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Microsoft Word - CIVILIZAÇÕES PRÉ - CLÁSSICAS - APONTAMENTOS
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O EGIPTO
O rei é deus. Como tal está acima de tudo e tudo lhe pertence: as terras, as pessoas,
senhores e escravos e todas as suas riquezas. A ele são devidos os impostos e para ele se
organizam guerras.
A monarquia egípcia é uma doutrina religiosa, ou uma teologia real, como defende o
egiptólogo François Daumas. O rei era o Faraó ou “a grande casa”. Está no princípio e
no fim de tudo. Ele é Hórus e manda sobre a terra tal como deus no céu. É o “senhor
das duas damas” do “Alto Egipto e do Baixo Egipto”. É o Hórus de Ouro.
A partir da V Dinastia também é o “Filho de Rê”, ou seja, era um filho do deus solar no
sentido físico, dono do mundo inteiro do qual era o criador.
Esta ideia de que o rei era gerado pelo deus Sol no seio de uma mulher terrena está
registada por imagens nos templos de Deir el Bahari e de Luxor. Este registo
testemunha a ocasião em que o clero de Amon (Amon-Rê) teve interesse em atribuir tal
nascimento a Hatshepsut, para a impor como rainha.
De um modo geral houve sempre relutância em erigir templos a faraós vivos, com
excepção de Amenófis III, que erigiu um templo a adorar-se a si próprio. No entanto
este templo foi construído fora do território egípcio, na Núbia.
A partir da VI Dinastia instalou-se no Egipto uma certa anarquia que deixou ver a face
humana do faraó. É neste contexto que surge o “Ensino para o rei Merikaré”:trata-se
de um rei da X Dinastia que se dirige ao filho dando-lhe conselhos para bem governar.
Ensina-lhe que o faraó existe para reinar e proteger os humildes, que é um homem como
os outros mas que tem funções particulares e que tem que ser ensinado para as exercer
pois ninguém nasce ensinado para as exercer, pois ninguém sabe se não for ensinado.
Ensina-lhe que deve governar dentro dos princípios da rectidão, equilíbrio, equidade, ou
seja: a MAET, que mantém cada coisa no seu lugar. Termina dizendo que não se
esqueça de prestar culto aos deuses para bem exercer a sua função real.
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ALDA ANASTÁCIO
Assim, a imagem do rei divino foi-se esbatendo ao longo do I Período Intermédio
sendo restaurada na XII Dinastia, aparecendo desde aí como um campeão invencível.
Akhenaton empreendeu uma reforma religiosa passando Aton para deus principal.
Assim era Akhenaton, filho de Aton e não de Rê. Mas para os egípcios continuava a ser
o “filho de Rê”.
As limitações dos faraós no campo da saúde também ficaram conhecidas: Amenófis III
sofria de cárie dentária, Siptá tinha um pé torto, Ramsés V morreu de bexigas, Menefta
era extremamente obeso e Amenófis IV (Akhenaton) não era completamente são de
espírito.
O Faraó cortava o cabelo e a barba, mas o costume impunha que colocasse no queixo
uma barba postiça comprida e em ponta, e usasse uma espécie de xaile a cair sobre os
ombros, e sobre a nuca a insígnia real, uma serpente designada por URAEUS. Em
ocasiões solenes o Faraó trazia duas coroas especiais: a branca e a vermelha,
simbolizando, respectivamente, o Alto Egipto e o Baixo Egipto. Outras vezes usava
uma espécie de barrete com a forma de coroa dupla.
Associada ao rei estava a figura da rainha, muitas vezes meia-irmã, com o pai em
comum mas mãe diferente. Desde o princípio do Império Novo o papel da rainha foi
posto em grande evidência: o seu nome aparece por vezes junto do nome do rei em
documentos especiais. Também usava o URAEUS como insígnia. A mãe de
Akhenaton, a rainha Ty, teve um papel importante junto de Amenófis III. O rei de
Mitani escreveu uma longa carta à rainha Ty depois da morte de Amenófis III
chamando-lhe “Senhora do Egipto” e pedindo-lhe que exercesse influência junto do
jovem rei. Ela estava ao corrente da correspondência diplomática entre o Egipto e o
reino de Mitani. Apesar de ser rainha isso não excluía a existência de outras esposas na
vida do rei (segundas), incluindo o harém. No entanto as mulheres do harém não eram
apenas “mulheres” para o rei: muitas eram princesas ou nobres que também
desempenhavam funções diplomáticas.
Como rainha ‘faraó’ houve a rainha Hatshepsut que reinou por mais de vinte anos.
*A ADMINISTRAÇÃO
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ALDA ANASTÁCIO
respectivos funcionários. O governador era também O Príncipe do Nomo. No
Império Médio essa função tornou-se hereditária, embora fossem sempre nomeados
pelo rei. Também eram normalmente sacerdotes da divindade principal do lugar.
Os Nomos estavam agrupados em dois estados, as duas terras ou duas casas, do Alto
e Baixo Egipto, que continuariam sempre como uma lembrança dos dois reinos antigos,
unidos no princípio da época Tinita. Esta dualidade estava representada na coroa do
rei e em muitas outras coisas: tudo fazia parte de uma ou de outra casa.
Para a administração do país existia o Vizir, o mais importante a seguir ao rei, desde as
dinastias tinitas até, pelo menos, à XVIII Dinastia. Competia-lhe o governo de todo o
Egipto e a administração da justiça. O vizir era o amigo do Egipto, uma personalidade
muito conceituada. Igualava os deuses em sabedoria. Um vizir que se destacou foi
Mentuhotep, na época do rei Sesóstis I na VII Dinastia, (séc. XX a.C.), do qual há
textos em que ele não cessa de se auto-elogiar.
*O EXÉRCITO
Foi a partir do Império Novo que o exército conheceu um lugar de destaque no Egipto,
pois apesar deste Império ser uma criação do exército, o Egipto não era um estado
militar.
Durante a XVIII Dinastia o exército tinha duas divisões, à qual se juntou uma terceira.
A partir da descrição da batalha de Cadesh sabemos que o exército de Ramsés II
possuía quatro divisões, conhecidas cada uma, pelo nome de um deus: Amon, Rê, Ptah
e Sutek (Set). Cada divisão tinha 5000 homens repartidos por 20 companhias de
250 combatentes. Cada companhia tinha 5 secções de 50 soldados cada. A
hierarquia militar compunha-se de generais e oficiais. Os comandantes formavam o
corpo dos oficiais. Havia generais da divisão e outros que tinham o título honorífico. O
comando geral pertencia a um general com honras de lugar-tenente do rei embora
o comandante supremo fosse o rei. Alguns faraós desempenharam pessoalmente esse
papel como: Amósis, Tutmósis I, Tutmósis III, Amenófis II, Seti I e Ramsés II.
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ALDA ANASTÁCIO
Também havia os mercenários. No Império Novo, alguns deles tinham sido o inimigo,
como aconteceu com os que vinham dos povos do mar. alguns chegaram a postos de
chefia. No Império Novo a marinha também teve um lugar de destaque. Mernefta e
Ramsés III serviram-se da marinha para combater os povos do mar. Também havia a
marinha mercante destinada ao transporte pelo Nilo e pelo Mediterrâneo.
*A SOCIEDADE
1. A FAMÍLIA
As imagens dos textos que nos chegam falam-nos da harmonia familiar, com relações
de amor, ternura e intimidade.
2. O QUOTIDIANO
É nos monumentos aos mortos que está representada a vida terrena.O egípcio não
imaginava a morte diferente da vida e por isso retratou a vida do dia a dia nas paredes
dos túmulos. Por aí podemos avaliar como era a casa, as distracções preferidas, a
música e os instrumentos musicais, as vestes, os penteados, as jóias, o cultivo dos
campos, a criação dos animais, a caça, a pesca, os instrumentos de trabalho, etc. São
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ALDA ANASTÁCIO
sobretudo cenas do campo dado que o egípcio era essencialmente um agricultor.
Aparecem retratadas as vindimas, a preparaçãodo vinho, a colheita dos cereais, a
preparação do pão, da cerveja, as cenas de caça e pesca.
Também há cenas da vida urbana, sobretudo na Alta Sociedade. Por isso sabe-se como
eram as recepções mundanas. No entanto não podemos esquecer o povo comum e o seu
trabalho: os camponeses, os operários especializados, os que tratavam dos animais, os
padeiros, os que fabricavam a cerveja, as mulheres que teciam nos teares, os que
trabalhavam para os mortos, os construtores dos túmulos, do mobiliário fúnebre, os
técnicos de mumificação, os médicos, os curandeiros, etc. O Egipto era um país de reis
e altos funcionários, mas também de trabalhadores.
O trabalho da construção das pirâmides era duro certamente, mas não se sabe
concretamente se os seus trabalhadores eram forçados ou não. Heródoto achava que
sim. No entanto conhecem-se casos em que os reis deram provas de apreciar o trabalho
dos operários e que estes faziam tudo para lhes agradar. Ramsés II louva os artistas que
“sabem usar as mãos” e acumula de bens o inspector dos trabalhos, ao pagar-lhes em
prata e ouro.
No entanto conhece-se uma situação de conflito entre operário e patrão: houve uma
revolta dos trabalhadores que construíam a pirâmide de Ramsés III, como mostra
um papiro da XX Dinastia. Esta revolta conduziu a uma greve que será, possivelmente a
mais antiga de que há registo. Também ficaram conhecidos outros movimentos
reivindicativos entre os reinados de Ramsés III e de Ramsés XI.
3. OS ESCRAVOS
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ALDA ANASTÁCIO
ou cultivar terra nas mesmas condições que qualquer outro egípcio. Conhecem-se
testamentos a designar escravos como herdeiros e houve escravos que casaram com
mulheres livres. A posição dos escravos podia ser temporária, tal como a daquele que se
entrega voluntariamente para servir alguém, a fim de garantir a subsistência e poder
preparar para os filhos uma vida melhor.
Para a libertação pensa-se que bastava uma declaração do dono perante testemunhas
para que o escravo se tornasse um “um homem livre na terra do faraó”.
A família caracterizava-se:
pelo carácter monogâmico apesar da existência de outras esposas e do
harém da família real;
pelo casamento entre irmãos;
pela defesa da fidelidade conjugal;
pela existência de divórcio.
O faraó é deus;
A monarquia egípcia é uma «teologia real»;
Há um imaginário específico da pessoa do faraó;
O Egipto estava dividido em 42 nomos;
A administração do Egipto estava entregue aos príncipes dos nomos
e ao vizir;
O Egipto só se militariza a partir do Império Novo;
Para além da família real, dos sacerdotes e dos altos funcionários e
escribas, a sociedade repartia-se pelos camponeses, artesãos e
escravos.
A ECONOMIA
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ALDA ANASTÁCIO
1. A Agricultura e a Pesca
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ALDA ANASTÁCIO
Também existia a actividade piscatória com pesca do anzol e pesca com rede. O
produto da pesca era distribuído ao povo comum, ao contrário da carne, que era bastante
cara.
Era uma terra de abundância, com excedentes suficientes para permitir as suas grandes
construções.
Como já dissemos o Egipto possuía grandes riquezas, umas produzidas no país, outras
que chegavam por via comercial ou pelas expedições militares.
