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Brasileiros Na Palestina - Uma Colaboração
Brasileiros Na Palestina - Uma Colaboração
Brasileiros Na Palestina - Uma Colaboração
Álvaro Vasconcelos
Arlene Clemesha
Feliciano de Sá Guimarães
Organizadores
Organizadores
Álvaro Vasconcelos
Arlene Clemesha
Feliciano de Sá Guimarães
DOI 10.11606/9788569229032
São Paulo
Agosto de 2018
Este livro teve início no debate organizado em outubro de 2015 no IRI-USP e intitulado
Brazil and the Middle East: shaping new patterns of connections?. Este evento só foi possível
graças ao apoio fundamental da FAPESP (Processo no. 2015/12921-9) e CAPES/PAEP
(Processo no. 1905/2015).
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e autoria, proi-
bindo qualquer uso para fins comerciais.
ISBN 978-85-69229-03-2
DOI 10.11606/9788569229032
Apresentação 8
Álvaro Vasconcelos e Arlene Clemesha
Capítulo 1
Soft Power: um poder que deve ser utilizado 14
Álvaro Vasconcelos
Capítulo 2
As Forças do Autoritarismo no Mundo Árabe: entre o velho
regime, a governança islâmica e a democracia liberal 29
Hussein Kalout
Capítulo 3
Entre a cogestão e a irrupção: laços da
participação entre Brasil, Tunísia e Egito 52
Geraldo Campos
Capítulo 4
Brasileiros na Palestina: uma colaboração
para romper a paralisia internacional 73
Arlene Clemesha
Capítulo 5
Construir um diálogo Brasil-Tunísia
para a consolidação da democracia 94
Cecilia Baeza
Capítulo 6
O Discurso da Política Externa Brasileira para o Oriente
Médio no Sistema Multilateral da ONU (1995-2016) 113
Feliciano de Sá Guimarães e Letícia Mongelli
Capítulo 7
Meta-academia: como as instituições
acadêmicas brasileiras estudam o Oriente Médio 134
Bruno Camponês do Brasil
1 Usamos aqui Oriente Médio, no sentido que lhe dão alguns especialistas árabes,
compreendendo uma região que se estende do Irã a Marrocos, incluindo o Mache-
rek e o Magrebe.
2 O primeiro Inquérito terminou em fevereiro de 2015 o segundo foi realizado,
um ano depois, em fevereiro de 2016.
3 As perguntas foram - Qual é a percepção, em geral, do Brasil, quer do ponto
de vista do seu modelo político e social, quer do ponto de vista da sua política in-
ternacional? - Que papel para o Brasil, no contexto das atuais mudanças políticas e
7 Ver Alvaro Vasconcelos, Report:Scenarios for a Peace Mission for Syria, ARI,No-
vember 2014.
8 Entrevista em fevereiro de 2016.
9 Entrevista em fevereiro de 2016.
Favorável Desfavorável
América Latina 58% 18%
Ásia 55% 25%
Europa 51% 34%
Oriente Médio 44% 36%
Fonte: elaborado pelo autor.
Favorável Desfavorável
Líbano 54% 36%
Palestina 45% 33%
Tunísia 44% 23%
Egito 35% 64%
Jordânia 30% 70%
Turquia 20% 65%
14 https://www.hrw.org/news/2017/06/02/egypt-new-law-will-crush-civil-society.
15 Ver Egypt: Renewed Crackdown on Independent Groups, Government Investi-
gating Human Rights Workers, Human Rights Watch, June 15, 2015.
Conclusões e recomendações
O Brasil democrático que criara nas duas últimas décadas uma ima-
gem positiva no Oriente Médio era visto como uma potência pós-militar,
com um modelo democrático e social que pode servir de exemplo para o
combate à miséria na região.
4 MASOUD, Tarek (2014). Counting Islam: Religion, Class, and Elections in Egypt.
Cambridge University Press.
5 Idem
6 Disponível em <http://english.ahram.org.eg/newscontent/1/64/102841/egypt/
politics-/breaking-pec-officially-announces-abdelfattah-elsi.aspx>. Acessado em
01/10/2015.
7 De acordo com dados da The Egyptian Authority for Educating Adults (EAEA);
UNICEF; Banco Mundial. Disponível em <http://egyptianstreets.com/2014/09/09/
more-than-25-of-egypts-population-illiterate>. Acessado em 30/09/2015.
-economy-investments-gulf-egypt-europe-utica.html#ixzz3mUtFBgLl>. Acessado
em 11/09/2015.
11 MARZOUKI, Moncef. 2014. Al Rehla. Dar el Adab – Em dezembro de 2011,
Marzouki foi eleito pela Assembleia Constituinte tunisiana como presidente tran-
sitório do país. Sua escolha deveu-se a sua atuação como ativista no campo dos di-
reitos humanos e como ator político suprapartidário com a missão de implementar
a fase de transição.
12 - al-islamiya, numa tradução livre significa a “grande nação islâmica”.
Al uma
Referências
Art, Robert J., and Waltz, Kenneth. The Use of Force: International Politics
and Foreign Policy. Boston: Little, Brown, 1971.
Ayoub, Mahmoud. Islam: Faith and History. Oxford. Oneworld Publications.
2004.
Brooks, Stephen and Wohlforth, William. Power, Globalization, and the End
of the Cold War Reevaluating a Landmark Case for Ideas. Internation-
al Security, Vol. 25, No. 3 (Winter 2000/01).
Brownlee, Jason, Masoud, Tarek E., and Reynolds, Andrew. The Arab Spring:
Pathways of Repression and Reform. 2015.
Davidson, Christopher. After the Sheikhs: The Coming Collapse of the Gulf
Monarchies. London. Hurst. 2012.
Cipriano, Paulo. O processo de transição na Tunísia pós-Ben Ali: Origens, Desa-
fios e Perspectivas. Ministério das Relações Exteriores. 2015.
El-Alaoui, Hicham Ben Abdallah. Le Monde Diplomatique, edição Agosto de
2009.
Fawcett, Louise L’Estrange. International Relations of the Middle East. Oxford
University Press, 2005.
Feldman, Noah. After Jihad: America and the Struggle for Islamic Democra-
cy. 1st ed. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2003.
Feldman, Noah. The Fall and Rise of the Islamic State. Princeton: Princeton
University Press, 2008.
