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Manual Da Ação UFCD 3837 - Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde No Trabalho
Manual Da Ação UFCD 3837 - Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde No Trabalho
Manual Da Ação UFCD 3837 - Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde No Trabalho
As condições de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST) têm sido, nas últimas
décadas, alvo de estudos profundos. A focalização nas condições de SHST que se tem
verificado, nomeadamente na legislação que está em vigor, tem como intuito prevenir a
ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças profissionais. Em simultâneo, esta
focalização também contribui para o aumento da competitividade das
empresas/instituições, para a melhoria da qualidade dos produtos/serviços desenvolvidos e
para a melhoria da qualidade de vida, quer em termos de realização profissional, quer em
termos de realização pessoal.
Com o intuito de melhorar as condições de vida dos trabalhadores nos seus locais de
trabalho, surge a prevenção, que assume um papel prioritário no âmbito da SHST. Desta
forma, a prevenção tem como objectivo evitar ou diminuir, quando não for possível
eliminar, os riscos profissionais (possibilidade de um trabalhador sofrer doenças, patologias
ou outras lesões, por motivo ou durante o trabalho), através da implementação de um
conjunto de medidas em todas as fases de actividade da empresa, do estabelecimento ou do
serviço.
Importa referir que os custos que estão associados à ocorrência de acidentes de trabalho e
de doenças profissionais dependem de diversos factores, de entre os quais se podem
salientar:
- custos relacionados com os direitos do trabalhador e/ou dos seus familiares;
- danos materiais;
- redução na produtividade e na rentabilidade;
- perdas inerentes ao absentismo;
- tempo despendido na selecção e substituição do trabalhador lesionado;
- perdas de competitividade;
- perdas relacionadas com a imagem.
De acordo com a legislação vigente, acidente de trabalho é aquele que se verifique no local
de trabalho e no tempo de trabalho, produzindo directa ou indirectamente, lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de
ganho ou a morte.
Não deixa de se considerar acidente de trabalho o que ocorrer quando o trajecto normal
tenha sofrido interrupções ou desvios determinados pela satisfação de necessidades
atendíveis do trabalhador, bem como por motivo de força maior ou por caso fortuito.
Segundo a legislação vigente, doenças profissionais são aquelas que constam na lista de
doenças profissionais apresentada no Decreto Regulamentar n.º 6/2000, de 5 de Maio. São,
ainda, consideradas doenças profissionais, as lesões, perturbações funcionais ou doenças,
não incluídas na lista a que se refere o referido decreto regulamentar, desde que sejam
consequência necessária e directa da actividade exercida pelos trabalhadores e não
representem normal desgaste do organismo.
Nas últimas décadas têm-se vindo a sentir, cada vez mais, os problemas relacionados com a
degradação do meio ambiente, devido à utilização irracional dos recursos naturais (ex.:
floresta, água, solo, etc.), à deposição incontrolada dos resíduos sólidos no solo, à descarga
de efluentes líquidos, sem qualquer tratamento, nos meios hídricos, à emissão de poluentes
para a atmosfera, etc.
Para fazer face a problemas tão bem conhecidos como é o caso da contaminação das águas
superficiais e subterrâneas e dos solos, bem como, o buraco do ozono, o efeito estufa, o
fenómeno “El Ninho” ou à previsão da escassez de água potável num futuro relativamente
próximo, é necessário que o homem tenha uma atitude diferente perante o ambiente. São
exemplos de uma nova atitude ambiental a utilização racional da água e da energia, a
modificação dos seus hábitos de consumo de modo a minimizar a produção de resíduos
sólidos e a utilização dos transportes públicos em detrimento do automóvel por forma a
minimizar a emissão de poluentes para a atmosfera.
Contudo, as soluções anteriormente citadas não são suficientes, por si só, para a
resolução/minimização dos problemas ambientais existentes. É necessário que a legislação
ambiental seja cada vez mais exigente e que haja uma estratégia de actuação que vise a
Nos últimos anos tem-se observado uma crescente pressão no que se refere ao respeito pelo
meio ambiente, não só por parte de Organizações não governamentais (ONG’s), mas
também pela comunidade em geral ao optarem por adquirir produtos menos poluentes e
pelo surgimento de exigências legais mais restritivas em matéria de ambiente.
