Science">
Nelson Maldonado-Torres Dez Teses Decolonialidade
Nelson Maldonado-Torres Dez Teses Decolonialidade
Nelson Maldonado-Torres Dez Teses Decolonialidade
Negta e
tdentidades
Decolonialidade
e pensamentoO
afrodiaspórico
Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres
Ramón Grosfoguel (Orgs.)
autêntica
EVRAC
4rlaNevs
APA
DAGRAMAA
lan'ssa Caval/o Mazai
Renet t (ke Sa Dal Ausso
ia Vas-As (UFRI), Marnel
Audent kaol M*e Feattherstne
e y ofLondon Carkis Beredito
Mertins (inS Lus Roerto Cardso Oivera
UnS Gerart Delandy (Uniersity of Sussex)
Vanos autores
Bibliografia
SBN 978-85-513-0337-5
5
1Antropologia 2 Colonialismo 3.Diaspora africana 4. Episternologia
Negros Condiçbes sociais 6. Relaçdes raciais 7. Sociologia I. Bernardino-
Costa, Joaz2e . Maldonado-Torres, Nelson. Il Grostoguel, Ramon. IV Serie.
GRUPO AUTENTICA
Belo Horiaonte Sao Paulo
Rua (arios lurie, 420 Av. Paulista, 2.073 Conyunto NahMmal
Silvesa 31140-520 Horsa. 23°alidat Co) 2310 2312
beso Hornz0nte MG Cerquena (ésar 01311940 Sao Paulo SP
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Analitica da colonialidade e da
decolonialidade: algumas
dimensoes básicas'
Nelsom Aaledomado- lorres
27
O texto não
olerece consicde
"Os impérios
dos menores poderes curopeus.
doutrinas da
"descoberta", bem Tentarei abordar aqui alguns
considere desses problemase oferecer uma visão
relevåncia das
aprofundadas sobre a
das formas idade que
da decolonialida
anizado. Isso envolverá um signifcado da colonjizacão
raçoes na transformação
o
e dos
conlitos anteriores
c o m o das expediçöes virada da centralidade do ação e a agéncia do
de conquista e colonizaçào que
emergiram
com a
na história e
no comércio europeu
que Chamberlain invoca,engajamento
qual a
sério com
tern sido "perspectiva maisa
29
2%
Tentarei abordar aqui alguns desses problemas e oferecer uma visão
da decolonialidade que considere o significado da colonizaçãoeaagéncia do
colonizado. Isso envolvera um engajamento sério com a "perspectivamais
lo
nga que Chamberlain invoca, a qual tem sido parte da luta por libertaço,
mas também do estorço para compreend-la por meio das lentes teóricas
nroduzidas por pensadores do antigo e do atual mundo colonizado, muitos
dos guais foram ou são ativistas e artistas. Esse insight teórico oferece ao
menos duas contribuições importantes. Primeiro, ajuda a combater a linea
aridade da temporalidade que integra a lógica das ciências europeias: histo-
ricismo, empiricismo e positivismo. Essas correntes do pensamento tendem
29
clariticar a relaçåo
bAta
u m cstorçocm
Entào. cu
começarci
aquicom cansequentemente, 5pberania, toi
quase inevitàvel que o direito
pre-modecrnas. c
riasse por grandé projeto de salvação de levar os internacion!
si só 'o
entre
modernidade e
colonizaçào.
como
dominio da soberanja, civilizando marginalizados a0
incivilizado desenvolvendro as insti-
o
e
ocidental ssicÖCs técnicas juridicas
e
Civilização
moderna
128). Mais
necessárias para essa grande missäo" (BowDEN,
modernidade/colonialidade 2009. p. especificamente, "os precedentes leis
scguindo çontato de europeus com pessoas do Noro
o
as
estabelecidas. e
cntendida como
a época da Mundo, informariam
ocidental é
comumente
depois disso natureza dos subsequentes encrntros entre
a
primitivos.
A rejeição
das teses de uma hierarquia
descoberta das Américas. Uma delas é ideia de Tzvetan opinies sobre a
a
ilizados, selvagens ou
modernidade
ocidental pode ser necessária, Todoro.
que adescoberta da América, ou dos americanos, é certamente que afirma
superioridade da
de culturas e da encontro mais o
bases de uma ordem
de forma alguma
suficiente para
desafhar as
Surpreendente da nossa história europei. Nós no temos mesmo senso de o
m a s nåo é
tipo de lógica
e ethos colonizante.
renca radical na'descoberta de dife
internacionalc deinstituiçoes que
tm esse
e a estrutura
1999 apud BowDEN, 2009, p. 48). Os próprios intelectuais
isso é que o signiñcado de ingleses dos séculos
já pressupõem conceitos
A razão para
simbólicas ocidentais modernas XVIle XVll atestaram o enorme signiicado do evento. Borwden cita
representações entre muitas john Locke.
sociedade, subjetividade,
gêneroe razão, que afirmou que "no inicio todo o mundo era América"
soberania, (LocKE. 1965 [1690]
pressuposto de uma distin-
progresso,
ideias-chare que tèm sido
definidas como apud BowDEN, 2009, p. 48). Podemos adicionar Adam Smith,
outras que argumentou
entre o moderno e o selvagem ou primitivo, hierarquica- que "a descoberta da América e a passagem
para as Indias Orientais pelo Cabo
cão fundamental múltiplos nos
não. E, sendo assim,
há caminhos outros da Boa Esperança são os dois maiores e mais
mente entendidas ou
têm sido definidos por
importantes eventos registrados
e de modernidade na história da humanidade (SmITH, 2005 [1776], 508). As
quais os conceitos de civilização p. impressöes no se
essencialistas. E portanto necessário refletir atenuam quando se chega mais perto do momento da
meio de dicotomias
e deDnições "descoberta". Em 1551.
com ideias
c r i t i c a m e n t e sobre o
enredamento de marcadores de civilização Francisco López de Gómara afirmava que "loj maior evento desde a
criação do
ou selvagens, e sobre as formas mundo, salvo a Encarnação e morte Daquele que o criou, é a descoberta
outros povos com0 primitivos
que postulam das
nas quais a modernidade
ocidental sempre pressupõe definições e distinções Indias, assim chamadas de Novo Mundo" (LóPEZ DE GóMaRA, 1979. 7
p.