Fukuyama, Francis. Political Order and Political Decay: From the Industrial
Revolution to the Globalization of Democracy. First ed. 2014.
Fukuyama, Francis. Nation-building: Beyond Afghanistan and Iraq. Forum on
Constructive Capitalism. Baltimore: Johns Hopkins University Press,
2006.
Halliday, Fred. Nation and Religion in the Middle East. London: Saqi, 2000.
Halliday, Fred. The Middle East in International Relations: Power, Politics and
1 DAGNINO, Evelina et al.. Para uma outra leitura da disputa da construção demo-
crática na América Latina. In: Dagnino, Evelina et al. (orgs.) A disputa pela construção
democrática na América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 2006. Pág.23.
25 BENSKI, T. et al. From the streets and squares to social movement studies:
what have we learned? Current Sociology, v. 61, n. 4, p. 541-561, 2013.
26 CAMPOS, Geraldo Adriano Godoy de; LORIN, Carminda Mac; CANET, Ra-
phaël. Combinando heterogeneidades em espaços globais de mobilização: os casos
do fórum social mundial e globalsquare. Horiz. Antropol., Porto Alegre , v. 20, n. 41,
p. 233-265, June 2014; JURIS, J. S.; CARUSO, G.; MOSCA, L. Freeing software and
opening space: social forums and the cultural politics of technology. Societies Wi-
thout Borders, n. 3, p. 96-117, 2008.
27 Em conversas posteriores realizadas com alguns desses entrevistados do Egi-
to, em 2015, era perceptível a sensação de que o medo estava de volta.
2016, foram presos dez homens “suspeitos de associação com terrorismo”, a par-
tir de elementos coletados de suas comunicações virtuais na chamada “Operação
Hashtag”.
32 Fabio permaneceu 40 dias na prisão de Tremembé sem qualquer prova que
acarretasse uma condenação (posteriormente, comprovou-se falsa a acusação de
que ele portava um suposto “artefato explosivo”). Rafael Braga Vieira, catador de
lixo reciclável do Rio de Janeiro, foi preso em 20 de junho de 2013 por portar um
frasco de desinfetante Pinhosol e outro de água sanitária, tendo sido o único conde-
nado pelos protestos de 2013.
33 DE GIORGI, Alessandro. Re-thinking the Political Economy of Punishment. Pers-
pectives on Post-Fordism and Penal Politics. Burlington, Vt: Ashgate Publishing
Company, 2006.
Referências
AVRITZER, Leonardo e NAVARRO, Zander (orgs.). A inovação democrática no
Brasil. São Paulo: Ed. Cortez, 2003.
ALLEGRETTI, Giovanni. Cuidar das percepções dos participantes para de-
sencadear um círculo virtuoso. In: Dias, Nelson (org.). Esperança De-
mocrática. 25 anos de orçamentos participativos no mundo. São Brás
de Alportel, Portugal: Associação In Loco, 2013.
BENSKI, T. et al. From the streets and squares to social movement studies:
what have we learned? Current Sociology, v. 61, n. 4, p. 541-561, 2013.
CAMPOS, Geraldo Adriano; MARQUETTI, Adalmir e PIRES, Roberto.
(Orgs.) Democracia participativa e redistribuição: análise de experiên-
cias de orçamento participativo. São Paulo: Editora Xamã, 2008.
5 Cf. Eyal Weizman. Op. Cit., p. 8. Após 1967, as políticas de controle espacial e
segregação populacional ganharam maior complexidade. Diferentemente de 1948,
quando permaneceram poucos palestinos dentro do território israelense, em 1967
Israel se expandiu sobre uma grande população de palestinos residentes na Cisjor-
dânia e na Faixa de Gaza, à qual não seria estendida a cidadania israelense. Assim,
não apenas as interferências fronteiriças seriam plásticas, jamais fixadas, circun-
dando e entrecortando povoamentos, e oscilantes, podendo avançar e recuar cons-
tantemente, mas, como demonstra Eyal Weizman, a terra passou a ser concebida
em suas várias camadas, com diferentes usos sendo atribuídos à superfície, subsolo
e espaço aéreo.
6 Cf. Nathan Sachs. Why Israel Waits: anti-solutionism as a strategy. The Post-A-
merican Middle East, Foreign Affairs, nov.-dec. 2015, pp. 74-83.
7 Veja Alina Korn. The ghettoization of the Palestinians. In: Ronit Lentin (org.).
Thinking Palestine. Nova Iorque: Zed Books, 2008, pp. 116-130.
8 Alaa Tartir e Jeremy Wildeman. Can Oslo’s Failed Aid Model de Laid to Rest?
Al Shabaka, 18 de setembro de 2013. Diponível em: <https://al-shabaka.org/briefs/
can-oslos-failed-aid-model-be-laid-rest/>. Visto em 12 de junho de 2018.
9 Sara Roy. Failing Peace. Gaza and the Palestinian-Israeli Conflict. Nova Iorque:
Pluto Press, 2007, p. 86.
11 Farming in the mouth of the lion: a case study on Wadi Fuken. Stop the Wall.
Palestinian Grassroots Anti-Apartheid Wall Campaign. 20 de outubro de 2011. Dis-
ponível em: <https://www.stopthewall.org/farming-mouth-lion-case-study-wadi-
fuken>. Visto em 11 de junho de 2018.
12 Samer Abdelnour. Op. Cit.
14 La Via Campesina. Mision Palestina: Via Campesina Pide Respecto Para Sobe-
ranía Alimentaria, 5 de abril de 2002. Disponível em: <https://viacampesina.org/es/
mision-palestina-via-campesina-pide-respecto-para-soberanalimentaria/>.
15 Veja Ahmed Jaradat. Movimento Camponês na Palestina: um avanço chave para
a defesa da justiça social. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Disponível
em: <http://www.mst.org.br/2018/02/01/movimento-campones-na-palestina-um
-avanco-chave-para-a-defesa-da-justica-social.html>. Visto em junho de 2018.
16 Veja Tariq Dana. Palestinian Civil Society: what went wrong? Al Shabaka, abril
de 2013, p.5 Disponível em: <https://al-shabaka.org/briefs/palestinian-civil-socie-
ty-what-went-wrong/>. No interior da sociedade civil palestina, há divergências
sobre a eficácia de suas formas de atuação. No lugar da ênfase sobre as ONGs pro-
fissionais, Tariq Dana defende nesse artigo que o foco da resistência palestina recaia
sobre organismos com maior base participativa, tais como os comitês populares,
movimentos de juventude, de mulheres, cooperativas, sindicatos, e toda forma de
mobilização popular.
