School Work">
Bertocchi Daniela Generos Jornalisticos Espacos Digitais
Bertocchi Daniela Generos Jornalisticos Espacos Digitais
Bertocchi Daniela Generos Jornalisticos Espacos Digitais
Introduo
Entre os anos de 1999 e 2002, uma equipe de ciberjornalistas da Redao
paulistana do portal brasileiro Terra2 realizou uma cobertura jornalstica especial para
acompanhar as temporadas de vestibular3 no Brasil. Os vinte e sete programas
multimiditicos previstos pelo projeto e realizados ao longo dos trs anos seguiram
basicamente um mesmo prottipo de trabalho: a produo de um programa em vdeo
comtransmissoaovivopelaWWW(emmodelodemesaredondacomapresentadore
convidados) a moderao de uma sala de batepapo aberta participao de utentes
interessadosnotemaemdebatenovdeoapublicaoonlinedecontedonoticiosoa
manipulao e publicao de arquivos (documentos relacionados ao assunto eram
publicadosemformatojpeg,pdfedocparadownload)eodisparodeinformaespara
celulares (sistema wap). Para garantir a memria do acontecimento, notcias,
reportagens,entrevistaseochateramconsolidadosparacontextualizarousuriosobre
o que havia acontecido durante a cobertura, enquanto fitas de vdeo era editadas para
posterior publicao de vdeos on demand. Atividades que exigiam mltiplas
competnciasehabilidadesparaalinhavaropercursodaprproduopsproduo.
Naconcepodoprojeto,em1999,optamos4 porlanarmodeformatosquenos
eram familiares e com os quais nos sentamos seguros. Do jornalismo impresso,
emprestamosomodelodenotciaemtextocomfotoseinfogrficos.Aexperinciacom
os gneros utilitrios de servio, tambm do impresso, nos permitiu formatar as notas
MestrandaemCinciasdaComunicao pelaUniversidadedoMinho(Portugal)ebolseirade
investigaodoprojetoMediascpioCiberlab(UMinho/FCT).danielabertocchi@gmail.com.
2
Endereo:http:www.terra.com.br
3
Exame quedacessoaoscursosuniversitriosnoBrasil.
4
CoordeneioprojetoenquantoeditoradeEducaodoportalTerra(19992002).Participaram
dainiciativaprofissionaisdasseesdeArte,Chat,Multimdia,Parceriase
Tecnologia.
1287
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
curtasquetraziamoshiperlinksparadownloaddedocumentos.Apartirdasespciesdo
jornalismo televisivo, chegamos ao roteiro de debate ao vivo para a rede. E mais
baseados no dialogismo dos videogames do que em qualquer modelo jornalstico,
enxergamosnasaladebatepapoapossibilidadedeosusuriosinterferirememtodoo
processo comunicativo projetado. Sabamos que no estvamos no mbito do
telejornalismo ou do jornalismo impresso, e nem dos videogames: estvamos fazendo
ciberjornalismo5. Entretanto, sabamos tambm que, para dar origem a um sistema
jornalstico to complexo com unidades mveis articuladas por pontes (hiperlinks),
aberto participao externa , necessitvamos de figurinos jornalsticos resistentes,
precisos, confiveis e previamente reconhecveis por seus interlocutores jornalistas e
utentes.
PassadosseisanoseapenasdezanosdejornalismodigitalnoBrasil6 ainda
persiste a pergunta: continuamos a pegar emprestado e a adaptar formatos de gneros
textuaistradicionaisaomeiodigital?Ouasclssicasestruturasestoasedesdobrarem
novasemetamorfoseadasespcies?Oquedovelhoencontramosnonovo?Existeuma
classificaopossvelparataisespcies?
Este trabalho, de carter exploratrio, tentar, neste momento inicial, trazer
constributos tericos que nos ajudem a refletir de forma crtica e analtica sobre tal
fenmeno:onascimentodosgnerosdetextociberjornalstico7.Oestudoentretantofaz
partedeumapesquisamaiorquebuscarobservaraorigemeevoluodosgnerosem
espaosdigitais,visandofornecerliteraturaparaocampodociberjornalismo,sobretudo
do universo lusobrasileiro, e contribuir para a anlise da prtica jornalstica
contempornea.
