Publico 13262
Publico 13262
Publico 13262
SÃO PAULO
2012
MARIA CRISTINA IGLESIAS ROA
SÃO PAULO
2012
Roa, Maria Cristina Iglesias
Libras como segunda língua para crianças ouvintes: avaliação
de uma proposta educacional./ Maria Cristina Iglesias Roa. – São
Paulo, 2012.
ix; 177f.
Tese (Mestrado Profissional) – Universidade Federal de São Paulo..
Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde – CEDESS.
Título em inglês: Teaching Brazilian Sign Language (BSL) for hearing
children, as a second language: evaluation of an educational activity
Palavras-chave: 1. Língua de Sinais; 2. Educação especial;
3. Aprendizagem
“Amar o igual é amar a si próprio, o desafio está em amar o diferente.”
Paulo Freire
iii
AGRADECIMENTOS
Por mais que o pesquisador escreva a sua tese, dificilmente esta é feita a uma só
mão. Do processo desta pesquisa participaram inúmeras energias, impulsos,
amigos, professores, autores, família e tantos outros que me motivaram para este
final. A maior força que me alavancou em todo o processo foram as crianças que
participaram da pesquisa que, com seu aprendizado, me determinaram a ir
sempre adiante. Aqueles sorrisos, aquelas mãozinhas querendo sinalizar, nada foi
tão gratificante.
Cada pessoa, à sua maneira, colaborou e vou mencionar aqui algumas dessas
pessoas pela força, apoio, afeto e colaboração mais direta. Caso alguém não
tenha sido mencionado, cabem aqui as minhas desculpas e o meu agradecimento
porque, de alguma forma, todos colaboraram a tecer a teia da vida.
A minha querida orientadora, Prof. Dra. Maria Cecilia Sonzogno, por ter sempre
me apoiado e, que sem a sua dedicada orientação, não teria ido tão longe.
Um carinho especial a minha assessora Cleusa Pedotti que, apesar dos nossos
“ups” and “downs” juntas traçamos toda uma trajetória até aqui e, também, a duas
colegas de trabalho Solange e Claudia, pela paciência que tiveram ao me
assessorarem em todas as apresentações onde a produção de slides se fazia
necessária.
iv
Aos meus colegas surdos que tanto me mostraram suas percepções de vida,
dificuldades e desafios e por tentar sempre me ensinar a língua de sinais que eu
tanto admiro.
Ao meu filho Rodrigo, que tantas vezes se queixou de falta de atenção, mas que
soube compreender e acreditar que eu chegaria lá.
Aos meu pais, que já não estão mais aqui, mas que, pelo exemplo, me motivaram
para uma carreira voltada à pesquisa e aos estudos, mostrando sempre o valor da
educação e que jamais mediram esforços para que seus filhos alcançassem seus
objetivos. Obrigada!
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 6
2.1 Língua de Sinais.......................................................................................... 7
a. A trajetória............................................................................................... 7
b. A Língua de Sinais no Brasil................................................................. 20
c. Aspectos linguísticos da língua de sinais: delineando aspectos
gerais....................................................................................................... 23
d. O que dizem as pesquisas internacionais.......................................... 27
2.2 Educação em Saúde................................................................................... 33
2.3 Educação Inclusiva..................................................................................... 37
2.4 O Surdo e a Inclusão.................................................................................. 41
3 OBJETIVOS................................................................................................................ 47
3.1 Objetivo Geral.............................................................................................. 48
3.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 48
4 METODOLOGIA........................................................................................................ 50
4.1 Contexto da pesquisa................................................................................. 52
4.2 Sujeitos da pesquisa................................................................................... 53
4.3 Considerações Éticas................................................................................. 55
4.4 Processo de Coleta de dados.................................................................... 56
4.4.1 Diário de Campo...................................................................................... 56
4.4.2 Filmagem/vídeo........................................................................................ 56
4.5 O procedimento da intervenção................................................................ 61
4.5.1 Relato das aulas: notas descritivas e impressionistas........................ 62
4.6 Análise de dados......................................................................................... 83
vi
5 RESULTADOS........................................................................................................... 85
8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 143
9 ANEXOS..................................................................................................................... 153
Anexo IV Entrevista Oral aplicada pela pesquisadora para avaliação por parte
dos alunos sobre o curso de Libras
Anexo VII Questionário aplicado pela pesquisadora aos pais dos alunos
vii
RESUMO
viii
ABSTRACT
ix
“My name is Laurent Clerc∗. I am eighty-three years old. My hair is
white, my skin wrinkled and scarred, my posture crooked; I shuffle when I walk.
Undoubtedly my life will soon end in this time and place: 1896, Hartford,
Connecticut. I spend most of my day sitting alone at my dining room window,
looking at my orchard and remembering. I also read the paper and occasionally
friends come to visit. I know what’s going on. Important people, distinguished
gentlemen, are repudiating the cause to which I have devoted my life. Endowed
with the sacred trust of my people’s welfare, they seek, without consulting us, to
prevent our worship, marriage, and procreation, to stultify our education, and to
banish our mother tongue simply because our way and our language are different
from theirs….”
Harlan Lane- When the Mind Hears: A History of the Deaf, p.3.
∗
Laurent Clerc foi um excelente professor de alunos surdos em Paris, França. Ele acompanhou Thomas
Hopkins Gallaudet à América em 1816. Alguns meses depois, em abril de 1817, ele e o Dr. Cogwell fundaram a
primeira escola permanente para surdos no Hemisfério Leste, conhecida como American School for the Deaf,
localizada em Hartford, Connecticut. E, assim, durante os anos seguintes, cinquenta anos, Clerc foi professor e
mentor de muitos americanos notáveis e, entre estes líderes, estava Thomas Brown, o fundador da Associação
Nacional para Surdos em 1850 e Edmund Boothum, outro co-fundador da Associação Nacional de Surdos.
( citado por SACKS, 1998)
1 INTRODUÇÃO
2
Introdução
Michel De l´Epée1
1
De L´Épee assim encarou primeiramente a língua de sinais como uma futura língua universal (Lane,
1984, p.181 citado por SACKS, 1998).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
7
Referencial Teórico
elaborou e dominou códigos articulados entre si, que foram utilizados tanto para
a comunicação oral quanto para a escrita. Portanto, hoje em dia, temos dois
níveis de comunicação: o verbal e o não verbal.
Mesquita (1997), em seu artigo sobre a comunicação não verbal, nos
traz que a fascinação pela comunicação não verbal data de tempos imemoriais.
Os chineses, desde há muitos séculos, acreditavam na possibilidade de avaliar
a personalidade de indivíduos através da face. Do mesmo modo, pintores e
escultores sempre procuraram imprimir em suas obras a expressividade que um
gesto ou pose pode conter, mas foi só no início deste século que os cientistas
demonstraram considerável interesse pela área, influenciados, talvez, por
Charles Darwin – The expression of emotion in the man and animal, publicado
em 1872 (SILVA, 1987; DAVIS, 1979).
Birdwhistell (citado por DAVIS, 1979) concluiu através de suas
pesquisas que a relevância das palavras em uma interação entre pessoas é
apenas indireta, pois grande parte da comunicação se processa num nível
abaixo da consciência. Segundo este autor, apenas 35% do significado social de
uma conversa corresponde às palavras pronunciadas, os outros 65% seriam
correspondentes aos canais de comunicação não verbal.
Mehrabian (2009) demonstrou em estudos que 55% da comunicação
face a face se dá através do corpo, gesto e expressão facial; 38% é tributável à
tonalidade, intensidade e outras características da voz e apenas 7% é realizada
através das palavras.
Mas, sabe-se que os sinais já estavam presentes nas comunidades
monásticas. De acordo com Reily (2007), nos mosteiros, os devotos buscavam
viver em isolamento, imitando a prática dos santos eremitas do deserto egípcio,
buscando a perfeição por meio da oração e do jejum.