17 Rachel estava prestes a cumprir seus 24 anos de idade quando, em março
de 2003, foi soterrada e morta por uma retroescavadeira israelense que cumpria
uma ordem de demolição, na cidade de Rafa, Faixa de Gaza. Tom Hurndall, de Man-
chester, tinha 22 anos de idade quando foi atingido por um tiro na cabeça enquanto
tentava proteger crianças palestinas dos disparos que partiam de soldados israelen-
ses posicionados em uma torre de vigilância em Gaza. Tom faleceu após passar 9
meses em coma. Longas batalhas judiciais terminaram com uma rara condenação do
soldado que atirou em Tom (e confessou que sabia que se tratava de um civil desar-
mado), mas em derrota após derrota para os pais e amigos de Rachel. Permanecem
sem qualquer tipo de resolução, os inúmeros casos de ativistas palestinos, alvos dos
cela amistoso contra Israel – afinal, matar palestinos tem consequências. The Inter-
cept. 6 de junho de 2018. Disponível em: <https://theintercept.com/2018/06/06/
futebol-argentina-cancela-amistoso-israel/>. Visto em 20 de junho de 2018.
25 Breno Costa. Com queda da Odebrecht, Elbit, fabricante israelense de drones,
tenta decolar no Brasil. The Intercept. 17 de agosto de 2016. Disponível em: <https://
theintercept.com/2016/08/17/com-queda-da-odebrecht-elbit-fabricante-isra-
elense-de-drones-tenta-decolar-no-brasil/>. Visto em 24 de junho de 2018.
26 Ver Osama Khalil, Diana Buttu e Mouin Rabbani. Allying against Iran: reper-
cussions for Palesitne. Al Shabaka, 14 de agosto de 2018. Disponível em: <https://
al-shabaka.org/roundtables/allying-against-iran-repercussions-for-palestine/>.
Visto em 14 de agosto de 2018.
27 Cf. Nadim Nashif e Raya Naamneh. Palestinian citizens in Israel: a fast-shrinking
civil space. Al Shabaka. 13 de janeiro de 2016. Disponível em: <https://al-shabaka.
org/commentaries/palestinian-citizens-in-israel-a-fast-shrinking-civic-space/>.
Visto em junho de 2016.
28 Ali Younes. Knesset disqualifies bill seeking equal status for Jews and Ara-
bs. Al Jazeera, 5 de junho de 2018. Disponível em: <https://www.aljazeera.com/
news/2018/06/knesset-disqualifies-bill-seeking-equalde-status-jews-ara-
bs-180605103127742.html>. Visto em junho de 2018.
29 Cf. Basic Law: Israel - the Nation-State of the Jewish People. Disponível em:
<http://knesset.gov.il/laws/special/eng/BasicLawNationState.pdf>. Visto em 20 de
julho de 2018
30 Veja Ingrid Jaradat, Noura Erekat e Diana Buttu. Threats to human rights de-
fenders: how far will Israel go? Al Shabaka, 4 de agosto de 2016. Disponível em: <ht-
tps://al-shabaka.org/roundtables/threats-human-rights-defenders-far-will-israel-
ral nos territories ocupados. Ministério das Relações Exteriores, 9 e junho de 2016.
Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/14191-de-
cisao-do-conselho-executivo-da-unesco-sobre-o-patrimonio-cultural-nos-territo-
rios-ocupados>. Visto em 21 de junho de 2018.
33 Cf. http://eappi.org/en/about/history.
Referências
ABDELNOUR, Samer. A new model for Palestinian development. Al-Sha-
baka, abril de 2010. Disponível em: <https://al-shabaka.org/briefs/
new-model-palestinian-development/>.
ARMSTRONG, Karen. Jerusalém. Uma cidade, três religiões. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
AZZAM, Fateh. NGOs vs. Grassroots Movements: a false dichotomy. Al Sha-
baka, 6 de fevereiro de 2014. Disponível em: <https://al-shabaka.org/
commentaries/ngos-vs-grassroots-movements-a-false-dichotomy/>.
Civic Coalition for Palestinian Rights in Jerusalem. Israel Announces Illegal
Settlement Expansion. Jerusalém, 29 de fevereiro de 2016.
DANA, Tariq. Palestinian Civil Society: what went wrong? Al Shabaka, abril
de 2013. Disponível em: <https://al-shabaka.org/briefs/palestinian-
civil-society-what-went-wrong/>.
Union of Agricultural Work Committees. Disponível em: <http://uawc-pal.
org/UAWCAbout.php>.
EREKAT, Noura. What role for law in the Palestinian struggle for liberation?
1 Tunisia struggles to square security with democracy, Financial Times, July 10,
2015.
2 The Guardian view on Tunisia’s transition: a success story, Editorial, The Guar-
dian, 26 December 2014.
3 Em 2011 e 2012, houve várias iniciativas nesse sentido. O Kellogg Institute for
International Studies e o Kroc Institute for International Peace Studies da Universi-
ty of Notre Dame organizaram em outubro de 2011 uma conferência internacional
titulada Transições para a democracia e a Primavera Árabe: Pode América Latina pode
servir de lição para o Oriente Médio?. Em janeiro de 2012, a Comissão Econômica e
Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (UNESCWA) convocou em Beirute
(Líbano) uma reunião sobre a transições democráticas no mundo árabe com pesso-
alidades políticas de vários países, entre as quais Michelle Bachelet, naquela época
ex-Presidente do Chile.
8 Revista Isto É, Brasil que ainda tortura, 15 de julho de 2011. Disponível em:
<http://istoe.com.br/146953_O+BRASIL+QUE+AINDA+TORTURA/>.
Referências
BEETHAM, David. The contradictions of democratization by force: the case
of Iraq. Democratization, 2009, vol. 16, no 3, p. 443-454.
BEN SALEM, Maryam. The National Dialogue, Collusive Transactions and
Government Legitimacy in Tunisia. The International Spectator, v. 51,
n. 1, p. 99-112, 2016.
BOUMEDIENE, Malik. Armée, police et justice dans la Tunisie contempo-
raine. Pouvoirs, n. 1, p. 107-118, 2016.
