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Avaliação Da Qualidade de Alimentos para Aves de Companhia
Avaliação Da Qualidade de Alimentos para Aves de Companhia
Avaliação Da Qualidade de Alimentos para Aves de Companhia
Florianópolis
2010.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
Vanessa Simão
Florianópolis
2010.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dedico este trabalho à minha família, o bem mais
precioso da minha vida, e em especial a minha avó
Leonora Lângaro Nondilo (in memorian) pelo exemplo
de mulher, força e persistência.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O Brasil possui grande potencial para o mercado de alimentos completos para animais de
companhia. Por esse motivo sua qualidade deve ser constantemente avaliada como forma de
garantir a segurança destes alimentos aos seus consumidores. Desta forma, foram realizados
dois estudos relacionados à qualidade de alimentos completos: (1) Determinação do perfil
de ingredientes e de corantes artificiais em alimentos e sua relação com micotoxinas; (2)
Avaliação da micobiota e de micotoxinas em alimentos para aves de companhia
comercializadas no sudeste e sul do Brasil. Em (1) foi determinado o perfil de ingredientes
e corantes artificiais adicionados em alimentos completos destinados para aves de companhia,
correlacionando com os dados descritos nos rótulos pelos fabricantes. Foram coletadas 36
amostras, sendo 26 comercializadas em embalagens lacradas e 10 à granel, para diferentes
espécies de aves (sabiá, curió, trinca-ferro, papagaio, pássaro-preto, calopsitas, entre outros).
Foram determinadas as proporções de cada ingrediente dos alimentos completos através de
separação macroscópica (visual) e microscópica (estereoscópio) e calculada as respectivas
proporções para 100 g (%). Os principais ingredientes contidos nos alimentos completos
foram: (a) ração extrusada ou em pelets, biscoito e frutas (cristalizada e/ou desidratadas), (b)
amendoim (com e sem casca), (c) grãos (milho, arroz, soja, trigo, triticale, triguilho, ervilha e
aveia), (d) outros (farelo de soja e trigo, quirera de milho e arroz, alpiste, painço). Os
ingredientes presentes em maior quantidade foram: ração extrusada e/ou peletizada, sementes
de girassol, milho e amendoim. A composição dos ingredientes dos alimentos completos
variou de acordo com as diferentes espécies de aves. Quanto à determinação de corantes
artificiais 33,3 % amostras não apresentavam adição de corantes e 66,7 % apresentaram
alguns dos corantes (tartrazina, amarelo crepúsculo, azul brilhante, indigotina, azorrubina,
ponceau 4R, amaranto ou bordeaux S, vermelho 40, azul patente V e verde rápido). Dentre as
amostras com corantes, quatro fabricantes relataram a presença no rótulo, o que foi
confirmado através das análises realizadas. Das 24 amostras com corante, 58 diferentes cores
e suas tonalidades foram extraídas. Destas 12 apresentaram alguma incoerência quanto à
presença de corantes. Foi observado que amendoim, milho, frutas desidratadas e cristalizadas
estavam presentes na composição dos alimentos em grande proporção, e que muitos dos
ingredientes se encontravam danificados e infestados por insetos, o que pode favorecer
também a proliferação de fungos e formação de micotoxinas. Dessa forma, é importante
ressaltar que a qualidade de alimentos completos deve ser freqüentemente avaliada, quanto os
parâmetros toxicológicos, uma vez que esses produtos apresentam uma composição complexa
de ingredientes e aditivos, fato este que permitiria possíveis contaminações. Em (2) foi
verificada a contaminação de alimentos completos para aves de companhia quanto à presença
de bolores, leveduras e micotoxinas. Foram coletadas 36 amostras de alimentos completos
para aves, adquiridos em supermercados, agropecuárias, e lojas especializadas neste tipo de
alimento, nas cidades de Belo Horizonte, Florianópolis e Passo Fundo, nos estados de Minas
Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, respectivamente. A metodologia para contagem
total de bolores e leveduras foi o plaqueamento de superfície em meio ágar batata dextrose, e
para determinação da micobiota toxigênca em meio diferencial ágar Aspergillus flavus e A.
