Manual Aparelho Cardiovascular 2012 FINAL 1
Manual Aparelho Cardiovascular 2012 FINAL 1
Manual Aparelho Cardiovascular 2012 FINAL 1
nua
2º. Semestre
l de
Aparelho
República de Moçambique
Ministério da Saúde For
Cardiovascular
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação maç
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al
FICHA TÉCNICA
O presente Manual faz parte do currículo de formação inicial doTécnico de Medicina Geral (TMG),
baseado em competências, que consiste em 5 semestres de formação clínica, compostos por 36
disciplinas, leccionadas de forma linear e modular com actividades na sala de aula, laboratório
humanístico e multidisciplinar e estágio clínico.
O Programa de Formação inicial do TMG é fruto da colaboração do I-TECH (International Training and
Education Center for Health), uma colaboração entre a Universidade de Washington e a Universidade
da Califórnia em São Francisco, com o MISAU (Ministério de Saúde de Moçambique), para melhorar as
capacidades clínicas do TMG no diagnóstico e tratamento das principais doenças, incluindo as
relacionadas ao HIV/SIDA, contribuindo desta forma para a melhoria da saúde da população
moçambicana.
Copyright 2012
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Departamento de Formação
Maputo-MZ
Coordenação
Elaboradores de Conteúdo:
Revisores Clínicos:
Revisores Pedagógicos:
Fernanda Freistadt
Formatação e Edição:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 3
PREFÁCIO
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 4
ÍNDICE
PREFÁCIO................................................................................................................................................................. 4
ÍNDICE ....................................................................................................................................................................... 5
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 5
PLANO ANALÍTICO
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 6
3. Reconhecer ou suspeitar de emergências cardíacas e executar as intervenções médicas imediatas
e referir/transferir, como apropriado:
a. Edema agudo pulmonar;
b. Síndrome coronário agudo;
c. Emergência hipertensiva;
d. Choque cardiogénico;
e. Tamponamento cardíaco;
f. Embolia pulmonar.
DESCRIÇÃO DA DISCIPLINA:
As doenças do aparelho cardiovascular têm se tornado, cada vez mais importantes nos países em
desenvolvimento e particularmente em Moçambique, o que se relaciona com o desenvolvimento sócio –
económico e consequentemente, ao número crescente de factores de risco.
Será na base da compreensão destes fenómenos que o Técnico de Medicina, como qualquer outro
trabalhador de saúde, poderá prevenir, diagnosticar e tratar diferentes patologias decorrentes deste
sistema.
Aparelho Cardiovascular
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Data e Número Duração
Tópicos e Conteúdo Tipo de Aula
Hora da Aula da Aula
1 Anatomia e Fisiologia: 2 Teórica
- Anatomia
2 Anatomia e Fisiologia 2 Teórica
- Fisiologia
3 Anatomia e Fisiologia 2 Teórica
- Terminologia
- Fisiopatologia
4 Revisão da Historia Clínica 2 Teórica
- Anamnese
5 Revisão da Historia Clínica 2 Teórica
- Exame Físico
6 Revisão da História Clínica 4 Laboratório
- Anamnese e Exame Físico
7 Meios Auxiliares de Diagnóstico 2 Teórica
- Exames Laboratoriais
8 Meios Auxiliares de Diagnóstico 2 Laboratório
- Exame Radiológico
9 Clínica Médica 2 Teórica
- Hipertensão Arterial
10 Clínica Médica: 1 Teórica
- Dislipidemia (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia
11 Clínica Médica: 2 Teórica
- Doença Coronária
Avaliação 2
TOTAL 40 horas
Aparelho Cardiovascular
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BIBLIOGRAFIA:
Aparelho Cardiovascular
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Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 1
Tópico Anatomia e Fisiologia Tipo Teórica
Conteúdos Anatomia Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Identificar as referências externas no peito respeitantes ao coração.
2. Identificar as quatro câmaras cardíacas e indicar o tamanho e as características normais de cada
uma.
3. Identificar as quatro válvulas cardíacas, indicar o nome e descrever as suas funções.
4. Identificar as artérias coronárias, segundo localização e nome.
5. Descrever o aspecto de uma válvula e uma artéria coronária.
6. Identificar os ramos principais do sistema circulatório.
7. Descrever a estrutura dos vasos sanguíneos de médio e grande calibre.
Estrutura da Aula
1 Introdução à Disciplina
2 Introdução à Aula
6 Circulação Coronária
8 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
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Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Poster da anatomia do coração;
Poster da anatomia do tórax anterior e posterior.
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 11
BLOCO 1: INTRODUÇÃO Á DISCIPLINA
1.1. Apresentação do docente/s.
1.2. Apresentação dos alunos.
1.3. Introdução breve a disciplina, incluindo a importância para os Técnicos de Medicina.
1.4. Apresentação do plano temático e analítico: tópicos, conteúdos e laboratórios.
1.5. Apresentação da estrutura da disciplina com o correspondente cronograma e inter-relações com
estágios e outras disciplinas teóricas.
1.6. Explicar o que se espera dos alunos para esta disciplina e os métodos de avaliação.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 12
3.2 Focos de auscultação
As referências externas do coração relacionam se também com as áreas de ausculta cardíaca no peito:
Aórtica – segundo espaço intercostal direito, junto ao esterno
Pulmonar – segundo espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno
Tricúspide – quarto espaço intercostal esquerdo junto ao esterno
Mitral – quinto espaço intercostal esquerdo na linha médioclavicular (ápice do coração ou ictus
cordis).
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e8/Anatomy_Heart_Portuguese_Tiesworks.png
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 14
Figura 5: Aparelhos valvulares cardíacos.
As margens das válvulas atrioventriculares (AV) estão ligadas às extensões musculares do miocárdio
ventricular chamadas músculos papilares, as quais em conjunto mantém as margens valvulares na
posição de fecho.
As válvulas semilunares estão situadas entre os ventrículos e as grandes artérias (sendo assim
chamadas pela forma de meia lua). Estas evitam o refluxo de sangue nos ventrículos durante a diástole,
a fase de relaxamento do coração.
A válvula semilunar pulmonar encontra se entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar, vaso
que transporta sangue não oxigenado aos pulmões.
A válvula semilunar aórtica está situada entre ventrículo esquerdo e a aorta, vaso que
transporta o sangue para a circulação sistémica.
5.2 Fluxo de sangue
Quando os ventrículos iniciam a contracção, as válvulas mitral e tricúspide se fecham em resposta ao
aumento da pressão ventricular; quando a pressão ventricular é maior que a pressão arterial (do corpo
e dos pulmões), as válvulas semilunares se abrem, e o sangue é bombeado na circulação pulmonar e
sistémica.
Aparelho Cardiovascular
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Figura 7: Circulação pulmonar e sistémica.
BLOCO 8. PONTOS-CHAVE
8.1 O coração localiza-se na cavidade torácica, no mediastino cercado pelo esterno, os pulmões,
aorta, esófago e diafragma.
8.2 O coração é dividido em duas metades: esquerda e direita, cada uma delas subdividida em duas
câmaras. Cada uma dessas quatro câmaras tem uma função diferente, e por isso, cada é
estruturada de forma diferente. O lado esquerdo do coração bombeia sangue para a circulação
sistémica a uma pressão muito maior do que o lado direito que só bombeia o sangue para os
pulmões.
8.3 As válvulas do coração estão localizados em locais diferentes e durante exame físico do paciente,
o técnico pode usar diferentes focos de ausculta.
8.4 Os focos de auscultação cardíaca são: mitral, tricúspide, pulmonar e aórtico.
8.5 O fluxo de sangue através do coração é controlado por uma série de válvulas que abrem e fecham
durante momentos diferentes do ciclo cardíaco.
8.6 A actividade coordenada do coração que produz a circulação do sangue no sistema circulatório,
chama se ciclo cardíaco o qual compõe se de fases: uma primeira fase de contracção (sístole) e
uma segunda de relaxamento (diástole).
Aparelho Cardiovascular
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Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 2
Tópico Anatomia e Fisiologia Tipo Teórica
Conteúdos Fisiologia Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Descrever as diferentes fases do ciclo cardíaco.
2. Descrever a função do sistema nervoso autónomo, do sistema angiotensina e do equilíbrio de sal (sódio
e água), no controlo da tensão arterial.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
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BLOCO 1: INTRODUÇÃO Á AULA
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectives de aprendizagem
1.2. Apresentação da estrutura da aula
1.3. Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
BLOCO 2: DIFERENTES FASES DO CICLO CARDÍACO
2.1. Introdução
O coração é um músculo especializado, e tal como este tem momentos de contracção e momentos de
relaxamento. O funcionamento do coração ocorre de uma forma organizada com varias etapas
específicas. Geralmente existem durante o ciclo cardíaco dois momentos: um de contracção e outro de
relaxamento. O músculo que se contrai e descontrai é chamado o miocárdio.
Sístole atrial (auricular) - corresponde ao momento de contracção das aurículas a fim de que o
sangue passe para os ventrículos. É uma acção extremamente rápida (um décimo de um
segundo).
Sístole ventricular – corresponde ao momento de contracção dos ventrículos a fim de projectar
o sangue para as artérias (pulmonar e aorta). A sístole ventricular dura 3 décimos de um
segundo.
Diástole – acontece imediatamente após à contracção dos ventrículos, o coração entra em
descanso. Esta é a fase em que o sangue flui para o miocárdio através das artérias coronárias
(circulação coronária). Tem uma duração de 4 décimos de um segundo.
A pressão arterial corresponde à pressão exercida pela passagem do sangue na parede dos vasos
sanguíneos.
Aparelho Cardiovascular
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S4 = quarto som, ouve se imediatamente antes da última fase da diástole ventricular, durante a
sístole atrial. Deve ser considerado sempre patológico.
Aparelho Cardiovascular
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Figura 3: Sistema eléctrico cardíaco
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 21
O débito cardíaco está sujeito a uma regulação, que mantêm um equilíbrio entre factores aceleradores
e desaceleradores. Esta regulação inclui:
Regulação Nervosa. O “centro cardiovascular do bulbo raquídeo” recebe informação das
necessidades dos tecidos (por receptores arteriais de pressão, oxigénio e pH do sangue, que
indicam maior ou menor necessidade de O2 nas células), dando resposta compensadora
através do balanço entre:
o Impulsos “simpáticos” mediados por adrenalina/noradrenalina (que provocam aumento da
FC)
o Impulsos “parassimpáticos” mediados por acetilcolina (que diminuem a FC).
Regulação Hormonal. Vários hormónios supra-renais (epinefrina e norepinefrina) e tiroideos
(tiroxina) são capazes de acelerar a FC, quando são secretados perante diferentes estímulos:
exercício, stress, ansiedade, emoções fortes.
Regulação Química. Níveis sanguíneos anormais de Na+, K+ e Ca++ podem provocar
alterações da FC e da contractilidade cardíaca. O excesso de K+ diminui a contractilidade e a
FC; o excesso de Ca++ causa efeitos quase opostos aos do K+ induzindo o coração a produzir
contracções espásticas; a deficiência de Ca++ tem efeitos semelhantes aos causados pelo
excesso de K+
Outros factores:
o Idade (a FC diminui com a idade),
o Sexo (menor FC nas mulheres),
o Exercício físico habitual (desportistas têm a FC baixa em repouso),
o Temperatura corporal (a febre aumenta a FC).
3.3 Pressão sanguínea
É a pressão que o sangue exerce contra as paredes dos vasos que o contém. Embora se pode aplicar
a pressão nas artérias, capilares ou veias de ambas circulações, geralmente é referida a pressão nas
artérias sistémicas principais, o que se denomina “pressão arterial” (PA), que é a que tem mais
significado ao clínico.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 22
o Nas artérias centrais, a PA é de uns 120 mmHg durante a sístole e de 80 mmHg durante a
diástole
3.5 Factores dos que depende a PA.
Da quantidade de sangue no sistema arterial, que por sua vez depende:
o Da quantidade de sangue que entra no sistema arterial (débito cardíaco). Perdas maiores a
10% da volémia (sangramentos, desidratação,…) provocam quedas não compensadas da
PA.
o Da quantidade de sangue que o sistema capilar e venoso é capaz de armazenar
(capacitância). Em casos de grandes dilatações venosas (como a que se produz durante
algumas técnicas anestésicas), o sangue acumula-se do lado venoso e está menos
disponível no arterial podendo cair a PA.
Resistência vascular, que depende da contractilidade e elasticidade das paredes vasculares,
que pode provocar:
o Diminuição do seu calibre (“vasoconstrição”) que aumenta a resistência e por tanto, a PA (como
em situações de alerta e stress, com actividade simpática aumentada), ou
o Aumento do seu calibre (“vasodilatação”), que diminui a resistência e a PA (como pela acção de
certos medicamentos, utilizados para baixar a PA, quando está alta patologicamente).
3.6 Factores que regulam a PA.
A PA é a responsável de manter um fluxo sanguíneo com pressão suficiente nos tecidos (“perfusão
tissular”) que permita o intercâmbio molecular entre sangue e células.
Uma perfusão adequada a cada momento é conseguida mediante um complicado sistema de regulação
homeostática (vários mecanismos de retro-alimentação negativa), no qual intervêm a FC, o volume
sistólico, a volémia e as resistências vasculares periféricas. Esta regulação inclui:
Regulação Nervosa. O “centro cardiovascular do bulbo raquídeo” têm núcleos
cardioestimuladores, cardioinibidores, vasodilatadores e vasoconstrictores, que estão em
equilíbrio e respondem perante qualquer mudança do equilíbrio, com um estímulo contrário
compensador.
Este centro recebe informação dos receptores arteriais de pressão ou baro-receptores
(“carotídeos e aórticos”) e dos receptores de concentração de gases e pH ou quimioreceptores.
A partir desta informação, o centro enviará:
o Impulsos “simpáticos” mediados por adrenalina, que provocam aumento da PA, por estímulo
da contracção arterial e aumento do débito cardíaco; ou
o Impulsos “parassimpáticos” mediados por acetilcolina, que provocam a queda da PA, por
inibição da contracção arterial e diminuição do débito cardíaco.
Regulação Hormonal. Inclui vários sistemas que respondem às quedas da PA:
o Sistema renina-angiotensina-aldosterona (do rim), que aumenta a PA mediante
vasoconstrição e diminuição da urina.
As células justaglomerulares (dos rins), quando o organismo está sob condições de
hipotensão (devido a uma hipovolemia), passam a libertar uma enzima denominada Renina
na corrente sanguínea.
No sangue, a renina age sobre uma proteína chamada Angiotensinogênio liberando a
Angiotensina I. Ao passar pelos vasos pulmonares, a angiotensina I sofre acção da Enzima
Conversora de Angiotensina (comummente chamada ECA) ou Convertase,
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 23
transformando-se em Angiotensina II (um potente vasoconstritor). A angiotensina II
estimulará rapidamente a vasoconstrição em muitas áreas do corpo com consequente
elevação da pressão arterial. Além disso a angiotensina II estimula a reabsorção de Sódio
e água pelos rins aumentando assim a volémia, e, consequentemente elevando a pressão
arterial. Simultaneamente, a angiotensina II, também estimula a liberação do hormônio
aldosterona, pelas glândulas supra-renais, que estimula mais ainda a absorção de sódio e
água, aumentando ainda mais a volémia e a pressão arterial.
BLOCO 4. PONTOS-CHAVE
4.1 O coração é um músculo especializado, e tal como este tem momentos de contracção e momentos
de relaxamento organizados em etapas específicas chamadas „sístole‟ e „diástole‟.
4.2 O S1 corresponde ao início da contracção ventricular e está associado ao encerramento das
válvulas mitral e tricúspide. O S2 corresponde ao início da diástole ventricular e está associado ao
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 24
encerramento das válvulas semilunares; o S3 houve-se depois do S2 e está associado ao
enchimento ventricular rápido; o S4 antecede imediatamente o S1, e é sempre patológico.
4.3 O ciclo cardíaco tem automaticidade própria através do sistema eléctrico do coração, e sofre
alterações devido a acção reguladora do sistema nervoso (simpático e parassimpático), acção
reguladora hormonal, química e ainda outros factores.
4.4 A pressão arterial é a pressão que o sangue exerce contra as paredes dos vasos que o contém,
referida geralmente como a pressão nas artérias sistémicas principais.
4.5 A pressão arterial depende do débito cardíaco e da resistência vascular, possuindo uma regulação
nervosa (simpático e parassimpático), regulação hormonal (Sistema renina-angiotensina-
aldosterona, adrenalina e noradrenalina, hormônio anti-diurético) e regulação por outros factores
(agentes químicos, físicos e a idade).
4.6 O Sistema renina-angiotensina-aldosterona, é um sistema activado devido a redução da pressão
arterial (exemplo: hemorragia, diarreia, entre outros), que resulta em vasoconstrição e retenção de
sódio e água, com consequente aumento da volémia e da pressão sanguínea.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 25
Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 3
Tópico Anatomia e Fisiologia Tipo Teórica
Terminologia
Conteúdos Duração 2h
Fisiopatologia
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir os seguintes termos:
a. Dispneia;
b. Dispneia de esforço;
c. Ortopneia;
d. Dispneia paroxistica nocturna;
e. Palpitações;
f. Cianose (central e periférico);
g. Síncope;
h. Sopro;
i. Frémito;
j. Isquemia;
k. Angina;
l. Enfarte;
m. Arritmia.
2. Explicar a fisiopatologia e classificação da:
a. Cianose central e periférica
b. Sopros e frémitos
c. Aterosclerose
3. Descrever os diferentes factores de risco para lesões cardiovasculares
Estrutura da Aula
2 Terminologias e Definições
5 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 26
Equipamentos e meios audiovisuais necessários
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 29
o Obstrução venosa
3.3 Sopro cardíaco
É um ruído produzido pela passagem do fluxo de sangue através das estruturas do coração,
especialmente através das válvulas cardíacas. O fluxo sanguíneo geralmente é laminar, porém, por
certas situações pode-se tornar fluxo turbulento, originando os sopros.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 30
se abrem completamente – situações de insuficiência aórtica ou pulmonar e, estenose mitral ou
tricúspide.
Os sopros contínuos não estão restritos a uma ou outra fase do ciclo cardíaco, eles começam
na sístole e continuam por toda a diástole, ou parte dela.
Figura 3: Aterosclerose.
BLOCO 5: PONTOS-CHAVE
5.1 O uso de termos médicos de forma correcta é muito importante porque cada um deles refere-se a
uma lista específica de condições. É de igual modo importante que o técnico de medicina entenda
e utilize os termos na documentação e discussão dos pacientes com outros clínicos.
5.2 A cianose – é a coloração azulada da pele e/ou mucosas devido a um aumento da hemoglobina
reduzida acima de 4 g/dl. Pode ser central com redução da saturação de oxigénio e manifestando-
se ao nível das mucosas e pele, ou periférica, devido a redução do fluxo sanguíneo e aumento da
extracção de oxigénio do sangue arterial poupando a mucosa oral.
5.3 O sopro cardíaco é devido a um fluxo turbulento do sangue nas câmaras e válvulas, e dependendo
do momento do sopro, pode traduzir uma insuficiência ou estenose valvular. A presença de frémito
palpável no precórdio, traduz um sopro de grau 4 em diante.
5.4 Existem factores de risco modificáveis e não modificáveis para as doenças cardiovasculares,
sendo muito importante actuar nos factores de risco modificáveis para a sua prevenção.
5.5 Os factores de risco podem levar ao desenvolvimento de aterosclerose e consequente limitação do
fluxo sanguíneo para os órgãos, resultando em isquemia.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 32
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 33
Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 4
Tópico Revisão da História Clínica Tipo Teórica
Conteúdos Anamnese Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Enumerar os componentes de uma anamnese orientada para os sintomas cardiovasculares.
2. Enumerar queixas que normalmente são associadas a uma condição cardiovascular.
3. Enumerar as questões a cobrir para colher uma detalhada história do paciente, incluindo:
a. Queixa principal;
b. Cronologia, localização, radiação, tipo e severidade da queixa;
c. Duração, frequência e periodicidade, factores agravantes e atenuantes;
d. Manifestações associadas;
e. Antecedentes familiares;
Estrutura da Aula
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 34
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
BLOCO 2: ANAMNESE CARDIOVASCULAR: IDENTIFICAÇÃO, QUEIXA ACTUAL E HISTÓRIA DA
DOENÇA ACTUAL
A anamnese cardiovascular apresenta particularidades importantes para o diagnóstico de patologias
cardiovasculares.
2.1. Identificação:
Na identificação do paciente é importante colher os seguintes dados:
Idade: certas idades têm relação com determinadas patologias cardiovasculares. Por exemplo,
em recém-nascidos, as patologias cardiovasculares congénitas podem estar presentes
(tetralogia de Fallot, dextrocárdia, persistência do canal arterial, entre outras). Os pacientes com
a faixa ataria entre os 5 e 15 anos, podem sofrer de cardiopatia reumática com posterior
evolução para insuficiência cardíaca; já na idade adulta e idosos, a hipertensão arterial pode ser
uma patologia predominante de forma isolada ou com subsequente descompensação para
insuficiência cardíaca.
Sexo: as lesões da válvula mitral, principalmente a estenose e o prolapso, ocorrem mais em
mulheres jovens, enquanto que a aterosclerose da artéria coronária predomina mais no sexo
masculino até por volta dos 45 anos.
Raça: a raça negra pode apresentar a anemia das células falciformes, que pode levar a uma
descompensação cardíaca.
Profissão e local de trabalho - a utilização frequente de aparelhos que produzem vibrações
intensas (perfuradoras, etc.) podem estar associadas á algumas patologias cardiovasculares (p.
ex. Aneurismas), enquanto profissões com alto nível de stress podem constituir factores de risco
para hipertensão arterial e cardiopatia isquémica.
2.2. Queixa actual e história da doença actual
As doenças do coração manifestam-se por vários sintomas e sinais, alguns originados no próprio
coração, outros em diferentes órgãos nos quais repercutem com mais intensidade as alterações do
funcionamento cardíaco. Neste bloco, serão abordadas queixas mais comuns em doentes do fórum
cardíaco a saber:
Precordialgia (dor torácica)
Dispneia
Palpitação
Cianose
Síncope ou pré Sincope
Edema
2.2.1 Dor no Peito (Precordialgia)
Dor no peito (precordialgia), mencionada por vezes pelo doente como um mal-estar, desconforto
ou sensação desagradável – É uma das maiores manifestações da cardiopatia isquémica, em
especial as situações coronárias agudas (Anginas estável/instável e enfarte do miocárdio). Esta é
uma das queixas mais graves relacionados ao sistema cardiovascular.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 35
É necessário caracterizar a dor da seguinte forma: início, localização, duração, carácter, sintomas
associados, radiação da dor, factores agravantes ou atenuantes, tempo, e severidade. Depois de
caracterizar completamente a dor durante a anamnese, o clínico pode decidir se a dor parece ser
de origem cardíaca, ou se parece que é dor de outra causa.
A dor torácica é um sintoma complicado com causas diversas, alguns de origem cardíaca, e outros
de origem de outros sistemas (pulmonar, músculo-esqueletal, gastrointestinal, nervoso). As
questões acima são úteis para determinar se a causa está relacionada à um problema cardíaco ou
outra causa. Em termos práticos, o mais importante é primeiro decidir entre dor cardíaca e dor
torácica não-cardíaca.
Entre as causas comuns de dor torácica cardíaca temos:
Doença arterial coronária – angina, enfarte do miocárdio
Doenças das válvulas – doenças da válvula aórtica, prolapso da válvula mitral
Pericardite (tipicamente a dor se alivia com a inclinação do tórax para frente – posição de
prece maometana)
Hipertensão pulmonar
Dissecção da aorta
Causas não cardíacas de dor torácica:
Doenças pulmonares: pneumonia, pneumotórax, pleurite com ou sem derrame pleural,
embolismo pulmonar
Doenças músculo-esqueléticas: artrite, costocondrite (síndrome de Tietze), espasmo
muscular, tumores ósseos
Neural: herpes zóster
Gastrointestinal: doença ulcerosa, doença intestinal, hérnia do hiato, pancreatite, colecistite
Crises de pânico/neurose cardíaca
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 36
Perante um paciente com queixa de dispneia é necessário distinguir da fadiga, que é traduzido
pela sensação de falta de forças ou fraqueza muscular.
É necessário qualificar e quantificar a dispneia do paciente e depois caracterizar em relação aos
seus atributos. A dispneia pode ser sinal/sintoma de doença cardíaca ou pulmonar.
Um início súbito de dispneia pode ser indicativo de um edema agudo do pulmão por
descompensação cardíaca súbita. Um início gradual com piora progressiva, sugere uma patologia
cardíaca com evolução prolongada.
Uma dispneia paroxística nocturna é mais específica de doença cardíaca (insuficiência cardíaca).
Dispneia de causa cardíaca é geralmente precipitada pelo exercício.
É necessário quantificar a dispneia cardíaca, usando a Classificação Internacional da “New York
Heart Association” :
Classe I: Sem limitação da actividade física. Actividade física rotineira não causa dispneia
Classe II: Ligeira limitação da actividade física rotineira. Exemplo: subir escadas.
Classe III: Com limitação importante da actividade física. Actividades menores que as
rotineiras produzem dispneia. Confortáveis somente em repouso. Exemplo: pentear o
cabelo, usar o vestuário
Classe IV: Severas limitações. Sintomas presentes mesmo em repouso.
É necessário sempre correlacionar a dispneia com outros sinais/sintomas como por exemplo:
tosse, expectoração, sibilos, dor anginosa, edema, entre outros.
A dispneia tem muitas causas e as questões acima são úteis para determinar se a causa está
relacionada à um problema cardíaco (insuficiência cardíaca, angina, pericardite) ou outras causas
(pulmonares, emocional, anemia).
2.2.3 Palpitações
As palpitações devem ser investigadas considerando sempre outros sintomas associados. Sendo
assim, considere sempre como um problema de risco se estiver, principalmente, associado a
tontura, dispneia, sudorese fria, quase-desmaio (lipotímia) ou desmaio (síncope) e dor torácica.
É necessário saber se foi o 1º episódio ou já teve episódios anteriores, e como terminaram os
episódios anteriores, pois pode-se tratar de um problema recorrente e, provavelmente, já
diagnosticado.
A percepção incómoda dos batimentos cardíacos (palpitações) não sempre significa alterações do
ritmo cardíaco (arritmia). É possível identificar três tipos principais de palpitações: palpitações de
esforço, palpitações que traduzem uma alteração do ritmo cardíaco e as relacionadas com
distúrbios emocionais.
É importante que perante um paciente com palpitações se pense nas seguintes causas:
Causas cardíacas
o Arritmias
o Insuficiência cardíaca
o Miocardites e miocardiopatias
Causas não cardíacas
o Hipertensão arterial
o Anemia
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 37
o Hipertiroidismo
o Esforço físico
o Emoções
o Síndrome do pânico (ansiedade)
o Tóxicas (medicamentos, café, tabaco, drogas – broncodilatadores, digitálicos)
2.2.4 Cianose
Certas características da cianose são importantes para o raciocínio diagnóstico:
Uma cianose presente desde o nascimento orienta para uma doença cardíaca congénita
(tetralogia de Fallot).
Uma cianose associada a dedos em baqueta de tambor sugere cardiopatias congénitas ou
doença pulmonar (fibrose pulmonar, bronquiectasias, enfisema pulmonar, cancro
broncogénico, fístula arteriovenosa pulmonar).
Uma cianose associada a dispneia paroxística nocturna, edema dos membros inferiores,
sugere uma insuficiência cardíaca.
Uma cianose apenas nas extremidades (cianose periférica) sugere exposição ao frio,
obstrução arterial.
2.2.5 Síncope
O interrogatório deve incluir as circunstâncias que precipitaram o episódio sincopal, sendo
fundamental o relato de testemunhas do evento. Sintomas como palpitações, náuseas, delírios
diaforese (transpiração excessiva) e visão turva devem sempre ser pesquisados pois podem
reflectir uma doença cardíaca (arritmias, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, entre outras).
A síncope que ocorre com sintomas súbitos de perda inesperada da consciência e que se repetem
com frequência sugere arritmias ou alterações neurológicas (exemplo: síncope com perca do
controlo dos esfincteres sugere convulsões).
Sintomas de aparecimento mais gradual sugerem síncope neurocardiogenica (vasovagal),
hiperventilação ou mais raramente hipoglicemia.
A síncope de origem cardíaca é súbita, sem associação com aura, convulsões, liberação
esfincteriana ou estados pós ictais, típicos da perda de consciência associada a estados
neurológicos.
Algumas causas cardíacas comuns de síncope são:
Arritmias
Enfarte do miocárdio
Insuficiência Cardíaca (miocardiopatia hipertrófica, miocardiopatia dilatada, entre outras)
Estenose aórtica
Estenose mitral
Embolia pulmonar
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 38
Distúrbios do tono vascular ou volume sanguíneo
o Síncope reflexa: vaso-vagal (ambiente quente, fome, fadiga extrema, estresse
emocional) hipersensibilidade do seio carotídeo, situacionais (tosse, micção, defecação,
manobra de Valsalva)
o Hipotensão ortostática (idiopática, induzida por fármacos como diuréticos e anti-
hipertensivos entre outros, hipovolemia)
Distúrbios que podem assemelhar-se a síncope:
Distúrbios metabólicos: hipoglicémia, hiperventilação, hipoxia, anemia
Distúrbios neurológicos: epilepsia, Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Distúrbios psicogénicos: histeria, crises de pânico
2.2.6 Edema
Edema, muitas vezes relatado pelo paciente como inchaço, é o acúmulo de líquidos no tecido
intersticial e é característica de condições onde ocorre alteração ou da pressão hidrostática ou da
pressão oncótica dos tecidos. Este estado é reconhecido muitas das vezes, pela persistência,
durante minutos, da depressão (sinal de godet) produzida na pele pela compressão.
É necessário caracterizar o edema por forma a correlacionar com prováveis patologias:
O edema de origem cardíaca é normalmente simétrico e progride desde as pernas chegando
na coxa, genitália e parede abdominal.
Em pacientes cronicamente acamados, o edema pode se concentrar na região sacra.
Em pacientes com problemas cardiovasculares, o edema é vespertino, isto é, aumenta ao
longo do dia, e reduz-se à noite com o repouso em decúbito e com os membros inferiores
ligeiramente elevados em relação ao nível do coração.
O edema pode ser generalizado (anasarca), podendo ocorrer dessa forma na síndrome
nefrótica, na cirrose hepática e na insuficiência cardíaca severa.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 39
O edema que acomete a face e envolta dos olhos ocorre na síndrome nefrótica, na
hipoproteinemia, no edema angioneurótico e no mixedema.
Edemas unilaterais de extremidades indicam trombose venosa, edema linfático ou um
processo inflamatório local.
Assim como os outros sinais nesta aula, edema tem várias causas, mas usando a anamnese, o
clínico deve ser capaz de determinar se o edema é de origem cardíaca, ou causado por outra
doença.
BLOCO 3: ANAMNESE CARDIOVASCULAR: HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA E
FAMILIAR, HISTÓRIA PESSOAL E SOCIAL
3.1 História Patológica Pregressa e Familiar
3.1.1 Doenças da infância e da vida adulta
É necessário perguntar sobre doenças da infância pois pode haver uma correlação directa com a
patologia actual. Por exemplo: história na infância de episódios de amigdalites/faringites poderá
trazer pistas para o diagnóstico da cardiopatia reumática.
3.1.2 Hospitalizações e Intervenções Cirúrgicas
Antecedentes de hospitalizações e intervenções cirúrgicas podem conduzir a um diagnóstico da
doença actual. Por exemplo: antecedentes de internamentos anteriores por hipertensão arterial,
insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio, ou por doenças arteriais ou venosas, sugerem que o
paciente possa ter a mesma patologia descompensada ou uma complicação das mesmas. Um
paciente com antecedentes de intervenção cirúrgica as válvulas do coração e que se apresenta
com febre e sopro cardíaco pode ser sugestivo de uma endocardite infecciosa das próteses
valvares.
3.1.3 Traumas
História de traumatismos dos membros podem fazer pensar numa embolia gorda, ou
tromboembolismo pulmonar num paciente com dor torácica súbita, dispneia e síncope. Um
traumatismo na região torácica pode explicar um derrame pericárdico.
3.1.4 Medicações
A história medicamentosa fornece pistas para a doença actual. Por exemplo: o uso de anti-
hipertensivos (metildopa, propranolol) sugere um paciente com hipertensão arterial. Por outro lado,
um paciente com síncope e em tratamento para hipertensão arterial, pode sugerir como a causa da
síncope o uso excessivo (sobredosagem) de anti-hipertensivos. Um paciente em uso de anti-
coagulantes (heparina, varfarina) sugere um distúrbio trombótico vascular. Por outro lado, uma
paciente com dor torácica súbita, dispneia súbita e síncope em tratamento com anti-coagulantes,
pode sugerir um tromboembolismo pulmonar. O uso de anti-tuberculostáticos em um paciente com
dor torácica que se alivia com a posição de prece maometana pode sugerir uma pericardite
tuberculosa. Ou um paciente com história de uso de Penicilina Benzantínica mensal, e que se
apresente com dor torácica, dispneia, pode sugerir uma cardiopatia reumática descompensada.
3.2 História Pessoal e Social
3.2.1 Estado de saúde dos pais e irmãos
É importante indagar o estado de saúde dos pais e irmãos, bem como de familiares próximos e
causas de óbitos. Por exemplo: história familiar de hipertensão arterial ou dislipidémias, pode
fornecer pistas para a dor torácica do paciente como sendo devido a hipertensão arterial ou
isquemia cardíaca, respectivamente. Familiares próximos com tuberculose, pode ser um indício
importante para uma provável pericardite tuberculosa em uma paciente com dor torácica cardíaca.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 40
3.2.2 Hábitos alimentares
Os hábitos alimentares podem sugerir patologias cardíacas. Por exemplo, uma deficiente
alimentação pode levar a ocorrência de insuficiência cardíaca, quer por deficiência de vitamina B1
– beri-beri, quer por deficiência de ferro que leva a uma anemia e insuficiência cardíaca. No outro
extremo, uma alimentação desregrada pode levar a obesidade e imobilidade (sedentarismo),
contribuindo para inúmeras doenças cardiovasculares (tromboses venosas, insuficiência arterial,
arteriosclerose, angina ou enfarte do miocárdio, hipertensão arterial, entre outras).
3.2.3 Habitação
Uma habitação precária, pouco arejada, facilitam a transmissão de doenças infecciosas, entre as
quais a tuberculose que pode levar ao desenvolvimento de uma pericardite tuberculosa. De igual
modo, infecções faríngeas podem ser facilmente disseminadas e resultar em febre reumática e
cardiopatia reumática. Existe uma correlação entre o baixo nível sócio-económico e certas doenças
cardíacas, como é o caso da febre reumática.
3.2.4 Vícios
O consumo de álcool, tabaco e tóxicos está correlacionado com inúmeras doenças
cardiovasculares, entre elas a hipertensão arterial, arteriosclerose, angina e enfarte do miocárdio,
doenças vasculares como trombose venosa e insuficiência arterial.
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. As doenças cardiovasculares manifestam-se principalmente pelos seguintes sintomas/sinais:
precordialgia, dispneia, palpitações, cianose, síncope/pré-síncope e edema.
4.2. A precordialgia cardíaca (anginosa) é, geralmente, uma dor “surda”, “em pressão”, retroesternal,
com irradiação para o braço esquerdo, mandíbula e costas, precipitada pelo esforço, emoção e
aliviada pelo repouso e nitroglicerina.
4.3. É necessário classificar a incapacidade do paciente (usando a dispneia) baseando-se na
Classificação Internacional da “New York Heart Association”.
4.4. A dispneia paroxística nocturna é um sintoma muito específico de doença cardíaca.
4.5. Palpitações associadas a tontura, dispneia, sudorese fria, lipotímia ou síncope e desmaio, devem
ser investigados como um problema de alto risco.
4.6. A síncope cardíaca é geralmente súbita, sem associação com aura, convulsões e libertação
esfincteriana ou estados pós ictais.
4.7. O edema cardíaco é, geralmente, simétrico, ascendente, vespertino, e aliviado com o repouso em
decúbito e com os membros inferiores ligeiramente elevados em relação ao nível do coração.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 41
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 5
Tópico Revisão da História Clínica Tipo Teórica
Conteúdos Exame Físico Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Enumerar e descrever os passos sequenciais e as técnicas necessárias para realizar os seguintes
exames, orientados aos sintomas cardiovasculares:
a. Exame Geral
b. Exame do tórax (Inspecção, palpação, percussão auscultação);
c. Exame abdominal;
d. Exame dos genitais
e. Exame neurológico
f. Exame das extremidades
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 42
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
Figura 1: Xantomas
Figura 2: Xantelasmas
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 43
pericárdico e obstrução da veia cava superior. A PVJ normalmente diminui com a inspiração, no
entanto, se houver um aumento da PVJ na inspiração (sinal de Kussmaul) sugere pericardite
constritiva
2.2.1 Sinais Vitais:
Temperatura – a febre é sugestiva de um processo infeccioso. Sendo assim:
Um paciente com febre, eritema marginatum, dispneia, PVJ aumentada, sugere uma Febre
reumática.
Um paciente com febre e com sopro cardíaco e sinais de vasculite como petéquias no
palato, hemorragia conjuntival, nódulos de osler sugere endocardite infecciosa.
Um paciente com febre, e dor torácica que se alivia com a posição de prece maometana
sugere uma pericardite.
Frequência respiratória – é pouco sugestivo de uma patologia específica, visto que os pacientes
com cardiopatias tendem a ter dispneia ou taquipneia.
Frequência cardíaca – pode estar aumentada (> 100 – taquicardia), normal (60 a 100) ou diminuída
(< 60 – bradicardia) ou pode se apresentar arrítmico.
Pulso
O pulso deve ser pesquisado e analisado em função das suas características. É importante
analisar todos os pulsos (temporal, carotídeo, radial, umeral, femoral, poplíteo, pedioso e tibial
posterior).
Um pulso diminuído pode ser resultado de uma hipotensão, doença vascular
arteriosclerótica.
Um pulso assimétrico (medindo e comparando o pulso radial esquerdo e direito) é sugestivo
de uma coarctação (estreitamento) da aorta. A comparação do pulso radial com o pulso
femoral é importante, pois uma diferença no pulso (dissociação rádio-femoral) é sugestiva de
coarctação da aorta.
A ausência de pulso numa determinada região, pode ser indicativo de obstrução arterial.
Pulso rápido e pouco perceptível é sugestivo de hipotensão grave.
Pulso bisférico (duas pulsações sistólicas) é sugestivo de insuficiência aórtica e
miocardiopatia hipertrófica.
Pulso paradoxal (diminuição da pressão sistólica durante a inspiração em mais de 10 mmhg)
sugere tamponamento cardíaco. Pode ocorrer também na asma e doenças pulmonares
obstrutivas crónicas.
É importante sempre pensar em associações dos sinais. Por exemplo: um pulso rápido, associado
a diaforese, baixa tensão arterial sistólica (< 90 mmhg) e febre é sugestivo de choque séptico.
Tensão arterial
A pressão arterial ou tensão arterial é extremamente útil na avaliação do paciente cardiovascular. A
simples medição da tensão arterial possibilita o diagnóstico da hipertensão arterial e pode explicar
os vários sintomas que o paciente apresenta.
Uma maneira simples de avaliar o fluxo sanguíneo é através da comparação entre a pressão
arterial ao nível do tornozelo e a pressão arterial do braço (índice tornozelo-braquial - ITB). Este
índice é calculado usando a pressão arterial sistólica (com o método de palpação, não o método de
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 44
auscultação) do tornozelo e o dividindo por a pressão arterial sistólica do braço. Nas pessoas
normais o ITB é ≥1,0. Uma ITB <0,9 sugere doença arterial periférica.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 45
Retracção sistólica apical
Hipertrofia do ventrículo direito
No entanto, o choque de ponta, pode não ser facilmente sentido, o que pode sugerir um derrame
pericárdico.
Frémito cardiovascular
O frémito cardiovascular corresponde aos sopros de grau IV até VI. É necessário saber a área do sopro
(foco de auscultação), situação no ciclo cardíaco (sistólico, diastólico, sistodiastólico), e intensidade
(avaliada por cruzes de forma ascendente + a ++++).
Por exemplo, na estenose aórtica valvular (um estreitamento da válvula aórtica) pode se palpar um
frémito sistólico no 2⁰ espaço intercostal, junto da área aórtica; na estenose valvular pulmonar pode se
palpar frémito sistólico no 2⁰ e 3⁰ espaços intercostais esquerdos, junto ao bordo do esterno. Na
estenose mitral, o frémito sistólico estaria no foco mitral.
Geralmente os sons cardíacos houve-se em dois tempos como um “tum-tum”. A existência de S3 e/ou
S4, formando um ritmo S4 – S1 – S2, ou S1 – S2 – S3, ou ainda S4 - S1 – S2 – S3, constituem o ritmo
de galope.
Todos sons cardíacos abafados sugerem um derrame pericárdico.
A presença de um som de atrito (semelhante ao esfregar o cabelo com os dedos) sugere
pericardite. O som do atrito pericárdico pode-se confundir com o som dos fervores crepitantes
pulmonares. Para saber distinguir um atrito de fervores crepitantes, peça ao paciente para reter a
respiração por breves segundos. Se o atrito persistir é porque é de causa cardíaca.
O exame cardiovascular torácico deve ser complementado com o exame pulmonar (abordado na
disciplina de Sistema Respiratório)
2.7. Exame do Abdómen:
No exame do abdómen, as técnicas são as mesmas: Inspecção, Auscultação, Percussão, Palpação.
À inspecção:
o Um abdómen aumentado de volume pode ser sugestivo de uma ascite e/ou da presença de
visceromegálias (hepatomegalia, esplenomegalia) relacionado com uma insuficiência
cardíaca.
o Pode ser visível uma massa pulsátil no centro do abdómen, sugerindo um aneurisma da
aorta.
À auscultação:
o Pode revelar sopros de um aneurisma ou estenose das artérias renais.
À percussão:
o Pode-se percutir para detectar as áreas de macicez sobre as vísceras aumentadas
(hepatomegalia) ou ascite deslocável.
À palpação:
o Um sinal de onda líquida positivo sugere uma ascite que pode ser indicativo de uma
insuficiência cardíaca.
o Pode-se palpar um fígado aumentado e congesto (superfície lisa, bordas regulares) que
sugere uma insuficiência cardíaca direita ou congestiva.
o Uma pressão sobre o fígado pode originar um aumento da PVJ (refluxo hepato-jugular)
sugestivo de, insuficiência cardíaca direita ou congestiva.
2.8. Exame dos Genitais
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 47
O exame dos genitais pode identificar um hidrocelo (líquido no escroto) devido a uma insuficiência
cardíaca ou veias dilatadas (varicocelo).
2.9. Exame neurológico
O exame neurológico pode-se mostrar alterado decorrente de várias patologias cardiovasculares:
Alteração do estado mental com agitação, letargia pode ser decorrente de uma insuficiente
irrigação cerebral (insuficiência cardíaca, Hipertensão arterial, ateroesclerose, entre outras)
Visão borrada (embaciada) pode sugerir uma retinopatia hipertensiva
Uma hemiparésia (paralisia de uma metade do corpo) pode sugerir uma Acidente Vascular
Cerebral (por hipertensão arterial ou isquemia por um embolo)
Movimentos involuntários coreatetóides na face, língua e membros superiores podem ser
sugestivos de Febre Reumática.
2.10. Exame das Extremidades
No exame das extremidades é importante avaliar:
À inspecção: a presença de edema, cianose, úlceras, baquetamento dos dedos, veias varicosas,
cor da pele.
À palpação:
o Avaliar a temperatura da pele das extremidades e comparar, pesquisar os pulsos e compará-
los (atrasos de pulsos podem sugerir um processo obstrutivo arterial)
o Avaliar a presença de edema pressionando a pele. Um edema inflamatório ou por
desequilíbrio hidrostático-oncótico (insuficiência cardíaca, hipoproteinémias) apresenta
deformidade (godet), enquanto que um edema linfático (por obstrução) é duro.
o Pesquisar a presença de frémitos que podem indicar a presença de aneurismas, estenoses
vasculares.
À auscultação:
o Procurar a presença de sopros que podem traduzir um aneurisma, estenose.
BLOCO 3: PONTOS-CHAVE
3.1 Um exame geral pode ser bastante útil na pesquisa das etiologias da queixa do paciente.
3.2 A presença de febre em associação com um sopro cardíaco e sinais de vasculite sugerem uma
endocardite infecciosa.
3.3 O exame dos pulsos, sua comparação e respectiva caracterização é indispensável no exame
cardiovascular.
3.4 A distensão venosa jugular (DVJ) ou pulso venoso jugular (PVJ) sugere falência ventricular direita
ou obstrução da veia cava superior.
3.5 A medição da tensão arterial é extremamente útil na avaliação do paciente cardiovascular.
3.6 Através da palpação do precórdio pode-se caracterizar o choque de ponta e abaulamentos que
podem sugerir hipertrofia e/ou dilatação cardíaca. A presença de frémito, sugere a existência de
um sopro cardíaco de grau IV a VI.
3.7 Através da auscultação pode-se caracterizar os sons cardíacos e ruídos adicionais (sopros, atritos,
estalidos de abertura) que auxiliam no diagnóstico da patologia cardiovascular.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 48
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 49
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 6
Tópico Revisão da História Clínica Tipo Laboratório
Conteúdos Anamnese e Exame Físico Duração 4h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Efectuar uma história clínica (anamnese e exame físico) num colega, com ênfase no sistema
cardiovascular:
a. Demonstrar os passos da anamnese e do exame físico;
b. Explicar os resultados que seriam considerados “normais”;
c. Explicar anomalias que podem ser encontradas e possível associação com uma doença
cardiovascular.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Duração
Material Necessário:
Tabuleiro contendo
o Esfigmomanómetro
o Estetoscópio
o Bloco de notas
o Esferográfica
o Álcool a 70% (frascos de 100ml), sendo 1 por grupo de estudantes
o Compressas secas
Preparação:
Orientar 5 alunos para fazer a simulação uma síndrome febril
Orientar aos alunos para lerem a aula 4 e 5 da disciplina
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 50
BLOCO 1: INTRODUÇÃO À AULA (10 min)
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação dos equipamentos e materiais
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 51
Entre as causas comuns de dor torácica cardíaca temos:
Doença arterial coronária – angina, enfarte do miocárdio
Doenças das válvulas – doenças da válvula aórtica, prolapso da válvula mitral
Pericardite (tipicamente a dor se alivia com a inclinação do tórax para frente – posição de
prece maometana)
Hipertensão pulmonar
Dissecção da aorta
Causas não cardíacas de dor torácica:
Doenças pulmonares: pneumonia, pneumotórax, pleurite com ou sem derrame pleural,
embolismo pulmonar
Doenças músculo-esqueléticas: artrite, costocondrite (síndrome de Tietze), espasmo
muscular, tumores ósseos
Neural: herpes zóster
Gastrointestinal: doença ulcerosa, doença intestinal, hérnia do hiato, pancreatite, colecistite
Crises de pânico/neurose cardíaca
2.2.2. Dispneia de Repouso ou de Esforço
Perante um paciente com queixa de dispneia é necessário distinguir da fadiga, que é traduzido
pela sensação de falta de forças ou fraqueza muscular.
É necessário qualificar e quantificar a dispneia do paciente e depois caracterizar em relação aos
seus atributos. A dispneia pode ser sinal/sintoma de doença cardíaca ou pulmonar.
Um início súbito de dispneia pode ser indicativo de um edema agudo do pulmão por
descompensação cardíaca súbita. Um início gradual com piora progressiva, sugere uma patologia
cardíaca com evolução prolongada.
Uma dispneia paroxística nocturna é mais específica de doença cardíaca (insuficiência cardíaca).
Dispneia de causa cardíaca é geralmente precipitada pelo exercício.
É necessário quantificar a dispneia cardíaca, usando a Classificação Internacional da “New York
Heart Association” :
Classe I: Sem limitação da actividade física. Actividade física rotineira não causa dispneia
Classe II: Ligeira limitação da actividade física rotineira. Exemplo: subir escadas.
Classe III: Com limitação importante da actividade física. Actividades menores que as
rotineiras produzem dispneia. Confortáveis somente em repouso. Exemplo: pentear o
cabelo, usar o vestuário
Classe IV: Severas limitações. Sintomas presentes mesmo em repouso.
2.2.3. Palpitações
As palpitações devem ser investigadas considerando sempre outros sintomas associados. Sendo
assim, considere sempre como um problema de risco se estiver, principalmente, associado a
tontura, dispneia, sudorese fria, quase-desmaio (lipotímia) ou desmaio (síncope) e dor torácica.
É necessário saber se foi o 1º episódio ou já teve episódios anteriores, e como terminaram os
episódios anteriores, pois pode-se tratar de um problema recorrente e, provavelmente, já
diagnosticado.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 52
É importante que perante um paciente com palpitações se pense nas seguintes causas:
Causas cardíacas
o Arritmias
o Insuficiência cardíaca
o Miocardites e miocardiopatias
Causas não cardíacas
o Hipertensão arterial
o Anemia
o Hipertiroidismo
o Esforço físico
o Emoções
o Síndrome do pânico (ansiedade)
o Tóxicas (medicamentos, café, tabaco, drogas – broncodilatadores, digitálicos)
2.2.4. Cianose
Certas características da cianose são importantes para o raciocínio diagnóstico:
Uma cianose presente desde o nascimento orienta para uma doença cardíaca congénita.
Uma cianose associada a dedos em baqueta de tambor sugere cardiopatias congénitas ou
doença pulmonar (fibrose pulmonar, bronquiectasias, enfisema pulmonar, cancro
broncogénico, fístula arteriovenosa pulmonar).
Uma cianose associada a dispneia paroxística nocturna, edema dos membros inferiores,
sugere uma insuficiência cardíaca.
Uma cianose apenas nas extremidades (cianose periférica) sugere exposição ao frio,
obstrução arterial.
2.2.5. Síncope
O interrogatório deve incluir as circunstâncias que precipitaram o episódio sincopal, sendo
fundamental o relato de testemunhas do evento. Sintomas como palpitações, náuseas, delírios
diaforese (transpiração excessiva) e visão turva devem sempre ser pesquisados pois podem
reflectir uma doença cardíaca (arritmias, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, entre outras).
Algumas causas cardíacas comuns de síncope são:
Arritmias
Enfarte do miocárdio
Insuficiência Cardíaca (miocardiopatia hipertrófica, miocardiopatia dilatada, entre outras)
Estenose aórtica
Estenose mitral
Embolia pulmonar
Outras causas de síncope:
Distúrbios do tono vascular ou volume sanguíneo
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 53
o Síncope reflexa: vaso-vagal (ambiente quente, fome, fadiga extrema, estresse
emocional) hipersensibilidade do seio carotídeo, situacionais (tosse, micção, defecação,
manobra de Valsalva)
o Hipotensão ortostática (idiopática, induzida por fármacos como diuréticos e anti-
hipertensivos entre outros, hipovolemia)
Distúrbios que podem assemelhar-se a síncope:
Distúrbios metabólicos: hipoglicémia, hiperventilação, hipoxia, anemia
Distúrbios neurológicos: epilepsia, Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Distúrbios psicogénicos: histeria, crises de pânico
2.2.6. Edema
Edema, muitas vezes relatado pelo paciente como inchaço, é o acúmulo de líquidos no tecido
intersticial e é característica de condições onde ocorre alteração ou da pressão hidrostática ou da
pressão oncótica dos tecidos. Este estado é reconhecido muitas das vezes, pela persistência,
durante minutos, da depressão (sinal de godet) produzida na pele pela compressão.
É necessário caracterizar o edema por forma a correlacionar com prováveis patologias:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 54
O edema de origem cardíaca é normalmente simétrico e progride desde as pernas chegando
na coxa, genitália e parede abdominal.
Em pacientes cronicamente acamados, o edema pode se concentrar na região sacra.
Em pacientes com problemas cardiovasculares, o edema é vespertino, isto é, aumenta ao
longo do dia, e reduz-se à noite com o repouso em decúbito e com os membros inferiores
ligeiramente elevados em relação ao nível do coração.
O edema pode ser generalizado (anasarca), podendo ocorrer dessa forma na síndrome
nefrótica, na cirrose hepática e na insuficiência cardíaca severa.
O edema que acomete a face e envolta dos olhos ocorre na síndrome nefrótica, na
hipoproteinemia, no edema angioneurótico e no mixedema.
Edemas unilaterais de extremidades indicam trombose venosa, edema linfático ou um
processo inflamatório local.
2.3 História Patológica Pregressa e Familiar
2.3.1 Doenças da infância e da vida adulta
É necessário perguntar sobre doenças da infância pois pode haver uma correlação directa com a
patologia actual. Por exemplo: história na infância de episódios de amigdalites/faringites poderá
trazer pistas para o diagnóstico da cardiopatia reumática.
2.3.2 Hospitalizações e Intervenções Cirúrgicas
Antecedentes de hospitalizações e intervenções cirúrgicas podem conduzir a um diagnóstico da
doença actual. Por exemplo: antecedentes de internamentos anteriores por hipertensão arterial,
insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio, ou por doenças arteriais ou venosas, sugerem que o
paciente possa ter a mesma patologia descompensada ou uma complicação das mesmas. Um
paciente com antecedentes de intervenção cirúrgica as válvulas do coração e que se apresenta
com febre e sopro cardíaco pode ser sugestivo de uma endocardite infecciosa das próteses
valvares.
2.3.3 Traumas
História de traumatismos dos membros podem fazer pensar numa embolia gorda, ou
tromboembolismo pulmonar num paciente com dor torácica súbita, dispneia e síncope. Um
traumatismo na região torácica pode explicar um derrame pericárdico.
2.3.4 Medicações
A história medicamentosa fornece pistas para a doença actual. Por exemplo: o uso de anti-
hipertensivos (metildopa, propranolol) sugere um paciente com hipertensão arterial. Por outro lado,
um paciente com síncope e em tratamento para hipertensão arterial, pode sugerir como a causa da
síncope o uso excessivo (sobredosagem) de anti-hipertensivos. Um paciente em uso de anti-
coagulantes (heparina, varfarina) sugere um distúrbio trombótico vascular. Por outro lado, uma
paciente com dor torácica súbita, dispneia súbita e síncope em tratamento com anti-coagulantes,
pode sugerir um tromboembolismo pulmonar. O uso de anti-tuberculostáticos em um paciente com
dor torácica que se alivia com a posição de prece maometana pode sugerir uma pericardite
tuberculosa. Ou um paciente com história de uso de Penicilina Benzantínica mensal, e que se
apresente com dor torácica, dispneia, pode sugerir uma cardiopatia reumática descompensada.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 55
2.4 História Pessoal e Social
2.4.1 Estado de saúde dos pais e irmãos
É importante indagar o estado de saúde dos pais e irmãos, bem como de familiares próximos e
causas de óbitos. Por exemplo: história familiar de hipertensão arterial ou dislipidémias, pode
fornecer pistas para a dor torácica do paciente como sendo devido a hipertensão arterial ou
isquemia cardíaca, respectivamente. Familiares próximos com tuberculose, pode ser um indício
importante para uma provável pericardite tuberculosa em uma paciente com dor torácica cardíaca.
2.4.2 Hábitos alimentares
Os hábitos alimentares podem sugerir patologias cardíacas. Por exemplo, uma deficiente
alimentação pode levar a ocorrência de insuficiência cardíaca, quer por deficiência de vitamina B1
– beri-beri, quer por deficiência de ferro que leva a uma anemia e insuficiência cardíaca. No outro
extremo, uma alimentação desregrada pode levar a obesidade e imobilidade (sedentarismo),
contribuindo para inúmeras doenças cardiovasculares (tromboses venosas, insuficiência arterial,
arteriosclerose, angina ou enfarte do miocárdio, hipertensão arterial, entre outras).
2.4.3 Habitação
Uma habitação precária, pouco arejada, facilitam a transmissão de doenças infecciosas, entre as
quais a tuberculose que pode levar ao desenvolvimento de uma pericardite tuberculosa. De igual
modo, infecções faríngeas podem ser facilmente disseminadas e resultar em febre reumática e
cardiopatia reumática. Existe uma correlação entre o baixo nível sócio-económico e certas doenças
cardíacas, como é o caso da febre reumática.
2.4.4 Vícios
O consumo de álcool, tabaco e tóxicos está correlacionado com inúmeras doenças
cardiovasculares, entre elas a hipertensão arterial, arteriosclerose, angina e enfarte do miocárdio,
doenças vasculares como trombose venosa e insuficiência arterial.
2.5 Exame físico
O exame físico começa com um exame geral em que se deve pesquisar alterações na pele (petéquias,
cianose, xantomas, xantelesmas) e mucosas (anemia). Os sinais vitais devem ser avaliados por forma
a estabelecer uma relação com a queixa principal.
2.5.1 Exame do tórax cardiovascular
O exame do tórax começa com a inspecção, sendo necessário avaliar o tipo de tórax e a presença
de abaulamentos pré-cordiais ou presença de circulação venosa visível. Particular atenção deve
ser dada ao choque de ponta.
À palpação vai se concentrar em confirmar os achados da inspecção ou encontrar outros achados
não detectáveis pela inspecção, como a localização da ponta do choque e a presença de frémito
précordial.
À percussão pouca informação acresce, porém, pode ser efectuada para confirmar a área de
maciçez cardíaca.
À auscultação deve seguir um padrão em “Z”, e detectar a presença de sons cardíacos
aumentados, ou abafados, bem como sons adicionais (sopros, ritmo de galope, atritos).
2.6 Abdómen:
O exame de abdómen visa detectar a presença de massas visíveis ou ascite, bem como a presença de
circulação colateral visível, sendo confirmados pela palpação. À auscultação abdominal pode-se
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 56
encontrar sopros que podem traduzir uma estenose ou aneurisma. Os genitais devem ser observados
para se detectar hidrocelos ou varicocelos.
2.7 Exame neurológico
O exame neurológico pode mostrar um estado mental alterado (agitação, letargia), visão borrada ou
hemiparésias e movimentos coreatetóides.
2.8 Exame das extremidades:
Pode revelar um edema gravitacional (com godet) ou edema duro (linfático), bem como alterações
cutâneas tróficas de uma insuficiência arterial crónica. Pode igualmente revelar dedos em baqueta de
tambor, cianose, úlceras ou varizes.
BLOCO 3: DEMONSTRAÇÃO DA TÉCNICA PELO DOCENTE (60 min)
3.1 Preparação
Seleccionar um aluno-paciente, um aluno-clínico, um aluno-acompanhante para a demonstração
da técnica.
3.2 Realização da Técnica
Lembrar aos alunos que antes de executar essa ou quaisquer outras técnicas, o clínico deve
sempre explicar ao paciente com palavras simples o que vai fazer e como ele pode colaborar
em caso de manobras específicas.
Ler o seguinte caso clínico para os alunos:
Caso clínico:
AC, 35 anos, negro masculino, residente em Tete, funcionário do Banco de Moçambique, trazido pelos
familiares, com história de dor torácica no precórdio há 2 dias sem irradiação. Refere que a dor
aumenta quando está no trabalho. Refere que tem sentido “batidas do coração” há dois dias. AC é
fumador há 15 anos, com um consumo médio de 20 cigarros por dia e adora comer batatas fritas com
chouriço e aos fins-de-semana não desperdiça uma boa cerveja. Os familiares informam que
geralmente aos fins-de-semana chega a casa por volta das 5:00h da manhã, após estar com os seus
amigos e colegas em uma tasca perto da sua casa. AC tem 1,70 m e pesa 110 kg.
Faça a anamnese e o exame físico do paciente (no aluno voluntário).
3.3 Explorar a anamnese conforme descrito no bloco 2:
Colher a identificação
Determinar a queixa principal e explore as características da queixa principal
Pesquisar a existência de outras manifestações sistêmicas
Procurar saber a história pessoal e social, história patológica pregressa e familiar
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 57
o Faça a inspecção do paciente (explique aos alunos que está a ver a pele em busca de
alterações – neste caso não encontra nenhuma alteração)
o Veja as mucosas (não se encontra palidez, nem cianose, nem icterícia)
o PVJ normal à 45º sem outros achados anormais
No exame físico:
o Do tórax: faça a inspecção do tórax (neste caso o tórax é globoso com muito tecido adiposo,
e não se visualiza o choque de ponta nem outras alterações). Faça a palpação do tórax
(neste caso, o choque de ponta se situa no 5º espaço intercostal esquerdo na linha médico
clavicular, sem frémito, mas um choque de ponta vigoroso). Faça a percurssão do tórax
(neste casos encontre macices precordial normal). Faça a auscultação (neste caso
encontrará uma taquicárdia com galope do 4º som, sem outros sons adicionais). No exame
pulmonar, encontra achados normais.
o Do abdómen: encontra um abdómen globoso com muito tecido adiposo sem outras
alterações.
o Exame da genitália – examine os genitais (este exame pode ser ignorado, por questões
éticas) – mas encontra-se normal
o Exame do Sistema nervoso – avalie o estado mental (neste caso o aluno-paciente encontra-
se com visão borrada), sem outras alterações.
o Exame das extremidades – sem achados anormais
o Finalize o exame físico lavando as mãos e anotando os achados no papel de rescunho
4.4 Durante a prática os alunos irão deixar cada um executar a técnica completamente antes de fazer
comentários e/ou correcções.
4.5 Caso uma técnica não esteja clara ou haja dúvidas entre o grupo o docente irá explicar mais uma
vez para o grupo.
4.6 Passados os 110 minutos, os últimos 10 minutos são reservados para o docente discutir com os
alunos dificuldades de cada técnica:
Dificuldades surgidas na recolha da anamnese
Dificuldades surgidas no exame físico
Aspectos positivos da aula e sugestões sobre a aula
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 60
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 7
Tópico Meios Auxiliares de Diagnóstico Tipo Teórica
Conteúdos Exames Laboratoriais e Outros Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Listar os exames laboratoriais disponíveis para a avaliação de doenças cardiovasculares.
2. Explicar as indicações de cada teste.
3. Identificar as implicações referentes aos vários resultados anómalos.
4. Radiografia torácica:
a. Enumerar as indicações para o pedido de radiografia torácica nas doenças cardiovasculares;
b. Explicar como avaliar correctamente o tamanho da sombra cardíaca e identificar os achados
de edema pulmonar.
5. Listar as indicações para o pedido de ECG.
Estrutura da aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 62
Figura 2: Colocação das 12 derivações de um ECG.
Também existe uma técnica para medir a actividade eléctrica do coração de uma forma mas limitada,
com apenas três derivações. Esta técnica dá menos informação do que um ECG de 12 derivações,
mais às vezes é usado para o monitoramento contínuo, por exemplo, em um hospital. Também esta
técnica chama-se „telemetria‟.
2.3.1. Indicações
O ECG fornece ao clínico informações sobre: ritmo cardíaco; adequação do suprimento de sangue
ao coração; presença de infarto; aumento do tamanho do coração; inflamação em volta do coração
(Pericardite); efeitos de medicamentos e electrólitos no coração, estando indicado portanto nas
suspeitas de:
Arritmias cardíacas (muito útil)
Doenças coronárias: angina de peito e enfarte do miocárdio (muito útil)
Insuficiência cardíaca/Cardiopatias de diferentes causas: hipertensão arterial Febre
reumática, cardiopatia reumática, endocardite, pericardite entre outras
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 63
2.3.2. Contra-Indicações
ECG não deve ser feito se houver sinais de perigo ou se o paciente precisa reanimação urgente.
Também não deve aplicar as derivações à pele quebrada ou locais das feridas abertas como no
trauma torácico.
2.3.3. Interpretação do Exame
A interpretação do ECG é uma técnica muito complexa, que geralmente é feito por médicos, e está
fora das competências do TMG.
2.4. Raio-X do Tórax
2.4.1. Indicações
O raio x do tórax está indicado nas seguintes suspeitas clínicas cardiovasculares:
Hipertensão arterial
Insuficiência cardíaca/cardiopatias: pericardite, miocardiopatias, edema agudo do pulmão
O raio-X do tórax mostra o tamanho e formato do coração. Muitas doenças do coração se
manifestam com uma ampliação da sombra do coração (cardiomegalia), e isso pode ser
visto facilmente com uma raio-X do Tórax.
2.4.2. Contra-indicações
Devido às radiações não se deve utilizar muito os exames radiológicos e os técnicos que os
executam devem proteger-se.
Cuidado especial deve ser dado às pacientes grávidas devido às radiações. Recomenda-se o uso
de equipamento protector pelo paciente antes da obtenção da radiografia. Deve-se ter, também,
especial atenção com os pacientes que estejam a ser ventilados e necessitem de uma radiografia.
Recomenda-se que se faça na cama do paciente e se isso não for possível, que o paciente seja
transportado à sala do exame com um suporte de oxigénio.
2.4.3. Interpretação do Rx
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 64
Para avaliar o tamanho do coração num Rx do tórax, é traçada uma linha vertical sobre o
coração. As maiores distâncias para a borda cardíaca direita (a) e para esquerda (b) são
medidas. A distância entre os pontos mais distantes da parte direita e esquerda da sombra
cardíaca (diâmetro transversal), transladados para a metade do tórax, não deve sobressair do
bordo da grelha costal (deve ser inferior ao hemitórax).
a
b
Pode se observer na imagem que o diâmetro maior (transverso) da silhueta cardíaca é maior que o
diâmetro do hemitórax, além de imagens radiodensas no parênquima pulmonar de congestão dos
vasos pulmonares.
Nota-se o tamanho aumentado da silhueta cardíaca com configuração em “moringa” ou taça invertida.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 65
Figura 8: Pericardite Constritiva – vide a borda de calcificação pericárdica
Figura 9: Dextrocárdia
Nota-se o aumento da silhueta cardíaca, associado a uma intensa congestão vascular pulmonar
bilateral com líquido alveolar (edema pulmonar bilateral). Além da congestão pulmonar, nota-se o
padrão em asa de morcego peri-hilar.
Nota: o aumento da silhueta cardíaca pode ser associado au um aumento de tamanho das
camaras cardíacas especialmente associado a dilatação do ventrículo esquerdo, ou a derrame
pericárdico; as distinção entre os dois usualmente requer uma avaliação da história clínica e
eventualmente o recurso a outros meios auxiliares de diagnóstico (punção pericárdica,
ecocardiograma) cuja interpretação está fora da competência do TMG.
2.5. Exames de Sangue
Os exames de sangue para avaliação do doente com patologia cardiovascular são o hemograma de
velocidade de sedimentação (VS) e a bioquímica sanguínea.
2.5.1. Hemograma e VS
O hemograma não fornece muitas pistas do diagnóstico de doenças cardiovasculares, porém, para
certas doenças, constitui um óptimo meio auxiliar quando conjugado com a história clínica. A
maioria das doenças cardiovasculares se apresenta com um hemograma normal, sendo a doença
de base reflectido no hemograma.
Leucocitose (> 10.000):
o Endocardite infecciosa
o Febre reumática aguda (leucocitose reactiva a causas não infecciosas)
o Angina do peito e enfarte agudo do miocárdio (leucocitose reactiva a causas não
infecciosas)
o Pericardite
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 66
o Linfagites/flebites
O predomínio de um tipo de linhagem celular, depende do tipo de microrganismo envolvido. Por
exemplo, na pericardite tuberculosa, pode haver uma monocitose, ou uma linfocitose, numa
pericardite viral. Na leucocitose reactiva, acontece uma maior aparição de leucócitos no sangue
derivado de um processo inflamatório não relacionada com uma causa infecciosa.
Anemia (Hgb < 13 g/dl em homens e < 12 g/dl em mulheres)
Endocardite infecciosa
Febre reumática aguda
Insuficiência cardíaca
Não necessariamente a anemia é um achado nestas patologias, porém, podem coexistir. As
anemias podem levar a um estado de insuficiência cardíaca.
Trombocitopénia (< 150.000)
Endocardite infecciosa
Insuficiência cardíaca
Não necessariamente a trombocitopénia é um achado nestas patologias, sendo dependente da
causa de base da patologia cardiovascular ou das suas consequências.
VS (>15 mm/h em homens e > 20 mm/h em mulheres)
Endocardite infecciosa
Febre reumática aguda
Doenças coronárias
O achado de um VS elevada, depende do processo de base.
2.5.2. Bioquímica Sanguínea
Pacientes com patologias cardiovasculares devem ser pedidos os seguintes parâmetros
bioquímicos:
Creatinina e ureia sérica – para avaliar a função renal (um aumento sugere lesão renal)
Sódio sérico – uma diminuição pode ser sugestivo de uma hemodiluição num estado de
insuficiência cardíaca
Potássio sérico medido sem diuréticos – hipokalémia leva a pensar num
hiperaldosteronismo secundário (aumento da aldosterona com aumento da reabsorção de
sódio e água, devido a activação do sistema renina-angiotensina-aldosterona) ou estenose
renal. Porém, uma hiperkalémia, é também sugestivo de falência renal. Certos
medicamentos como o diurético amilorido, inibidores da enzima de conversão da
angiotensina (IECA – enalapril, captopil).
Glicemia – é importante para descartar uma diabetes que representa um factor de risco
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, doenças
coronárias, insuficiência arterial ou venosa).
Colesterol e triglicéridos (perfil lipídico) – altos níveis de colesterol e triglicéridos
constituem factores de risco para doenças cardiovasculares (angina, enfarte do miocárdio,
hipertensão arterial, doenças artérias, entre outras), sendo necessário manter níveis
óptimos.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 67
Colesterol plasmático LDL colesterol (mmol/l) HDL colesterol (mmol/l)
(mmol/l)
Desejável < 5.2 < 3.36 > 1.55
Limítrofe 5.2 a 6.18 3.36 a 4.11 0.9 a 1.55
Indesejável ≥ 6.21 ≥ 4.14 < 0.9
BLOCO 3: PONTOS-CHAVE
3.1. A anamnese e o exame físico em doenças cardiovasculares são a principal fonte de informações
porquanto a partir deles, pode-se ter uma orientação clara dos passos a seguir perante uma
patologia cardíaca.
3.2. O ECG é útil no diagnóstico de doenças cardíacas particularmente das arritmias cardíacas, angina
e enfarte do miocardio, sendo necessário referir para o médico para sua realização.
3.3. O raio-X do tórax é utilizado para pesquisar doenças cardiovasculares e sua repercussão
pulmonar, bem como doença pulmonares e outras doenças da região torácica.
3.4. O hemograma e VS são inespecíficos na avaliação da doença cardiovascular, pois alterações de
seus valores dependem da causa de base ou das consequências das mesmas.
3.5. Em patologias cardiovasculares é importante avaliar certos parâmetros bioquímicos como: ureia e
creatinina (função renal), sódio e potássio (distúrbios hidroelectrolítico secundários à doença
cardiovascular), glicemia e perfil lipídico (factores de risco cardiovascular).
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 68
Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 8
Tópico Meios Auxiliares de Diagnóstico Tipo Laboratório
Conteúdos Exame Radiológico Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Identificar correctamente, numa série de radiografias torácicas, os achados sugestivos de
cardiomegalia, efusão pericárdica e edema pulmonar.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Duração
Material e Equipamento:
Negatoscópios
Chapas de raio-X do tórax 3 chapas de raio-X do tórax normal, 3 com cardiomegalia, 3 com
derrame pericárdico, 3 com edema pulmonar.
Na falta de chapas, podem ser usadas fotografias sugestivas à patologia.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 69
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação dos equipamentos e materiais
BLOCO 2: INTRODUÇÃO A TÉCNICA (REVISÃO) (10 min)
O exame radiológico permanece indispensável na investigação diagnóstica das doenças do coração,
sobretudo naquelas em que é evidente o aumento do tamanho e formato do coração.
Pelo seu valor diagnóstico e sua simplicidade de execução e baixo custo, o método mais utilizado na
prática médica para a avaliação do tórax é a telerradiografia de tórax em PA (póstero-anterior) e perfil.
Para uma correcta avaliação do tórax pela radiologia, é importante que se tenha o conhecimento de
alguns parâmetros básicos que nortearão a interpretação propriamente dita.
2.1. Leitura do Rx
A seguir apresenta-se um resumo em tabela dos passos para a leitura de um raio-X:
Ordem Passos
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 70
Ordem Passos
a
b
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 71
3.1. Procedimento:
Divida os alunos em 3 grupos (A, B e C)
Cada grupo levará imagens radiológicas normais e de todas as patologias (4 chapas
radiológicas por grupo)
Dê 10 minutos para os grupos discutirem os possíveis resultados ou anormalidades presentes
em cada imagem.
Selecione aleatoriamente 4 alunos para apresentarem as respectivas chapas radiológicas
Cada grupo deve apresentar em plenária a sua conclusão durante 20 min (5 minutos cada
membro aleatoriamente selecionado), nas seguintes perspectivas:
a. É um tórax normal?
b. Há anomalias na chapa radiológica? Que tipo de anomalia?
c. Que patologia poderia estar relacionada com a imagem? Justifique.
Para cada diagnóstico/interpretação correcta o grupo receberá 1 ponto.
Caso a explicação de algum grupo não esteja correcta, o docente deve corrigir o diagnóstico e
dar a explicação correcta ao final da apresentação de todos os grupos.
O grupo que tiver mais pontos ganha a actividade
Exemplo:
Grupo Discussão do grupo Apresentação em
(paralela) Plenária
A 10 min 20 min
B 10 min 20 min
C 10 min 20 min
Total do Tempo 10 min 60 min
Total Geral Real 70 min
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 72
Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 9
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Hipertensão Arterial Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir, classificar e distinguir a hipertensão primária da hipertensão secundária.
2. Definir a hipertensão maligna.
3. Listar as causas possíveis de hipertensão secundária, incluindo a doença renal crónica, doenças
endócrinas e medicamentos.
4. Enumerar os factores de risco da hipertensão primária.
5. Identificar a hipertensão como factor de risco principal para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
6. Explicar que um paciente com hipertensão pode se apresentar assintomático, com sintomas e
sinais da doença primaria e/ou das complicações cardiovasculares.
7. Enumerar os meios auxiliares de diagnóstico para o diagnóstico diferencial entre hipertensão
primária e secundária.
8. Confrontar a evolução e prognóstico da hipertensão sem tratamento e da hipertensão com
tratamento.
9. Descrever o tratamento farmacológico e não farmacológico da hipertensão.
10. Enumerar os efeitos colaterais ou adversos, associados ao tratamento da hipertensão.
11. Identificar as classes de medicamentos anti-hipertensivos de escolha para as diferentes
condições concomitantes com a hipertensão.
12. Elaborar um plano de seguimento de um paciente, na terapia anti-hipertensiva incluindo:
a. Elementos chave do exame físico de seguimento;
b. Controlo da adesão à terapia farmacológica e as alterações do estilo de vida;
c. Avaliação da resposta à terapia;
d. Educação do paciente sobre a auto gestão da condição crónica;
e. Identificação dos efeitos secundários aos medicamentos;
f. Identificação dos testes laboratoriais de seguimento;
g. Identificação dos critérios de referência/transferência.
Prevenção da Hipertensão:
1. Listar as mudanças no estilo de vida, que podem minimizar o risco de desenvolver a hipertensão
ou podem ajudar a controlar a hipertensão e reduzir as complicações.
2. Explicar a importância de executar rastreios rotineiramente para detectar hipertensão, em
pacientes com factores de risco.
Estrutura da Aula
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 73
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 74
1.1 Apresentação do tópico, conteúdos e objectives de aprendizagem.
1.2 Apresentação da estrutura da aula.
1.3 Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
BLOCO 2: DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
2.1. Definição
Hipertensão arterial é a elevação crónica da pressão arterial para valores ≥ 140 mmhg da sistólica e/ou
≥ 90 mmhg da diastólica. É uma doença silenciosa, pois na maioria dos casos o doente não tem
sintomatologia (assintomático).
2.2. Epidemiologia
É uma doença muito prevalente a nível mundial. Em Moçambique, a doença está amplamente
distribuída, com uma prevalência nacional de 34.9% entre homens e mulheres dos 25 aos 64 anos,
sendo esta prevalência maior nas cidades (40.6%) que no campo (29.8%).
2.2.1 Etiologia – em 90-95% dos pacientes a etiologia é desconhecida (chamada hipertensão
primária ou essencial). Em 5-10% é uma hipertensão secundária.
Causas de hipertensão secundária:
Estenose da artéria renal
Doença renal parenquimatosa: glomerulonefrites, cistos renais, uropatias obstrutivas
Coarctação da aorta
Feocromocitoma (tumor da medula das glândulas supra-renais)
Hiperaldosteronismo resultante de um tumor (adenoma) secretor de aldosterona ou
hiperplasia supra-renal bilateral
Outras causas: uso de contraceptivos orais, doença da tiróide, hiperparatiroidismo,
acromegália, entre outras.
2.2.2 Factores de risco
Idade avançada
Tabagismo;
Diabetes;
Hipercolesterolemia;
História familiar de HTA ou doenças cardiovasculares;
Dieta rica sal;
Sedentarismo
Obesidade;
Alcoolismo.
2.3. Fisiopatologia
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 75
A fisiopatologia da hipertensão arterial é complexa. No entanto, importa saber o seguinte:
A pressão arterial depende do débito cardíaco e resistência vascular periférica. Quanto maior for o
débito cardíaco maior será a pressão arterial e, quanto maior for a resistência vascular periférica
(vasoconstrição) maior será a pressão arterial.
Volume Sistólico
Débito Cardíaco
Frequência Cardíaca
Pressão Arterial
Função Vascular
Resistência Periférica
Estrutura Vascular
Outros factores envolvidos na regulação da pressão arterial são a ingestão de sal (NaCl) que aumenta
o volume vascular que perante uma deficiência de excrecção de sódio pelos rins (por doença renal ou
por aumento da produção de hormonas que retem o sal), iria promover o aumento da pressão arterial.
O sistema nervoso autónomo também desempenha um papel na regulação da pressão arterial, sendo
os reflexos adrenérgicos com liberação de catecolaminas (norepinefrina, epinefrina, dopamina) que
aumentam a força de contracção cardíaca, o débito cardíaco e promovem a vasoconstricção. O sistema
renina-angiotensina-aldosterona também regula a pressão arterial, primariamente pela vasoconstrição
resultante da acção da angiotensina II e propriedades de retenção de sódio da aldosterona. Além
destes mecanismos, a diminuição do lúmen vascular por ateroesclerose e outros tipos de alterações
mecânicas, estruturais ou funcionais aumentam a resistência vascular periférica.
Os órgãos alvo da hipertensão arterial são:
O coração – originando as cardiopatias hipertensivas
O cérebro – originando os acidentes vasculares cerebrais
O rim – originando a insuficiência renal (porém lembrar que uma doença renal pode levar a
hipertensão arterial, daí ser difícil de estabelecer o que começou primeiro – hipertensão ou
doença renal)
Artérias periféricas – originando aterosclerose e suas consequências por diminuição do fluxo
sanguíneo.
Olhos - originam uma retinopatia hipertensiva.
2.4. Classificação
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 76
A hipertensão arterial pode ser classificada de diversas formas:
2.4.1 Quanto a causa:
Hipertensão primária ou essencial
Hipertensão secundária
Existe uma forma de hipertensão que surge na gravidez, chamada de toxémia gravídica que leva
ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia/eclâmpsia (será abordado na disciplina de Saúde Sexual
Reprodutiva II).
2.4.2 Quanto aos valores da pressão arterial
Classificação da tensão arterial Tensão arterial sistólica, mmhg Tensão arterial diastólica, mmhg
Normal < 120 < 80
Pré-hipertensão 120 – 139 80 – 89
Hipertensão estagio I 140 – 159 90 – 99
Hipertensão estagio II ≥ 160 ≥ 110
Hipertensão sistólica isolada > 140 < 90
Fonte: Current Medical Diagnosis & Treatment, 2008
Hipertensão maligna – é uma síndrome associada a uma elevação súbita da tensão arterial com lesão
dos órgãos alvo e sintomatologia:
Alterações da visão por edema da papila;
Manifestações de encefalopatia hipertensiva - cefaleia severa, vómitos, convulsões, paralisias
transitórias, até estupor e coma.
Descompensação cardíaca – com sinais de insuficiência cardíaca
Insuficiência renal
A hipertensão maligna pode apresentar-se em paciente com história de hipertensão ou em individuo
previamente normotenso.
2.5. Quadro Clínico
O quadro clínico da hipertensão arterial é variável, e geralmente é assintomático. Os sintomas também
podem depender da causa da hipertensão, a sua duração e severidade, e o grau de afectação dos
órgãos alvo.
Cefaleia é um dos sintomas mais comuns, que pode estar associado a palpitações, desconforto
torácico ou dor torácica.
Visão turva (nublada)
Dispneia nos casos de cardiopatia hipertensiva descompensada
Síncope ou lipotimia, ou hemiparesia de início súbito (traduzindo quase sempre um acidente
vascular cerebral).
A medição da tensão arterial é a chave do diagnóstico!
Nota: Não diagnostique hipertensão arterial com apenas uma única medição da pressão arterial! São
necessárias 3 medições com separação de 5 minutos entre cada medição e medições em dias
diferentes.
2.6. Complicações
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 77
As complicações estão relacionadas com a lesão dos órgãos alvos:
Coração – cardiopatia hipertensiva – insuficiência cardíaca
Cérebro – acidente vascular cerebral (AVC)
Rim – insuficiência renal
Olhos – retinopatia hipertensiva
Artérias periféricas – doença arterial periférica
2.7. Exames auxiliares e diagnóstico.
Como foi referido, a medição da tensão arterial é a chave do diagnóstico!
Outros exames visam, essencialmente, detectar complicações e lesões dos órgãos alvo.
Bioquímica sanguínea: ureia, creatinina, sódio e potássio – para detectar uma insuficiência renal
e alterações hidro-electrolíticas. Colesterol, triglicérido e glicemia para rastrear os factores de
risco ou detectar uma hipercolesterolémia ou diabetes.
Radiografia do tórax – em busca de descompensação cardíaca (cardiopatia hipertensiva ou
insuficiência cardíaca)
ECG – para saber em que estágio da doença se está (hipertrofia ou dilatação).
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 78
10% a < 20% - baixo risco
20% a < 30% - médio risco
30% a < 40% - alto risco
≥ 40% - Altíssimo risco
A seguir se apresenta as cores que correspondem aos níveis de risco cardiovascular
Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovascular - MISAU
Assim, mediante o conhecimento de certos parâmetros como idade, sexo, se é ou não fumador, se é ou
não diabético, o valor da tensão arterial sistólica e colesterol podemos determinar o risco
cardiovascular.
Nas tabelas abaixo (tabela de pessoas sem e com diabetes) encontraremos o seguinte:
Figura 3: Tabela de Avaliação do Risco Cardiovascular quando Colesterol total está disponível – paciente sem
diabetes
Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovascular - MISAU
Assim, uma pessoa não diabética, com 40 anos, do sexo masculino, não fumador, com TAS de 160
mmhg e colesterol de 4 mmol/l tem um risco cardiovascular de < 10% (cor verde). Uma pessoa não
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 79
diabética, de 50 anos, do sexo feminino, fumador, com TAS de 160 mmhg e colesterol de 7 mmol/l tem
um risco cardiovascular entre 20 e 30% (cor de laranja).
Figura 4: Tabela de Avaliação do Risco Cardiovascular quando Colesterol total está disponível – paciente
diabético
Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovascular - MISAU
Assim, uma pessoa diabética, com 40 anos, do sexo masculino, não fumador, com TAS de 160 mmhg e
colesterol de 4 mmol/l tem um risco cardiovascular de < 10% (cor verde). Uma pessoa diabética, de 50
anos, do sexo feminino, fumador, com TAS de 160 mmhg e colesterol de 7 mmol/l tem um risco
cardiovascular ≥ 40% (cor vermelho escuro).
Por outro lado, como na maioria das unidades sanitárias, não é possivel determinar o colesterol, então
o risco cardiovascular é calculado com base nas tabelas abaixo.