Embora o cultivo da terra e a produção de gado estivessem na base da economia, o solo
do Egipto proporcionava outras riquezas: os granitos cor de rosa das pedreiras do
Assuão, o pórfiro e o alabastro das proximidades de Amarna, os basaltos da região de
Ciro, as pedras preciosas (a turquesa, a malaquite do Sinai, o quartzo, o feldspato verde,
a ágata, a ametista, a calcedónia dos desertos de Leste e Oeste). Na época ptolomaica
iniciou-se também a exploração de corais do mar vermelho.
Quanto à metalurgia, o Egipto não foi rico. Conservaram até mais tarde que qualquer
povo da antiguidade as indústrias líticas. Embora explorassem desde cedo o cobre do
Sinai, só mais tarde usaram a liga do cobre e estanho que conduz ao bronze. O
bronze foi introduzido apenas no Império Médio, mas só mais tarde foi divulgado. O
ferro foi trabalhado, mas de forma escassa na época baixa e apenas se popularizou na
época Helenista.
Outras riquezas provieram do exterior, quer através do comércio, das pilhagens ou das
guerras (o mais frequente). A Núbia foi uma grande produtora de ouro, que teve
uma importância primordial no Egipto. Quanto ao Líbano, sabe-se que recebeu rolos
de papiro, peles de animais, peças de linho e ouro e prata, em troca de madeira, nos
finais do Império Novo.
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ALDA ANASTÁCIO
No entanto o Egipto nunca teria atingido a grandiosidade que lhe conhecemos se não
tivesse usado os seus recursos de uma forma inteligente. Quando falhava a organização
central, havia guerra civil e fome.
Havia um grande respeito pela vida. Os Egípcios deixavam vingar todas as crianças.
3. Sistema de Medidas
A partir do III Milénio era usado o côvado como medida de comprimento, que
media 525 mm. Os submúltiplos eram a mão e o dedo, que eram 1/7 e 1/28 do
côvado, respectivamente.
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ALDA ANASTÁCIO
Para medir os cereais era usada uma medida de 4,8 Lts. A partir desta medida
usavam-se outras unidades: uma medida dupla(9,6 lts.), o quádruplo(19,2 litros).
Havia ainda o saco de 76 lts. E uma outra que correspondia a 0,96 lts.
A grande via de circulação de pessoas e bens era o rio Nilo e os seus canais. Viajar era
igual a subir o rio ou descer o rio Nilo .
Por terra usava-se o burro como meio de locomoção. O cavalo só foi divulgado no
Egipto pelos Hicsos, espalhando-se então o seu uso pela região siro-palestinense e pela
Anatólia. No Egipto o cavalo só era usado para puxar o carro. É a partir da XVIII
Dinastia que os cavalos são representados a puxar carros. A função de condutor de
carros era tão importante que por vezes era desempenhada por príncipes.
O Egipto tinha uma via que o percorria de Sul a Norte, e essa via era o rio Nilo,
navegável em toda a extensão do país. Tinha ainda uma rede de canais importantes para
a fertilidade dos campos e também para as comunicações. Havia uma grande variedade
de barcos, desde os usados para a pesca, até aos navios largos para transporte de
obeliscos, os rápidos de remos ou velas, até outros bem equipados para a guerra. Por
vezes estes tinham nomes expressivos, como Touro Selvagem.
Quanto às dimensões, havia desde a canoa pequena até navios com 50 mts. de
comprimento. A Pedra de Palermo da III Dinastia, mostra-nos um destes. Perto da
pirâmide de Khéops foi encontrado um barco com 30 mts. de comprimento, enterrado
numa fossa rectangular, para que o faraó o usasse nas suas viagens post mortem.
No Império Novo, pela ostentação e riqueza destes, pode-se concluir que os barcos
também eram um símbolo de poder e riqueza.
A navegação também teve fins recreativos. Havia uma marinha de guerra e uma
marinha mercante. O navio de alto mar recebeu o nome de Biblos, que os egípcios
pronunciavam Gubliê.
Quanto à teologia:
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ALDA ANASTÁCIO
A sociedade e a economia principiavam e terminavam nele.
Quanto à administração:
E ainda que:
O Egipto não possuía uma rede viária terrestre, apenas o Nilo era o seu
grande meio de circulação.
À medida que o país se unificou, o culto dos deuses foi também ganhando alguma
coesão. Assim, quando um nomo estendia o seu domínio a outros, estendia também a
influência dos seus deuses, que eram bem aceites, a somar aos já existentes. Este
processo de assimilação perdurou durante toda a história do Egipto. Este fenómeno era
evidente quando uma família ocupava o trono. O deus da cidade de onde provinha esta
família tornava-se o mais importante. É assim que se percebe como o prestígio do deus
Solar se estendeu a todo o Egipto. Quase todos os deuses passaram a assimilar-se a
Rê. Osíris, originário do Delta, também estendeu a sua fama a todo o país. No Império
Novo, Amon, o deus de Tebas, implantou-se em todo o Egipto, identificando-se com o
deus Rê. Era conhecido como Amon-Rê.
As fontes para o estudo da religião são excessivas. Mas à abundância não corresponde a
qualidade da informação. Não há obras de teólogos ou pensadores egípcios conhecidos
que nos fizessem chegar as suas crenças de uma forma coerente e lógica. Apenas três
obras clássicas chegaram até nós:
1. Princípios Básicos
O que no nosso conceito caracteriza uma religião, é o conjunto de crenças que têm por
base uma divindade, bem como a moral daí resultante e o culto que se presta a Deus. A
moral e o culto estão assim ligados à crença que se exprime num credo ou símbolo da
fé.
No Egipto, o que torna a religião coesa e a caracteriza, não é a moral nem a crença, mas
sim o culto. O fundamental é adorar os deuses, enquanto legítimos possuidores do solo
egípcio. O culto dirige-se normalmente ao deus local, senhor do nomo, e após a
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ALDA ANASTÁCIO
unificação dirige-se também para o senhor de todo o país. Quem regula o culto é o rei. É
o rei que tem de se assegurar através dos seus funcionários que o culto dos deuses se
mantém. O culto tinha que estar assegurado em todo o país. Era uma forma de
unificação. Não era possível unificar o dogma, mas era possível unificar o culto.
Segundo o Livro das Pirâmides, a teologia egípcia da época (II milénio),era apresentada
em duas sínteses principais:
Em ambos os casos o agrupamento dos deuses fazia-se por famílias segundo o esquema:
pai-mãe-filho, ou seja, as tríades.
Heliópolis era a sede principal do deus Sol, onde floresceu a famosa escola de
Heliópolis. O culto do deus Sol estendeu-se a todo o país como já se viu, a partir da
unificação. O ritual litúrgico celebrado em Heliópolis foi seguido por outros templos
egípcios.
O Sol era representado com forma humana, colocando-lhe na cabeça a coroa dupla que
era usada pelo faraó, uma combinação da coroa vermelha do Baixo Egipto e da coroa
branca, do Alto Egipto. Com esta forma chamava-lhe ATUM. Também era
representado sob a forma de escaravelho, e sob esta forma chamava-se KÊPRA.
Mas a forma mais frequente de representação do deus Sol era um homem com cabeça
de falcão com um disco solar sobre a cabeça e uma cobra, conhecida por URAEUS.
Sob esta forma era conhecido por RÊ.
A cabeça de falcão identificava-o com Horus, mas não Horus, filho de Osíris.
Acreditavam que durante a sua viagem, Rê ou o Sol, envelhecia. Assim, ao nascer do
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ALDA ANASTÁCIO
Sol, Rê era ainda uma criança, ao meio-dia estava na pujança da vida, e depois ia
envelhecendo, de forma que no entardecer era um velho a cambalear.
- o deus Shu
- a deusa Tefnut
O deus Shu e a deusa Tefnut uniram-se e nasceu Geb (o deus Terra) e Nut (a deusa
do céu). Geb e Nut uniram-se também e geraram Osíris e a sua esposa Ísis, bem
como Set e a sua esposa Néftis.
Temos assim a Éneade ou a Grande Novena como a mais importante família de deuses
do Egipto. Mas a imaginação não se fica por aqui. Assim Nut e Geb envolveram-se num
conflito com luta física, o que levou Shu a intervir. Separou-os à força e empurrou Nut
para o alto e ficou a ser o céu, ficando Geb prostrado por baixo de Nut. Por isso os
egípcio representavam o céu como uma deusa colossal com o corpo dobrado sobre o
mundo, tendo a cabeça para Oeste e as coxas para Leste.
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ALDA ANASTÁCIO
Refugiados numa colina que emergia do Abismo, estes casais primitivos criaram
um ovo de onde saiu o Sol. Foi o Sol que após ter vencido os inimigos, criou e deu
forma ao mundo.
A Escola de Hermópolis em vez de subordinar tudo a Rê, criou uma síntese onde tudo
ficava subordinado a Osíris, Ísis e Horus.
Neste sistema, Néftis, esposa de Set, que era inimigo de Osíris, manteve-se sempre
aliada a este último.
Com o tempo, além dos templos o povo também ia criando lendas a respeito dos deuses.
A que se tornou mais popular por chegar até nós foi a lenda de Osíris:
Relata-se que, sendo Osíris filho de Geb, o deus Terra, e de Nut, a deusa do céu,
era herdeiro de todo o Universo. Quando tomou parte na herança governou o
mundo com sabedoria e paciência. O seu irmão, Set, tinha um temperamento
diferente e acabou por matá-lo atirando o cadáver ao mar.Alguns defendem que
esquartejou o cadáver, dispersando-o. Intervieram as suas irmãs, Ísis e Néftis.
Conseguiram reanimá-lo e, uma vez recuperado, gerou o seu filho no ventre de
Ísis. Ísis, grávida, fugiu para longe do alcance de Set e deu à luz Horus. Este,
quando adulto, atacou Set e tirou-lhe um olho que ofereceu ao pai, Osíris. Mais
tarde, Horus sucedeu a seu pai no governo do Egipto.
Concluindo: todos estes Deuses antes de subirem ao céu viveram em forma humana na
terra. Por isso as listas reais começavam por eles e o papiro de Turim indica o número
de anos que cada um reinou. O último destes deuses, Osíris, deixou a realeza a seu filho,
Horus. Daí por diante todos os reis do Egipto eram seus descendentes.
Os direitos do rei tinham fundamento na sua origem divina que era transmitida pelo
sangue. Era nesta base que se fundamentava a teologia da realeza egípcia. O faraó era
de sangue divino por nascimento e depois da entronização tornava-se uma réplica do
próprio Horus.
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ALDA ANASTÁCIO
3. O Faraó, Descendente de Hórus e do Sol
Como é que o faraó descendente de Hórus, passou a ser também considerado uma
encarnação terrestre do deus Sol Rê? Pois além de ser filho de Hórus ele intitulava-se
também filho de Rê. A Escola de Heliópolis na V Dinastia desenvolveu o conceito de
Hórus que passou a ser também considerado o próprio Sol. Logo, o faraó era filho
de Rê e assim que morria ia juntar-se a seu pai, o Sol, fundindo-se assim com aquele
que o tinha criado.
A via da sucessão nem sempre se processava com normalidade. Por isso o pretexto da
origem divina baseada na vontade de deus era muito invocado. Servem de exemplo as
situações de conspiração, de assassinato do faraó, etc. Tudo acontecia por vontade
divina. Qualquer que fosse a origem do faraó, ele acabava sempre por ser de origem
divina.
4. Os Animais Sagrados
Pensa-se que nos tempos mais antigos cada nomo teria o seu próprio animal para adorar.