Os ecos dessas visões sobre a
coloniais dessa natureza. importància da "descoberta" das Americas
às podem ser encontrados
Tipicamente, o luminismo europeué considerado o principal e, vezes, trabalho de Simon L. Lewis e Mark A. Maslin,
no
o único periodo histórico relevante para oentendimentodo idealde civilização que propuseram que "[o]s impactos do encontro das populações
Velho e do Novo Mundo (..] podem servir
humanas do
ocidental moderna, E por isso que a análise do colonialismo moderno tende para marcar o inicio do Antro-
a focar nos impérios e nas formações dos estados-nações dos séculos XVIle poceno (LEWIs; MAsLIN, 2015, p. 175). O
Antropoceno retere-se à época da
história mundial em que os seres humanos se tornam os
XIX, que desempenharam importante papel nesse processo nomeadamente, agentes principais
da mudança geológica. Uma data usual
Jnglaterra e França. Entretanto, como Brett Bowden (2009) demonstra, a chave para o começo de tal momento é a
para o estabelecimento do "padrão de civilização". característico de todos os Revolução Industrial, mas Lewis e Maslin a rejeitam, porque, como outros
impérios europeus modernos volta-se para a "descoberta" do Novo Mundo e momentos históricos propostos, a Revolução Industrial "no resultou de um
marcador globalmente
para a conquista das Américas. sincrônico (p. 177). Depois de se reierir às várias
A descoberta" teve implicações profundas múltiplas, bem como implicações da "chegada dos europeus no Caribe em 1492" (p. 174) e às mu-
um grande impacto sobre a noção de sercivilizado. Como Bowden coloca: danças massivas que ocorreranm desde então, eles sugerem "nomear a queda
"Uma vez que foi determinado de CO2 atmosfera de 'órbita
que ao mundo colonial faltava civilização e, na
spike' e nomear as mudanças, que fazem de
0
aSMS
a partir
de 1192,
os
descolonizaçãoe
relacionados provocam ansiedade conceitos
do isso é que, alguns
0sDne
mun
ra0para comero
lorpou seglobaje do
t i m sghi conectados.
o
tempo
comO 0 começo
impérios ocidentais Estado naçies modernos usaram
Os e os
des hemisteraos
toram
reteriram
a csse
t e s e s såo
claraspara
ara ccanismos para incutir un senso de segurançae múltipios
n proemincntes
se
destas legit1midade ern seus
sujeitos
SLas constituiçóes. olonialismo,
a r s
implicaqoes
CTnt stas 151. As o comércio
modca(p. o
colonialismo,
descolonidacão conceitos relacionados e
stema
mundo
spike
eles. a ogbita.
implica que
(p. 177).
atestionam esse senso de legitimidadg no qualo sujeito cidadao moderno,
tores Pare Antropoccno
o diz que "contra
a
Jahn, que moderno Estado-nação outras instituiçóes modernas são construidas.
e
promoveram
de Beate
afirmayão do ucrando,
arvào
c o
desse modo,
Siobal a adescoberta
desestabilid ade, Isso inclui narratras
propósito5 das instituiçies modernas. Nesses reiatos,hercicas
apoam
Essas
consaierayies
curopcus,loi
das
de iquase
todos) os
pesquisadores
ou
talvez
mesmo
a emer. origens e os
"direito" o
comaics
as
igcnmcrane
quc
asciéncias
sociais
Territórios in
a sua formaçao.
tarde revojuçãooperou:
epis. no digenas, sáo apresentados como descobertos,
gen1a do gue
se
tornaria mais
nsiaihosquaisessa dialogam romo um veículo de colonizaçao representada
a é
Bcate lahn
adenttficaus
2000, p. 95).
Esses níveis
(JAHs,
civilização, a'èscravidg é interpretada como um meio
e
para ajudar
p9
e no cticg pelos teóricos primitivo e sub-humano 3 se tornar
o
temoiogun
no ontologico
ical1dade que
foram
identifhcadas
eser(LANDER,2000;
decokoniais,
autores leva
em
consideração que,
quer conceito normativo
qual a
deses c de outros
conjunto com outros
em qualquer prática mediante as quais os cidadãos e
e
a c o n t e c e n a modernidade
oionialismo
c o m o algo que
modernidade si só, como por
as instituições modernas justiicam a ordem moderno/colonial, incluindo o
a
é mais
sensato afirmar que sentidonormativo de raça, género, dasse esexualidade, entre outros marca-
historicos, "descoberta, tornou-se
comoparadigma da
periodos
revolução
imbricada
no modo de se referir
dores da diferença sociogenicamente gerados, Em resumo,
uma grande
Isso leva a u m a mudança levantar questão a
desde seu
nascedouro.
do colonialismo perturba tranquilidade a
do e a
colonial
ocidental: de
modernidade simplesmente, como oposto ao segurança sujeito-cidadão
a
modernidade
como oposto
modernoe das instituições modernas.