O isolamento e a vida monástica configuravam-se como um espaço
de penitência. Apesar das duras exigências, o número de mosteiros cresceu
muito rapidamente, refletindo que as condições de vida no sistema feudal fora
9
Referencial Teórico
dos mosteiros também eram extremamente difíceis para a população laica. Este
movimento também se expandiu para o Ocidente e, assim, ao longo do tempo,
constituíram-se duas grandes formas de cristianismo, desenvolvendo, então,
duas formas típicas de monasticismo (BAINTON, 1966):
1. A oriental, seguindo as Regras Monásticas de São Basílio (c. 330-
379 d.C.); Igreja Ortodoxa
2. A ocidental, que seguia as Regras de São Bento (baseadas nas
Regras de São Basílio) (c. 480-550 d.C.). Igreja Romana
Ainda de acordo com a autora, existem documentos (bem como iluminuras) que
registram, no período monástico, os "tolos e inocentes" (loucos e deficientes
mentais) que vagavam pelos feudos e encontravam abrigo por poucos dias nos
mosteiros. Eram alimentados, vestidos e tinham seus cabelos cortados e,
11
Referencial Teórico
Laurent Clerc (pupilo de Massieu que, por sua vez, foi pupilo de Sicard) que
exerceu muita influência nos EUA, em 1816, pois os professores americanos
jamais estiveram na presença de tamanha inteligência e educação tão notáveis.
Clerc fundou, em 1817, junto com Thomas Gallaudet, o American Asylum for the
Deaf, em Hartford. O êxito imediato do asilo levou à abertura de novas escolas
por toda parte onde houvesse alunos surdos. A maioria dos professores surdos
passava por Hartford. Formou-se um híbrido entre os sinais importados por
Clerc com as línguas de sinais nativas americanas e, assim, nasceu ASL -
American Sign Language. Lane calcula que, em 1869, havia 550 professores de
surdos em todo mundo e que 41% desses professores estão nos Estados
Unidos. Em 1864, o Congresso aprovou uma lei autorizando a Columbia
Institution for the Deaf and the Blind, em Washington, a transformar-se numa
faculdade nacional para surdos, a primeira no gênero só para surdos, sendo o
primeiro reitor, Edward Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet. O Gallaudet
College é, atualmente, a Gallaudet University, até hoje, a única faculdade de
ciências humanas do mundo para alunos surdos. Todo o corpo docente,
discente e funcionários usam a Língua de Sinais.
O período até 1870 foi a fase áurea para os surdos, mas a corrente
oralista voltou-se contra o uso da língua de sinais pelos surdos e para os surdos,
de tal modo que, em 20 anos, se desfez o trabalho de um século.
O que marcou a mudança de rumo foi um movimento político que já
existia há dois séculos, uma contra-corrente que se opunha às minorias e às
práticas das minorias. Questionava-se de que valia a utilidade da língua de sinais
se não conseguiam falar? Isso não restringiria os surdos a se relacionarem
somente com outros surdos? Esses debates vieram ganhando força ao longo de
todo um século. Seu representante mais ferrenho foi Alexander Graham Bell que,
por um lado, herdou uma tradição familiar de ensinar locução e corrigir os
impedimentos da fala, tendo mãe e esposa surdas, embora nunca tivesse
admitido, mas era, por outro lado, um gênio tecnológico. E foi no II Congresso
Internacional de Milão, em 1880, onde os próprios professores surdos foram
16
Referencial Teórico
2
*Fonte: Santa Catarina, Secretaria do Estado da Educação e do Desporto. A inclusão do educando surdo
no ensino regular: Informativo. São José, 2001.
18
Referencial Teórico
Alfabeto Manual:
É a substituição das letras escritas por movimentos feitos com as
mãos. Para utilizar o alfabeto manual, é necessária uma boa destreza motora.
Dramatização:
Atividade dramática que busca, através das expressões orofacial e
corporal, introduzir o jogo, a improvisação e a apresentação, como recurso de
expressão de sentimentos e pensamentos.
Pistas Cinestésicas:
São dicas oferecidas ao surdo, através de pistas táteis e gestuais,
realizadas próximo ao rosto para percepção da emissão do fonema.
Treinamento Auditivo:
Atividade que proporciona o reconhecimento e a discriminação de
resíduos, sons ambientais em sons de fala.
Ritmo:
Trabalha a duração, a intensidade, o timbre e a altura dos sons da fala.
Leitura Orofacial:
Visualização de toda fisionomia da pessoa que fala, incluindo sua
expressão facial e seus gestos espontâneos.
3
fonte: http://www.ines.gov.br/institucional/Paginas/historiadoines.aspx
23
Referencial Teórico
Parâmetros principais
a) configuração da mão (CM)
b) ponto de articulação (PA)
c) movimento (M)
24
Referencial Teórico
EX: VELHO
- o movimento (direção) os sinais podem ter movimento ou não.
− configuração das mãos: são as formas das mãos, que podem ser
da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão
predominante ou pelas duas mãos do emissor.
4
fonte: http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo2.pdf
27
Referencial Teórico
No final dos anos 1970, Joseph Garcia (2005) começou o seu trabalho
como intérprete de Libras e pode observar que bebês ouvintes de pais surdos
podiam comunicar seus desejos e necessidades bem antes que os filhos ouvintes
de pais ouvintes. A sua pesquisa teve início com bebês ouvintes de pais ouvintes,
na Universidade do Alaska, em 1987. Na sua tese de mestrado, ele demonstrou
que os bebês expostos aos sinais desde os seis e sete meses de idade, já podem
iniciar uma comunicação expressiva por volta do oitavo ou nono mês.
Um estudo conduzido na Itália por Bellugi, O´Grady, Lillo-Martin,
O´Grady-Hynes, Van Hoek e Corina (1990) comparou crianças surdas que
sinalizavam com crianças ouvintes que não sinalizavam e concluiu que as
crianças surdas que sinalizavam estavam significantemente à frente das não
sinalizadoras (pessoas que usam a língua de sinais) nos testes aplicados de
construção espacial, organização espacial e reconhecimento facial. Já Parasnis,
Samar, Bettger e Sathe (1996) compararam crianças surdas não sinalizadoras
com um grupo de controle, ouvintes, também não sinalizadores em cinco testes
que mediam as habilidades espaciais visuais. Observou que eles não tinham
diferenças na sua performance, o que os levou a concluir que “a exposição à
língua de sinais e não à surdez em si é que determina as diferenças nas
habilidades espaciais visuais” (pp.145-152).
Vale a pena descrever aqui um estudo interessante feito por Capirci,
Cattani, Rossini e Volterra (1997), na Itália, no qual compararam um grupo de
crianças ouvintes que aprendiam o italiano (língua nativa) com um grupo de
crianças ouvintes que aprendiam uma língua estrangeira, o inglês (como
segunda língua) e com um terceiro grupo ouvinte que tinha a língua de sinais
(também como segunda língua). O estudo durou dois anos. O resultado da
30
Referencial Teórico
avaliação espacial visual foi comparado com o grupo de controle que aprendia o
italiano (como língua nativa). Nos testes realizados após o primeiro ano não
houve diferenças significantes entre os grupos, mas, ao final do segundo ano, o
grupo que aprendia Sinais se superou em relação aos outros dois grupos,
demonstrando que a língua de sinais foi um fator significante no
desenvolvimento cognitivo, melhorando as habilidades de atenção das crianças,
a discriminação visual e a memória espacial.
