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Atualização de Condutas em Pediatria: Tratamento Cirúrgico Da Rinite Crônica
Atualização de Condutas em Pediatria: Tratamento Cirúrgico Da Rinite Crônica
Atualização de Condutas em Pediatria: Tratamento Cirúrgico Da Rinite Crônica
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Gestão 2016-2019
Outubro
2017
Departamento de
Otorrinolaringologia
Tratamento
cirúrgico da
rinite crônica
Departamento de
Pediatria Ambulatorial
O açúcar e
o sódio na
alimentação
infantil
Departamento de
Otorrinolaringologia
Estridor no bebê:
quando avaliar
e intervir
Diretoria de Publicações
Sociedade de Pediatria de São Paulo
www.spsp.org.br
recomendações
Departamento de Pediatria Ambulatorial
N
os últimos anos, o Brasil mudou de um país emi-
nentemente rural para um país urbano. Em 1970,
éramos 90 milhões de habitantes, hoje mais de 200
milhões. Grandes mudanças ocorreram nos hábitos alimen-
tares da população,¹ principalmente em relação à substituição
de alimentos caseiros e naturais por industrializados, sendo
esses responsáveis por 85% do consumo total na atualidade.²
A introdução de alimentos altamente energéticos e de
baixo valor nutricional desde o início da vida, bem como
o abandono precoce do aleitamento materno, contribuem
para o comprometimento do crescimento e desenvolvimen-
to da criança e podem, também, colaborar para uma baixa
proteção imunológica, o desencadeamento de processos
alérgicos e de distúrbios nutricionais.3
As transformações sociais têm levado ao consumo de
Autores: alimentos com grande aporte calórico, com teor excessivo
Cátia R.B. Fonseca e
Yechiel Moises Chencinski de açúcares simples, gorduras animais, ácidos graxos satura-
dos, gordura trans, sódio, associado à redução dos carboi-
DEPARTAMENTO DE
PEDIATRIA AMBULATORIAL dratos complexos e fibras alimentares.4
Gestão 2016-2019 Assim, os pediatras precisam se preocupar com o apa-
Presidente: recimento precoce das doenças crônicas não-transmissíveis,
Cátia Regina Branco da Fonseca
Vice-presidente:
como obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiovascu-
Adriana Monteiro Barros Pires lares e renais, diabetes, entre outras, numa nítida mudança
Secretário:
Tadeu Fernando Fernandes no perfil de morbidade e mortalidade.¹
Membros: Sabe-se que a alimentação, principalmente no primei-
Ana Cristina R. Zollner, Angélica
M. Bicudo Zeferino, Antonio de ro ano de vida, é fator determinante na saúde da criança,
Azevedo Barros Filho, Denise especialmente após os seis meses de aleitamento materno
Ballester, Elisete Miguel José
Junqueira, José Gabel, Lygia exclusivo, com a introdução da alimentação complementar,
Mendes dos Santos Border, Lucia
Ferro Bricks, Luis Guilherme Araujo
que determinará os hábitos para toda a vida dessa criança.5
Florence, Marco Antonio Barbieri, O conhecimento correto e atualizado acerca da alimen-
Maria Wany Louzada Strufaldi,
Paulo Tadeu Falanghe, Raquel tação é importante e, reforçamos aqui as recomendações
Quiles, Regis Ricardo Assad, que apontam a influência negativa do abuso do açúcar e do
Renata Cavalcante Kuhn dos
Santos, Renato Minoru Yamamoto, sódio para a saúde infantil. O pediatra, assim, contribuirá
Rosa Resegue Ferreira da Silva, para a nutrição e vida saudáveis na infância com repercus-
Rudolf Wechsler, Yechiel Moises
Chencinski. sões positivas na adolescência e na vida adulta.
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O consumo de açúcar
O uso precoce de açúcar,5 principalmente no chá, sucos
e no leite não-materno, faz parte de hábitos culturalmente
estabelecidos e da tendência das mães a oferecerem alimen-
tos doces para, na sua concepção, satisfazerem o paladar da
criança e deixá-la bem alimentada. O açúcar contribui para
o aumento da densidade energética, possui índice glicêmico
elevado, seu consumo não acresce valor nutritivo ao alimen-
to e leva ao aumento dos índices cariogênicos.6,7
Em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
emitiu uma diretriz a respeito do consumo do açúcar, re-
comendando fortemente a redução, tanto em adultos como
em crianças, da ingestão de açúcares livres para menos
de 10% da ingestão total de energia e que até dois anos de
idade não seja usado nenhum açúcar de adição.8
Os açúcares livres incluem monossacarídeos e dissacarí-
deos adicionados aos alimentos e bebidas e, açúcares natu-
ralmente presentes no mel ou melaço, xaropes (de milho),
sucos de frutas naturais e concentrados de suco de frutas.9
Dados de pesquisa realizada no Brasil em 2008/09 de-
monstraram que boa parte dos açúcares consumidos pela
população brasileira está “mascarada” em alimentos ultra-
processados, como refeições prontas, temperos, sucos in-
dustrializados e refrigerantes.2
O açúcar presente naturalmente nas frutas, verduras,
legumes e leite fresco não deve ser considerado na restri-
ção para as crianças. O consumo desses alimentos in natura
deve ser promovido e estimulado para toda a população, em
todas as faixas etárias.
Acima de dois anos, a quantidade máxima de açúcar de
adição deve ser de até 25 gramas ao dia (5% das calorias
diárias ingeridas). Essa quantidade está contida, por exem-
plo, em aproximadamente 240mL de refrigerante ou em 40
gramas de chocolate ao leite.8
Cuidar da saúde infantil é importante, mas é difícil e
requer atenção constante, cuidados regulares, apoio e infor-
mação, função inerente aos pediatras para auxiliar na cons-
cientização de pais, avós e cuidadores.
Os pediatras devem orientar quanto ao adequado consu-
mo e não acréscimo de açúcares nas dietas infantis desde a
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O consumo de sódio
A OMS recomenda o uso de menos do que 2 gramas
de sódio (ou 5 gramas de sal) para crianças maiores de dois
anos de idade.8 Essa quantidade equivale a uma colher de
chá, ou de 3 a 5 sachês.
O alimento que as crianças consomem entre seis meses
e dois anos de idade tem a quantidade necessária de sódio,
que é encontrada naturalmente, por exemplo, em laticínios
e ovos. A oferta de pão, embutidos, refrigerantes, salgadi-
nhos, doces, massas instantâneas, sopas, caldos industriali-
zados e condimentos como catchup, mostarda, molho de
soja (shoyu),8 assim como outros produtos processados e
industrializados, contribui para um aumento considerável
nas quantidades de sódio na dieta.
Muitas vezes associamos o consumo de sódio apenas ao
sal refinado, mas é preciso ficar atento à tabela nutricional
dos alimentos – principalmente os industrializados – para
saber a quantidade de sódio e também de açúcar presentes
nas porções, como exemplificado no Quadro 1.
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