Figura 5: Tabela de Avaliação do Risco Cardiovascular quando Colesterol total não está disponível – paciente
sem diabetes
Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovascular - MISAU
Figura 6: Tabela de Avaliação do Risco Cardiovascular quando Colesterol total não está disponível – paciente
diabético
Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovascular - MISAU
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 80
Como se pode observar, as tabelas de risco cardiovascular começam a partir dos 40 anos. A seguir
apresentamos as várias opções perante este cenário:
Doente com menos de 40 anos – não se avalia o risco cardiovascular. Submeter a tratamento
medicamentoso se a TAS estiver sistematicamente superior a 160 mmhg, ou seja avaliada em
pelo menos, dois dias diferentes
Doente com mais de 40 anos
o 1º Cenário: risco ≤ 10% - medidas não farmacológicas, não sendo candidatos ao tratamento
medicamentoso
o 2º Cenário: risco > 10% - deve ser medicado.
A todos os doentes deve ser recomendado as medidas não farmacológicas para diminuir o risco
cardiovascular: parar de fumar, fazer exercício físico (40 minutos, 4 vezes por semana),
aumentar o consumo de frutas e vegetais, perder peso se é obeso, diminuir o consumo de
gorduras saturadas (óleos vegetais, fritos, mariscos, carnes vermelhas, leite gordo, manteiga,
ovos, natas, etc), reduzir o consumo de sal.
No entanto, antes de medicar, deve-se procurar saber se o paciente não está a tomar medicamentos
que influenciam a tensao arterial como: AINES (diclofenac, ibuprofeno, indometacina, etc) e
contraceptivos orais com estrogénio. Assim, os valores da TA encontrados num doente que esteja
medicado com alguns destes fármacos, ou que os tenha tomado recentemente, estão artificialmente
elevados e não devem ser usados para rotular um doente de hipertenso.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 81
Esclarecer a situação de saúde do doente e marcar a próxima consulta (vide mais baixo quando
marcar a próxima consulta)
Criar um arquivo para os processos clínicos dos doentes
3.3 Que fármacos usar?
1ª Linha
Diurético tiazídico e poupador de potássio: Hidroclortiazida comprimidos de 50 mg ½
comprimido + amilorido commprimidos de 5 mg ½ comprimido.
Existe o amilorido composto (associação de hidroclortiazida de 50 mg e amilorido de 5 mg) que
se deve iniciar com ½ comprimido por dia.
Quando usar os diuréticos de ansa (Furosemida)?
o Em pacientes com HTA e Insuficiência renal, Insuficiência cardíaca com edemas, ou ainda
se suspeitar que a terapêutica anti-hipertensiva provoque retenção de líquidos
o Furosemida de 40 mg: Iniciar com ½ Comprimido/dia por via oral, e ir aumentando até 4
comprimidos de 12 em 12 horas
2ª Linha
Diurético + Bloqueador dos canais de cálcio (amlodipina ou nifedipina)
Na ausência de Bloqueador dos canais de cálcio, pode-se usar um anti-adrenérgico central
(Metildopa)
Amlodipina, comprimidos de 10 mg. Iniciar com 5 mg/dia por via oral, aumentar após 10-14 dias
para um máximo de 10 mg/dia (dose única).
o Efeitos secundários: edema dos membros inferiores, tonturas e palpitações
o Contra-indicações: absolutas – hipotensão arterial. Relativas – estenose aórtica,
cardiomiopatia hipertrófica, angina instável na ausência de beta-bloqueadores.
Nifedipina, comprimidos de acção prolongada, 30 mg por via oral. Iniciar com 1 comprimido (30
mg), podendo aumentar em caso de não controlo da tensão arterial para 2 comprimidos (60 mg)
em dose única diária
o Efeitos secundários: cefaleia, tonturas, rubor, edema do tornozelo, fraqueza, palpitações e
hipotensão.
o Contra-indicações: absolutas – hipotensão, angina instável ou infarto agudo do miocárdio na
ausência de beta-bloqueadores. Relativas – estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica,
angina e gravidez
Metildopa 250 mg comp. De 125 mg de 12/12h até dose máxima de 1g de 8/8h
o Efeitos secundários: sedação, fadiga, secura da boca, diminuição da libido.
o Contra-indicação: doença hepática activa, história de anemia hemolítica, depressão e
doença de Parkinson.
3ª Linha
Diurético + Bloqueador dos canais de cálcio (ou anti-adrenérgico central)+beta-
bloqueador (propranolol ou atenolol– sendo este último de nível do superior ao TMG mas que
pode estar disponível na ausência do propranolol)
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 82
Propranolol, comp de 40 mg. 20 a 40 mg 12/12h por via oral, podendo aumentar se
paulatinamente até 360mg/d divididos em duas ou três tomas.
o Efeitos secundários: seu principal efeito secundário é a bradicardia (que deve ser
monitorada e evitar o seu uso em pacientes hipertensos com bradicardia já estabelecida
ou em pacientes diabéticos, pois mascara os efeitos da hipoglicémia) e broncoespasmo
em doentes com asma e outras doenças pulmonares obstrutivas (nestes casos, preferir o
uso do atenolol).
o Contra-indicação: asma ou doença pulmonar obstrutiva severa, insuficiência cardíaca.
4ª Linha
Os inibidores da enzima de conversão, como o captopril ou o enalapril devem constituir a 4ª
linha, excepto se houver já um quadro de insuficiência cardíaca ou se o doente for diabético,
situação em que se pode administrar estes fármacos associados aos diuréticos tiazídicos como
primeira linha.
Fonte: Albertino Damasceno, Normas para o Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Hipertensão Arterial e Outros Factores de Risco
Cardiovasculares – MISAU, 1ª edição, 2011
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 83
Figura 8: Meta de controlo da Tensão Arterial
Fonte: Albertino Damasceno, Normas para o Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Hipertensão Arterial e Outros Factores de Risco
Cardiovasculares – MISAU, 1ª edição, 2011
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 84
Medir a TA e repetir a medição, informar ao doente os seus valores
Caso a TA esteja controlada (< 140/90 mmhg), passar a nova receita em princípio para 2 meses
e marcar o regresso do doente, voltando a frisar a necessidade cumprir sempre a terapêutica
não medicamentosa e medicamentosa
Caso a TA não esteja controlada e o doente tenha tomado a medicação e não esteja a fazer
anti-inflamatórios (diclofenac, ibuprofeno, indometacina, etc), acrescentar um novo fármaco em
doses adequadas
Passar a receita e marcar a nova consulta
Fonte: Albertino Damasceno, Normas para o Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Hipertensão Arterial e Outros Factores de Risco
Cardiovasculares – MISAU, 1ª edição, 2011
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. Hipertensão arterial é a elevação crónica da pressão arterial para valores ≥ 140 mmhg da sistólica
e/ou ≥ 90 mmhg da diastólica. É uma doença silenciosa, pois na maioria dos casos o doente não
tem sintomatologia (assintomático).
4.2. A hipertensão arterial pode ser primária ou essencial (90-95% dos casos) ou secundária (10-5%
dos casos).
4.3. Os principais factores de risco da HTA são: idade avançada, diabetes, hipercolesterolémia,
tabagismo
4.4. Os órgãos alvo da hipertensão arterial são: coração, cérebro, olhos, rim e artérias periféricas.
4.5. Perante um doente com o diagnóstico de hipertensão arterial é necessário, em primeiro lugar
avaliar o risco cardiovascular.
4.6. Só são candidatos à terapêutica medicamentosa os indivíduos com menos de 40 anos e com
valores da TAS sistematicamente superiores a 160 mmhg e os maiores de 40 anos com risco
superior a 10%
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 85
4.7. A 1ª linha de tratamento da HTA são os diuréticos (tiazídicos em combinação com os poupadores
de potássio).
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 86
Disciplina Aparelho Cardiovascular Aula 10
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Dislipidemia (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia) Duração 1h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir dislipidemia e distinguir hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, primária e secundária.
2. Listar as causas de dislipidemia secundária.
3. Descrever os factores de risco ambientais e genéticos para a dislipidemia.
4. Identificar a dislipidemia como um factor de risco principal para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
5. Descrever as opções farmacológicas e não farmacológicas de tratamento da dislipidemia.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
2.3. Patogenia
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 88
O colesterol é uma substância gordurosa encontrada na corrente sanguínea e em todas as células do
seu corpo. É usado para formar membranas celulares, alguns hormônios e é necessário para outras
importantes funções.
O colesterol é parte de um corpo saudável, mas se está demais no sangue pode ser um problema. O
colesterol alto é um factor de risco para doença coronariana e derrame.
A dislipidemia é causada quando se consome uma dieta rica em colesterol e gorduras, quando o
organismo produz colesterol e triglicéridos demais ou ambas as situações. Assim, a pessoa pode ter
dislipidemia por estar com aumento de peso, ter dieta inadequada, ser sedentária, entretanto também
pode ter mesmo não tendo nenhum destes factores de risco mas por questões genéticas. As
dislipidémias podem ocorrer às custas de:
Aumento do colesterol (total + LDL): Hipercolesterolemia pura
Aumento dos triglicéridos: Hipertrigliceridemia pura
Aumento de colesterol e triglicéridos: Dislipidemia mista
Redução de HDL
A dislipidémia leva a formação de ateroesclerose que tem consequências negativas no fluxo de sangue
para determinado órgão: isquemia cardíaca (angina, enfarte do miocárdio), isquemia cerebral,
insuficiência arterial, entre outras.
2.4. Quadro clínico
2.4.1 Sinais e sintomas
A apresentação clínica particular de algumas formas de dislipidemias pode sugerir dislipidemia tipo
familiar; é o caso de:
Eventos coronarianos em pessoas jovens da mesma família;
Pancreatites recorrentes ou crises frequentes de dor abdominal inexplicável devem levantar
a suspeita de hipertrigliceridemia familiar;
O colesterol e triglicéridos altos não dão sintomas a menos que eles são extremamente elevados.
Quando os triglicéridos são acima de 500 mg/dL pode causar pancreatite espontânea, uma
síndrome de dor abdominal intensa, náusea, vómitos, febre, sudorese. Além disso, se o colesterol
total ou LDL estão elevados por um longo tempo, placas amarelas chamados „xantomas‟ podem
aparecer na pele, geralmente em torno dos olhos ou em locais superficiais extensores.
Além desses exemplos extremos, a maioria das pessoas com colesterol alto não apresentam
sintomas. É fácil ter colesterol alto e não sabê-lo. Daí a importância de dosá-lo regularmente
através de exame de sangue.
2.5. Complicações
Hipertensão arterial
Angina do peito
Enfarte do miocárdio
Acidente vascular cerebral
Doença arterial periférica
Diabetes melito, resistência à insulina, síndrome metabólica
2.5.1 Síndrome metabólica, também chamada de síndrome X, consiste em um grupo de
anormalidades metabólicas que conferem aumento de risco de doenças cardiovasculares e
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 89
diabetes melito. As suas características são: obesidade central, hipertrigliceridémia, baixo colesterol
HDL, hiperglicemia e hipertensão.
2.6. Exames auxiliares e diagnóstico
A Bioquímica sanguínea é o exame de eleição para detectar as dislipidémias. Dai que em todos
pacientes com risco cardiovascular, devem ter o perfil lípidico: Colesterol total, LDL colesterol e HDL
colesterol, triglicéridos.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 90
4.1. Dislipidémia, também chamada de hiperlipidémia, refere-se ao aumento dos lípidos (gordura) no
sangue, principalmente do colesterol e dos triglicéridos, sendo um factor de risco para doenças
cardiovasculares (doença coronária, AVC, entre outras).
4.2. Quando a dislipidémia é resultado de acções medicamentosas ou consequência de alguma doença
de base é chamada de secundária.
4.3. Na prática clínica a grande maioria das dislipidemias primárias é do tipo poligénico, com influência
em múltiplos factores genéticos e ambientais.
4.4. A finalidade do tratamento das dislipidemias é a prevenção primária e secundária da doença
arterial coronariana, cerebrovascular e periférica.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 91
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 11
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Doença Coronária Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir angina do peito (pectoris) e distinguir entre angina estável e instável.
2. Definir enfarte cardíaco.
3. Enumerar os factores de risco para as doenças das artérias coronárias.
4. Descrever os sintomas e sinais normalmente associados à angina pectoris e/ou enfarte cardíaco.
5. Enumerar e descrever as complicações do enfarte cardíaco.
6. Descrever as apresentações atípicas do enfarte cardíaco no grupo alvo.
7. Descrever o diagnóstico diferencial para a dor torácica.
8. Listar os resultados dos exames laboratoriais e dos outros meios auxiliares de diagnóstico,
normalmente associados ao enfarte cardíaco.
9. Listar os medicamentos associados ao tratamento da doença cardíaca isquémica e os seus efeitos
colaterais ou adversos.
10. Explicar os critérios de referência/transferência para angina instável e enfarte cardíaco.
11. Explicar a importância da mudança do estilo de vida na prevenção primária e secundária das
doenças das artérias coronárias.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
2 Angina do Peito
3 Enfarte do Miocárdio
4 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 92
Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 93
BLOCO 1: INTRODUÇÃO Á AULA
1.1 Apresentação do tópico, conteúdos e objectives de aprendizagem.
1.2 Apresentação da estrutura da aula.
1.3 Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 94
A constrição anormal ou falha de dilatação normal das artérias coronárias também pode causar
isquemia.
2.4. Classificação
A angina do peito pode ser classificada em três grandes grupos:
Angina estável - é aquela que apresenta sempre as mesmas características, ou seja, seu factor
desencadeante, intensidade e a sua duração costumam ser sempre os mesmos. Geralmente, angina
estável é previsível, em que ocorre com o mesmo nível do esforço e consistentemente melhora com o
repouso. Ela representa uma limitação fixa no fluxo sanguíneo para o miocárdio
Angina instável – o desconforto passa a ter uma maior frequência, intensidade ou duração, muitas
vezes aparecendo ao repouso. A angina do peito instável é uma emergência médica, pois poderá
evoluir para um infarto do miocárdio ou até a morte. Esta geralmente é fruto de um bloqueio súbito no
fluxo sanguíneo para o coração levando a formação de um trombo que interrompe parcialmente o fluxo
de sangue para uma área do miocárdio
Angina Variante (angina de Prinzmetal) - é resultante de um espasmo da artéria coronária. Esse tipo
de angina é chamado de variante por se caracterizar pela ocorrência de dor com o indivíduo em
repouso (geralmente à noite) e não durante o esforço, e ainda por certas alterações
electrocardiográficas típicas
2.5. Quadro Clínico
2.5.1 Sinais e Sintomas
A característica principal é a dor torácica ou desconforto no peito, tipo opressão, peso,
aperto, ardor, que se irradia para os braços (principalmente o braço esquerdo), ombros,
pescoço e mandíbula.
A dor dura em geral menos de 10 minutos e é precipitada por esforço físico, stress
emocional, temperaturas frias, depois de uma refeição abundante, sendo aliviada pelo
repouso ou nitratos (nitroglicerina).
As características da dor, são diferentes dependendo do tipo de angina e são apresentadas
no quadro abaixo
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 95
O exame físico pode revelar aumento da pressão arterial sistólica e diastólica, ou em casos
graves, hipotensão arterial
2.6. Complicações
A principal complicação é referente a uma evolução para o enfarte do miocárdio (morte da porção do
miocárdio que sofreu a isquemia) e morte.
2.7. Exames auxiliares e diagnóstico
A suspeita é sempre clínica e reforçada quando após a administração sublingual de nitroglicerina a dor
melhora rapidamente. Necessário pesquisar causas que podem contribuir através de uma exame de
hemograma (pode revelar anemia) e bioquímica sanguínea (colesterol, triglicéridos, glicemia).
O diagnóstico é fundamentalmente clínico e com prova terapêutica com nitroglicerina.
2.8. Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial começa com os diferentes tipos de angina, e com as seguintes condições
abaixo:
Tabela 2: Diagnóstico diferencial com causas cardíacas de dor torácica
Factores de Melhora ou
Doença Localização Qualidade Duração
Piora
Subesternal e podem Opressão, Geralmente não é aliviada
Enfarte do irradiar se como na queimação, >/= 30min com repouso ou
Miocárdico angina peso, constrição nitroglicerina
Geralmente, inicia
sobre o esterno, ou em Piora com a inspiração
direcção ao ápex profunda, rotação do tórax,
cardíaco e pode ou posição supina; aliviada
Aguda em
Pericardite irradiar se para o Horas ou dias na posição sentada ou com
facada
pescoço ou ombro a inclinação anterior do
esquerdo, muitas tórax
vezes mais localizada
que a dor por IM
Embolia Pleuritica (com
Pulmonar Subesternal, ou sobre infarto Pode piorar com a
Início súbito,
(Muitas vezes a a região do infarto pulmonar) ou respiração
minutos a 1h
dor torácica é pulmonar semelhante á
ausente) angina
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 96
2.9. Conduta
2.9.1 Tratamento não medicamentoso – identificar os factores de risco e corrigir: abandono
obrigatório do tabagismo, redução do peso em obesos, tranquilização e orientação do paciente.
2.9.2 Tratamento medicamentoso – perante um doente com suspeita de angina do peito, faça o
seguinte:
Coloque oxigénio – 4 l/min
Nitroglicerina comprimidos de 0.5 mg, 1 comprimido sub-lingual que pode ser repetido em
intervalos de 3 – 5 minutos, até alívio da dor. Não ultrapassar 4 comprimidos (2 mg).
Efeitos secundários: cefaleia, taquicárdia e rubor da face, no início da terapêutica. Náuseas,
vómitos, hipotensão postural, tonturas e eventualmente síncope.
Contra-indicações: hipotensão arterial, bradicárdia ou taquicardia severa, uso de sildenafil
nas últimas 24 horas, pericardite constritiva; angina associada à estenose aórtica ou à
cardiomiopatia hipertrófica; cor pulmonale e anemia importante.
Notas e precauções: se ocorrer hiopotensão e síncope, elas podem ser aliviadas elevando
as pernas do doente. Sempre que possível, o fármaco deve ser tomado pela primeira vez
com o paciente sentado. A suspensão da terapêutica deve ser efectuada paulatinamente. O
efeito hipotensor é potenciado pelo consumo de álcool.
Ácido acetilsalicílico (aspirina) – 125 mg (1/4 de comprimido de 500 mg) por via oral
Se a dor persiste por mais de 10-15 minutos apesar de duas ou três doses de nitroglicerina,
transfira IMEDIATAMENTE para o médico ou hospital com médico!
2.10. Prevenção
A prevenção da angina de peito se faz com a redução/eliminação dos factores de risco. eliminação do
tabagismo, redução do peso em obesos, controlar a pressão arterial em hipertensos, reduzir o
colesterol em pacientes com hipercolesterolémia.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 97
Figura 1: Enfarte do Miocárdio
Factores de Melhora ou
Doença Localização Qualidade Duração
Piora
Subesternal e podem Opressão, Geralmente não é aliviada
Infarto
irradiar se como na queimação, >/= 30min com repouso ou
Miocárdico
angina peso, constrição nitroglicerina
3.6 Complicações
Arritmias
Disfunção miocárdica – insuficiência cardíaca, hipotensão e choque
Pericardite
Angina pós-enfarte
Defeitos mecânicos – ruptura parcial ou completa dos músculos papilares
Aneurisma ventricular esquerdo
3.7 Exames auxiliares e diagnóstico
A suspeita é sempre clínica, segundo o padrão da dor, e principalmente se a dor dura mais de 30
minutos e não melhora com o repouso ou nitroglicerina.
Uma bioquímica sanguínea é necessária para auxiliar no diagnóstico. O AST (aspartato
aminotransferase) pode estar elevado, mas como mencionado anteriormente, não é muito sensível nem
específico para o seu diagnóstico. Outras enzimas mais sensíveis e específicas são a Creatinina
quinase (CK-MB), e as troponinas I e T, mas infelizmente não estão disponíveis no nível primário e
secundário, e por vezes nem no nível terciário de atenção de saúde. O electrocardiograma (ECG)
também auxilia no diagnóstico. O raio-X pode mostrar sinais de insuficiência cardíaca congestiva.
3.8 Diagnóstico diferencial
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 98
O diagnóstico diferencial se faz com as outras causas cardíacas e não cardíacas de dor torácica (vide
tabela 2 e 3 do bloco 2).
3.9 Conduta
O objectivo do tratamento é aliviar a dor, minimizar a extensão do tecido enfartado e evitar/tratar
arritmias e complicações mecânicas.
3.9.1 Tratamento medicamentoso:
Ácido acetilsalicílico (aspirina): 125 mg a 250 mg (1/4 a ½ comprimido de 500 mg)
mastigados logo à chegada do paciente.
Oxigénio 2 – 4 l/minuto
Nitroglicerina comprimidos de 0.5 mg, 1 comprimido sub-lingual
Morfina (nível 3) – 2 a 4 mg EV a cada 5-10 minutos até alívio da dor ou surgimento de
efeitos secundário (náuseas, vómitos).
Propranolol – 20 a 40 mg oral. Contra-indicado se o paciente apresentar sinais de
insuficiência cardíaca congestiva (fervores crepitantes, PVJ elevada, S3), frequência
cardíaca < 60 bpm, pressão arterial sistólica < 95 mmhg ou história de broncoespasmo)
TRANSFIRA IMEDIATAMENTE para um médico ou hospital com um médico.