Vários tipos de programas usando a língua de sinais são vistos
ultimamente em pesquisas com populações distintas, inclusive com crianças
ouvintes, todos sugerindo que as intervenções na língua de sinais levam ao
aumento de vocabulário receptivo e nas habilidades de leitura (DANIELS, 1994;
FELZER, 1998; HELLER, MANNING, PAVUR e WAGNER, 1998; BRUCE,
SNODGRASS e SALZMAN, 1999 citado por FORHAN). Os sinais são bastante
usados nos EUA com crianças matriculadas na pré-escola ou maternal onde,
nesta fase, a alfabetização e/ou habilidade de vocabulário ainda estão sendo
recém-desenvolvidas e alguns programas sugerem que as crianças se
beneficiam com o uso dos sinais (GARCIA, 1999). Alguns pesquisadores
propõem teorias do “porque” a língua de sinais melhora o vocabulário em
crianças ouvintes. Daniels (1994) baseou seu trabalho na premissa de Piaget,
que diz que os gestos e as mímicas são línguas sociais naturais da infância.
Ela acrescenta que, para as crianças, sinalizar é uma experiência mais
natural do que a aquisição da própria língua nativa. Apesar do fato de que a
maioria das crianças não inicia naturalmente a mostrar gestos simples como “oi”
ou “tchau” até os oito meses de idade, observou que as crianças que estão
expostas regularmente às línguas de sinais desde os seis meses de idade já são
capazes de começar uma comunicação expressiva aos oito meses de idade.
“Simplesmente porque é mais fácil para elas se comunicarem com as mãos do
que utilizar os mecanismos necessários para a comunicação verbal” (GARCIA,
1999) uma vez que os articuladores da língua e da boca demoram mais a
amadurecer do que as áreas motoras do corpo (SNODDON, 2000), diferencial
31
Referencial Teórico
Existem outras teorias que sugerem que a língua de sinais, por ter uma
natureza icônica, pode levar a conexões significativas entre as palavras e o seu
significado. Por exemplo, a soletração pela mão “fingerspelling” (datilologia) pode
facilitar o reconhecimento das palavras que são compostas de letras, e que as
letras estão associadas a sons nas palavras. Assim, em crianças que ainda não
possuem uma habilidade motora fina necessária para manipular o lápis com
facilidade, a soletração, com as mãos, pode ser um meio para desenvolver o
entendimento dos sons das letras (FELZER, 1998; DANIELS, 1996).
Muitas famílias ouvintes ensinam hoje seus bebês ouvintes a sinalizar
através de livros como Baby Signs (ACREDOLO, GOODWING e ABRAMS,
2000), Sign with your Baby (GARCIA, 1999) ou mesmo através de outros
programas em DVD disponíveis para venda. O site do Amazom.com chegou a
vender, em 2006, 561 livros, que, hoje, já foram traduzidos para o alemão; estes
programas têm como objetivo abrir um canal de comunicação pais-filhos quando
esta criança ainda não pode falar e para reduzir a frustração da criança de não
poder expressar desejos, necessidades ou pensamentos. Cada vez mais
crianças em todo mundo são expostas às línguas de sinais. Porém, no Brasil,
vemos, ainda, escassez desses estudos sobre a Língua de Sinais com crianças
ouvintes. Ao ensinar a língua de sinais às nossas crianças, não pretendemos
trazer mais uma carga na vida delas, mas sim, oferecer a elas as vantagens e
os benefícios comprovados em pesquisas, de promover a Libras, de aprender
sobre a cultura surda e, sobretudo, a possibilidade de poder se comunicar com o
colega surdo ou com perda auditiva.
33
Referencial Teórico
Para além desses processos há, hoje, uma tendência pela busca para
a formação de pessoas comprometidas com a luta contra as desigualdades
sociais e em busca de encontros humanos mais solidários.
35
Referencial Teórico
surdos, sendo esta, portanto, a que deve ser adquirida primeiramente. É a partir
desta língua que o sujeito surdo deverá entrar em contato com a língua majoritária
de seu grupo social, que será, para ele, sua segunda língua (LACERDA, 2006). A
proposta de educação bilíngue, ou bilinguismo, tem como objetivo educacional
tornar presentes duas línguas no contexto escolar, no qual estão inseridos alunos
surdos. Discutir a educação de surdos implica discutir, também, o tema inclusão
escolar e, assim, a importância de oferecer suporte e assistência às crianças e
aos professores para que o atendimento seja o melhor possível.
A defesa deste modelo educacional se contrapõe ao modelo anterior
e a almejada integração social e acadêmica não ocorre efetivamente. O
problema central, segundo os estudos, é o acesso à comunicação, já que são
necessárias intervenções diversas (boa amplificação sonora, tradução
simultânea, apoio de intérprete, entre outros) que nem sempre tornam
acessíveis os conteúdos tratados em classe.
De acordo com Stumpf (s/d), a presença de um intérprete em sala de
aula com a maioria ouvinte dominando resulta que ainda não temos casos bem-
sucedidos através dessa estratégia. Teremos que abrir mão do próprio interesse
e atender o apelo que vem do outro, ou seja, os surdos precisam de uma classe
onde a língua de sinais seja a primeira língua e o português a segunda língua. A
maneira de se avaliar o surdo também há que ser diferenciada. A autora enfatiza
que não há um critério de avaliação diferenciado para os alunos surdos na
escola regular e o resultado das avaliações, como aferição da aprendizagem,
nos mostram, em geral, um mau desempenho. É o que acontece porque os
alunos surdos continuam sendo avaliados como se fossem ouvintes e o
português não é o idioma de domínio deles. Nesse impasse, fracassa o surdo
devido a uma situação de ensino-aprendizagem que, de acordo com a autora, é
mascarada por uma teoria e é fruto de uma prática incoerente responsável pelo
mau desempenho. O artigo também aponta para a falta de professores surdos,
do pouco domínio pelos professores ouvintes da Libras e o desconhecimento da
comunidade escolar das implicações e especificidades da surdez e da cultura
44
Referencial Teórico
letramento dos surdos, embora ainda hoje não encontre respaldo na visão de
todos os especialistas da área. De acordo com Stumpf (2003), a partir de agosto
de 1996, teve início um trabalho de pesquisa da escrita da língua de sinais na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, ligado à
faculdade de Informática dessa universidade. Vários softwares foram
desenvolvidos para auxiliá-los na grafia dos sinais.
Capovilla e Raphael (2001) comentam que uma possibilidade de
auxiliar a escrita dos surdos consiste em fazer com que os sinais lexicais de sua
língua materna sejam convertidos em texto. Para isso, é necessário substituir o
código alfabético, que mapeia a fala, por outro código, que mapeie os sinais, o
código quirêmico ou dos sinais como, por exemplo, no que se refere ao uso de
novas tecnologias, o sistema SignWriting.5
Dessa forma, podemos inferir que a escola tem que estar atenta às
especificidades de seus alunos, cabendo a ela criar um ambiente apropriado
para que a criança surda possa se desenvolver, tendo a língua de sinais como
língua mãe L1 e o português como segunda língua L2. Faz-se necessário mais
pesquisas na área de Letras para que os professores de Língua Portuguesa
saibam como os surdos aprendem a escrita da língua oral, conheçam a sua
cultura, a fim de proporcionarem a seus alunos um ensino significativo,
formando cidadãos participativos, responsáveis e críticos, independentemente
das particularidades de cada pessoa.
5
É um sistema que pode ser utilizado para representar a língua de sinais de um modo gráfico esquemático;
funciona como um sistema de escrita alfabético, em que as unidades gráficas representam unidades gestuais
fundamentais, suas propriedades e relações. O SignWriting permite, por meio de símbolos visuais, representar
as configurações das mãos, seus movimentos, as expressões faciais e os deslocamentos corporais, e pode,
segundo seus pesquisadores, auxiliar a criança no estabelecimento de relações entre a “fala” e a escrita
(STUMPF, 2001).
“Você é deixado de fora nas conversas à mesa do jantar. Isso é chamado
de isolamento mental. Enquanto todo mundo conversa e ri, você está tão longe
quanto um árabe solitário no deserto que se estende por todo o horizonte [...]
