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Terapia Cognitiva Construtivista
Terapia Cognitiva Construtivista
Terapia Cognitiva Construtivista
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Cristiano Nabuco de Abreu
Luciane Gonzalez Valle
Miréia Casademunt Roso 2
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RESUMO
A pós-modernidade é marcada por uma grande alteração nos paradigmas científicos,
principalmente aqueles nos quais as psicoterapias estão inseridas. Neste contexto é que surge o
construtivismo terapêutico como uma resposta à pluralidade que é encontrada dentro de cada
pessoa. Para tal, algumas concepções clássicas a respeito de cognição e emoção sofrem uma
profunda alteração em seus princípios.
As emoções, que outrora eram consideradas inimigas e tóxicas para o equilíbrio humano, passam
a ser consideradas fundamentais para o equilíbrio emocional, ou seja, de intrusas elas passam a
ser essenciais para a ecologia do sistema.
Ao longo do artigo tais considerações serão aprofundadas.
ABSTRACT
Constructivistic cognitive psychotherapy
The post modernity is marked by a big change on the scientific paradigmas, especially those
where psychotherapies are inserted. In this context surfaces therapeutic constructivism as an
answer to the plurality that is found inside each person. Some classical conceptions regarding
cognition and emotion are suffering a profound alteration in their principles. The emotions, for
instance, that formerly were considered enemies and toxic for human balance, right now are
consider fundamental for the emotional equilibrium. From intruders they became essential for
the system's ecology. During this article, such considerations will be deepened.
Por muito tempo acreditou-se que o "saber" (o conhecimento) era uma resultante
direta da realidade ou do mundo externo que ao incidir sobre nossos sentidos -
semelhante a um raio de luz que incide sobre um anteparo - criava reflexos e,
quanto mais perfeitos fossem, mais refletiriam a fonte e, portanto, mais apurado
seria considerado o nosso conhecimento. Nessa concepção epistemológica
"objetivista", os significados que transitam em nossa mente são entendidos como
frutos diretos das representações extraídas da realidade externa, isto é, no
desenvolvimento de nossa cognição, exibimos uma natural inclinação de revelar
"internamente" os significados da existência concreta externa.
A partir dessa idéia (quase platônica) do conhecimento, o saber se tornará cada
vez mais verdadeiro na proporção direta da habilidade de uma pessoa em
descobrir (se possível, ao máximo) os conceitos já existentes no mundo exterior.
Um simples exemplo dessa assertiva seria observado ao se indagar a alguém a
respeito do significado da palavra pássaro. Rapidamente veríamos essa pessoa
atribuindo valores como: voador, possuidor de penas, com um bico,
alimentando-se de insetos, etc. Portanto, silenciosamente testemunharíamos o
trabalho da cognição em sua tentativa de fracionar esse estímulo da realidade
externa, classificando-o em conjuntos de símbolos e conceitos para que depois
os mesmos possam ser organizados para estarem em correspondência máxima
com o mundo "lá de fora". Assim, quanto mais elementos puderem ser coletados
a respeito da categoria pássaro, mais completa será a descrição e,
conseqüentemente, mais verdadeiro será o conhecimento adquirido pela pessoa -
este é um pressuposto das terapias cognitivas objetivistas (ou chamadas "modelo
Beck") (Abreu e Roso, no prelo).
Segundo Beck e Freeman (1993), não é a situação (ou o contexto) que determina
o que as pessoas sentem, mas o modo como elas interpretam (e pensam) a
respeito dos fatos em uma dada situação. Nos modelos tradicionais da terapia
cognitiva, ao pensamento foi atribuído um caráter determinante e à sua
disfunção, toda uma variedade de psicopatologias. Dessa forma, a "razão",
dentro dessa alusão, foi elevada à categoria de destaque e a precisão e a graça de
sua performance deu-nos a chave para o comando de uma boa saúde mental. Daí
originou-se a máxima de que o "viver bem é o resultado de um pensar bem (ou
corretamente)" (Mahoney, 1998).
Como já dizia Kant, a mente não é uma cera passiva por sobre a qual a
experiência e a sensação escrevem sua vontade caprichosa e absoluta; nem
tampouco é um mero nome abstrato para a série ou o grupo de estados mentais;
mas, antes, é um órgão ativo que molda e coordena as sensações em idéias, um
órgão que transforma a multiplicidade caótica da experiência em uma unidade
ordenada de pensamento.
De maneira geral, podemos dizer que existem dois tipos globais e complexos de
atribuição de sentido, que retratam a maneira pela qual nosso organismo, como
um todo, organiza-se em suas trocas com o mundo. Os significados são
construídos obedecendo a uma via de mão-dupla, ou seja, através do
processamento conceitual e do processamento vivencial. O primeiro tipo de
operação é aquele percebido através de nossa razão e de nosso raciocínio lógico
(cf. já descrito anteriormente a respeito da palavra "pássaro"). Já no
processamento vivencial os significados gerados em nossa consciência advêm da
atividade de percepção e leitura dos conteúdos corpóreos, estando em uma
condição quase total de pré-conceitualidade e inconsciência. Nesse nível, não
interpretamos as situações do ponto de vista lógico, mas sob uma ótica
emocional, ou seja, os significados que serão produzidos por um evento
fundamentar-se-ão nos princípios experienciais das situações. Dessa forma, uma
vez sentida a informação, este conteúdo será traduzido em aspectos de "conforto
ou desconforto" e à "segurança ou ameaça" da integridade corporal. Um
exemplo disso é a grande maioria das queixas ouvidas pelos profissionais; nas
mais diversas situações é freqüente escutarmos queixas do tipo: "estou me
sentindo sufocado(a) com tal situação", "…aquele lugar me causa um aperto no
peito", "sinto que estou carregando o mundo em minhas costas…", etc. Portanto,
muitas da traduções que fazemos a respeito dos eventos provêm inicialmente dos
sinais corporais (também chamados de "sensoriais"), para que, posteriormente,
possam vir a ser integrados e então explicados pelo nosso raciocínio analítico.
Assim, primeiramente sentimos algo, para depois podermos pensar a respeito de
seu conteúdo (Greenberg e Safran, 1987). Como imagem explicativa desse tipo
de atividade (e oposta àquela cartesiana penso, logo existo), descreveríamos a
metáfora: existo, logo penso, sugerindo implicitamente que a emoção sempre
criará "problemas" para que o pensamento possa resolver. O que foi ordenado
pela experiência pessoal do indivíduo torna-se verdadeiro e converte-se em um
elemento soberano e determinante aos seus sentidos (mesmo que aos olhos dos
outros possa parecer uma miragem). É, portanto, a partir da construção interna
que os clientes atribuem os significados à realidade externa (Greenberg, 1998).
"Somos prisioneiros", como afirma Guidano (1994, p. 72), "capturados na rede
de nossas teorias e expectativas". Assim, tal arquitetura pessoal de significados
permite que o indivíduo leve consigo não uma cópia do mundo externo, mas
uma representação ou "mapa do mundo" (que não é o mundo em si), mas
desenhado a partir de sua teoria personificada de vida (Mahoney, 1998).
Assim, de maneira bem genérica, diríamos que uma das metas dos modelos
construtivistas é a de auxiliar os indivíduos na construção de um significado,
utilizando as emoções como ponto de partida, desenvolvendo e encorajando uma
postura de maior abertura, para que essas emoções possam ser simbolizadas e,
então, finalizadas em seu significado total.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS