citshwa é falado nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane e na zona
meridional das províncias de Manica e Sofala.

d) É verdade que o Emakhuwa é a língua com mais falantes ao nível de todo o


território nacional, mas, a sua resposta é considerada correcta se assinalou
F, pois a questão pede os locais onde as línguas são faladas.

e) A língua Cicopi é falada nas províncias de Inhambane e Gaza, sendo assim,


se assinalou V aqui então a sua resposta está certa.

Questão III

a) Nesta questão a sua resposta é correcta se respondeu que as línguas bantu


são distribuídas em 4(quatro) zonas.

b) E aqui a sua resposta será considerada correcta se respondeu: G, P, N, S.

Bem, amigo professor, depois de ter aprendido coisas sobre a família das línguas
bantu no geral e a família das línguas bantu de Moçambique em particular, vamos
agora testar a sua aprendizagem, resolvendo a auto – Avaliação.

Auto – Avaliação

I. Das afirmações que se seguem assinale com X aquela que corresponde a


definição correcta da linguística.

a) A árvore das ciências sociais e humanas, assiste ao nascimento de


uma nova ciência, a linguística, no século XIX.

b) A linguística é a ciência da linguagem, ou seja, é o estudo científico


da linguagem.

c) A linguística como ciência não é só uma disciplina, como também se


constitui em conjunto de disciplinas.

d) A linguística estuda a língua descrevendo e analisando as suas


estruturas e as regras do seu funcionamento.

28
II. A linguística, como estudo científico da linguagem, não só é uma disciplina como
também se constitui em conjunto de disciplinas. Assim, preencha os espaços em
branco usando as palavras que estão dentro do rectângulo por forma a completar
o sentido das frases:
Linguística Histórica, Linguística Comparada, Linguística Descritiva

1. A disciplina auxiliar da Linguística que aplica os métodos tipológico e


genealógico é___________________________________.

2. Na________________________________ a língua é encarada como um


fenómeno dinâmico cujo desenvolvimento compreende vários estágios.

3. ____________________________________ estuda a língua descrevendo as


suas estruturas e as regras do seu funcionamento de acordo com a maneira
como é usada pelos falantes num determinado intervalo de tempo.

III. Quais são os dois critérios que distinguem uma língua bantu de outras não
bantu?

1. ____________________________________________________________

2. ____________________________________________________________

IV. Em que consistem esses critérios?

1. ______________________________________________________________
______________________________________________________________

2. _____________________________________________________________________
_______________________________________________________

29
V. Relacione a coluna da esquerda com a da direita por forma a
estabelecer ligações correctas entre a língua e o respectivo número de
falantes:

Nº de falantes Línguas
a) 3.291.916 1. Echuwabo
b) 233.358 2. Xichangana
c) 350.991 3. Cinyngwe
d) 786.715 4. Shimakonde
e) 581.800 5. Gitonga
f) 298.716 6. Emakhuwa
g) 1.423.327 7. Cindau

VI. Assinale com F(falso) ou V(verdadeiro), conforme sejam as afirmações


verdadeiras ou falsas, sobre a classificação das línguas bantu.

a) O Cindau é falado nas províncias de Sofala, Manica e na Zona Norte


da província de Inhambane por cerca de 581.000 pessoas.

b) Um dos estudiosos das línguas bantu agrupa essas mesmas línguas


em 15 zonas codificadas pelas seguintes letras maiúsculas:
A,B,C,D,E,F,G,H, K,L,M,N,P,R,S.

c) Nas comunidades (wa) sena e (wa) nyungwe, sobretudo nas áreas de


Katandika, Chouzo, Honde e Lenyamatamba, o Cibalke é tido por
mais puro.

d) Cada grupo de línguas é codificado por um número decimal sufixado


ou seja colocado logo depois da letra do código da respectiva zona.

Bom trabalho! Compare agora as suas respostas com as que lhe


propomos para
para ter ideia do seu progresso na aprendizagem, se acertou
óptimo. Caso contrário não desanime, leia de novo a matéria que
aprendeu e continue a resolver os exercícios.

Questão I

a) Você não assinalou X aqui, pois embora seja verdade que a


linguística como ciência surge no século XIX, mas isso não constitui a
definição de linguística.

30
b) Assinalou a alínea b) porque de facto linguística é a ciência da
linguagem, ou estudo científico da linguagem.

c) Você não assinalou c) porque também não é esta afirmação que é a


definição de linguística, daí que você não assinalou.

Questão II

Considere a sua resposta correcta se preencheu os espaços em branco da seguinte


maneira:

1- Linguística Comparada;

2- Linguística Histórica;

3- Linguística Descritiva.

Questão III

Aqui está correcto, se respondeu assim:

1. Critérios principais

2. Critérios secundários

Pois, são estes dois critérios que distinguem uma língua bantu de outras não bantu.

