Teste Frei Luís de Sousa
Teste Frei Luís de Sousa
Teste Frei Luís de Sousa
Perguntas/
Objetivos Conteúdos Estrutura e Percentagem (%)
cotação
Educação Literária Parte A Parte A A.
Ler e interpretar textos Texto literário: 3 itens de resposta 1. 20 pontos
literários (EL11; 14) excerto de Frei Luís curta 2. 20 pontos
de Sousa, de 3. 20 pontos
Almeida Garrett Grupo I
Parte B 50% Parte B B.
Texto literário: 2 itens de resposta 4. 20 pontos
excerto de curta 5. 20 pontos
Os Lusíadas,
de Camões Total – 100 pontos
Total – 50 pontos
Escrita
a) Planificar a escrita de textos a) Planificação
(E10; 10)
b) Escrever textos de b) Texto de opinião
diferentes géneros e 1 item de resposta
Grupo III Item
finalidades (E10; 11) extensa
25% único 50 pontos
c) Redigir textos com c) Redação / (200 a 300 palavras)
coerência e correção textualização
linguística (E10; 12)
d) Rever os textos escritos d) Revisão
(E10; 13)
GRUPO I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
A
Lê o texto.
- MARIA – «Menina e moça me levaram de casa de meu pai» – é o princípio daquele livro1 tão
- bonito que minha mãe diz que não entende; entendo-o eu. – Mas aqui não há menina nem
- moça; e vós, senhor Telmo Pais, meu fiel escudeiro, "faredes o que mandado vos é". – E não me
- repliques, que então altercamos2, faz-se bulha, e acorda minha mãe, que é o que eu não quero.
5 Coitada! Há oito dias que aqui estamos nesta casa, e é a primeira noite que dorme com
- sossego. Aquele palácio a arder, aquele povo a gritar, o rebate dos sinos, aquela cena toda...
- oh! tão grandiosa e sublime, que a mim me encheu de maravilha, que foi um espetáculo como
- nunca vi outro de igual majestade!... À minha pobre mãe aterrou-a, não se lhe tira dos olhos:
- vai a fechá-los para dormir e diz que vê aquelas chamas enoveladas em fumo a rodear-lhe a
10 casa, a crescer para o ar e a devorar tudo com fúria infernal... O retrato de meu pai, aquele do
- quarto de lavor3 tão seu favorito, em que ele estava tão gentil-homem, vestido de cavaleiro de
- Malta com a sua cruz branca no peito – aquele retrato não se pode consolar de que lho não
- salvassem, que se queimasse ali. Vês tu? Ela que não cria em agouros, que sempre me estava a
- repreender pelas minhas cismas, agora não lhe sai da cabeça que a perda do retrato é
15 prognóstico fatal de outra perda maior, que está perto, de alguma desgraça inesperada, mas
- certa, que a tem de separar de meu pai. – E eu agora é que faço de forte e assisada, que zombo
- de agouros e de sinas... para a animar, coitada!... que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé
- neles. Creio, oh, se creio! que são avisos que Deus nos manda para nos preparar. – E há... oh!
- há grande desgraça a cair sobre meu pai... de certo! e sobre minha mãe também, que é o
20 mesmo.
- TELMO (disfarçando o terror de que está tomado) – Não digais isso... Deus há de fazê-lo por
- melhor, que lho merecem ambos. (Cobrando ânimo e exaltando-se) Vosso pai, D. Maria, é um
- português às direitas. Eu sempre o tive em boa conta; mas agora, depois que lhe vi fazer aquela
- ação, que o vi, com aquela alma de português velho4, deitar as mãos às tochas, e lançar ele
25 mesmo o fogo à sua própria casa; queimar e destruir numa hora tanto do seu haver, tanta coisa
- de seu gosto, para dar um exemplo de liberdade, uma lição tremenda a estes nossos tiranos...
- oh, minha querida filha, aquilo é um homem! A minha vida, que ele queira, é sua. E a minha
- pena, toda a minha pena é que o não conheci, que o não estimei sempre no que ele valia.
- MARIA (com lágrimas nos olhos e tomando-lhe as mãos) – Meu Telmo, meu bom Telmo!... é uma
30 glória ser filha de tal pai, não é? Dize.
- TELMO – Sim, é: Deus o defenda!