pré
moderno ou para modernidade/colonjalidade,
não moderno,
em vez de sim-
A segunda razão
pela qual colonialismo, descolonização concei-
o a e os
modernidade. Eessealémda modernidade",
an que está além da tos relacionados despertam ansiedade é que,
por trás da questão do signiñcado
piesmerite independéncia, que torna-se
oprincipal objetivodadecolonialidade do colonialismo da descolonização, esta
e
ocolonizado como um questio-
nador e potencial agente. Isso é notavelmente diferente da
colonialidade e decolonialidade posição esperada
Dez teses sobre deles como entidades sub-humanas dóceis. A ordem das coisas no mundo
A mudança no modernidade, descoberta, colonialismo
entendimento de moderno/colonial étal que as
questões sobre colonização e
descolonizaç ão
ideias como parte de uma não podem aparecer, não curiosidade histórica.
e descolonização requer a definição múltiplas é
de a ser como mera
Espera-se
analitica de colonialidade c decolonialidade. Também preciso
uma noção da que o colonizado ex-colonizado seja tão dócil quanto
ou
grato. Conotações
básica que i
Telagao ideias ao menos uma arquitetura
cntreessas
conceitual
patológicas especificas são dadas para diferentes corpos e diferentes práticas,
possa servir como referéncia no esforço de avançar a decolonialidade. Aqui dependendo do gênero especifico, do sexo, da raça de outros marcadores. e L
D
trabalho." Como ficará claro nas outras teses, trazer a
apresento dez teses quc objctivam contribuir para esse questão do signifhicado e da Yodof.
importancia do colonialismo indica um giro decolonial no temae o começo de
umaatitude decolonial que levanta questóes sobre o mundo moderno/colonial
Uma versáo resumida dessasdez teses aparece no site da Fundação Frantz Fanon.
(MALDONADO-ToRRES, 2011a, 2011b, 2016a, 2016b). Não há nada mais terrivel
desse giro. A
a possibilidade
modern0s do que Scria normal para a majoria dos leitores
reivindicações cair em várias formas de
para os
sujeitos-cidadäos
comimagens de
vinganga
e
as a0 passar por cada uma das decadència
deles é preenchida de discriminação
reversa teses, engajamento justo com as teses seria
Um
imaginação
são vistas
como
evid ncia
de fato um ato impossi vel dentro de uma ordem
descolonizaçáao normativa de
mais básicas de
justiça conceitos de colonizaçao
e
colonialidade. Pensadores, artistas e ativistas
modernidade
ansiedadet razida por
esses
colonizadas e decoloniais
preparados para lidar ou decidir não lidar com essa situação. precisam
escravizadas e estar
A
à fobia em relação às pessoas colonizado Mas, desde que
está. portanto, ligada eles c o n c e b e m
o
se queira talar sobre esses tópicos no
sentem quando mundo modernolcolonial, a atitude a
objetivam relativj.
sujeitos-cidadãos
os
que viscerais e
ao terror
situação são priori será de evasão e má fé.
a essa
pobres, eu
em na
eram
colonizados, meus pais
(meu marido ou meu melhor ami. tação com as questoes sobre o signihcado.e aimportànciada colonizaço e
racistas, "minha esposa
rejeitam, etc., etc., são da descolonização, a segunda introduz uma clarifcação conceitual que torna
todos somos
nós me
vOcés
vocé, eu tento me juntar, mas
go) é
como relacionada muito popular mais dificil se envolver em simpliicações excessivas. Tendéncias usuais no
Outra resposta
das respostas.
de que "vidas negras esforço de fazer o colonialismo e.a descolonizaçao parecerem irrelevantes
amostras
algumas face à afirmação
atualmenteé "todas as vidas importam', desproporcionalmente incluem suas relativizações e interpretações como assuntos que somente se
são
contexto em que os negros
importam, em um
referem ao Colonialismoe descolonização são às vezes definidos
passado.
mortos pela policia. o Discurso de modo tão generalizante, que acabam se aplicando a todas as formas de
consideração uma pista Césaire, que começa
de
Levando em
sobre civilização e decadéncia, po- construção do império e de resistêncja, desde o começo da humanidade. Mas
uma explicação
sobre colonialismo com
colonizados apontam para a relevància da colonização e da
o
como formas de
uma decadéncia genocida quando sujeitos
repostas
referir
descolonização, eles tendem a se referir particularmente às formas modernas
a essas
demos nos
colonial decadente
Presa em uma atitude
e homicida (CÉSAIRE, 2000, p. 29). de colonização. A confusão massiva começa a ser feita quando
o interlocutor
também decadente, a maio-
promovida pela civilização ocidental moderna imagina um conceito trans-históricodecolonialismoque aplicaria
se tanto a
chamou de jogo degato
sujeitos-cidados engaja que Fanon se no
impérios não europeus anteriores
Império Romano na antiguidade quanto
aos
ia dos
momento em que questões
as
Mundo. A estratégia simples: fazer do colonialismo
o
e rato,cujo objetivo é arasar para sempre como verdadeiramente
à descoberta do Novo
sobre colonialismo e descolonização sáo tomadas um conceito geral para que ele perca especihcidadg quaisquer
e implicaçoes
colonizado aparece como um
fundamentais (FaNON, 2008, p. 99) e em que o nao há laços importantes entre di
sobre presente, Isso não signihca que
o
do império, bem comoentre
legitimo questionador. ferentes formas de colonialismoe construção
caracterizar conceitos de do
entanto, a relevância contemporânea
os
Oporqué de a produção de ansiedade vários modos de desumanização; no
como um agente
olonialismo descolonização, as5im como o colonizado
e colonialismo e da descolonização é perdida se esses conceitos são abord
deve-se ao fato de essa chamar a atenção
guEstionador, ser a primeirates: apenas dessa forma.