Você anseia por conexão. Sufoca por dentro, mas não consegue falar a ninguém
sobre esse sentimento horrível. Não sabe como fazê-lo. Tem a impressão de que
ninguém compreende ou se importa[...] Não lhe é concedida nem ao menos a
ilusão da participação. [...]
Espera-se que você passe quinze anos na camisa de força do
treinamento para a fala e leitura labial [...] seus pais nunca se dão o incômodo de
reservar uma hora por dia para aprender uma língua de sinais, ou parte dela.
Uma hora em 24 que pode mudar toda a sua vida”
(JACOBS, 1974, pp. 173-174).6
6
Shanny Mow, numa breve autobiografia com trechos selecionados por Leo Jacobs, descreve essa típica
alienação de uma criança surda em seu próprio lar (citado por SACKS, 1998)
3 OBJETIVOS
48
Objetivos
Desloges7
7 Pierre Desloges (1779) publicou o primeiro livro escrito por um surdo. Desloges muito cedo ficou surdo e
praticamente sem fala e nos dá uma assustadora descrição do mundo dos sem-língua (LANE, 1984b, p.32,
citado por SACKS, 1998).
4 METODOLOGIA
51
Metodologia
“Se você quer saber quanto uma pessoa pesa, use uma escala (...). Se você quer
entender o que o peso significa para ela (...) você precisa questioná-la, descobrir
suas experiências e ouvir suas histórias”
(PATTON, 2002).
4.4.2 Filmagem/Vídeo
Apesar da importância que os meios de comunicação exercem no
nosso dia-a-dia, foi somente em 1962 que a imagem começou aparecer como
trabalho importante na pesquisa qualitativa, com o trabalho do historiador social
Áries, que empregou pinturas e gravuras para demonstrar as concepções sobre
as crianças e a infância na Europa pré-industrial (BAUER, GASKELL, 2000). O
uso do vídeo porém, vem aumentando desde a década de 1980 nas pesquisas
antropológicas e sociológicas (LEITE, 1998, p. 38).
57
Metodologia
− ABC soletrando
− Números
− Cores
− Animais
− Família
− Refeições
8
Não há professores e nem estrutura para atender alunos com deficiência.
63
Metodologia
D´Estrella9
9
Theophilus d´Estrella, talentoso artista e fotógrafo surdo, enviou a William James uma carta
autobiográfica,(1893). Nasceu surdo e só foi aprender a língua de sinais aos 9 anos, embora tivesse
inventado uma fluente “língua de sinais nativa” desde muito pequeno (citado por SACKS, 1998).
75
Metodologia
SEGUNDO SEMESTRE
João e Maria estavam em casa brincando. O pai chamou os dois e pediu que fossem a
loja comprar:.
David Wright10
10
David Wright, escritor surdo. Perdeu a audição só depois de ter aprendido a língua, aos 7 anos de idade e
discorre sobre as vozes fantasmagóricas, esses sons que permanecem intensamente vívidos para ele ao
longo de décadas de surdez (1969) citado por SACKS, 1998.
5 RESULTADOS
86
Resultados
“Por favor, nos diga quais suas impressões sobre a aula de Libras que
assistiu no dia de hoje, referente à metodologia e se quiser faça sugestões”.
Ela Trabalha na Instituição há três anos e tem algum conhecimento de
Libras, pois participou do curso de capacitação em Libras da UNIFESP.
Tudo bem!
Avaliando uma aula que fui assistir segunda-feira passada no dia 4, da qual
foi ministrada por professora surda com disciplina de Libras para crianças
ouvintes. Penso que é muito importante, não só na educação básica e sim desde
que seja infantil ate superior. O Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005,
determina que todos os cursos de magistério devem incluir a disciplina Libras
como obrigatória e que os cursos de magistério em nível médio e superior devem
ensinar Libras.
Acredito que desde idade terna, as crianças têm capacidade de
desenvolver mais de uma língua. A vantagem é bilinguismo em que os pais levam
para seus filhos.
Percebo que na aula, a maioria tem interesse de aprender outra língua e
ainda mais na outra modalidade visual-gestual. É muito interessante para elas
tomarem conhecimento e informação sobre surdez, libras para amenizar
preconceito e conviver com diferentes. Eu vejo que para fazer boa comunicação é
respeitar sua língua, que os surdos não são deficientes da língua oral e sim as
pessoas que desenvolvem outra língua para se comunicar.
88
Resultados
Abraços
89
Resultados
“Por favor, nos diga quais suas impressões sobre a aula de Libras que
assistiu no dia de hoje, referente à metodologia e se quiser faça sugestões”.
90
Resultados
4) Avaliação da professora SO
Sou oralizada e uso a fala, apesar de ter surdez profunda. Durante as aulas
eu deveria usar apenas a LIBRAS.
Quando entrei em sala de aula, percebi diversos pares de olhinhos
curiosos me olhando como se eu fosse um extraterrestre. Na nossa primeira aula
a pesquisadora, mostrou que as diferenças existem, que há pessoas que não
ouvem, não falam, não andam, não enxergam. Seria nosso papel dali por diante
mostrar a eles, através da convivência prática, que especificamente no que se
refere à surdez esta diferença poderia ser minimizada através do aprendizado da
língua de sinais.
Fui apresentada como professora, e minha diferença foi explicada. Os
alunos foram notificados de que eu não ouvia, que não responderia quando
usassem a “voz” para se comunicar comigo e que deveriam então aprender a
língua de sinais.
No primeiro dia notamos a incredulidade, visto que a surdez não é uma
deficiência visível e sendo oralizada, posso perceber o que se passa não só
através de percepção visual mas também de leitura labial, as crianças
começaram então a me testar. Falavam comigo e ficavam aguardando resposta.
Perceberam então que não adiantava e começaram a buscar alternativas como o
toque e aceno no meu campo de visão.
Aprenderam que os surdos tem um sinal próprio que é usado em
substituição ao nome, logo nas primeiras aulas aprenderam o meu sinal e o
usavam sempre.
Fiquei encantada com o rápido aprendizado deles. Aprendiam
imediatamente o que era proposto e, segundo seus pais, comentavam em casa o
aprendizado e ensinavam os familiares. Perceberam de imediato que há outras
maneiras de usar a comunicação, que não apenas ouvidos e bocas. O corpo fala!
Concluímos no desenrolar, que nosso planejamento estava correto com
relação às escolhas que fizemos sobre temas e metodologia, para aquela faixa
etária.
92
Resultados
Por outro lado é preciso que a criança surda perceba que “seus pares”,
não são apenas outras crianças surdas, mas também crianças ouvintes que se
encontram dentro da própria família, e a única diferença que existe entre elas é
o uso da língua.
A prática de ensino somente para adultos, a meu ver, afasta os primeiros
contatos de crianças ouvintes com as surdas, dificultando ainda mais uma futura
inclusão, sem levar em conta que, na idade adulta o aprendizado se torna mais
difícil.
Se, desde os primeiros anos o ensino da LIBRAS for efetuado nas
escolas a criança surda poderá ser recebida de maneira natural.
As escolas se preocupam em ministrar idiomas estrangeiros para
crianças. Posso dizer baseada em vivencia e convivência, que eu preferia ter
aprendido LIBRAS em curso de educação infantil, isto faria com que os meus
problemas de relacionamento e aceitação da diferença fosse encarado de forma
natural. Sem levar em conta todos os outros fatores, pensemos que ninguém
está livre de, assim como eu, vir a ser surdo e seria maravilhoso estar
parcialmente preparado para isso, através de um aprendizado fácil e prazeroso
como pude perceber durante as aulas que ministrei na Paulistinha.
O projeto é, sem sombra de dúvida muito importante para a sociedade.
Sinto-me honrada por ter participado.