BRANDÃO, Lucas Coelho. Os movimentos sociais e a Assembleia Nacional
Constituinte de 1987-1988: entre a politica institucional e a partici-
pação popular. 2011. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
CAMAU, Michel. Sociétés civiles “réelles” et téléologie de la démocratisa-
tion. Revue internationale de politique comparée, v. 9, n. 2, p. 213-232,
2002.
DOBRY, Michel. Les voies incertaines de la transitologie choix stratégiques,
séquences historiques, bifurcations et processus de "path dependen-
ce". Revue française de science politique, p. 585-614, 2000.
4 Nos gráficos 02 e 03 agrupamos por frases para a leitura fazer mais sentido
dada a dispersão encontrada na análise por palavras.
ONU e Iraque 3
Ação no Iraque 5
Povo Iraquiano 5
Governo da Líbia 5
Oriente Médio 5
Governo do Iraque 6
0 1 2 3 4 5 6 7
Frequência de conceitos - número de palavras
Governo do Iraque 4
Conceitos relacionados ao Oriente Médio
Al Qaeda 9
Oriente Médio 10
0 5 10 15 20 25
Frequência de conceitos - número palavras
Autoridades líbias 5
Conceitos relacionados ao Oriente Médio
Colônos israelenses 5
Segurança de Israel 5
Faixa de Gaza 6
Irã Nuclear 6
Cisjordânia 7
Autoridade Palestina 7
Jerusalém 10
Palestina 17
Oriente Médio 24
0 5 10 15 20 25 30
Frequência de conceitos - número de palavras
Judeus 1
Iraque 1
Conceito relacionado ao Oriente Médio
Árabes 1
Afeganistão 1
Israel 2
Palestinos 3
Oriente Médio 6
Paz 9
Terrorismo 11
0 2 4 6 8 10 12
Frequência de conceitos - número de palavras
Teerã 2
Irã 2
Golfo Pérsico 2
Conceitos relacionados ao Oriente Médio
Bagdá 2
Terrorismo 3
Assentamentos judaicos 3
Palestina 3
Iraque 3
Palestinos 5
Israel 6
Árabes 7
Oriente Médio 9
Conflito 9
Paz 12
0 2 4 6 8 10 12 14
Frequência de conceitos - número de palavras
Gaza 1
Assentamos judaicos 1
Islamofobia 1
Conceitos relacionados ao Oriente Médio
Iraque 1
Turquia 2
Líbia 2
Terrorismo 4
Árabe 4
Oriente Médio 4
Palestina 5
Israel 6
Paz 6
Palestina 6
Conflito 9
Síria 15
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Frequência de conceitos - número de palavras
35
25
51 27 3 30
55 32 1 33
52 18 1 19
56
30
20 18 3 21
53 12 0 Número de 12
57 15 4 19
54 16 3 19
Número de discursos
25
15 discursos com
55 32 1 33OM
referência ao
Número de discursos sem referência
Número
ao OM
de discursos com referência ao OM
56
20
10 18 3 21
57 1 1 Número
Número de
de19
2
57 15 4
58
15
5 13 4 discursos 17
discursos sem
com
59 16 3 referência
referência ao
19OM
ao OM
Número de discursos sem referência
Número
ao OM
de discursos com referência ao OM
60
10
0 15 4 19
57 1 157 Número de 2
61 50 51 52 5320 54 55 56 4 24
58
5 13 4 17
discursos sem
62 Número21 da Sessão 2 23OM
referência ao
59 16 3 19
63 22 1 23
60
0 elaborado pelos autores. 15
Fonte: 4 19
64 34 5 39
61
65
50 51 52 5320 54
34
55
Discursos - Governo Lula
56 457
5
24
39
62 Número21 da Sessão 2 23
45 Presidente + Ministros+Diplomatas
63 22 1 23
64
40
Número
Gráfico
Número de
de discursos
08: Total
discursos sem
sem referência
de Discursos Número
com
referência ao
34 Número
OM
de
Menção
ao OM Discursos - Governo FHC
de discursos com
com5referência
ao Oriente
discursos Médioao
referência OM
aono
OMgoverno
Número de disscursos no tota
39
66
Lula
50
65
35
67
33
22
34
22
Discursos - Governo Lula
6
4
5
6
39
26
39
28
51
35 27 3 30
45
68 26 6 32
de discursos
25
67 22 6 28
35 Número de discursos
55
68 32
26 1
6 33
32ao
20
de discursos
com referência
Número
56
20
30
69 18
19 3
6 OM 21
25
57
15 15 4 Número de19
70 25 8 3 11 discursos com
15 Número de discursos
Número
10 Número de discursos
referência aoaoOM
sem referência
20 Número de discursos sem referência
Número
ao OM
de discursos com referência
com aoreferência
OM ao
Número
10 OM
575 1 1 OM Número de 2
15
58
50 13 4 17
discursos sem
Número de discursos
59
10 16 3 referência ao OM
19ao
57 58 59 60 61 62 63 64 65 sem referência
60
0 Número15 da Sessão 4 OM 19
5
61 50 51 52 5320 54 55 56 457 24
620 21 da Sessão
Número 2 23
63 57 58 59 60 2261 62 63 64 165 23
64 34 da Sessão
Número 5 39
Discursos - Governo Lula
Fonte: elaborado pelos autores. 34
65 5 39
45
Número de discursos sem referência
Número
ao OM
de discursos com referência ao OM
40
66 33 6 39
67
124
35 22 6 Relações Internacionais
Instituto de 28
68 26 6 32
ursos
30
69 19 6 25
Presidente
Gráfico + Ministros+Diplomatas
09: Total de Discursos com Menção ao Oriente Médio governo Dilma
Discursos - Governo FHC
Número de discursos Discursos
sem referência -aoGoverno
Número de discursosDilma
OM com referência aoNúmero
OM de disscursos no total
50 22 4 26
35
45
51 27 3 30
52
40
30 18 1 19
53 12 0 12
35
54 16 3 19
Número de discursos
25
Número de discursos
55
30 32 1 33
56
20 18 3 21
25
57 15 4 Número de19
Número de discursos
15
20 discursos com
com referência ao
referência
OM ao OM
Número de discursos sem referência
15
Número
ao OM
de discursos com referência ao OM
