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Suellen Dissertação Revisada

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM DIVERSIDADE E INCLUSO

SUELLEN DA ROCHA RODRIGUES

PRODUO DE MATERIAL DIDTICO


ACESSVEL PARA CLASSES INCLUSIVAS
E SALAS DE RECURSOS: UM GUIA PARA
DOCENTES DE ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertao de Mestrado submetida Universidade Federal Fluminense


visando obteno do grau de Mestre em Diversidade e Incluso

Orientadora: Dra. Edicla Mascarenhas Fernandes

Niteri
2015
SUELLEN DA ROCHA RODRIGUES

PRODUO DE MATERIAL DIDTICO ACESSVEL PARA


CLASSES INCLUSIVAS E SALAS DE RECURSOS: UM
GUIA PARA DOCENTES DE ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho desenvolvido no Ncleo de Educao Especial e Inclusiva (NEEI/UERJ)


e no Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Incluso, Universidade
Federal Fluminense.

Dissertao de Mestrado submetido


Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial visando obteno do
grau de Mestre em Diversidade e
Incluso

Orientadora: Dra. Edicla Mascarenhas Fernandes

ii
Ficha Catalogrfica

iii
SUELLEN DA ROCHA RODRIGUES

PRODUO DE MATERIAL DIDTICO ACESSVEL PARA


CLASSES INCLUSIVAS E SALAS DE RECURSOS: UM
GUIA PARA DOCENTES DE ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertao de Mestrado
submetido Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial
visando obteno do grau de
Mestre em Diversidade e Incluso

Banca Examinadora:

_________________________________________________________________
Dra. Edicla Mascarenhas Fernandes Curso de Mestrado Profissional em
Diversidade e Incluso/UFF e - Ncleo de Educao Especial e Inclusiva/UERJ
(Orientador/Presidente)

_________________________________________________________________
Dra. Cristina Maria de Carvalho Delou Curso de Mestrado Profissional em
Diversidade e Incluso/ UFF

_________________________________________________________________
Dra. Neuza Rejane Wille Lima Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e
Incluso/ UFF

_________________________________________________________________
Dra. Hayda Maria Marinho de Sant`Anna Reis- Programa de Mestrado em Letras
e Cincias Humanas e Ensino de Cincias na Educao Bsica da Universidade
Unigranrio

Dra. Glauca Torres Aragon Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e


Incluso/ UFF (Suplente)

iv
Dedico este trabalho aos meus pais,
Nair e Ismael, que sempre me
apoiaram e incentivaram.

v
AGRADECIMENTOS

Agradeo a Deus por me conduzir no caminho dos justos e assim proporcionar a


minha vida o melhor, o que nem ao menos sonhava para ela.
Agradeo a minha famlia que sempre esteve ao meu lado e que nunca pediu
nada em troca. Obrigada pelo apoio nos momentos de desespero (no foram
poucos) e por acreditarem em mim e na minha luta por uma educao que
realmente atenda todos. Sei que os sacrifcios foram grandes para que pudesse
seguir nos meus estudos e por isso a vocs minha eterna gratido.
Agradeo a minha orientadora, Dra. Edicla Mascarenhas Fernandes, por nesses
sete anos de convivncia ter me proporcionado o privilgio de ser minha
orientadora no apenas em meus trabalhos acadmicos, mas tambm na minha
vida como um todo. Pois, sempre que algo me angustia sei que posso contar com
ela para me mostrar de forma clara s opes que tenho para resolver da
situao. Agradeo ainda pela incansvel orientao deste trabalho, que
ocorreram sempre em um ambiente se troca de conhecimento.
Agradeo aos membros do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e
Incluso - CMPDI, formados pelos professores, secretaria e alunos. Fao aqui um
agradecimento especial a Dra. Cristina Maria de Carvalho Delou por sua
persistncia na criao deste curso e por sua luta constante a fim de aprimor-lo
cada vez mais, tenho certeza que muitos so os obstculos para manter um curso
dessa natureza aberto.
Agradeo de forma mais que especial a turma de 2013 do CMPDI, minha turma,
pela troca realizada sempre que nos encontramos e em especial aos amigos:
Juliana Pessanha, Eduardo Erik, Patrcia Rosa, Camila Matheus e Aimi Tanikawa,
que sempre quando precisei, estiveram dispostos a me ajudar. Guardo cada um
de vocs num lugar muito especial do meu corao.
Agradeo a Prefeitura de Rio das Flres, atravs Coordenadora de Educao
Especial Prof. Carla, sua Assessora Prof. Kelly, e demais membros da equipe
pedaggica. Em especial agradeo aos professores de Rio das Flores que
aceitaram participar desta pesquisa. Saibam que este estudo s pode ser
concretizado a partir da participao de cada um de vocs.
Agradeo a equipe do Ncleo de Educao Especial e Inclusiva da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, que sempre estiveram ao meu lado. Renata

vi
Marques, Thiago Caeiro e Carolina Albuquerque, vocs foram essenciais para o
trmino deste trabalho.
Agradeo aos professores Dr. Hlio Orrico e a Dra. Annie Redig pelas valiosas
contribuies e pelo incentivo na realizao desta dissertao.
Por ltimo agradeo a todos os meus amigos e familiares que souberam ouvir,
partilhar dvidas e hesitaes e me deram apoio moral ao longo deste trabalho.

vii
SUMRIO

Agradecimentos ......................................................................................................................... vi
Sumrio ..................................................................................................................................... viii
Llista de abreviaturas.................................................................................................................. x
Lista de figuras ........................................................................................................................... xi
Lista de quadros e tabela ......................................................................................................... xii
Resumo ..................................................................................................................................... xiii
Abstract ..................................................................................................................................... xiv
1 Introduo ............................................................................................................................1
1.1 Apresentao ...............................................................................................................1
1.2 Polticas pblicas da educao especial e inclusiva ................................................5
1.3 Formao continuada de professores para educao inclusiva..............................7
1.4 Sala de recurso multifuncional como modalidade de atendimento aos alunos
pblico alvo da educao especial ........................................................................................9
1.5 Tecnologia assistiva e seu uso no ambiente escolar ............................................. 14
2 Objetivos ............................................................................................................................ 19
2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 19
2.2 Objetivos especficos ................................................................................................. 19
3 Material e mtodos ............................................................................................................ 20
3.1 Metodologia ................................................................................................................ 20
3.1.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................ 20
3.1.2 Etapas da metodologia ...................................................................................... 22
3.1.3 Desenvolvimento da pesquisa: sujeitos e o contexto ..................................... 22
3.1.4 A educao no municpio de rio das flres ...................................................... 25
3.2 Desenvolvimento: realizao das oficinas ............................................................... 27
3.2.1 Organizao das oficinas .................................................................................. 27
3.2.2 Material e mtodos utilizados nas oficinas ...................................................... 27
4 Resultados .......................................................................................................................... 32
4.1 Resultados apresentados durante os encontros com os gestores ........................ 32
4.2 Resultados apresentados no pr-teste .................................................................... 35
4.2.1 Perfil dos professores ........................................................................................ 35
4.2.2 A tecnologia assistiva e a formao dos professores ..................................... 39
4.2.3 Perspectivas com a realizao das oficinas .................................................... 42
4.3 Resultados apresentados no ps-teste ................................................................... 43
4.3.1 Conhecimento a respeito dos softwares apresentados .................................. 43
4.3.2 Conhecimentos adquiridos a partir das oficinas .............................................. 45
4.3.3 Perspectivas sobre o Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis
a partir do uso da Tecnologia Assistiva.......................................................................... 46
5 Discusso ........................................................................................................................... 50

viii
5.1 Primeira oficina: apresentao da tecnologia assistiva .......................................... 50
5.2 Segunda oficina: apresentao dos softwares........................................................ 55
5.3 Segunda oficina: apresentao do guia................................................................... 56
6 Consideraes finais ......................................................................................................... 59
7 Referncias bibliogrficas ................................................................................................. 62
8 Apndices e anexos .......................................................................................................... 69
8.1 Apndices ................................................................................................................... 69
8.1.1 Termo de consentimento livre e esclarecido .................................................... 69
8.1.2 Ementa das oficinas ........................................................................................... 70
8.1.3 Material oficina 1 - teoria ................................................................................... 72
8.1.4 Pr-teste.............................................................................................................. 74
8.1.5 Ps-teste ............................................................................................................. 75
8.1.6 Sumrio do Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do
uso da Tecnologia Assistiva ............................................................................................ 76
8.2 Anexo .......................................................................................................................... 77
8.2.1 Parecer consubstanciado do cep ...................................................................... 77

ix
LISTA DE ABREVIATURAS

AEE Atendimento Educacional Especial


CAPNEE Centro de Apoio s Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
INES Instituto Nacional de Educao de Surdos
Libras Lngua Brasileira de Sinais
MEC Ministrio da Educao
NCE/UFRJ Ncleo de Computao Eletrnica da Universidade Federal
do Rio de Janeiro
NEEI Ncleo de Pesquisa em Educao Especial e Inclusiva
ONEESP Observatrio Nacional de Educao Especial
PME Plano Municipal de Educao
PUC/PR Pontifcia Universidade Catlica do Paran
SRM Sala de Recurso Multifuncional
SEDH/PR Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da
Repblica
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFSCar Universidade Federal de So Carlos

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa do Estado do Rio de Janeiro com a diviso de cada uma de


suas regies, com destaque para Rio das Flres (Site: CEPERJ). ... 24
Figura 2 Mapa do Municpio de Rio das Flres (Site: IVT- Instituto Virtual de
Turismo). ........................................................................................... 24
Figura 3 Software ABC do Sebran ................................................................... 28
Figura 4 Software Braille Fcil .......................................................................... 29
Figura 5 Software Dosvox ................................................................................ 30
Figura 6 Software Editor Livre de Prancha ....................................................... 31
Figura 7 Software LetMe Talk........................................................................... 31
Figura 8 Encontro na Secretria Municipal de Educao com a equipe tcnica a
pesquisadora e orientadora ............................................................... 32
Figura 9 Imagem do Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a
partir do uso da Tecnologia Assistiva ............................................... 34
Figura 10 Tempo de atuao dos professores no magistrio ........................... 35
Figura 11 Formao dos Professores............................................................... 36
Figura 12 Tempo de atuao dos professores com os alunos pblico alvo da
educao especial ............................................................................. 37
Figura 13 Necessidades educacionais especiais dos alunos atendidos pelos
professores........................................................................................ 38
Figura 14 Uso da tecnologia assistiva pelos professores ................................. 40
Figura 15 Meno sobre o uso da tecnologia assistiva durante a formao dos
professores........................................................................................ 41
Figura 16 Oferta da formao continuada ........................................................ 42
Figura 17 Softwares que os professores j tinham ouvido falar antes das
oficinas .............................................................................................. 44
Figura 18 Softwares que os professores j faziam uso antes das oficinas....... 45
Figura 19 Softwares que os professores acreditam que mais iro utilizar ........ 47
Figura 20 1 Oficina: Palestra sobre Tecnologia Assistiva ............................... 50
Figura 21 2 Oficina: Apresentao dos softwares ........................................... 56

xi
LISTA DE QUADROS E TABELA

Quadro 1 Salas de Recursos Multifuncionais do Tipo I (Fonte: Manual de


Orientao: Programa de Implantao de Salas de Recursos
Multifuncionais) ................................................................................. 12
Quadro 2 Salas de Recursos Multifuncionais do Tipo II (Fonte: Manual de
Orientao: Programa de Implantao de Salas de Recursos
Multifuncionais) ................................................................................. 13
Tabela 1 IDH do Municpio de Rio das Flres (Fonte: Ranking IDH 2010-Brasil)
4

.......................................................................................................... 25

xii
RESUMO

A presente dissertao tem como objetivo investigar a formao dos professores


de classes inclusivas e de salas de recursos multifuncionais para o uso da
tecnologia assistiva no atendimento educacional especializado aos alunos pblico
alvo da educao especial, atravs dos referenciais apresentados por Herculiani,
Deliberato & Manzini (2009), Fernandes & Orrico (2011), Bersch (2013), alm, da
legislao brasileira. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa em que se
optou pela pesquisa-ao, por meio de encontros e oficinas, onde foram
apresentados aos professores e seus responsveis alguns softwares que visam
atender as mais diferentes reas de necessidades educacionais especiais.
Constatou-se pelos questionrios e durante aplicao das oficinas que ainda falta
conhecimento sobre os recursos de tecnologia assistiva, ou seja, que a formao
inicial e continuada de tais profissionais ainda no se encontra no paradigma da
educao inclusiva, muitos softwares livres disponveis como tecnologia assistiva
de apoio so desconhecidos pelo professorado. Ao longo da pesquisa com
interao dos professores foi produzido um Guia de Produo de Materiais
Didticos Acessveis a partir do uso da Tecnologia Assistiva com objetivo de
oferecer informaes aos profissionais a respeito do uso da tecnologia assistiva e
dos softwares selecionados para o atendimento educacional especializado aos
alunos pblico alvo da educao especial. O guia servir como subsdio para os
professores de classes inclusivas e salas de recursos multifuncionais da
educao bsica adaptarem materiais pedaggicos para os seus alunos,
buscando assim disseminar a cultura do respeito diversidade e singularidades
dos seus alunos.

Palavras-Chave: Acessibilidade; Tecnologia Assistiva; Educao Inclusiva.

xiii
ABSTRACT

This thesis aims to investigate the formation of the inclusive class teachers and
multifunctional resource rooms for the use of assistive technology in specialized
schooling for the target audience of special education students, through the
references presented by Herculiani, Deliberato & Manzini (2009), Fernandes &
Orrico (2011), Bersch (2013), in addition, Brazilian law. The methodology was
qualitative in which it opted for action research, through meetings and workshops,
which were presented to teachers and their parents some software designed to
meet the most different areas of special educational needs. It was found in the
questionnaires and during implementation of workshops that still lack knowledge
about assistive technology resources, ie, the initial and continuing education of
such professionals is not yet in the paradigm of inclusive education, many free
software available as assistive technology support are unknown by teachers.
Throughout the survey of interaction of teachers was producing a "Teaching
Materials Production Guide accessible from the use of Assistive Technology" in
order to provide information to professionals about the use of assistive technology
and selected software for specialized schooling the target group of special
education students. The guide will serve as a resource for inclusive classrooms of
teachers and multi-functional features of basic education to adapt teaching
materials for their students, thus seeking to spread the culture of respect for
diversity and uniqueness of their students.