ir rtáncia
em relaçäo a todas as
teses
esclarecimento sobre significado e a
para o que representa um a priori pertormativg
o
No esforço de obter colonia-
subequentes. Oaprioriperformativo é uma demonstração da atitude
colonial do colonialismo e da descolonização, distinguircolonialismo,
é útil
como
através de múltiplas formas de evasão e pode compreendido ser
decadente que tende a ser expressa lismo moderno colonialidade. Colonialismo
e
colonialismomoderno
po
mudam no esforço de fazer
má-fé, em que os padrÓes da razào Constantermente a histórica dosterritórios colonjais; o
formaçao ocident
impérios
aus
irrelevantes. Nesse quais os
os modosespecíficospelos"descoberta;
inertes e
as questoes sobre colonialismo e descolonização ser entendido como
e colonialidade
primeira tese é o resultado de uma metarreflexäo sobre próprio desde
o mundo a
sentido, esta Colonizaram a maior parte do
a descolonizaçao.
aty de pronunciar alguma tese considerando a colonizaçåo e
35
desumanização que ée
é ca
como umalogca global de
pode ser compreendida de colonlas tormajs. A "descoberta"do
até mesmo na ausencia
Par de existir imediatamente resultaram daauel
Novy Mundoe as tormas de escraviddo que
eventos-chave que serviram como fundac o
sdo alguns dos
pelo uso da
acontecimento
se reterirà
colonialidade é
maneira de
da colonialidade. Outra
uma torma mais completa de se dirigin
modernidade/colonialidade,
termos
moderniulade ocidental.
tambem à
descolonização
retere-se a momentos históricos m
Desse modo, se a
contra os ex-impérios e reivindica.
coloniais se insurgiram
os sujeitos
que
independència, a decolonialidade à luta contra a lógica da
retere-se
ram a
As vezes a
efeitos materiais, epistèmicos simbólicos.
e
colonialidade e seus
sentido de decolonialidade. Em tais casos
descolonização é usado
no
termo
não como uma realização ou unm
a descolonização é tipicamenteconcebida
sim como um projeto inacabado. Colonialismo é tam.
objetivo pontual, mas
sentido de colonialidade.
bém usado às vezes no
tempos e espaços, a busca por uma outra ordem mundialé a luta pela criação
de um mundo onde muitos mundos possam existir, e onde, portanto, diferentes
6
que o mundo já viu" (/anN, 2000, p. 73). Tudo indica que foi a maior catástrofe
demográfica ao menos até aquele ponto, e que serviu como uma fundação de
modelos para outras formas de catástrofe demográfica até a atualidade. Essa
"descoberta" e conquista tem esse caráter massivo e paradigmático porque não
representou uma catástrofe somente demográfica, mas também metafisica.
Com isso eu quero dizer que a "revolução"' que foi a "descoberta"' das Américas
envolveu um colapso do edifício da intersubjetividade e da alteridadee uma
distorção do significado da humanidade. Essa catástrofe metafisica está no cerne
da transformação da "epistemologia, ontologia e ética", que é parte da fundação
da modernidade/colonialidade e das ciências europeias.modernas.
As divisoes bastante radicaislentre sereshumanos já existiam no Oci-
dente, tais como as diferenças entrecristãos.e não cristãos, homens
e mulheres,
sujeitos saudáveis e leprosos, entre outras distinções. Entretanto, as divisões
tenderam a ser limitadas
contidas pela ideia monoteísta de um Deus
e
que
criou todos e de uma Cadeia dos Seres que ligava a criação inteira entre si e
o divino. A "descoberta" não só colocou em questão o caráter englobante da
Escritura e dos Antigos - nenhum dos quais parece ter dito algo sobre a exis-
t e r r a s na
de ser justihcadas em termos que fossem ((GotDsTEIS, 2091: MALDONADo-ToazEs. Z007,
tiveram
2014) Todas essas praticas SHARONI et al.,
2016). Ao mesmo tempo,
e a noção de
Cadeia dos Seres. A catástrofe naturalizacão da zuerra ervoive
a
reronciliados com o
monoteismo
nunca -.
classiñcadas usando o mesmo paradigma. que podem sempre se tornar violentos. Isso leva
planeta que s e r i a m a dimensào da experi-
uma
ocidental e à guerra, que
Essa catastrofe metafisica. ligada à civilização ência do ser colonizado em que estes são
despoiados de seu gènero eiou de sua
ieva a naturalização do combate, explica porque as condições coloniais na
diferença sexual (CoRNELL. 2015: DAIs. 1983: GoRDON. 2015: LvGONES, 2007).
assemelham a zonas de guerra perpétuas, onde a extrema e
Ao mesmo tempo, em outro niveli, assim como tem sido
modernidade se
tipico nas guerras
violéncia baixo nivel são continuamente direcionadas às po- ocidentais, os corpos dos inimigos masculinos e temininos são
a constante em
interpretados
puiacóes coionizadas e àqueles que são identificados como seus descendentes diferentemente. Inimigos masculinos tendem a ser percebidos como guerreiros
(MALDONADo-TORRES, 2008). Também explica porque a diferença subontológica ou potenciais guerreiros que representam uma ameaca imediata, enquanto os
toma a forma de um dualismo maniqueista por meio do qual o colonizador é inimigos femininos. que podem ser tào ou mais ameaçadores que qualquer
identiicado como bom e o colonizado como mal. O maniqueismo resiste ao homem, são vistos como aqueles que permitem que os inimigos se reproduzam
movimento dialetico, 0 que signiDca que, na colonialidade, o mundo moderno e, em alguns casos, carreguem a tradição e a memoria do grupo. Nesse cenário
est instalado numa guerra permanente contra o povo colonizado, seus costumes é comum que os homens sejam trequentemente mais torturados e mutilados
e um vasto conjunto de suas criações e seus produtos como alvos mais diretos. do que mortos; enquanto as mulheres são igualmente mutiladas, torturadas,
A modernidade/colonialidade é um paradigma de guerra que se coloca como estupradas e/ou mortas.
