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ROGÉRIO PAODJUENAS
JOÃO PESSOA – PB
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ROGÉRIO PAODJUENAS
JOÃO PESSOA – PB
2018
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
UFPB/BC
DEDICATÓRIA
Figura 3. Partes que mais se destacaram na categoria alimento, feitas pelas comunidades
rurais Capivara, Coelho, São Francisco, Santa Rita e Várzea Alegre Cariri do semiárido
Paraibano (Nordeste do Brasil) ................................................................................................ 36
LISTA DE TABELAS
Tabela 2: Categorias de uso do umbuzeiro citadas pelos moradores das comunidades rurais
de Capivara, Coelho, Santa Rita, São Francisco e Várzea (Nordeste do Brasil) ..................... 33
Tabela 4. Categorias de uso e número de citações por homens e por mulheres nas
comunidades de Capivara, Coelho, São Francisco, Santa Rita e Várzea Alegre .................... 38
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... 4
ABSTRACT .............................................................................................................................. 5
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 19
ARTIGO .................................................................................................................................. 20
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 20
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 37
11
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
(2015), que relataram usos alimentícios para humanos e animais, uso como combustível,
principalmente como lenha, na construção de cercas, currais, casas e tecnologia, como cabo
de ferramentas. Além disso, usos medicinais, veneno abortivo e veterinário, utilizando a
casca, caule, folhas, frutos e raízes, apresentando-se como uma das espécies mais versáteis do
semiárido brasileiro, o que foi verificado por Nunes et al. (2016).
Lima et al. (2016), registraram uso como combustível e Gonzaga, França e Melo
(2016) registraram uso medicinal. Ademais, Nascimento, Nogueira e Cavalcante (2016),
mencionaram as folhas do umbuzeiro como suplemento alimentar para caprinos, com foco em
controle parasitário, pois estes impedem o ganho de peso, o que foi corroborado com Nunes et
al. (2016), que registraram o mesmo uso na alimentação animal. Além disso Nunes et al.
(2018), registraram o uso predominantemente alimentício do umbuzeiro (S. tuberosa Arruda),
sendo a fruta a parte mais consumida, sob a forma in natura, inclusive, na mesma comunidade
em Várzea Alegre, além de comunidades nos municípios de Lagoa e Itaporanga, todas na
Paraíba.
A partir destes muitos resultados das pesquisas etnobotânicas em que a espécie
sempre é citada para usos medicinais, alimentícios etc., outras áreas da pesquisa científica
vêm estudando com critérios específicos, como por exemplo, a atividade anti-inflamatória de
extrato das folhas de umbuzeiro em organismos vivos (DIAS et al., 2014), o potencial
antioxidante das folhas (UCHÔA et al., 2015; SIQUEIRA et al., 2016) e a extração de óleos
de cascas do tronco e folhas de umbuzeiro (GUIMARÃES et al.,., 2018), além da extração de
enzimas para utilização como adjuvantes em diferentes tipos de indústrias (PINTO et al.,
2015).
19
3 METODOLOGIA
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
A coleta dos dados etnobotânicos foi realizada, sendo visitadas 100% das
residências habitadas de cada comunidade. Os dados etnobotânicos foram obtidos através de
aplicações de formulários semiestruturados que continham perguntas sobre o conhecimento e
as formas de utilizações que os informantes faziam de S. tuberosa Arruda (ALBUQUERQUE;
ANDRADE 2002a;b).
Foram entrevistados todos os chefes de família (homem e mulher)
(ALBUQUERQUE et al., 2010) de cada residência, no intuito de comparar as diferentes
concepções entre os gêneros. Todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, que é solicitado pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de
Ética em Pesquisa (Resolução 196/96).
Este estudo também foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEP) do hospital Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba e
registrado com protocolo CEP/HULW nº 297/11, com folha de rosto nº 420134.
A espécie foi coletada, herborizada em campo, identificada e incorporada no
Herbário Jaime Coelho de Moraes (EAN) da Universidade Federal da Paraíba, no Centro de
Ciências Agrárias.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
alimentícios, tanto humanos como animais, como verificado em outros estudos (NUNES et
al., 2015; MERTENS et al., 2017).
As comparações das informações fornecidas por homens e mulheres evidenciam
que as categorias mais relevantes foram às mesmas para as comunidades, sendo elas:
alimentícia (146 citações), forragem (65 citações) e medicinal (20 citações) na cidade de
Cabaceiras. Em Remígio, as categorias que se destacaram foram a alimentícia (38 citações) e
forragem (13 citações). Na cidade de São Mamede, se destacaram as categorias alimentícia
(52 citações) e forragem (12 citações). Em Solânea, a categoria alimentícia obteve 154
citações, forragem 91 citações e sombra, 30 citações. Já na cidade do Congo se destacaram as
categorias alimentícia (136 citações) e forragem (40 citações de uso).
A literatura tem registrado o uso do umbuzeiro na alimentação humana, sendo
essa espécie uma das principais fontes potenciais de subsistência e renda para algumas
comunidades rurais do semiárido nordestino, sendo utilizadas principalmente para essa
finalidade os frutos e as folhas, como visto em outros estudos ao longo dos anos
(ALBUQUERQUE; ANDRADE, 2002; ALBUQUERQUE et al., 2005; ARÉVALO-MARÍN
et al., 2015).
Considerando o uso, podemos dizer que nas comunidades de Várzea Alegre e
Santa Rita, a categoria alimentícia obteve maior destaque, com 76,47 % e 65,38 %,
respectivamente e nas demais comunidades de Coelho (59,38 %), São Francisco (57,25 %) e
Capivara com 45,43 %. De forma mais detalhada, em Várzea Alegre a utilização do fruto in
natura esteve presente em 59,62 % das citações, precedendo a umbuzada com 15,38 %,
seguida pela fabricação do doce com 5,77 % e do suco com 3,85 %. Em relação ao tubérculo
(xilopódio), a utilização in natura deste tecido vegetal obteve 5,77 % das citações, seguindo a
produção do bolo com 3,85 %, doce, cocada e rapadura, apresentando 1,92 % cada.
Na comunidade de Santa Rita, a utilização do fruto in natura esteve presente em
38,97 % das citações, a umbuzada em 32,35 %, suco com 11,76 %, seguida pela fabricação do
doce com 2,94 % e picolé caseiro com 0,74 %. Em relação à utilização do tubérculo
(xilopódio), a fabricação do doce apresentou 6,62 % das citações, a cocada com 3,68 % e a
utilização in natura obteve 2,21 %.
Na categoria forragem, registraram-se apenas os usos das folhas e frutos,
representando as comunidades de Capivara (26,84 %), São Francisco (25,49 %), Coelho
(20,31 %). No uso madeireiro, a categoria combustível foi registrada nos preparos de lenha e
carvão, destacando-se Capivara (7,67 %), São Francisco (5,49 %), e Coelho (4,69 %), seguido
de Santa Rita (3,85 %) e Várzea Alegre (1,47 %).