Keywords: Technical Assistance; Accessibility; Inclusive Education.

xiv
1 INTRODUO
1.1 APRESENTAO

Meu interesse no tema Educao Especial e Inclusiva teve incio durante


minha formao no Curso Normal, na Escola Normal Carmela Dutra, nos anos de
1999 a 2001, durante a realizao da Semana da Normalista, que acontecia todos
os anos no ms de outubro. Nela eram realizadas palestras, cursos e uma grande
festa. No meu ltimo ano na escola, ao participar de uma das palestras da
Semana da Normalista, que falava sobre a pessoa surda, me senti envolvida pela
temtica e a partir de ento tentei direcionar minha formao para a rea da
Educao Especial.
No ano seguinte minha formatura passei a buscar mais informaes sobre
a Libras (Lngua Brasileira de Sinais) no Instituto Nacional de Educao de
Surdos (INES), afinal a surdez foi a nica deficincia da qual ouvi falar durante
minha formao, e fiz durante dois anos o curso bsico de Libras e quando
terminei, comecei a fazer, na mesma instituio, um curso mais especfico na
rea educacional, o Curso de Estudos Adicionais para Professores na rea da
Deficincia Auditiva. Esse curso me proporcionou pela primeira fez a chance de
ter contato, direto, com a pessoa com deficincia, em especial os surdos, e
ocorreu durante o ano de 2004. Nele alm dos contedos terico ainda tive que
realizar a disciplina de Estgio Supervisionado, que ocorria na prpria instituio,
alm de fazer visitas em outras escolas que trabalhavam com crianas com
deficincia auditiva.
Em 2005, tive que interromper por um tempo os meus estudos, pois comecei
a trabalhar em uma escola como professora titular. Na escola que trabalhava no
havia alunos pblico alvo da educao especial (alunos com deficincias,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao)1.
Como no tinha mais tempo para fazer cursos, passei ento a fazer um pr-
vestibular com o objetivo de ingressar em alguma universidade pblica, tendo
como opo os cursos de Pedagogia e Histria.
Em 2006, passei para o Curso de Pedagogia, na Universidade do Estado do

1
Pblico estabelecido pela Lei n 12.796/13 (BRASIL, 2013) que altera a Lei n 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, ao estabelecer que esse pblico, formado pelos alunos com deficincias,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao.

1
Rio de Janeiro (UERJ), e, durante os trs primeiros perodos, trabalhava na parte
da manh, fazia alguns cursos na parte da tarde (Contadores de Histria e Braille)
e ia para a faculdade no turno da noite. Mas meu sonho era fazer parte de um
grupo de pesquisa que falasse sobre Educao Especial e Inclusiva.
Ento, em 2008, fui at o Ncleo de Pesquisa em Educao Especial e
Inclusiva (NEEI), para falar com sua coordenadora, Prof. Dra. Edicla
Mascarenhas Fernandes, e me convidar a fazer parte do grupo como voluntria.
A professora Edicla imediatamente atendeu meu pedido e me convidou a
participar das reunies semanais.
Durante um semestre participei das pesquisas realizadas no NEEI como
voluntria at que surgiu a oportunidade de ser bolsista do Projeto de Extenso
Incluso e Diversidade Humana: Vivenciando Linguagens, onde fiquei durante
um ano e meio. A pesquisa desenvolvida pelo projeto era de natureza qualitativa
e tinha como objetivo contribuir na formao dos professores e futuros
professores, atravs das Oficinas de Currculo e Adaptaes, com exposies e
confeces de adaptaes curriculares de baixo custo ou no significativas2.
Aps, este perodo, migrei para bolsa de Iniciao Docncia pelo Projeto
Recursos, Adaptaes e Tecnologia Assistiva para Educandos com
Necessidades Especiais, durante um ano. Projeto este, que, assim como o
anterior, tambm visava contribuir para a formao dos professores e futuros
professores, s que agora atravs do uso dos recursos de acessibilidade e da
tecnologia assistiva, por meio de apresentaes de equipamentos como: a
impressora Braille, a Lupa eletrnica Aladim, alguns softwares3, o teclado e os
mouses adaptados, dentre outros.
As participaes nesses dois projetos, em especial no Projeto de Extenso
Incluso e Diversidade Humana: Vivenciando Linguagens, culminou na
elaborao de minha monografia da graduao, em 2011, intitulada Adaptaes
Curriculares e Acessibilidade ao Currculo: Educao Especial e Inclusiva na

2
Segundo Oliveira e Machado (2007, p 43-44) as adaptaes curriculares no significativas (ou de
pequeno porte) so promovidas pelo professor, ampliando as possibilidades de participao e
aprimorando a aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais. A sua
implementao no exige a autorizao de qualquer outra instncia poltica, tcnica ou
administrativa, ocorrendo no cotidiano da sala de aula.
3
Software uma sequncia de instrues escritas para serem interpretadas por um computador
com o objetivo de executar tarefas especficas. Tambm pode ser definido como os programas
que comandam o funcionamento de um computador. Informao disponvel em:
http://www.significados.com.br/software/. Acesso em: abr. 2015.

2
Perspectiva da Formao dos Professores, com o objetivo de apresentar
algumas concepes sobre o uso das adaptaes curriculares por parte dos
professores que trabalhavam em escolas regulares.
Mesmo formada continuei a participar das atividades do NEEI auxiliando as
novas bolsistas e participando do Projeto Observatrio Estadual de Educao
Especial/Rio de Janeiro: Estudo em Rede Sobre as Salas de Recursos
Multifuncionais nas Escolas Municipais, do qual inclusive tratei em minha
monografia de Especializao em Educao Especial e Inclusiva, realizada pela
Universidade Federal Fluminense. Pesquisa esta que tinha o intuito de analisar a
Poltica de Implementao das Salas de Recursos Multifuncionais do Ministrio da
Educao (MEC), sendo realizada a partir do estudo de trs eixos centrais: (1)
Formao de professores para a incluso escolar, (2) Avaliao do estudante com
deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotao e (3) Organizao do ensino nas Salas de Recursos
Multifuncionais e Classes Comuns. Sendo importante destacar que tal projeto
estava ligado ao Observatrio Nacional de Educao Especial (ONEESP), que
contou com a participao de 32 universidades estaduais e federais, 48
pesquisadores, trs bolsistas de ps-doutorado e sob a coordenao da Prof. Dra.
Enicia Gonalves Mendes, da Universidade Federal de So Carlos (UFSCar),
tendo ocorrido nos anos de 2009 a 2014.
Nesses trs projetos pesquisei sobre a formao que os professores ou
futuros professores recebem atualmente, e, se essa formao j se encontra no
paradigma da incluso, ou no processo inclusivo. Onde foi possvel observar que
essa formao ainda no totalmente adequada como a estabelecida pelas
legislaes brasileira. Uma vez que, a formao desses profissionais muitas
vezes no atende o Decreto n 5.626/05 (BRASIL, 2005), que estabelece em seu
Art. 3 que A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatria nos
cursos de formao de professores para o exerccio do magistrio, em nvel
mdio e superior, de instituies de ensino, pblicas e privadas (...). Pois, grande
parte dos professores e futuros professores que participaram dessas pesquisas
no tiveram, durante suas formaes, a disciplina de Libras nem ao menos como
eletiva, quem dir como disciplina obrigatria.
A partir dos estudos realizados na graduao e na especializao, resolvi,
juntamente com minha orientadora, investigar a formao que oferecida aos

3
professores, seja essa formao anterior ou posterior a concluso de seu curso, a
respeito do uso da tecnologia assistiva. Tendo como base para essa anlise
algumas resolues e documentos publicados em mbito nacional e internacional
que dizem respeito educao inclusiva e a formao dos profissionais de
educao, visando atender o direito do aluno pblico alvo da educao especial e
reforando a igualdade de oportunidades educacionais.
Atravs das informaes aqui apresentadas surgiu o interesse de realizar tal
pesquisa, apresentando as falas e questionamentos dos profissionais da
educao a respeito da presente temtica, e, a partir desses questionamentos,
realizar uma anlise a respeito da formao de tais indivduos para o exerccio de
uma educao verdadeiramente inclusiva, levando em considerao o uso da
tecnologia assistiva como ferramenta que venha a auxiliar no processo de
incluso.
Para isso, a pesquisa dar incio apontando a poltica pblica brasileira e
suas legislaes a respeito da Educao Especial na perspectiva da incluso,
destacando: (1) Polticas pblicas da educao especial e inclusiva; (2) Formao
continuada de professores para educao inclusiva; (3) Sala de recurso
multifuncional como modalidade de atendimento a alunos pblico alvo da
educao especial complementar; e (4) Tecnologia assistiva e seu uso no
ambiente escolar. Apresentaremos ainda o objetivo geral e os objetivos
especficos, alm da metodologia utilizada.
Com o trmino desta etapa, daremos incio anlise dos dados obtidos
neste estudo, realizados em trs etapas: (1) Resultados apresentados durante os
encontros com os gestores; (2) Resultados apresentados no pr-teste: a) Perfil
dos professores; (b) A tecnologia assistiva e a formao dos professores; (c)
Perspectivas com a realizao das oficinas; e, (3) Resultados apresentados no
ps-teste: (a) Conhecimento a respeito dos softwares apresentados; (b)
Conhecimentos adquiridos a partir das oficinas; e, (c) Perspectivas para com o
Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da
Tecnologia Assistiva. Culminando com a concluso realizada a partir dos dados
obtidos.

4
1.2 POLTICAS PBLICAS DA EDUCAO ESPECIAL E
INCLUSIVA

Na dcada de 80 os alunos classificados como especiais eram inseridos na


escola regular com o princpio de um modelo educacional denominado
Integrao, que previa o processo de escolarizao dos alunos oriundos das
classes especiais e escolas especiais, para as classes regulares desde que se
mostrassem capazes de acompanhar a turma.

A premissa bsica desse conceito que pessoas com deficincias


tm o direito de usufruir as condies de vida o mais comuns ou
normais possveis na comunidade onde vivem, participando das
mesmas atividades sociais, educacionais e de lazer que os
demais. (GLAT & FERNANDES, 2005, p.37)

Tal modelo de Integrao apresentava lacunas do modelo


comportamental/instrumentalista em preparar adequadamente as pessoas com
necessidades educacionais especiais para sua plena integrao social e
educacional. Sendo desenvolvido em dois campos de investigao o da
Psicologia da Aprendizagem, (...)voltado para Psicologia da Aprendizagem, por
meio do estudo e aplicao para a Educao Especial do construtivismo de Jean
Piaget e Emlia Ferreiro e do sociointeracionismo de Vigotsky. (GLAT &
FERNANDES, 2005, p.38) e, a segunda vertente terica mais voltada para os
aspectos psicossociais, (...)condies de interao social, marginalizao,
socializao, estigma que promovem e mantm a segregao das pessoas com
deficincias. (GLAT & FERNANDES, 2005, p.38).
Nos primeiros anos da dcada de 90, com a participao do Brasil na
Conferncia Mundial sobre Educao para Todos - Jomtien, Tailndia (UNICEF,
1990), ficaram estabelecidos os primeiros ensaios sobre a poltica de Educao
Inclusiva, por ocasio de uma nova dimenso social e poltica, e,
consequentemente de maiores expectativas e perspectivas do ser humano.
Apresentou-se ento, o modelo de incluso, que almejava possibilitar aos alunos
pblico alvo da educao especial o desenvolvimento de suas habilidades em
escolas regulares e com condies favorveis a sua situao.
A transio de paradigmas voltados para a incluso da pessoa com
necessidades especiais deu-se, sobretudo, pela Declarao de Salamanca

5
(UNESCO, 1994)4, documento primordial para efetivao do um novo perodo da
educao para os sujeitos, at ento, limitados a uma escolarizao informal. A
Declarao aponta que: aqueles com necessidades educacionais especiais
devem ter acesso escola regular, e que a escola deve se adaptar ao aluno e
no o aluno a escola, ou seja, d-se incio a Educao Especial na Perspectiva
da Educao Inclusiva, chamando a ateno dos governantes para o atendimento
das pessoas com deficincia5 na rede regular de ensino, alm de ter institudo
que cada aluno tem caractersticas, interesses, capacidades de aprendizagem
que lhe so prprios e que devem ter acesso a escolas regulares. Sendo
obrigao da escola a de atender a cada uma dessas caractersticas.
Seguindo a mesma linha da Declarao de Salamanca, e atendendo o Art.
3 inciso IV, da nossa Constituio Federal (BRASIL, 1988), que traz como um
dos seus objetivos principais promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao e de
seu Captulo III - Seo I, que trata da educao, constituindo que a mesma um
direito de todos e que deve estabelecer igualdade de condies de acesso e
permanncia na escola (art. 206, inciso I), a LDBEN 9.394/96 (BRASIL, 1996),
atribui s redes de ensino o dever de assegurar currculo, mtodos, recursos e
organizao para atender s necessidades dos alunos com deficincia,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao.
Essa nova poltica de incluso que se iniciou na dcada de 1990, prosseguiu
durante os anos 2000, como podemos observar com a Resoluo CNE/CEB2
(BRASIL, 2001), que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educao Especial
na Educao Bsica, ao divulgar a criminalizao da recusa em matricular
crianas com deficincia, aumentando assim o nmero de suas matriculas no
ensino regular. Alm do Decreto n 7.611/11 (BRASIL, 2011) que dispe sobre a
educao especial, o atendimento educacional especializado e garante um
sistema educacional inclusivo em todos os nveis, sem discriminao e com base
na igualdade de oportunidades. Ressalta-se tambm o Plano Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficincia, o Plano "Viver sem limite", Decreto n
7.612/11 (BRASIL, 2011), ao apresentar em seu art. 1, que o Plano tem (...) a

4
Declarao sobre princpios, poltica e prtica na rea das necessidades educativas especiais,
aprovada em julho de 1994, pelos representantes de 92 governos e de 25 organizaes
internacionais.
5
Termo utilizado pela Declarao de Salamanca (UNESCO, 1994).

6
finalidade de promover, por meio da integrao e articulao de polticas,
programas e aes, o exerccio pleno e equitativo dos direitos das pessoas com
deficincia, nos termos da Conveno Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficincia.

1.3 FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA


EDUCAO INCLUSIVA

Estudos realizados no mbito do Projeto ONEESP, como os de Milanesi &


Mendes (2014), relatam que muitos professores manifestam alguma apreenso e
ansiedade face presena dos alunos pblico alvo da educao especial na sua
sala de aula, por considerarem que no possuem conhecimentos cientficos e
metodolgicos necessrios, ou que no dispem de recursos e/ou de servios
de acompanhamento e apoio, que permitam que o processo de ensino e
aprendizagem desses alunos ocorra de maneira que respeite as etapas de
desenvolvimento de cada um deles. Pois, nem sempre os professores possuem
uma formao inicial que os prepare para as implicaes da diversidade ao nvel
da organizao do trabalho de ensinar e aprender. O que no corrobora com a
perspectiva de uma poltica inclusiva

(...) entendemos que uma poltica que se pretenda inclusiva deve


tomar como principio que todos os alunos tenham direito
matrcula em escolas comuns, mas no apenas, preciso garantir
o acesso ao conhecimento a esse alunado. Para tal necessrio
oferecer condies estruturais e de trabalho aos seus professores
e conhecimentos sobre as diferentes estratgias pedaggicas que
podem ser usadas para o trabalho educacional com esses alunos,
como por exemplo, o braille, softwares de comunicao alternativa
e tantos outros recursos tecnolgicos existentes que se quer
chegam s escolas pblicas (MACEDO; CARVALHO &
PLETSCH, 2011, p.39).

Neste sentido, muito oportuno que o professor obtenha ainda uma


formao contnua pelo fato da educao estar sempre em processo de
aperfeioamento, com o surgimento de novas metodologias, tecnologias,
conceitos, etc. e especializada em educao especial, criando-se um espao de
anlise, investigao e debate sobre problemas concretos, inerentes
problemtica da adaptao do currculo nacional a diferentes nveis.