Justo e que faz o contexto colonial sempre violento, uma situação que normaliza Um terceiro nivel inclui os resqucios das relações de gènero e concep-
avioléncia bem alem das fronteiras das colónias e ex-colónias (MALDONADO- çoes de sexo que existiram entre colonizados antes da colonizaço. Em alguns
contextos, esses são mais reais e presentes que outros.
TORRES, 2008),. A violéncia é desencadeada em mültiplas direções, mesmo na
Por hm, em um quarto aivel, sexo e gènero emergem como resultado
metropole, sendo que os sujeitos colonizados tendem persistentemente a ser os
do maniqueismo e da diterença subontologica: aqueies que aparecem abaixo
alvos diletos da violéncia sistemática. Entretanto, medida em que
na
qualquer da zona do ser geram ansiedade e medo, mas tambem desejo. Essa dimensão é
Violéncia é reconhecida nesse contexto, os próprios sujeitos colonizados sao
construida sobre uma certa "tradição pornò-tropica" de exploradores europeus,
percebidos como razao final para tal violencia. Espera-se que eles demonstrem
39
8
excesso
protótipo da aberração
e
os homens,
cono propensas à
A colonialidade näo se refere somente à
sexual folclore as via, até
mcsmo mais que
1995, p. 22). Esse
lentais sobre o
colonizado, como tambémimposição dospapéis de género
(McCLINTOCK,
limite do bestial"
lascivia. promiscuas
no
de "descoberta" e colonizacão
AS múltiplas deformas
desgenerificar regenerificar
à
combinação dessa prática
próprio contexto e
porno-tropico cstava presente
no
aniqueismo, à diterença subontolkógica que estão ligadas ao
do Now Mundo
(McCuNTOCK. 1995. p. 22) 21- inda existentes de sexo de gênero. Isso aos
e
e
entendimentos não ocidentais
dos colonizados e escravizados podem ser
é parte do
resultado, os corpos
qua sujeitos colonizados säoy
Como
como sem géênero ou com uma torma particular destruidos em pedaços processo por meio do
oncebidos, em um momento,
decolonialidade.e áreas-chave
a diterença subontologica. o maniqueismo do papel constitutivoe constituinte particularmente na análise
de
moderno/colonial (ESPINOSA M1aoso; gênero,
sexualidade também tomam dinâmicas particulares na parte raça
Genero e e
sexualidade no mundo
certos conceitos de masculi- CoRREAL;
"civilizada" do mundo. No mundo "civilizado", MU`oz, 2014).
eles demonstram
nidade e feminilidade adquirem status proeminente quando Quarta tese: Os efeitos imediatos da
ser centrais, não só tolerando, mas
também perpetuando aguerra sobre bases incluem a naturalização do extermínio,modernidade/colonialidade
expropriação, dominação,
constantes. A masculinidade agressiva torna-se uma norma junto com o sen-
exploração, morte prematura condições e
são
so de feminino. pensado para dar apoio e reproduzir tal masculinidade. O que a morte, tais que piores
como a tortura e o
modelo de feminilidade é o da esposa que cuida do seu marido e que ajuda a estupro
Exterminio, expropriação,
criar a proxima geração de homens. As mulheres que se desviam desse script dominação,
perdem respeitabilidade e podem ser suscetiveis à violência tanto ou mais que
e
condições que so piores que morte, taisexpioração,
como
a
morte
prematura
a
tortura
são ações predominantes nos conflitos estupro, e o
41
tans/ormaçdo
nulical
uma
emohv
mlonialidade
wlonialiudaude do saber Comum àstrêsdimenshesé
A d
Quina tee:
do podrn,
levamdo
poute
a
subp:tividade. ( que quer que um sujeito
do volonialudade do seja, ele é constituido e sustentado
ser e
do vaber, ed pela sua iocaliza, io no tempo e no espaço,
do ser
moderna/colonial enquanto,
a o m e s m o tempo,
ajudam a diferenciar
saber), que também foram identificadas como chave (ser. poder,
énia
civilizatórios e a explicar os caminhos pelos geral e ampla de áreas
de o u t r o s projetos de análise na teoria da colonialidade e decolonialidade. em
madernidade
de desumanização dentro
conexão com a
quais a
colonialidade organiza multiplas camadas sociogènese fanonianae pela identificação profunda de alguns dos elementos
da modernidade colonialidade. mais básicos do saber, poder e ser,
"descoberta" não consistiu ape-
chega-se a este diagrama:
C o m o eu ja apontei, a "revoluçào" da
despossessão sem precedentes
nas de ações particulares, tais
humana,
como uma
42 43
da visão c dos demais sentidos
colonialidade
inclui
A colonialidade do ser a
sujeitos têm um senso de si e do se auc um dos objetivos principais do livraéestudar
virtude dos quais os as"várias
at itudes mentais
que são meios em
portanto, requer uma ave.