Nolugardeexpressesassemelhadas(jornalismoonline,webjornalismoetc.)adotaremosotermo
ciberjornalismoneste trabalhopor sera forma que,ao lado de ciberjornalista, est sendo cada vez
mais utilizada em obras acadmicas, alm de ter a vantagem de ser lingsticamente econmica (Saad,
2004abDazNoci&Salaverra,2003:17).
6
SobreosdezanosdejornalismodigitalnoBrasileemPortugal,aceder:
dezanos.blogspot.com/.
7
Preferimosfalarem gnerosdetexto(eno discursivos)porque,nestemomento,interessa
nosareflexosobreaestruturadaentidadetextual(escrita,faladaetc.)corporificadaem
espaosdigitais.Sobreoassunto,ver:Marchuschi,LuisAntonio.(2002)Gnerostextuais:
DefinioefuncionalidadeinDionsio,A.P.,Machado,A.R.&Bezerra,M.A.(orgs),pp19
36.
1288
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
2.Ateoriadosgnerosjornalsticos
AconstruotericadosgnerosliterriosrealizadadesdePlato8 eAristteles9
atGoethe,entre muitosoutros,dse,de forma bem simplificada,coma seguinte
seqnciadeatos:1.emprincpioexistemostextos2.pelasmosdosestudiososdos
fenmenosliterrios,essestextossoagrupadossegundosuasafinidadeslingsticase
literrias (em gneros) 3. a cada gnero, os crticos aplicam um segundo nvel de
classificao,levandoemcontadeterminadasafinidadesideolgicas(estilosliterrios).
Desta forma, entendese que os gneros so abstraes tericas e que Teoria dos
Gneros Literrios um princpio de ordem que no classifica a literatura segundo
critrios de tempo e lugar, mas consoante os modelos estruturais literrios existentes
(Albertos,1991:391392Chaparro,1999:99).
OprocessodescritoaplicvelaocampodeatuaodoJornalismo.A Teoriados
GnerosJornalsticosnascecomoumaextrapolaodaTeoriadosGnerosLiterrios
(Albertos, 1991:392). Por esta lgica, os gneros do jornalismo so entendidos como
modalidades histricas especficas e particulares da criao literria concebidas para
lograr fins sociais determinados. Em outras palavras, como modelos textuais
caracterizados por certas convenes estilsticas e retricas (Daz Noci & Salaverra,
2003:39 Salaverra, 2004). So as diferentes modalidades da criao lingstica
destinadasaseremcanalizadasporqualquermeiodedifusocoletivaecomonimode
atender a dois dos grandes objetivos da informao de atualidade: o relato de
acontecimentos e o juzo valorativo que provocam tais acontecimentos (Albertos,
1992:213,392). Os gneros tm uma dimenso estrutural prototpica e outra temtica,
porissoconseguimosclassificarumaespciecomo comentrioesportivooucrtica
demsica(Casass,1991:87).Haindaumadimensoligadaaosuporte:debateem
mesaredonda (TV), nota em SMS (digital). E, apesar do carter convencional,
permitemmarcaspessoais(HerreraDamas&MartnezCosta,2004:127).
Platofoioprimeiroatrabalharanoodegnerosliterriosaocriaratripartida:1.gneromimtico
oudramtico(tragdiaecomdia),2.gneroexpositivoounarrativo(ditirambo,nomo,poesialrica)e3.
gnero misto, uma soma dos anteriores (epopia). Ver Medina, Jorge Lellis Bonfim (2001) Gneros
jornalsticos:repensandoaquesto,RevistaSymposium,UniversidadeCatlicadePernambuco(Brasil),
Ano5,n.1,JaneiroJunho,pp.513.
9
Gneroapartedaessnciacomumentreespciesdiferentes(AristtelesapudChaparro,
1999:99).
1289
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
10
Kayser,Jacques.(1961)OPeridico.Estudosdemorfologia,demetodologiaedeimprensa
comparada ,Quito:Ciespal.
1290
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
esses fenmenos sociais, por sua vez, ao longo do tempo, tambm so afetados pela
atividadejornalstica.Asinflunciassomtuas,recprocaseinterdependentesentreo
texto e o seu entorno, entre o relato e a recepo, entre o jornalismo e a sociedade
(Albertos,1991:264266Casass,1991:1314).
A literatura existente nos explica que as espcies de gneros nascem,
transformamse, mesclamse com outras, originam subgneros e, eventualmente,
morrem11. Os gneros, alm disso, no aparecem em estado puro na prtica: as
espcies mantm fronteirasambguas,pontosdecontato,aproximaese interseces.