7
A legislao brasileira preconiza a formao dos professores para o
atendimento aos alunos pblico alvo da educao especial, como a LDBEN
9.394/96 (BRASIL, 1996), que em seu Art. 59, inciso III, estabelece que os
sistemas de ensino devam assegurar que os alunos pblico alvo da educao
especial sejam atendidos por professores com especializao adequada em nvel
mdio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integrao desses alunos nas classes comuns.
Alm, dos Art. 63 e 67 que tratam sobre a importncia que tais profissionais
tenham acesso a formao continuada.
A Resoluo CNE/CEB n 2, de 11 de setembro de 2001 (BRASIL 2001),
que institui as Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao
Bsica, estabelece que

Art. 18, 1 So considerados professores capacitados para


atuar em classes comuns com alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais aqueles que comprovem
que, em sua formao, de nvel mdio ou superior, foram includos
contedos sobre educao especial adequados ao
desenvolvimento de competncias e valores para:
I - perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e
valorizar a educao inclusiva;
II - flexibilizar a ao pedaggica nas diferentes reas de
conhecimento de modo adequado s necessidades especiais de
aprendizagem;
III - avaliar continuamente a eficcia do processo educativo para o
atendimento de necessidades educacionais especiais;
IV - atuar em equipe, inclusive com professores especializados em
educao especial.
2 So considerados professores especializados em educao
especial aqueles que desenvolveram competncias para
identificar as necessidades educacionais especiais para definir,
implementar, liderar e apoiar a implementao de estratgias de
flexibilizao, adaptao curricular, procedimentos didticos
pedaggicos e prticas alternativas, adequados ao atendimentos
das mesmas, bem como trabalhar em equipe, assistindo o
professor de classe comum nas prticas que so necessrias para
promover a incluso dos alunos com necessidades educacionais
especiais.
3 Os professores especializados em educao especial
devero comprovar:
I - formao em cursos de licenciatura em educao especial ou
em uma de suas reas, preferencialmente de modo concomitante
e associado licenciatura para educao infantil ou para os anos
iniciais do ensino fundamental;
II - complementao de estudos ou ps-graduao em reas
especficas da educao especial, posterior licenciatura nas

8
diferentes reas de conhecimento, para atuao nos anos finais
do ensino fundamental e no ensino mdio;
4 Aos professores que j esto exercendo o magistrio devem
ser oferecidas oportunidades de formao continuada, inclusive
em nvel de especializao, pelas instncias educacionais da
Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

Ainda segundo Milanesi & Mendes (2014, p.08), mesmo com essas
legislaes os professores no se sentem contemplados com a efetiva garantia
das mesmas, sendo possvel observar em seus discursos a preocupao a
respeito da formao continuada e da importncia que essa formao tem para o
exerccio do magistrio. Pois em sua pesquisa, as professoras que atuam em
salas de recursos multifuncionais (...)afirmaram ser necessrio se atualizar e
estudar sempre, e que, ainda assim, acreditavam que no estariam totalmente
prontas para atender, com qualidade, todos os tipos de alunos..
Para tal, indispensvel sensibilizar-se por meio de um olhar diferenciado,
sobre os alunos e sobre a prpria formao, de maneira mais humana e
consciente, contribuindo no acesso ao conhecimento dos alunos, apresentando-
lhes questes acerca dos seus direitos. Alm disso, os professores deveriam se
perceber como autores de sua prxis docente, no as reduzindo s tcnicas que
banalizam a educao no contemplando seus aspectos formativos e
humanizadores.
O atendimento educacional especializado ao aluno pblico alvo da educao
especial oferece desafios constantes s suas prticas, pois, nos aspectos da
Educao Inclusiva h a necessidade de suportes pedaggicos que garantam a
permanncia em classe regular com qualidade no acesso aos contedos. Desta
maneira, a formao continuada, torna-se ainda mais importante para os
professores, pois tais profissionais desempenham um papel fundamental na (re)
construo do currculo, devendo ter como intuito promover o sucesso educativo
de todos os seus alunos.

1.4 SALA DE RECURSO MULTIFUNCIONAL COMO


MODALIDADE DE ATENDIMENTO AOS ALUNOS PBLICO
ALVO DA EDUCAO ESPECIAL

As salas de recursos multifuncionais so modalidade de atendimento na


9
Educao Especial, segundo as Diretrizes Operacionais do Atendimento
Educacional Especializado na Educao Bsica, Modalidade Educao Especial
(BRASIL, 2009).

Art. 1 Para a implementao do Decreto n 6.571/2008, os


sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficincia,
transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotao nas classes comuns do ensino regular e
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em
salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento
Educacional Especializado da rede pblica ou de instituies
comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos.
Art. 2 O AEE tem como funo complementar ou suplementar a
formao do aluno por meio da disponibilizao de servios,
recursos de acessibilidade e estratgias que eliminem as barreiras
para sua plena participao na sociedade e desenvolvimento de
sua aprendizagem.

A legislao aponta que o atendimento educacional especializado deve ser


ofertado pelas escolas em salas de recursos multifuncionais ou em centros de
atendimento educacional especializado, sendo a salas de recursos multifuncionais
descritas no Decreto n 6.571/08 (BRASIL, 2008), como espaos com
equipamentos, mobilirios e materiais didticos e pedaggicos para satisfazer o
atendimento educacional especializado. Alm de ser obrigao do poder pblico
oferecer apoio tcnico e financeiro aos sistemas pblico de educao, com o
objetivo de ampliar a oferta nas escolas regulares, do atendimento educacional
especializado. O mesmo garante, tambm, a formao continuada de professores
no atendimento aos alunos pblico alvo da educao especial.
importante destacar ainda que o Decreto estabelece em seu Art. 5, que o
atendimento do aluno pblico alvo da educao especial deve ocorrer no seu
contraturno, reafirmando a importncia da interao do aluno com a classe
regular.

Art. 5 O AEE realizado, prioritariamente, nas salas de recursos


multifuncionais da prpria escola ou em outra de ensino regular,
no turno inverso da escolarizao, no sendo substitutivo s
classes comuns, podendo ser realizado, em centro de
atendimento educacional especializado de instituio
especializada da rede pblica ou de instituio especializada
comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos,
conveniadas com a secretaria de educao ou rgo equivalente
dos estados, do Distrito Federal ou dos municpios.

10
Portanto, levando em considerao que a educao direito de todos,
acentua-se o princpio da igualdade no acesso e na permanncia na instituio
escolar, respeitando a singularidade de cada aluno. Esse o princpio da
incluso. Desta maneira, um atendimento educacional especializado pode existir,
sem problemas, para equilibrar esta situao sem que isso v contra o princpio
de igualdade.
O Manual de Orientao: Programa de Implantao de Salas de Recursos
Multifuncionais (BRASIL, 2010), apresenta os aspectos legais e pedaggicos do
atendimento educacional especializado; os objetivos e aes do programa de
implantao de salas de recursos multifuncionais; as condies gerais de sua
implantao e as especificidades de cada tipo de sala de recurso multifuncional.
Separando-as em: Tipo I e Tipo II, onde cada um deles recebem kits contendo
materiais direcionados a: Equipamentos, Mobilirios e Materiais
Didtico/Pedaggico.
Os equipamentos das salas de recursos multifuncionais do Tipo I so
direcionados para o atendimento educacional especializado aos alunos que
apresentam as deficincias no geral, exceto alguns materiais especficos para os
alunos com deficincia visual.

11
Quadro 1 Salas de Recursos Multifuncionais do Tipo I (Fonte: Manual de Orientao:
Programa de Implantao de Salas de Recursos Multifuncionais)

Equipamentos Mobilirios Materiais


Didtico/Pedaggico
02 Microcomputadores 01 Mesa redonda 01 Material Dourado
01 Laptop 04 Cadeiras 01 Esquema Corporal
01 Estabilizador 01 Mesa redonda 01 Bandinha Rtmica
01 Scanner 04 Cadeiras 01 Memria de Numerais l
01 Impressora laser 01 Mesa para impressora 01 Tapete Alfabtico
Encaixado
01 Teclado com colmia 01 Armrio 01 Software Comunicao
Alternativa
01 Acionador de presso 01 Quadro branco 01 Sacolo Criativo Monta
Tudo
01 Mouse com entrada 02 Mesas para 01 Quebra Cabeas -
para acionador computador sequencia lgica
01 Lupa eletrnica 02 Cadeiras 01 Domin de Associao de
Ideias
01 Domin de Frases
01 Domin de Animais em
Libras
01 Domin de Frutas em
Libras
01 Domin ttil
01 Alfabeto Braille
01 Kit de lupas manuais
01 Plano inclinado suporte
para leitura
01 Memria Ttil

Os equipamentos das salas de recursos multifuncionais do Tipo II, alm de


oferecem todos os equipamentos, mobilirios e materiais didtico/pedaggico das
do Tipo I, possuem recursos especficos para o atendimento educacional
especializado de alunos com deficincia visual.

12
Quadro 2 Salas de Recursos Multifuncionais do Tipo II (Fonte: Manual de Orientao:
Programa de Implantao de Salas de Recursos Multifuncionais)

Equipamentos e Matrias Didtico/Pedaggico


01 Impressora Braille pequeno porte
01 Mquina de datilografia Braille
01 Reglete de Mesa
01 Puno
01 Soroban
01 Guia de Assinatura
01 Kit de Desenho Geomtrico
01 Calculadora Sonora

Segundo estudos apresentados pelo ONEESP, sobre tais equipamentos:

(...)foi pontuado que em uma das escolas pesquisadas existiam


recursos bsicos para um ambiente multifuncional, geralmente
isso realidade na maioria dos espaos estabelecidos como
SRM, essa situao reflete nas funes e atuaes dos
educadores nestas salas, pois como elaborar estratgias e
metodologias diferenciadas, sem uma sala multifuncional que no
contenha softwares educativos, recursos, equipamentos
tecnolgicos, mobilirio apropriados, etc. Dessa forma para
potencializar a ao dos docentes nestes ambientes
multifuncionais necessrio no apenas a produo de materiais,
mas a aquisio de equipamentos diversos que sejam funcionais
para intensificar o atendimento dos alunos com necessidades
especiais. (ANJOS et al, 2014, p.11-12)

J Mendes, Hostins & Rocha (2014, p.05), reconhecem que o perfil do


professor que atua na Sala de Recursos passou a corroborar para as
(...)demandas de formao levantadas, a busca por conhecimentos
especializados, a busca por: saber sobre todas as deficincias, sndromes e
superdotao, por dominar novas tecnologias que envolvem essas deficincias.
Alm dos estudos trazidos por Miranda & Galvo (2014):

Quanto a Tecnologia Assistiva os professores desconhecem


recursos e a aplicao dos mesmos, inclusive aqueles que esto
presentes na escola, atravs do kit da SRM:
[...]relao a Tecnologia Assistiva, porque eu fiz um mdulo, mas
foi um dia, mas assim a gente teve a noo de um programa. Mas
eu queria conhecer mais de tecnologia assistiva quando ela deve
ser usada quando no. Porque, por exemplo, tem algumas

13
pranchas de comunicao que a gente faz no Mover Make, mas
no todo aluno que tem problema na fala que pode, quer dizer
na minha cabea, que pode usar aquilo, porque de repente ele t
fazendo um trabalho com o fono que pode atrapalhar, que pode
ficar viciado em s usar a plaquinha e no desenvolver a fala.
Ento, assim, minha curiosidade agora nessa rea de tecnologia
assistiva, quando se deve usar, quais so os recursos. Que eu
conheo, mas no conheo tantos como eu gostaria, e quando
que gente t, tem essa autonomia de introduzir, de forma que no
atrapalhe. (MIRANDA & GALVO, 2014, p.10-11)

A partir das legislaes e dos estudos apontados acima possvel observar


que as polticas pblicas existentes foram um passo muito importante dado, mas
que ainda precisamos avanar no que diz respeito formao inicial e continuada
do profissional que atua neste ambiente. Pois, nem sempre os professores sabem
fazer uso dos recursos adquiridos pela escola atravs dos Kits do MEC, fazendo
com que esses materiais no cheguem aos alunos pblico alvo da educao
especial.

1.5 TECNOLOGIA ASSISTIVA E SEU USO NO AMBIENTE


ESCOLAR
No Brasil, a acessibilidade um direito garantido ao cidado e ao longo
deste trabalho temos destacado esta garantia bem como o direito ao atendimento
educacional especializado. O Decreto n 5.296/04 (BRASIL, 2004), importante
legislao, responsvel pelo avano na garantia de acessibilidade em todos os
mbitos.
Em seu artigo 8, o Decreto define acessibilidade, ajudas tcnicas e desenho
universal

I - acessibilidade: condio para utilizao, com segurana e


autonomia, total ou assistida, dos espaos, mobilirios e
equipamentos urbanos, das edificaes, dos servios de
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicao e
informao, por pessoa portadora de deficincia ou com
mobilidade reduzida;
(...)
V - ajuda tcnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou
tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar
a funcionalidade da pessoa portadora de deficincia ou com
mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou
assistida;
(...)

14
IX - desenho universal: concepo de espaos, artefatos e
produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas,
com diferentes caractersticas antropomtricas e sensoriais, de
forma autnoma, segura e confortvel, constituindo-se nos
elementos ou solues que compem a acessibilidade.

importante destacar que o decreto apresenta tecnologia assistiva como a


terminologia de Ajuda Tcnica. Alm de apresentar o conceito de desenho
universal, que decidimos destacar por apresentar como objetivo central o de
tornar os ambientes o mais inclusivo possvel, promovendo condies de acesso
locomoo, comunicao, informao e conhecimento para todas as pessoas,
no s os portadores de deficincias fsicas ou motoras.
Segundo Fernandes & Orrico (2011, p.74), a tecnologia assistiva definida
com qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e
uso de meio fsico. Ou seja, so artefatos que buscam aumentar, manter ou
melhorar as capacidades funcionais das pessoas com necessidades especiais.
Bersch (2013, p.02), destaca ainda como objetivo maior da tecnologia
assistiva o de proporcionar a esses indivduos independncia, qualidade de vida
e incluso social, atravs da ampliao de sua comunicao, mobilidade, controle
de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho
Esses artefatos oferecem s pessoas com necessidades especiais uma
maior independncia, qualidade de vida e incluso social, atravs da ampliao
de sua comunicao, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu
aprendizado, trabalho e integrao com a famlia, amigos e sociedade. Sendo
uma ferramenta muito importante para a pessoa com necessidades especiais. Ou
seja, A ajuda tcnica acesso, acessibilidade, ponte para um reequilbrio no
mundo interno e para a manuteno da vida social da pessoa com deficincia.
ser humano que segue em sua existncia. (FERNANDES & ORRICO, 2012,
p.75-76).
Sobre os tipos de tecnologia assistiva, o Decreto n 3.298/99 (BRASIL,
2009)

Art. 19 Consideram-se ajudas tcnicas, para os efeitos deste


Decreto, os elementos que permitem compensar uma ou mais
limitaes funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa
portadora de deficincia, com o objetivo de permitir-lhe superar as
barreiras da comunicao e da mobilidade e de possibilitar sua
plena incluso social.