que pessoas negras adotam 'em face da civilizacão
colonialidade do ser, branca". Atitude é tanto um
exploraçao da obieto da análise quanto um
mundo. Uma
e espaço,
bem como da subjetividade. elemento chave na concepção do conhecimento
riguação da
colonialidade do tempo
A colonialidade avançado no livro. Nåo acidentalmente Fanon refere
do do sentir e do experienciar. se as atitudes
lugr depois
incluindo a
colonialidade ver,
em relação
de fazer sua afirmação frequentemente citada sobre métodos
envolvem a m e s m a operação "Nós deixamos
do saber e a
colonialidade do poder
óbvio fio que unifica a colo.
os métodos para botànicos e matemáticos. Existe um
os
as
constituem. O mais direto e
todos se dissolvem" (PA NON, 2008. p. 16). Fanon ponto em que os mé-
elementos que
aos
do é o sujeito colonizado, que
eu proponho pode "deixar os métodos ans
nialidade do poder. do saber e
ser
botanicose matemáticos", mas cle nåo pode
Fanon, como um damné, ou condenado.
trás; a atenção aos
igualmente deixar atitude para a
que
concebamos, seguindo
localizados fora do espaço e do sujeitos negros como náo
patológicos requer uma ruptura
os sujeitos que são com atitude moderno/colonial
a
Os condenados são que é predominante
humanos, o que signitica. por
exemplo, que eles
säo descobertos junto
em outros A ciências europeias
lugares. partir disso, Pele negra oferece
nas e
e sobre os quais ele está acoplado. Steve Biko também entendeu o caráter fundamental da atitude
quandoo
definiu consciência negra como "uma atitude da mente e um caminho da vida.
Sexta tese A decolonialidade está enraizada em um giro
o mais
positivo chamado que emana do mundo negro ao longo tempo" (Bixo.
decolonial ou em um afastar-se da modernidade/colonialidade 2002 [1978), p. 91). Enquanto método define a
relação entre um sujeito e um
básica expressåo do giro decolonial est no nível da atitude, le-
A mais objeto, atitude refere-se à orientação do sujeito em relação ao saber, ao poder
vando à formação de uma atitude decolonial. O condenado, como entidade que e ao ser. Portanto, uma
mudança na atitude é crucial para um engajamento
da colonialidade do saber, poder e ser, tem o potencial crítico contra a colonialidade do poder, saber e ser e
para colocar a decolonia-
é criada no cruzamento
de se distanciar dos imperativose normas que são impostos sobre ele e que lidade como um
projeto. A atitude decolonial é, então. crucial para o proieto
buscam manté-lo separado de si. É o desejo do Eu de "tocar o outro, sentir o decoloniale vice-versa.
outro, revelar-me no outro", contra os efeitos devastadores da catástrofe meta- Ao contrário da concepção habermasiana de modernidade como um pro-
fisica, que faz a formação dessa atitude possível, mesmo diante dos obstáculos jeto inacabado e da proposta foucaultiana de modernidade como uma atirude
apresentados pela lógica da modernidade/colonialidade (FANON, 2008, p. 206). histórico-critica, a decolonialidade é tanto uma atitude como um proieto ina-
cabado que busca "construir o mundo do Ti" (MaLDONADO-ToRRES, 20163).
Explicar a formação da atitude decolonial requer uma fenomenologia
que eu estou elaborando em outro texto em diálogo com Pele negra, máscaras
brancas, de Fanon, masque parcialmente aparece aquie nas teses remanes- No original de Peau noire, masques blane, "pour edifer le monde du To:" Na versão
centes. O tema da atitude é crucial em Pele negra, de Fanon. Basta considerar brasileira dessa obra, esse trecho toi traduzido conmo "construir o mundo do T
44
de questoes ser tão importante nos trabalhos dos agentes da descolonizaçåo,
tais como Aime Césaire. que em seu Discurso sobre o colonialismo colocou "o
que. fundamentalmente, é a colonização?" como "uma questào inicialmente
inocente. que deve ser vista e respondida "francamente", o que a torna tam-
béem perigosa" (CÉsAIRE, 2000, p. 32). Fanon também considerou o momento
do questionamento como chave; como narrador e analista em seu Pele negra,
máscaras brancas, ele conclui o texto com uma prece para fazer com que ele
seja sempre alguém que questione (FANON, 2008. p. 206). Como a mente do
colonizado está dominada por histórias e ideias que o fazem confirmar a
colonialidade do saber, poder e ser, Fanon reza para que seu corpo o torne
alguém que sempre questione. Ele concebe o corpo como uma "porta aberta de
toda conscincia e, portanto, sua prece é para que o corpo permaneça aberto
contra qualguer imperativosociogenicamente gerado que queira fechá-lo.
Essa é uma concepção de subjetividade e de formação de questöes bastante
diferente da que se encontra em René Descartes. Aqui, o questionamento
critico emerge não pela virtude da dúvida hiperbólica, mas, pelo menos par-
cialmente, como um efeito de sofrimento hiperbólico. Em vez de se tornar um
agente em seu próprio sofrimento, Fanon reza para que seu corpo permaneça
aberto e desvie-se criticamente de qualquer coisa que promova isolamento,
fechamentoe sofrimento sistemático.