A mudança de atitude sentida na indústria não se deve apenas às pressões ambientais mas
também ao fator económico. Embora para alguns empresários a preservação do meio
ambiente signifique a necessidade de investimentos financeiros sem retorno (reduzindo o
crescimento económico e a competitividade da empresa frente ao mercado), para outros a
adoção de medidas de proteção ambiental para além dos custos inerentes constitui uma
fonte de receitas.
Porém, no caso de não ser possível a adoção de medidas de proteção coletiva e no caso de
se continuar perante uma situação de risco para a segurança e saúde do trabalhador, deve-se
recorrer à utilização de equipamentos de proteção individual.
A decisão final sobre a utilização de equipamentos de proteção individual deve ser tomada
com base numa análise cuidada do posto de trabalho, análise essa em que devem participar
chefias e trabalhadores.
O trabalhador deverá proteger a cabeça sempre que estiver perante um risco de queda de
objetos pesados ou contundentes, pancadas violentas ou projeção de partículas.
Os olhos constituem uma das partes mais sensíveis do corpo, onde pequenos acidentes
podem causar lesões graves.
Paralelamente à proteção dos olhos, também o rosto pode ser protegido pela utilização de
viseiras apropriadas, cujo material deverá resistir ao choque, à corrosão e às radiações, em
conformidade com as situações de utilização.
Sempre que a atmosfera dos locais de trabalho se encontre contaminada com agentes
químicos agressivos (gases, vapores, fibras, poeiras,...), devem-se proteger as vias
respiratórias através de dispositivos adequados de proteção respiratória.
Tal como foi referido no ponto referente ao ruído, existem diferentes tipos de dispositivos
de proteção, destinados a proteger a função auditiva do trabalhador exposto ao ruído
existente no seu local de trabalho.
O troco pode ser protegido contra radiações ou projeções de líquidos, por exemplo, através
da utilização de vestuário apropriado à atividade exercida.
A proteção dos pés e dos membros inferiores pode ser realizada através de botas, galochas
e joelheiras, por exemplo.
Nos trabalhos em meios húmidos, locais encharcados ou que evidenciem contacto direto
com operações que envolvem eletricidade, devem-se usar botas de borracha de cano alto,
de preferência com solas antiderrapantes, para melhor aderência ao solo.
Como dispositivos de proteção das mãos e dos membros superiores, os mais frequentes são
as luvas, as dedeiras, as mangas e as braçadeiras.
Pelo seu uso habitual, destacam-se as luvas, podendo estas possuir 2, 3 ou 5 dedos, e ser
constituídas por diferentes materiais, tais como, couro, tecido, borracha, plástico e malha de
aço.
A coluna vertebral humana está adaptada para uma postura ereta (ver figura), pelo que
quando a movimentação de uma carga é efetuada através da adoção de uma postura
incorreta por parte da coluna (ver figura), os discos intervertebrais estão sujeitos a uma
sobrecarga considerável, podendo afetar a coluna nomeadamente ao nível da região lombar.
Existem vários fatores que potenciam a ocorrência dos riscos associados às tarefas que
envolvem a movimentação manual de cargas, são exemplos:
- o peso da carga;
- o volume e a forma da carga;
- a localização da carga;
- a postura adotada;
- a técnica de manuseamento adotada;
- a frequência (esporádica ou repetitiva) com que é efetuada a movimentação;
- o tempo despendido na realização da movimentação;
- a existência ou não de pegas na carga a movimentar;
- as condições fisiológicas do trabalhador.
Formador: Amélia Dinis 19
Com o intuito de prevenir a ocorrência dos riscos associados à movimentação manual de
cargas, os trabalhadores deverão, durante este tipo de movimentação, utilizar métodos que
tenham como princípio básico a permanência do tronco direito. Desta forma, a elevação e o
transporte de uma carga deverá ser efetuada da seguinte forma:
Identificar as zonas perigosas (ex.: arestas) de uma carga, antes de a manusear, por
forma a evitar o contacto com estas zonas;
1. a altura da carga deve estar ao nível da bacia da pessoa que a transporta e o mais
próximo possível do seu corpo;
2. a carga pese mais do que 30Kg e seja transportada ocasionalmente por uma pessoa;
3. a carga pese mais do que 20Kg e seja transportada frequentemente por uma pessoa.
Durante o transporte de uma carga com o recurso a auxiliares de transporte, tal como
acontece com a movimentação manual sem recurso a meios auxiliares, o trabalhador deve
evitar a adoção de posturas perigosas, mantendo o tronco direito, devendo para tal ter em
consideração os seguintes aspetos:
1. o transporte não deve ser realizado com a coluna vertebral inclinada;
2. o transporte não deve ser realizado através da rotação da coluna vertebral;
3. o transporte deve ser realizado de modo cauteloso;
4. o transporte deve ser realizado com a carga uniformemente distribuída;
5. e, a carga não deve impedir a visibilidade do percurso a realizar.
A utilização e a manutenção dos empilhadores deve ser realizada de forma cuidada, por
forma a assegurar que este tipo de equipamento, quando utilizado, não coloca em risco a
segurança do seu condutor ou dos restantes trabalhadores. Neste sentido, apresentam-se de
Quer o ruído, quer as vibrações, constituem agentes físicos capazes de colocar em risco a
saúde das pessoas a eles expostas. Atualmente, são bastante conhecidas algumas doenças
profissionais potenciadas por estes agentes, são exemplos, a surdez profissional
(proporcionada pela exposição ao ruído) e a doença de Raynaud ou síndrome dos dedos
brancos (proporcionada pela exposição às vibrações).
3.2.1. Ruído
Assim, se uma pessoa sofreu exposição a elevados níveis de ruído, durante um curto
intervalo de tempo, pode ocorrer uma surdez temporária, sendo que esta perda auditiva
pode durar apenas alguns segundos ou alguns dias; por outro lado, se uma pessoa esteve
exposta a elevados níveis de ruído, durante um longo período de tempo, ou se esteve
exposta a níveis de ruído muito elevados durante um curto espaço de tempo (ex.: explosão),
pode ocorrer uma surdez permanente, que se traduz numa perda de audição permanente e
irreversível.
Figura 22: Ilustração de uma conversação com uma pessoa que sofre de surdez permanente.
De entre os vários efeitos psicológicos que o ruído pode provocar sobre a saúde dos
trabalhadores, destacam-se os seguintes:
- fadiga;
- agressividade;
- irritabilidade;
- ansiedade;
- angústia, entre outros.
É de referir que fatores como a irritabilidade e a fadiga, provocados pelo ruído, contribuem
para a ocorrência de acidentes de trabalho, tal como contribuem as interferências,
provocadas pelo ruído, com a comunicação e com os sinais de aviso.
Os efeitos sociais, que surgem como uma consequência dos efeitos fisiológicos e
psicológicos, podem verificar-se através da dificuldade existente no relacionamento
Com o intuito de proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores expostos ao ruído, torna-
se de primordial importância proceder à medição do ruído, para que com base nos valores
obtidos se possa selecionar as medidas mais adequadas a serem desencadeadas para
proceder ao controlo/redução dos níveis de ruído.
O som varia consoante a sua intensidade e frequência. A unidade que se utiliza para medir
a intensidade do ruído é o decibel (dB), sendo que a escala de decibel consiste numa escala
logarítmica, o que quer dizer que um pequeno aumento nos valores expressos em decibel
corresponde a um grande crescimento do nível de ruído.
A avaliação dos níveis de ruído nos locais de trabalho é realizada através da utilização de
aparelhos adequados, como são o sonómetro integrador e o dosímetro. O sonómetro
integrador consiste num instrumento que permite captar o som de um modo semelhante ao
do ouvido humano, sendo adequado para a medição dos níveis de ruído relativos a tarefas
fixas. O dosímetro é um aparelho de medição que foi concebido para poder ser transportado
pelo próprio trabalhador durante a realização das suas tarefas diárias.
O conhecimento do modo como o ruído produzido por uma fonte sonora se propaga tem
especial importância, na medida em que esta informação permite a elaboração de um plano
de redução do ruído, que se mostre adequado à realidade existente.