Questão IV

E aqui, deve de certeza ter respondido assim:

1. Critérios principais consistem em ter um sistema de géneros gramaticais, em


número não inferior a cinco.

2. critérios secundários consistem em ter um conjunto de radicais invariáveis a


partir dos quais a maior parte das palavras se forma por aglutinação de afixos.

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Questão V

Considerar-se-à a sua resposta correcta se relacionou as línguas e o respectivo


número de falantes da seguinte maneira:

a) 6
b) 4
c) 5
d) 1
e) 7
f) 3
g) 2

Questão VI

a) Aqui assinalou F e é correcto, pois embora seja verdade que o Cindau


é falado nas províncias de Sofala, Manica e zona Norte de Inhambane
por 581.000 pessoas, esta afirmação não tem nada a ver com a
classificação das línguas bantu, daí a razão dela ser falsa em relação
à questão colocada.

b) Nesta alínea você assinalou V , porque de facto é verdade que numa


das classificações feitas às línguas bantu elas são agrupadas em 15
zonas codificadas pelas seguintes letras maiúsculas: A, B, C, D, E, F,
G, H, K, L, M, N, P, R, S.

c) A resposta desta alínea é F (falsa) em relação à questão colocada.


Mas é verdade que o Cibalke é mais puro nas comunidades (wa) sena
e (wa) nyungwe, nas áreas de Katandika, Chorzo, Honde e
Lenyamatamba.

d) Você assinalou V aqui, e fez muito bem, pois realmente cada grupo
de língua é codificado por um número decimal sufixado à letra do
código da respectiva zona.

Se você respondeu correctamente a todas as questões da Auto – Avaliação, está


apto a comparecer ao Núcleo Pedagógico para realizar a pós – avaliação. Mas se
você teve alguma dificuldade em responder as perguntas colocadas, volte a estudar
o módulo para esclarecer as dúvidas, até sentir-se seguro da sua aprendizagem.

32
BIBLIOGRAFIA

NGUNGA, A.S.A . (1985): Estatuto das Línguas em Instituições de


Aprendizagem em Moçambique, Lusaka.

KATUPHA, J.M.M. (1985): O panorama linguístico e a contribuição da


linguística na definição de uma política linguística apropriada – Faculdade de
Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa.

GUTHRIE, M. (1967–71): Comparative Bantu, SOAS, University of London,


London.

DOKE, C.M. (1967): Bantu, modern Grammatical, Phonological Lexicographical


Studies Since 1860, International African Institute, London

NELIMO, (2000): Relatório do II Seminário sobre a padronização da ortografia


das línguas moçambicanas, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.

33
CURRÍCULO DO CURSO DE 10ª + 2

Formação Geral----------------------- 30 módulos

DISCIPLINA Nº. DE MÓDULOS

1. Português ( 5 módulos )
2. Inglês ( 3 módulos )
3. Linguística Bantu ( 3 módulos )
4. Matemática ( 2 módulos )
5. História ( 2 módulos )
6. Geografia ( 2 módulos )
7. Ciências Naturais ( 4 módulos )
8. Educação Moral e Cívica ( 3 módulos )
9. Educação Visual e Tecnológica ( 2 módulos )
10. Educação Musical ( 2 módulos )
11. Metodologia de Investigação Científica ( 2 módulos )

Formação Profissional ----------------35 módulos e 2 guiões

DISCIPLINA Nº. DE MÓDULOS

12. Pedagogia (4 módulos )


13. Psicologia (3 módulos )
14. Organização e Gestão Escolar (3 módulos )
15. Sociologia de Educação (3 módulos )
16. Metodologia do Ensino de Português (3 módulos )
17. Metodologia do Ensino de Inglês (3 módulos )
18. Metodologia do Ensino de Matemática (4 módulos )
19. Metodologia do Ensino de Ciências Sociais (2 módulos )
20. Metodologia do Ensino de Ciências Naturais (3 módulos )
21. Metodologia do Ensino de Educação Moral e Cívica (1 módulo )
22. Metodologia do Ensino de Ofícios (1 módulo )
23. Metodologia do Ensino de Educação Física (3 módulos )
24. Metodologia do Ensino de Educação Musical (2 módulos )
25. Educação Bilingue (1 guião )
26. Estágio Supervisionado (1 guião )

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PROPRIEDADE DO IAP – AUTORIZADA A REPRODUÇÃO OU CÓPIA APENAS AO NUFORPE

COPYRIGHT: REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

IAP – INSTITUTO DE APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES

FORMATADO E IMPRESSO NO CENTRO DE PROCESSAMENTO DE DADOS E GRÁFICA DO INSTITUTO


DE APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES
TIRAGEM: 70 000 EXEMPLARES – 1ª EDIÇÃO -2003

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