- MARIA – Deus o defenda! Ámen. – E eles, os tiranos governadores, ainda estarão muito contra
- meu pai? Já soubeste hoje alguma cousa das diligências do tio Frei Jorge?
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, prefácio de Annabela Rita, Porto, Edições Caixotim, 2004, pp. 93-95
1 sentimental de Bernardino Ribeiro (século XVI), que relata uma série de amores infelizes; 2 discutimos; 3 de trabalhos femininos;
4
português de antigamente
1. Nas suas palavras, Maria deixa transparecer sentimentos diferentes dos de sua mãe em relação
ao incêndio do palácio onde ambas habitavam. Justifica esta afirmação.
2. Atenta na primeira didascália do texto. Recorrendo ao teu conhecimento da obra, indica que
motivos teria Telmo para se comportar do modo indicado.
3. Telmo confessa ter ocorrido nele determinada mudança relativamente ao modo como
considerava Manuel de Sousa Coutinho. Explicita a natureza dessa alteração.
Lê o texto.
- E, enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
- Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
- Tomai as rédeas1 vós do Reino vosso:
- Dareis matéria a nunca ouvido canto.
5 Comecem a sentir o peso grosso
- (Que polo mundo todo faça espanto)
- De exércitos e feitos singulares
- De África as terras e do Oriente os mares2.
1
D. Sebastião começou a governar com 14 anos, em 1568; 2 vv. 5-8: as terras de África e os mares do Oriente comecem a sentir a força dos
exércitos portugueses e das suas façanhas únicas, de tal modo que o mundo se espante; 3 cheio de medo; 4 extermínio, destruição; 5
populações não civilizadas e pagas; 6 deusa marítima; 7 o mar; 8 riquezas que eram levadas para o casamento pela mulher; 9 preparado; 10
Tétis pretende casar uma filha com D. Sebastião, levando a filha o mar como dote; 11 as almas de D. João III, famoso pela paz, e de Carlos V,
famoso pela guerra; ambos eram avôs de D. Sebastiao; 12 vv. 22 e 17: «lá», no céu; «cá», na terra; 13 vv. 23: no Paraíso, que no v. 16 é a
«Olímpica morada»
GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Lê o texto.
Sobre os refugiados
- Bem sei que este tema é complicado e muita gente tem ideias e visões diferentes. Esta é a
- minha opinião. Certa ou errada, antes de mais, merece ser respeitada, assim como eu respeito a
- dos outros. Podem concordar ou discordar, mas devem respeitar.
- Para mim, o termo migrantes tem vindo a ser mal usado. Se bem que a definição de migrante
5 seja aquele «que ou o que muda de país ou de região», não acho que se deva classificar pessoas
- que fogem da guerra de simples migrantes. Quando o enorme Aristides de Sousa Mendes
- desobedeceu a Salazar para salvar milhares de pessoas da morte certa se caíssem nas mãos dos
- nazis, não estava a ajudar migrantes, mas sim refugiados (da definição «que procuram refúgio»).
- Da mesma forma, pessoas que fogem de tiroteios e bombardeamentos nas suas cidades,
10 deveriam, a meu ver, ser chamados também de refugiados e não de migrantes. Até porque estas
- pessoas fogem de uma morte quase certa, arriscando a vida na travessia do Mediterrâneo em
- condições muito precárias, muitas vezes aplicando todo o dinheiro que possuem para esse efeito
- (quem ganha com isso são aqueles que cobram para transportar estas pessoas, deixando-as depois
- à sua sorte no alto mar).
15 Porque são refugiados, porque é uma obrigação legal – porque Portugal é um dos subscritores
- dos vários tratados internacionais que afirmam a necessidade de proteger e apoiar os refugiados –
- mas, antes disso, uma obrigação moral, porque não há valores mais altos do que a vida e a
- dignidade humanas, sou claramente a favor do apoio e da receção de refugiados em Portugal.
- Mas, dito isto, tem de haver condições.
20 A maioria foge de países em guerra, cujos intervenientes já por várias vezes ameaçaram os
- países europeus, por isso, deve, a meu ver, toda a Europa recensear todos aqueles que chegam
- por essa via. Todos os refugiados, seja qual for o país pelo qual entrem na Europa, devem ser
- registados, com todos os dados possíveis (dados pessoais como nome, proveniência, altura, peso,
- impressão digital, etc., etc.), de forma a, por um lado, captar a possibilidade de haver membros
25 com histórico de criminalidade e, por outro lado, para existirem dados reais de quantas pessoas
- nestas condições entram no velho continente e, com esses dados, organizar e canalizar as mesmas
- para onde for possível abrigá-las.