O ruído proveniente de uma fonte sonora e que incide sobre um trabalhador ou um grupo
de trabalhadores pode ser propagado de diversas formas. Deste modo, a propagação do
ruído pode ocorrer por meio da sua:
- transmissão direta a partir da fonte;
- reflexão a partir das superfícies sólidas (ex.: teto e paredes);
- transmissão a partir das superfícies sólidas, como por exemplo os pavimentos onde
está assente a fonte sonora e o trabalhador ou o grupo de trabalhadores.
Como medidas passíveis de serem implementadas ao nível da fonte sonora, com o intuito
de controlar/reduzir o nível de ruído gerado pela fonte em questão, podem-se citar como
exemplo:
- substituição dos equipamentos ou componentes de equipamentos ruidosos por
outros menos ruidosos;
- realização de uma manutenção cuidada e atempada sobre todos os equipamentos,
apertando todas as peças soltas, substituindo as peças danificadas e lubrificando
adequadamente as partes móveis.
Após a implementação das medidas de controlo/redução planeadas, deve ser realizada uma
nova avaliação dos níveis de ruído, por forma a verificar se os objetivos pré-definidos
foram atingidos.
3.2.2. Vibrações
As vibrações são definidas como movimentos oscilatórios, que se transmitem entre dois
pontos numa linha reta, segundo os eixos espaciais (x, y, z). Por outras palavras, as
vibrações são efeitos físicos, percetíveis pelo Homem, que podem ser produzidas por uma
enorme diversidade de máquinas e ferramentas, tais como tratores agrícolas, camiões,
compressores, martelo picador e serras.
Quando a transmissão de vibrações ao corpo humano se faz através de uma máquina, por
exemplo, diz-se que esta transmissão é feita de um modo direto; por outro lado, quando
esta transmissão se faz através do pavimento, por exemplo, diz-se que a transmissão é feita
de um modo indireto.
As vibrações podem afetar todo o corpo humano (vibrações globais) ou serem transmitidas
apenas a alguns subsistemas do corpo, tal como o subsistema mão-braço (vibrações
parciais).
3.3. Iluminação
A utilização da iluminação natural deve ser realizada de forma ponderada, já que os níveis
de iluminação desta luz variam de acordo com a estação do ano e com as condições
climatéricas.
Assim, o alcance de uma iluminação adequada, sem carência ou excesso de luz, passa pela
utilização de uma iluminação natural que esteja complementada com uma iluminação
artificial.
3.3.1. Encandeamentos
Para iluminar, por exemplo, uma nave fabril de elevado pé direito deve-se optar por uma
iluminação direta, e a luz obtida deverá estar uniformemente distribuída sobre as áreas a
iluminar.
A iluminação direta de uma nave fabril, pode ser proporcionada por lâmpadas de sódio de
alta pressão, pois estas lâmpadas permitem uma boa reprodução das cores e apresentam
uma boa eficácia luminosa. Mas, para o desempenho de determinadas tarefas a iluminação
geral da nave deve estar acompanhada por uma iluminação localizada perto do plano de
trabalho, de modo a proporcionar uma iluminação combinada adequada.
Tonalidade da Luz
A tonalidade da luz projetada pelas lâmpadas deve ser outro fator a considerar. Pois, a
adoção de fontes de luz com:
• tonalidade branco-azulado transmite a sensação de frio;
• tonalidade branco-amarelado transmite a sensação de calor, ou seja, de
acolhimento.
O efeito estroboscópico também terá que ser levado em conta, já que a seleção inadequada
do tipo de lâmpadas poderá potenciar a ocorrência deste efeito. O efeito estroboscópico
pode promover a fadiga e a irritação dos olhos do trabalhador exposto, e pode ser perigoso,
principalmente no caso de uma máquina que não possui proteções.
A eliminação ou redução dos riscos associados à iluminação, deve ser alcançada através da:
• utilização adequada da luz natural
• e, no caso desta luz ser insuficiente ou inadequada, ela deve ser complementada
com a utilização de luz artificial elétrica.