94
Resultados
Prezado TCB
Gostaríamos que você considerasse os seguintes itens em sua avaliação:
a) compreensão pelos alunos das perguntas feitas em Libras pela professora;
b) o desempenho geral dos alunos e,
c) sua opinião sobre a importância dos sinais para ouvintes na educação infantil.
Maioria deles consegue responder o seu nome e sinais, acredito que esses
sinais são básicos na comunicação de Libras com Surdos, é muito utilizado na
conversa por isso são sinais mais fácil de decorar e memorizar.
Na parte de números, maioria acertou os sinais de números, pois utiliza
muito material visual, isso facilitou a resposta dos ouvintes. Acredito que utilizar
os recursos visuais e também as configurações de mãos de números ajudam
muito na aprendizagem de Libras.
Acredito que utilizar as configurações de mãos ajudam muito na
aprendizagem de Libras, pois são bases para lembrar os sinais. Por exemplo, no
português, lembramos a palavra através das letras por isso Libras, lembramos os
sinais através das configurações de mãos.
Como os ouvintes dominam o português, primeira língua e dominam pouco
a Libras pois e´a sua segunda língua, geralmente vejo as crianças ou adultos tem
dificuldade na segunda língua, pois precisam de contato de Surdos e sua cultura.
Como eles não tem contato com Surdos e nem Libras, penso seria ideal
mostrar vídeos mostrando como é a comunicação dos Surdos, vida dos Surdos
no mundo dos ouvintes, importância da língua de sinais, também a cultura surda
pois mostra como é a vida dos Surdos na comunidade Surda ou no mundo dos
ouvintes, suas barreiras.
Eu, particular, acho professora não deveria usar a voz para os alunos
responder em Libras, pois para aprender Libras, precisamos trabalhar muito com
visual e não audição, pois é uma língua visual e também ajuda a desenvolver
rápido na aprendizagem de Libras.
Percebi muitas coisas, houve erros, houve acertos do uso de sinais pelas
crianças que só teve 20 horas para aprender Libras, por isso acredito que poucas
horas para aprender Libras faz os alunos não adquirir rápido e nem desenvolver
com facilidade, pois para ter domínio de Libras, precisa ter contato com Surdos
também, não somente ensino de Libras e também teve ser no mínimo 120 horas
para conseguir dominar Libras.
97
Resultados
Percebi que os materiais utilizados para avaliação oral dos alunos foram
adequados e muito dinâmico. Também poderia trabalhar em grupo e não
individual pois quem sabe eles alunos, se comunicam em Libras e também um
ajuda o outro a sinalizar corretamente.
Acredito que esse trabalho é muito importante a futuro dos alunos para
estar preparado e saber como lidar os Surdos sem preconceito e sem medo,
também ajuda eles a entender o mundo dos Surdos.
Mais cedo, eles poderão aprender mais Libras e logo uns 9 anos de idade,
já estarão preparados para comunicar com Surdos do que as pessoas mais de 30
anos de idade não conseguem comunicar com Surdos com tranquilidade pois
acabam esquecendo os sinais ensinados pela professora de Libras e também
pouco contato com Surdos.
Acredito que o desenvolvimento da aquisição da linguagem das crianças é
mais evoluído do que das adultas que começam aprender Libras tardia, por isso
acredito que é muito importante ensinar Libras para crianças.
98
Resultados
I.A SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Sim Pintura Pincel
surdo Ensina mãe com boca
M.T SIM ! SIM SIM SIM Importante Fixa papeis Pintura
aprender geladeira e Pincel com boca
treina
B.S SIM SIM SIM SIM Falar com surdo Mãe e História infantil
irmão
D.G NÃO ! SIM SIM SIM Falar com surdo Ensina NS *
amigo surdo
e trocam
sinais
G.A SIM ! NÃO SIM SIM Quer ficar mudo Ensina o pai NS
e fazer sinais
S.P SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Às vezes Pintura pincel
surdo com a avó com boca
M.F SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Não treina Pintura pincel
surdo com boca
P.K SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Não treina Olhos vendados
surdo e tirar sapato
V.A NÃO ! SIM SIM SIM Comunicar com Às vezes NS
surdo em casa
I.N SIM ! *NÃO NÃO SIM Ele quer ensinar Com o pai Dramatizar
Faltou nessa o alfabeto para o história infantil
aula pai que não
sabe.O pai faz
os sinais errados
E.S SIM ! *NÃO SIM SIM Comunicar com Às vezes Dramatizar
Faltou nessa surdo em casa história infantil
aula
W.F NÃO ! NÃO SIM SIM NS NÃO NS
G. D. SIM ! SIM SIM SIM NS NÃO Tudo e de tirar
sapato com
olhos vendados
G.R SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Com a irmã Representar
surdo personagem
V.B SIM ! SIM SIM SIM Comunicar com Ensina as Representar
surdo bonecas e personagem
treina
12 11 14 15 Comunicar com 11 Pintura pincel na
surdo boca
99
Resultados
Sinal Aproveitam.
Masc./
Conteúdo Nome Idade Números Animal Família Cores Adjetivos por aluno
batismo Fem
(%)
G.S* Não Sim Sim Não Não Sim Sim Não Não *44.44
G.A Não Sim Não Não Não Não Não Não Não 11.11
P.C* Não Sim Sim Não Não Sim Sim Não Não * 44.44
M.F Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim 88,89%
E.S Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 100,00%
K.F Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim 77,78%
M.P Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim 77,78%
G.R Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim 88,89%
T.R Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim 77,78%
K.R Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim 77,78%
P.K Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim 88,89%
S.P Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 100,00%
B.S Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 100,00%
W.F Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não 77,78%
G.D Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim 88,89%
I.A Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim 88,89%
V.B Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 100.00%
Aproveit.
por
58,82 100% 94,11 76,47 76,47 88,23 82,35 52,94 76,47
conteúdo
(%)
* estes alunos não estiveram presentes em 50% das aulas, mas quiseram se submeter ao teste (não foram
computados na avaliação geral).
Alfabeto
ACERTOS 7 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5
apoio
B.S X
D.G X
G.R X
G.D* X *
G.S* X *
I.A X
K. F* X *
K.R X
M.F X
S.P X X
V.B X
W.F* X *
% 25% 8.3% 25% 8.3% 25% 8.3%
TOTAL DE QUESTÕES = 7
Valor de cada questão = 1
(*) alunos usaram o alfabeto de apoio.
103
Resultados
2) Você notou se ele (a) usou sinais ao conversar com vocês pais, familiares, com algum
amigo ou outros?
SIM (5 ) NÃO (0 ) ÀS VEZES (3)
3) Qual a sua opinião a respeito do curso de LIBRAS realizado com as crianças, do qual
o seu filho participou? Se você acha importante este curso, explique porquê.
M1- Importante para perceberem que as pessoas são diferentes e que devem respeitar a
particularidade de cada um.
M2- Importante porque está aprendendo novas línguas e Libras é importante porque a maioria
da população não sabe nem o que é Libras.
M3- O curso de Libras é importantíssimo e, na minha opinião deveria ser disciplina
obrigatória em todas as escolas, afinal qualquer um de nós podemos precisar um dia.
M4- Importante pois é outro tipo de comunicação que se deve saber.
105
Resultados
M5- Muito importante. Somos de uma geração onde o “diferente” não existia, nem sequer na
escola. Hoje a inclusão está ai batendo na porta das escolas e do mundo. Saber que a minha filha
está tendo um olhar para esta população; aprendendo que o diferente também somos nós- com
certeza será um ser humano melhor e verá o mundo, as pessoas de outra maneira.
Esta conversa sobre o diferente, a diversidade, respeito e igualdade sempre existiu em
casa, mas quando a escola fortalece esta aprendizagem, sem dúvida todos ganham.
M6- Sim porque existe diferença entre as pessoas que devem ser respeitadas como uma pessoa
normal.
