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Técnicas de Prospecção Um Estudo Comparativo
Técnicas de Prospecção Um Estudo Comparativo
Técnicas de Prospecção Um Estudo Comparativo
Artigo
Técnicas de Prospecção: Um Estudo
Comparativo
Resumo:
As tecnologias futuras podem afetar o negócio da empresa, e sua prospecção é um passo importante
no planejamento, especialmente das empresas que atuam em tecnologias de ponta. O objetivo deste
trabalho é realizar um estudo teórico comparativo sobre as principais técnicas de prospecção de
tecnologias futuras, avaliadas em relação a seis critérios: custo para operacionalização; número
necessário de pessoas; tempo necessário para obter o resultado; complexidade da operacionalização,
ou seja, facilidade de aplicação; tipo de análise (subjetiva ou objetiva), sendo as técnicas quantitativas
consideradas como mais objetivas; confiabilidade dos resultados (consistência e replicabilidade). Com
esse estudo comparativo, são fornecidos parâmetros para ajudar as empresas na seleção das técnicas
prospectivas mais adequadas, de acordo com suas necessidades. Em termos metodológicos, é uma
pesquisa de natureza qualitativa. Quanto ao propósito, constitui uma pesquisa descritiva que utiliza
levantamento bibliográfico e pesquisa documental como métodos de coleta de dados. Conclui-se que é
vantajoso usar várias técnicas simultaneamente, proporcionando mais eficiência e fazendo com que as
previsões sejam mais robustas. Por fim, espera-se que este artigo inicie um debate sobre os critérios
de seleção de técnicas de prospecção de tecnologias futuras.
Palavras chave:
métodos e técnicas de prospecção, cenários, forecast, estudos do futuro.
Abstract:
Future technologies may affect a company’s business, and prediction of such technologies is an
important step in the planning process, especially regarding cutting-edge technology industries. The
objective of this paper is to develop a comparative theoretical study on key techniques aimed at
predicting future technologies, evaluated according to six criteria: operation costs; required number of
people; required time to obtain results; operation complexity, that is, ease of implementing techniques;
analysis type (subjective or objective), wherein quantitative techniques are considered more objective;
and reliability of results (consistency and replicability). Thus, this study provides parameters to assist
companies in selecting the most suitable prospective techniques, according to their needs. The
research methodology is qualitative, and the study scope is a descriptive analysis using bibliographic
and documentary research as data collection methods. The conclusion is that it is advantageous to use
several methods simultaneously, providing higher efficiency and producing better assessments. Finally,
it is hoped that this article launches a debate on the assigned criteria for techniques used to predict
future technologies.
Keywords:
predictive methods and techniques, scenarios, forecast, future studies.
Introdução
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afirma que não é difícil nem importante prever o futuro. Entretanto, no que diz respeito às
inovações tecnológicas, é melhor a empresa estar ciente dos rumos do mercado e preparada
para enfrentar ou aproveitar essas novas tecnologias (Reis & Lobo, 2015).
A forma usual pela qual as empresas se preparam para o futuro é realizando planejamento
estratégico. O planejamento estratégico se divide nas seguintes etapas (Kotler & Keller,
2006): definição da missão do negócio; análise interna, para avaliar as forças e os pontos
fracos da empresa; análise externa, para avaliar oportunidades e ameaças de mercado;
definição dos principais objetivos da empresa e das ações para atingi-los; implantação do
plano; por fim, acompanhamento do planejado em relação ao realizado.
Revisão de Literatura
A questão não é sobre utilizar ou não técnicas formais de prospecção, mas de que forma e
quais técnicas devem ser usadas. Existem vários critérios possíveis para selecionar as
técnicas, tais como: disponibilidade de recursos, especialmente tempo e dinheiro; amplitude
e profundidade da participação de especialistas; resultados desejados, que podem ser mais
ou menos orientados ao processo ou ao produto; requisitos quantitativos e/ou qualitativos,
especialmente onde dados não estão disponíveis (Miles & Keenan, 2003). Na literatura sobre
técnicas prospectivas há diversas denominações e terminologias para estruturas conceituais,
o que dificulta a identificação de qual recurso é mais adequado para cada situação. Isso faz
com que seja usual constatar técnicas desenvolvidas para usos específicos sendo empregadas
em temas de natureza ampla e complexa, o que pode levar a resultados pouco confiáveis
(Centro de Gestão e Estudos Estratégicos [CGEE], n.d.).
Porter et al. (2004) também classificam as técnicas em normativas, cujo processo parte de
uma futura necessidade percebida, e em exploratórias, cujo processo começa com a
extrapolação dos atuais recursos. As técnicas exploratórias começam com o momento
presente como ponto de partida, e avançam para o futuro, seja com base em extrapolação de
tendências passadas ou dinâmicas causais, ou então em eventos que podem estar fora das
tendências conhecidas. A maioria dos estudos de previsão é exploratória, embora, quando
estes resultam em previsões alarmantes, em geral há um esforço para localizar os pontos de
inflexão que poderiam criar um futuro mais desejável (Miles & Keenan, 2003). Técnicas
normativas, ao contrário, começam com uma visão preliminar de um possível ou desejável
conjunto de futuros que são de particular interesse. Essas técnicas, então, olham para trás
para averiguar se esses futuros podem ou não acontecer a partir do presente, e como podem
ser alcançados, ou evitados, dados os recursos, as tecnologias e as restrições disponíveis. Um
desenvolvimento relativamente recente é o uso de cenários de sucesso e de oficinas, onde os
participantes estabelecem uma visão compartilhada de um futuro desejável, e identificam as
formas para que possa ser alcançado (Miles & Keenan, 2003).
Por fim, Porter et al. (2004) diferenciam as técnicas de prospecção em nove famílias
distintas. A classificação foi feita de acordo com as características das técnicas, considerando
que algumas compilam informações, outras procuram compreender as interações entre os
eventos, ou abordam incertezas e envolvem análise probabilística. Assim, as habilidades
necessárias tendem a ser diversas. As nove famílias são: opinião de especialistas; cenários;
análise de tendências; avaliação e decisão; modelagem e simulação; criatividade; descritivas
e matrizes; estatísticas; monitoramento e sistemas de inteligência. Algumas técnicas podem
ser classificadas em duas famílias diferentes (Porter et al., 2004).
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Metodologia
Este é um estudo de natureza qualitativa e de corte transversal, pois foi realizada uma
análise comparativa das técnicas existentes e em uso nas atividades prospectivas. Quanto ao
propósito, constitui uma pesquisa descritiva (Richardson, 1999), feita com levantamento
bibliográfico e pesquisa documental descritiva como método de coleta de dados, e com
análise documental, para sintetizar e interpretar o conteúdo dos documentos coletados.
Foram usadas fontes secundárias para avaliar os métodos de prospecção, tais como:
publicações do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE – organização supervisionada
pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), do The Millennium Project publicado pela
American Council for the United Nations University (Futures Research Methodology), da
European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions (Handbook of
Knowledge Society Foresight) e diversos outros artigos sobre o tema, citados em cada caso
específico.
Para cada critério foram atribuídas notas baseadas em comparações entre as famílias de
técnicas, de acordo com as características recolhidas na análise bibliográfica. Considerou-se,
no critério custo para operacionalização, a quantidade de recursos, tais como ferramentas,
sistemas e equipamentos necessários para a realização da família de técnicas, sendo que,
quanto menor o custo, maior a nota. Em relação ao número necessário de pessoas, estimou-
se a quantidade de participantes em todas as etapas, tanto auxiliando quanto participando
diretamente; sendo que, quanto menor a quantidade de pessoas, maior a nota. No tempo
necessário para obter o resultado, avaliou-se a duração total do processo, incluindo o tempo
de planejamento, a execução e a obtenção dos resultados, sendo que, quanto menor o tempo,
maior a nota. No critério complexidade da operacionalização, observou-se a facilidade para
colocar a técnica em prática, sendo que, quanto mais complexa, menor a nota. Quanto ao
tipo de análise (subjetiva ou objetiva), as técnicas quantitativas, ou “duras” (Porter et al.,
2004, p. 289), foram consideradas como as mais objetivas; sendo que, quanto mais objetivas,
maior a nota, devido à facilidade de interpretação e aplicação dos resultados. A
confiabilidade está relacionada à capacidade de replicabilidade e à consistência dos
resultados que uma técnica apresenta (Hammersley, 1992; Kirk & Miller, 1986; Silverman,
2006). A confiabilidade indica o grau em que um determinado procedimento produz os
mesmos resultados em ensaios repetidos com as mesmas ferramentas empíricas ou
equivalentes (Corbetta, 2003), sendo que, quanto maior a confiabilidade, maior a nota.
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de Tendência de Impacto (TIA) é uma abordagem de previsão em que uma série de tempo é
modificada para levar em conta as percepções sobre como os eventos futuros podem mudar
extrapolações esperadas (Gordon, 2003a).
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A análise comparativa foi feita com base nas características das principais técnicas de cada
família e considerando as diferenças entre as famílias em relação a cada critério. No final da
análise, em cada critério, as famílias foram comparadas entre si, e assim foram atribuídas
notas de acordo com o desempenho das famílias no critério avaliado.
As notas foram atribuídas em uma escala de 1 a 5, sendo 5 ótimo, 4 bom, 3 regular, 2 ruim
e 1 péssimo. Esse julgamento foi baseado em comparações entre as famílias de técnicas
feitas de acordo com as características apontadas por cada autor ao analisar a técnica
específica e que estão apresentadas na análise bibliográfica. No que tange aos critérios
custo, número de pessoas, tempo e complexidade, quanto menores por família, maiores as
notas. Em relação à confiabilidade, quanto maior por família, maior a nota. Já para o tipo de
análise, quanto mais objetiva, maior a nota.
Nas técnicas de cenários, Russell Rhyne (1995 como citado em Coyle, 2003), criador da
FAR, afirma que um ciclo completo de FAR leva pelo menos 100 ou mais pessoas-semanas de
esforço, dada a importância das questões estratégicas abordadas. No entanto, poucas
organizações estão dispostas a se comprometer com esse grau de despesa para resultados
que não estarão disponíveis no curto prazo.
A partir da análise das famílias, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 1: as técnicas de monitoramento e sistemas receberam a menor nota
(1) por serem as que apresentam maiores custos; as técnicas de avaliação e decisão
receberam a maior nota (5) por serem as de menores custos; em seguida, análise de
tendências recebeu nota 4; criatividade, nota 3; as demais famílias receberam nota 2.
Tabela 1
Avaliação por Família no Critério Custo para Operacionalização das Técnicas
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Custo 2 2 4 5 2 3 2 2 1
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
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Na família de cenários, segundo Coyle (2003), estima-se que um ciclo de FAR necessita de
um ou dois analistas em tempo integral, uma equipe de cerca de quatro pessoas envolvidas
diretamente no problema trabalhando metade do dia, e um grupo sênior de supervisão
participando quando for preciso. Para a técnica de Cenários, uma equipe é necessária para
descrever eventos, tendências e incertezas que podem afetar o processo de tomada de
decisões, analisar as forças que irão moldar o ambiente futuro de negócios, e desenvolver
teorias de cenários ou lógicas, que são visões diferentes do modo como o mundo poderia
funcionar no futuro (Glenn, 2003c).
A partir da análise das famílias, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 2: as técnicas de avaliação e decisão receberam a maior nota (5) por
serem as que necessitam de menos pessoas; em seguida, análise de tendências, cenários,
modelagem e simulação, opinião de especialistas e criatividade receberam nota 3; as demais
famílias receberam nota 2.
Tabela 2
Avaliação por Família no Critério Número Necessário de Pessoas
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Núm.
3 3 3 5 3 3 2 2 2
pessoas
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
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O tempo necessário pode variar para as técnicas estatísticas, pois depende dos dados
coletados e da forma pela qual são feitas a análise (software) e as inferências. O maior tempo
é gasto em coleta e tabulação dos dados, já que o processamento nos programas adequados
é rápido. Não há um padrão de tempo necessário nas técnicas de monitoramento e
sistemas de inteligência. O Monitoramento pode ser feito durante o período que os
gestores considerarem necessário. A Bibliometria ajuda a explorar, organizar e analisar
grandes quantidades de dados históricos, permitindo a identificação de padrões não
aparentes que podem colaborar no processo de tomada de decisão (Daim, Rueda, Martin, &
Gerdsri, 2006).
A partir da análise das técnicas, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 3: as técnicas de criatividade receberam nota 5 por serem as que
apresentam, relativamente às outras, menor tempo; as famílias de avaliação e decisão e
opinião de especialistas receberam nota 4; as de monitoramento e sistemas, modelagem e
simulação, descritivas e matrizes e estatísticas, nota 3; as técnicas de cenários receberam
nota 2; as de análise de tendências receberam a menor nota (1), por serem as mais
demoradas.
Tabela 3
Avaliação por Família no Critério Tempo Necessário para Obter o Resultado
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Tempo 4 2 1 4 3 5 3 3 3
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
Nas técnicas de análise de tendências, TIA é uma técnica de previsão bastante potente,
ainda que relativamente simples e fácil de usar. Esta técnica aumenta a precisão das
abordagens para a extrapolação de tendências (Gordon, 2003a). São necessários dados
históricos para montagem da curva inicial, pareceres de especialistas em relação aos eventos
inesperados, e um computador para processar as informações.
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imensamente para facilitar a avaliação dos resultados (Rausch & Catanzaro, 2003).
Transformar a simulação em um jogo requer recursos. A complexidade do modelo e o
programa para manipulá-lo dependem do número de variáveis e de suas respectivas relações
(Rausch & Catanzaro, 2003).
Nas técnicas estatísticas, o pesquisador enfrentará uma etapa de coleta de dados, que
deverá ter lógica e coerência para que, na segunda etapa (análise estatística), seus
resultados possam ser confiáveis ao serem analisados. Dessa forma, o grau de complexidade
é alto.
A partir da análise das famílias, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 4: as técnicas de análise de tendências, apesar de apresentarem
alguma complexidade, receberam nota 4 por serem mais simples quando comparadas às
outras famílias; em seguida, criatividade, opinião de especialistas e avaliação e decisão
receberam notas 3; as técnicas de modelagem e simulação receberam as menores notas (1)
devido à sua maior complexidade; as demais famílias receberam nota 2.
Tabela 4
Avaliação por Família no Critério Complexidade da Operacionalização
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Complexidade 3 2 4 3 1 3 2 2 2
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
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A partir da análise das famílias, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 5: as técnicas de análise de tendências, descritivas e matrizes e
estatísticas receberam a maior nota (5) por serem as mais objetivas, o que facilita a
interpretação e a aplicação prática dos resultados; em seguida, as de modelagem e simulação
receberam nota 4; monitoramento e sistemas, nota 3; cenários, avaliação e decisão e opinião
de especialistas, nota 2; criatividade, nota 1, por ser a mais subjetiva.
Tabela 5
Avaliação por Família no Critério Tipo de Análise (Subjetiva ou Objetiva)
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Tipo
2 2 5 2 4 1 5 5 3
Análise
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
A boa facilitação de uma técnica participativa exige que o facilitador mantenha uma clara
distinção entre as questões do processo e as questões do conteúdo. Confundir estes tópicos
torna o recurso menos eficiente, e o conteúdo, menos profundo, diminuindo a confiança na
integridade do resultado (Glenn, 2003b). Especificamente em relação ao Delphi, esta é uma
técnica poderosa quando usada para procurar respostas a perguntas adequadas. Mas muita
atenção deve ser dada à escolha dos participantes, e os questionários devem ser
meticulosamente preparados e testados para evitar ambiguidade (Gordon, 2003d).
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A partir da análise das famílias, foram atribuídas as seguintes notas neste critério,
apresentadas na Tabela 6: as técnicas estatísticas receberam a maior nota (5) por serem
mais confiáveis, tanto na replicabilidade quanto na constância dos resultados; em seguida,
descritivas e matrizes e monitoramento e sistemas receberam nota 4; as técnicas de
criatividade, nota 2, por potencialmente apresentarem resultados mais variáveis,
dependendo da dinâmica da atividade e das pessoas envolvidas; as demais famílias
receberam nota 3.
Tabela 6
Avaliação por Família no Critério Confiabilidade dos Resultados
Model.
Opinião Análise Aval. e Descrit. Monit. e
Critérios Cenários e Criatividade Estatísticas
especial. tend. decisão matrizes sistemas
simul.
Confiabilidade 3 3 3 3 3 2 4 5 4
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
Com base nas avaliações feitas por família em relação aos critérios definidos, foi elaborada
uma tabela comparativa (Tabela 7) com o objetivo de fazer um resumo visual das famílias de
técnicas no tocante a cada critério.
Tabela 7
Avaliação das Técnicas por Família e por Critérios
Critérios Opinião Cenários Análise Aval. e Model. Criatividade Descrit. Estatísticas Monit. e
especial. tend. decisão e matrizes sistemas
simul.
Custo 2 2 4 5 2 3 2 2 1
Núm. pessoas 3 3 3 5 3 3 2 2 2
Tempo 4 2 1 4 3 5 3 3 3
Complexidade 3 2 4 3 1 3 2 2 2
Tipo Análise 2 2 5 2 4 1 5 5 3
Confiabilidade 3 3 3 3 3 2 4 5 4
Nota. Fonte: elaborada pelos autores.
Considerações Finais
A partir dos estudos das técnicas e da comparação entre as famílias, observou-se que as
notas das técnicas variam de acordo com os critérios de avaliação. Não é possível considerar
uma família como a melhor, pois todas apresentam vantagens e desvantagens, dependendo
do critério utilizado. Nesse sentido, é possível deduzir que a utilização de técnicas
combinadas seja uma medida vantajosa para os interessados em estudos de prospecção, pois
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permite que as desvantagens de uma técnica sejam compensadas pelas vantagens de outra.
Diversos especialistas, como Armstrong (2001), Popper e Korte (2004), e Robinson, Huang,
Guo e Porter (2013), concordam que é proveitoso usar várias técnicas simultaneamente, uma
vez que cada uma só lida com aspectos limitados de previsão. A utilização combinada
proporciona muitas vezes mais eficiência e faz com que as previsões sejam mais robustas.
Armstrong (2001) analisa 57 estudos, de diferentes pesquisadores, que contribuíram para
formar os princípios da combinação de técnicas. Segundo o autor, combinar técnicas de
previsão é uma estratégia vantajosa. Em vez de tentar escolher a melhor, é mais interessante
procurar quais técnicas ajudam a aumentar a precisão, assumindo que cada uma tem algo a
contribuir (Armstrong, 2001). Já Popper e Korte (2004) observam que o uso de várias
abordagens ajuda a processar as informações de diversas maneiras diferentes. Por outro
lado, o tempo é uma restrição que obriga a equipe de prospecção a conduzir a análise dos
resultados e a elaboração de relatórios parciais e finais em menos tempo.
Popper (2008) levantou 886 estudos de prospecção de diversos países, de forma a analisar
práticas prospectivas utilizadas pelo mundo, para debater a questão sobre como as técnicas
são selecionadas. O presente trabalho, em vez de levantar como são escolhidas ou
combinadas as técnicas de prospecção pelas empresas, visa a fornecer, como principal
contribuição, um referencial de parâmetros para ajudar as empresas na seleção das técnicas
mais adequadas, de acordo com as suas capacidades e necessidades específicas.
Considerando os critérios apresentados e a avaliação de cada família, as organizações
poderão embasar as suas escolhas de técnicas prospectivas. Outro ponto importante é o fato
de a qualidade das previsões depender da seleção apropriada e da aplicação correta da
técnica.
Esta é uma área de estudo em constante evolução. É natural imaginar futuros alternativos
e como suas ações podem modificá-los. Percebe-se que as recentes inovações tecnológicas e
o crescimento das redes de comunicação têm causado grande impacto. O desenvolvimento de
técnicas analíticas mais robustas ajuda o processo de avaliação e melhora a tomada de
decisões nos diversos âmbitos da vida em sociedade.
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