Iluminação Natural
• o aproveitamento da luz natural deve ser realizado de forma a evitar a ocorrência
de encandeamentos;
• os encandeamentos podem ser evitados através do dimensionamento e da
distribuição adequada de, por exemplo, janelas e claraboias, de forma que a luz seja
uniformemente espalhada pelas áreas a iluminar, sem provocar brilhos que
encadeiem;
• os encandeamentos também podem ser evitados através da instalação de cortinas,
resguardos, persianas, palas protetoras, entre outros, nas janelas e nas claraboias.
Iluminação Artificial
• a utilização de luz artificial deve ser realizada de modo a evitar a ocorrência de
reflexos e de sombras que prejudiquem a visão, e do efeito estroboscópico;
• estes efeitos podem ser evitados através de uma seleção e projeção adequada do
tipo de luminária, da altura da luminária e do posicionamento adequado do posto de
trabalho.
Iluminação Localizada
• Sempre que for necessário obter um nível de iluminação mais elevado para
executar determinada tarefa que assim o exija, a iluminação geral deverá ser
acompanhada convenientemente por uma iluminação local intensa.
3.4. Radiações
A ionização daí decorrente altera quimicamente os átomos ou moléculas dos tecidos vivos,
originando alterações celulares. Pode danificar nossas células e afetar o material genético
(DNA), causando doenças graves (por exemplo: cancro), levando até a morte.
Radiações não ionizantes são as radiações de frequência igual ou menor que a da luz. A
faixa de frequência mais baixa do UV também é considerada não ionizante ainda que ela e
até mesmo a luz pode ionizar alguns átomos.
Podem causar problemas de saúde. Está demonstrado, por exemplo, que as microondas
podem causar, além de queimaduras, danos ao sistema reprodutor.
Os equipamentos dotados de visor (EDV) são, hoje, uma das ferramentas de trabalho mais
importantes em numerosas atividades fazendo parte da vida quotidiana de muitos
trabalhadores em muitos setores de atividade.
Quando existente no ar ambiente, este tipo de substância pode afetar de uma forma
prejudicial a saúde dos trabalhadores, pois pode desenvolver efeitos irritantes, corrosivos,
asfixiantes, tóxicos ou letais, o que depende das características da substância química em
causa, da sua concentração e do tempo de exposição.
A penetração dos contaminantes químicos no organismo humano pode ser realizada de três
formas diferentes:
- via respiratória: todas as substâncias suspensas no ambiente podem ser inaladas, sendo
que somente as partículas mais finas chegam aos alvéolos pulmonares.
- via cutânea: neste caso o contaminante químico entra no organismo através da pele,
sendo que esta penetração é favorecida pela sudação e pela existência de feridas ou outras
enfermidades na pele. Refira-se que, nem todas as substâncias conseguem penetrar através
desta via, pois para algumas delas a pele é impermeável.
De entre as diversas doenças profissionais que resultam da exposição dos trabalhadores aos
contaminantes químicos, podem-se referir, a título de exemplo, as doenças de carácter
respiratório, as irritações, as úlceras e os cancros.
Os riscos biológicos são caracterizados pela presença de microrganismos, tais como vírus,
bactérias, parasitas, fungos e bacilos, que efetivamente forem encontrados no ambiente de
trabalho e que estão diretamente relacionados com a exposição ocupacional a estes
microrganismos patológicos.
A patogenicidade do agente biológico é a capacidade que este tem para produzir doença no
hospedeiro humano:
✓ Infeção, lesões provocadas pela penetração e desenvolvimento do microrganismo
no hospedeiro e as ações de resposta imunitária do hospedeiro.
✓ Infestação, lesões produzidas pelo desenvolvimento de parasitas nas superfícies do
meio interno ou externo do hospedeiro
✓ Toxi-infeções, lesões resultantes da ação de substâncias produzidas por agentes
biológicos que penetram no hospedeiro.
✓ Alergias, processos patológicos resultantes de uma resposta exagerada do sistema
imunológico a uma substância estranha ao organismo.
✓ Teratogénese, ação promotora de alterações fetais.
✓ Carcinogénese, ação promotora de neoplasias malignas.
Desta forma, doença é a consequência da interação entre os agentes biológicos e o
hospedeiro, resultando numa lesão deste.
2. Controlo da exposição
* Implementação de medidas de confinamento, de acordo o Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de
abril e Diretiva 2000/54/CE, 18 de setembro), tais como:
- Contenção primária, permitindo o confinamento dos agentes biológicos a determinadas
áreas de trabalho e impedindo a sua disseminação descontrolada (cabine de biossegurança,
sistemas de ventilação pressurizados e filtragem de ar e líquidos);
- Contenção secundária, conjunto de medidas e procedimentos que permitem minimizar a
disseminação do agente em caso de falha das medidas de contenção primaria, considerando
aspetos estruturais das instalações e planos de contenção.
Implementação de medidas de controlo organizacional:
- Redução do número de trabalhadores expostos, através da automatização dos processos e
da criação de políticas de zonas de acesso condicionado;
- Diminuição dos tempos de exposição, através de rotação de tarefas, o que nem sempre e
desejável dado o maior risco de disseminação e a possibilidade dos trabalhadores perderem
competências especificas de proteção.
* Implementação de políticas de acesso condicionado.
3. Proteção individual
- Formação dos trabalhadores em aspetos referentes a exposição a agentes biológicos e
procedimentos de trabalho, higiene individual, assim como informação que permita ao
trabalhador identificar os sintomas e sinais iniciais de possível contaminação biológica.
- Assegurar a utilização de equipamentos de proteção individual e uniforme de trabalho de
uso individual e sujeito a processamento, de forma a impedir que estes sejam vetores de
contaminação.
4. Vigilância da saúde
- Monitorização biológica
- Vacinação
O presente ponto do manual, pretende focar alguns dos aspetos mais importantes no âmbito
da segurança e saúde nos locais de trabalho, desenvolvendo-os e apresentando as principais
medidas de prevenção associadas.
Condições inseguras
Envolvem a segurança do trabalhador. São as falhas, os defeitos as irregularidades, técnicas
e carências de dispositivos de segurança que coloca em risco a integridade física e ou saúde
das pessoas e a própria segurança das instalações e equipamentos.
Ato inseguro
Maneira que os trabalhadores se expõem, conscientemente ou inconscientemente a riscos
de acidentes.
Exemplo: Usar uma máquina sem proteção ou autorização; Ficar sob cargas suspensas;
Lubrificar, e limpar a máquina em movimento; Não usar EPI; Ir trabalhar sob efeito de
drogas e álcool.
O risco associado à utilização e manutenção dos equipamentos de trabalho toma, por vezes,
valores significativos. Associando esta tendência ao facto de existir legislação em vigor que
define os requisitos mínimos de segurança e as regras de utilização dos equipamentos de
trabalho, torna-se de fundamental importância a adoção de medidas que permitam
assegurar a segurança e a saúde dos trabalhadores na utilização destes equipamentos.
Assim, existem riscos associados aos equipamentos de trabalho que poderão ser eliminados
ou reduzidos, através da adoção de determinadas medidas. São exemplos destas medidas, a
aquisição de meios de proteção dos equipamentos, tais como, resguardos, dispositivos de
deteção de presença e dispositivos de comando de emergência; e, a sensibilização dos
trabalhadores sobre os riscos que estão associados à utilização e manutenção dos
equipamentos de trabalho.
A proteção das zonas perigosas dos equipamentos, torna-se num dos aspetos de
fundamental importância no que diz respeito à prevenção dos acidentes, aquando da
utilização de equipamentos de trabalho.
Os dispositivos tagout permitem informar todos os trabalhadores que tenham acesso aos
mecanismos de ativação do equipamento ou de reconexão das suas fontes de energia, que
estes se encontram sobre manutenção e que não devem ser operados, até que esse
dispositivo seja retirado. Ao contrário do dispositivo lockout, o dispositivo tagout não
impede o acionamento do equipamento onde se encontra colocado.
Um exemplo de um dispositivo tagout poderá ser uma etiqueta com uma mensagem de
alerta a informar que determinado equipamento se encontra sob manutenção e que não deve
ser ligado.
4.3. A eletricidade
Segurança elétrica é poder utilizar uma instalação elétrica sem riscos, nem para os
condutores nem aparelhos de comando nem para as pessoas.