A decolonialidade requer um
compromisso corpo como algo
com o
aberto, como uma zona de contato, como uma ponte e zona de fronteira que,
segundo Cherrie Moraga e Gloria Anzaldúa, aproximam um amplo número
de mulheres negras que avançam em várias formas do
que poderiam ser con
siderados feminismos decoloniais (MoRAGA; ANZALDÚA, 1981; ANZALDÚA;
KEATING, 2002). Isso é parte do que Walter Mignolo tem se referido como
corpo-politica do conhecimento, em adiço à geopolítica do conhecimento
e em oposição à teo-e-eg0-política do conhecimento, e é tambémo que ele
e Madina Tlostanova concebem como uma forma de "teorizar a partir das
fronteiras" (MIGNOLo, 2006, 2010; MIGNOLO; TLoSTANOVA, 2006). A crítica
decolonial encontra sua åncora no corpo aberto. Quando o condenado co-
munica as questões críticas que estão fundamentadas na experiência vivida
do
corpo aberto, temos a emergência de um outro discurso de
outra
e uma
Torma de pensar. Por essa razão, a escrita para muitos intelectuais negros e
de cor é um evento fundamental. A escrita é uma forma de reconstruir a si
mesmo e um modo de combater os efeitos da separação ontológica e da ca-
tastrofe metafisica. Por isso Fanon escreveu Pele negra, apesar de "ninguém
47
àAtAstvte etatisica, a Ao impnrtante nos
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para que seu corpo permaneça
ativista e om a tormaçao de comunidades que se juntem aberto e desvie-se criticamente de qualquer
Nnador, riador e
coisa que promova isoBamento.
projeto inacabado. fechamento e sofrimento sistemático.
i a desolonizaçàocomo
um
luta
como qucstionador. pcnsador, teórico e escritor/comunicador segundo Cherrie Moraga e Gloria Anzaldua, aproximam um amplo numero
de mulheres negras que avançam em varias tormas do que
brancas, Fanon não decide somente estudar
poderiam ser con-
Em Peie negra. máscaras
siderados feminismos decoloniais (MoRAGA: ANZALDEA, 1981:
próprios sujeitos negros, mas também ANzALDEA:
atitudes antinegros encontradas
nos
KEATING, 2002). Isso é parte do que Walter Mignolo tem se reterido como
mostrar urn caminho que
incua a emergncia da atitude decolonial, e com ela a corpo-politica do conhecimento, em adiço à geopolitica do conhecimento
possibilidade de o condenado escrever e comprometer com a decolonialidade
se
e em oposição teo-e-ego-politica
à do conhecimento, e é tambem o
que eie
cerne do que eu tenho chamado, em algum lugar, de
come um projeto. Esse eo e Madina Tlostanova concebem como uma forma de "teorizar a partir das
meditacões tanonianas, em que o condenado corporihcado, e não o ego cogito
fronteiras" (MiGNOLO, 2006, 2010; MiGNOLO: TLoSTANOVA, 2006). Acitica
o trarscendental, aparece análise, näo simplesmente para
no centro da
decolonial encontra sua àncora no corpo aberto. Quando o condenade co-
ou
ego
melhor conhecer, mas tambem para
mais radicalmente mudar o mundo.
munica as questões críticas que estão tundamentadas na experiència vivida
A transição da solidão da condenação para possibilidade
a da comunica-
do corpo aberto, temos a emergència de um outro discurso e de uma outra
cao passa pela formulação de questões criticas. E esse o porqu de a formulação
forma de pensar. Por essa razão, a escrita para muitos intelectuais negros e
de cor é um evento fundamental. A escrita e uma torma de reconstruir a si
mesmo e um modo de combater os efeitos da separação ontologica e da ca-
FANON,Frantz. Peau noire, masques blancs. Paris: Editions du Seuil, 1973; FANON,
Frantz Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.) (N.T.) tástrofe metafisica. Porisso Fanon escreveu Pele negra, apesar de "ninguem
46
an
orma de vida"
a CNCrita
"uma
Nona tese: A decolonaldade envolve um
Anzallia
considerou
circularem coOm giro
a ler itado"ipor
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CNcrilon de Biko decolonlal ativlsta por melo do qual
o condenado
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(2002 |1978|)
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Esrevo o que eu
Decolontalldade
envolveum glro O penamento criatividade nåo podem por si sh mudar o
e a
mundo
Oltava tesr:
esplrtual) por
melo Podemos também acdicionar outras atividades, tal como a espiritualidade, e,
(efreguentemente
decolonal estéthco crlador
nCIo asim, elas naO podem mudar o
comdenado
do qual o
surge
como
mundo. Ocondenado precisa aprovei
1ar a multiplicicdacle de alividades, pensamento, criatividade, etc., e torná ls
abertura do corpo laz parte
da atl.
alirme a
Viver de uma
mancira que
do qucsllonamento
narte de cstraléglan e eslorços para cfetivamente decolonizar poder,
o o saber
possbllikdade
nao somente permite a eo er. INO Cxige a emergenela
condenado como um agente de mudança,
do
tude decolonial que oulros e do mundo
visóes do eu, dos
também a emergênclu de como alguém que evita a lentaçáo de lazer das atividades do pensamento e da
ritico, mas
modernidade/colonlalidade.