3.9.2 Tratamento não medicamentoso: identificar os factores de risco e corrigir: abandono
obrigatório do tabagismo, redução do peso em obesos, tranquilização e orientação do paciente
3.10 Prevenção
A prevenção visa reduzir/eliminar os factores de risco e tratamento e controlo adequado da hipertensão
arterial, hipercolesterolémia, diabetes melito, angina de peito.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 99
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. Angina do peito é uma síndrome clínica caracterizada por dor torácica devido ao reduzido
fornecimento de oxigénio (isquemia) ao músculo cardíaco
4.2. A principal causa da angina de peito é a obstrução ateroesclerótica das artérias coronárias.
4.3. A característica principal da angina de peito é a dor torácica tipo aperto, opressão que se irradia
para o braço esquerdo, ombros, pescoço e mandíbula, que dura em geral 10 a 20 minutos e é
precipitada por esforços físicos ou emocionais, frio e refeição abundante, sendo aliviado pelo
repouso ou nitroglicerina.
4.4. A dor anginosa que persiste por mais de 30 minutos deve fazer pensar em enfarte agudo do
miocárdio ou angina de Prinzmetal.
4.5. Enfarte Agudo do miocárdio (EAM) ou Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) – é um processo de
necrose (morte do tecido) de parte do músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes
e oxigénio.
4.6. Toda dor anginosa cardíaca deve ser manejada inicialmente com oxigenação, nitroglicerina sub-
lingual e aspirina (125 a 250 mg) mastigados e referidos/transferidos IMEDIATAMENTE para o
médico ou um hospital com médico.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 100
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 12
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Insuficiência Cardíaca Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir insuficiência cardíaca e distinguir entre insuficiência aguda e crónica.
2. Explicar a fisiopatologia da IC
3. Definir e distinguir entre insuficiência cardíaca esquerda, direita e congestiva.
4. Indicar os critérios para a classificação da IC (Classes 1 a 4).
5. Listar as causas comuns de insuficiência cardíaca aguda e crónica.
6. Descrever os sintomas e sinais da insuficiência cardíaca crónica de tipo esquerdo, direito e
congestivo.
7. Enumerar os factores capazes de precipitar a descompensação aguda, nos pacientes com
insuficiência cardíaca crónica.
8. Descrever os sintomas e sinais da insuficiência cardíaca esquerda aguda.
9. Listar resultados das provas complementares que podem conduzir ao diagnóstico de insuficiência
cardíaca.
10. Desenvolver um diagnóstico diferencial para insuficiência cardíaca, incluindo causas não cardíacas
de edema pulmonar e congestão circulatória secundária a retenção anormal de água e sais.
11. Descrever o tratamento farmacológico e não farmacológico da IC, em cada uma das quatro fases.
12. Enumerar os efeitos colaterais/adversos associados ao tratamento da insuficiência cardíaca crónica.
13. Explicar o impacto de condições co-mórbidas como hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes,
insuficiência renal crónica e doença pulmonar obstrutiva crónica, sobre o prognóstico de ICC.
14. Descrever os componentes de um plano de seguimento dum paciente com ICC e os passos para
controlar, incluindo:
a. Elementos chave do exame físico de seguimento;
b. Controlo da adesão à terapia farmacológica e as alterações do estilo de vida;
c. Avaliação da resposta à terapia;
d. Educação do paciente sobre a auto gestão da condição crónica;
e. Identificação dos efeitos secundários aos medicamentos;
f. Identificação dos testes laboratoriais de seguimento;
g. Identificação dos critérios de referência/transferência.
15. Explicar a importância da mudança do estilo de vida para prevenir as exacerbações da ICC
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 101
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 103
2.3 Fisiopatologia
A função sistólica depende dos seguintes determinantes: a contractilidade do miocárdio, pré-carga
(volume diastólico final), pós carga (a impedância para a ejecção do sangue do ventrículo esquerdo) e a
frequência cardíaca. Qualquer alteração num destes determinantes causará a IC. A falência sistólica do
ventrículo esquerdo determinará um refluxo de sangue e aumento da pressão na aurícula esquerda.
Este aumento da pressão determinará um aumento da pressão na rede vascular pulmonar (aumento da
pressão hidrostática) e extravasamento de líquido resultando em edema intersticial e edema alveolar.
Estas pressões, retrogradamente, são transmitidas ao ventrículo direito (aumento da pós-carga) e
subsequente falência ventricular direita, com repercussões para a aurícula direita e o sistema venoso
(veias cavas superior e inferior).
No início do processo o coração tenta compensar, hipertrofiando, mas posteriormente descompensa e
resulta em dilatação cardíaca.
2.4 Classificação
A insuficiência cardíaca poder ser classificada da seguinte maneira:
Insuficiência cardíaca aguda: é a falha cardíaca que ocorre subitamente. Um EAM causar
falha cardíaca aguda se grande parte do músculo cardíaco morrer. Quando isso acontece, o
coração não consegue bombear sangue suficiente, causando edema pulmonar o que dificulta
a respiração e em resultado disso, a morte. A falha cardíaca aguda também pode ocorrer
quando uma válvula cardíaca para de funcionar repentinamente ou quando a corda tendínea
(o músculo e o tendão que ajudam a válvula mitral a funcionar correctamente) de repente se
rompe. Esta é uma situação de emergência que deve ser transferida ao médico.
Insuficiência cardíaca crónica: essa é a falha cardíaca que se desenvolve gradualmente.
Os sintomas são leves no começo, mas se tornam mais graves com o passar do tempo.
Insuficiência cardíaca ventricular esquerda: quando o ventrículo esquerdo não consegue
bombear sangue suficiente, o sangue reflui para a aurícula esquerda e depois para o leito
vascular pulmonar, aumentando a pressão hidrostática, resultando no extravasamento de
líquido nos pulmões e edema pulmonar. O edema pulmonar provoca a dispneia. A falha
cardíaca ventricular esquerda geralmente leva à falha cardíaca ventricular direita,
retrógradamente.
Insuficiência cardíaca ventricular direita: o ventrículo direito não pode bombear sangue
suficiente para o pulmão. Sendo assim, o sangue reflui para a aurícula direita e para as veias
e capilares (a montante do ventrículo direito). Por causa desse acúmulo, o fluido vaza dos
capilares e acumula-se nos tecidos. Essa condição é conhecida como edema sistémico
(anasarca). O edema pode ser percebido principalmente nas pernas, por causa da força da
gravidade. No paciente deitado, pode se acumular nas costas e outras partes do corpo em
contacto com a cama.
A classificação funcional da insuficiência cardíaca é definida na base de avaliação clínica, como
indicado abaixo:
Classe I: pacientes com doença cardíaca mas sem limitações das actividades normais da
vida diária. A actividade física comum não causa fadiga indevida, palpitações, dispneia ou
dor anginosa.
Classe II: pacientes com doença cardíaca causando discreta limitação da actividade física.
Eles se sentem confortáveis em repouso. A actividade física comum provoca fadiga,
palpitações, dispneia ou dor anginosa.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 104
Classe III: pacientes com doença cardíaca causando acentuada limitação da actividade
física. Eles ainda se sentem confortáveis em repouso. Actividade física aquém da comum
causa fadiga, palpitações, dispneia ou dor anginosa.
Classe IV: pacientes com doença cardíaca causando incapacidade de executar qualquer tipo
de actividade física sem desconforto. Sintomas de insuficiência cardíaca ou da síndrome
anginosa podem estar presentes mesmo em repouso. Se qualquer actividade física for
realizada, aumenta o desconforto.
2.5 Quadro clínico
Sinais e sintomas:
IC Esquerda: fadiga, dispneia, tosse, sibilos - “asma cardíaca”, ortopneia, dispneia paroxística
nocturna, choque de ponta para baixo e para além da linha médio clavicular, macicez dos
campos pulmonares (se estiver presente um derrame pleural), fervores crepitantes, S3, sopro
sistólico no foco mitral (por incompetência da válvula devido a dilatação).
IC Direita: PVJ elevada à 45º ou mesmo na posição erecta (em casos graves), hepatomegalia,
ascite, edema periférico.
Tosse Fadiga
Dispneia
Edema
pulmonar
Batimento apical
Derrame fora do lugar
pleural
Ascite
Edema
periférico
Fonte: NIH
http://www.nhlbi.nih.gov/health/dci/
Diseases/Hf/HF_SignsAndSymptoms.html
2.6 Complicações:
As complicações da IC são:
Edema Pulmonar
Derrame Pleural
Tromboembolismo e AVC
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 105
Arritmias
Insuficiência renal (IR)
EAM
Lesão hepática
2.7 Exames Auxiliares e Diagnóstico
Hemograma – pode revelar uma anemia, ou alteração dos leucócitos sugestivos de determinada
doença infecciosa
Bioquímica sanguínea: elevação da ureia e creatinina sugere insuficiência renal, igualmente uma
elevação de potássio sugere IR. Uma redução de sódio sugere uma hemodiluição. Elevação de AST e
ALT sugere lesão hepática. Uma glicemia, colesterol e triglicéridos fornece pistas para dislipidémias de
base.
Raio x do tórax demonstra cardiomegália (pelo aumento da silhueta cardíaca), redistribuição vascular
pulmonar, edema alveolar (padrão em asas de morcego) derrames pleurais e linhas B de Kerley
(edema intersticial).
Figura 2: Representação esquemática (acima) dos sinais radiológicos de uma insuficiência cardíaca, e
visualização radiológica das linhas B de Kerley (abaixo)
Outros exames: electrocardiograma (ECG), ultrassonografia (ecografia), mais que são exames de nível
do médico.
O diagnóstico é fundamentalmente clínico (anamnese e exame físico).
2.8 Diagnóstico Diferencial
Distúrbios que simulam ICC
o Bronquite crónica – história de tabagismo, tosse produtiva várias vezes ao ano
o Asma – história familiar, factores predisponentes, sem DPN, sem edema periférico ou
anasarca, sem hepatomegália
o Enfisema – idade avançada, história de tabagismo, sem achados de anasarca (excepto se o
enfizema causou uma IC)
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 106
Outras causas de edema periférico
o Doença hepática (cirrose, fibrose hepática, carcinoma hepatocelular) – apresenta
sintomatologia específica (icterícia na cirrose e carcinoma hepatocelular, sinais de
hemorragia digestiva alta e circulação venosa colateral visível em todas as 3 situações, PVJ
não está aumentada)
o Insuficiência renal – a IC pode levar a insuficiência renal e vice-versa. Particularmente
frequente a co-existência de ambas situações. No entanto, o edema da IC é vespertino e
melhora de manhã (após o repouso do paciente), enquanto que na insuficiência renal, o
padrão é o oposto, por vezes, com edema palpebral matinal
o Veias varicosas – visibilidade das mesmas, sem outros sinais de IC
Distúrbios não cardíacos de edema pulmonar
o Infecções pulmonares – a febre é um achado frequente nas infecções pulmonares, com
fervores crepitantes, sem PVJ aumentada e nem anasarca/ascite
o Síndrome de angústia respiratória do adulto – é um distress respiratório, sem achados
típicos da IC (PVJ aumentada, anasarca, ascite, sopro cardíaco)
o Embolia pulmonar – dispneia intensa, síncope, dor torácica, pleurisia e presença de
factores de risco (imobilização, trombose venosa, gravidez).
o Desnutrição (hipoalbuminémia) – sem PVJ aumentado, sem DPN, albumina baixa
o Insuficiência renal
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 107
o Enalapril comprimidos de 5mg, iniciar com 2,5 mg/dia, sob vigilância, e aumentar se não
houver resposta adequada até 20 mg/dia dividida em duas tomas.
o Efeitos secundários: tosse seca persistente, angioedema, broncoespasmo, tonturas,
cefaleias, rinorreia.
o Contra-indicações: Absolutas - estenose bilateral da artéria renal, história de
angioedema, gravidez. Relativas – insuficiência renal pré-existente, estenose unilateral
da artéria renal, hiperkalémia.
o Necessário monitorar os níveis de potássio no sangue, pois os IECA promovem a
retenção de potássio. Evitar associação IECA com amilorido, pois ambos retêm potássio.
Digitálicos
o Usar apenas (não é 1ª linha) quando houver disfunção sistólica grave (dilatação do
ventrículo esquerdo, S3) e IC associada a fibrilação auricular com frequência ventricular
rápida
o Digoxina comprimidos de 0,25 mg, iniciar com ½ comprimido por dia. Geralmente se
alcança o controlo com 1 comprimido por dia.
o Efeitos secundários: anorexia, náuseas, vómitos e diarreia. Por vezes cefaleia e tonturas,
confusão, depressão e alteração da visão das cores, ginecomastia (aumento das
mamas no homem)
o Contra-indicações: arritmias ventriculares, cardiomiopatia hipertrófica, tetralogia de
Fallot.
o Se durante o tratamento com doses crescentes de digoxina (½ comprimido, depois, 1
comprimido) surgir anorexia, náuseas e vómitos, é sugestivo de toxicidade, sendo
necessário reduzir a dose para a dose imediatamente anterior, ou em casos graves
(surgimento de arritmias) suspender o medicamento.
3.2.Controlo do tratamento e prognóstico
O paciente deve ter uma dieta com pouco ou mesmo sem sal, e deve ser pesado diariamente para se
detectar mudanças no peso que possam reflectir um sucesso terapêutico (o objectivo é percas de 1,0 a
1,5 kg/dia). Um paciente que está a aumentar peso, significa que há maior retenção hídrica, sendo
necessário incrementar a dose de diuréticos. Um paciente que a dispneia é ainda grau IV, significa que
é necessário aumentar a dose de diuréticos e IECA.
Portanto, durante o seguimento, o grau de dispneia, a dispneia paroxística nocturna, ortopneia, o peso,
a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, edema (medir a circunferência da região
e anotar) devem ser avaliados. A creatinina, ureia, AST, ALT, glicemia, sódio, potássio e colesterol
devem constituir exames de rotina no seguimento dos pacientes com IC.
O paciente deve ser educado que é um doente crónico e que terá que ser seguido nas consultas para
toda a vida.
Uma vez a IC sintomática, o prognóstico é mau. Alguns estudos sugerem sobrevivência em < de 50%
aos 5 anos. Co-morbidades associadas como a hipercolesterolémia, diabetes, insuficiência renal
crónica e doença pulmonar obstrutiva crónica pioram mais o prognóstico. É importante o clínico tratar
estas condições mórbidas associadas.
3.3 Critérios de referência/transferência
ICC grave
ICC com edema agudo do pulmão
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 108
IC em pacientes jovens
IC não controlável com as medidas iniciais
IC com condições mórbidas associadas (hipercolesterolémia, diabetes, insuficiência renal
crónica, doença pulmonar obstrutiva crónica)
Para avaliação da possibilidade de administração de heparina para evitar a trombose venosa
profunda
Para exames auxiliares mais especializados (ECG, ecografia, entre outros)
3.4 Prevenção
A prevenção da IC é sobre as causas subjacentes e factores desencadeantes e não difere em geral de
todas as doenças cardiovasculares.
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. Insuficiência cardíaca (IC) é um distúrbio no qual o coração é incapaz de bombear sangue
suficiente para o metabolismo dos tecidos, ou consegue fazê-lo apenas sob pressões de
enchimento anormalmente elevadas.
4.2. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é quando há uma falência global do coração (ventrículo
esquerdo e direito).
4.3. É importante determinar a causa subjacente da doença cardíaca e os factores que desencadeiam
ICC aguda.
4.4. A IC pode ser aguda, crónica, IC ventricular esquerda e IC ventricular direita
4.5. A apresentação clínica de ICC inclui a fadiga, dispneia, tosse, “asma cardíaca”, ortopneia, dispneia
paroxística nocturna, PVJ aumentada à 45º, choque de ponta para baixo e além da linha médio
clavicular, fervores crepitantes, S3, hepatomegalia, ascite e/ou edema periférico.
4.6. O tratamento da IC consiste em diuréticos, IECA e/ou Digoxina.
4.7. Os IECA (enalapril) são sempre recomendados como padrão no tratamento da IC
4.8. Evitar associação IECA com amilorido, pois ambos retêm potássio.
4.9. A margem entre a dose terapêutica e tóxica da digoxina é muito estreita; por isso, deve-se
monitorar sempre o surgimento de efeitos secundários (anorexia, náuseas e vómitos) durante o
tratamento e, reduzir a dose ou suspender em casos mais graves (arritmias ventriculares).
4.10. No seguimento dos pacientes com IC, o grau de dispneia, a dispneia paroxística nocturna,
ortopneia, o peso, a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, edema devem
ser avaliados. A creatinina, ureia, AST, ALT, glicemia, sódio, potássio e colesterol devem constituir
exames de rotina no seguimento dos pacientes com IC.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 109
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 13
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Miocardiopatias Duração 1h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir miocardiopatias.
2. Enumerar as principais causas conhecidas de miocardiopatia dilatada, incluindo álcool, gravidez e
HIV.
3. Explicar os sintomas e sinais comuns de miocardiopatias e possíveis complicações.
4. Listar os resultados de provas complementares que podem conduzir ao diagnóstico de
miocardiopatia .
5. Descrever o prognóstico das miocardiopatias.
6. Dar continuidade ao plano de seguimento para as miocardiopatias.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Fonte: NIH
http://www.niaaa.nih.gov/RESOURCES/GRAPHICSGALLERY/CARDIOVASCULARSYSTE
M/Pages/HeartInDilatedCardiomyopathy.aspx
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 112
mg/dia, dividos em duas ou três tomas. Nunca usar digoxina, diuréticos (furosemida)
e vasodilatadores (IECA – enalapril)!
2.9 Controlo de tratamento e prognóstico
Miocardiopatia dilatada – o controlo do tratamento se faz como na ICC. O prognóstico
quando a ICC não está instalada (sintomática) é variável. Porém, uma vez com
sintomatologia de ICC, o prognóstico é o mesmo que os da ICC.
Miocardiopatia Restritiva – o prognóstico é mau!
Miocardiopatia hipertrófica – é variável, correndo um risco elevado de morte súbita!
Os critérios de referência/Transferência são semelhantes aos da ICC. Pacientes com
miocardiopatia hipertrófica e restritiva devem ser consultados por um médico.
BLOCO 3. PONTOS-CHAVE
3.1. As miocardiopatias são um grupo de doenças na qual a característica principal é o envolvimento
primário do próprio músculo cardíaco.
3.2. A maior parte das miocardiopatias são de causa idiopática, porém infecções virais (incluindo o
HIV), álcool, podem levar ao desenvolvimento das miocardiopatias.
3.3. As miocardiopatias são classificadas de acordo com as suas caracteristicas fisiopatologicas em
dilatadas, restritivas ou hipertróficas.
3.4. A miocardiopatia dilatada apresenta sinais e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva; na
miocardiopatia restritiva, predomina sinais e sintomas de IC direita; na miocardiopatia hipertrófica,
predomina a dispneia, dor anginosa e pré-síncope/síncope usualmente relacionadas com o
esforço.
3.5. A miocardiopatia dilatada sintomática trata-se como a ICC; a miocardiopatia restritiva não dispõe
de tratamentos eficazes disponíveis, porém nunca se deve usar a digoxina neste tipo de
miocardiopatia; a miocardiopatia hipetrófica deve-se usar o propanolol, mas nunca deve-se usar a
digoxina, diuréticos e vasodilatadores.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 113
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 14
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Pericardite Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir Pericardite.
2. Definir Pericardite constritiva e efusiva e tamponamento cardíaco.
3. Enumerar as causas conhecidas principais infecciosas e não infecciosas das de pericardite.
4. Enumerar e descrever os sintomas e sinais da pericardite aguda.
5. Listar resultados de provas complementares que podem conduzir ao diagnóstico de pericardite.
6. Distinguir entre pericardite constritiva e efusiva (a desenvolvimento rápido ou gradual), em termos
de apresentação clínica.
7. Explicar a tríade de Beck para o diagnóstico de tamponamento cardíaco.
8. Explicar que o tamponamento cardíaco representa uma emergência médica.
9. Elaborar um diagnóstico diferencial para pericardite.
10. Descrever a gestão farmacológica e não farmacológica da pericardite.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Coração normal e
pericárdio
Camada Pericárdio
parietal
Camadas
do
pericárdio
Camadas do
Camada pericárdio
visceral
Pericardite
2.1.1 Definição:
Pericardite é a inflamação do pericárdio.
2.2. Etiologia
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 115
Idiopática ou viral (vírus coxsackie, echovirus, influenza, Epstein-Barr, varicela, hepatite,
sarampo e HIV)
Infecções (particular destaque para o bacilo de Koch, mas também o pneumococo,
estreptococo, Neisseria, histoplasmose, cândida, entre outros)
Insuficiência renal crónica (uremia)
Traumatismos e feridas torácicas (com hemopericárdio)
Enfarte agudo do miocárdio
Doenças auto-imunes (febre reumática, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistémico)
Neoplasias
Medicamentos (hidralazina, anticoagulantes, isoniazida, fenitoina, etc)
Processos inflamatórios contíguos do pulmão (pneumonia, abcesso pulmonar)
2.3. Fisiopatologia
A inflamação ou lesão do pericárdio, ocasiona um aumento da permeabilidade e extravasamento de
líquido (derrame pericárdio). Este líquido pode se acumular rapidamente determinando uma
compressão dos ventrículos, dificultando deste modo a diástole (hipodiástole), resultando num volume
diastólico baixo (tamponamento). Este volume diastólico baixo, resulta em aumento retrógrado da
pressão (no caso do ventrículo esquerdo com repercussão pulmonar; no caso do ventrículo direito, com
repercussão sistémica venosa). Por outro lado, o líquido pode acumular-se lentamente e em grandes
volumes, sem repercussões funcionais na dinâmica cardío-vascular, devido a um processo adaptativo
da função cardíaca. No entanto, grandes volumes, podem também levar a compressão ventricular e
disfunção diastólica. Em ultima análise, a disfunção diastólica compromete a função sistólica.