- Contacto entre uma parte ativa, sob tensão (por exemplo, um fio condutor) e um elemento
condutor ligado à terra. Muito frequente.
- Contacto entre uma parte ativa, sob tensão e uma outra parte ativa (por exemplo, outro fio
condutor), sob tensão diferente. Frequente.
- Contacto entre uma massa acidentalmente sob tensão, por exemplo, a carapaça metálica
de um eletrodoméstico, e um elemento condutor ligado à terra. Relativamente frequente.
- Contacto entre duas massas que acidentalmente estão sob tensão e essa tensão é diferente.
Muito raro.
Existem ainda fatores pessoais que potenciam o risco de eletrização, como por exemplo, o
choque psicológico, o estado do coração e o envelhecimento geral do organismo.
Medidas informativas:
Visam de algum modo dar a conhecer a existência dos riscos da eletricidade e consistem
em:
✓ Sinais de proibição, precaução e informação;
✓ Formação de pessoal;
✓ Normas de segurança.
Medidas de proteção
Para proteção de pessoas podem utilizar-se:
✓ Plataformas isolantes;
✓ Tapetes isolantes;
✓ Ferramentas isolantes;
✓ Luvas isolantes;
✓ Capacetes;
✓ Botas para eletricista.
Para proteção nas instalações contra contatos diretos utilizam-se as seguintes medidas:
✓ Isolamento dos condutores;
✓ Colocação de obstáculos;
✓ Afastamento - distâncias de segurança;
✓ Uso de tensão reduzida de segurança.
A ocorrência de incêndios pode ter consequências nefastas, quer ao nível humano podendo
em último caso levar à morte, quer ao nível material pois podem dar origem à destruição
total ou parcial de uma empresa.
O termo proteção está relacionado com a adoção de um conjunto de medidas que têm por
objetivo minimizar as consequências provocadas pela ocorrência de um incêndio.
Os fogos são classificados, segundo uma norma portuguesa NP EN2, tendo em conta o tipo
de combustível, da seguinte forma:
• Classe C (ou fogos de gases): são fogos cujo combustível se encontra no estado
gasoso, como é o caso do butano, propano, acetileno e hidrogénio;
Os símbolos que estão associados a cada uma das classes de fogo definidas (padronizados
pela Norma DIN 14406), são apresentados na figura seguinte:
• Água: é o agente extintor mais utilizado, quer por ser mais económico quer por ser
aquele que geralmente está mais disponível. A extinção de um incêndio com água baseia-se
na sua capacidade de arrefecimento;
• Neve Carbónica ou CO2: é um agente extintor que atua por abafamento e sopro
(deslocando o oxigénio do ambiente).
Segundo a classificação dos fogos apresentada, não são referidos os fogos de origem
elétrica, isto porque a eletricidade pode dar origem a qualquer tipo de fogo, dependendo
apenas do tipo de combustível. No entanto, a seleção do agente extintor deverá ter como
base a classe de fogo a que se destina a combater e a possibilidade de ser ou não utilizado
nas instalações elétricas em tensão.
Logo após à deteção de um incêndio deve ser dado o alerta para que se possam colocar em
prática as ações necessárias para o combate do incêndio. Neste sentido, existem sistemas
manuais de alarme (ver figura seguinte) que devem ser colocados em locais estratégicos da
empresa.
O combate a incêndios é tanto mais eficaz quanto menor for o tempo entre a deflagração e
o início da ação de combate, pelo que os meios de combate mais eficazes são os sistemas
automáticos de deteção e extinção de incêndios, sendo os mais vulgares os sistemas de
“sprinklers” ou de chuveiros.
Apesar destes sistemas permitirem um rápida intervenção, a sua aplicação é limitada, não
podendo ser utilizados por exemplo em locais onde existam determinados produtos
químicos ou equipamentos elétricos, dado que o agente extintor é a água.
Aquando da colocação dos extintores numa dada área deve-se efetuar a identificação dos
riscos de incêndio inerentes à mesma, pois a seleção do tipo do agente extintor a utilizar
depende da classe de fogo presente, tal como já foi referido anteriormente.
Para além dos extintores, as empresas também devem estar equipadas com bocas de
incêndio que podem ser armadas (no caso de possuírem uma mangueira e uma agulheta),
onde o agente extintor é a água.
