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O Jantar No Hotel Central
O Jantar No Hotel Central
O Jantar No Hotel Central
Trabalho realizado por: Carlos Costa, n. 6 Joo Andr Viana, n. 14 Marco Alexandre Costa, n. 18
Nota: A paginao apresentada, nas pginas seguintes, corresponde edio Livros do Brasil
o Ega, alargando pouco a pouco a ideia, convertera-o agora numa festa de cerimnia em honra do Cohen; Proporcionar a Carlos da Maia um primeiro contacto com o meio social lisboeta; Apresentar a viso crtica de alguns problemas; Proporcionar a Carlos a viso de Maria Eduarda
Toms de Alencar O poeta ultra-romntico Alencar confrontado, no presente episdio, com os princpios naturalistas/realistas de Joo da Ega. Ea de Queirs transmite-nos, no decorrer do enredo, informaes sobre este indivduo: Caracterizao Fsica (pg. 159):
muito alto, com uma face escaveirada (escanzelada), olhos
encovados; nariz curvado, bigodes compridos; calvo na frente dentes estragados testa lvida Caracterizao Psicolgica:
Aparentava um ar antiquado, artificial e lgubre
(pg. 159);
175) e um patriota antiga (pg. 167) Dmaso Salcede O novo-rico burgus a smula dos defeitos da sociedade: provinciano, preocupado com a vaidade e futilidade, como revela a expresso chique a valer diversas vezes proferida (pg. 158 e 171), e oportunista, pois louva Carlos da Maia com o objectivo de assumir uma posio mais preponderante na sociedade. Tambm sobre esta
personagem realizado um retrato fsico, por sinal pejorativo: Um rapaz baixote, gordo, frisado como um noivo da provncia, de camlia ao peito e gravata azul-celeste (pg. 157). Carlos da Maia O mdico e observador crtico apresenta-se pela primeira vez sociedade, tomando uma posio relativamente discreta. Define-se como defensor do Romantismo, apontando como maior defeito no Realismo os seus grandes ares cientficos (pg. 164). Craft O representante da cultura artstica e britnica tem uma participao pouco relevante neste episdio. Pouco se conhece deste britnico admirado pelo escritor poveiro, apenas se presume que tenha sido educado segundo os preceitos ingleses.
As duas personagens que mais se destacam no debate sobre literatura so, indiscutivelmente, Toms de Alencar (ultra-romntico) e Joo da Ega (realista/naturalista). Vejamos a posio assumida por cada um: Toms de Alencar Incoerente, pois condena no presente aquilo que cantara no passado: o estudo dos vcios da sociedade; Falso moralista, pois no possui outros argumentos; considera o Realismo/Naturalismo imoral; Desfasado do seu tempo; Defende a crtica literria de natureza acadmica Joo da Ega Defende exageradamente a insero da cincia na literatura No distingue Cincia de Literatura Nesta discusso entram, tambm, Carlos da Maia e Craft que recusam simultaneamente o Ultra-romantismo de Alencar e o exagero de Ega. Craft defende a arte como idealizao do que de melhor h na natureza, defende a arte pela arte. Estas duas
personagens esto prximas da doutrina de Ea, quando defende para a literatura uma nova forma.
As finanas so outro tema debatido neste jantar. O pas tem necessidade dos emprstimos ao estrangeiro. Cohen demonstra o seu calculismo cnico quando, ao ter responsabilidades pelo seu cargo, lava as mos e aceita que o pas v direitinho para a bancarrota, como diz Carlos. J Joo da Ega profere uma frase digna de registo, que marca a sua posio relativamente a este tema: - bancarrota seguia-se uma revoluo, evidentemente. Um pas que vive da inscrio, em no lha pagando, agarra no cacete [] E, passada a crise, Portugal, livre da velha dvida, da velha gente, dessa coleco grotesca de bestas (pg. 166)
3. A histria poltica (pg. 166-170)
Outro tema tambm focado a histria poltica, cujos intervenientes so Ega e Alencar. O primeiro aplaude as afirmaes de Cohen, defende uma catstrofe nacional como forma de acordar o pas. Afirma que a raa portuguesa a mais covarde e miservel da Europa: Lisboa Portugal! Fora de Lisboa no h nada. (pg. 170). Aplaude a instalao da Repblica e a invaso espanhola. Alencar, por sua vez, teme a invaso espanhola, considerando-a um perigo para a independncia nacional, e defende o romantismo poltico, esquecendo o adormecimento geral do pas. Cohen afirma que Ega um exagerado e que, nas camadas polticas, ainda h gente sria. Dmaso, cuja divisa Sou forte, diz que, se acontece-se a
invaso espanhola, fugiria para Paris. A posio de Ega a que mais se aproxima daquela que o autor da obra defende, pois tambm advoga uma catstrofe nacional como forma de acordar o Pas.
