Uso de Critérios de Sustentabilidade No Processo de Seleção de Projetos de Infraestrutura
Uso de Critérios de Sustentabilidade No Processo de Seleção de Projetos de Infraestrutura
Uso de Critérios de Sustentabilidade No Processo de Seleção de Projetos de Infraestrutura
de tecnologia de informação
1 - Introdução
2 - Referencial Teórico
Diversos autores, (Appasami & Suresh, 2011), (Bachour et al., 2010), (Chou & Chou,
2012), (Molla, 2009), (Molla & Abareshi, 2012), (Murugesan, 2008) entre outros, estão
preocupados em estudar a relação entre sustentabilidade e tecnologia da informação, a TI
verde.
A literatura especializada em TI verde apresenta essa relação em dois conceitos: um
que se refere aos aspectos positivos que a TI exerce sobre os aspectos sustentáveis enquanto o
outro conceito aborda os aspectos negativos da TI. Tais conceitos, por sua vez, determinam
categorias de projetos que buscam aprofundar os aspectos da eco-sustentabilidade e outra
categoria que busca minimizar os efeitos negativos que a TI exerce sobre os aspectos
ambientais.
A categoria de projetos que apresenta o aspecto positivo da tecnologia da informação
no desenvolvimento sustentável coloca-a como indutora de negócios e de crescimento
econômico, além de oferecer ferramentas que permitem extrair o melhor desempenho em
diversas áreas, contribuindo para a eco-sustentabilidade. Esta categoria é chamada de “IT for
Green” (Bachour et al., 2010) (Molla & Abareshi, 2012).
Esta categoria pode ser subdividida em duas subcategorias: os projetos que
desenvolvem softwares que auxiliam na busca de eficiência operacional e os projetos que
implementam tecnologias que mudam práticas de negócios.
O primeiro grupo tem como exemplo sistemas que auxiliam as concessionárias de
geração e distribuição de energia elétrica na detecção precoce de perdas de energia, na
medição inteligente (smart grid) e ainda no tratamento de informações de consumo que
permitam dimensionar sistemas mais eficazes (Park et al., 2009). São quase ilimitadas as
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áreas em que a TI pode produzir sistemas como os acima descritos, mas este não é foco deste
artigo.
A outra subcategoria de projetos de “IT for Green” compreende os projetos que
implementam novas tecnologias que alteram formas de trabalho tradicionais e que auxiliam a
reduzir o consumo de elementos naturais. A literatura especializada define esta subcategoria
de projetos em tele-presença, tele-trabalho e desmaterialização (Bachour et al., 2010), (Ruth,
2011).
A possibilidade de exercer atividades profissionais em casa ao invés de ter que se
deslocar para o escritório (tele-trabalho) apresenta estudos conflitantes sobre seu apelo eco-
sustentável. Uma linha otimista de pesquisadores indica reduções significativas de energia
enquanto outra linha aponta que essa economia simplesmente não existe (Ruth, 2011).
Entretanto, se analisado o aspecto social, essa prática vem sendo adotada por grandes
empresas como fator motivador em processos de contratação, pela capacidade de ofertar um
melhor balanço entre vida e trabalho.
Ainda segundo Ruth (2011), não existe dúvida que a possibilidade de realizar reuniões
com diversos participantes através de tecnologia de tele-presença reduz a necessidade de
viagens e a consequente redução de emissão de CO2, além também dos aspectos sociais de
oferecer um mais qualidade de vida para os funcionários.
O outro critério abordado na literatura sobre projetos de “IT for Green” é a chamada
desmaterialização, ou seja, a “transformação de átomos em bits” (Ruth, 2011). Este aspecto
pode ser verificado na redução do consumo de papel (relatórios, formulários, cheques, livros,
jornais) substituído por conteúdo digital na Internet ou em intranets e ainda na redução de
outros dispositivos como CDs e DVDs.
Com relação à categoria de projetos que caracteriza a tecnologia da informação como
uma grande consumidora de recursos e como uma geradora de resíduos indesejáveis, os
projetos empreendidos buscam reduzir os efeitos que a TI gera sobre o meio ambiente Este
aspecto é referido na literatura como “Green for IT” (Bachour et al., 2010), “Green IT”
(Molla & Abareshi, 2012) ou “Green of IT” (Park, Cho, Shim, Kim, & Lee, 2009).
Albino, Balice, Dangelico e Iacobone (2012) sugerem quatro visões estratégicas com
foco nas ações que limitem os efeitos negativos da TI. São elas:
a) Melhoria da eco-eficiência, com orientação a processo e com foco na redução
de recursos para produção de equipamentos;
b) Melhoria da eficiência energética, com orientação a processo e com foco no
aumento de economia com energia elétrica e uso de energias renováveis;
c) Implantação de uma gestão verde, com orientação a organização e com foco na
melhoria de práticas ambientais e de desempenho de negócios e;
d) Implantação de um ciclo de logística verde, com orientação a organização e
incluída no ciclo de medidas ambientais da logística.
A melhoria da eco-eficiência apresenta projetos que tenham como objetivo a redução
de consumo de água (para sistemas de refrigeração de data centers), redução de uso de
materiais, reciclagem de resíduos (Albino et al., 2012). Critérios de seleção destes projetos
incluem a utilização mais eficiente de equipamentos, como a virtualização de hardware ou
utilização de serviços na nuvem (cloud computing) e utilização de equipamentos
multifuncionais.
Energia renovável, redução de uso de energia, eficiência energética, redução de
emissões de gases de efeito estufa são as palavras-chave da melhoria da eficiência energética.
Esta visão estratégica proposta por Albino et al. (2012) é a que tem recebido atenção especial,
uma vez que a redução do consumo de energia, além de atender a demanda sustentável,
também é uma fonte de redução de custos (Appasami & Suresh, 2011). Molla e Abareshi
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(2012), afirmam que redução de custos e conservação de energia são as principais razões para
que sejam realizados investimentos em tecnologia da informação verde.
A OECD (2009) aponta que a indústria de tecnologia da informação é responsável por
2 a 3% das emissões de CO2 no mundo, principalmente quando se considera o aspecto de
consumo de energia elétrica.
Considerando a eficiência energética, esta pode ser dividida em outras duas
características, os equipamentos de usuário e os equipamentos instalados no data center
(Murugesan, 2008). Os primeiros são caracterizados pelos computadores pessoais e
impressoras, enquanto que os equipamentos instalados no data center são caracterizados pelos
servidores, equipamentos de armazenagem de dados e equipamentos para comunicação em
rede.
O data center integra novos produtos e serviços, que estão entre os que apresentam
grande fator de crescimento, como os serviços financeiros (on-line banking, transações em
bolsas de valores virtuais), internet, comércio eletrônico, transportes (navegação por satélite,
rastreamento eletrônico de frotas), sistemas de seguranças eletrônicos, legislação que requer
retenção eletrônica de documentos, além de melhorias em sistemas de recuperação de
desastres (EPA, 2007).
A energia elétrica necessária para alimentar os data centers vem aumentando
significativamente. O estudo da Agência de Proteção ao Ambiente dos Estados Unidos (EPA,
2007), estimava que em 2006, o consumo de energia elétrica em data centers norte
americanos correspondiam a cerca de seis bilhões de kilowat/hora, com um custo de 4,5
bilhões de dólares e previa que se não fossem tomadas medidas para aumentar a eficiência
energética, o consumo poderia suplantar os 120 bilhões de quilowatt/horas no ano de 2011. O
estudo considerava medidas de redução de consumo, organizadas em três categorias, que vão
desde desligar servidores não utilizados até uma consolidação agressiva de servidores e
equipamentos de armazenamento de dados.
Brill (2007) aponta medidas para obter eficiência energética em data centers,
categorizando as mesmas em quadrantes, relacionando-os aos responsáveis por sua
implantação e ainda em níveis que vão desde o mais simples e que produz resultados rápidos
até níveis mais complexos. Entre as medidas propostas, estão desde desligar servidores e
equipamentos de armazenamento de dados que não são mais utilizados, habilitar facilidade de
economia de potência em servidores, consolidar e virtualizar servidores e equipamentos de
armazenamento, instalar equipamentos provedores de energia mais eficiente.