10
57 1 1 Número
Númerode 2
de discursos
58
10
5 13 4 discursos 17 ao
sem
sem referência
595 16 3 referência
OM ao
19OM
60
0 15 4 19
610 50 51 52 5320 54 55 56 457 24
66 67 68
62 Número21 da Sessão 69 70
2 23
Número da Sessão
63 22 1 23
64 34 5 39
Fonte:
65 elaborado pelos autores.34 Discursos - Governo Lula 5 39
45
Número de discursos sem referência
Número
ao OMde discursos com referência ao OM
40 Presidente + Ministros+Diplomatas
66 33 6 39 ao
Gráfico
67
10:dePercentagem
Número discursos sem referência
Presidentes 22
Discursos - Governo FHC
dos Número
Discursos
ao OM por Presidente
de discursos com
com referência
6
menção
aoNúmero
OM de disscursos no total
28 Presidentes
Oriente
35
50 Médio por governo 22 4 26
68
35 Número de discursos sem26 Número Discursos por Presidente
referência
de ao
discursos
OM com6referência ao OM 32 Número de
de discursos
51
30 27 3 30
FHC
69 2
19 1 6 FHC
25 3
52
100%
30 18 1 19
70
Lula
25 48 4 3 11
Lula 8
53 19 12 30 0 12
Dilma
90% 2 5 27 Número de discursos
Dilma 7
54 16 3 19
discursos
25
20 com referência ao
Número deNúmero
5580% 32 1 OM 33
Ministros 15
56
20 18 3 21
70%
57 Número de disscursos no
15 Número
total de discursos OM4 Número
Númerodede
discursos
19
10
1560%
FHC 8 4 sem referência
discursos comaode
Número
OM referência ao OM
Lula550% 3 Número
Número de discursos sem referência ao OM2 discursos com referência ao OM
de discursos com
10 162 192 referência ao OM
Dilma
57040% 01 0 108 1 Número de 2
58530% 57 58 59 60 1361 62 63 64 465 discursos 17 de
sem
Número
59 Diplomatas 16 da Sessão 3 referência ao
19OM
Diplomatas
discursos sem
Número
60020% 15 Número
Número de discursos sem referência
de ao
discursos referência
OM com4referência ao OM Número 19 ao OM de Número
discursosden
6110% 50
FHC 51 52 156
53 20 54 1455 56 457 FHC 24 170 14
62 0%
Lula 188
Número21 da Sessão23 2 Lula 23 211 23
63
Dilma FHC 10622 Lula 22 Dilma1 Dilma 23 128 22
64 34 5 39
65
Fonte: Total pelos autores.34
elaborado Discursos - Governo Lula
5 39
45 Discursos
Número de disscursos total por
no Número Diplomatas
de discursos OM
FHC Número de discursos sem referência
181 Númeroao OMde discursos com referência
19 162 ao OM
100%
40
66
Lula 14 33
222 23 30 6 192 39
6790% 22 22 6 28
35
Dilma 135 27 108
68
Brasil
80%e Oriente Médio: o poder da26sociedade civil 6 32 125
discursos
30
69 19 6 25
70% Número de discursos semNúmero
referência
de ao
discursos
OM com referência ao OM
70
25 8 3 11
20% Número de discursos semNúmero
referência
de ao
discursos referência
OM com referência ao OM Númeroao OM
de Número
discurso
FHC10% 156 14 FHC 170
Lula 0% 188 23 Lula 211
Dilma FHC 106 Lula 22 Dilma Dilma 128
Gráfico 11: Percentagem
Presidente dos Discursos por Diplomatas com menção ao
+ Ministros+Diplomatas
Total
Oriente
NúmeroMédio por Discursos
de discursos
Discursos
governo
sem referência-aoGoverno
Número de discursosFHC
OM
por Diplomatas
com referência aoNúmero
OM de disscursos no total
50 Número de disscursos22
no Número
total de discursos OM
4 26
35
FHC 181 19 162
51
100% 27 3 30
Lula 14 222 30 192
52
90%
30 18 23 22 1 19
Dilma
53 135
12 27 0 10812
80%
54 16 3 19
Número de discursos
25
70%
55 Número de discursos sem32 Número
referência
de ao
discursos
OM com 1 referência ao OM33
56
20
FHC60% 18
162 19 3 21
Número de discursos
57 15 4 Número de19ao OM
Lula
50% 192 30 com referência
15 discursos com
Dilma 156 108 188 27
40% 106 referência ao OM
Número de discursos sem referência
Número
ao OM
de discursos com referência ao OM
10 Número de discursos
57
30% 1 1 Número de 2
semdiscursos
referência ao OM
58
5
20% 13 4 17
sem
59 16 3 referência ao
19OM
10%
60 15 4 19
0
61 0% 50 51 52 5320 54 55 56 457 24
62 FHC Número21 da
Lula
Sessão Dilma 2 23
63 22 1 23
Fonte:
64 elaborado pelos autores.34 5 39
65 34 Discursos - Governo Lula
5 39
45
Número dede
O40Conselho discursos sem referência
Direitos HumanosNúmero
ao OM
deONU
da discursos com referência ao OM
66 33 6 39
67
35 Desde o início de seu funcionamento
22 em 2006,6 o CDH já promoveu
28
27
68 sessões deliberativas regulares
26 e 22 sessões especiais.
6 Analisamos
32 as
Número de discursos
30
69 19 6 25
sessões especiais que envolveram os temas relacionados ao Oriente Médio,
70
sempre
25 observando o padrão 8de votação do Brasil e 3
os discursos 11
proferidos
Número de discursos
pelo representante. Identificamos pelos menos 12 sessões especiais que
20 com referência ao
tratam destes assuntos, sendo cinco sobre a Síria, sendo umaOMdelas também
15
sobre o Irã, três sobre o Líbano e quatro sobre o conflito israelo-palestino.
Número de discursos
Em
10 quase todas as sessões há votações de resoluções. O Brasil participou
sem referência ao
como membro do CDH nos períodos de 2006-2008, 2008-2011 OM e 2012-
5
2015. Assim, só podemos avaliar o grau de engajamento entre os governos
Lula
0 e Dilma tendo como base o CDH.