- Outra condição será o trabalho. Numa Europa a braços com uma crise económica, estas
- pessoas devem ter consciência de que devem contribuir para a comunidade onde se vão inserir. E
30 muitos dirão «mas há tanto desemprego na Europa, que ocupação vamos dar a estas pessoas?»
- Por muito desemprego que exista, há sempre, por exemplo, as tarefas que os naturais dos países
- não querem fazer. Neste sentido, não me parece tão descabida a sugestão de António Costa de
- propor algumas destas pessoas para a limpeza das matas. Mas sem tornar isso uma obrigação
- inevitável, pois os refugiados não são pessoas condenadas a trabalho comunitário. Há que, ainda
35 assim, sensibilizá-los para que a comunidade que os recebe o faz de braços abertos, mas não tem
- condições de os sustentar sem retribuição da parte deles.
- Os refugiados não são os culpados nem da guerra que assola os seus países, nem da pobreza
- em que muitos vivem no nosso. E se a situação fosse inversa, nós gostaríamos certamente de ser
- bem recebidos noutros países. Temos todos de trabalhar para ajudar quem mais precisa, sejam os
40 nossos compatriotas, seja quem, em situação de desespero e emergência, nos pede ajuda. Porque
- hoje são eles, amanhã podemos ser nós.
João Cerveira, in http://www.maisopiniao.com, publicado a 12 de setembro de 2015 (texto adaptado, consultado em 14 de outubro de 2015)
1. O ponto de vista apresentado pelo autor, no segundo parágrafo, consiste em afirmar que
(A) a palavra migrante não tem sido usada com propriedade, pois tem sido aplicada a
pessoas que se limitam a mudar de país ou de região.
(B) o uso da palavra migrante para referir pessoas que se deslocam para encontrar refúgio é
correto.
(C) a palavra migrante deve usar-se exclusivamente para referir pessoas que procuram
refúgio.
(D) o uso da palavra migrante só se aplica a quem arrisca a vida atravessando o Mediterrâneo.
4. Com a utilização, no terceiro parágrafo, dos marcadores textuais «por um lado» (linha 24) e «por
outro lado» (linha 25), o autor
(A) organiza a informação.
(B) apresenta duas causas.
(C) insere dois exemplos.
(D) distingue duas atitudes.
5. As medidas que o autor propõe no final do terceiro parágrafo (linhas 23 a 25) destinam-se a
(A) saber com exatidão quem entra na Europa.
(B) perceber a origem e o historial de cada refugiado.
(C) verificar os registos criminais de quem entra na Europa.
(D) conhecer quem entra na Europa e a preparar o seu futuro.
«Temos todos de trabalhar para ajudar quem mais precisa, sejam os nossos compatriotas, seja quem,
em situação de desespero e emergência, nos pede ajuda. Porque hoje são eles, amanhã podemos ser
nós.» (linhas 39 a 41).
10. Transcreve, do penúltimo parágrafo do texto, a oração coordenada explicativa nele presente.
GRUPO III
O mundo moderno apresenta hoje, bem mais do que no passado, um conjunto de características
que podem provocar medos, receios e incertezas nos adolescentes.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
apresenta uma opinião sobre a importância e o modo de se combaterem aspetos negativos visíveis
na nossa sociedade.
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um
deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
Cenário de resposta:
Enquanto Maria diz ter-se sentido empolgada com o incêndio, que considera ter sido um espetáculo grandioso e
«sublime», D. Madalena, segundo a filha, viveu o acontecimento aterrada, pois entende que a destruição do palácio e
do retrato do marido é sinal ou agouro de uma outra destruição que ocorrerá brevemente.
Cenário de resposta:
Na primeira didascália do texto, Telmo disfarça «o terror de que está tomado». O terror que o ataca funda-se nas
palavras de Maria ditas anteriormente, segundo as quais algo de funesto está prestes a acontecer. Ele acredita na
mesma coisa, daí o «terror»; contudo, ele disfarça o seu estado de espírito para que Maria não se sinta
mais aflita e comece a fazer perguntas embaraçosas sobre o passado.
Cenário de resposta:
Trata-se de uma evolução no sentido positivo: Telmo não gostava de Manuel de Sousa Coutinho por ele ter vindo
ocupar o lugar de D. João de Portugal, a quem Telmo venerava acima de tudo e de todos; contudo, ao ver o lado
patriótico de Manuel de Sousa, Telmo curva-se perante a sua personalidade viril.
B
Pergunta 4 ........................................................................................................................ 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) ..................................................................................................... 12 pontos
Cenário de resposta:
O destinatário das palavras do Poeta é o rei D. Sebastião. O texto pertence à Dedicatória de Os Lusíadas, poema
dedicado a este rei, a quem o Poeta se dirige: «vós» (verso 1), «Sublime Rei» (verso 2), «Em vós» (verso 9), etc.
Cenário de resposta:
A matéria épica, grandiosa, guerreira, concretiza-se, por exemplo, na referência ao passado (versos 17 a 20): nestes
versos, o Poeta refere-se a um antepassado de D. Sebastião famoso «pelas batalhas sanguinosas»; mas esta matéria
concretiza-se também no presente próximo, pois o Poeta incita o rei a combater com «o Mouro frio» (verso 9) e a
cometer grandes feitos tanto em terra como no mar (versos 5 a 8).
1. A 5
2. C 5
3. C 5
4. A 5
5. D 5
6. B 5
7. A 5
8. «hoje» refere a atualidade; «amanhã» refere um tempo futuro, posterior ao referido «hoje» 5
9. Complemento indireto – «nos» (linha 40) – [quem pede ajuda pede ajuda a alguém] 5
10. «pois os refugiados não são pessoas condenadas a trabalho comunitário.». (linha 34) 5
Pontuação
15 12 9 6 3
Parâmetro
(A) Trata, sem desvios, o tema Trata o tema proposto, Aborda lateralmente o tema
Tema e proposto. embora com alguns desvios. proposto.
tipologia Mobiliza informação ampla e Mobiliza informação Mobiliza muito pouca
diversificada relativamente à suficiente, relativamente à informação relativamente à
tipologia textual solicitada: tipologia textual solicitada: tipologia textual solicitada:
produz um discurso coerente produz um discurso produz um discurso
e sem qualquer tipo de globalmente coerente, geralmente inconsistente e,
ambiguidade. apesar de algumas por vezes, ininteligível.
ambiguidades.
Pontuação
10 8 6 4 2
Parâmetro
(B) Redige um texto bem Redige um texto Redige um texto com
Estrutura e estruturado, constituído por satisfatoriamente estruturação muito
coesão três partes (introdução, estruturado nas três partes deficiente, em que não se
desenvolvimento, conclusão), habituais, nem sempre conseguem identificar
proporcionadas e articuladas devidamente articuladas claramente três partes
entre si de modo consistente; entre si ou com (introdução,
•• marca corretamente os desequilíbrios de proporção desenvolvimento e
parágrafos; mais ou menos notórios; conclusão) ou em que estas
•• utiliza, adequadamente, •• marca parágrafos, mas com estão insuficientemente
conectores diversificados e algumas falhas; articuladas;
outros mecanismos de coesão •• utiliza apenas os conectores •• raramente marca parágrafos
textual. e os mecanismos de coesão de forma correta;
textual mais comuns, •• raramente utiliza conectores
embora sem incorreções e mecanismos de coesão
graves. textual ou utiliza-os de forma
inadequada.
Pontuação
5 4 3 2 1
Parâmetro
(C) Mobiliza, com Mobiliza um repertório Mobiliza um repertório
Léxico e intencionalidade, recursos da lexical adequado, mas pouco lexical adequado, mas pouco
adequação língua expressivos e variado. variado.
discursiva adequados. Utiliza, em geral, o registo de Utiliza, em geral, o registo de
Utiliza o registo de língua língua adequado ao texto, língua adequado ao texto,
adequado ao texto, mas apresentando alguns mas apresentando alguns
eventualmente com afastamentos que afetam afastamentos que afetam
esporádicos afastamentos, pontualmente a adequação pontualmente a adequação
que se encontram, no global. global.
entanto, justificados pela
intencionalidade do discurso
e assinalados graficamente
(com aspas ou sublinhados).