Mas foi durante o Império Novo que a adoração de animais se instituiu, o que
contribuiu para o declínio da religião egípcia. Esta, foi, curiosamente, a época em que
mais se fez sentir o zelo do faraó pelo culto dos deuses e a preocupação em fazer chegar
as dádivas aos templos. A par desta situação viu-se florescer por todo o país o culto a
animais sagrados: gatos, cães, crocodilos, cobras, falcões, insectos.
Já na época de declínio mais acentuado este tipo de crença não escapou à ironia mordaz
do poeta Juvenal: “Ó povos santos, para quem nascem estes deuses nos seus quintais.”
O culto dos animais apenas se dirigia a um único indivíduo da espécie, escolhido por ter
marcas especiais determinadas pela tradição e pelos rituais. O animal era entronizado no
interior do recinto sagrado embora ficasse fora do templo, dentro de uma jaula. Era aí
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ALDA ANASTÁCIO
que faziam as oferendas. Quando morria realizavam-se os funerais com grande pompa
e cumpria-se o luto durante um determinado período de tempo e depois procurava-se
um animal com as marcas especiais que o substituísse.
Por exemplo, o boi Ápis era considerado uma encarnação de Ptah em Mênfis e as
sua características especiais eram:
- tinha que nascer de uma vaca que daí em diante nunca mais fosse capaz de conceber.
Os Egípcios defendiam que um raio caído do céu tinha concebido o boi Ápis no ventre
da vaca. Este touro devia, por sua vez, ter as seguintes características: negro, com um
triângulo branco sobre a fronte, a figura de uma águia no dorso, os pelos da cauda
duplos e um escaravelho desenhado sob a língua.
Embora este culto ocupasse um lugar secundário na religião nacional, tornou-se muito
popular entre o povo.
O ritual mais vulgar nos templos dirigia-se à pessoa do Deus: fazia-se-lhe a toilette,
vestia-se, perfumava-se e dava-se-lhe alimento, à estátua, claro. Eram-lhe oferecidas
iguarias servidas em pratos por determinada ordem. Sobre estas oferendas o sacerdote
pronunciava fórmulas rituais para que a substância passasse para o mundo invisível e
fosse do agrado do deus. Depois a comida era levada por partes para a frente das
estátuas dos particulares admitidos nos templos, para que estes tomassem parte nas
oferendas. Depois também era dada aos privilegiados que o rei tinha dotado com uma
renda alimentar do templo.
Estas cerimónias realizavam-se três vezes ao dia, longe dos olhares da multidão. Mas
havia festas em que o ídolo era mostrado ao povo, embora coberto com um véu, sendo
levado em procissão aos ombros dos sacerdotes na sua barca sagrada. O cortejo parava
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ALDA ANASTÁCIO
em frente dos templos para aceitar oferendas. Durante o percurso era entoada música e
cantavam coros com o aplauso das multidões.
Devido à crença da vida para além da morte e da forma como esta se processava, os
egípcios tinham um grande cuidado com os mortos. Para os egípcios a morte era a
separação do elemento corporal dos elementos espirituais, o Ba e o Ka. Não se sabe
com exactidão qual é um e outro, mas acredita-se que Ba seria a alma enquanto que Ka
seria uma espécie de reflexo imaterial do corpo.
No entanto, a alma, mesmo separada do corpo, continuava a precisar dele para subsistir.
Se o corpo desaparecesse, a alma também pereceria. Esta crença post mortem regulava
toda a vida dos egípcios, influenciando a sociedade e a economia. No aspecto religioso,
nenhuma outra civilização se compara à egípcia. Daí o cuidado com as práticas de
mumificação. Mas estas também variavam consoante a condição social do morto. A
técnica de embalsamamento tornou-se também uma arte. De início os cadáveres,
envoltos em peles, eram colocados nos desertos para que a secura os conservasse.
Depois foram-se desenvolvendo técnicas, até que as melhores técnicas de
embalsamamento chegaram no Império Novo. São dessa época os cadáveres mais
bem conservados que chegaram até nós. Vejamos as técnicas:
- Se o indivíduo fosse rico, o cérebro era-lhe extraído pelas narinas com um ferro curvo
e também com a ajuda de drogas que lhe eram introduzidas nas narinas. Depois abriam-
lhe o ventre e retiravam os intestinos que limpavam e purificavam com vinho de
tamareira, e purificavam novamente com aromas triturados. Enchiam o ventre de mirra
pura moída, de canela e de outros aromas, à excepção de incenso e coziam de novo.
Depois salgavam o corpo por setenta dias, ao fim dos quais o lavavam, ligavam com
faixas de linho fino com uma camada de cola e entregavam o corpo à família. Esta
mandava fazer uma caixa de madeira com forma humana, depositando lá o morto
(sarcófago), e guardavam-no de pé, dentro de uma câmara funerária.
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ALDA ANASTÁCIO
A protecção mágica também não era descurada: não faltavam amuletos e o traçado de
linhas e simbologias sobre o próprio cadáver. Nunca deveria faltar o escaravelho sobre o
peito com uma fórmula que encorajava o coração do morto a não testemunhar contra o
seu senhor no tribunal de Osíris.
O funeral era feito com pompa, não faltando as Carpideiras, mulheres cuja profissão
era chorar. Antes do caixão ser colocado no túmulo procedia-se à cerimónia da
“abertura da boca”, que consistia em entregar ao defunto o uso dos órgãos do seu
corpo.
Após a morte, o morto tinha que passar pela “Grande Sala da Justiça”, onde, ao lado
de Osíris se encontravam 42 figuras de génios com cabeças de serpente, de falcão, de
vampiro, de carneiro, tendo cada uma delas na mão uma faca. O morto tinha de
confessar a sua inocência perante estas 42 figuras.
Se a balança sobre a qual estava o coração testemunhava que não tinha pecado, então
Thot, o escriba dos deuses escrevia a sentença dada pelo tribunal divino. A partir daí,
Hórus levava o morto pela mão até junto do seu pai, Osíris, tal como na terra um
príncipe apresenta ao rei um homem de mérito.
Mas, se se lhe reconhecesse mentira, a alma era lançada aos suplícios até ser aniquilada.
Mas o justo recebia o direito de entrar nos domínios da felicidade.
O lugar onde eram felizes após a morte, variou conforme as épocas. Para os habitantes
do Delta era uma ilha xom o nome de Campos Elísios, onde a Primavera era eterna. A
partir da V Dinastia as almas eram transportadas para junto do Sol, e era-lhes
assegurado um destino imortal. Este destino, inicialmente apenas privilégio do faraó,
foi-se estendendo sucessivamente à família real, aos funcionários, e, por fim, todo o
povo.
Por causa da ideia que o morto tinha que se alimentar, instituiu-se o serviço de
oferendas ao morto. De início era custeado por fundações reais, o que era um privilégio
para aqueles que podiam ser sepultados na necrópole do rei. Mas com o
empobrecimento da monarquia, a partir da VI Dinastia, era impossível ao tesouro real
sustentar esta despesa. Apelou-se então à generosidade privada e recorreu-se a fórmulas
mágicas para substituir a alimentação. A partir do Império Médio, esta tornou-se a
forma normal de alimentar o morto.
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ALDA ANASTÁCIO
A magia e a religião associavam-se em harmonia.
As três principais fontes para o estudo da religião egípcia são:O Livro das
Pirâmides, O Livro dos Sarcófagos e o Livro dos Mortos;
No Egipto houve, desde tempos remotos, o culto dos animais sagrados, mas
a sua vulgarização ocorreu durante o Império Novo;
3. A CULTURA
1. O ESCRIBA
Quem queria aprender a profissão de escriba tinha de ir para a escola ainda criança, pois
era uma aprendizagem lenta e trabalhosa. Tinha que ser reconhecido que a criança tinha
jeito para a escrita, pois de outra forma seria difícil adaptar-se.
Duauf, do Império Médio, deixou-nos uma obra com o nome “Sátira dos Ofícios”
onde conta como acompanhou o seu filho Pepi à escola dos escribas que estava ligada à
corte, dando-lhe conselhos sobre a importância do saber ler, de se tornar sábio. O sábio
do Egipto e da Antiguidade pré-clássica é aquele que possui cultura e ama a sabedoria
que não cessa de cultivar e que não é mais que filosofia, a observação das realidades,
conhecimento experimental, levando tudo isto à prática das virtudes humanas para
triunfar na vida. O objectivo da cultura é adquirir um estatuto social superior. Na Sátira
dos Ofícios ele exalta sobretudo a profissão de escriba. Toda a obra se orienta para esta
conclusão: “faz-te escriba”. O escriba está presente para desempenhar funções
importantes. Quando o rei precisa de um embaixador, escolhe um escriba. Qualquer pai
se sentia feliz ao orientar o filho para esta profissão.
De início estava ligada à corte, mas alguns templos também possuíam escolas. Com o
tempo outras escolas surgiram ligadas aos serviços centrais da administração. A partir,
sobretudo do Império Novo, surgiram escolas para formar os seus quadros. No entanto
os seus formados podiam ser colocados noutros sítios após terminar os estudos, para
desempenhar funções.
Alguns templos tiveram também Casas de Vida onde se formavam médicos. Após o
curso de escriba alguns prosseguiam os estudos nas Casas de Vida, onde podiam
estudar, além da medicina, astronomia e cálculo.
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ALDA ANASTÁCIO
A disciplina era rigorosa: dormiam pouco, refeições leves e castigos corporais. A
primeira parte do dia era dedicada ao ensino, tendo o aluno como alimento pão e
cerveja. O castigo físico era considerado fundamental, pois o adolescente ouve com os
ouvidos e também com o corpo quando se lhe bate.
Para escrever eram usados juncos afiados na extremidade. Como estes se gastavam com
o uso, o escriba usava sempre dois de reserva, seguros atrás da orelha. Ao princípio o
estudante escrevia sobre tabuinhas de madeira cobertas com uma espécie de cera onde
traçava linhas. Se se enganasse podia apagar e voltar a escrever. Quando o estudante já
estava mais adiantado utilizava então o papiro. A tabuinha ou o papiro, quando usados,
assentavam sobre uma paleta assente sobre as pernas cruzadas do estudante, sentado no
chão. Não podia faltar a tinta negra para o texto, nem a vermelha para o título. Também
tinha a seu lado uma pequena vasilha com água para diluir as tintas ou ajudar a apagar
alguma coisa, se necessário.
São conhecidas várias paletas do Império Médio e ainda mais do Império Novo, de
madeira, rectangulares, e por vezes com uma ranhura a servir de estojo.
O ensino começava pela escrita que era complicada, como se sabe. Era figurativa,
correspondendo uma imagem a uma palavra. Um homem desenhado significava um
homem real, de pernas abertas era porque caminhava. Os caracteres hieroglíficos na
civilização egípcia permaneceram sempre como imagens. Quanto mais antiga é a
escrita, mais a imagem se aproxima do significado pretendido.
A escrita foi-se transformando numa escrita cursiva, escrita hierática (sacerdotal), usada
sobre cerâmica e papiro. Surgiu também a Escrita Demótica, ou seja do povo, de
forma cursiva, corrente. Generalizou-se a partir do séc. X a.C, depois do Império Novo.
Foi usada principalmente pela Administração, reservando-se a hierática para textos
religiosos.
2. A Literatura
Nas escolas dos escribas foram preparados os escritores da época. Nem sempre os textos
escritos entram na categoria de obras literárias, como se sabe. Portanto, vai-se fazer
referência apenas aos escritos em que é manifesta a preocupação de escrever com bom
gosto literário, usando bom estilo. Estes escritos eram apreciados dizendo-se que
ficavam imortais como os deuses, sobretudo se eram obras de ensinamento. O autor do
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ALDA ANASTÁCIO
“ Cântico do Harpista” recorda famosos autores do passado, pois os corpos humanos
podem desaparecer, mas os livros perpetuam o nome dos seus autores. Diz também que
alguns autores podem não ter deixado filhos para perpetuar o seu nome, mas deixaram
os livros, à maneira de herdeiros, que perpetuam os seus ensinamentos.
Havia pois um grande apreço pelos escritores que se imortalizavam pelo seu legado,
fazendo-nos assim perceber que os escritores usavam o seu nome nas obras que
escreviam. No entanto, habitualmente as obras eram anónimas em certos géneros
literários. Isto também se explica porque muitas vezes quem escrevia um conto
reproduzia algo que já era transmitido oralmente e era, portanto, um património de
todos. Aqueles que escreviam registos de carácter administrativo ou gravavam
inscrições ao serviço da corte, também não assinavam. Mas isto não acontecia quando
se escrevia ensinamentos sapienciais. Esses escritores assinavam e deixavam o seu
nome imortalizado.
Vamo-nos agora debruçar sobre as obras literárias mais relevantes nas diversas épocas:
IMPÉRIO ANTIGO
• De início o mundo tinha uma forma líquida e vivia mergulhado nas trevas.
Depois o deus criador Atum projectou a vida no Universo. Organizou os
fenómenos físicos e concebeu criaturas.
Nos Textos da Pirâmides, que são colecções de textos encontrados gravados nas
câmaras subterrâneas da pirâmide de Unas e em vários túmulos de reis da VI Dinastia,
há hinos ou evocações de mortos dotados de grande lirismo. Os autores destes versos
usavam muitas vezes a técnica de paralelismo que é uma das características da poesia
de todo o Médio Oriente Antigo: consistia em retomar a ideia de um verso no
seguinte sob a forma de sinónimo, antítese, ou sob a forma progressiva.
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ALDA ANASTÁCIO
Há também a literatura sapiencial: reflecte a experiência da vida adquirida ao longo de
séculos e transmitida de pais para filhos como legado das gerações mais velhas às mais
novas. O exemplo mais antigo desta literatura é o Ensinamento de Kagemini do fim
da III Dinastia, séc. XXVIII a.C.. Mas o mais significativo é o Ensinamento de
Ptahotep:
Outro género cultivado foi o das biografias. No entanto estes relatos não ultrapassaram
o género dos anais relatando apenas as conquistas reais e exaltando os reis. Realmente
os egípcios não escreveram muito sobre as suas histórias individuais.
Por isso quando se fala de biografias, fala-se de certas obras onde se dão informações
sobre o modo de vida de algumas pessoas. São também obras de elogio a quem morreu
e de quem se recordam as virtudes. Também há elogios a um militar pela sua brilhante
carreira como exemplo para a posteridade. Como exemplo deste caso temos a
Autobiografia de Herkhuf, que ficou gravada em 28 linhas no seu túmulo. Este
homem serviu os reis Merenré e Pepi II e foi governador do Alto Egipto tendo
conduzido 4 expedições à Núbia. O relato destas expedições constitui a principal fonte
histórica para as relações do Egipto com a Núbia nessa época. Conhece-se por exemplo
os produtos que ele trazia para o Egipto em resultado das suas expedições: incenso,
ébano, peles de leopardo, chifres de elefantes, etc. Por ocasião da 4ª expedição trouxe
um pigmeu para oferecer a Pepi II ainda criança mas já faraó, talvez com 10 anos.
Também há um auto elogio por atitudes praticadas em vida.
I PERÍODO INTERMÉDIO
A tranquilidade terminou após o reinado de Pepi II. Este facto transparece numa obra
clássica “A Profecia de Ipuver”. O autor terá escrito durante a XII Dinastia no I
Período Intermédio. Faz alusões directas à decadência do poder central, uma
característica deste período. Refere a violação de sepulturas e outras desordens, a
diminuição da natalidade e o acentuado despovoamento do país. Apresenta-se como um
homem idoso, perto da morte, dirigindo-se a seu filho Kanakht, um jovem sem
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ALDA ANASTÁCIO
experiência. O seu pessimismo reflecte-se em toda a obra e revela-nos uma situação de
verdadeira calamidade nacional.
Apesar de se acreditar que o faraó é gerado por deus no ventre materno e é ele próprio
um deus, tem de aprender a agir e a governar, assim como a interagir com os opositores.
Deverá ser clemente para com os pobres, mas firme como soberano. A linguagem usada
pelo rei faz pensar nos obstáculos e dificuldades que teve de transpor e vencer pra
conseguir impor a sua autoridade. Realmente ele fora obrigado a enfrentar os
estrangeiros que dominavam o Delta e os monarcas tebanos que dominavam o sul do
país.
NO IMPÉRIO MÉDIO
Os temas do teatro egípcio eram exclusivamente religiosos e tinham como objectivo dar
vida aos mitos sagrados. De dramas religiosos temos como exemplo o que retrata o
assassínio de Osíris, a procura do seu cadáver, a rivalidade de Set e de Hórus, etc.
• O herói Sinué faz uma expedição à Núbia onde vem a descobrir um segredo
de estado que o faz recear pela sua vida no Egipto. Por isso faz uma
expedição até à Ásia de onde regressa mais tarde, sendo bem recebido na
corte de Sesóstris I.
É uma fonte histórica interessante, uma vez que nos dá elementos sobre a sociedade
egípcia, desde os cortesãos, aos sacerdotes, dos camponeses aos marinheiros. Narra as
suas aventuras referindo nomes reais de pessoas e de lugares, com lugar também para a
imaginação. Trás a mestria, o perfil psicológico de muitos personagens a começar pelo
seu estado de alma. Sentimos a sua angústia de morte no deserto e o ressurgir da
esperança ao ouvir rebanhos. Sentimos também o seu desejo de morrer perante as
misérias da velhice. A sua obra serviu a várias gerações de estudantes e apenas assim se
explica que tenha chegado até aos nossos dias em seis papiros e mais de uma dezena de
óstracas com largos extractos das Aventuras de Sinué.
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ALDA ANASTÁCIO
A literatura narrativa contendo o real e o imaginário, manifesta-se muitas vezes sob a
forma de conto, sendo os egípcios, até hoje, excelentes contadores de histórias.
Chegam-nos o Conto do Náufrago e o Rei Khéops e os Mágicos, duas obras mais
sóbrias, mas também importantes.
Na XIII Dinastia, o faraó Amenemés, que enfrentou graves obstáculos para alcançar a
paz, inaugurando uma nova dinastia, deixou nas suas memórias um documento de
grande valor para nós, que nos informa sobre a sua época. Fala de intrigas palacianas e
tentativa de assassinato. O rei manifesta a sua amargura e exterioriza o seu pessimismo
pela ingratidão e pela traição. É uma obra de Literatura Pessimista.
Sesóstri II também nos deixou uma obra deste género. Mas dentro da literatura
pessimista uma se destaca: O Diálogo Desiludido:
É uma obra clássica da XII dinastia que no fundo mais não é que uma exposição
filosófica sob a forma de diálogo, entre duas concepções sobre o Além, uma negativa e
uma positiva.
Outra obra clássica que já aponta para esta tendência é as Lamentações de Ipuver→
descreve a tribulação vivida no Império Antigo e no I Período Intermédio. O autor
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ALDA ANASTÁCIO
refere insistentemente as mudanças sociais e económicas próprias de um período de
revolução. É sensível à destruição de valores próprios de um período de revolução. É
sensível à destruição de valores próprios da ordem do Egipto. Mas não deixa também de
levantar o pensamento para as alegrias da vida no Egipto.
Neste momento de restauração são inseridos alguns Hinos Religiosos como o ciclo de
hinos ao rei Sesóstri III, o Hino à Coroa Vermelha (Baixo Egipto), o Hino a Osíris, o
Hino ao Nilo, que é um cântico de louvor à felicidade que vem dessas águas.
Os Textos dos Sarcófagos também são dignos de referência pois mostram-nos que,
por vezes, havia representações teatrais nos templos cujos temas eram os mistérios
dos deuses.
NO IMPÉRIO NOVO
Nos Contos, aparecem detalhes da vida concreta tendo como exemplo o Conto dos
dois irmãos” e nos próprios anais dos reis. Os anais já não são escritos em papiro,
mas gravados em pedra. Tal como aconteceu com as batalhas de Tutmósis III, em
número de 17 sobre os muros do santuário da barca de Carnac. Também com a
batalha de Cadesh, um grande feito de Ramsés II, sobre as paredes de Abidos,
Luxor, Carnac e Abu., Simbel e Ramesseum.
Da Batalha de Cadesh, além das inscrições nos murais há que recordar um poema da
autoria de Pentaur da corte de Ramsés II. O poeta escolhe como tema essa batalha
ocorrida em 1285, em Cadesh. Este poema foi escrito em papiro e na sua imaginação
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ALDA ANASTÁCIO
Ramsés II ganha a batalha sozinho sem os seus homens, sem a ajuda das suas tropas. É
uma linguagem épica, de exaltação e glória. É uma das obras primas da literatura
egípcia. Pode comparar-se com as melhores epopeias conhecidas.
Aménemope foi um alto funcionário do faraó e usava o título honroso “escriba real
dos trigos”. Ele dá conselhos ao seu filho baseando-se na sua experiência e apelando
para o juízo de Deus. Mas não se trata de um Deus qualquer que se possa representar em
forma humana, mas sim do Deus criador do Universo que não é possível encarnar em
formas humanas ou animais. A sua obra é um dos monumentos mais notáveis da cultura
egípcia. Crê-se que a sua obra influenciou o autor de Provérbios da Bíblia.
Este culto a um só deus não era estranho no Egipto, pois sabe-se que Amenófis IV quis
impor o culto a um só deus, Aton, mudando o seu nome para Akhenaton. Este rei é
conhecido também pela sua poesia religiosa, dirigida a Aton. Mas ele não foi o único a
cultivar esta arte.
Na corte de Amarna outros cultivavam este género poético e, um século antes, em 1439
a. C., já Amenófis II escrevia um poema ou hino ao deus solar Amon-Rê, expressando-
se com grande religiosidade.
O Egipto conheceu também a poesia amorosa. Embora amenófis IV seja também autor
deste género, não foi o seu criador no Egipto. Já antes do seu reinado este tema era
tratado pelos poetas. Esta poesia, pensa-se que nasceu no Império Novo a partir de 1500
a. C., uma época de prosperidade e bem-estar. Amenófis IV estabeleceu a capital em
Amarna e aí viveu com a sua amada, Neferteti, a esposa. Ficou conhecido como um
eterno apaixonado pela sua esposa. O seu amor está expresso num pequeno poema
encontrado no seu sarcófago.
Supõe-se que estes poemas fossem cantados em banquetes ao som da música de flauta e
lira.
Nenhum outro povo da antiguidade se lhe pode comparar, à excepção do livro Cânticos
dos Cânticos, dos hebreus, que poderá ter sofrido influências deste povo.