15
Pargrafo nico. So ajudas tcnicas:
I - prteses auditivas, visuais e fsicas;
II - rteses que favoream a adequao funcional;
III - equipamentos e elementos necessrios terapia e
reabilitao da pessoa portadora de deficincia;
IV - equipamentos, maquinarias e utenslios de trabalho
especialmente desenhados ou adaptados para uso por pessoa
portadora de deficincia;
V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal
necessrios para facilitar a autonomia e a segurana da pessoa
portadora de deficincia;
VI - elementos especiais para facilitar a comunicao, a
informao e a sinalizao para pessoa portadora de deficincia;
VII - equipamentos e material pedaggico especial para educao,
capacitao e recreao da pessoa portadora de deficincia;
VIII - adaptaes ambientais e outras que garantam o acesso, a
melhoria funcional e a autonomia pessoal; e
IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia.

J Bersch (2013), os classifica de acordo com os objetivos funcionais a que


se destinam, sendo tal tecnologia (...)entendida como um auxlio que promover
a ampliao de uma habilidade funcional deficitria ou possibilitar a realizao
da funo desejada e que se encontra impedida por circunstncia de deficincia
ou pelo envelhecimento Sendo, que aqui nesta pesquisa, trataremos dos
equipamentos e material pedaggico especial para educao do aluno pblico
alvo da educao especial.
Lauand (apud SEABRA & MENDES, 2009, p.1385), descreve a tecnologia
assistiva como sendo

(...)facilitadora da incluso escolar de alunos com necessidades


especiais e considera que os recursos de computadores na
tecnologia assistiva uma das reas de maior crescimento nos
ltimos anos tendo em vista que, especificamente no campo da
Educao Especial, muitos alunos beneficiariam em muito o seu
aprendizado se lhes fossem proporcionados tais recursos.

Dentre os recursos de tecnologia assistiva, os que sero apresentados em


nosso estudo so os voltados para a educao por meio do uso de computadores
e tablets, vinculadas s apresentadas no Art. 19, inciso VII, do Decreto n
3.298/99 (BRASIL, 2009) equipamentos e material pedaggico especial para
educao, capacitao e recreao da pessoa portadora de deficincia, atravs
do uso de softwares educacionais. Ressaltando que segundo Herculiani,
Deliberato & Manzini (2009, p.86), os softwares educacionais tem como objetivo

16
auxiliar o professor no processo de ensino e aprendizagem, fazendo com que o
professor tenha a sua disposio uma importante ferramenta na busca do
desenvolvimento de seu aluno e que o computador sozinho no gera avano da
qualidade da educao; por si s, ele no agente de nada. O que qualifica o
uso desse instrumento na educao seria a melhoria da qualidade da interao
professor-computador-aluno.
Hasselbring & Bausch (2005, p.72), que tambm descrevem a tecnologia
assistiva como sendo ferramentas que vem a auxiliar as pessoas com
necessidade educacional especial, as separam em dois grupos: as de alta
tecnologia (como o computador) e as de baixa tecnologia (como os ponteiros de
cabea ou lpis).
J o Assistive Technology - A Special Education Guide to Assistive
Technology, (Division of Special Education, 2004, p.18) guia preparado pelo
Escritrio da Instruo Pblica de Montana/EUA, destaca que a deciso sobre a
utilizao da tecnologia assistiva deve ser a partir da elaborao do PEI 6, que
deve sinalizar o tipo de tecnologia assistiva que o aluno precisa. Alm disso, o
Guia destaca nove etapas de processo do uso da tecnologia assistiva: (a)
Identificar eventual necessidade de dispositivos ou servios de tecnologia
assistiva; (b) Coletar e analisar informaes sobre o aluno; (c) Listar todas as
estratgias e dispositivos da tecnologia assistiva como estratgias de ensino; (d)
Se necessrio, incluir pessoas com experincia em reas especficas; (e)
Identificar e selecionar estratgias e dispositivos de tecnologia assistiva para
serem usados em cada ambiente; (f) Desenvolver um plano para ensaios de
dispositivos e estratgias que esto sendo considerados; (g) Criar um plano para
a obteno de dispositivos que so bem sucedidos e um plano para a formao
dos estudantes, funcionrios, responsveis e outras pessoas no uso da estratgia
de tecnologia assistiva; (h) Desenvolver um plano de manuteno e reparao; (i)
Avaliar rotineiramente a eficcia da tecnologia assistiva.
importante ressaltar que para que os professores faam uso desses
materiais, necessrio que os mesmos obtenham uma formao que os habilite.

6
PEI Plano de Ensino Individualizado, descrito por Glat e Pletsch (2013, p.22) como sendo um
recurso para orquestrar, de forma mais efetiva, propostas pedaggicas que contemplem as
demandas de cada aluno, a partir de objetivos gerais elaborados para a turma. uma alternativa
promissora, na medida em que oferece parmetros mais claros a serem atingidos, sem negar os
objetivos gerais colocados pelas propostas curriculares.

17
Pois, a utilizao adequada da tecnologia assistiva na escola vem a ser uma
importante estratgia de desenvolvimento dos alunos pblico alvo da educao
especial na superao de suas dificuldades educacionais e sociais, buscando
assim, oferecer reais oportunidades de aprendizagem e insero social.

18
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Investigar a formao dos professores de classes inclusivas e salas de
recursos acerca do uso da tecnologia assistiva para alunos pblico alvo da
educao especial.

2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS


Os objetivos especficos dessa dissertao so:
Identificar as necessidades dos professores em relao ao uso de
recursos e adaptaes curriculares para o atendimento educacional
especializado aos alunos pblico alvo da educao especial.
Instrumentalizar os professores quanto utilizao dos recursos da
tecnologia assistiva no processo de ensino em classes Inclusivas e
salas de recursos atravs da construo de um guia de produo de
materiais didticos acessveis por meio do uso da tecnologia assistiva,
como produto final da pesquisa;
Disseminar a cultura do respeito diversidade e o direito a
acessibilidade.

19
3 MATERIAL E MTODOS
3.1 METODOLOGIA
3.1.1 TIPO DE PESQUISA
A pesquisa de natureza qualitativa em que se optou pela pesquisa-ao,
atravs da realizao de encontros preliminares com integrantes da Secretaria
Municipal de Educao de Rio das Flres. Ressaltando que a parceria com o
municpio de Rio das Flres se deu a partir de reunies preliminares com o grupo
da secretaria, que buscou uma parceria extensionista com o NEEI (coordenado
pela orientadora desta dissertao), onde foi identificado que uma das maiores
dificuldades do professorado era o uso dos materiais da tecnologia assistiva.
A pesquisa se deu, ento, com a realizao de um encontro com Secretaria
Municipal de Educao de Rio das Flres e com a realizao de trs oficinas
oferecidas aos professores de classes inclusivas e de salas de recursos. Nelas
foram apresentados aos professores alguns recursos de tecnologia assistiva e
solicitado que os participantes respondessem a dois questionrios semiabertos,
sendo um pr-teste (Apndice-4), composto de oito perguntas, sendo sete abertas
e uma fechada e um ps-teste (Apndice-5), composto de seis perguntas, sendo
trs abertas e trs fechadas.
Os questionrios visaram pesquisar a respeito da tecnologia assistiva e do
Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da
Tecnologia Assistiva, produto final desta dissertao. Resaltando que as oficinas
ocorriam com intervalos de no mnimo um ms, para que fosse possvel analisar
os dados obtidos em cada uma delas e assim a prxima oficina j seria realizada
a partir das demandas apresentadas pelos professores.
Para a pesquisa-ao foi utilizado os princpios propostos por Thiollent

(...) um tipo de pesquisa social com base emprica que


concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou
com a resoluo de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e participantes representativos da situao ou do
problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
(THIOLLENT, 1996, p.14)

Fernandes (2007, p.121), aponta que a pesquisa-ao aquela que faz


formulao do problema e que a partir de definido claramente inicia-se uma srie

20
de coletas de informaes, documentais ou orais que busque as melhores aes
para com a avaliao e os resultados apresentados, que podem implicar a
redefinio do problema.

(...) formulao do problema: a partir de definido claramente o


problema, inicia-se uma srie de coletas de informaes,
documentais ou orais para definir melhores aes; avaliao da
ao, dos resultados, que pode implicar a redefinio do
problema, se necessrio, e at de um novo plano de ao.
(FERNANDES, 2007, p.121)

Com isso, a utilizao da pesquisa-ao tem como objeto pesquisar o sujeito


em seu sentido pleno, buscando solues para os problemas apresentados pelos
mesmos. Ou seja, tal pesquisa, nos possibilitou investigar a formao que
oferecida aos professores, sendo essa formao anterior ou posterior concluso
de seu curso, a fim de concluir se as mesmas j se encontram no paradigma da
incluso.
Cabe ainda ressaltar que as oficinas foram gravadas, totalizando 12 horas
de udio, com o objetivo de acompanhar na dialtica participante as formas de
apreenso dos materiais e uso dos mesmos pelos professores participantes, e na
posterior anlise a criao de etapas de uso do Guia de Produo de Material
Acessvel a partir do uso da tecnologia assistiva, que servir como subsdio para
os professores de classes inclusivas e de salas de recursos da educao bsica a
adaptarem materiais pedaggicos pelo uso deste guia. Por isso, o presente
estudo foi submetido ao Comit de tica da Plataforma Brasil, com a finalidade de
assegurar que a mesma fosse conduzida de forma tica para com os
participantes envolvidos, tendo sido aprovado no dia 23 de maio de 2014, sob o
n do parecer: 647.037 (Anexo-1). Sendo solicitado que os participantes
assinassem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apndice-1), a
partir do esclarecimento sobre a pesquisa.

21
3.1.2 ETAPAS DA METODOLOGIA
A metodologia da presente pesquisa-ao seguiu as seguintes etapas:
I- Reunio com a equipe da Secretaria Municipal de Educao para
identificar as necessidades do campo e apresentar nossa proposta de
atividade.
II- Estudo dos materiais de tecnologia assistiva aps a identificao das
necessidades apresentadas pelo municpio.
III- Anlise e escolha dos softwares utilizados nas oficinas para a
construo do Guia, objetivando os benefcios que tais programas
poderiam trazer para a prtica pedaggica dos professores, sua
funcionalidade, pontos positivos e negativos.
IV- Entrada no campo da pesquisa com a realizao de trs oficinas, uma
vez por ms cada, onde foram aplicados os questionrios, apresentados
os programas e o Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a
partir do uso da Tecnologia Assistiva para os professores de classes
inclusivas e salas de recursos.
V- Coleta de dados atravs de dois questionrios semi-abertos, um pr-
teste e outro ps-teste, respondidos pelos professores, contendo: oito
perguntas (pr-teste) e seis perguntas (ps-teste) e registros orais dos
encontros com os professores atravs de gravaes em udio durante a
realizao das oficinas. Essa Coleta teve como objetivo realizar um
levantamento dos aspectos negativos e positivos a respeito dos recursos
de tecnologia assistiva de forma geral e dos softwares apresentados nas
oficinas. Alm da formao, acadmica e continuada, que o professor
teve sobre o uso de tais recursos.
VI- Anlise do material coletado atravs da apreciao dos conhecimentos
dos professores sobre o uso da tecnologia assistiva, em especial dos
softwares educativos ou inclusivos. Valorizando os recursos e
estimulando a iniciativa e criatividade dos professores.

3.1.3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: SUJEITOS E O CONTEXTO


Sujeitos
Para atingir o objetivo deste estudo foi estabelecido como critrio para a
escolha do municpio pesquisado, que o mesmo, colocasse a disposio da

22
pesquisa no mnimo 20 professores de classes inclusivas e salas de recursos
multifuncionais para participarem das oficinas e encontros, tendo como critrio
para a seleo desses profissionais a demonstrao de interesse pelo tema da
pesquisa e o comprometimento com a assiduidade e com o efeito multiplicador, o
repasse do material dos encontros e das reflexes destes para os demais
membros da escola.
Ressaltando que os encontros e oficinas foram realizados com o intuito de
colher dados da realidade vivenciada pelos professores e de traar as diretrizes
do procedimento desta pesquisa. E que nas oficinas, a pesquisadora aplicou
questionrios, realizou observao participante, com quatro horas de gravaes
em udio por encontro, totalizando 12h de udio, e apontamentos que eram
analisados nos intervalos entre as oficinas. Onde ao final das duas primeiras
oficinas, os sujeitos sugeriram as necessrias reformulaes no Guia de
Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da Tecnologia
Assistiva. Estas foram feitas pela pesquisadora, atendendo s sugestes,
adequando assim o material s demandas sugeridas pelos professores e
apresentadas na terceira e ltima oficina.

Contexto
O critrio de escolha do municpio foi disponibilidade da equipe gestora em
participar do projeto de pesquisa e extenso e liberar os professores para
participarem das oficinas propostas.
O municpio de Rio das Flres fica localizado na Regio do Mdio Paraba,
no Estado do Rio de Janeiro, divisa com o Estado de Minas Gerais, e, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica IBGE, 20147, possui uma
populao estimada de 8.838 habitantes. O municpio conta com uma rea de
477,662 km2.
Na Figura 1, possvel observar que o municpio de Rio das Flres no
um municpio pequeno, no que trata de territrio, e que se encontra na divisa
entre o estado do Rio de Janeiro com estado de Minas Gerais.

7
Dados disponveis em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=330450. Acessado em
abr. de 2015.

23
Figura 1 Mapa do Estado do Rio de Janeiro com a diviso de cada uma de suas
regies, com destaque para Rio das Flres (Site: CEPERJ).

J na Figura 2, possivel observar a localizao de cada um dos quatro


distritos que Rio das Flres possui, sendo eles: 1 Distrito Rio das Flres, 2
Distrito Manuel Duarte, 3 Distrito Taboas e 4 Distrito Abarracamento

Figura 2 Mapa do Municpio de Rio das Flres (Site: IVT- Instituto Virtual de Turismo).

24
Atualmente Rio das Flres tem sua economia voltada para a pecuria e
turismo, apresentando como ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) 8 0.680.
Como possvel observar no Quadro 3, que apresenta o alm do IDH do
Municpio de Rio das Flres.

Tabela 1 IDH do Municpio de Rio das Flres (Fonte: Ranking IDH 2010-Brasil9)
Tipo de IDH Valor do IDH
IDH-Municipal 0.680
IDH-Renda 0.664
IDH-Longevidade 0.822
IDH-Educao 0.575

O ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), colocam Rio das Flres na


2439 colocao em mbito Nacional (num total de 5.565 municpios, com o maior
IDH-M a cidade de So Caetano do Sul/SP 0.862 e o menor a cidade de
Melgao/PA 0.418) e no 73 em mbito Estadual (num total de 92 municpios,
com o maior IDH-M o municpio de Niteri 0.837 e o menor o municpio de
Sumidouro 0.611). Ou seja, no que diz respeito a uma avaliao Nacional o
municpio se encontra um pouco a cima da metade dos municpios brasileiros, j
em mbito estadual o mesmo aparece abaixo da metade da pontuao
apresentada.