Uso expressivo do adjectivo A estilstica queirosiana da adjectivao estabelece associaes vocabulares em que o substantivo acompanhado de adjectivo, tornando, deste modo, a lngua num instrumento dcil a uma nova expresso. Exemplo: Um esplndido preto () uma deliciosa cadelinha escocesa (pgina 156)
Uso expressivo do advrbio de modo Atravs de hbeis jogos de colocao, o advrbio de modo toma funes de atributo. Para conseguir isto, Ea de Queirs teve de ampliar extraordinariamente o nmero de advrbios de modo que a lngua lhe oferecia. Exemplos: Carlos, tranquilamente, ofereceu dez tostes (pg. 155); mas horrivelmente suja. (pg. 156); maravilhosamente bem feita (pg. 157); Utilizao do Gerndio O gerndio tem um sentido de durao, de continuidade, muito superior em poder descritivo ao imperfeito ou ao infinito, e Ea tira todo o possvel partido esttico. Exemplos: estava mostrando a Craft (pg. 155); fora comprando, descobrindo (pg. 156); conversando com um rapaz baixote (pg. 157)
Uso do diminutivo (com valor pejorativo)
Em Ea de Queirs, tambm encontramos o diminutivo utilizado com sentido pejorativo. O exemplo apresentado exprime a velhacaria, uma falsa doura do negociante Abrao que quer impingir, isto , vender por maior preo, o seu produto a Carlos da Maia. Exemplo: O judeu, num riso que lhe abria a barba grisalha uma grande boca dum s dente, saboreou muito a chalaa dos seus ricos
senhores. Dez tostezinhos! Se o quadrinho tivesse por baixo o nomezinho de Fortuny, valia dez continhos de ris. Mas no tinha esse nomezinho bendito Ainda assim valia dez notazinhas de vinte mil ris (pg. 155) Galicismo importante observar a existncia de muitos galicismos neste episdio da obra, na medida em que revela o carcter inovador e a grande riqueza expressiva da linguagem queirosiana. Por outro lado, a introduo de galicismos fica a dever-se inexistncia de termo mais adequado na lngua portuguesa, ou ainda, inteno de criticar certas personalidades, como Dmaso Salcede, que pretendiam falar francs para se darem ares de cosmopolitas, cultos e viajados. Exemplos: Trs chic (pg. 157); Petits pois la Cohen (pg. 171; Tinha um bouquet de rosas! (pg. 172)
Galicismos e Anglicismos
importante observar a existncia de muitos estrangeirismos (galicismos e anglicismos) neste episdio da obra, na medida em que revela o carcter inovador e a grande riqueza expressiva da linguagem queirosiana. Por outro lado, a introduo de estrangeirismos fica a dever-se inexistncia de termo mais adequado na lngua portuguesa, ou ainda, inteno de criticar certas personalidades, como Dmaso Salcede, que pretendiam falar francs para se darem ares de cosmopolitas, cultos e viajados. Exemplos de Galicismos (palavra ou expresso de origem francesa): Trs chic (pg. 157); Petits pois la Cohen (pg. 171; Tinha um bouquet de rosas! (pg. 172) Exemplos de Anglicismos (palavra ou expresso de origem inglesa): Shake-hands (pg. 175); Gentleman (pg. 176)
Discurso indirecto livre Este tipo de discurso exerceu um forte atractivo sobre Ea, visto que permitia-lhe libertar a frase de verbos declarativos e da correspondente conjuno integrante, aproximava a expresso literria dos processos da linguagem falada, conseguia impersonalizar a narrativa, dissimulando-se por detrs das suas personagens. Caracteriza-se pelo uso do imperfeito. Exemplo: Dez tostezinhos! Se o quadradinho tivesse por baixo o nomezinho de Fortuny, valia dez continhos de ris. Mas no tinha esse nomezinho bendito Ainda assim valia dez notazinhas de vinte mil ris Marcas de oralidade Um dos elementos que contribuem para emprestar ao estilo de Ea a sua modernidade e a sua intemporalidade , sem dvida, a sua relao estreita com a lngua falada, tanto no vocabulrio como na sintaxe. Na fala seguinte de Dmaso Salcede, est bem ilustrada a importncia que o cdigo oral assume na linguagem desta obra. Exemplo: Eu a bordo atirei-me. E ela dava cavaco! () mas tragoa de olho () sentir umas ccegas... E, se me pilho s com ela, ferro-lhe () a minha teoria esta: atraco! Eu c, logo: atraco! (pg. 177)