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ALDA ANASTÁCIO
NA ÉPOCA BAIXA
3. AS TÉCNICAS E AS CIÊNCIAS
3) a AS TÉCNICAS
O ouro era conhecido por electrum, ouro branco, por ter uma percentagem de prata. O
ouro amarelo seria uma grande riqueza no Egipto a partir do Império Antigo, sendo
explorado nas jazidas de Assuão e da Núbia. A perfeição dos seus trabalhos de
ourivesaria tornou o Egipto famoso na Antiguidade. Também há uma grande quantidade
de produtos em madeira e pedra. A produção de pedra foi uma das mais trabalhadas
dadas a sua necessidade para construir as pirâmides. Através dos relevos de Deirel-
Bahari podemos apreciar os dois obeliscos da rainha Hatshepsut a serem transportados
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ALDA ANASTÁCIO
num barco com mais de 60 metros de comprimento, puxado por um rebocador pelo
Nilo. Através de grandes rampas e sólidas plataformas erguiam-se os obeliscos e as
grandes colunas, também para a construção de templos.
Estes trabalhos exigiam cálculos bem feitos, medidas seguras e boa tecnologia. Nas
pinturas aparecem com frequência o esquadro, o fio de prumo, a mira, o nível de água.
Também se pode observar a figura do arquitecto com uma corda de nós na mão, a
medida usada com base no côvado.
Desta forma podemos concluir que a sabedoria egípcia provém da sua experiência
aliada à técnica que se foi aperfeiçoando ao longo dos anos.
3.) b AS CIÊNCIAS
Primeiramente começaram por fazer cálculos rudimentares por causa do cultivo dos
campos. Dado que as inundações do Nilo destruíam as demarcações, era necessário
demarcar novamente os campos quando as águas recuavam. Assim, usaram um
sistema natural de cálculo a partir da mão (cinco dedos). Depois vieram as dezenas
criando a numeração decimal que se tornou a base do cálculo, partindo daí para medidas
maiores. Tudo isto pode ser observado no Papiro Matemático de Rhind, que data do
Império Médio, e foi recopiado na época dos Hicsos. Foram criados sinais para
simbolizar as medidas:
Quanto à astronomia não houve grandes avanços porque esta exige um nível mais
complexo de matemática que os egípcios não atingiram. Mas devido à necessidade de
medir o tempo organizaram um calendário, que está na base do calendário actual. Era
um calendário em que o ano tinha 365 dias e um quarto, feito através da observação do
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ALDA ANASTÁCIO
sol. Convencionaram o mês de 30 dias, mas assim o ano só tinha 360 dias e o ano solar
real tem 365 dias e um quarto. Por isso convencionaram o ano de 365 dias mas só no
último mês acrecentaram os cinco dias. De forma que, como de quatro em quatro anos
há uma diferença de um dia, havia uma diferença de um dia entre o ano real e o ano
oficial. Como não introduziram um ano bissexto, este atraso ia aumentando sempre,
causando muitos desfasamentos com a realidade.
• A Inundação (akhet)
• As Sementeiras (peret)
• As Colheitas (chemu)
Este calendário foi talvez criado no tempo da unificação do Egipto, talvez por Menés,
no fim do IV milénio ou início do III e atribui-se a sua origem à cidade Heliópolis.
Apesar disto, o seu calendário está na base do nosso (Gregoriano).
Também foram os egípcios que dividiram o ano em doze meses e o dia em doze horas e
a noite noutros doze. Mas as horas não eram iguais às nossas, porque o dia correspondia
a um período de claridade e a noite ao período de escuridão. Para determinar as horas,
recorreram a diversos tipos de relógios, conforme queriam medir o dia ou a noite. Os
que mediam o dia baseavam-se no comprimento da sombra que era projectada sobre
uma superfície lisa, graduada.
Para a noite, recorria-se por vezes a relógios de água, em que a água escorria por um
vaso.
Por isso, se uma criança nascesse num dia nefasto, os seus pais ficavam ansiosos e
tristes pelo seu destino. Tal magia só podia ser contrariada se fosse pronunciado o nome
verdadeiro do deus que se poderia opor à má influência daquele dia.
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ALDA ANASTÁCIO
• O Papiro de Ebers → é uma autêntica enciclopédia médica. Data de
princípio da XVIII Dinastia, séc. XVI a. C.;
Também foram encontrados papiros com indicações de remédios e várias receitas, como
o papiro 3038 em Berlim. Outro papiro em Berlim, o 3027, contém um curioso tratado
de pediatria.
Também havia mulheres médicas, e assim como havia uma chefe das médicas. Houve
escolas de medicina célebres como em Heliópolis ou em Saís, cada uma relacionada
com o santuário da divindade leal, Atum e Neit, respectivamente.
Também havia especialidades. Aliás, cada médico tinha uma especialidade e era só
disso que tratava. Também tinham um género de hospital chamado sanatoria, embora
as pessoas normalmente se tratassem em casa. Os gregoa aprenderam muito com a
medicina egípcia, inclusivamente o próprio Hipócrates.
4. AS ARTES
Adolfo Erman, um egiptólogo, escreve no seu livro “La Civilisatios Égyphienne”: “Em
tudo aquilo que os egípcios nos deixaram, a produção artísitica constitui de longe a
melhor parte”.
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ALDA ANASTÁCIO
No Império Médio continua a predominar a arquitectura funerária, sendo os templos de
construção modesta.
Com o fim do reinado dos Ramessidas, que encerram o Império Novo, o Egipto apesar
de politicamente estar sujeito a influências estrangeiras, não perdeu a sua autonomia
artística. Isso só aconteceria na época grega e romana, apesar de continuar a manter
algumas das suas características próprias.
5. A ARQUITECTURA
No Egipto, a arte revela a procura do eterno. A própria pirâmide sugere uma rampa
pela qual o faraó havia de subir ao céu.
A primeira das grandes obras foi construída pelo famoso arquitecto Imhotep, na região
de Sakara, a pirâmide em degraus para o túmulo do faraó Djoser. Reproduz a própria
residência real de Mênfis.
Mas as três maiores pirâmides foram construídas no deserto. São as pirâmides de Guiza,
pertencentes a três grandes faraós da IV Dinastia: Khéops, Kefren e Miquerinos.
A maior é a de Khéops com uma altura aproximada de 146 metros sobre 227 metros de
lado, abrangendo uma superfície de 54300m2 . Foi considerada uma das sete maravilhas
do mundo.
6. A ESCULTURA
Uma lei fundamental foi a frontalidade. A estátua tinha que ser rica de frente. A cabeça
era colocada verticalmente sobre os ombros e os braços ficam rigorosamente colados ao
corpo. Salienta-se a esfinge de Guiza, com o corpo de leão, a cabeça a representar
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ALDA ANASTÁCIO
Kefren, e os colossos de Memnom. Estes são os únicos vestígios que perduram no
templo funerário de Amenófis III, na planície de Tebas.
7. AS ARTES PARIETAIS
8. AS ARTES MENORES
Os homens aparecem mais adornados que as mulheres. Os adornos têm muitas vezes
um carácter mágico, ou são símbolos de hierarquia social. Os artistas eram especialistas
que conheciam os segredos das matérias primas para os trabalhar. O deus Ptah de
Mênfis era o patrono dos artistas. O sacerdote Ptah usava o título comandante-chefe dos
artistas. A arte estava ligada ao palácio e ao rei.
CONCLUSÃO
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ALDA ANASTÁCIO
Egipto. Portanto, somos herdeiros da antiga civilização egípcia sem a qual seríamos
certamente diferentes.
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ALDA ANASTÁCIO
A escrita hieroglífica foi decifrada pelo francês Jean François
Champollion, que decifrou a Pedra de Roseta;
OS SUMÉRIOS
Este povo só começou a escrever quando a urbanização já estava avançada e fê-lo por
exigências económicas e de administração pública.
Segundo a tradição, a realeza desceu do céu a seguir ao lendário dilúvio e foi exercida
por várias cidades. Cada cidade tentava ser superior e predominar no país inteiro. A
supremacia máxima era a autoridade de ENLIL, a divindade principal do panteão
sumério.
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ALDA ANASTÁCIO
O centro mais importante da cidade era o templo, que além de ser a residência do deus,
era uma importante instituição económica. A cidade era do deus. Isto não significa que
as cidades tenham começado por ser teocráticas. No entanto um deus está associado a
uma determinada cidade.
O chefe era o EN, o senhor com poder civil e religioso. Ainda não se fala do LUGAL,
ou grande homem, ou rei. O Lugal assumiu funções militares e judiciais. Aos poucos
o factor hereditário foi-se impondo sobre o electivo.
Através das listas reais (referentes ao proto-dinástico, embora escritos no séc. XVIII a.
C.), apercebemo-nos que a luta pelo poder foi uma constante nas cidades sumérias. Uma
dominava a outra e, após uma série de governos, era arrebatada por outra, que a
governava até ser conquistada por outra cidade.
A maior rivalidade e luta pela supremacia dava-se entre as cidades de Lagash e Umma.
Esta informação chegou-nos através dos textos de Lagash e da lista real da Suméria,
sabendo-se no entanto, que esta lista não tem grande fiabilidade ou rigor, uma vez que
foi elaborada posteriormente. Por isso sabemos que:
O rei de Kish de nome Mesalim, exerceu um certo poder sobre estas duas
cidades, mostrando preferência por Lagash, apesar desta ser mais pequena.
ENSI eram os governadores e conhecem-se dois nomes de Ensi de Lagash
no tempo de Mesalim.
EANATUM tornou-se rei de Lagash após várias lutas e fez a cidade atingir
uma posição de grandeza. Destruiu o exército de Umma e obrigou o
governador a entregar os tesouros conquistados e a pagar um tributo de
guerra em espécies. Estava-se a meados do III milénio (2500 a.C.).
A estela dos abutres no Museu do Louvre celebra a vitória de Lagash sobre Umma.
Fala também de uma incursão contra os exércitos elamitas no território destes.
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ALDA ANASTÁCIO
Eanatum além de alcançar a realeza da cidade de Kish, estendeu as suas expedições
vitoriosas até Mari e Subaru, a futura Assíria. Lagash tornou-se assim a principal das
cidades sumérias.
No entanto esta vitória sobre Umma não foi uma vitória estável pois as lutas
continuaram. O rei Entenema, sobrinho de Eanatum, distinguiu-se nestas lutas,
conforme registado nas tabuinhas de argila, na biblioteca de Lagash.
- distribuiu pelo povo bens que estavam indevidamente atribuídos à família real;
Ele próprio gloriou-se de ter restabelecido a liberdade, talvez tentando assim justificar-
se na sua ascensão irregular ao trono. Mas o seu reinado durou apenas oito anos.
2. ECONOMIA E SOCIEDADE
Estes povos históricos, assim são chamados por já dominarem a escrita, mas na verdade
muito mantinham de pré-histórico.
A propriedade era posse dos templos, dos palácios e dos particulares, na maior
parte parentes da família real.
A deusa Baú era a segunda maior divindade em Lagash e possuía terras com uma
área de 4.465ha. Um quarto das terras cultiváveis servia as necessidades do culto e do
templo. O resto era dividido por “campos de subsistências” destinados a sustento do
pessoal, e que eram campos de trabalho entregues a pessoas para cultivo mediante a
entrega de 1/7 a 1/8 da colheita.
Havia também zonas para pesca. A administração de tudo era entregue à rainha que
possuía 101ha para as suas necessidades. O rei tinha uma parte dos 246ha das terras que
pertenciam a outros templos de Lagash.
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ALDA ANASTÁCIO
A agricultura era a base da riqueza. Criava-se gado de várias espécies.
3. O REI
Cada cidade era governada por uma dinastia local. Os títulos usados eram: Lugal, Ensi
e En. EN designa a detenção do poder político e religioso.