3.1.4 A EDUCAO NO MUNICPIO DE RIO DAS FLRES


Segundo o Plano Municipal de Educao 2009-2019 (PME) de Rio das
Flres a Rede Municipal de Educao iniciou-se a partir da promulgao da lei n.
080 de 24 de abril de 1953, que estabeleceu a criao de trs escolas municipais
de Ensino Primrio, as quais deveriam estar situadas em locais de sensvel
populao escolar. Destacando ainda que os nomes das referidas instituies
no constam no documento.
Ao longo dos anos foram municipalizadas 14 escolas estaduais, como a
Escola Estadual Cachoeira do Funil, municipalizada em 1991. Alm de 16 escolas
com o ensino suspenso, como a Escola Estadual Jos Pereira Machado,
8
Segundo PNUD, o IDH uma medida resumida do progresso em longo prazo atravs de trs
dimenses bsicas do desenvolvimento humano: renda, educao e sade, tendo como objetivo
oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita, que considera apenas a dimenso econmica do desenvolvimento.
9
Disponvel em: http://www.pnud.org.br/arquivos/ranking-idhm-2010.pdf. Acessado em mai. de
2015.

25
municipalizada em 1992 e com o seu ensino suspenso pelo Decreto n 083 de 21
de julho de 2008.
Em 2007, foi criado o CAPNEE (Centro de Apoio s Pessoas com
Necessidades Educacionais Especiais) e em 2013 passou por uma reforma
estrutura pedaggica, de acordo com as legislaes atuais sobre a Educao
Especial e o atendimento educacional especializado, contando em sua grade de
funcionrios: professores de educao especial e de educao fsica, psiclogos,
psicopedagogos, fonoaudilogos, musicoterapeuta e monitores.
O CAPNEE possui trs turmas de Educao Especial e seus alunos so
atendidos visando desenvolver as suas potencialidades, bem como promover
atividades acadmicas, de vida diria e de socializao. Sendo importante
destacar que no ano de 2014 foram atendidos 38 alunos com laudos e que alm
deles frequentarem o CAPNEE os mesmos estavam devidamente matriculados
no ensino regular do municpio.
Atualmente o municpio possui: uma escola especial (CAPNEE) e 16 escolas
regulares, que atendem cerca de 2.240 alunos e onde atuam 215 professores.
Sendo que cinco dessas escolas possuem salas de recursos, das quais: duas
foram montadas pelo MEC (sendo uma com gesto compartilhada com a
Secretaria Estadual de Educao do Rio de Janeiro), e as outras trs escolas pela
prpria prefeitura municipal de Rio das Flres. Outro dado importante que alm
dos 38 alunos atendidos no CAPNEE, o municpio atende mais 25 alunos, pblico
alvo da educao especial, nas salas de recursos.
Alm das duas salas de recursos multifuncionais do MEC, segundo o
Observatrio do Viver sem Limites, o municpio recebeu equipamentos e servios
existentes, por meio do projeto Escola Acessvel, em duas de suas escolas,
sendo uma delas de gesto compartilhada com a Secretaria Estadual de
Educao do Rio de Janeiro.
Segundo dados disponveis no Site Painel de Controle do MEC, o municpio
possui auxilio do governo federal atravs de: seis nibus adquiridos pelo
Programa Caminho da Escola; quatro escolas beneficiadas pelo Recurso
financeiro transferido pelo PDDE (total de R$ 19.200,00); oito escolas fazendo
parte do programa Mais Educao; R$ 313.790,47 em recursos repassados para
Educao Integral (Mais Educao); R$ 62.760,00 em recursos repassados para o
Ensino Fundamental.
26
3.2 DESENVOLVIMENTO: REALIZAO DAS OFICINAS
3.2.1 ORGANIZAO DAS OFICINAS
A primeira oficina teve como objetivo apresentar aos participantes: a
pesquisa e a tecnologia assistiva por meio de trs tpicos: O que ?, seu objetivo
e seu uso. Para isso, primeiramente foi apresentado pesquisa, destacando a
sua aprovao no Comit de tica da Plataforma Brasil e a solicitao de que os
participantes assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Aps essa etapa foi apresentado o termo tecnologia assistiva e uma
investigao prvia com os participantes, observando os conhecimentos j
existentes sobre o uso de tais recursos no processo de ensino e aprendizado dos
alunos publico alvo da educao especial. Essa etapa foi feita a partir da
observao entre as discusses apresentadas na oficina e das respostas obtidas
atravs do questionrio pr-teste.
A segunda oficina se deu com a apresentao dos softwares selecionados
(ABC do Sebran, Braille Fcil, DosVox, Editor Livre de Prancha e LetMe Talk), a
fim, de que, se pudesse analisar as dificuldades e facilidades apresentadas pelos
professores para com a utilizao de tais recursos. Nesta etapa da pesquisa as
observaes foram realizadas a partir das falas dos professores e de uma
avaliao, oral, a respeito da oficina, em que os participantes apontaram os
pontos positivos e negativos dos softwares.
J a terceira e ltima oficina, teve como meta apresentar aos professores o
Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da
Tecnologia Assistiva, que foi confeccionado com base nas observaes feitas
durante a realizao das duas primeiras. E ao final, foi solicitado que os
participantes respondessem um questionrio ps-teste sobre os conhecimentos
adquiridos a respeito da tecnologia assistiva e dos recursos apresentados no Guia
sobre a utilizao do guia e uma breve avaliao, apontando os pontos positivos e
negativos da mesma.

3.2.2 MATERIAL E MTODOS UTILIZADOS NAS OFICINAS


ABC do Sebran10
Software composto de 12 jogos (Quantos?, Somar, Subtrair, Multiplicar,
Aponte a figura, Primeira letra, Memria, Memria de palavras, Forca, Chuva
10
Dados disponveis no site: http://sebrans-abc.softonic.com.br/. Acessado em mai. de 2014.

27
ABC, Chuva de Letras e Chuva 1+2), que visam ajudar o aluno na rea da
Matemtica (nmeros de 1-9 e adio simples) e da Lngua Portuguesa (alfabeto
e escrita), alm de auxiliar na coordenao motora, ateno e raciocnio lgico.
composto por: figuras coloridas, msica (opcional), jogos alfabetizantes e leituras
para as crianas que se encontram na etapa de alfabetizao.
Alm das apresentaes dos jogos, foram destacados o Menu do programa,
com as suas principais funes (Escolha do idioma, Efeitos sonoros, Velocidade
exerccio e Estilo das letras utilizadas nas atividades).
importante ressaltar que o programa pode ser em outros idiomas, podendo
assim ser aproveitado para trabalhar outros idiomas (lngua inglesa, espanhola,
francesa, dentre outras), bastando apenas que o idioma desejado se encontre
entre as opes do seu sistema funcional.
O ABC do Sebran foi desenvolvido pelo Instituto Federal de Educao,
Cincia e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campos Bento Gonalves.

Figura 3 Software ABC do Sebran

Braille Fcil11
Software desenvolvido para auxiliar a criao de textos no Sistema Braille12,
transcrevendo os documentos que seriam impressos em tinta para documentos
impressos em Braille.
O programa possibilita que a pessoa que no tem conhecimento especfico
do Braille, seja capaz de escrever um documento neste sistema. Porm,

11
Dados disponveis no site: http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/. Acessado em mai. de 2014.
12
Sistema de escrita em relevo desenvolvido na Frana por Louis Braille, um jovem cego,
reconhecendo-se o ano de 1825 como o marco dessa importante conquista para a educao e
a integrao dos deficientes visuais na sociedade. O Sistema Braille constituiu pela
combinao de 6 pontos, que apresenta letras simples e acentuadas, nmeros, pontuaes e
notas musicais.

28
importante destacar que mesmo com as facilidades que a ferramenta proporciona
oportuno que o usurio tenha um pouco de conhecimento quando for realizar
uma transcrio mais especfica, como no caso das fraes matemticas.
Das funes que o Braille Fcil possui, foram destacados: Escrever
documento em Braille, Visualizar linhas em Braille, Visualizar documento em
Braille, Abrir documento existente, Abrir novo documento, Salvar documento,
Imprimir, Configurar impressora, Inserir smbolo e Outras funes (cortar, copiar,
colar, quebra de pgina, negrito-itlico-sublinhado, centralizar o texto, etc.)
O Braille Fcil foi desenvolvido no Ncleo de Computao Eletrnica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ), pelos professores Jos
Antnio Borges e Geraldo Jos Chagas Jr.

Figura 4 Software Braille Fcil

DosVox13
Software usado como leitor de tela de computadores passando as
informaes presentes no computador atravs de som, proporcionando que a
pessoa com deficincia visual acesse todo o sistema do computador atravs de
um sintetizador de voz. O programa ainda contm jogos educativos que podem
ser utilizados por pessoas que no sejam deficientes visuais, assim tambm como
os suas demais funes.
Das funes que o Dosvox possui, foram destacados: Velocidade, Testar
teclado, Subdiretrios, Escrever texto, Editar texto, Leitura, Gravar e ouvir arquivo
em udio, Jogos e Fechar o programa.
O Dosvox comeou a ser desenvolvido em 1993, no NCE/UFRJ, sob a
coordenao do Prof. Jos Antnio Borges.
13
Dados disponveis no site: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/. Acessado em mai. de 2014.

29
Figura 5 Software Dosvox

Editor Livre de Prancha14


Software desenvolvido com o intuito de confeccionar pranchas de
Comunicao Alternativa e Ampliada15, destinados principalmente para pessoas
com dificuldades de comunicao, entre autistas, paralisados cerebrais, Sndrome
de Down, desordens de articulao/fonolgicas, dentre outras. E, possibilita a
impresso das imagens dispostas pela linguagem desenvolvida em diferentes
tamanhos e formas, consentindo assim a introduo do aluno no mundo visual,
sendo um editor de pranchas de comunicao para construo de telas com
figuras especialmente criadas para a conhecida comunicao pictogrfica16.
Das funes que o Editor Livre de Prancha possui, foram destacados: Criar
usurio, Criar prancha, Inserir imagem nas pranchas, Legendar as figuras, Salvar
prancha, Excluir prancha, Imprimir prancha, Verificar pranchas existentes e
Fechar o programa.
O Editor Livre de Prancha foi desenvolvido a partir de 2003 pela Pontifcia
Universidade Catlica do Paran (PUC-PR), atravs aprovao no edital do
CNPQ e do apoio da PUC-PR, atravs do projeto intitulado Amplisoft. E, tem
como coordenador o Prof. Dr. Percy Nohama.

14
Dados disponveis no site: http://www.ler.pucpr.br/amplisoft/. Acessado em mai. de 2014.
15
Segundo Walter & Almeida, Comunicao Alternativa e ampliada um termo utilizado para
definir outras formas de comunicao como o uso de gestos, expresses faciais, o uso de
pranchas de alfabeto ou sinais pictogrficos, comunicadores com vos sintetizastes e tabletes.
considerada Alternativa quando o indivduo no apresenta outra forma de comunicao, e
considerada Ampliada quando o individuo possui alguma comunicao, mas essa no
suficiente para a suas trocas.
16
Sistema de escrita em que as ideias e os objetos so representados por desenhos.

30
Figura 6 Software Editor Livre de Prancha

LetMe Talk17
Software de Comunicao Alternativa e Ampliada para dispositivos mveis,
tipo Android, que pode ser utilizado por autistas, paralisados cerebrais, Sndrome
de Down, desordens de articulao/fonolgicas e etc. Contm mais de 9.000
imagens em seu banco de dados e permite a importao de imagens salvas no
dispositivo, podendo inclusive adicionar fotos retiradas na hora.
Das funes que o LetMe Talk possui, foram destacados: Criar pasta, Dar
uma imagem a pasta, Abrir as pastas, Nomear a pasta, Inserir nova imagem,
Excluir imagem ou pasta, Alterar nome da figura, Apagar a figura da lista de
comunicao e Ouvir o que foi descrito.
O programa interessante, pois pelo fato de ser para dispositivos mveis do
tipo Android, pode ser instalado tanto em tablets, quanto em celulares que
atendam essa caracterstica. Fazendo assim, com que o recurso possa ser
utilizado por um numero maior de pessoas e nos mais diferentes ambientes
possveis.

Figura 7 Software LetMe Talk

17
Dados disponveis no site: http://www.letmetalk.info/. Acessado em mai. de 2014.

31
4 RESULTADOS
Como mencionado anteriormente, a pesquisa iniciou-se com a realizao de
encontros com a equipe da Educao Especial do municpio de Rio das Flores e
contou, a princpio, com a participao de 27 professores de classes inclusiva e
salas de recursos nas oficinas. Ressaltando que desses 27 professores, trs se
retiraram do processo sem informar os motivos.

4.1 RESULTADOS APRESENTADOS DURANTE OS ENCONTROS


COM OS GESTORES
O primeiro momento da pesquisa foi realizao de dois encontros, que
aconteceram no primeiro semestre de 2014, sendo o primeiro a visita da
coordenadora de Educao Especial de Rio das Flres e sua assessora ao NEEI,
encontro este realizado na UERJ e o segundo a vistita da pesquisadora e sua
orientadora na Secretaria Municipal de Educao de Rio das Flores, onde foram
expostas as propostas para as oficinas, que culminaram na apresentao da
ementa das oficinas intitulada: Oficina de Material Didtico Acessvel para
Classes Inclusivas e Salas de Recursos (Apndice-2).

Figura 8 Encontro na Secretria Municipal de Educao com a equipe tcnica a


pesquisadora e orientadora

A aps a aprovao da ementa, foram agendados os trs encontros que


atenderam 27 professores de classes inclusivas e salas de recursos, sendo 21 de
classes inclusivas e seis de salas de recursos, e que ocorreram nos meses de
agosto, setembro e novembro de 2014. Para todos esses encontros foram

32
levadas atividades previamente planejadas pela pesquisadora e sua orientadora,
atendendo sempre os objetivos propostos pela pesquisa. Entretendo houve
flexibilidade no planejamento, a fim de atender demanda dos sujeitos envolvidos
e da situao apresentados por eles.
Durante esses encontros e da realizao da pesquisa sobre os softwares
ficou decidido que embora os softwares selecionados, a princpio, tenham sido o
ABC do Sebran, o Braille Fcil, o Boardmaker, o Editor Livre de Prancha, o NVDA
e o Tobii Sono Flex, os programas Boardmaker, NVDA e Tobii Sono Flex no
iriam fazer parte do Guia.
A retirada do Boardmaker se deu pelo fato do programa ser um software
pago, mesmo sabendo que ele faz parte do kit enviando pelo MEC para as salas
de recursos multifuncionais, e pelo fato de ser um software que s pode ser usado
em um computador por vez ( necessrio que alm de instal-lo no computador o
usurio ao fazer seu uso, coloque o CD no computador). Ou seja, o uso do
software durante a realizao da oficina se tornou impossvel, pois precisaramos
de no mnimo 28 CDs do Boardmaker (um para o aplicador da oficina e 27 para
os professores que participaram da formao). Alm do fato de j fazer parte do
guia o software Editor Livre de Prancha, que, assim, como o Boardmaker um
programa que tem como intuito a elaborao de pranchas de Comunicao
Alternativa e Ampliada.
J o NVDA foi trocado pelo Dosvox, pelo fato de que alm do Dosvox
tambm ser um leitor de tela, ele possui jogos didticos que podem ser utilizados
por alunos que no so deficientes visuais, ou seja, uma ferramenta que ao ser
instalada poder atender um nmero maior de alunos pblico alvo da educao
especial. E o Tobii Sono Flex foi trocado pelo LetMe Talk, por consideramos que o
LetMe Talk um aplicativo mais completo e de fcil manuseio, alm de ser
totalmente gratuito, enquanto o Tobii Sono Flex pago e encontra-se disponvel
para iPhone, iPod, iPad, PCs e dispositivos de voz regulares dedicados que
executam o Tobii Communicator18.
A partir desses dados, foi elaborado o Guia de Produo de Materiais
Didticos Acessveis a partir do uso da Tecnologia Assistiva, produto final desta
dissertao. Contando com:

18
Informao obtida no site: https://itunes.apple.com/br/app/sono-flex/id463697022?mt=8.
Acessado em mai. de 2014.

33
Introduo
I. Uso da Tecnologia Assistiva;
II. Poltica das Salas de Recursos Multifuncionais.
Apresentao dos Softwares selecionados (ABC do Sebran, Braille Fcil,
DosVox, Editor Livre de Prancha e LetMe Talk)
I. Breve explicao a respeito dos softwares;
II. Etapas de instalao de cada softwares;
III. Informaes bsicas dos softwares;
IV. Principais funes dos softwares;
V. Observaes finais.