M7- Muito importante saber se comunicar em sinais e a alegria de compartilhar a
aprendizagem no dia a dia.
M8- Mais um aprendizado.
M1- A M. observa na rua as pessoas e fala: - olha mãe ele está falando em sinais e, até
observa os cadeirantes.
M2- Só agradeço o desempenho com as crianças neste curso.
M3- Minha dentista relatou que tem um paciente mudo e disse que é muito difícil a
comunicação entre ela e ele. Se ela tivesse tido essas aulas hoje, não teria essa dificuldade.
M4-Estou achando ótimo as aulas, o desempenho e os professores estão de parabéns
pela paciência e profissionalismo.
M5- Parabenizo a Paulistinha por esta iniciativa, pois acredito que a escola forma(informa) sempre
e pensar em novas propostas curriculares é essencial rever valores, princípios,
formar crianças que de fato serão cidadãos faz a diferença na vida de nossas crianças,
essa é a “pedagogia da transformação” que fala tão sabiamente Paulo Freire. Parabéns a todos os
envolvidos neste projeto!
M6- Achei interessante essa atividade adicional que abre o horizontes das crianças para
novas visões.
M7- A minha filha quer que eu repita o que ela aprendeu, os meu dedos são duros, não
consigo fazer. No sábado no metro, ela observou dois rapazes conversando em sinais, ela
ficou comovida.
_______________________________________________________________________
“Nunca ouvi nenhum som sequer: as ondas no mar, o vento, o canto dos pássaros e
por aí vai. Para mim, entretanto, esses sons nunca foram essenciais para a
compreensão do mundo, já que cada um deles sempre foi substituído por uma
imagem visual, que me transmitia exatamente as mesmas emoções que qualquer
pessoa que ouve sente, ou talvez ainda com mais força, quem sabe?
As minhas palavras nunca faltaram, e nunca fui uma criança rebelde ou nervosa
por uma simples razão: sempre tive como me comunicar, as pessoas em minha
volta sempre entendiam o que eu queria, pois compartilhavam das mesmas
palavras que eu: os sinais”.
11
Sérgio Marmora de Andrade, surdo-mudo, residente no Rio de Janeiro. O depoimento foi elaborado pela
esposa dele, não surda-muda, que traduziu os sinais para a língua portuguesa (retirado da tese de doutorado
da Profa. Ana Regina e Souza Campello, 2008).
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO
108
Análise e Discussão
6.1 Defesa de uma educação infantil voltada para valores, para uma
inclusão de modo a amenizar preconceitos. A criança surda também precisa
saber que há crianças ouvintes reconhecendo que a única diferença existente
entre elas é a língua e que ambos saibam da existência de uma diversidade
interessante a sua volta.
“Acredito que esse trabalho é muito importante para o futuro dos alunos para
estar preparado e saber como lidar com Surdos sem preconceito e sem medo, também
ajuda eles a entender o mundo dos Surdos”. (TCB)
“Seria nossa papel dali por diante mostrar a eles, através da convivência
prática, que especificamente no que se refere a surdez esta diferença poderia ser
minimizada através do aprendizado da língua de sinais”. (SO)
Apesar de que não ter sido nosso objetivo que as crianças saíssem
fluentes na língua de sinais, mas certamente, que tivessem uma exposição com
a modalidade da língua viso-espacial usada pelos surdos, procuramos verificar
quanto do conteúdo de Libras estes alunos puderam apreender no ano letivo.
Considerando a carga horária reduzida para o aprendizado de uma língua e,
principalmente, por se tratar de uma língua bastante distinta da nossa, pudemos
inferir que mais da metade (66.6%) dos alunos tiraram notas acima de 5.5
quando avaliados no teste escrito. No desempenho oral, obtivemos margens
bem altas de aproveitamento, acima de 88.8% de respostas positivas por aluno,
o que nos faz acreditar que a metodologia esteve adequada para esta faixa
etária, estando igualmente de acordo com as avaliações dos profissionais da
educação infantil que participaram do projeto. Ficamos gratificados de perceber
que todos eles (100%) souberam sinalizar seu sinal e fazer a datilologia do
nome, essencial na comunicação inicial ao encontrar com um colega surdo. “-
São sinais básicos na comunicação de libras com surdo”, conforme o avaliador
surdo TCB. Este alto índice de aproveitamento nos vários quesitos aplicados no
teste nos remete aos achados da literatura em que o ensino de uma segunda
língua na educação infantil é bastante produtivo e gratificante. Vários autores
enfatizam a importância de um aprendizado precoce, como Schutz (2004), ao
dizer que: “A melhor idade para iniciarmos o estudo de uma segunda língua é a
idade pré-escolar, dos três aos seis anos, pois o ser humano assimila o
conhecimento recebido nos primeiros anos com maior facilidade”.
Do mesmo modo, Pratts (s.d.), ao escrever sobre o ensino de segunda
língua na educação infantil, acredita ser este o melhor período para que a
aprendizagem aconteça, pois é na infância que o ritmo de assimilação é mais
rápido, sendo assim, o melhor momento para a aquisição de uma segunda língua.
ramos que crescem em uma árvore. São as experiências das crianças, nesta
fase, que estimulam a atividade criando as sinapses. À medida que a criança se
desenvolve, as sinapses tornam-se mais complexas. Como uma árvore que vai
multiplicando seus galhos. Durante os três primeiros anos, o número de
neurônios permanece o mesmo, mas as sinapses aumentam. A partir dos três
anos, a formação de sinapses vai decrescendo até por volta dos 10 anos. Entre
o nascimento e a idade de três anos, o cérebro cria mais sinapses do que
necessita. As sinapses que são usadas frequentemente tornam-se parte
permanente do cérebro, e as que não são usadas são geralmente eliminadas.
No Brasil, a educação bilíngue ocupa cada vez mais seu espaço.
Segundo a OEBi (Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo), a procura
cresce consideravelmente. Em São Paulo, há cerca de 25 estabelecimentos com
2.800 alunos e há quatro anos, estimava-se que, em todo o Brasil, 25 mil
estudantes da Pré-escola ao Ensino Médio frequentassem escolas bilíngues. Em
artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, de 22 de janeiro de 2010, o
número de escolas bilíngues no Brasil saltou de 145, em 2007, para 180, em
2009, registrando um aumento de 24% no período. De acordo com o jornal, outros
sete colégios estão abrindo as portas, só em São Paulo, mas não há números
oficiais de colégios bilíngues nem legislação específica sobre seu funcionamento.
Todavia, não se observa ainda um interesse maior dos pais e das
escolas em ensinar a língua de sinais para crianças ouvintes, como segunda
língua, salvo casos de pais ou familiares surdos, embora esta seja considerada
a segunda língua oficial do Brasil, reconhecida como meio legal de comunicação
através da lei 10.436, de 24 de Abril de 2002 e do decreto 5.626 que
complementa esta lei, em 2005, para o uso e difusão das Libras. A Creche Prof.
Geraldo Cavalcanti foi introduzida no ano 2000 pela pedagoga surda, em Niterói
– Rio de Janeiro, com o intuito de ensinar a língua materna de língua de sinais
brasileira às crianças surda e ouvintes, filhos de pais ouvintes e de pais surdos.
Também, cabe citar alguns casos no ensino desta língua com adultos ouvintes.
A Faculdade de Educação da UNICAMP, no Brasil, adiantou-se ao Decreto
116
Análise e Discussão
“...pois para ter domínio de Libras, precisa ter contato com Surdos também,
não somente ensino de Libras....”. (TCB)
118
Análise e Discussão
“penso que é importante, não só na educação básica e sim desde que seja
infantil até superior. O Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005, determina que todos os
cursos de magistério devem incluir a disciplina Libras como obrigatória e que os cursos
de magistério em nível médio e superior devem ensinar Libras.” (ACQ)
“Percebi que os materiais utilizados para avaliação oral dos alunos foram
adequados e muito dinâmicos. Também poderia trabalhar em grupo.....um ajuda o outro
a sinalizar”. (TCB)
122
Análise e Discussão
Como a EPE não tem alunos com deficiência e não é escola inclusiva,
optamos por trazer atividades de sensibilização, para que medos ou
preconceitos, pena ou raiva não tivessem espaço e os alunos, assim, pudessem
tratar e manifestar seus sentimentos a respeito.