O Lugal implicava um domínio mais vasto. Era o rei que, em situação de conflitos
entre cidades, desempenhava o papel de árbitro. O seu poder era superior ao dos
ENSI locais.
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2500 a.C. viu a sua cidade invadida e saqueada por 600 homens inimigos. Não lhe
bastou repelir os inimigos: avançou sobre a cidade de Umma e infligiu-lhe uma perda de
3600 homens. Para comemorar esta vitória mandou gravar a Estela dos Abutres, em
que narra a batalha utilizando o sistema de “banda desenhada”.
Nesta estela Eanatum manda também gravar uma frase auto-glorificante que apela para
a sua “origem divina desde o ventre da sua mãe”. A predestinação dos deuses para a
realeza tornar-se-á uma referência obrigatória nos textos dos soberanos da
Mesopotâmia.
A guerra foi um modo de vida também para este rei, Contou vitórias sobre
designadamente Mari, um reino próspero do médio Eufrates, e estendeu o seu domínio
até à futura Assíria. A guerra foi de grande importância económica devido em grande
parte ao comércio de escravos provenientes das guerras. A guerra, longe de ser um
mal a temer, era um bem desejável. A guerra era uma prática corrente entre os
pequenos reinos da Suméria. Da impiedosa dureza e despotismo dão-nos também
conta os túmulos reais de Ur.
Há um outro ritual funerário curioso em que, por ocasião da morte do rei, é simulado
também o funeral da rainha. Mas será apenas um simulacro, pois conhecem-se casos em
que a rainha continuou a viver e foi mesmo regente durante a menoridade do filho. Um
bom exemplo é o de Samman-Ramat, que entrou na lenda com o nome de Semiramis.
4. A VIDA INTELECTUAL
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ALDA ANASTÁCIO
Mais tarde a cultura suméria foi absorvida pelos povos semitas e há alturas em que não
é possível identificar com exactidão a origem dos elementos deixados.
Escola → EDUBBA
Professor → UMMIA
A suméria era um centro do Saber e da Cultura. Nela nasceram também obras literárias
por volta de 2500 a.C.. Por volta do III milénio a escola tornou-se um importante centro
de educação e aprendizagem. Este nível manteve-se durante a primeira metade do II
milénio, apesar de já não se usada a língua suméria, que estava a ser substituída pela
língua acádica, uma língua semítica que usou a escrita cuneiforme.
A maior parte das obras está escrita em forma poética. Entre os géneros literários
abunda a epopeia. Todos os poemas exaltam personagens individuais . O Género
Sapiencial é notório. Tem uma linguagem concreta e fácil de memorizar. Revelam um
grande espírito de observação e riqueza de saber. As origens dos provérbios sapienciais
são pré-históricos, tendo tido primeiramente uma transmissão oral.
5. A RELIGIÃO
Outros deuses se seguiam: Enki, deus da água, Nana a lua, Utu o sol.
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ALDA ANASTÁCIO
Com o decorrer do tempo estes deuses adoptariam outro nome. Os sumérios tinham
devoção aos deuses.
6. AS ARTES
As estátuas orantes fazem-nos passar da religião para a arte. A música era cultivada com
especial esmero, a avaliar pela documentação escrita e pelos testemunhos
arqueológicos. Os registos de contabilidade do palácio falam-nos do ordenado pago a
músicos que desempenhavam o seu serviço na corte.
As jóias também nos informam sobre o elevado nível artístico e no gosto das damas
sumérias.
Escola → Edubba;
Professor → Ummia;
Túmulos reais → Ur
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ALDA ANASTÁCIO
Lugalzagesi → unificação da Suméria e Umma;
Escrita → Uruk
Mumificação → Egipto;
Eanatum → Lagash;
Papiro → Egipto;
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A escrita surgiu devido às exigências da economia e da administração
pública, antes de ser usada na produção literária;
O IMPÉRIO DE ACAD
Vinte e cinco anos após a vitória de Lugalgazesi que unificou a suméria, Sargão, de
Acad derrotou-o. Assim a Mesopotâmia entrou numa nova fase da sua história. Estava-
se então em aproximadamente 2370 a.C.. Isto aconteceu numa época em que novos
povos chegavam a esta região.
Na verdade há muito que povos de raça semita se iam estabelecendo na média e baixa
Mesopotâmia, a partir do segundo quartel do III milénio. É através da onomástica que
se tira tal conclusão, não existindo no entanto vestígios de lutas ou contendas. Foi uma
‘invasão’ lenta e pacífica, originada sobretudo pelas terras férteis da mesopotâmia que
atraíam as populações nómadas.
Sargão foi o fundador de Acad, e reinou sobre esta cidade 56 anos. Foi o criador
do primeiro grande império conhecido. Por volta de 2370 a.C. Sargão possuía já um
exército estável e organizado. Assim pode lançar-se na conquista de diversas cidades da
Mesopotâmia como Umma e Uruk, tendo aprisionado Lugalzagesi diante do santuário
de Enlil. As suas conquistas estenderam-se a todo o Próximo Oriente.
Após ter submetido a Suméria, conquistou as terras de Elam. Avançou também para
Dilmun, o actual Barein, um conjunto de ilhas situadas ao fundo do Golfo Pérsico.
Depois, seguindo pelas margens do rio Eufrates, conquistou o poderoso reino de Mari.
Na Síria, apoderou-se de Ebla, capital de um verdadeiro império. A caminho do
Mediterrâneo Sargão conquistou o reino de Yarmuth, possivelmente em território
cananeu.
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ALDA ANASTÁCIO
Desta forma Sargão tornou-se senhor de um império que se estendia da região
transtigrina até ao Mediterrâneo e desde o Subaru (Assíria) até ao Golfo Pérsico.
Era o “rei das quatro regiões”.
No entanto, a conquista pelas armas é sempre mais rápida que a consolidação política. A
expansão foi demasiadamente rápida e não se construiu um sentimento de coesão
nacional. Permaneceram rivalidades e ressentimentos, bem como reivindicações locais à
independência. No entanto, após a morte de Sargão o reino não se desfez.
Manishtushu sucedeu a seu irmão Rimush, assassinado por servos. Foi este rei que
protagonizou a primeira expedição marítima conhecida através do Golfo Pérsico.
As campanhas militares deste rei tiveram por objectivo reprimir revoltas, consolidar
posições em regiões de interesse para o comércio e também para se apoderar da fonte de
obtenção de materiais preciosos que era Magan ou seja Oman.
O sucessor de Manishtushu foi o seu filho Naram-Sin, que também fez da guerra a
sua actividade principal. Tanto quanto se sabe reinou trinta e sete anos e com ele houve
uma mudança na táctica de guerra. Os seus guerreiros são arqueiros que lançam de
longe as sua flechas e sabem também usar os machados e as lanças.
Este império foi uma poderosa máquina de guerra. A expansão territorial era a
principal fonte de riqueza do império. Favorecia o comércio de escravos, cobre
ouro e pedras preciosas. O lápis-lázuli, por exemplo vinha de regiões do actual
Afeganistão, chegava à Mesopotâmia e passava para outras regiões do Médio Oriente.
Por isso os reis de Acad se proclamavam “reis das quatro regiões do mundo”, e isto
significava que dominavam sobre a Suméria, Acad, Amorreu (a Oeste) e Subaru(a
Norte).
1. A Economia
A propriedade privada aumentou durante a época acádica. A riqueza dos templos terá
diminuído embora nas suas propriedades e indústrias de transformação se encontre uma
boa parte da mão de obra.
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ALDA ANASTÁCIO
2. A cultura e a religião
A Dinastia de Acad chegaria ao fim pela força dos Gútios. Este povo está descrito nos
documentos como um povo “opressor e ignorante do culto dos deuses”. Era
proveniente do monte Zagros e tinha abandonado a liga acádica tornando-se
independente durante o reinado de Shar- Kallisharri (“rei de todos os reis”), filho e
sucessor de Naram-Sin. Quando Shar-Kallisharri teve que enfrentar muitos
distúrbios internos, foi o último rei da dinastia de Acad e quando morreu, surgiu a
anarquia.
O povo atribuía a destruição causada pelos Gútios como castigo divino por algumas
leviandades causadas pelo pai de Shar-Kallisharri, como a profanação do santuário do
seus Enlil em Nippur.
O Império Acádio foi destruído pelos Gútios, povo dos montes Zagros.
46
ALDA ANASTÁCIO
A III DINASTIA DE UR OU A RENASCENÇA SUMÉRIA
O domínio dos Gútios foi curto, pois por volta de 2120 a.C. o rei de Uruk venceu o
“dragão da montanha” intitulando-se ele próprio “rei das quatro regiões”.
Numa inscrição que nos chegou vangloriando-se da sua vitória auto-denomina-se “Utu-
Hegal”, rei de Uruk. Eleva também Gilgamesh, um famoso rei de Uruk que foi
deificado.
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ALDA ANASTÁCIO
Havia homens livres e homens escravos. Mas entre os homens livres distinguia-se um
grupo: Mashda ou Mushkenum (em acádico) → tinham menos direitos que a classe
mais elevada como se verifica pela legislação que nos chegou posteriormente, como foi
a de Lipit-Ishtar e Hamurábi. O termo mushkenum viria dar origem à nossa palavra
“mesquinho”.
Também havia os Eren → pessoas destinadas ao trabalho no palácio e nos templos, nos
campos, nos transportes e exército.
Dependendo dos Ensi e dos Shagin, tinham uma liberdade mais ou menos limitada.
Escravos → tinham origem diversa: podiam ser devedores insolventes, ter sido
vendidos pelos pais em crianças, etc.. O seu estatuto era o correspondente ao de
trabalhadores domésticos. Podiam possuir bens e casar com pessoas livres. A sua
situação dependia muito do senhor a quem servissem. A escravatura era muito diferente
da romana. Verdadeiros escravos eram os prisioneiros de guerra, os cativos, e os
raptados no decurso de operações militares. Estes eram denominados Namra.
2. A decadência de Ur
Por volta de 2004 a.C., a III Dinastia de Ur caiu debaixo dos golpes conjugados de
Amorreus, elamitas e de bandos de invasores que chegavam dos montes Zagros e se
instalavam nas principais cidades.
O rei Elam à frente de uma coligação de povos do Zagros (designada por Su) acabou
por conquistar e saquear a cidade de Ur, aprisionando o seu último rei que morreu no
cativeiro.
- Assur, a norte;
- Ur;
O mais importante era Mari, graças à sua posição geográfica que lhe permitia
controlar rotas comerciais importantes através do Eufrates, com a Síria e a Anatólia.
Nos arquivos reais de Mari foram encontradas mais de 20000 tabuinhas que falam das
relações com outros povos e dos esforços diplomáticos dos seus reis, assim como das
guerras da Mesopotâmia e da preocupação dos seus reis de manter a independência face
a povos invasores.
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ALDA ANASTÁCIO
A importância de Mari era também, por isso militar além de económica. Além de
Mari, também Assur desempenhou um papel político e militar de destaque.
No entanto os povos nómadas foram-se infiltrando o que acabou por originar a queda
de Ur.
O período que se segue à queda da III Dinastia de Ur estende-se de 2004 a.C. até à
queda de Babilónia, por volta de 1595 a.C. e divide-se em duas partes:
A Dinastia dos grandes regentes acontece por volta de 2025 a.C., em que o reino de
Simash atacou Ur, mas os reis de Isin e Larsa atacaram e derrotaram os reis de
Simash, criando esta dinastia.