No segmento equipamentos de usuário, notebooks mais modernos tem consumo
reduzido de energia elétrica. Apesar do valor ser pequeno, o número de microcomputadores
em uso é gigantesco. A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), 2012) indica que o percentual de domicílios brasileiros que
contam com um microcomputador cresceu 8 pontos percentuais de 2009 a 2011, alcançando
42,9% dos domicílios brasileiros. Microcomputadores, apesar de operarem em ambiente não
tão restrito quanto o data center, quando instalados em ambientes de escritório também
contribuem para o aumento da temperatura ambiente e com isso a necessidade de mais
refrigeração de ar.
Outras medidas utilizadas para melhoria da eficiência energética também incluem a
utilização de terminais “burros” (thin clients), à redução de calor pelos equipamentos para
reduzir a necessidade de refrigeração, gestão de potência de microcomputadores
(desligamento automático de monitores e CPUs), troca de monitores CRT (tubo de raios
catódicos) para monitores LCD (tela de cristal líquido) e ainda computadores multitarefa
(Appasami & Suresh, 2011).
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Na visão estratégica de implantação de um ciclo de logística verde, Murugesan (2008)
usa o termo “disponibilização verde” para a renovação de equipamentos usados e ainda a
reciclagem daqueles que não podem mais ser utilizados como itens da agenda verde em
tecnologia da informação.
O quadro 1 apresenta um resumo dos aspectos sustentáveis e os critérios que deveriam
ser considerados no processo de escolha de uma carteira de projetos de infraestrutura de TI.
“Green for IT” Logística Verde Equipamentos que Molla & Abareshi, 2012
consideram legislação Murugesan, 2008
de redução de materiais
tóxicos
“Green for IT” Logística Verde Re-uso de Murugesan, 2008
equipamentos
“Green for IT” Logística Verde Reforma e atualização Murugesan, 2008
de equipamentos
“Green for IT” Logística Verde Reciclagem de Murugesan, 2008
equipamentos
3 – Metodologia
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5º nível Estimativa de risco
5 – Conclusão
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Bachour et al. (2010), Molla e Abareshi (2012) e ainda de forma mais geral, com a visão de
Nidumolu et al. (2009).
O fator de redução de custos, pela cobrança diária de melhoria de competitividade,
tem um apelo mais forte no dia a dia corporativo, entretanto pode-se considerar que estes e os
critérios de sustentabilidade se entrelaçam de forma que é difícil afirmar qual dos dois é causa
ou consequência.
Outra característica que pode ser depreendida é que a tecnologia da informação tem
uma evolução muito rápida. Essa característica pode ser observada quando aspectos citados na
literatura foram já considerados superados ou então incorporados ao dia a dia de forma que
não são mais notados. Por outro lado, o entrevistado apontou espontaneamente critérios que
não foram verificados na literatura acadêmica, mas que puderam ser incorporados às visões
estratégicas propostas por Albino et al. (2012).
A orientação estratégica verificada neste estudo de caso é a orientação corporativa da
organização para a sustentabilidade. Esta característica estava clara no desenvolvimento de
novos produtos e foi comprovada também nos projetos internos. Vários dos aspectos e
critérios de sustentabilidade foram apontados como sendo parte da governança mundial da
organização. Confirma-se a visão de Nidumolu et al. (2009) que a sustentabilidade
definitivamente entrou na agenda estratégica das organizações.
Uma limitação deste estudo é ter analisado o caso de apenas uma empresa e ser esta
comprometida corporativamente com os critérios do desenvolvimento sustentável. Neste
sentido, abrem-se possibilidades para novos estudos que ampliem o número de organizações
avaliadas, considerando também empresas que não tenham a sustentabilidade como parte de
seus objetivos e ainda incluindo comparações entre organizações multinacionais e brasileiras.
6 - Referências
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