Exemplodissonojornalismoseriaacrnica,quenonasceucomojornaldirio,mas
encontrou campo frtil no jornalismo quando os peridicos tornaramse dirios de
grandestiragens,hmaisde150anos(Lopes&Reis,2002:88).
Ofatodeosgnerospossuremessamaleabilidadeecapacidadederegenerao
e degenerao12 no significa que sua classificao seja indispensvel. As
classificaes de espcies, ainda que sofram alteraes com o tempo, so importantes
porqueasespciesdetextosqueenglobameoscritriosemqueseapiasoreflexosde
todoosistemadevaloresdojornalismoedeseuspressupostosetimolgicos(Casass,
1991:92HerreraDamas&MartnezCosta,2004:127139Lopes&Reis,2002:187).
Aelaboraodeclassificaesdegnerosfoiacompanhandooaparecimentoeo
desenvolvimento de suas espcies ao longo das eras do jornalismo moderno. Grosso
modo,temos:1.J ornalismoideolgicoConsolidaseentre1850eofimdaIGuerra
Mundial.Decarizdoutrinanteemoralizador,comnimoproselitistaserviodeidias
polticas e religiosas, com muitas opinies e poucas informaes. Nesse perodo,
firmamseostextosdognerojornalsticocomentrioouopinio(commentparaa
escola anglosaxnica), como, por exemplo, o artigo (Albertos, 1991:264266) 2.
J ornalismo infor mativo Aparece desde 1870 concomitantemente com o jornalismo
ideolgico.Entre1870e1914perfilaseprimeironaInglaterraedepoisnosEUAcomo
umjornalismoqueprimapelanarraodefatos.Apartirde1920,consolidaseemtodo
11
Para Tzvetan Todorov e Mikhail Bakhtin, cadagnero est em contnua regenerao Ver Machado,
Irene. (2001) Por que se ocupar dos gneros, Revista Symposium, Universidade Catlica de
Pernambuco,Ano5,n.1,JaneiroJunho,pp.513.
12
Araizlatinagenestvinculadasidiasdedescendncia,raa,estirpe,linhagem,
classificao,sexo.
1291
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
omundoocidental.Asespciesdetextopredominantesdessaerasoasdorelatoou
informao(storyparaosanglosaxes),como,porexemplo,anotciaouacrnica
(Albertos,1991:264266)3.J ornalismodeexplicao(oudeprofundidade)Firma
se a partir de 1945. As espcies do gneros relato e comentrio continuam a ser
utilizadas, mas de uma forma mais clara, permitindo aos leitores encontrarem as
opinies ao ladodosfatosnarrados.nesseperodoqueotipo reportagementraem
destaqueeacrnicarevelasecomoumaespciemarcadamentehbridaentreliteratura
e jornalismo (Albertos, 1991:264266) e 4. Jornalismo social (ou de servios):
Casass(1991:34)acreditaque,apartirdosanos70dosculoXX,seiniciouumanova
etapa na histria do jornalismo moderno, caracterizada pela consolidao de idias
profissionais universalistas e pela busca por assuntos de interesse humano e da vida
cotidiana.Nessafase,segundooautor,surgemnovasespciesdegnerosjornalsticos
comoaanlise,oinforme,anotciadesituao eoinfogrfico.
As classificaes variaram ao longo do tempo segundo as tradies cientficas,
culturais e sociais de seus autores.Embora com particularidades especficas, podemos
selecionar os estudos mais significativos e simplificar desta forma: a) Gneros
informativos (para Albertos, Ladevze, Gomis, van Dijk chamados de espcies
narrativas em Chaparro): notcias, repor tagem, entrevista b) Gneros
interpretativos (denominados assim ou como gneros para a interpretao em
Albertos, mas tambm evaluativos para Ladevze e van Dijk): anlise, per fil,
enquete, cronologia c) Gneros argumentativos (chamados desta maneira em
LadevzedeespciesargumentativasemChaparrodegnerosparaocomentrioe
opinio em Albertos, Gomis e Santamaria e evaluativos em van Dijk): editorial,
comentrio, artigo, resenha, coluna, caricatura, crnica, cartas e d) Gneros
instrumentais (chamados de prticos em van Dijk de espcies prticas em
Chaparro e de utilitrio para Marques de Melo): indicadores, cotaes, roteiros,
obiturios, previso do tempo, agendamentos, cartaconsulta. Chaparro tambm
engloba em sua classificao a caricatura e a charge como espcies grfico
artsticas, dentro do gnero comentrio. E ressalva que a coluna uma espcie
hbrida que pode tanto entrar no gnero argumentativo como narrativo. Marques de
Melo prev o gnero diversional para espcies que trazem histrias de interesse
humano.Valereiterarqueareportagem,acrnicaeaentrevista,dependendodo
1292
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
autor,orafiguramentreosgnerosinformativos,oraentreosargumentativos(Albertos,
1992:281Casass,1991:98Chaparro,1999:100Melo,1998).