28
lenha)
In natura, suco,
Alimento Fruto
umbuzada, doce;
Alimentação
Fruto
Forragem In natura;
Folha
Mágico
Completo Quintal; Mal olhado
religioso
Coelho Medicinal Madeira Lambedor; Tosse e gripe
Ornamental Completo Quintal; Ornamentação
Preparação
dos alimentos
Combustível Madeira Lenha;
(Fogão a
lenha)
Utilização
Tecnologia Madeira Cachimbo;
diversa
Doce, Umbuzada, In
Fruto
Alimento natura, suco, dindin; Alimentação
Tubérculo In natura, Cocada, Doce;
Preparação
dos alimentos
Combustível Madeira Carvão, Lenha;
(Fogão a
lenha)
Aplicação
Construção Madeira Tábua; diversas com
construção
Veterinário Casca Infusão na água; Limpa o parto
Folha
São Forragem In natura; Alimentação
Fruto
Francisco
Canga e
Tecnologia Madeira Carroça; acessórios
para carroça
Veneno
Folha
abortivo
Tosse
Casca Lambedor, Decocção; Cicatrizante
Calmante
Medicinal
Calmante
Folha Molho, Decocção; Inflamação em
geral
Sombra Completo Quintal; Sombreamento
In natura, doce, suco,
Alimento Fruto
umbuzada, picolé, sorvete; Alimentação
Tubérculo In natura, Cocada, Doce
Folha
Santa Rita Forragem In natura; Alimentação
Fruto
Mágico
Completo Quintal; Mal olhado
religioso
Ornamental Completo Quintal; Ornamentação
31
Picolé - - - 1 -
Suco 34 4 11 16 2
Mousse 1 - - - -
Vitamina 1 - - - -
Geleia 1 - - - -
Dindin - - 1 - -
Sorvete - - - 1 -
Cocada - - 2 5 1
Bolo - - - - 2
Rapadura - - - - 1
Para o preparo como alimento, foram relatadas várias formas, dentre elas o
cozido, que consiste em colocar o fruto na água juntamente com o açúcar e deixar
cozinhar por um determinado tempo; triturado, o fruto é passado no liquidificador;
ralado, o xilopódio é colocado para secar e depois ralado, para se transformar em
farinha; molho, que consiste em colocar frutos, folhas ou cascas, dentro d’água por um
determinado tempo e depois consumir a água.
33
Tabela 4. Categorias de uso e número de citações por homens (H) e por mulheres (M)
nas comunidades de Capivara, Coelho, São Francisco, Santa Rita e Várzea Alegre
São Várzea
Capivara Coelho Santa Rita
Categoria Francisco Alegre
H M H M H M H M H M
Alimento 58 96 18 20 59 87 65 71 28 24
Combustível 14 12 3 - 6 8 2 6 - 1
Construção 1 - - - - 1 - - - -
Forragem 44 47 6 7 29 36 19 21 7 5
Medicinal 4 5 - - 3 17 3 3 - 1
Tecnologia 2 - 1 2 - 1 1 - - -
Outros 35 21 5 1 2 3 10 5 - 2
Veterinário - - 1 - 1 1 - -
Veneno
- - - - 2 - - - - -
abortivo
Mágico
- - - 1 - - - - - -
religioso
Total 158 181 33 31 102 153 101 107 35 33
pai para os filhos e também de forma circular para os vizinhos e outros que procurarem
informações. A maioria dos informantes relatou ter adquirido o conhecimento de forma
vertical sendo, na maior parte, por meio dos avós e pais, seguindo dos agricultores e
vizinhos devido à convivência, evidenciando ser um aspecto cultural enraizado nas
comunidades (PIRES et al., 2017).
No contexto geral das comunidades, percebe-se que a manutenção do
conhecimento sobre o umbuzeiro é muito importante, tanto para os homens como para
as mulheres devido a sua versatilidade e conhecimentos facilmente difundidos entre a
comunidade. A transmissão do conhecimento tradicional é repassada entre gerações,
mostrando a importância que os recursos naturais possuem no cotidiano de populações,
tanto por homens quanto por mulheres (SILVA DO Ó et al., 2016; OLER et al., 2017).
Vale ressaltar que a espécie não consta na Red list de espécies ameaçadas de
extinção neste ano de 2018 (IUCN, 2018) e nem no Livro Vermelho da Flora do Brasil
mais atual (MARTINELLI e MORAES, 2013), mas devemos ter cuidado para não
alterar tal situação, afinal toda a versatilidade da espécie e a escassez de recursos no
semiárido, podem leva-la a correr algum tipo de risco.
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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39
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