Figura 9 Imagem do Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do


uso da Tecnologia Assistiva

Resaltando que sua elaborao deu-se a partir dos elementos obtidos nos
encontros e com a participao dos professores de classes inclusivas e salas de
recursos nas oficinas e que o buscando atender a necessidades apresentadas por
ele, o material final acabou sendo finalizado com 188 pginas, como se pode
observar no Apndice-6 que apresenta o sumrio do guia.

34
4.2 RESULTADOS APRESENTADOS NO PR-TESTE
4.2.1 PERFIL DOS PROFESSORES
Como primeiro dado da pesquisa, foi perguntando sobre o tempo de
magistrio dos professores, no foi questionado aqui o tempo em que estes
atendem aos alunos pblico alvo da educao especial, mas sim o tempo de
magistrio. Foram encontrados os seguintes dados.

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Menos de 1 1-5 anos 6-10 anos 11-15 anos 16-20 anos Mais de 20
ano anos

Figura 10 Tempo de atuao dos professores no magistrio

possvel observar que a maioria dos professores atua entre seis a dez
anos (oito professores), praticamente empatada com os professores que atuam
entre um a cinco anos (sete professores) e que quatro professores atuam a mais
de 20 anos e apenas um ainda no completou nem ao menos um ano de
magistrio. Ou seja, 16 professores atuam no mximo h dez anos no magistrio,
enquanto 11 atuam h mais de 11 anos no magistrio.
Ao analisarmos o tempo de magistrio, observamos que os professores com
maior tempo no magistrio, foram os que mais relataram sobre a falta de uma
formao a respeito dos recursos de tecnologia assistiva. Como podemos
observar na fala de um professor, com mais de 20 anos de magistrio, a respeito
se durante sua formao ouviu falar da tecnologia assistiva. P-16: No, at
porque sou formada h muito tempo na faculdade(...).
Sobre a formao dos professores, chama ateno que dos 27 professores
pesquisados, 10 possuem o Ensino Mdio na modalidade Normal. Sendo que
destes 10 professores, quatro, menos da metade, esto fazendo alguma
35
graduao, enquanto os demais possuem somente a formao mnima para o
exerccio do magistrio (Ensino Mdio na modalidade Normal). Tal informao
possvel ser visualizada a partir da figura apresentada abaixo.

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Normal + Pedagogia Outras Graduao + Outras
Graduao Licenciaturas Ps-Graduao
Incompleta

Figura 11 Formao dos Professores

Destaca-se ainda o fato de 17 professores possurem ensino superior e


quatro, como mencionado anteriormente, estarem cursando alguma graduao.
Alm de cinco professores, que mesmo aps conclurem suas graduaes
continuaram buscando se aperfeioar atravs de cursos de ps-graduao na
rea da Educao. Tal informao se torna importante para que possa ser
realizado um perfil dos participantes das oficinas.
Sobre o tempo de atuao desses professores com os alunos pblico alvo
da educao especial, obteve-se como resultado:

36
16

14

12

10

0
Menos de 1 ano 1-5 anos 6-10 anos Mais de 10 anos

Figura 12 Tempo de atuao dos professores com os alunos pblico alvo da educao
especial

Mais uma vez, essa pergunta se deu para se observar o perfil dos
participantes das oficinas. Onde se concluiu que a maioria deles professores
trabalha com alunos pblico alvo da educao especial h no mximo cinco
anos (19 professores), ou seja, j deste comeara, a atender os alunos
pblico alvo da educao especial, j se tinha a poltica de atendimento
educacional especializado com salas de recursos.
Outro dado importante que podemos correlacionar com o grfico acima
so algumas falas durante a oficina, onde os professores destacam que se
sentem um pouco inseguros, com relao ao atendimento aos alunos pblico
alvo da educao especial, podendo inclusive ligar essa insegurana a falta
de conhecimento. Eu comecei a trabalhar com eles tem pouco tempo. E
devido a minha formao, eu diria defeituosa, tambm no me sinto muito
preparada para isso. (fala de um dos professores durante a realizao da
oficina).
A respeito das necessidades educacionais atendidas pelos professores
participantes da pesquisa, destaca-se que:

37
25

20

15

10

0
DA DV DI DF PC TGDs AH/SD

Figura 13 Necessidades educacionais especiais dos alunos atendidos pelos


professores

A partir dos dados possvel observar que a clientela do presente municpio


bastante diversificada. Outro destaque est relacionado s siglas apresentadas
no Grfico 4 referentes a identificao dos alunos atendidos, onde:
DA - Deficincia Auditiva
DV - Deficincia Visual
DI - Deficincia Intelectual
DM - Deficincia Fsica
PC - Paralsia Cerebral19
TGDs - Transtornos Globais do Desenvolvimento
AH/SD - Altas Habilidades ou Superdotao

Sobre o atendimento, destacamos que a maioria so alunos com


Transtornos Globais do Desenvolvimento, seguidos de Deficincia Intelectual e
Deficincia Motora, e, em menor escala os alunos com Altas Habilidades ou
superdotao.
Os dados apresentados acima nos chamam ateno para o grande nmero
de professores que atendem alunos com Transtornos Globais do
Desenvolvimento (23 professores, num total de 27). importante destacar que
esses alunos so caracterizados por prejuzos qualitativos na interao social,

19
Separamos a Deficincia Fsica da Paralsia Cerebral, por entendermos que muitas vezes as
limitaes ocacionadas pela paralisia cerebral demandam um maior suporte no atendimento
educacional especializado do que com os alunos com deficincia fsica.

38
comunicao e por padres limitados e estereotipados de comportamentos e
interesses, e, englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses
infantis, a Sndrome de Kanner e a Sndrome de Rett.

4.2.2 A TECNOLOGIA ASSISTIVA E A FORMAO DOS PROFESSORES


Quando questionados sobre o que seria a tecnologia assistiva para eles,
obtivemos como respostas um quantitativo significativo com definies que
coincidem com os conceitos de ajudas tcnicas.

P-2: uma ferramenta que ajuda no desenvolvimento do trabalho


com o aluno com dificuldades educacionais especiais.

P-6: todo tipo de tecnologia que possibilite assistir um aluno


com alguma deficincia/superdotao, levando-a a uma
aprendizagem significativa

P-12: aquela tecnologia que ajuda ao profissional adaptar o


currculo e as atividades de acordo com a necessidade do aluno.

P-20: Para mim, tecnologia assistiva todo tipo de material


adequado s necessidades educacionais especiais que os alunos
possam ter e que auxiliam e do suporte a um trabalho
pedaggico diferenciado. (grifo meu)

P-27: Entendo que um meio, um recurso para ajudar no


desenvolvimento dos alunos includos na educao especial.

Algumas definies apresentadas vincularam a tecnologia assistiva apenas


s tecnologias voltadas para o computador.

P-4: Uso da informtica em prol de um desenvolvimento


cognitivo, estilos para fala, socializao e interao com o meio.

Ressaltando que dos 27 professores entrevistados, cinco no responderam


a questo e dois destacaram o fato de no conhecerem o termo tecnologia
assistiva.

P-17: a primeira vez que ouo este termo; acredito que tenha
tido contato com essa terminologia usando outro nome.

39
Sobre o uso da tecnologia assistiva os professores respondera que,
obtivemos como resposta:

16

14

12

10

0
Sim No

Figura 14 Uso da tecnologia assistiva pelos professores

Sobre o uso da tecnologia assistiva por parte dos professores, observamos


que a diferena entre o sim e o no se d por quatro professores a mais para o
sim. E ao analisarmos quais professores relataram que sim, obteve-se como
resultado que a presena desses recursos se faz mais presente nas falas dos
professores das salas de recursos.

P-8: Sim, diversos, como computador completo, tesouras,


softwares, materiais da sala de recursos e etc.

P-15: Sim, materiais concretos (pedaggicos)

P-17: Na medida do possvel, visto que alguns recursos ainda


so escassos em nossas escolas.

Outro dado importante foi a resposta de um dos professores que mesmo


descrevendo que faz uso de alguns materiais, acabou respondendo que no faz
uso da tecnologia assistiva por desconhecer os programas de computadores
educacionais existentes. Mais uma vez ratificando a formao inicial e continuada
ineficiente oferecida aos professores a respeito desses recursos, fazendo com
que eles faam uso do material de forma naturalizada pelo cotidiano da prtica
escolar e no por conhecimento dos recursos.

40
P-16: Se pensarmos em tecnologia, fazemos uso de datashow,
computadores e DVD, mas programas especficos de
computadores no. Isso ocorre por falta de conhecimento.

Quando questionado se durante a formao dos professores foi mencionado


o uso da tecnologia assistiva como ferramenta para auxiliar o atendimento ao
aluno pblico alvo da educao especial, foi obtido o seguinte resultado:

18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sim No

Figura 15 Meno sobre o uso da tecnologia assistiva durante a formao dos


professores

possvel observar que h uma diferena de apenas cinco professores


entre os que fazem uso da tecnologia assistiva (16 professores) para os que no
fazem uso de tal recurso (11 professores). Foi possvel destacar nas respostas
apresentadas que em alguns casos o conhecimento foi passado, mas no com a
nomenclatura de tecnologia assistiva. P-20: Na minha formao, h dez anos, foi
mencionado o uso de material de suporte, mas no com a nomenclatura de
tecnologia assistiva.. E, para, alguns apenas perto do trmino de suas formaes
e de forma superficial. P-21: Sim, mas pouco aprofundado, e ocorrendo apenas
nos anos finais de minha formao..
J sobre o oferecimento de formao continuada por parte do municpio, foi
obtido como resultado que:

41
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sim No

Figura 16 Oferta da formao continuada

Destaca-se que o sim fica na frente com apenas cinco professores, embora
alguns professores escrevam em suas respostas que o municpio vem oferecendo
palestras e oficinas, os mesmos, no consideram tais atividades como fazendo
parte de uma formao continuada. P-24: Formao continuada no. O que
tivemos so palestras especficas. Outros relatam que o municpio vem
comeando a realizar essas formaes: P-14 Estamos iniciando agora com
oficinas e alguns cursos oferecidos. Seria interessante oferecer para os cursos
um curso de ps em AEE

4.2.3 PERSPECTIVAS COM A REALIZAO DAS OFICINAS


Sobre o que os professores esperavam aprender com as oficinas, os
mesmos destacam a aquisio de novos conhecimentos para suprir as
necessidades educacionais dos alunos pblico alvo da educao especial e o
conhecimento prtico para o uso dos softwares.

P-1: Vrias sugestes de como trabalhar com o aluno.

P-5: Diferentes estratgias para alcanar o aluno em suas vrias


particularidades

P-6: Aprender como aplicar bem a tecnologia assistiva com


possveis alunos com deficiencias/superdotao, levando-as a
uma prendizagem significativa.

E por ltimo, quando questionados sobre o que esperam do Guia de

42
Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da Tecnologia
Assistiva, os mesmos apontam para a orientao e o aprendizado para o uso de
tais ferramentas.

P-1: Espero que mostre vrios meios de alcanar os objetivos,


com as crianas que apresentem dificuldades (deficincia).

P-12: Espero obter informaes para utilizar melhor os recursos e


ter outras fontes de pesquisa para nortear melhor o trabalho.

P-18: Que ele seja um grande suporte no ensino da educao


inclusiva, porque tanto os professores quanto os alunos sero
beneficiados.

P-24:Aprender o passo-a-passo para prtica com os alunos em


sala de aula, pois sinto falta de uma formao mais especica, que
nos mostre como podemos fazer uso desses materiais.

4.3 RESULTADOS APRESENTADOS NO PS-TESTE


Antes de darmos incio analise do ps-teste, importante destacar que
dos 27 professores que iniciaram a pesquisa, trs no proseguiram, por motivo
deconhecido, porm o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido garantia a
saida dos mesmos em qualquer momento da pesquisa (Apndice-1). Ou seja,
foram realizadas as anlises de 24 quetionrios da etapa do ps-teste.

4.3.1 CONHECIMENTO A RESPEITO DOS SOFTWARES APRESENTADOS


Como primeiro dado a respeito dos conhecimentos sobre os softwares
apresentandos nas oficinas, foi questionado aos professores a respeito de quais
eles j tinham ouvido falar em algum momento. Obteve-se como resultado que:

43
14

12

10

0
ABC do LetMe Talk Dosvox Editor Livre de Braille Fcil Nenhum
Sebran Pranchas

Figura 17 Softwares que os professores j tinham ouvido falar antes das oficinas

Do quantitativo de 17 professoes, que j tinham ouvdo falar de algum dos


softwares: o Dosvox foi o mais foi citado (12 professores), seguidos pelo Braille
Fcil (oito professores), o ABC do Sebran (sete professores), o Editor Livre de
Pranchas (dois professores) e por ltimo o.LetMe Talk com apenas um professor.
Dos 24 pofessores que participaram desta etapa da pesquisa, seis dizeram
que no conheciam nenhum dos softwares apresentados, ou seja 25% dos
entrevistados. Pois, durante a realizao das oficinas, foi possivel observar nos
discursos dos professores, que eles no aprenderam durante as suas formaes
a fazer uso desses recursos, como na fala a seguir

Eu at ouvi falar da tecnologia assistiva durante minha formao,


mas essa informao veio muito superficial e ningum chegou a
apresent-las para ns como vocs (pesquisadora e equipe da
Secretaria Municipal de Educao) esto fazendo aqui. (fala de
um dos professores durante a realizao da oficina)

Este dado vem mais uma vez a reafirmar a importncia de nossa pesquisa,
pois alguns dos softwares, como o Dosvox, so ferramentas muito usadas pelas
pessoas com deficincia.
J quando perguntados sobre os softwares que j faziam uso antes da
realizao da oficina, os professores apontaram:

44
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
ABC do LetMe Talk Dosvox Editor Livre de Braille Fcil Nenhum
Sebran Pranchas

Figura 18 Softwares que os professores j faziam uso antes das oficinas

Dos sete professores que disseram fazer uso de alguns dos softwares
apresentados: o Dosvox aparece em primeiro lugar com seis professores seguido
do ABC do Sebran com quatro professores e em ltimo o LetMe Talk que no
chegou a ser mencionado por nenum dos professores neste item.