57 58 59 60 61 62 63 64 65
Em particular, háNúmero
três sessões sintomáticas para o Brasil. Primeiro, na
da Sessão
resolução de outubro de 2009 sobre a situação dos direitos humanos nos
territórios palestinos o Brasil vota com a maioria (25 países) e contra os
EUA que votam contra ao lado de cinco outros países e onze abstenções,
incluindo Uruguai e países europeus. Segundo, na 16a sessão de março de
2011, o Brasil muda sua posição contrária aos EUA e vota duas vezes contra
Rússia e China. Os apoios brasileiros às resoluções sobre o monitoramen-
to dos direitos humanos no Irã e Síria são vistos como símbolo da mudança
Governo Lula
Na primeira sessão do CDH, em julho de 2006, tratou-se da situação
dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados. O Brasil foi um
dos países que assinou o pedido por essa sessão especial. Para o Brasil, o Ha-
mas deveria ser chamado a desistir do uso da força, a reconhecer o direito
de existência do Estado de Israel, a obedecer aos acordos para paz firmados
e a promover a reconciliação, iniciando com a soltura do israelense Gilad
Shalit. O Brasil vota a favor da resolução, mas contra o Reino Unido, Canadá,
França e outros países desenvolvidos.
A segunda sessão, em agosto de 2006, tratou da grave situação de
Direitos Humanos no Líbano por conta de operações militares israelenses.
Logo no começo do discurso, o Brasil faz referência ao fato de ser lar da
maior comunidade de libaneses fora do Líbano, ao mesmo tempo em que
possui também uma importante comunidade judaica aqui vivendo, de modo
que se sente diretamente afetado pela dimensão da violência contra civis
nos dois lados da fronteira. O Brasil condenou a morte de sete nacionais e
expressou sua oposição a retaliações que deterioram ainda mais a frágil si-
tuação da região. Mencionou um projeto de evacuação de 3000 nacionais e
o envio de um suprimento de medicamentos através da OMS. Para Brasília,
tanto a perda de vida em Israel como resultado de ataques de foguete por
parte do Hezbollah quanto a desproporcional resposta militar israelense,
que tem destruído a infraestrutura libanesa, são deploráveis. O Brasil vota a
favor da resolução e contra Reino Unido, França e Alemanha.
Na terceira sessão, em novembro do mesmo ano, sobre violações de
direitos humanos por parte das incursões militares israelenses nos terri-
tórios palestinos ocupados, incluindo a mais recente no norte de Gaza e o
assalto a Beit Hanoun, o Brasil considera inaceitável o uso da violência por
ambos os lados como um instrumento para se atingir justiça e paz e acredi-
ta no diálogo e na solução pacífica dos conflitos. O representante brasileiro
sustenta que um passo em direção a reconciliação poderia começar com a
soltura do israelense Gilad Shalit e com o estabelecimento de um governo
palestino de unidade nacional. O Brasil vota a favor da resolução e contra
Governo Dilma
Na 15ª sessão, de janeiro de 2011, sobre a situação dos direitos hu-
manos na Líbia Brasil decidiu juntar-se a chamada para esta sessão espe-
cial, pois reitera sua confiança na capacidade do CDH em dar uma resposta
significativa às violações dos direitos humanos na Líbia e demais lugares do
mundo. O CDH passa a fazer parte do pedido da comunidade internacional
por um imediato fim da violência e do massacre contra manifestantes pa-
cíficos. A situação corrente mostra que existe uma relação de interdepen-
dência entre desenvolvimento e respeito aos direitos humanos. Nenhum
governo pode se sustentar através do uso da força ou violência e punindo as
dissidências. Ninguém irá suportar em silêncio as violações de seus direitos
fundamentais e o desprezo pelas suas legítimas aspirações de liberdade e
prosperidade. A sessão não teve votação.
A 16ª sessão, ocorrida em março de 2011, teve duas resoluções sobre
temas do Oriente Médio. Primeiro, a resolução sobre s situação dos direitos
humanos do Irã que criou um mandato de relator especial a ser enviado ao
país. Desde 2002, o governo iraniano não autoriza a renovação do mandato
do relator. Em seu voto, a delegação brasileira em Genebra, na Suíça, que
Conclusões
Nossa análise procurou mostrar o crescente engajamento discursivo
do Brasil em temas do Oriente Médio dentro do sistema multilateral das Na-
ções Unidas desde o governo FHC até o governo Dilma. Esse crescimento é
contínuo e perpassa as três instâncias analisadas (CSNU, AGNU e CDH). Os
achados corroboram a literatura mais geral sobre a PEB dos governos FHC
e Lula, porém seguem um caminho contrário no governo Dilma. Na verdade,
no que diz respeito à atuação em temas do Oriente Médio dentro da ONU, o
governo Dilma até mesmo ampliou a participação brasileira.
Conforme argumento da literatura mais recente, existe um viés majo-
ritário das votações do Brasil no CSNU e AGNU em temas da região, porém
uma análise mais detalhada dos discursos e de algumas votações chaves re-
vela um crescente adensamento e regionalização da PEB. O viés majoritário
das votações é sim existente, mas não demonstra toda a ação do Brasil na
temática. Por isso, a análise da amplitude dos discursos e de alguns votos
contra majoritários permite uma visão mais ampla sobre o assunto. Além
disso, a análise do posicionamento do Brasil no CDH ajuda a demonstrar
essa regionalização.
Em relação ao CSNU, o que pudemos observar é um crescente enga-
jamento discursivo medido pelo número de palavras e discursos proferidos
sobre temas da região. Enquanto no governo FHC (biênio 1998-1999) pou-
co era o engajamento do Brasil em questões regionais, a partir dos biênios de
Lula (2004-2005) e Lula/Dilma (2010-2011), o sistemático pronunciamento
brasileiro sobre as temáticas aliado a algumas votações contra majoritárias
e abstenções (resoluções sobre Irã e Líbia) demonstram que a PEB para o
Oriente Médio se tornou mais crítica aos EUA, o que também ajuda a expli-
car a amplitude das abordagens. Mesmo que na maior parte das votações o
Brasil siga a maioria, a votação contra majoritária em poucas oportunidades
é muito sintomática em política externa e deixa mais claro alguns posiciona-
mentos. Conforme afirmamos, para ser crítico o Brasil adotou uma estraté-
gica discursiva mais ampla aliada a pontuais votos contra majoritários.
No que diz respeito à AGNU, também pudemos observar um crescen-
te engajamento discursivo medido pelo número de palavras em temas do
Oriente Médio. Como os discursos da AGNU são multitemáticos isolamos
apenas as expressões ligadas ao Oriente Médio. Nesse sentido, os discur-
Referências
AMORIM NETO, Octavio. (2012). De Dutra a Lula: a condução e os determi-
nantes da política externa brasileira. Rio de Janeiro: Editora Elsevier.
