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TEA e Eixo Intestino-Cérebro
TEA e Eixo Intestino-Cérebro
TEA e Eixo Intestino-Cérebro
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
Rio de Janeiro/RJ
2022
ARTHUR ABREU, FERNANDA DINIZ, JHOVANA DA PAIX, LOHANA MARQUES,
JULIE EMANUELI, MARIA CLARA TONETI, MARIA EDUARDA TONETI, MAYSA
TELLES.
Rio de Janeiro/RJ
2022
1- INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem como características principais os déficits na
comunicação social, reciprocidade social e em comportamentos não verbais de comunicação
usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender
relacionamentos. A interação social, a fala, a comunicação não verbal e comportamentos
restritos e/ou repetitivos são as principais características para o diagnóstico de TEA. Há prejuízo
das interações sociais, comunicação e comprometimento do desenvolvimento cognitivo ao
longo da vida. A prevalência do autismo no Brasil é de 2,72 casos para cada 1000 habitantes, o
que caracteriza um problema de saúde pública que deve ser detectado precocemente por uma
equipe multidisciplinar. A etiologia do TEA ainda é pouco conhecida, porém, alguns dos
possíveis fatores correlacionados ao transtorno são: pais que possuem idade reprodutiva
avançada, pais que tiveram seus filhos em idades tardias e complicações durante a gravidez.
Ademais, outro fator que pode ser relacionado à etiologia do TEA é o Eixo Intestino-Cérebro
(EIC). O EIC é conhecido como uma comunicação bidirecional entre o Sistema Nervoso Central
(SNC) e o Sistema Nervoso Entérico (SNE), capaz de conectar centros emocionais e cognitivos
do cérebro a funções intestinais periféricas.
inteligência. Todo esse contexto pode prejudicar o interesse das crianças em frequentar a escola,
apresentando baixo rendimento, irritabilidade, agitação, estresse, apatia dentre outros.
4- AS ATIVIDADES GASTROINTESTINAIS
Um melhor entendimento do papel do Eixo Cérebro-Intestino é a resposta ao stress e sua
relação com outras condições de morbidade mental, como ansiedade, depressão, atraso de
desenvolvimento cognitivo e Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Um estudo envolvendo mais de 100.000 crianças demonstrou que aquelas com
diagnóstico de TEA tiveram maior prevalência de problemas intestinais relatados pela mãe, tais
quais constipação intestinal, diarreia, intolerância ou alergias alimentares, quando comparadas
com crianças com desenvolvimento normal.
O transtorno autista traz consigo várias desordens metabólicas, incluindo alterações no
trato gastrintestinal, que podem intervir de modo direto nos hábitos alimentares dos pacientes,
a seletividade alimentar apresentada por grande parte das crianças autistas, pode levar a uma
deficiência de nutrientes, devido à dificuldade de introduzir novos alimentos na rotina
alimentar, além disso, podem apresentar deficiências de micronutrientes essenciais em
comparação com outras crianças na mesma faixa de desenvolvimento. Sendo assim, os
comportamentos alimentares específicos de crianças com TEA podem contribuir no
desenvolvimento de deficiências nutricionais.
E com isso vemos a diferença nas pessoas portadoras de autismo, que com frequência
apresentam desordens gastrintestinais, como a diminuição da produção de enzimas digestivas e
inflamação, situações que podem causar diarreia, gastrite e refluxo. A atividade gastrointestinal
de algumas crianças com autismo difere das outras porque suas células intestinais mostram
anormalidades na forma como decompõem e transportam os carboidratos.
Além disso, seus intestinos abrigam grandes quantidades de algumas bactérias digestivas.
Lembrando que as bactérias desempenham um papel importante na digestão e os níveis
anormais podem causar problemas digestivos e inflamação intestinal.
Durante os primeiros dias de vida de um recém-nascido é o trato intestinal que regula o
sistema imune, e qualquer alteração desse trato, seja por uma inflamação ou agressão
imunológica, pode estar relacionada com alterações cerebrais. Entre essas alterações intestinais
podem ser incluídas, deficiências imunológicas inatas e principalmente alergias alimentares,
que são atualmente o objeto de estudo para os avanços terapêuticos para o TEA.
5-EIXO INTESTINO-CÉREBRO
Crianças autistas têm cerca de o dobro de espécies bacterianas diferentes, metade delas
apresentam populações de uma bactéria gram-negativa chamada Desulfovibrio vulgaris. Ela
não costuma ser encontrada no intestino de pessoas sem o transtorno. Pode ser importante,
portanto, olhar também para o intestino na hora de classificar um paciente em um dos cinco
graus do transtorno. O que se sabe, também, é que a parede intestinal dos autistas é mais
permeável. Com isso, determinadas substâncias conseguem atravessá-la com tremenda
facilidade, entre elas certas toxinas liberadas por bactérias Lactobacillus, uma vez na corrente
sanguínea, essas toxinas afetariam o sistema nervoso.
A partir do trato gastrointestinal para o sistema nervoso central, e essa é uma via de
comunicação da microbiota com o cérebro através de neurotransmissores derivados da
microbiota. Tanto a função do nervo vago quanto o sistema nervoso entérico podem ser
modificadas pelos neurotransmissores da microbiota intestinal.
A rede nervosa do sistema entérico e o nervo vago conectam o cérebro ao intestino,
regulando processos digestivos como apetite, ingestão de alimentos e modulação de
comportamentos cerebrais complexos, como comportamento emocional, cognitivo, ansiedade
e estresse. Os neurotransmissores produzidos pela microbiota em situação de estresse provocam
crescimento da mesma e contribuem para sua própria manutenção. Algumas descobertas
recentes mostram uma ligação entre a interrupção da conectividade neural com alterações nas
substâncias brancas e na mielinização em regiões do cérebro de pacientes com a
síndrome.Teremos então alterações no lobo frontal, áreas límbicas e putâmen geram
desequilíbrio na inibição/excitação neurológicas.
6- CONSIDERAÇÕES
Conclui-se que o eixo intestino-cérebro está envolvido tanto na etiologia, quanto nas
manifestações clínicas do TEA. Porém, não sendo certo se alterações intestinais são causa ou
consequência das alterações neurológicas. Até o presente momento, a comunidade científica
não tem conclusões suficientes para indicar o uso de dietas restritivas, e uso de probióticos e de
antibióticos como terapêutica para o TEA.
Na sociedade atual os muros vêm sendo derrubados aos poucos, se abrindo para os
conhecimentos na área, A verdade é que falta mais informação ,visto que em seu dia a dia
alguns aspectos a observado em crianças ou jovens autistas podem ser elencados, dependendo
com o grau do espectro, como dificuldade em alimentação, nutrição, insistência com gestos
idênticos, resistência a mudar de rotina, pequena resposta aos métodos normais de ensino,
ecolalia (repetição de palavras ou frases), habilidades motoras e atividades motoras finas,
desiguais e dificuldade de expressar suas necessidades. O que pode ser trabalhado para melhoria
por terapias, sendo melhor encaixado para cada pessoa individualmente.
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