4.3.2 CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS A PARTIR DAS OFICINAS


Com o trmino da oficina, foi questionado o que eles passaram a entender
sobre Tecnologia Assistiva, e pudemos observar desta vez (a mesma pergunta foi
realizada no pr-teste) que as respostas apresentadas apontavam no apenas
para o uso da tecnologia voltada para a educao, mais sim para um artefato que
visa proporcionar as pessoas com necessidades especiais uma melhor
autonomia. Embora a ligao da tecnologia assistiva tenha sido identificada
tambm na rea educacional.

P-9: So recursos tecnolgicos que auxiliam as necessidades


especiais, inclusive a educacional, dando a essas pessoas uma
maior autonomia.

P-13: Todo recurso ou adaptao capaz de auxiliar ou mesmo


tornar possvel uma determinada tarefa por parte da pessoa com
deficincia.

45
P-17: So recursos e servios que nos auxiliam a ampliar as
habilidades funcionais de pessoas com deficincia, promover
maior independncia para elas.

A respeito dos recursos de tecnologia assistiva servirem para auxiliar no


processo de ensino e aprendizagem dos alunos pblico alvo da educao
especial, todos os professores apontaram que acreditam sim o seu uso podem
auxiliar seus alunos. Pois tais recursos envolvem um leque grande de ferramentas
que podem ser utilizados na busca do desenvolvimento de seus alunos.

P-11: Sim e muito. Pois, os recursos so diversos e muito


interessantes, com certeza auxiliar no meu trabalho melhorando
a minha prtica pedaggica e trazendo motivao e interesse para
meus alunos.

P-22: Com certeza. Como j tinha mencionado a tecnologia


assistiva uma excelente ferramenta para amenizar a distncia
entre alunos com necessidades especiais e os que no tm.

4.3.3 PERSPECTIVAS SOBRE O GUIA DE PRODUO DE MATERIAIS


DIDTICOS ACESSVEIS A PARTIR DO USO DA TECNOLOGIA
ASSISTIVA
O ltimo item abortado no ps-teste era sobre as perspectivas para com o
guia, onde eram feitas duas perguntas. A primeira era a respeito de quais
softwares os professores acreditavam que mais fariam durante sua prtica
pedaggica. Nela os professores destacaram:

46
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
ABC do Sebran Braille Fcil Dosvox Editor Livre de LetMe Talk
Prancha

Figura 19 Softwares que os professores acreditam que mais iro utilizar

possivel observar pelo grfico acima, que os mais citados pelos


professores forma:
ABC do Sebram Por se tratar de um jogo que contm jogos educativos;
Dosvox Que alm de ser utilizado pelos alunos com deficiencia visual,
apresenta jogos que podem ser utilizados com os demais pblicos da
educao especial.

P-1: Os programas que sero mais utilizados so o ABC do


Sebran e o Dosvox, por que apresentam atividades ldicas, como
jogos e etc.

P-2: Penso ser este (Dosvox) o mais completo, que atende a


diversidade de alunos que possuo.

P-3: Sou apaixonada por tecnologia, por isso tudo que conheo
aplico em minhas atividades dirias.

Tambm destacamos aqui algumas falas feitas durante a apresentao dos


softwares e do guia, apontando o ABC do Sebran e o Dosvox como os que mais
seriam utilizados por eles.

Adorei o ABC de Sebran, j me vejo fazendo o uso dele para


atender meus alunos com deficiencia intelectual. Achei muito legal
ele apresentar graus de dificuladade assim posso ir avaliando se o
meu aluno est assimilando o contedo e caso eu perceba que

47
ele ainda no est preparado para aquele nivel do jogo s eu
voltar para o nivel anterior. (fala de um dos professores durante a
realizao da oficina)

Eu no sabia que o Dosvox poderia ser utilizado com alunos que


no tivessem Deficincia Visual, para mim ele s era um leitor de
tela. Gostei dos joguinhos, vou utiliza-los com os meus alunos!
(fala de um dos professores durante a realizao da oficina)

H tambm respostas que clamam a ateno por destacarem que os


programas escolhidos podem, alm de serem usados com os alunos pblico alvo
da educao especial, serem utilizados tambm pelos alunos que no fazem
parte desta clientela. Apontando que o guia tambm poder ser utilizado pelos
professores de classes regulares que no atuam com alunos com deficiencias,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao.
Como a fala apresentada pelo, P-3: Chamam ateno (ABC do Sebran e
Dosvox) dos alunos que no possuem necessidades especiais, podendo ser
usada durante as aulas no cotidiano escolar.
importante resaltar que embora o LetMe Talk, no tenha sido muito
mencionado pelos professores, foi o que mais chamou muito a ateno dos
mesmos por se tratar de uma tecnologia que embora tenha sido apresentada para
o uso em tablets, tambm pode ser utilizada em aparelhos do tipo Android, ou
seja, alguns aparelhos celulares; tornando-se assim uma ferramenta que pode ser
usada com o objetivo de dar voz aos alunos que no conseguem se comunicar.
Esse fato chamou a ateno dos professores, que acabaram identificando que o
material poderia ser utilizado inclusive pelos responsveis dos seus alunos.
Tal comportamento ficou ainda mais claro quando durante a apresentao
do aplicativo, observamos que alguns professores pegavam seus celulares para
tentar baixar o mesmo. Demostrando assim a aceitao para com o aplicativo
escolhido.

Achei bem interessante o programa LetMe Talk. Aqui na


secretaria ns recebemos alguns tablets que vo poder ser
utilizados com os alunos que no conseguem se comunicar e at
mesmo ensinar para os responsveis, j que a maioria das
pessoas hoje em dia tem esse tipo de celular. Muito legal mesmo!
(fala de um dos professores durante a realizao da oficina)

O que mais me chamou ateno no LetMe Talk foi o fato dele

48
poder ser utilizado em celulares, isso me faz pensar que podemos
apresenta-lo para os pais dos nossos alunos que no conseguem
se comunicar, para que eles usem com seus filhos em casa
tambm. (fala de um dos professores durante a realizao da
oficina)

J a segunda pergunta perguntava se para eles havia algum recurso que


poderia fazer parte do guia, ou seja, questionava se ele haviam sentido falata de
algum sofware no guia. Para essa pergunta os professores que se sentiam
satisfeitos com os programas apresentados.

P-12: Todos os recursos apresentados foram de valiosa


importancia para a minha prtica pedaggica.

P-21: Acredito que todos tenham sido apresentados de acordo


com a nossa necessidade.

49
5 DISCUSSO
5.1 PRIMEIRA OFICINA: APRESENTAO DA TECNOLOGIA
ASSISTIVA
A primeira oficina se iniciou com a apresentao da ementa e com a entrega
de um questionrio pr-teste, composto de oito perguntas (sobre os seus
conhecimentos a respeito da tecnologia assistiva, sua formao, sua atuao
profissional e sua expectativa com o Guia de Produo de Material Acessvel a
partir do uso da Tecnologia Assistiva) e uma breve identificao (nome, idade,
formao, tempo de magistrio e e-mail). Visando realizar uma investigao
prvia com os participantes a respeito dos conhecimentos j existentes sobre o
uso de tais recursos no processo de ensino e aprendizado dos educando com
deficincias, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotao.
Ao final desta etapa deu-se incio a apresentao de um Power Point sobre
a tecnologia assistiva e a entrega de um material impresso que contava com uma
lista das principais legislaes a respeito do atendimento educacional
especializado e da tecnologia assistiva, intitulado Material Oficina 1 Teoria
(Apndice-3). Sendo importante destacar que durante a realizao da oficina, foi
estimulada a participao dos professores e que a mesma foi devidamente
gravada em udio para que pudesse ser realizada uma anlise no apenas do
questionrio, mas tambm de suas falas. E, ao final, foi solicitado que os
participantes realizassem uma avaliao da oficina, apontando assim, os pontos
positivos e negativos da mesma.

Figura 20 1 Oficina: Palestra sobre Tecnologia Assistiva

50
Ao iniciarmos a discusso a respeito dos dados obtidos no pr-teste, foi
possvel observar que no item referente a apresentao dos professores que os
mais destacaram a falta de conhecimento sobre a tecnologia assistiva, foram os
professores que atuavam a mais de 10 anos no magistrio. Tal caracterstica
pode ser entendida pelo fato dessa discusso ainda ser recente no Brasil. Pois,
segundo Bersch (2013, p.02-03), somente em 2006 a Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidncia da Repblica - SEDH/PR, constituiu atravs da
portaria n 142, o Comit de Ajudas Tcnicas - CAT, que tinha como objetivos
principais: (a) apresentar propostas de polticas governamentais e parcerias entre
a sociedade civil e rgos pblicos referentes rea de tecnologia assistiva; (b)
estruturar as diretrizes da rea de conhecimento; (c) realizar levantamento dos
recursos humanos que atualmente trabalham com o tema; (d) detectar os centros
regionais de referncia, objetivando a formao de rede nacional integrada; (e)
estimular nas esferas federal, estadual, municipal, a criao de centros de
referncia; (f) propor a criao de cursos na rea de tecnologia assistiva, bem
como o desenvolvimento de outras aes com o objetivo de formar recursos
humanos qualificados e propor a elaborao de estudos e pesquisas,
relacionados com o tema da tecnologia assistiva.
J a respeito do tempo de atuao desses profissionais com os alunos pbico
alvo da educao especial, chamou ateno durante os depoimentos dos
professores na oficina, foi o fato de que alguns deles sentirem-se inseguros para
a realizao do atendimento a essa clientela. Esse tipo de fala reafirma a
importncia da realizao desse estudo, pois demostra a insegurana que os
profissionais muitas vezes sentem quando se veem na necessitade de atenderem
os alunos pblico alvo da educao especial.
Estudos do ONEESP tambm relatam essa insegurana por parte dos
professores, como exposto por Silva, Tartuci & Deus (2014, p.10) ao falarem da
inquietao dos professores (...)mostra um desconhecimento sobre o que a
legislao regulamenta sobre seu papel e sua atuao no atendimento
educacional especializado. A falta de esclarecimento gera um sentimento de
insegurana e de incerteza.
Atravs dos dados apresentados, observou-se um nmero considervel de
alunos atendidos pelos professores classificados com Transtornos Globais do
Desenvolvimento (23 professores num total de 27) e que segundo Lopes-Herrera

51
& Almeida (2008) pode est relacionado ao fato de que

(...)seu diagnstico basicamente clnico, isto , realizado por


meio de observaes comportamentais e anlise do histrico do
indivduo e no por intermdio de exames laboratoriais - exceo
feita quando aparece associado outra condio.

Ou seja, a avaliao desses alunos ocorre mais por meio de observaes,


exigindo por tanto que os profissionais que fazem essa avaliao tenham uma
formao mais especfica. Levantando a suspeita sobre como so realizados os
diagnsticos desses alunos e portanto a formao dos profissionais da educao
e tambm os da sade. Pois, segundo estudos apresentados por Hher &
Wagner (2006), os profissionais da sade no se encontram preparados para as
situaes de fornecer o diagnstico para os pais de crianas com necessidades
especiais. Isso se explica, a partir da fala dos entrevistados, pelo fato de que no
h, desde as bases da formao em sade, um enfoque para essa questo, que
acaba ficando em segundo plano.
Mais um dado importante foi a definio de tecnologia assistiva apresentada
pelos professores serem bem semelhantes ao verdadeiro conceito de tais
recursos, principalmente tendo em vista que ao responder esse questionrio a
pesquisadora ainda no havia realizado nenhuma comentrio sobre os mesmos.
Levando-nos a refletir que embora parte dos professores tenha definido o
conceito tecnologia assistiva, eles nem sempre fazem uso de tais recursos, seja
por falta de conhecimento para o seu uso ou por falta dos recursos.
Ressalta-se tambm que algumas definies apresentadas vincularam-se a
tecnologia assistiva voltada para o computador, descritas por Hasselbring &
Bausch (2005, p.72), como as de alta tecnologia. Enquanto as de baixa tecnologia
foram pouco mencionadas por eles. Isso pode ter ocorrido devido o fato da
palavra tecnologia estar relacionado no nosso imaginrio ao uso de ferramentas
tecnolgicas e da oficina ter sido para apresentar alguns softwares educacionais,
pois quando eles foram convidados a participar das oficinas, a Secretaria
Municipal de Educao de Rio das Flres apresentou uma breve descrio da
mesma para os professores.
Sobre o uso dos recursos de tecnologia assistiva importante destacar que
isso vai depende do seu oferecimento, ou seja, da presena desses recursos nos

52
ambientes escolares, nos levando a pensar sobre o que estabelecido no
Decreto n 5296/04 (BRASIL, 2004), que estabelece em seu art. 65, inciso IV, que
caber ao poder pblico viabilizar estabelecimento de parcerias com escolas e
centros de educao profissional, centros de ensino universitrios e de pesquisa,
no sentido de incrementar a formao de profissionais na rea de ajudas
tcnicas, e, do Decreto 3298/99 (BRASIL, 1999), que descreve em seu art. 7,
inciso IV, como sendo um dos objetivos da Poltica Nacional para a Integrao da
Pessoa Portadora de Deficincia a formao de recursos humanos para
atendimento da pessoa portadora de deficincia. Ou seja, proporcionar as
instituies oportunidades para o oferecimento de formaes a respeito do uso da
tecnologia assistiva.
Outro dado observado nos questionrios foi a resposta de um professor que
mesmo respondendo que faziam uso de alguns materiais (DVD, datashow),
acabou respondendo que no fazia uso da tecnologia assistiva, por entender que
tais recursos estavam ligados ao uso de programas.
Assim como a resposta apresentada acima, outras tambm vieram a
demonstrar a falta de uma formao inicial e continuada adequada que trate
sobre os tipos de tecnologia assistiva que podem ser utilizadas no atendimento
aos alunos pblico alvo da educao especial. Esse dado chama ateno, pois a
Resoluo n 04, sobre as Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Educacional Especializado na Educao Bsica, modalidade Educao Especial
(BRASIL, 2009), que descreve em seu art. 13, inciso VII, que cabe ao professor
ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais
dos alunos, promovendo autonomia e participao..
importante destacar que embora aponte a obrigao do professor em
utilizar tais recursos de forma adequada, a LDBEN 9.394 (BRASIL, 1996),
estabelece que

Art. 67. Os sistemas de ensino promovero a valorizao dos


profissionais da educao, assegurando-lhes, inclusive nos
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistrio
pblico:
(...)II - aperfeioamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento peridico remunerado para esse fim;

Sobre o fato dos professores fazem uso da tecnologia assistiva, 11

53
professores responderam que no o fazem. Isso nos leva a pensar a respeito dos
objetivos do atendimento educacional especializado e que nem sempre eles so
alcanados, pois de acordo com o Decreto n 7.611/11 (BRASIL, 2011), em seu
Art. 3, so objetivos de tal atendimento

I - prover condies de acesso, participao e aprendizagem no


ensino regular e garantir servios de apoio especializados de
acordo com as necessidades individuais dos estudantes;
II - garantir a transversalidade das aes da educao especial no
ensino regular;
III - fomentar o desenvolvimento de recursos didticos e
pedaggicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e
aprendizagem; e
IV - assegurar condies para a continuidade de estudos nos
demais nveis, etapas e modalidades de ensino.