Conforme observado, uma das atividades mais significativas entre os
alunos foi a pintura do pincel com a boca, em que eles puderam sentir a
dificuldade de uma criança sem os membros superiores ao pintar um desenho e,
também, pela atividade o “de estar cego” em que puderam sentir a sensação da
cegueira.
há os que entendem de música. Uns com mais aptidões para curtirem a música
do que outros, devido aos diferentes graus de surdez e de experiências sociais
com a música. Nesta direção, nos diz que pode-se dizer que cantar, tocar,
conhecer e entender a música é um direito que os surdos têm, caso assim
o queiram.
As pessoas surdas podem perceber o ritmo, a dinâmica da música, o
timbre do cantor, as vibrações, mas tudo isto tem que ser apresentado num
contexto significativo, não num contexto mecânico, dificultoso, obrigatório
(grifo da autora).
Finalizando, atividades de música e do canto trazem benefícios para a
aprendizagem, por isso, deveria ser mais explorada na escola. Bréscia (2003)
afirma que cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem,
contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e descoberta do
mundo e que pode ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão
das emoções e até para lidar com a agressividade.
128
Análise e Discussão
“.... houve erros, houve acertos do uso de sinais pelas crianças que só teve
20 horas para aprender Libras, por isso acredito que poucas horas para aprender Libras
faz os alunos não adquirir rápido e nem desenvolver com facilidade, pois para ter
domínio de Libras (...).também teve ser no mínimo 120 horas para conseguir dominar
Libras” (TCB)
“ Achei um pouco difícil no começo pelo fato de não ter material para as
crianças estudarem e praticar em casa o único material disponível para eles era uma
cópia do alfabeto manual, mas depois adaptamos o livro intitulado “Libras Fundamental”
este material trouxe melhoria.....” (MLG)
“Ela comentou da importância dos Sinais para as pessoas que são surdas e
mudas”. (M1)
“Comentou que ele agora está aprendendo Libras e pode conversar com
pessoas que só falam em Libras”. (M2)
“Sobre as pessoas surdas ele tentou se comunicar com um mudo”. (M6)
“Toda semana trazia as novas palavras aprendidas e chegando visitas em
casa era o que M. conversava com as pessoas”. (M5)
para motivar os alunos a agir de forma a alcançar seus objetivos, visto que
esses são seres humanos com necessidades e a criança, por natureza tem um
alto grau de curiosidade pelo desconhecido e forte sintonia com tudo no
ambiente que a rodeia.
Segundo Vygostky (1991), a motivação é um pré-requisito para a
aprendizagem e não uma consequência dela. A volição e a autoconsciência são
vistas tipicamente como tendo uma relação crucial com a motivação. Somos
sempre lembrados de que precisamos motivar as crianças para aprenderem,
porém, para Vygotsky, as crianças precisam aprender para ser motivadas, ou
seja, a aprendizagem conduz ao desenvolvimento. É o que chama de ZPD -
Zona de Desenvolvimento Proximal.
De acordo com o autor, A ZPD é a distância entre o nível de
desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver
problemas independentemente e o nível de desenvolvimento proximal
demarcado pela capacidade de solucionar problemas com a ajuda de um
parceiro mais experiente. Essas aprendizagens fazem com que a criança se
desenvolva ainda mais e é aí que ocorre a aprendizagem. O mediador entre a
criança e o mundo poderá ser o professor, o educador ou o parceiro de classe.
Isto não quer dizer que o professor não ensinará seus alunos, mas que o aluno
poderá aprender com colegas mais experientes ou que tiverem experiências
diferenciadas. O aluno fará nessas interações criança-criança, professor-
criança, a negociação de significados que favorecerá a passagem do
conhecimento espontâneo, aquele que as crianças o constroem sozinhas, no
dia-a-dia, nas relações cotidianas para o conhecimento científico, que é o ensino
formal, ensinado no espaço escolar possibilitando ao alunos não só a
apropriação do legado cultural, mas a elaboração de valores possibilitando um
novo olhar sobre o meio físico e social, impulsionando assim seu
desenvolvimento. E este processo não acontece de forma passiva. A criança
interioriza e promove a sua síntese pessoal que ocasionará transformações na
própria forma de pensar. Para Vygostky, o processo de aprendizagem deve ser
133
Análise e Discussão
olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não deve focalizar o que a criança
aprendeu, o que já sabe, mas o que ela está aprendendo. Olhar para além do
momento. Portanto, neste ponto, a intervenção pedagógica é essencial na
promoção do desenvolvimento de cada pessoa. Sozinho, sem experiências de
aprendizagem, o aluno não percorreria caminhos de desenvolvimento, portanto,
interferir intencionalmente no desenvolvimento das crianças é muito importante.
Isto corrobora com a Hipótese do Insumo, de Krashen (1981,1985) de
que o aprendiz se move em contínuo desenvolvimento na medida em que
recebe insumo compreensível. Entende-se por insumo a amostra de linguagem
oferecida ao aluno que é realmente entendido pelo aprendiz e a maior
contribuição que a instrução em sala de aula pode fazer é fornecer ao aprendiz
insumo compreensível que poderia, de outra forma, não estar disponível fora da
sala de aula. Este tipo de insumo é aquele que vai um pouco além da sua atual
competência, em termos de complexidade é representado por i + 1, uma vez
que o insumo muito simples (i+ 0) ou muito complexo (i+2; i+3) não são úteis no
processo de aquisição de outra língua. Um por ser muito simples e o outro por
estar muito além da capacidade de compreensão.
Igualmente, podemos ver que o filósofo Wittengstein, na fase de sua
vida de professor de uma pobre região rural agrícola, argumentava que a
criança deve aprender através de casos particularmente interessantes, mesmo
que sejam mais difíceis de entender, contrariando o hábito vigente de se
introduzir os temas através de exemplos mais fáceis de serem apreendidos,
para só depois ir apresentando situações mais complexas (BARTLEY, 1978).
durante o decorrer das aulas que as crianças mais experientes tendem a ajudar
seus pares com maiores dificuldades.
Vygotsky (1993) afirma que é através da mediação com o objeto, com
as pessoas que o sujeito constrói o seu mundo, ele não é ser passivo que aceita
passivamente o que lhe é oferecido por ele do meio-ambiente. Dois autores
trataram sobre o conhecimento e o desenvolvimento humano. Piaget,
epistemólogo, tratou do desenvolvimento humano na qual criança é autora do
seu conhecimento, e diz que a aprendizagem deve seguir o desenvolvimento do
aluno. O papel do professor seria verificar o estágio de desenvolvimento de sua
classe e programar a aprendizagem. Ou seja, o desenvolvimento é um processo
de maturação natural e a aprendizagem nada pode fazer para acelerar este
processo. Já Vygotsky desenvolveu os dois conceitos-chave, o da Zona de
Desenvolvimento Real e o da Zona de Desenvolvimento Proximal, onde diz que
a criança obteria sucesso se assistida por um adulto ou alguém mais experiente,
portanto, para ele, é aí que a escola deve trabalhar para que o aluno tenha
sucesso no desenvolvimento dessas funções, pois, sem esta assistência, o
aluno, sozinho, não obteria sucesso.