O clssico binmio gneros informativos/opinativos, de inspirao anglo
saxnica13, adotado como modelo de classificao dos gneros jornalsticos durante
dcadas(etambmamplamenteusadonacategorizaodosgnerosdeTVedeRdio)
vse, cada dia mais, em crise. Para Chaparro, tratase, na verdade, de um falso
paradigma, j que o jornalismo no se divide, mas se constri com informaes e
opinies.E,almdisso,dizoprofessor,estenrugadopelavelhicedetrssculos
(Chaparro,1998:100).NocasodoBrasil,porexemplo,essaclassificaonoconsegue
dar conta dos gneros denominados de servio, os quais deixaram de ser
manifestaesdiscursivassecundriasepassaramaocuparumespaosignificativonos
jornais daquele pas. No caso da Espanha, outro exemplo, o paradigma resulta
incompletoparaconteracrnica,queapresentatodaumapersonalidadeprpriadentro
da tradio espanhola. (Albertos, 1992:268269 Chaparro, 1999:9597 Daz Noci &
Salaverra,2003:40Fontn,2004:166Ladevze,1991:104Lopes&Reis,2002:189
Ponte,2004:3233).
Percebese que os autores contemporneos tm uma tendncia a classificar os
gnerosnopelaquantidadeeproporodeinformaoouopinioquecarregam,
massegundoafunoqueexercem:relatarecomentar.Paraainformao,recorre
se a um gnero informativo (como a notcia). Precisando entender um acontecimento,
procuraseumgnerointerpretativo(comoareportagem).Deformasucinta,dizseque
asespciesdogneroinformativocontamoqueocorreu,asdointerpretativoexplicam
osporquseasdoopinativovaloramosucedido(YanesMesa,2004:23).Vistaporesse
ngulo mais cognitivo e pragmtico, vemos na literatura sobre o tema uma tendncia
pela classificaotericadegnerosporfuno enoporcontedo.(Chaparro,1999
Gomis,1991:45GonzlezReyna,1991:57).
Issonoslevaaumoutropontoessencial:osgnerossoumpactofirmadoentre
seus interlocutorespara facilitaroprocessocomunicativo.Taltendnciacontratualista
garantequeosautoreseosleitores,telespectadores,ouvinteseutentesidentifiquemas
diversas espcies de gneros de modo consciente, no primeiro caso e de forma
intuitiva,nosegundoesaibamoqueesperardecadaumadelas:opinio,informao,
13
ParadigmaatribudoSamuelBuckley.
1293
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
entretenimentoetc..Paraosautoresdeseucontedo,um formatoaser(per)seguido
segundo o objetivo que se pretende alcanar. Para o pblico, um horizonte de
Osgnerosciberjornalsticos
Refletir sobre os gneros ciberjornalsticos pensar sobre o prprio
ciberjornalismo, uma modalidade jornalstica surgida no final do sculo XX que se
apropriadociberespaoparaaconstruodecontedos14 jornalsticos.Falamosaquido
jornalismo feito especialmente na rede e para a rede (Bastos, 2000:12) (no de
contedos do jornalismo impresso, do telejornalismo ou radiojornalismo transpostos
paraaredeouelaboradosapartirdeinvestigaesjornalsticasnarede)equepossui,
semelhana das outras modalidades, uma linguagem jornalstica prpria. Esse novo
14
Optamosporconstruodecontedos,enodifuso,porquenossoobjetivoressaltaro
carterdecoletividadedestaconstruo(entreautoreseusurios)muitosmaisdoqueocarter
difusionista,prpriodoparadigmademonica(emissormensagemreceptor)da
comunicaomassiva.
1294
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
informaosobreainformao,dadoocaosdeinformaoqueseapresentaemredes
digitais(Orihuela,2003).