O corpo aberto
desaam os conceltos de criativicdade zonas de relúgio cda colonialidacde. Nesas posigoes, o ac adèmico,
que modos artistican sáo
Criaçóen
bem c o m o crlativo, leórico eo artista podem lacilmente
um corpo
questionador,
de dilerenten
maneiras de conceber e
a ser
cooptados quando buscam reco
aulorrctlexio e proposiçho ahecimento de arcnas cspecilicas, tais cono o mundo académico coartistico
de critica, comunidade, entre outras áreas.
o espaço, a
subjetividade e a O viro decolonial requer uma suspensáo da lógica de reconhecimento e uma
viver o tempo,
de uma mentle crítica,
decolonialidade nåo sonenle a cmcrgênca renúncla das instituiçoese práticas que mantêmamodernidadelcolonialidade
A requcr
alirmar conexão em um
mas também de
sentidos reavivados que objetivem A plataorna decolonial para muitos sujeitos criticose criativos
A criaçhoartistica
decoloial busca manter o cooptados pela
mundo delinido por separaçdo. logica do reconhecimento talvez, lermine aqui, e cles se tornam, em uma ocasião
sentido aguçado de mancira que melhor
mente abertos, bem com0 0 ou mais quue cm uma ocasido, agenles da colonialidade.
corpo e a
onto
criticamente a
responder que objetiva produzir separação
algo O ativismo tradicional também
possam
pode ser entendida como pode cair em tais formas de cooptaçào e
logiea. Nesse sentido, a criaçho arthstica decoonial decadéncia. Isso acontece quando ativistas se consideram mais radicais que os
forma de eslender a prece que Panon la7 ao seu corpo. A perlormance
uma
teóricos e artistas, por exemplo, como se o verdadeiro ativismo nåo
un rilual quc busca manler o corpo procurasse
cstética decolonial é, cntre outras coisas,
juntar cssas árcas e mobilizá-las contra os muros de separaçåo criados
aberto, como uma fonte continua de questocs. Ao meso lempo, essC corpo pela
nodernidacle/colonialidade. O ativismo nào é, porlanto, algo que existe fora
aberto é um corpo prejparado para agir.
O giro estético decolonlal é um distanciamento da colonialidade da
dopensamento ou da criação. O ativismo ocorre através deles, assim como
na discussåo de
estratégias para mudar instituiçöes específicas na sociedade.
visao edo sentido. Eu aspecto-chave da dlecolonialidade do ser, incluindo Mas, para que o giro decolonial se torne um projeto, nenhuma dessas áreas
a decolonialidade do lempo, espaço e subjetividade. Ele está também co
de atividades pode existir isoladamente. A
nectado à decolonialidade da espiritualidade, um ponlo que é bem expresso agência
do condenado é definida
pelo pensamento, pela criação e pela açåo, de um modo que busque trazer
por Anzaldúaquando cla escreve que, "na etnopotica e perlormance do juntas as várias expressöes do condenado para mudaro mundo.
xamà, meu povo, os indigenas, nào separavam o artistico do funcional, o
sagrado dosecular,a arteda vida cotidiana. Os propósitos religiosos, sociais Décima tese: A decolonialidade é um
cesteticos da arte estavam todos interligados" (ANzAL DÚA, 2007, p. 88). A projelo coletivo
espiritualiadade está em grande parte conectada à decolonialidade do ser e A emergéncia do condenado questionador, um orador.
como um
lambém ao abarcamento da unidade de saber,
poder
e ser. A estética de- um escritor e um sujeito criativo é evento impossível dentro da lógiea
um
colonial tem também esse caráler: liga e interliga, conecta dos ternmos do
e reconecta o eu e mundo moderno/colonial. O impossível ocorre toda vez
consigo mesmo, o conhecimento com as ideias, ideias que o condenado aparece dessas maneiras, A resposta é previsível: a ordem
as com as
questöes,
as
questocs com os modos de ser.
moderna/colonial busca descartar a anomalia tanto rejcitando, minimizando
estereotipando o condenad
humilhando,
matando e
exotizando quanto
valores que permites
.A
sistemas de
decolonial envolhe
renuncia aos que BIKO, Steve Write hat I Libr
atitude como uma anomalia funcio ne ago Pres, 20M12. Selerte Writreg h
busca desqualithcar
o
condenado
f1977 agr Unrer ty
resposta que
a
sozinho não pode ir muito longe. sNDEN, Brett. The Empie of
Mas um
condenado
entretanto, não é um projeto de salvação individ.al vihz stiom
Chicago:The Unverssty of (hic agr fhe Farrlution of
A decolonialdade, Prers, 214
sn
Imperis ld
e s i m um projeto que
aspira
construir o mundo
do Ti.Opensament.
a cÉSAIRE. Amé. 1Hroutie on
olonialhm. New
realizados não quando se busca reconhec 20MK York Mrnthy A evneu
são todos
criatividade e a ação Pres
estendemos as mãos
aos outros condenado. CHAMBERL LAIN, ME
mento dos
mestres m a s quando
também renunciam à modernidad. Blackwell Publishers. 1985Derolonization. Tio Fail of the fargeam
São os condenados
e os outros. que
juntos em várias formas de c o cORNELL, Drucilla. Afterwerd Fmp1res.fuf r
c r i a m e agem
in:
colonialidade. que pensam.
desestabilizar a colonialidade do saber
ber, Philosophical Introduction to his
Lije and
(ORON1ers a t Fzron aá A
munidade que podem perturbar
e
Press, 2015. p. 143-147. Thought. Niew tork. Foriram
assim mudar
mundo. A decolonialidade é, portanto, não nvr
poder e ser. e final representa
DAVIS. Angela. Women, Pace, and (la:s.
a ser teito. O diagrama
um evento passado, mas um projeto Books, 1983. New Yrk Random Honse. "V istaz
fundamentais.
algumas dessas peças ESPINOSA MINOSO, Yuderkys, CORREAL.
Karina Ochoa (Eds.). ana
Tejiendo de otro mo do. jemintcmo. Gomez. MUOZ
ANALÍTICA DA DECOLONIALIDADE tas decoloniales Abya Yala. Popayán, eprstemologa
Colomba Editora Cnzverdadsyziei
en
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