A M. observa na rua as pessoas e fala: - olha mãe, ele está falando por
sinais, e até observa os cadeirantes”. (M1)
“Parabenizo a Paulistinha por esta iniciativa, pois acredito que a escola forma
(e informa) sempre e pensar em novas propostas curriculares é essencial, rever valores,
princípios, formar crianças que de fato serão cidadãos, faz a diferença na vida de nossas
crianças, essa é a “pedagogia da transformação” que fala tão sabiamente Paulo
Freire”....Parabéns a todos os envolvidos...” (M5)
“Fico muito feliz com a iniciativa. Atuo em várias áreas capacitando
profissionais para a inclusão,porém nunca vi iniciativas no sentido de preparar crianças
ouvintes para o aprendizado de Libras”. (SO)
12
Retirado da tese de doutorado de Ana Regina Souza e Campello discorrendo sobre a sua infância, antes
dos pais descobrirem que ela era surda (2008).Emmanule Laborit, escritora surda e autora do livro
autobiográfico O grito da Gaivota (1993), ganhou o primeiro prêmio Moliére de revelação teatral.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
139
Considerações Finais
13
Na Universidade de Gallaudet, EUA, houve um movimento em prol de um Reitor surdo. Os surdos lutaram,
saíram da passividade para a atividade, deixaram de ser esparsos e impotentes (março de 1988) citado por
SACKS, 1998.
8 REFERÊNCIAS
144
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1996.
PIAGET, J. Language and thought of the child. New York: Meridian,1955, p. 77.
RÉE, J. I see a voice: deafness, language and the senses- a philosofical history.
New York: Henry Holt and Company, 2000.
SACKS, O. Vendo Vozes: Uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução Laura
Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SHIBATA, D. http://deficienciauditiva.blogspot.com/2007/04/msica-para-
surdos.html, 2007.
SNODDON, K. (2000, May). Sign, baby Sign! World Federation of Deaf News, 13
(1), 16-17 http://www.handspeak.com/tour/kids/index.php?kids=signbabysign
2007, Nov 10.
Anexo VII – Questionário aplicado pela pesquisadora aos pais dos alunos do
curso de Libras.
3 – Descrição dos procedimentos que serão realizados: a observação será feita em sala
de aula, através de filmagens/vídeo. Durante as aulas serão feitas anotações e posterior
descrição. Serão selecionadas crianças que não tenham tido qualquer contato anterior
com a língua de Sinais Brasileira e que não tenham nenhum parente surdo na família.
Antes do início das aulas será feita uma exposição com os alunos sobre o que é a Língua
de Sinais, surdez e como será ter uma professora surda em sala de aula. As aulas
ocorrerão uma vez por semana e terão uma duração de 50 minutos. Todas as aulas
serão filmadas, para depois poderem ser transcritas para a coleta de dados. Os filmes
ficarão em poder da pesquisadora e poderão ser liberados, com autorização dos pais,
para o ambiente acadêmico. Todas as aulas serão ministradas por professora surda, na
Língua Brasileira de Sinais e terão uma assistente da própria escola na sala de aula que
já tem conhecimento de LIBRAS.
6 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais
responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal
investigador é o Dra. Maria Cristina Iglesias Roa, que pode ser encontrada no CEDESS-
endereço Av. Borges Lagoa 1347-térreo, Telefone(s) 5576-4874 R: 1587. Se você tiver
alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 – 1º andar – cj 14, 5571-1062,
FAX: 5539-7162 – E-mail: cepunifesp@epm.br
9 – Direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando
em estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores.
Concordo voluntariamente que o meu filho(a) participe deste estudo e que poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no
meu atendimento neste Serviço.
Data / /
Assinatura do representante legal
Data / /
Assinatura da testemunha
Anexo IV – Entrevista oral aplicada pela pesquisadora para avaliação dos alunos
sobre o curso de Libras
Aluna I.A (6 a)
- Por favor diga o seu nome e o seu sinal.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Aluna: M.T (7 a)
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Legal.
É importante aprender.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Não ensina ninguém, mas coloca os papéis da aula fixados na geladeira e treina.
Aluna: B.S (6 a)
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Legal e gosto.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Histórias Infantis.
Aluno: D.G (6 a)
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Ele tem um amigo que é surdo. Ele ensina o amigo os sinais e o amigo ensinou a fazer o
sinal de futebol (ele mostra)
Aluno: G.A (6 a)
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Não sabe.
Aluna: M.F (7 a )
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta.
É importante porque ela aprende o sinal para se comunicar em sinais com surdo.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Aluna – S.P (7 a)
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta é legal.
É importante porque quando encontra com pessoa surda pode fazer sinais.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Sinaliza seu nome e sinal. Sinaliza seu nome com as duas mãos e peço para que faça
só com uma mão só.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta.
É importante porque quando encontra com pessoa surda pode fazer sinais.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecos?
Aluno: I.N (7 a)
- Por favor diga o seu nome e o seu sinal.
Sinalizou seu nome, mas não lembra do seu sinal porque não estava na aula este dia.
Ele não vem sempre as aulas.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Não gosta – porque ele quer trazer o pai para aprender os sinais. Perguntei por que. Ele
respondeu que o pai não sabe os sinais e faz tudo errado. Ele queria ter uma folha com o
alfabeto para dar para o pai aprender certo. No final ele explicou que o pai dele é surdo.
- Você acha que é importante? Por quê?
É importante porque quando encontra com pessoa surda e que não ouve ele pode fazer
sinais.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecos?
Às vezes em casa, com o pai.
- O que você gostaria que tivesse na aula de LIBRAS?
Ele gostou de representar o papel de vovô na história.
165
Anexos
Aluno: E.S (6 a )
Ele sinalizou seu nome, mas não lembra do seu sinal porque faltou na aula este dia.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Ele gosta.
É importante porque quando encontra com pessoa surda ele pode se comunicar e pode
fazer sinais.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Às vezes em casa.
Aluno: W.F (7 a )
- Por favor diga o seu nome e o seu sinal.
Não sinalizou seu nome e tampouco lembra do seu sinal, embora estivesse presente na
aula.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecos?
Não.
Não sabe.
166
Anexos
ALUNO: G.D (6 A)
Ele sinalizou seu nome com alguns erros, mas lembrou do seu sinal.
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecos?
Não
Aluno: G.R (7 a )
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
Gosta da aula.
É importante para fazer sinais quando a pessoa surda fazer pergunta e ela poder falar
com sinais.
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Aluna: V.B (6 a )
- O que você acha das aulas de LIBRAS? Você gosta, não gosta?
- Você pratica ou usa as LIBRAS fora daqui. Em casa com sua família, amigos,
bonecas?
Anexo V – Teste “oral” de conteúdo aplicado pela professora de classe aos alunos
Caso ela não entenda, então a professora faz o nome dela e depois pergunta o nome do
aluno.
E caso o aluno não entenda, então fazer o sinal dela, o sinal da pesquisadora e depois
perguntar o sinal do aluno.
Caso o aluno não entenda, fazer a idade da professora e depois perguntar a idade do aluno.
- QUAL É O BURRO
- QUAL É O RATO
- QUAL É O PEIXE
- QUAL É A TARTARUGA
-QUAL É O CACHORRO
- QUAL É O GATO
- QUAL É A VACA
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172
Anexos
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173
Anexos
174
Anexos
Anexo VII – Questionário aplicado pela pesquisadora aos pais dos alunos do
projeto de libras
Este ano seu filho(a) participou do Projeto de Língua de SINAIS na Escola Paulistinha de
Educação Infantil. As aulas foram dadas semanalmente, no período da tarde, portanto,
gostaríamos de ter sua opinião sobre o que você observou neste período.
2) Você notou se ele (a) usou sinais ao conversar com vocês pais, familiares, com algum
amigo ou outros ?
SIM ( ) NÃO ( ) AS VEZES ( )
3) Qual a sua opinião a respeito do curso de LIBRAS realizado com as crianças, do qual
o seu filho participou? Se você acha importante este curso, explique porquê.
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