Paraalmdisto,parecenosqueosgnerosdigitaisnoseencontramnotempodo
jornalismoexplicativodeCasass.Mastalveznaeradojornalismodecdigoaberto
de Gillmor (2005). Um tempo que comeou no passado 11 de Setembro, deflagrado
precisamente no momento em que pessoas comuns apropriaramse de diversas
ferramentascomunicacionaisdisponveisnociberespaoe,pormeiodelas,comearam
aproduzirassuasprpriasnotcias.Emoutraspalavras:atransformaodojornalismo
dehojeparaojornalismodoamanh sedeuquando,emummomentonicoecrticoda
Histria,atecnologiaestavalparaqualquerumvestirofigurinodojornalistaerelatar
15
1295
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
oacontecimento.Entramos,naquelemomento,naeraemquenssomososmedia ,num
tempoemquealinhadivisriaentreprodutoreseconsumidoresseesbate.Earedede
comunicaessetornaummeioparadarvozaqualquerpessoa.16
Lanamosassimonossocontributoparaodebatetericoacercadotema:sepor
um lado, observamos que os gneros jornalsticos em espaos digitais continuam a
responder mesma lgica das espcies do jornalismo tradicional so modelos
16
Importantenotarqueastradicionaisespciesdojornalismoimpresso,radiofnicoetelevisivo,porsua
vez,sofreminflunciadasnovasespciesciberjornalsticas.Tratasedeumprocessocircularcomplexo,
comdeterminadasparticularidadeseespecificidadesdentrodecadasociedade.
1296
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
entrevista18,dnosoutroexemplo:ocasodascrnicasaovivo,comoasesportivas
() um formato novo que veio de espcies radiofnicas e s foi possvel no
ciberespao.Issonoquerdizerqueatotalidadedasespciessehibridizamoudevam
se transmutar em algo novo. Observamos que certas espcies mais duras, como o
editorial e o artigo de opinio, at o momento esto sendo transladadas para o media
digitalsemsofrergrandesarranhes.
GeometrizaodosgnerosLanamosparareflexoaidiadequeosgneros
detextociberjornalstico,diferenadostiposclssicos,apresentamsecomo modelos
tridimensionais (hipertextuais) dentro de uma linguagem (multimdia). Como afirmou
Heras (1990) h mais de quinze anos no meio digital o sistema de escritura
geometrizado: escrevemos e lemos no sobre o plano de uma pgina, mas sobre as
faces de um cubo. Para os gneros do ciberjornalismo (cubos abertos atualizao e
interao,maleveis,defacesmveisenavegaomultilinear)supostocadavezmais
um trabalho jornalstico prvio de geometrizao de palavras, imagens e sons (com
ordem,rigor,simplicidade,rigidez,linearidade,imobilidade).Aconstruoenavegao
deeporcubosnoser,entretanto,regrageralparatodososgneros.Adespeitodej
termos ouvido muita splica por mais hipertextualidade (como por interatividade e
multimidialidade),ofatoqueomodohipertextualdelereescreverdeverseruma
entremuitasformasdemodalidadedeproduosimblica,tantodentrocomoforado
ciberespao(Palcios,2005).
GneroscoletivosOsgnerosdociberjornalismotendemafuncionarcomoum
pactoimplcitoentreumnovotipodeautoreumnovotipodeleitor:nomaisoleitor
contemplativo da idade prindustrial, nem o leitor de jornais, filho da Revoluo
Industrial, mas,nadenominaodeSantaella(2005:19),o leitorimersivo,aqueleque
entranosespaosincorpreosdavirtualidadeeque,segundoGillmor(2005),longede
seroindivduoqueapenassugerepautasaoreprter,telefonaparaaemissorardioou
enviacartasaoeditordojornal,sercadavezmaisaquelecidadoativoquecomoos
utentesqueabastecemoWikinewseosmuitosblogueirosquefazemdoseujornalismo
pessoal um ato de participao cvica organiza grupos, ultrapassa as fontes
18
observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=332ENO002.Acessado em07/06/2005.
1297
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
Bibliografia
Alber tos,J.L.Martnez.(1992).Cursogeneralderedaccinperiodstica . Madrid:Paraninfo.
Bastos, Helder. (2000). Jornalismo electrnico Internet e reconfigurao de prticas nas
redaces.Coimbra:Minerva.
Casass, J.Maria & Ladevze, L.Nez. (1991). Estilo y gneros periodsticos, Barcelona:
Ariel.