CASARÕES, Guilherme e VIGEVANI, Tullo. (2014) O Lugar de Israel e da Pa-
lestina na Política Externa Brasileira: antissemitismo, voto majoritá-
rio ou promotor da paz? História, Vol. 33, No. 02.
CERVO, Amado e LESSA, Antonio Carlos. (2014). O declínio: inserção inter-
nacional do Brasil (2011–2014). Revista Brasileira de Política Interna-
cional, Vol. 57, No. 02.
FONSECA Jr., Gélson (org.). 2002. O Brasil no Conselho de Segurança 1998-
1999. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão.
LESSA, Antonio Carlos. (2000). Israel e o mundo árabe no cruzamento das
escolhas internacionais do Brasil. In: Santos, Norma Breda dos (org.).
Brasil e Israel: diplomacia e sociedades. Brasília: Editora da UnB.
Resultados
A – Perspectivas quantitativa e qualitativa
Primeiramente, convém esclarecer que, no total, foram 266 traba-
lhos, divididos em: (i) dissertações de mestrado, totalizando 210; (ii) teses
de doutorado, no total de 56.
11 http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=116:qual-e-a-diferen-
ca-entre-faculdades-centros-universitarios-e-universidades
C – Distribuição temporal
Nesta seção, o primeiro aspecto merecedor de atenção é que a pro-
dução acadêmica brasileira a respeito do Oriente Médio é deveras recen-
te. Segundo os critérios aqui adotados, o primeiro trabalho de que temos
registro remonta a 1996. Verifica-se certa continuidade, embora em ritmo
errático e não contínuo. É a partir deste século, contudo, que se identifica
uma verdadeira explosão na quantidade de trabalhos publicados.
13 Talvez não seja tão intuitiva, na medida em que o terceiro grupo mais nume-
roso trata especificamente das narrativas dos meios de comunicação após o 11 de
setembro.
Análises
“Meta-academia” e constituição territorial do Brasil:
Primeiramente, é necessário fazer algumas considerações quanto à
distribuição geográfica das universidades envolvidas, e o que isso diz res-
peito ao Brasil. Das 35 instituições consideradas e da distribuição quantita-
tiva entre elas, verifica-se que há uma grande concentração dos trabalhos
no estado de São Paulo. Trata-se de 152 estudos realizados em dez univer-
sidades e centros universitários paulistas, públicos e privados, o que repre-
senta um domínio de 57%.
Em seguida, o estado da federação com o segundo maior número de
trabalhos publicados é o Rio Grande do Sul, com 24. Empatadas em tercei-
ro lugar, com 20 estudos cada, destacam-se os estados de Rio de Janeiro e
Paraná. As instituições do Distrito Federal somam 14, as de Santa Catarina,
13, de Minas Gerais, 11, e do Espírito Santo, apenas um. Em termos territo-
riais, essas são as unidades federativas mais importantes. Ainda, é eloquen-
te a diferença quantitativa entre a produção científica entre as instituições
do primeiro ente federativo, São Paulo, e dos demais acima mencionados.
Nesse sentido, os estudos sobre Oriente Médio inserem-se em uma inegá-
vel atmosfera paulista e, como já se verificou, mais precisamente paulistana,
devido à presença da Universidade de São Paulo.
Os estados do Sul, Sudeste18 e o Distrito Federal concentram 96% da
totalidade dos trabalhos sobre o Oriente Médio. Os outros 4% são distribu-
ídos aos demais estados da federação, como Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás,
Paraíba, Pernambuco e Sergipe. Além disso, Sul e Sudeste são as únicas re-
giões cujos estados estão todos representados neste estudo. Ademais da
ausência completa dos estados da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste
20 "São Paulo tem a segunda maior população judaica da América Latina". Federa-
ção Israelita do Estado de São Paulo - FISESP. 23.jan.2012. Disponível em: <http://
www.fisesp.org.br/web/sao-paulo-tem-a-segunda-maior-populacao-judaica-da-a-
merica-latina/>. Acesso em 21/02/2016.
21 "Comunidade libanesa no Brasil é maior que a população do Líbano". Senado
Notícias. 22.abr.2010. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/mate-
rias/2010/04/22/comunidade-libanesa-no-brasil-e-maior-que-populacao-do-liba-
no>. Acesso em 21/02/2016.
22 VIGEVANI, Tullo, THOMÁZ, Laís Forti, LEITE, Lucas Amaral Batista. Pós-Gra-
duação em Relações Internacionais no Brasil: Anotações sobre sua institucionaliza-
ção. Revista Brasileira de Ciências Sociais (Online), v. 31, 2016, p. 20.
23 SANTOS, Milton e SILVEIRA, María Laura. O Brasil – Território e sociedade no
início do século XXI, Editora Record, 15a. edição, São Paulo, 2011, p. 27.
Conclusões
Verifica-se, portanto, que a produção acadêmica brasileira a respeito
de temas do Oriente Médio é relativamente recente, concentrada nas re-
giões mais desenvolvidas do território brasileiro, dominada pela Universi-
dade de São Paulo e focada, majoritariamente e em termos absolutos, em
assuntos de corte cultural. Ademais, há uma relevante ausência de estudos
sobre países árabes, quando comparadas com as produções acadêmicas so-
bre Turquia, Irã e sobretudo Israel, o país objeto do maior número de estu-
dos. Entre os árabes, a exceção a confirmar a regra é o Líbano, o que pode
ser explicado pela maciça presença, no Brasil, de descendentes de libaneses,
embora seja sempre necessário ressalvar que, mesmo sendo mais numerosa
a comunidade libanesa que a judaica, essa realidade não foi suficiente para
ao menos equivaler-se, quantitativamente, às temáticas israelenses.