O factor determinante do tamponamento não é a quantidade de líquido que se acumula no pericárdio,
mas sim a velocidade de acumulação de líquido (capacidade de adaptação). Assim, poderemos ter um
tamponamento com 250 ml ou um tamponamento com 1000 ml.
Durante a reparação, formam-se cicatrizes com espessamento do pericárdio que, por vezes pode
calcificar, originando um processo constritivo, com aumento da pressão venosa. Esse espessamento
pericárdio, pode envolver o miocárdio, limitando a capacidade de relaxamento (diástole) e de
contracção (sístole) cardíaca efectiva.
2.4 Classificação
A pericardite pode ser classificada em:
Pericardite aguda (< 6 semanas)
Pericardite subaguda (6 semanas a 6 meses)
Pericardite crónica (> de 6 meses)
Para fins clínicos e práticos, será abordado a pericardite aguda e a pericardite constritiva (um subtipo
de pericardite subaguda e crónica).
2.5 Quadro clínico
2.5.1 Sinais e Sintomas
Pericardite Aguda
Dor torácica, que pode ser intensa e simular um EAM, aliviada pela inclinação para frente
(posição de prece maometana);
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 116
Febre e palpitações são comuns
Pulso rápido ou irregular, e ausculta-se um ruído de atrito pericárdico, que pode variar de
intensidade e é mais audível na borda esternal inferior e durante a expiração final com o
paciente sentado e inclinado para frente.
Na presença de derrame pericárdio com tamponamento, teremos a clássica tríade de Beck:
distensão venosa jugular, sons cardíacos abafados ou hipofonéticos e hipotensão arterial.
Pericardite constritiva
Início gradual de dispneia, fadiga, edema dos membros inferiores
Taquicardia, distensão venosa jugular que aumenta mais à inspiração (sinal de Kussmaul),
hepatomegalia, ascite.
À auscultação pode-se ouvir o atrito pericárdico, porém, é melhor característico um
“batimento pericárdico”
2.6 Complicações
Tamponamento cardíaco – tríade de Beck – é uma emergência ameaçadora à vida
resultante do acumulo de líquido pericárdico sob pressão, comprometendo o enchimento das
câmaras cardíacas e reduz o débito cardíaco.
Arritmias
Tromboembolismo
2.7 Exames auxiliares e Diagnóstico
O exame auxiliar que pode auxiliar ao nível do TMG é o raio-X do tórax.
Na pericardite aguda – pode mostrar um aumento da silhueta cardíaca se houver um derrame
pericárdico maior que 250 ml, com configuração “em moringa” ou “taça invertida”.
Na pericardite constritiva – pode mostrar borda de calcificação pericárdica em até 50% dos
pacientes.
Outros exames úteis que é necessário o TMG referenciar para serem efectuados são: ECG, ecografia,
TAC ou ressonância magnética.
A suspeita diagnóstica é fundamentalmente clínico (anamnese e exame físico). Pensar sempre em
tuberculose como causa principal de pericardite.
2.8 Diagnóstico Diferencial
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 117
Angina de peito – dor tipo pressão, aperto e constrição, irradia para braço esquerdo, ombro,
mandíbula, precipitada pelo esforço e aliviada pelo repouso e nitroglicerina.
EAM – como angina, porém com duração maior de 30 minutos e não se alivia pelo repouso e
nitroglicerina.
Dissecção da aorta – dor dilacerante, tipo facada, não é aliviada por mudanças de posição,
associado a pulsos periféricos fracos ou ausentes.
Espasmo esofágico – disfagia/odinofagia (dificuldade/dor a deglutição) retroesternal, induzida
pela deglutição, repetitivas e de longa duração.
Gastrite aguda (dor epigástrica, em queimação, aliviada por anti-ácidos – cimetidina, hidróxido
de alumínio, ou inibidores da bomba de protões – omeprazol, acompanhada de disfagia ou
regurgitação)
Pneumotórax – abaulamento do hemitórax afectado, abolição do murmúrio vesicular no
hemitórax afectado, rx evidencia colapso pulmonar)
2.9 Conduta
O manejo da pericardite é da competência do médico. Sendo assim, o TMG deve prestar as primeiras
medidas e transferir/referir ao médico.
2.9.1 Aliviar a dor
AINES: Aspirina comprimidos de 500 mg, 650 – 975 mg (pode usar 1 comprimido e meio),
ou
Ibuprofeno comprimidos – 200 a 400 mg por via oral ou, diclofenac comprimidos de 25 a 50
mg, por via oral, e
Se dor for intensa, Morfina 5 -10 mg por via subcutânea
TRANSFERIR/REFERIR ao médico IMEDIATAMENTE!
Ao usar a aspirina é necessário associar um anti-ácido (hidróxido de alumínio ou omeprazol) para
reduzir os efeitos gastroerrosivos da aspirina.
O tamponamento cardíaco, que é uma emergência médica, será discutido nas aulas de emergências
cardiovasculares.
BLOCO 3: PONTOS-CHAVE
3.1 Pericardite é a inflamação do pericárdio que pode ter causas infecciosas (virais incluindo o HIV,
bacterianas incluindo o bacilo de Koch, entre outras ) e não infecciosas (pós traumáticas,
insuficiência renal crónica, pós EAM, doenças auto-imunes, neoplásicas, medicamentos, entre
outras).
3.2 A pericardite pode ser aguda, subaguda ou crónica. Porém, para fins práticos clínicos
3.3 A pericardite aguda se apresenta tipicamente com dor torácica que se alivia pela inclinação anterior
do tórax (posição de prece maomentana) com auscultação de atrito pericárdico, com um raio x com
aumento da silhueta cardíaca com formato de “moringa” ou “taça invertida”.
3.4 A pericardite constritiva é de evolução mais gradual, com sinal de kussmaul positivo e sinais de IC
direita (DVJ, hepatomegália, ascite e/ou edema)
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 118
3.5 O Tamponamento cardíaco é uma emergência ameaçadora à vida resultante do acumulo de
líquido pericárdico sob pressão comprometendo o enchimento das câmaras cardíacas com
consequente redução do débito cardíaco.
3.6 A referência/transferência para o médico é mandatório nas pericardites.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 119
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 15
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Doença Cardíaca Reumática Duração 1h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir e distinguir febre reumática e doença cardíaca reumática;
2. Identificar as crianças como grupo alvo para o desenvolvimento da febre reumática;
3. Indicar a percentagem de pacientes com faringo-amigdalite estreptocócica que desenvolvem febre
reumática;
4. Enumerar os factores de risco para o desenvolvimento da faringo-amigdalite estreptocócica.
5. Explicar os critérios de Jones, para o diagnóstico de febre reumática.
6. Identificar os sintomas e sinais principais da cardite devida à febre reumática.
7. Enumerar as perturbações valvulares mais comuns na doença cardíaca reumática e as
complicações clínicas resultantes de cada uma delas.
8. Listar resultados das provas complementares que podem conduzir ao diagnóstico de doença
cardíaca reumática.
9. Explicar as diferentes medidas para a prevenção da febre reumática (benzatinica – incluindo
riscos).
10. Dar continuidade a um plano de seguimento de um paciente com antecedentes de febre reumática
e doença cardíaca reumática incluindo:
a. Elementos chave da anamnese e exame físico de seguimento para a avaliação da
progressão das doenças cardíacas reumáticas.
b. Controlo da adesão à terapia farmacológica e as alterações do estilo de vida;
c. Avaliação da resposta à terapia;
d. Identificação dos efeitos secundários aos medicamentos;
e. Identificação dos testes laboratoriais de seguimento;
f. Identificação dos critérios de referência/transferência;
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 120
Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 122
o Coreia de Sydenham - movimentos coreatetóides (não coordenados) involuntários
principalmente da face, língua e extremidades superiores (ocorrem mais nas mulheres).
o Artrite – uma poliartrite migratória que envolve as grandes articulações sequencialmente
(exemplo: tornozelos, joelhos e depois anca).
Critérios minor
o Febre,
o Poliartralgia,
o Evidência de infecção estreptocócica passada (antiestreptolisina O - ASTO) ou história
de febre reumática
o VS elevada,
o Prolongamento reversível do intervalo P-R (no ECG).
2.5 Complicações:
As complicações da FR são:
Doença cardíaca reumática
Insuficiência cardíaca
Arritmias
Pericardite
2.6 Exames auxiliares e Diagnóstico
Os exames auxiliares que auxiliam na confirmação da suspeita clínica de febre reumática são os que
estão enquadrados nos critérios menores de Jones.
VS – geralmente está elevada
ECG – prolongamento do intervalo P-R, que é reversível após algum tempo.
O raio-X pode evidenciar uma cardiomegália com ou sem congestão pulmonar
O diagnóstico é efectuado pelos critérios de Jones: 2 critérios Major ou 1 critério Major e 2 critérios
minor.
2.7 Diagnóstico Diferencial
Artrite reumatóide
Osteomielite
Endocardite
Os critérios de Jones são a base para o diagnóstico diferencial com estas patologias.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 123
3.1.1 Tratamento não medicamentoso: internar e repouso absoluto na cama até:
Temperatura retornar ao normal sem medicação
VS normalizar
A frequência do pulso seja normal em repouso (< 100 bpm)
ECG normalizar (onde houver condições para efectuar ECG)
3.1.2 Tratamento Farmacológico
AINE: Aspirina comprimidos de 500 mg, 1 comprimido de 6 em 6 horas, por via oral.
Associar anti-ácidos (omeprazol 20 mg/dia) – se intolerância à aspirina usar: Ibuprofeno 200-
400 mg de 8 em 8 horas, ou diclofenac 25-50 mg de 8 em 8 horas.
o Quando a resposta aos AINEs não é boa, pode-se usar Prednisolona 40-60 mg/dia com
redução gradual ao longo de 2 semanas.
Penicilina – Penicilina Benzantínica, 1.2 milhões (>30 Kgs) de UI IM dose única. Como
alternativa usar Penicilina Procaína, 600.000 UI IM (NUNCA POR VIA EV OU SC!) por dia,
durante 10 dias. Em pacientes alérgicos às penicilinas, usar Eritromicina 500 mg de 6 em 6
horas durante 10 dias.
Refira/transfira para o médico para a confirmação diagnostica e a prescrição do tratamento
de acordo com a apresentação clínica.
3.2 Prevenção da febre reumática recorrente
O episódio inicial da febre reumática geralmente pode ser prevenido através de um tratamento precoce
e correcto da faringite/amigdalite estreptocócica. Para a prevenção episódios futuros de febre reumática
é recomendável a profilaxia contínua mensal até aos 30 anos com:
Penicilina Benzantínica, 1.2 milhões de UI IM de 4 em 4 semanas (mensalmente)
Em pacientes alérgicos a penicilina, usar Eritromicina, 250 mg de 12 em 12 horas
Pacientes com doença cardíaca reumática devem receber profilaxia com antibióticos antes de
extracção dentária, procedimentos urológicos e cirúrgicos, de modo a prevenir a endocardite infecciosa
(será abordado na próxima aula).
No controlo de tratamento é necessário sempre pesquisar:
Alterações cardíacas que possam sugerir evolução desfavorável do paciente (aumento do grau
do sopro, surgimento de arritmias)
Piora dos movimentos coreoatetóides
Sinais sugestivos de febre reumática recorrente (Critérios de Jones, surgimento de febre)
Hemograma completo e VS (verificar se os leucócitos estão normais ou a VS está a elevar-se)
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 124
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. A febre reumática é um processo sistémico, inflamatório, de carácter auto-imune, em resposta do
organismo a infecções faríngeas por estreptococo ß-hemolítico do grupo A de Lancefield.
4.2. Doença cardíaca reumática é a alteração funcional e estrutural das válvulas cardíacas e miocárdio
resultante de um ou mais episódios de febre reumática.
4.3. O diagnóstico da febre reumática requer a aplicação dos critérios de Jones. A presença de dois
critérios maiores (Major) ou um critério maior e 2 critérios menores (minor) estabelecem o
diagnóstico.
4.4. Na abordagem de um paciente com febre reumática deve-se administrar Aspirina ou
Ibuprofeno/Diclofenac, Penicilina Benzantínica (1.200.000 UI IM em dose única) e garantir o
repouso do paciente.
4.5. Refira/transfira para o médico para a confirmação diagnostica e a prescrição do tratamento de
acordo com a apresentação clinica
4.6. Todo paciente com febre reumática deve efectuar a profilaxia com Penicilina Benzantínica
mensalmente até aos 30 anos de idade.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 125
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 16
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Endocardite Infecciosa Duração 1h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir endocardite.
2. Definir e distinguir endocardite aguda e subaguda.
3. Enumerar as causas comuns de endocardite infecciosa e não infecciosa.
4. Identificar as condições clínicas que põem o paciente em risco de desenvolver endocardite.
5. Descrever os sintomas e sinais da endocardite, incluindo aqueles relacionados à infecção,
envolvimento das válvulas cardíacas, eventos embólicos e vasculite.
6. Listar os resultados de provas complementares que podem conduzir ao diagnóstico de endocardite
infecciosa.
7. Elaborar um diagnóstico diferencial para endocardite.
8. Explicar que a endocardite aguda representa uma emergência médica.
9. Descrever a gestão farmacológica e não farmacológica da endocardite.
10. Listar as indicações para profilaxia antibiótica para endocardite, incluindo condições clínicas e
manobras diagnósticas/terapêuticas.
Estrutura da Aula
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 128
2.5 Quadro clínico
2.5.1 Sinais e Sintomas
Febre, palidez (anemia), petequias (no palato ou conjuntiva ou sob as unhas), hemorragia
(“splinter”) subungueal, nódulos de Osler (lesões violáceas, dolorosas nos dedos das mãos,
pés), lesões de Janeway (lesões eritematosas indolores das palmas das mãos e plantas dos
pés).
Aparecimento de sopro cardíaco inexistente ou alteração de um sopro pré-existente,
esplenomegalia.
A fundoscopia pode revelar manchas de Roth (lesões exsudativas na retina).
2.6 Complicações
Embolização das vegetações que pode resultar em:
o Abcesso cerebral
o Isquemia cardíaca (EAM)
o Insuficiência cardíaca
o Acidente vascular cerebral
o Insuficiência Renal
o Enfarte e Abcesso pulmonar
o Enfarte esplénico e renal
2.7 Exames auxiliares e Diagnóstico
Hemograma – pode revelar leucocitose, anemia, trombocitopenia, VS elevada
Ureia e creatinina sérica podem estar elevados por lesão renal secundária
Urina II: pode haver hematúria e proteinúria
Rx do tórax – não é específico nem sensível, mostrando sinais de cardiopatia de base
A Ecografia (transtorácia e transesofágica) é bastante útil para o diagnóstico mostrando as
vegetações, mas é do nível do médico especialista.
A suspeita diagnóstica é fundamentalmente clínico com história de febre, sopro cardíaco, anemia,
esplenomegália, petéquias, lesões de Janeway e nódulos de Osler.
2.8 Diagnóstico Diferencial
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 129
Febre reumática
Doenças exantematosas
2.9 Conduta
Na suspeita de EI, é necessário o TMG proceder da seguinte forma:
Ampicilina 1grama EV de 6 em 6 horas ou Penicilina Cristalizada 2 milhões de UI de 6 em 6
horas, associado à
Gentamicina 80 mg EV de 8 em 8 horas ou 240 mg EV 1 vez por dia
Reduzir a febre: paracetamol 500 mg oral de 8 em 8 horas ou de 6 em 6 horas
Transferir/referir o paciente ao Médico
2.10 Prevenção
A prevenção da endocardite infecciosa tem em conta os factores de risco:
Educação sobre os riscos do uso de drogas EV
Profilaxia em pacientes com anomalias valvulares (febre reumática) ou que vão ser submetidos
a procedimentos clínico-cirúrgicos: cateterização EV, algaliação, entubação, aspiração de
aborto.
Esta profilaxia geralmente é efectuada com antibióticos orais e/ou EV
o Procedimentos dentários, respiratórios e do esófago: amoxicilina 2 gramas por via oral 1
hora antes do procedimento, ou ampicilina 2 gramas IM ou EV 30 minutos antes do
procedimento
o Procedimentos gastrointestinais (excepto do esófago) ou génito-urinários: ampicilina 2
gramas IM ou EV, mais gentamicina 80 mg (não exceder 120 mg) EV, 30 minutos antes do
procedimento; 6 horas depois administrar, ampicilina 1 grama IM ou EV ou amoxicilina 1
grama por via oral.
BLOCO 3: PONTOS-CHAVE
3.1 A endocardite infecciosa é uma doença grave, na qual ocorre uma infecção do endocárdio e/ou das
válvulas cardíacas.
3.2 A endocardite infecciosa pode ocorrer em válvulas nativas ou em próteses valvulares, e poder ser
aguda (< de 6 semanas) ou subaguda (> de 6 semanas)..
3.3 São factores de risco da EI, as anomalias valvulares, próteses valvulares, procedimentos clínico-
cirúrgicos, a destacar os dentários, do trato respiratório, génito-urinários e gastrointestinais.
3.4 Deve-se pensar em EI em todo o paciente com febre e sopro cardíaco, principalmente se tiver
factores de risco para EI.
3.5 Após suspeita de EI, o TMG deve iniciar antibioticoterapia com Ampicilina e Gentamicina e
transferir o paciente ao médico.
3.6 A profilaxia da EI consiste em antibioticoterapia prévia a realização de procedimentos clínico-
cirúrgicos que constituem factor de risco para a ocorrência de EI.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 130
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 17
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Arteriopatia Periférica Duração 1h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir doença das artérias periféricas e identificar os locais mais envolvidos.
2. Enumerar os factores de risco para as doenças das artérias periféricas.
3. Distinguir entre isquemia aguda e crónica das artérias periféricas, em termos de causa subjacente
e apresentação clínica.
4. Descrever os sintomas e sinais da doença arterial periférica, na fase inicial e avançada.
5. Descrever as manobras diagnósticas para a avaliação da arteriopatia periférica.
6. Desenvolver um diagnóstico diferencial para as doenças das artérias periféricas.
7. Explicar os critérios de referência/transferência para arteriopatia periférica
8. Identificar a emergência médica/cirúrgica, nos casos de arteriopatia periférica.
9. Explicar a importância da mudança do estilo de vida na prevenção primária e secundária das
doenças das artérias periféricas.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
6 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 131
Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 132
BLOCO 1: INTRODUÇÃO Á AULA
1.1 Apresentação do tópico, conteúdos e objectives de aprendizagem.
1.2 Apresentação da estrutura da aula.
1.3 Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
Artéria braquial
Aorta
Artéria renal
Artéria radial
Artéria ulnar
Artéria ilíaca
Artéria femoral
Sua evolução pode ser muito lenta, décadas até, sem que se tenha qualquer sintoma. Estudos de
autópsia de jovens (adolescência até os vinte anos) indicam que o processo de aterosclerose já
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 133
começa nessa idade. Quando presentes, os sintomas são por perda de função do órgão afectado. Por
exemplo, sintomas de má circulação cerebral quando as artérias do pescoço estão afectadas. Dor para
caminhar, quando as artérias das pernas estão afectadas.
2.2. Classificação
São tipos de doença arterial:
Arteriopatia aterosclerótica - quando a aterosclerose, localizada ou disseminada, leva a má
irrigação periférica.
Vasculites - quando a parede arterial sofre uma inflamação, seja ela local apenas, ou parte
de uma doença inflamatória em todo o corpo. Entre estas vasculites pode-se citar a
tromboangeite obliterante e a arterite de células gigantes.
Ateroembolia - quando existe o
Artérianormal
desprendimento de parte de um ateroma,
que irá entupir um segmento mais distante
de menor calibre das ramificações
arteriais.
Aterosclerose é uma doença inflamatória crónica na
qual ocorre a formação de ateromas dentro dos Obstrução Placa
vasos sanguíneos. da artéria
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 134
modificar os factores de risco para diminuir o risco de desenvolver aterosclerose. Como outras doenças
cardiovasculares, é muito melhor prevenir a doença do que tratá-lo depois de se manifestar.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 135
No caso de isquemia cardíaca já foram abordados as dores anginosas. No território cerebral,
teremos o AVC, com sinais de deficit motor: hemiparesia, paralisia o AVC serão abordados
na disciplina de Neurologia.
3.3.2 Isquemia crónica ou insuficiência arterial crónica
Os sintomas progridem, numa fase inicial, de claudicação intermitente para dor em repouso, para
pré-gangrena e gangrena numa fase mais avançada.