Alm de pensarmos sobre qual metodologia est sendo utilizada pelos


professores durante o processo de ensino e aprendizagem dos seus alunos. Por
isso, para que tal processo seja eficaz se faz necessrio que o professor obtenha
uma formao inicial e continuada que seja voltada para a educao especial,
criando um espao de anlise, investigao e debate sobre problemas concretos,
inerentes problemtica da adaptao do currculo nacional a diferentes nveis.

O trabalho pedaggico precisa contribuir para que os alunos com


necessidades educativas especiais tenham a oportunidade de
estruturar sua relao com o conhecimento de maneira a
tornarem-se ntegros enquanto indivduos e enquanto classe
(FERNANDES; et al, 2009, p. 7).

Outro dado importante e que no deve ser esquecido, ao pensarmos nos


profissionais que atuma na sala de recurso, que a Poltica Nacional de
Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva (BRASIL, 2007, p. 11-
12), estabelece que

Para atuar na educao especial, o professor deve ter como base


da sua formao, inicial e continuada, conhecimentos gerais para
o exerccio da docncia e conhecimentos especficos da rea.
Essa formao possibilita a sua atuao no atendimento
educacional especializado, aprofunda o carter interativo e
interdisciplinar da atuao nas salas comuns do ensino regular,
nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional
especializado, nos ncleos de acessibilidade das instituies de
educao superior, nas classes hospitalares e nos ambientes

54
domiciliares, para a oferta dos servios e recursos de educao
especial.
Para assegurar a intersetorialidade na implementao das
polticas pblicas a formao deve contemplar conhecimentos de
gesto de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o
desenvolvimento de projetos em parceria com outras reas,
visando acessibilidade arquitetnica, os atendimentos de sade,
a promoo de aes de assistncia social, trabalho e justia.

Para finalizar esta etapa da discusso os professores apresentaram o que


esperam com o Guia de Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do
uso da Tecnologia Assistiva, e observou-se atravs de seus discursos que os
mesmos tm anseio em aprender sobre os recursos da tecnologia assitivas.
Muitos ainda destacaram que a formao adquirida nas oficinas iriam benificiar
no apenas os alunos, mas tambm os professores que passariam a observar as
potencialidades de seus alunos. Ou seja, os professores esperam que o Guia
possa realmente ser uma ferramenta para auxili-los no atendimento de seus
alunos pblico alvo da educao especial.

5.2 SEGUNDA OFICINA: APRESENTAO DOS SOFTWARES


A segunda oficina aconteceu na sala de informtica da Escola Estadual
Municipalizada Nephtalina Carvalho vila, com a apresentao de slides com os
softwares utilizados e do manuseio dos mesmos pelos professores. Sendo
importante destacar, que, assim, como na oficina anterior, foi estimulada a
participao dos professores e que a mesma foi devidamente gravada em udio
para que pudesse ser realizada uma anlise no apenas do questionrio, mas
tambm de suas falas. E, que, ao final da oficina foi solicitado que os participantes
fizessem uma breve avaliao da mesma, apontando seus pontos positivos e
negativos da mesma.
importante destacar que os softwares utilizados foram escolhidos de
maneira que pudemos atender os diferentes alunos pblico alvo da educao
especial. Alm do fato de todos eles serem gratuitos, visando assim estimular os
professores a fazerem o uso dos programas atravs da garantia ao acesso livre.
Deixando claro inclusive que tais programas podem ser instalados pelos
professores no apenas nos computadores das escolas como tambm em seus
computadores particulares.

55
Figura 21 2 Oficina: Apresentao dos softwares

Um dado importante apresentado nesta etapa da pesquisa foi a necessidade


de que o guia contasse com uma breve explicao a respeito do Sistema Braille,
pois quando se apresentou o software Braille Fcil, alguns professores
evidenciaram no ter conhecimento sobre ele. Mais uma vez demonstrando que a
formao oferecida aos professores ainda no est direcionada a uma formao
que vise incluso dos alunos pblico alvo da educao especial.

5.3 SEGUNDA OFICINA: APRESENTAO DO GUIA


A ltima oficina, como j foi mencionada neste estudo, teve como meta
apresentar aos professores o Guia de Produo de Materiais Didticos
Acessveis a partir do uso da Tecnologia Assistiva. A mesma tambm ocorreu na
sala de informtica da Escola Estadual Municipalizada Nephtalina Carvalho vila,
onde alm de assistirem a apresentao do Guia atravs do Power Point no
Projetor de Tela foi ainda apresentado o software Dosvox, pois na oficina anterior
tal programa no conseguiu ser apresentado devido ao tempo. Porm,
importante destacar que embora as oficinas tivessem sido previamente
elaboradas a mesma era adequada s demandas apresentadas pelos
professores, podendo ser alterada a partir da avaliao da pesquisadora
juntamente com sua orientadora. E que mesmo com a apresentao do Dosvox
ocorrendo no dia da apresentao do Guia, os professores no destacaram
nenhuma mudana que pudesse ser realizada nele.
Aps esta etapa foi solicitado que os professores respondessem um
questionrio ps-teste composto de seis perguntas, sendo trs abertas e trs

56
fechadas e que tratavam dos programas apresentados e do conhecimento
adquirido a respeito da tecnologia assistiva. Como primeiro dado para discutir
aqui, tivemos o fato de que embora alguns professores tenham respondido que j
conheciam alguns dos softwares apresentados, o mesmo no aconteceu quando
questionados sobre o uso que eles j faziam a respeito de tais recursos.
Apontando que nem sempre ter conhecimento sobre determinado assunto, no
caso aqui da tecnologia assistiva, significa que o seu uso estar garantido. Pois,
muitas vezes esses conhecimentos so apenas tericos e no prticos.

(...)h a necessidade de uma formao que amplie a viso de


mundo e de conhecimento dos professores, que promovam
prticas que superem o paradigma da excluso, se que isso
ser possvel. De modo geral, preciso um professor qualificado
para responder, s demandas escolares, pois a incluso escolar,
resguardados seus princpios e polticas, ocorre na relao entre o
professor e o aluno, pela via da mediao para a socializao e a
construo do conhecimento. (MIRANDA & GALVO, 2014, p.14)

J quando questionados a respeito dos recursos de tecnologia assistiva


servirem para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos alunos pblico
alvo da educao especial, os professores salientaram que acreditam que sim.
Esses dados vm a corroborar com os estudos apresentados pelo ONNESP,
quando Miranda & Galvo (2014, p.12), que destacam a necessidade dos
professores que atuam com os alunos pblico alvo da educao especial em
estarem sempre em formao, deva se dar porque eles (os professores) precisam
ter conhecimentos especficos sobre sua clientela e sobre os materiais destinados
a cada uma delas. Assim, durante o atendimento, esses alunos possam:
(...)contar com o auxlio de recursos de tecnologia assistiva, material pedaggico
adaptado, mobilirio adequado, dentre outros. Tudo na tentativa de se contribuir
com a eliminao de barreiras funcionais, promovendo a participao dos alunos
nas atividades propostas.
Outro item que chamou ateno da pesquisadora durante a realizao da
oficina foi a importncia do dilogo entre a universidade com a sociedade, aqui
representada pelos professores, no sentido de promover a conscientizao dos
professores por meio de uma formao inicial e continuada que proporcione o
desenvolvimento da sensibilidade docente, da percepo e identificao dos
alunos com deficincias, transtornos globais do desenvolvimento e altas

57
habilidades ou superdotao, pblico para alm de suas necessidades
educacionais especiais, no reconhecimento das diferenas e singularidades dos
indivduos.
Por ltimo importante ressaltar que os professores demostravam grande
espectativa para com o guia e que sentiam-se comtemplatos com os softwares
apresentados.

58
6 CONSIDERAES FINAIS
Ao analisar as polticas pblicas e as leis referentes ao sistema educacional,
percebeu-se que nem sempre as aes pblicas condizem com as legislaes
vigentes no Brasil, como podemos observar nas pesquisas realizadas pelo
ONEESP ANJOS et al. (2014), Milanesi & Mendes (2014), Miranda & Galvo
(2014) e Mendes, Hostins & Rocha (2014) e que nosso estudo corrobora neste
sentido.
No possamos negar que ao longo da histria houve avanos na incluso
no apenas escolar como tambm social das pessoas com necessidades
especiais. Entretanto, ainda h um longo caminho a ser percorrido para que
tenhamos o atendimento ideal destes alunos nas escolas regulares.
A metodologia utilizada neste estudo mostrou-se adequada e conexa aos
objetivos traados, que requeriam buscar solues para os problemas
apresentados pela pesquisa, atravs de uma atuao dinmica, com a interao
entre os sujeitos e a pesquisadora. Para isso, preocupou-se que esta interao
ocorresse de forma que respeitasse o carter neutro da pesquisa e da coleta de
dados, distinguindo-a de uma simples interveno.
Ao analisarmos o Municpio de Rio de Flores, no que se refere Educao
Especial, verificou-se que o municpio vem buscando atender a legislao
brasileira, oferecendo aos alunos pblico alvo da educao a educao especial,
atravs do CAPNEE com 38 alunos, e do atendimento educacional especializado
nas salas de recursos, com o atendimento de mais 25 alunos. Alm de buscar
parceria com universidades, com o objetivo de oferecer a seus professores uma
formao continuada que dialogue entre a teoria e a prtica.
Foi verificado, tambm, que as principais demandas dos professores deste
municpio estavam direcionadas ao atendimento educacional especializado aos
alunos pblico alvo da educao especial, e que a utilizao da tecnologia
assistiva poderia ser utilizada como uma ferramenta importante no processo de
ensino aprendizado desses alunos. E, a partir de ento, detectou-se que o
Municpio de Rio das Flres seria um local relevante para a realizao desta
pesquisa, pois iramos atender as necessidades apresentadas pela Secretaria
Municipal de Educao e seus professores.
Com relao s analises feitas a partir dos encontros e das oficinas,

59
observamos com as respostas dadas nos questionrios (pr-teste e ps-teste) e
as falas dos professores durante as oficinas e no contato com os gestores da
educao especial, que os professores sentem falta de uma formao inicial e
continuada que trate das demandas apresentada pelos alunos pblico alvo da
educao especial, e, em particular do uso da tecnologia assistiva, ou seja, uma
formao na perspectiva da incluso. Pois, o uso de tal recurso de extrema
importncia para o processo de ensino e aprendizado desses alunos e que esse
conhecimento muitas vezes s possvel ser adquirido atravs de uma formao
continuada, tendo em vista que as instituies de ensino nem sempre tratam
desta temtica.
Os professores apontaram que quanto tecnologia assistiva eles tm
interesse em conhec-las melhor, pois eles entendem que tais recursos so
ferramentas importantes no processo de ensino e aprendizagem dos seus alunos
pblico alvo da educao a educao especial, e, que, inclusive podem ser
utilizados com os demais alunos. Isso demonstra que embora o conhecimento
oferecido na oficina fosse para o atendimento ao aluno pblico alvo da educao
especial, grande parte dos softwares apresentados poderiam ser utilizados com
os demais alunos da escola regular.
Observamos ainda que a partir das apresentaes realizadas sobre a
tecnologia assistiva e dos softwares, os professores se sentiram mais seguros
quanto sua utilizao, e a surpresa quando foi mencionado que todos os
softwares utilizados no Guia eram gratuitos e encontrava-se facilmente a
disposio na internet. Isso acaba fazendo que os mesmos percebam que a
formao continuada no apenas uma obrigao do estado em oferecer, mas
tambm do professor em buscar tal conhecimento.
Para tal, indispensvel sensibilizar-se por meio de um olhar diferenciado,
sobre os alunos e sobre a prpria formao, de maneira mais humana e
consciente, contribuindo no acesso ao conhecimento dos alunos. Apresentando-
lhes questes acerca dos seus direitos, reconhecidos por Leis, a fim de combater
prticas segregadoras vivenciadas historicamente. Essa sensibilizao, foi
possvel ser vista durante todo o processo, fosse atravs da preocupao das
gestoras com a temtica abordada, fosse pela participao efetiva dos
professores, atravs de perguntas e angustias para com o real desenvolvimento
de seus alunos. Pois, segundo Fernandes et al (2009)

60
(...) o processo de incluso s ir acontecer efetivamente quando
os alunos com necessidades educativas especiais estiverem em
sala. No se aprende lendo ou estudando, mas fazendo,
praticando, isto atravs de uma educao que ajude a
transformar a sociedade em algo mais solidrio.

Sobre as perspectivas para com esse estudo, espera-se que o Guia de


Produo de Materiais Didticos Acessveis a partir do uso da Tecnologia
Assistiva venha a se tornar uma importante ferramenta para o atendimento aos
alunos pblico alvo da educao especial. Destacando que a pesquisadora
juntamente com a sua orientadora tm o desejo de distribu-los no somente para
os professores de Rio das Flres, como para outras prefeituras e setores, a fim de
disseminar o conhecimento presente no guia.
Espera-se ainda que o guia sirva para desmistificar a complexidade do uso
os recursos da tecnologia assistiva e que seja utilizado, com: compromisso,
conscincia e preparo por parte dos professores. Este recurso pode trazer
benefcios para o aluno, quebrando rtulos, quer apontados pela dificuldade dos
alunos, quer pela ignorncia dos professores.
A pesquisadora pretende tambm dar continuidade em seus estudos a
respeito da tecnologia assistiva e na busca por novos softwares que possam ser
utilizados com os alunos pblico alvo da educao especial, em particular os
softwares livres que do mais autonomia aos professores. Pois, os programas
entregues nos kits da sala de recursos do MEC so pagos, como o Boardmaker,
citado aqui neste trabalho, que alm de ser pago necessrio estar com o CD
dentro do computador para funcionar.
Para terminar este estudo, a pesquisadora deseja deixar para reflexo dos
leitores deste material, uma citao de Paulo Freire (1996, p.59), que nos leva a
pensar sobre o papel do professor e que o mesmo tenha uma viso libertadora do
conhecimento, e que busque valorizar as experincias trazidas por cada
indivduo. Como professor no me possvel ajudar o educando a superar sua
ignorncia se no supero permanentemente a minha. No posso ensinar o que
no sei.

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68
8 APNDICES E ANEXOS
8.1 APNDICES
8.1.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

69
8.1.2 EMENTA DAS OFICINAS

70
71
8.1.3 MATERIAL OFICINA 1 - TEORIA

72
73
8.1.4 PR-TESTE

74
8.1.5 PS-TESTE

75
8.1.6 SUMRIO DO GUIA DE PRODUO DE MATERIAIS DIDTICOS
ACESSVEIS A PARTIR DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA

76
8.2 ANEXO
8.2.1 PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

77
78
79

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