Para que o combate de um incêndio seja eficaz é fundamental que todos os colaboradores
saibam como utilizar os extintores, pelo que é aconselhável a condução de simulações de
incêndio periódicas. A altura ideal para a realização destas simulações é imediatamente
antes da expiração do prazo de validade dos extintores.
O plano de emergência pode ser definido como um documento que reúne uma série de
dados e define as formas de atuação com base nos recursos humanos e materiais
disponíveis para fazer face a uma situação de emergência. As situações de emergência que
podem ser abrangidas por um plano de emergência são diversas, nomeadamente, fugas de
gás, sismos, inundações e incêndios, entre outras. No entanto, neste ponto apenas será dado
enfoque ao caso dos incêndios.
Para que a intervenção numa situação de emergência seja bem sucedida, deve-se:
→ afixar em todas as secções as plantas de emergência e de forma bem visível;
Medidas preventivas:
- Peso do material não deve ser superior à resistência do piso;
- As pilhas devem estar 50cm afastadas das paredes do edifício;
- Ventilação, iluminação e as vias de circulação devem estar livres;
- Na armazenagem deve estar tudo alinhado;
- O empilhamento manual deve ser feito até 2 metros de altura.
A sinalização de segurança e de saúde tem como objetivo chamar a atenção, de uma forma
rápida e inteligível, para objetos, atividades ou situações que comportem riscos ou possam
estar na origem de riscos.
Proibição de fazer lume ou de fumar Passagem proibida a peões Proibição de apagar com água
Passagem proibida a veículos Proibido introduzir as mãos Proibido trabalhar sem dispositivo
de movimentação de cargas de segurança
Superfícies quentes
Perigo de eletrocussão Queda com desnível
• Sinais de obrigação:
Substâncias tóxicas
Substâncias explosivas Substâncias nocivas ou irritantes
Os sinais de obrigação devem ter forma circular e um pictograma branco sobre fundo azul,
que deve cobrir, pelo menos, 50% da superfície do sinal.
Via/saída de emergência
Sinal luminoso, que consiste num sinal emitido por um dispositivo composto por
materiais transparentes ou translúcidos, iluminados a partir do interior ou pela retaguarda,
de modo a transformá-lo numa superfície luminosa.
Sinal acústico, que consiste num sinal sonoro codificado, emitido e difundido por um
dispositivo específico, sem recurso à voz, humana ou sintética.
Sinal verbal, que consiste numa mensagem verbal predeterminada que utiliza voz,
humana ou sintética.
Sinal gestual, que se baseia no movimento, ou numa posição dos braços ou das mãos,
ou qualquer combinação entre eles, que, através de uma forma codificada, oriente a
realização de manobras que representem risco ou perigo para os trabalhadores. Os sinais
gestuais devem obedecer a códigos que se encontram definidos nas tabelas seguintes.
INICIO
Ambos os braços abertos horizontalmente,
(atenção, comando
palmas das mãos voltadas para a frente.
assumido,...)
STOP
Braço direito levantado, palma da mão direita
(interrupção,
para a frente.
fim do movimento)
FIM
Mãos juntas ao nível do peito.
(das operações)
DISTÂNCIA
Mãos colocadas de modo a indicar a distância.
VERTICAL
DISTÂNCIA
Mãos colocadas de modo a indicar a distância.
HORIZONTAL
PERIGO
Ambos os braços estendidos para cima com as
(stop ou paragem de
palmas das mãos voltadas para a frente.
emergência)
Por forma a assegurar uma sinalização eficiente, deve-se garantir que a acessibilidade e a
clareza da mensagem da sinalização de segurança e de saúde no trabalho não sejam
afetadas pela sua má conceção, pelo número insuficiente, pela localização inadequada, pelo
mau estado de conservação ou deficiente funcionamento dos seus dispositivos ou pela
presença de outra informação ou de uma fonte emissora.
Rocha, I.; Batalhão, C.; Vieira, D. – Gestão Integrada: certificação e legislação, Cadernos
de ambiente AIP: certificação ambiental. 36-41. Associação Industrial Portuense.