Claudicação intermitente – fase inicial: é a dor muscular que surge após o exercício quando
há fluxo arterial inadequado. Caracteristicamente a dor é frequente na panturrilha – dorso
da perna (na região do músculo gastrocnêmios), descrita como cãibra, e só se desenvolve
quando o músculo se exercita e desaparece com o repouso.
Dor em repouso – é a dor que mesmo com o membro afectado em repouso, está presente.
Geralmente esta dor se alivia ao colocar-se o membro abaixo do nível do coração. No caso
da perna, o paciente deixa a sua perna balançando ao lado da cama ou prefere dormir
sentado.
Pré-gangrena e gangrena – fase avançada
o A pré-gangrena é o termo usado para descrever as alterações de um tecido que indicam
que o seu suprimento sanguíneo é tão precário que logo será inadequado para manter o
tecido vivo. O principal sintoma da pré-gangrena é a dor em repouso. Os sinais são
palidez, alterações tróficas da pele e anexos (espessamento e descamação cutânea,
atrofia das polpas dos dedos), baixa temperatura, mau reenchimento capilar (> 15
segundos), ainda com alguma sensibilidade cutânea.
o A gangrena é o termo para designar tecido morto. O tecido morto é de cor castanha ou
negra e gradualmente transforma-se e contrai-se numa massa enrugada e dura. A parte
morta é insensível e indolor.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 136
No diagnóstico de doença arterial periférica, é importante combinar os resultados de anamnese (com
sintomas compatíveis), exame físico (com sinais físicos compatíveis), e índice tornozelo-braquial para
desenvolver a impressão clínica de doença arterial periférica.
4.1 Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial se faz entre as causas da isquemia, seja ela aguda ou crónica.
Embolia, trombose, aterosclerose, traumatismo, compressão, entre outras.
4.2 Critérios de Referência/Transferência
ITB < 0,9
Claudicação intermitente
Ausência ou pulsos diminuídos
Pré-gangrena e gangrena.
Como medidas de pre-transferência inclui-se:
A proteção do membro envolvido por uma manta leve e de consistência algodonosa para evitar
traumatismos e exercer efeito vasodilatador (prevenção do agravamento da isquemia).
A administração de analgésico para controlar a dor.
A gangrena é uma emergência que o TMG deve referir imediatamente para o médico ou técnico de
cirurgia para um tratamento agressivo!
O TMG deve pensar também nas causas da isquemia aguda como prováveis situações de emergência.
Por exemplo: uma ruptura de uma artéria secundária a fractura, ou uma síndrome compartimental
constituem igualmente emergências para de imediato referir ao médico/técnico de cirurgia.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 137
BLOCO 6. PONTOS-CHAVE
6.1. Na categoria das doenças arteriais periféricas estão todas as doenças que afectam outras artérias
menos a aorta.
6.2. Os principais sintomas de isquemia aguda dos membros são: dor parestesias/paralisia, palidez,
pulsos ausentes/diminuídos e diminuição da temperatura.
6.3. Os principais sintomas de isquemia crónica são: claudicação intermitente, dor em repouso, pré-
gangrena e gangrena.
6.4. O índice tornozelo-braquial (ITB) é um teste clínico simples que pode ser combinado com
anamnese e exame físico para confirmar o diagnóstico de doença arterial periférica.
6.5. A mudança de estilos de vida é preponderante para a prevenção primária das doenças arteriais
periféricas.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 138
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 18
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Doença Venosa Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Definir varizes e identificar os seus factores de risco.
2. Definir trombose venosa, identificar os factores predisponentes e os distúrbios associados às
condições predisponentes.
3. Descrever a apresentação clínica, incluindo a anamnese e os resultados do exame físico da
trombose venosa profunda e da trombose venosa superficial.
4. Identificar a embolia pulmonar como complicação principal da trombose venosa profunda (TVP).
5. Elaborar um diagnóstico diferencial para trombose venosa, usando o sistema de decisão para a
suspeita clínica de TVP.
6. Descrever o tratamento farmacológico e não farmacológico da trombose venosa profunda e
superficial.
7. Enumerar os efeitos colaterais/adversos, associados ao tratamento da trombose venosa profunda.
8. Explicar que os casos suspeitos de TVP devem ser referidos ou transferidos.
9. Explicar a importância das medidas de prevenção (farmacológicas e não farmacológicas), em
pacientes com risco de desenvolver TVP
Estrutura da Aula
1 Introdução à Aula
3 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 139
Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 141
Idades – costumam aparecer a partir de 30 anos de idade e podem ir piorando com o passar
dos anos.
Sexo – por vários factores (por exemplo, gestação) as mulheres são mais propensas do que os
homens.
História Familiar - com maior frequência, verifica-se uma certa incidência de varizes numa
mesma família.
Obesidade – o sobre peso aumenta a pressão sobre as veias e dificulta o retorno venoso.
Traumatismo nas pernas e pós-cirurgias
Temperatura – exposição ao calor por tempo prolongado pode provocar dilatação das veias.
Tabagismo – a parede das veias também sofre agressões das substâncias contidas nos
cigarros.
Gravidez – Durante a gravidez a quantidade de sangue circulante aumenta e, portanto, aumenta
o trabalho das veias.
Sedentarismo – o movimento das pernas é muito importante para “bombear” o sangue das
veias.
2.4 Patogenia
As veias dos membros inferiores têm como função conduzir o sangue de volta ao coração. Dentro
destas veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno venoso para os pés, devido à acção da
gravidade. Quando estas válvulas se tornam insuficientes, não fecham adequadamente e o sangue não
progride. Localmente, a quantidade de sangue aumenta, fica estagnado e faz com que as veias se
dilatem e deformem tornando-se visíveis e com aspecto sinuoso. Esta estase sanguínea propicia a
coagulação e surgimento de fenómenos trombóticos (trombose venosa). A trombose venosa, além de
resultar da estase sanguínea e estados de hipercoagulabilidade, tem também como origem as lesões
vasculares que propiciam o desencadeamento da coagulação.
Veia normal Veia varicosa
Fluxo
anormal
Válvula
deformada
Válvula
Fluxo
normal
Fonte: NIH
http://www.nhlbi.nih.gov/
health/dci/Diseases/vv/vv_all.html
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 142
2.5.1 Trombose Venosa Profunda (TVP)
Sinais e sintomas
o Dor e tumefação das panturilhas ou de toda a perna
o Membro tumefeito, pode estar pálido (perna esbranquiçada ou leitosa) ou pode estar
congesta e azulada
o Dor na panturilha quando o músculo é distendido pela flexão plantar forçada (sinal de
Homan)
o Veias superficiais dilatadas e aumento da temperatura cutânea
o Palpação de cordões no trajecto da veia trombosada
2.5.2 Trombose Venosa Superficial (TVS)
Sinais e sintomas
o Aparecimento súbito de tumoração dolorosa, no braço ou perna, com formato de “salsicha”,
que se estende ao longo do trajecto da veia superficial comprometida.
o Aumento da temperatura cutânea suprajacente e tonalidade vermelha ou pardacenta pálida
2.6 Complicações
2.6.1 Trombose Venosa Profunda
Embolia pulmonar (TVP, não na TVS) – será abordado nas aulas de emergências.
Insuficiência valvular (edema, dor, dificuldade para andar, úlceras de estase)
2.6.2 Trombose Venosa Superficial
As complicações são raras.
2.7 Exames auxiliares e diagnóstico
Nenhum exame auxiliar para o diagnóstico da TVP e TVS ao nível do TMG. A suspeita diagnóstica é
com base na clínica!
Aqui se apresenta uma tabela que orienta na suspeita de TVP.
Baixa probabilidade clínica de TVP se pontuação ≤ 0
Cancro em actividade 1
Paralisia, paresia ou imobilização gessada recente 1
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 143
Distensão muscular ou trauma fechado;
Ruptura muscular;
Fadiga muscular;
Miosite (inflamação do musculo);
Hematoma muscular;
Celulite
Insuficiência venosa crónica.
2.9 Conduta
2.9.1 Tratamento não medicamentoso
Repouso, elevação dos membros afectados (acima do nível do coração), aplicação de
ligaduras elásticas, compressas quentes
2.9.2 Tratamento medicamentoso
AINES – ibuprofeno 200 a 400 mg de 8 em 8 horas; diclofenac 25 a 50 mg de 8 em 8 horas
Se na TVS haver suspeita de infecção, administrar ampicilina 1gr EV de 6 em 6 horas mais
gentamicina 80 mg EV de 8 em 8 horas (ou 160 mg EV/dia)
Referência/transferência ao médico (para confirmação diagnóstica e inicio da terapia
anticoagulante)
2.10 Prevenção
No âmbito da prevenção não farmacológica, o TM deverá proporcionar aos pacientes e às pessoas com
factor de risco, medidas de combate á estase venosa, isto é, medidas que permitam que o sangue
venoso circule, facilitando seu retorno ao coração incluindo:
Caminhar regularmente;
Nas situações em que necessite permanecer sentado por muito tempo, procurar movimentar os
pés como se estivesse pedalando uma máquina de costura;
Quando estiver em pé parado, mover-se discretamente como se estivesse andando sem sair do
lugar;
Quando estiver acamado, fazer movimentos com os pés e as pernas. Se necessário, solicitar
ajuda de alguém;
Evitar fumar e o vida sedentária;
Controlar o peso (evitar obesidade)
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 144
BLOCO 3: PONTOS-CHAVE
3.1 Veias varicosas (ou varizes) são veias superficiais tortuosas e dilatadas. Suas válvulas geralmente
são insuficientes, mas, nem sempre. As varizes podem ser primárias ou secundárias.
3.2 Trombose Venosa (ou tromboflebite) – é a presença de trombos (coágulos) dentro de uma veia
superficial ou profunda com subsequente resposta inflamatória na parede vascular. A trombose
venosa pode ser superficial ou profunda.
3.3 De entre as causas de TVP se destaca a imobilização, gravidez e pós-parto, uso de contraceptivos
hormonais e distúrbios de hipercoagulabilidade.
3.4 De entre as causas de TVS se destaca o uso de cateteres EV, veias varicosas e neoplasias.
3.5 O diagnóstico da TVP e TVS é fundamentalmente clínico.
3.6 Em caso de suspeita TVP o paciente deve ser referido ao médico para iniciar a terapia com
anticoagulantes
3.7 A embolia pulmonar é uma complicação da TVP ameaçadora à vida.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 145
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 19
Tópico Clínica Médica Tipo Teórica
Conteúdos Emergências Médicas Cardíacas Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Identificar as seguintes situações cardíacas de emergência:
a. Edema agudo pulmonar;
b. Síndrome coronário agudo;
c. Emergência hipertensiva;
d. Choque cardiogénico;
e. Tamponamento cardíaco;
f. Embolia pulmonar.
2. Descrever os sintomas e sinais que podem ser associados a cada emergência cardíaca.
3. Explicar os cuidados e tratamento imediatos (estabilização) de um paciente com uma emergência
cardíaca.
4. Descrever o procedimento correcto para referir um paciente que apresenta uma emergência
cardíaca.
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula
4 Pontos-chave
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 146
Equipamentos e meios audiovisuais necessários:
Trabalhos para casa (TPC), exercícios e textos para leitura – incluir data a ser entregue:
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 147
BLOCO 1: INTRODUÇÃO Á AULA
1.1 Apresentação do tópico, conteúdos e objectives de aprendizagem.
1.2 Apresentação da estrutura da aula.
1.3 Apresentação da bibliografia que o aluno deverá manejar para ampliar os conhecimentos.
2.2.2 Conduta
Oxigénio 2 – 4 l/minuto
Ácido acetilsalicílico (aspirina): 125 mg a 250 mg (1/4 a ½ comprimido de 500 mg)
mastigados logo à chegada do paciente.
Nitroglicerina comprimidos de 0.5 mg, 1 comprimido sub-lingual
Canalize uma veia
Morfina – 2 a 4 mg EV a cada 5-10 minutos até alívio da dor ou surgimento de efeitos
secundário (náuseas, vómitos).
Propranolol – 20 a 40 mg oral. Contra-indicado se o paciente apresentar sinais de
insuficiência cardíaca congestiva (fervores crepitantes, PVJ elevada, S3), frequência
cardíaca < 60 bpm, pressão arterial sistólica < 95 mmhg ou história de broncoespasmo)
TRANSFIRA IMEDIATAMENTE para um médico ou hospital com um médico.
2.3 Crise Hipertensiva
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 148
2.3.1 Definições
Crise hipertensiva é uma situação clínica definida como elevação da TAS > 180 mmHg e/ou TAD >
120 mmHg.
A crise hipertensiva se classifica em dois tipos:
Urgência hipertensiva – a TA está elevada mas sem lesão aguda dos órgãos alvo (cérebro,
coração, rim), assintomática ou com sintomas leves e inespecíficos (cefaleia moderada). Deve ser
corrigida gradualmente em 24-48 horas com medicação oral.
Emergência hipertensiva – a TA está elevada com lesão aguda ou progressiva dos órgãos alvo que
pode ser irreversível e de mau prognóstico vital. Requer uma redução imediata da TA (dentro de 1
hora) com tratamento parenteral.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 149
2.3.2 Conduta
Fonte: Albertino Damasceno, Normas para o Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Hipertensão Arterial e Outros Factores de
Risco Cardiovasculares – MISAU, 1ª edição, 2011
Urgência hipertensiva
O tratamento da urgência hipertensiva segue os passos descritos na aula 9, devendo se avaliar o
risco cardiovascular nos pacientes acima de 40 anos e tratar os que possuem risco > 10%. Nos
pacientes com menos de 40 anos, só se deve iniciar o tratamento medicamentoso se
sistematicamente a TAS estiver acima de 160 mmHg. As linhas de tratamento são as mesmas,
iniciando sempre com um diurético. Lembrar que sempre se deve descartar o uso concomitante ou
recente de AINES, e iniciar sempre com o tratamento não medicamentoso. Um paciente com
urgência hipertensiva pode ser um paciente hipertenso conhecido ou já diagnosticado que toma de
forma irregular os medicamentos, pelo que deve-se restabelecer a medicação e aconselhar para
adesão e terapia não medicamentosa.
Emergência Hipertensiva
Na emergência hipertensiva importa saber se estamos perante uma complicação como edema
agudo do pulmão, HTA maligna, dissecção da aorta ou acidente vascular cerebral (AVC).
Edema Agudo do Pulmão – o objectivo é tratar esta situação. Usa-se a furosemida IV. Vide
abaixo.
HTA maligna – use furosemida IV: 20 a 40 mg e refira imediatamente
Dissecção da aorta – pouco se pode fazer. Na suspeita desta situação use propranolol e
refira imediatamente
AVC – paciente com TA elevada e sinais focais neurológicos: use propranolol e refira
imediatamente
2.4 Edema Agudo do Pulmão (EAP)
O edema agudo de pulmão é uma emergência médica, caracterizada por um acúmulo anormal de
líquidos no interstício e nos alvéolos pulmonares.
2.4.1 Quadro clínico
O paciente está agitado, sentado ereto, taquipneico, dispneico, taquicárdico, com sudorese
intensa, pode haver cianose
Expectoração espumosa e com raias de sangue
Fervores pulmonares húmidos bilaterais e S3
2.4.2 Conduta
Colocar o paciente na posição ereta (sentado)
Administrar oxigénio a 100% - 6 litros/min
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 150
Canalizar uma veia
Furosemida 40 – 100 mg EV
Morfina 2 – 5 mg EV
Após estabilização inicial, transferir/referir imediatamente ao médico. se não melhora,
continuar com a medicação enquanto transfere/refere ao médico.
2.5 Choque Cardiogénico
É um estado de comprometimento grave da perfusão tecidual, de causa cardíaca.
As principais causas são: EAM, miocardiopatia dilatada, arritmias
2.5.1 Quadro clínico
Doente pode estar inquieto ou inconsciente, com palidez
Taquicardia, taquipneia, pulsos fracos, membros fios e húmidos, DVJ
Pressão sistólica < 90 mmhg
Pode haver sopros cardíacos, alteração do ritmo cardíaco, fervores crepitantes
2.5.2 Conduta
Colocar o paciente em Trendelemburg invertida (pernas elevadas e cabeça abaixo do nível
do coração)
Oxigénio a 100% - 6l/min
Canalizar uma veia
Soro fisiológico – 1000 ml EV rápido
Se suspeita de EAM, tratar como tal (aspirina, nitroglicerina, morfina, propranolol)
Adrenalina se paragem cardíaca – 1 mg EV; se bradiarritmia – atropina 0.5 a 1 mg EV, a
repetir se necessário em intervalos de 5 minutos até dose máxima de 2 mg
Transferir/referir imediatamente ao médico
2.6 Tamponamento Cardíaco
É uma emergência ameaçadora à vida resultante do acumulo de líquido pericárdico sob pressão,
comprometendo o enchimento das câmaras cardíacas e reduz o débito cardíaco.
2.6.1 Quadro Clínico
Dispneia, fraqueza, confusão
Taquicardia, pulso paradoxal (queda inspiratória da pressão arterial sistólica > 10 mmhg)
Tríade de Beck: hipotensão, distensão venosa jugular e sons cardíacos diminuídos ou
ausentes
2.6.2 Conduta
Oxigénio a 100% - 6 l/min
Canalizar uma veia
TRANSFERIR IMEDIATAMENTE para o médico para uma pericardiocentese.
Aparelho Cardiovascular
Versão 2.0 151
2.7 Embolia Pulmonar
A embolia pulmonar é a obstrução repentina de uma artéria pulmonar causada por um êmbolo.
2.7.1 Quadro Clínico
Início súbito de dispneia, dor torácica e hemoptise (tosse com expectoração com laivos de
sangue). Pode ocorrer síncope.
Taquipneia, taquicárdia, cianose e pode surgir hipotensão (embolia maciça)
2.7.2 Conduta
Oxigénio a 100% - 6l/min
Canalizar veia
Expansores plasmáticos (plasmagel 500 ml) ou Soro fisiológico – 1000 ml EV se TAS < 90
mmhg
Em caso de paragem cardíaca: adrenalina 1 mg EV; se bradicárdia: atropina 0.5 a 1 mg EV
TRANSFIRA IMEDIATAMENTE PARA O MÉDICO
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Versão 2.0 152
BLOCO 4: PONTOS-CHAVE
4.1. Emergências médicas, são aquelas situações ou doenças de instalação rápida e que colocam a
vida em risco.
4.2. As principais emergências cardiológicas são:
Síndrome coronária aguda/ Infarto do Miocárdio/Angina Instável;
Emergência hipertensiva;
Tamponamento cardíaco;
Choque cardiogénico;
Embolia pulmonar;
Edema agudo pulmonar.
4.3. A transferência duma emergência deve ser precedida pela estabilização do paciente e deve ser
feita com acesso venoso in situ e acompanhada pela monitorização regular dos sinais vitais.
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Versão 2.0 153
Disciplina Aparelho Cardiovascular N° da Aula 20
Tópico Clínica Médica Tipo Laboratório
Conteúdos Aconselhamento de Pacientes com ICC Duração 2h
Objectivos de Aprendizagem
Até ao final da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Demonstrar, juntamente com um colega, como conduzir uma sessão de aconselhamento durante uma
consulta de seguimento para um paciente com Insuficiência Cardíaca Crónica (ICC).
2. Desenvolver um plano de seguimento a longo prazo, para um paciente com Insuficiência Cardíaca
Crónica (ICC).
Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Duração
Material e Equipamentos:
Não será necessário para esta aula.
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Versão 2.0 154
BLOCO 1: INTRODUÇÃO À AULA (10 min)
1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem.
1.2. Apresentação da estrutura da aula.
1.3. Apresentação dos equipamentos e materiais
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Versão 2.0 156
Explicar as razões para os tratamentos;
A importância de aderir aos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos (p.ex dietético)
Aconselhamento sobre o tabagismo (causa vasoconstrição periférica provocando e/ou piorando
a IC, hipertensão, aterosclerose, doença vascular periférica)
Prognóstico
3.2. No que respeita aos fármacos:
Explicar as razões (i.é., benefícios de fármacos individuais)
o Dose e tempo de administração
o Potenciais efeitos adversos (e qual, caso tenha, providencia a tomar)
o O que fazer em caso de doses perdidas
o As consequências da falta de tratamento
o Auto manejo (p.ex. dosagem flexível de diurético)
Em relação ao repouso e exercícios, aconselhar:
o Repouso
o Exercícios e actividades relacionadas com o trabalho
o Actividade física diária (melhora os sintomas e a capacidade funcional)
o Actividade sexual (num paciente compensado esta actividade não se restringe, embora a
dispneia possa ser limitante)
Em relação a hábitos dietéticos e sociais, evitar o consumo excessivo de sal, álcool e de
líquidos.
5. Qual seria a sua recomendação sobre a terapia médica para alguém na situação de João?
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Versão 2.0 158
Folha de Respostas
Entregar aos alunos somente após o término da actividade
5. Qual seria a sua recomendação sobre a terapia médica para alguém na situação de João?
Resposta: Os remédios para a insuficiência cardíaca funcionam ao expelirem o excesso de fluido que
pode se acumular, e também ao ajudar na função cardíaca a longo prazo. Não funcionam
instantaneamente e devem ser tomadas com frequência para fazer o máximo efeito e para ajudarem a
evitar exacerbações agudas.
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Versão 2.0 159