Depois em 1930 a.C. o rei de Larsa avançou para Diala e estendeu-se a Elam.
Apoderou-se de Ur e intitulou-se “Rei de Sumer e de Acad”. Consegue mais êxitos
em Babilónia, Kish e Nippur.
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ALDA ANASTÁCIO
Os últimos não tinham estatuto jurídico e eram usados na defesa do
território;
OS ASSÍRIOS
1. O Império antigo
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ALDA ANASTÁCIO
2. Império Médio
Em 1366 surge Assur –Ubalit cujo reinado terá prevalecido até 1330 a.C. e que usou o
título de “grande rei”.
O auto elogio é notório nos relatos das campanhas sobre outros povos. No entanto há a
certeza da expansão do poderio da Assíria a uma boa parte do Próximo Oriente.
Dez anos depois de subir ao trono a situação inverteu-se e a Assíria entrou em crise
acabando por Tukulti-Ninurta I ser assassinado por um filho no seu próprio palácio. No
entanto foi um seu irmão que lhe sucedeu no trono. A debilidade da Assíria permitiu
que Babilónia retomasse o poder mas a paz não ficou restabelecida.
Os Arameus são um povo que aparece referenciado como invasor dos territórios
assírios. Isso acontece pela primeira vez no reinado de Tiglat-Falasar I, um rei
também dedicado à guerra. A guerra toma contornos religiosos como sendo desejada
e estimulada pelo deus Assur. Apesar deste factor não ser novo, os sucessivos reis vão
acentuando a sua importância.
Este rei, Tiglat-Falasar I venceu os soldados frígios (traço-frígios) os Muski (ou Moskoi
de Heródoto) em número de 20000, e recebeu tributos das cidades fenícias de Arvad,
Sídon e Biblos. A ocidente derrotou os arameus.
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ALDA ANASTÁCIO
Após a sua morte a Assíria entra em grande declínio devido principalmente aos
Arameus, durante a maior parte do séc. XI e X a.C..
3. O Império Neo-Assírio
O império começou a reorganizar-se por volta de 934 a.C., que também é apontado
como o início do Império Neo-Assírio, durante o reinado de Assurdão II.
No entanto, para outros, o Império Neo-Assírio começa com Tiglat Falasar III em
746/745 a.C.
Este rei restaurou os templos de Assur e Nínive e construiu o palácio real longe da
capital. Escolheu Kalhu para viver, actualmente Nimrud, a 35 km. De Mossul, situada
num triângulo de terras férteis, com o rio Tigre a oeste e o rio Zab a sul. Rasgou um
canal a partir do rio Zab para abastecer o palácio, a zona urbana e a terra de cultivo. Aí
também ergueu um santuário ao deus protector : Ninurta, o deus da guerra, assim como
a outros deuses.
A ostentação e a riqueza também foram uma forma de fazer propaganda ao seu império.
A própria arte exposta no seu palácio era também um elemento de louvor ao próprio rei.
Pode-se dizer que a par do seu sadismo sanguinário era um apreciador das coisas belas
da vida. No seu jardim plantou raridades botânicas com plantas e sementes das terras
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ALDA ANASTÁCIO
por onde passava. Foi o primeiro jardim botânico conhecido na história. A presença de
elefantes na guerra foi outra novidade nas guerras da Antiguidade.
O seu filho e sucessor começou a reinar em 858 a.C.. Tratava-se de Salmanasar III.
Entre outros feitos distinguiu a cidade com grandes monumentos, sendo de destacar o
obelisco de basalto negro com 2 metros de altura onde está escrito o resumo das
guerras do seu reinado. Em cada uma das quatro faces do obelisco estão representados
os reis estrangeiros que, em atitude de submissão ao rei da Assíria, lhe levam as suas
oferendas. Um deles poderá ser o rei de Israel. Este obelisco encontra-se no museu
britânico. Cada um das quatro faces tem cinco baisxo-relevos com cenas de grande
interesse:
- uma série de cenas representa o tributo pago por um tal Ia-w-a, filho de Omri,
identificado por alguns historiadores como o rei de Israel.
Claro que os povos submetidos não se sentiam como pertença do mesmo país. Isto,
aliado ao facto da sucessão não estar definida (a hereditariedade não era reconhecida
como direito ao trono), tornava o perigo da desagregação do império sempre iminente.
53
ALDA ANASTÁCIO
guarnições militares de forma permanente. Outra prática que minimizou as revoltas foi a
deportação dos vencidos. O rei levava da cidade conquistada as pessoas válidas,
deslocando-as para outra região ou império, e ali colocava uma população nova de uma
ou várias proveniências que se ia juntar aos velhos, mulheres e crianças que ali tinham
permanecido. Desta forma, a heterogeneidade das populações não permitia a sua
reorganização para revoltas.
Tal foi determinado pelas suas estratégias político-militares, também elas condicionadas
por aquilo que tinha acontecido no reinado de Tiglat-Falasar III. Ao anexar os territórios
conquistados, Tiglat-.Falasar III comprometeu as trocas comerciais entre o Egipto e
estes povos. Ao dominar Babilónia também dificultava as relações dos elamitas com o
ocidente.
Nesta época, tanto o Egipto como Elam não tinham poderio militar suficiente para
enfrentar a Assíria, por isso a única saída que lhes restava era incentivar e patrocinar as
revoltas locais dos povos submetidos. Por isso mesmo Sargão II teve de reprimir uma
série de revoltas, nomeadamente em Assur.
Sargão II também escreveu cartas aos deuses, que eram tornadas públicas, para melhor
cair nas graças dos povos. Quando os reis escreviam estas casrtas, o intuito era a auto-
promoção.
Sargão II viveu em Kalhu, fundada por Assurnasirpal, que era a verdadeira capital
militar. Mas em 717 a.C. iniciou a construção da sua nova capital: Dur-Sharrukin (a
fortaleza de Sargão). A nova cidade foi construída em dez anos. No seu interior ficava
o palácio real, o maior de todos os palácios assírios. No entanto Sargão II viveu apenas
dois anos no palácio, pois morreu durante uma campanha militar em 705 a.C..
54
ALDA ANASTÁCIO
outrapara o Golfo Pérsico e controlavam na maior parte os cursos do Tigre e do
Eufrates e todas as vias comerciais que atravessavam o Taurus, o Zagros e a Síria”.
O sucessor de Sargão II foi Senaquerib, o sei filho mais novo. Falecendo primeiro os
irmãos, ele foi preparado para assumir funções. Subiu ao trono em 704 a.C. e o seu
reino não teve tanta actividade militar, pois os inimigos de Assur tinham sido
fortemente dominados durante o reinado do seu pai. A sua preocupação dirigiu-se para a
Fenícia e Palestina, regiões que queria dominar. Realizou várias campanhas contra estas
regiões,o que relatado no II Livro de Reis. No entanto a sua maior campanha foi
contra Babilónia. Em 689 a.C. atacou esta cidade de surpresa devastando-a por
completo. A sua intenção era que no futuro nem mesmo se soubesse onde se
localizavam os seus templos. O próprio deus de Babilónia, Marduk, foi levado para a
Assíria.
O sucessor de Senaquerib foi o seu filho mais novo Assaradão, filho da sua segunda
esposa. Assaradão preocupou-se em reparar a profanação que seu pai havia feito
contra Babilónia e tratou de reconstruir a cidade. Mostrou-se mais tolerante com os
rebeldes aceitando os seus presentes e as filhas dos príncipes vencidos que levava para o
harém.
Mas nem por isso depôs as armas. Atacou o Egipto em 671 a.C. e obrigou os egípcios a
prestar culto a Assur e aos outros deuses assírios. Impôs-lhes tributos anuais, quie
seriam para manter para sempre. Em 669 a. C., Taharca, rei egípcio, revoltou-se
contra a Assíria, o que causou nova expedição da Assíria durante a qual Assaradão
morreu, não em combate, mas de doença. Não houve problemas de sucessão pois
Assaradão teve o cuidado de eleger seu herdeiro Assurbanípal, determinando
também um outro seu filho para o trono de Babilónia: Shamash-Shuma-Ukin.
Assurbanípal ficou com a missão de terminar o que o seu pai começara: a conquista do
Egipto. Desta forma, enviou uma expedição comandada pelo General Chefe do exército
que venceu as tropas do faraó na planície de Mênfis. Mas foi apenas uma vitória. A
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ALDA ANASTÁCIO
conquista do Egipto seria morosa e difícil. Por isso reforçou o seu exército com o
auxílio de soldados fenícios, sírios e cipriotas.
O Egipto nesta altura estava dividido e tinha dois reis: um em Tebas, outro na região do
Delta, em Saís. Com a ajuda de Psamético I, rei do Delta, conseguiram conquistar
Tebas. Finalmente senhores do Egipto e da Fenícia, não tiveram problemas no Ocidente
até 653 a.C.. Nessa data, Psamético I promoveu uma revolta no Delta contra a Assíria,
tendo o apoio de mercenários de diversas proveniências (jónios, cários e lídios).
Expulsou os assírios do Egipto e perseguiu-os até à Palestina.
Assurbanípal também foi um amante das artes e das letras. A arte do relevo atingiu
o seu esplendor no palácio real. Eram representadas as cenas das batalhas e também
cenas de caça onde se admira o realismo e o conhecimento anatómico por parte dos
artistas. O nome de Assurbanípal ficou mais ligado às letras do que qualquer outro
da Mesopotâmia. Organizou uma biblioteca que é a primeira que a documentação
histórica regista. Assurbanípal tinha uma espécie de culto pela escrita e mandou
que se reunissem todos os textos encontrados no se Império.
No entanto, apesar desta glória o declínio sobreveio em 660 a.C.. Assurbanípal já havia
perdido quase todo o Egipto. Noutras regiões conquistadas as rebeliões sucediam-se e,
quando morre, em 627 a.C., a própria capital mergulha numa profunda crise devido ao
problema da sucessão. Estala a guerra civil entre pretendentes ao trono. O último
soberano foi Assur-Ubalit II com um reinado inglório. Babilónia, entretanto
independente e governada por Nabopolassar atacou em 612 a.C. a cidade de Nínive,
capital do império assírio: em 609 a.C. perde-se o rosto do último soberano da Assíria,
que ficaria desde então sob o jugo de Babilónia, que presidiu não só aos destinos da
Assíria, como de todo o Próximo Oriente.
4. O Rei – Conclusão
O poder está concentrado no rei. Ele é a autoridade suprema. Ele é que assume todas
as decisões: decide a guerra, as questões de política externa, as tarefas da administração
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ALDA ANASTÁCIO
do estado. O seu poder é absoluto e apoia-se sempre no argumento teológico da eleição
divina como grande sacerdote, executor da vontade de deus, para assim exercer
plenamente o seu despotismo.
Todos os reis afirmavam ter uma relação especial com as divindades, que eram, aliás,
criações humanas, transpondo para a esfera transcendental muito do que se passava na
vida real. Muitas das vezes o rei reclama a sua predestinação para o trono real desde o
ventre materno. Desta forma justifica todas as suas decisões.
Sargão II usou este argumento para ser aceite como rei, dado os problemas que houve
para a sua aceitação.
Desta forma o rei da Assíria era o legítimo representante de Assur, o deus nacional.
A preocupação não é propagar a fé, mas antes impor-se politicamente. Eram retirados
dos locais de adoração os deuses dos países vencidos e colocados os deuses da Assíria.