Chapar r o, Manuel Carlos. (1999) Diferenas discursivas no jornalismo dirio de lngua
portuguesa in Atas do 1 Encontro Lusfono de Cincias da Comunicao, Universidade
LusfonadeHumanidadeseTecnologias,pp.94105.
__________. (1998) Sotaques daqum e dalm mar Percursos e gneros do jornalismo
portugusebrasileiro. Santarm:Jortejo.
Daz Noci, Javier & Salaver r a, Ramn. (coords.) (2003) Manual de Redaccin
Ciberperiodstica ,Barcelona:Ariel.
Gomis,Loreno.(1991)Teoradelperiodismo:cmoseformaelpresente,Barcelona:Paids.
GonzlezReyna,Susana.(1991)Periodismodeopininydiscurso,Mxico:Trillas.
Her as,AntonioR.delas(1990) Navegarporlainformacin,Madrid:Fundesco.
Her r er aDamas,Susana&Mar tnezCosta,M.Pilar.(2004)Losgnerosradiofnicos enla
teoradelaredaccinperiodsticaenEspaaLucesesombrasdelosestudiosrealizadoshasta
laactualidad,RevistaComunicacinYSociedad,Universidad deNavarra(Espanha),Volume
XVII,n1,Junho,pp.115143.
YanesMesa,Rafael.(2004)Gnerosperiodsticosygnerosanexos.Madrid:Fragua.
Lopes,A.Carlos&Reis,AnaCristina.(2002)DicionriodeNarratologia ,Coimbra:Almedina.
Mar quesdeMelo,Jos.(1998)Gneroseformatosnacomunicaomassivaperiodstica:um
estudo do jornal Folha de S. Paulo e da revista Veja . Disponvel em:
intercom.org.br/papers/1998/gt03/gt0301.pdf.Acessadoem15/01/2005.
Or ihuela,JoseLuis.(2003a)eCommunication:the10paradigms ofmediainthedigitalage
in Salaverra, R. & Sdaba, C. (edit.) (2003) Towards new media paradigms Content,
producers, organizations and audiences, Atas II Cost A20 Internacional Conference
Proceedings,Pamplona:Eunate,pp.129135.
Palcios, Marcos. (2005). Natura no facit saltum: Promessas, alcances e limites no
desenvolvimentodojornalismoonlineeda hiperfico.RevistadaAssociaoNacionaldos
ProgramasdePsGraduaoemComunicao, Abril,pp220.
1298
LIVRODEACTAS 4SOPCOM
Palomo Tor r es, Maria Bella. (2004) El periodista on line: de la revolucin a la evolucin,
Sevilla:ComunicacinSocial.
Ponte, Cristina. (2004) Leituras das notcias Contributos para uma anlise do discurso
jornalstico,Lisboa:Horizonte.
Rodr guez Betancour t, Miriam. (2004) Gneros periodsticos: para arropar su hibridez.
EstudiossobreelMesajePeriodstico,Vol.10,pp.319328.
Rueda, Mara AlcalSantaella Oria de (2004) Nuevos modelos narrativos: los gneros
periodsticos en los soportes digitales in Cantavella, J. & Serrano, J. F. (coords.) (2004)
Redaccinparaperiodistas:informarainterpretar ,Barcelona:Ariel,pp.95115.
Saad,Beth.(2004)Estratgiasparaamdiadigital,SoPaulo:Senac.
__________. (2004) O ensino da comunicao e do jornalismo no panorama das mdias
digitais: perspectivas para uma renovao do perfil de habilidades e competncias, V
CongressoIberoamericanodeJornalisasnaInternet,Novembrode2004,UFBA(Brasil).
Santaella, Lucia. (2004) Navegar no ciberespao: o perfil cognitivo do leitor imersivo, So
Paulo:Paulus.
Salaver r a, Ramn. (2004) Diseando el lenguaje para el ciberperiodismo Revista
LatinoamericanadeComunicacinChasqui,n.86.
__________,Ramn.(2005)Redaccinperiodsticaeninternet.Pamplona:EUNSA.
Zamor a, Lizy Navarro (2004) La nueva conformacin de los gneros periodsticos en la
convergenciadigitalinCasalsCarro,M.J.(coord.)(2004)Mensajesperiodsticosysociedad
delconocimiento,Madrid:Fragua,pp.225232.
1299