Consequentemente, identificam-se diversos ramos a serem explora-
dos por estudiosos nacionais, tanto em nível de mestrado quanto de douto-
rado. Nesse sentido, as crescentes indefinições e instabilidades no Oriente
Médio após 2011, a exemplo da fratura institucional e geográfica na Líbia
pós-Kadafi, do malogro da Irmandade Muçulmana no Egito seguido da ins-
tauração do regime ditatorial de Abdel Fatah al-Sisi, da malfadada interven-
ção saudita no Iêmen, da reinserção do Irã como importante ator regional,
do surgimento do ISIS e da guerra civil na Síria, devem continuar a servir
de inspiração para a curiosidade intelectual dos acadêmicos brasileiros. À
medida que as questões acima expostas continuarem a fazer do Oriente
Médio uma região de alta intensidade no sistema internacional, será cru-
cial para a sociedade brasileira – aqui pensada para além de sua diploma-
cia – promover estudos acerca de países que, conquanto sejam ainda pouco
ou nada conhecidos da academia e do público do Brasil, são indispensáveis
Referências
CERVO, Amado Luiz, SARAIVA, José Flávio Sombra (org.). O crescimento das
Relações Internacionais no Brasil, Instituto Brasileiro de Relações In-
ternacionais (IBRI), Brasília, 2005.
Apêndice
Divisão temática geral
Perspectiva cultural
Total: 65
Comunidades no Brasil
Total: 37
Meios de Comunicação
Total: 25
Israel x Palestina
Total: 20
Estados Unidos
Total: 19
Total: 16
1. CÂMARA, G.M. He the emperor? He does not look like a king at all: some
points about Pedro de Alcântara as an intellectual and his travels to
the lands of the Nile. 2005. Dissertação de Mestrado – Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
2. PREISS, J.L.S. América do Sul e Oriente Médio sob influências internacionais
através de um estudo de caso: as relações Brasil-Iraque (1964 a 1991).
2006. Dissertação de Mestrado – Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2006.
3. FARES, S. T. O pragmatismo do petróleo: as relações entre o Brasil e o Ira-
que, de 1973 a 2007. 2007. Dissertação de Mestrado – Relações In-
ternacionais, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
4. TRAUMANN, A.P. A diplomacia dos petrodólares: relações do Brasil com o
mundo árabe (1973-1985). 2007. Dissertação de Mestrado – Facul-
dade de Ciências e Letras (Campus de Assis), Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 2007.
5. GONZAGA, A.L. A política externa brasileira e a questão Palestina: análise da
imprensa e da diplomacia no período de 1945-1951. 2008. Disserta-
ção de Mestrado – Faculdade de Ciências e Letras (Campus de Assis),
Israel
Total: 15
Total: 13
Questões de gênero
Total: 11
Irã
Total: 10
Total: 8
Economia e comércio
Líbano
Total: 6
Turquia
Total: 5
Europa
Total: 3
Egito
Total: 3
Síria
Total: 2
1. COSTA, R.P. Uma história da Síria do século XXI para além do sectarismo reli-
gioso. 2016. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
2. MOHAMMED, Y. O nacionalismo árabe e o Partido Baath: uma análise da
política externa da Síria da ascensão de Hafez Al-Assad (1970-2000)
à presidência de Bashar Al-Assad (2000-2010). 2016. Dissertação de
Mestrado – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
Sociedade civil
Total: 2
Álvaro de Vasconcelos
Investigador do CEIS20 da Universidade de Coimbra, pesquisador associa-
do da Arab Reform Initiative, e professor convidado do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de São Paulo (2014-2015). Foi Diretor do
Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia/EUISS (2007-2012) e
do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) de Lisboa, des-
de a sua fundação, em 1980, até 2007. No IEEI foi responsável pela criação
de diversas redes internacionais, como o Fórum Euro-Latino-Americano e
o EuroMeSCo. Colunista regular na imprensa portuguesa e internacional,
coordenou e editou o relatório que o EUISS produziu para a União Euro-
peia intitulado Global Trends 2030 – Citizens in an Interconnected and Polycen-
tric World. Autor do livro As Vozes da Diferença – A Vaga Democrática Árabe
(2012) e condenador e editor do livro Tendências Globais 2030: Os Futuros de
Portugal (2017). Álvaro de Vasconcelos é Cavaleiro da Ordem da Legião de
Honra (França) e Comendador da Ordem do Rio Branco (Brasil).
Arlene Clemesha
Professora Dra. de História Árabe do Curso de Árabe do Departamento de
Letras Orientais (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Comentarista no
Jornal da Cultura desde 2011. Atuou como representante da sociedade civil
brasileira na United Nations International Coordinating Network for Palestine
e na direção do Centro de Estudos Árabes da USP. Criou e dirigiu a mostra
de cinema Images from the East, em conjunto com o centro de cinema irania-
no DEFC e no âmbito do Instituto de Cultura Árabe, Brasil. Suas pesquisas
estão centradas na história e historiografia árabe, história da palestina mo-
derna, questão judaica, e Oriente Médio contemporâneo, além das relações
Brasil - Oriente Médio.
Feliciano de Sá Guimarães
Doutor em Ciência Política pela USP (2006-2010), Pesquisador Visitante
em Ciência Política pela Yale University (2008-2009), Mestre em Relações
Internacionais pela UNICAMP (Programa San Tiago Dantas 2003-2005). É
professor do Instituto de Relações Internacionais da USP. É professor das
disciplinas de Teorias das Relações Internacionais na Graduação e Metodo-
logia Qualitativa aplicada às Relações Internacionais na Pós-Graduação.
Geraldo Campos
Professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade
Federal de Sergipe e doutorando em Filosofia na FFLCH-USP. Foi Diretor
do Instituto de Cultura Árabe de São Paulo (Icarabe) entre 2013 e 2015.
Curador e Diretor da Mostra Mundo Árabe de Cinema. Curador Musical da
Biblioteca Mário de Andrade. Co-organizador do livro Democracia Partici-
pativa e Redistribuição: análise de experiências de Orçamento Participativo no
Brasil (São Paulo: Editora Xamã, 2008) e coautor do livro No olho do furacão:
Repensando o futuro da esquerda, com Hilary Wainwright (São Paulo: Editora
Xamã, 2006). Foi coordenador de Relações Internacionais do Orçamento
Participativo de São Paulo (2002-2004). Fellow do Salzburg Seminar na ses-
são Immigration and Inclusion: Rethinking National Identity (2007). Coorde-
nou o projeto Immigrant Labor in the sweatshops in São Paulo (2007-2010),
baseado em uma investigação sobre a dinâmica migratória e exploração da
mão de obra boliviana no setor têxtil em São Paulo e o projeto Cartografias
do Futuro, focado nas relações de participantes dos movimentos políticos
pós-2011, em mais de 20 países, com o processo do Fórum Social Mundial,
Letícia Mongelli
Graduada em Relações Internacionais no IRI-USP e mestranda em Relações
Internacionais no IRI-USP.