Os templos e as imagens dos deuses colocados no território dos vencidos davam origem
a grandes festividades e expressões de culto. As populações locais com mais ou menos
convicção lá aderiam ao novo culto. Desta forma, o culto tornava-se uma forma de
exercício do poder político. Quanto mais atingia a alma do povo mais consistente se
tornava a hegemonia assíria. A imposição dos seus deuses fazia parte da política de
hegemonia militar da Assíria. Aos povos submetidos competia reconhecer os deuses
dos novos senhores.
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ALDA ANASTÁCIO
hereditariedade ao trono do filho mais velho do rei não era aceite de uma forma
indiscutível. Esta foi uma das causas para a instabilidade que se verificou após a morte
de Salmasanar III (827 a.C.) e que durou até Tiglat-Falasar III (746 a.C) subir ao trono.
Também Sargão II, sucessor de Salmasanar V, filho de Tiglat-Falasar III, teve
dificuldade em ser aceite como sucessor legítimo do trono, tanto que teve
necessidade de acrescentar ao seu nome a palavra Sharru-Kin ou Rei Legítimo.
Mas realmente esta atitude não resolveu o problema como se verifica logo com Sargão
II e também após a morte de Assaradão. Assaradão escolheu Assurbanípal como seu
sucessor com o apoio da rainha Zakutu. No entanto um seu outro filho Shamash-Shum-
Ukin reclamou o direito ao trono, tendo então o seu pai determinado dar-lhe o trono de
Babilónia.
6. O Exército
o Os reservistas
Os soldados do rei são jovens que cumprem o serviço militar a título de ilku, ou
seja, a prestação obrigatória de serviço por parte de uma região. Estes soldados
vão numa campanha, recebem o seu pagamento e voltam para as suas terras.
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ALDA ANASTÁCIO
Este sistema de recrutamento envolvia todo o império. Era complementado por um bom
sistema de comunicações com correios rápidos, com o uso de cavalos, percurso por
etapas, sinais de fogo e um sistema de informações e espionagem.
Sobre a organização interna do exército, conforme se disse atrás, não se sabe muito,
embora se saiba que havia o “chefe de uma dezena de soldados”, de cinquenta de cem e
de mil. As batalhas são descritas de uma forma vaga e épica e pouco nos deixam
perceber.
Na infantaria havia:
• Os arqueiros
• Os lanceiros
A guerra não era um mal a temer mas um bem a desejar. O exército era o espelho de
uma nação toda ela orientada para a guerra como algo necessário que trazia riqueza à
capital, matérias primas, operários especializados para a construção das grandes obras
reais e para a sua ostentação.
7. A Administração
- Turtânu ou general (muitas vezes o exército era comandado pelo turtânu da direita
e da esquerda)
- Shukkalu ou mordomo
1) O Rei
2) O General
3) O arauto do palácio
4) O grande escanção
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ALDA ANASTÁCIO
5) O intendente
No entanto, por vezes houve flutuações nesta ordem. Nas provínvias a administração
estava entregue ao Bel Pihati, o governador.
O bel-pihato tinha o dever de manter a ordem e cobrar os impostos. Também tinha que
providenciar a obtenção de matérias primas e homens, quer para as grandes construções
reais como para o exército.
A escolga dos funcionários recaia em pessoas leais e competentes, não havendo lugar a
qualquer progressão na carreira.
8. A Sociedade
• Não escravos
IDEIAS A RETER:
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ALDA ANASTÁCIO
Psamético encabeçou uma revolta contra Assurbanípal;
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ALDA ANASTÁCIO
O rei Assírio era um déspota; escolhido pelo deus, tinha como função
executar a vontade deste;
O IMPÉRIO NEO-BABILÓNICO
Em 612 a.C., os caldeus de Babilónia, aliados aos Medos atacaram Nínive. Incendiaram
a cidade e apoderaram-se do poderoso império da Assíria.
Em 627 a.C. terá falecido Assurbanípal, o soberano assírio. Três anos antes havia
abdicado do trono da Assíria em favor de seu filho Assul-Etil-Ilani, ficando apenas com
o trono de Babilónia. De imediato houve contendas pelo trono de Babilónia que foi
ocupado por Nabopolassar, um membro da tribo dos caldeus. De imediato
estabeleceu rivalidades com a Assíria, já debilitada.
Graças ao seu casamento com uma filha de Cyaxare, rei dos Medos, aliou-se a
estes, de forma que, com a sua ajuda, vence em 612 a.C. a cidade de Nínive. Isto
representou o fim do Império Assírio: foi destruída Assur, metrópole religiosa,
Kalhu, quartel general do exército e Nínive, centro do governo e sede do palácio
real.
Com a morte do rei de Nínive sobe ao trono Assur-Ubalit II que não era de linhagem
real, tendo reinado apenas três anos.609 a.C. marca definitivamente o fim do Império
Assírio.
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ALDA ANASTÁCIO
Quando faleceu sucedeu-lhe o filho Awêl Marduk, conhecido na bíbila por Evil
Merodak, que não reinou mais que dois anos. Após lutas subiu ao trono Nabónides, o
último rei Babilónico. Este foi um rei polémico, pois além de ter subido ao trono
após uma conjura, deu prioridade à devoção do deus Sin, o que chocou os
babilónios, cujo deus era Marduk. No entanto também restaurou templos de outros
deuses, não só em Babilónia, como em outras cidades. Ficou com o título de “rei
arqueólogo” pelo facto de mandar escavar as fundações dos templos que queria
restaurar.
Babilónia foi sempre respeitada como cidade sagrada. Era a maior cidade da
Mesopotâmia. Nas sua muralhas havia oito portas, cada uma dedicada a uma divindade.
O palácio real que Nabucodonosor mandou construir já no fim do seu reinado revelou,
ao ser escavado, um museu e uma biblioteca do rei. A sul erguia-se a verdadeira torre
de Babel a grande aigurate chamada Etemenanki ou seja: “templo da fundação do
céu e da terra”. A cidade santa de Babilónia era conhecida pelo grande templo de
Marduk e por outros. Os templos não eram apenas centros de culto religioso, mas
também importantes centros de produção agrícola e comercial. Outras cidades eram
conhecidas por terem templos onde se prestava culto aos deuses tradicionais. Como
exemplo temos Borsipa centro de culto de Nabu, Sippar com o santuário de
Shamash, Dibbat com o santuário de Anu e Uruk, centro do culto de Ishtar.
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ALDA ANASTÁCIO
As actividades agrícolas, comerciais e financeiras dos templos, tornaram-nos grandes
centros de riqueza. G. Roux dis que os templos se tornaram os primeiros grandes
capitalistas, pois faziam empréstimos a juros elevados, que foram facilitados pela
invenção da moeda, atribuída ao rei da Lídia e difundida mais tarde pelos persas.
IDEIAS A RETER:
Nabónides foi o último rei Babilónio, e foi conhecido pela sua devoção ao
deus Sin;
Ciro, rei dos Persas e dos Medos, conquistou Babilónia em 539 a.C.;
Apenas se irá falar da mesopotâmia que teve por base os sumérios e que foi assimilando
várias aquisições ao longo dos tempos.
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ALDA ANASTÁCIO
Comecemos por uma referência à biblioteca de Assurbanípal em Nínive, onde se
conservam os documentos desde os Sumérios até ao fim do domínio dos Assírios em
finais do séc. VII a.C..
Além da biblioteca real havia também bibliotecas particulares ou ligadas ao templo. Por
exemplo: a biblioteca de um sacerdote de Sin em Harrã continha uma grande colecção
de textos religiosos e literários. Mas a mais rica de todas é sem dúvida a de
Assurbanípal que contém também doações e produtos de confiscos feitos pelo rei.
Assim quando os Assírios dominaram em toda a Mesopotâmia foi o deus Assur que
entrou em Babilónia, e quando Babilónia subjugou a Assíria foi o deus Marduk que se
impôs aos Assírios.
Marduk, Assur e Nabu eram deuses principais, mas havia muitos outros deuses
estrangeiros. Os deuses eram retratados como humanos à excepção da imortalidade.
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ALDA ANASTÁCIO
2. Criacção da Humanidade
Ambos os mitos concordam que os homens foram criados para servir os deuses.
Também há uma crença comum de que o homem foi modelado a partir da argila
argamassada com sangue de um deus.
O relato da criacção em Eridu lê-se numa das obras mais famosas da Antiga
Mesopotâmia: O Mito de Atrahásis.
O nome da obra vem do principal herói deste poema, Atrahásis. È um poema que se
divide em três contos:
No entanto o poema de Enuma Elish tornou-se mais famoso por exaltar Marduk. Este
mito reporta-nos à exist~encia de nada quando não havia céu, nem terra, nem deuses.
As águas doces confundiram-se com as salgadas→Apsu com Tiamat.
Após a criacção dos deuses, houve lutas entre eles. Marduk tornou-se o deus principal e
o soberano do Universo. Criou o céu e a terra e confiou a seu pai, EA, a tarefa de
criar a humanidade.
O mito de Enuma Elish foi o mais importante e divulgado. Foi escrito no II milénio
a.C. e é composto de sete cantos que se encontram registados em sete placas de argila.
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ALDA ANASTÁCIO
3. A Legislação
A primeira legislação escrita encontra-se nas antigas cidades da Suméria. É com o rei
Uracagina de Lagash, por volta de 2400 a.C. que começam a existir uma série de
regulamentos com importância para a história da codificação do direito. Fez legislação
para proteger os órfãos e as viúvas.
O Texto das Leis Assírias chegou até nós por 14 tabuinhas descobertas em Assur
em 1913/4. contém um texto que remonta ao séc. XII a.C..
4. As Ciências
As ciências não atingiram um nível tão elevado como a legislação ou as obras literárias.
No entanto houve alguma dedicação à geografia, matemática, astronomia e medicina.
Também foi encontrado um mapa-mundi com Babilónia no centro, pois Babilónia foi
considerada o centro do mundo.Também nesse mapa podemos ver uma alusão ao “país
onde nunca de vê o sol”. Conheceriam a noite ártica?
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ALDA ANASTÁCIO
A medicina tinha um lugar de destaque entre as ciências da Mesopotâmia. Os médicos
eram pessoas bem conceituadas que tinham de ter bom aspecto. A medicina era
praticada num aposento isolado e escuro.
Os médicos de Assur relacionavam-se muito com os de Mari, sendo que estes últimos
eram muito conceituados.
Nipur era a grande escola de medicina, donde saiam médicos para diversas cidades.
Sabe-se que lá havia uma escola para príncipes e princesas. O director dessa escola
queixa-se por falta de produtos para o fabrico de remédios.
Tal como no Egipto, a magia e a medicina andaram de mãos dadas. Mas este facto não
desvirtua a qualidade da sua medicina. Os gregos não teriam chegado onde chegaram
com Hipócrates, se não tivessem aproveitado os conhecimentos dos médicos da
Mesopotâmia, assim como aproveitaram os conhecimentos atingidos no Egipto.
CONCLUSÃO:
- estabeleceram a semana de sete dias, que chegou até nós pela mão dos romanos.
Provavelmente a coroação dos reis e símbolos da arte religiosa também têm a sua
origem na Mesopotâmia, como o crescente lunar e a árvore da vida. Também o relato da
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criação do homem a partir do barro e o episódio da Torre de Babel e do dilúvio, têm a
sua origem na Mesopotâmia. Para além da bíblia, as raízes da nossa cultura mergulham
na Mesopotâmia.
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