parasiticus. Para a análise das micotoxinas foi utilizado o método para multitoxinas
[aflatoxinas B1, B2, G1 e G2, (AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2), ocratoxina A (OTA), zearalenona
(ZON) e fumonisina B1 (FB1)] por cromatografia líquida com detectores massa/massa (LC-
MS/MS), com fontes de ionização: por: electrospray e química sob pressão atmosférica. Os
limites de detecção (LOD) e quantificação (LOQ) foram: 34 e 100, 34 e 100, 67 e 200, 83 e
250, 1,7 e 5, 34 e 100, 27 e 80 ng.kg-1 para AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, FB1, OTA e ZON,
respectivamente. Neste estudo foi verificado que a contagem média de bolores e leveduras foi
1,1 x 105 UFC/g, sendo que o mínimo foi de 4,5 x 102 e o máximo de 6,6 x 105. Foi observado
que 75 % (27) das amostras estavam com índices acima do valor preconizado nos manuais de
boas práticas de manufatura (1 x 104 UFC/g). Foi observado também que as amostras
comercializadas à granel foram as que apresentaram maior contagem. Foi verificada uma
correlação entre os conteúdos de umidades e a contagem de bolores e leveduras, sendo que as
amostras com menores conteúdos de umidades foram as que apresentaram menor contagem
de total de bolores e leveduras. Os gêneros mais freqüentes foram Aspergillus e Cladosporium
ambos com 47,2 %, seguido de Mucor e Penicillium com 38,9 % e 27,8 %, respectivamente.
Do total de amostras analisadas, 22,2 % apresentaram crescimento de estirpes toxigênicas de
Aspergillus. As espécies identificadas foram: Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus,
Aspergillus niger, Aspergillus ochraceus. Nenhuma amostra apresentou contaminação acima
dos valores quantificáveis por AFLs, OTA, FBs ou ZON. Foi verificado que composição
complexa das amostras pode ser fator determinante para a presença de fungos toxigênicos e
micotoxinas, embora nenhuma toxina tenha sido quantificada. Algumas amostras
apresentaram níveis de bolores e leveduras acima do valor considerado higienicamente
seguro, o que permite concluir que em alguma etapa da cadeia produtiva, as boas práticas de
fabricação não foram satisfatórias.
ABSTRACT
Brazil’s potential to pet food is great. For this reason, its quality must be evaluated as a way to
guarantee the safety of these foods to its consumers. Therefore, two studies related to the
quality of feed were carried out: (1) Profile determination of artificial food dyes and
correlation of ingredients to mycotoxins contamination in feeds for pet birds; (2)
Evaluation of mycoflora and mycotoxins in feed for pet birds commercialized in the
Southeast and South of Brazil. In (1) it was determined the profile of ingredients and
artificial dyes added to pet birds feed, correlating them to data on the manufacturers´ labels.
36 samples of pet birds´ feed had been collected: 26 commercialized in sealed packages and
10 in bulk. The proportion of each ingredient in the feed separation was determined by
macrocospic selection (visual) and microscopical selection (stereoscopic) and the respective
proportions calculated for 100 g (%). The main ingredients in the feeds were: (a) extrused
feed or in pellets, biscuit and fruit (crystallized and/or dehydrated), (b) peanut (peeled and not
peeled), (c) grains (corn, rice, soy, wheat, triticale, wheat middling, birdseed and oat), (d)
others (bran of soy and wheat, corn and rice grits, birdseed, millet). The ingredients in greater
amount were: extrused feed and/or pellets, seeds of sunflower, corn and peanut. The
composition of the ingredients in the feeds varied according to the different specie of birds.
As to the determination of artificial dyes, 33% of the samples did not present addition of dyes
and 66,7 % presented some dyes (tartrazine, sunset yellow, brilliant blue, indigotine,
azorrubine, ponceau 4R, amaranth or bordeaux S and red 40). Amongst the samples with
dyes, four manufacturers reported their presence on the label, what was confirmed by the
analyses. Out of the 24 samples with dye, 57 different colors were extracted, of these 12
presented some incoherence about the presence of dyes. In (2) the contamination of
companion animal food by yeasts, mold and mycotoxins was verified. 36 samples of bird feed
were acquired in supermarkets, farming stores and specialized stores in Belo Horizonte,
Minas Gerais, Florianópolis and Passo Fundo. The methodology for moulds and yeasts
counting was the surface plating in media agar potato dextrose (PDA), and to determine the
toxigenic mycobiota in Aspergillus agar flavus and. parasiticus environment (AFPA). For the
analysis of the mycotoxinas it was used as multitoxin method (AFB1, AFB2, AFG1, AFG2,
OTA, ZON and FB1) using liquid chromatography with mass/mass detectors with ionization
sources: by electrospray under atmospheric pressure. The detection limits (LOD) and the
quantification (LOQ) were: 34 and 100, 67 and 200, 83 and 250, 34 and 100, 27 and 80, 1700
and 5000, ng.kg-1 to AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, OTA, ZON and FB1, respectively. In this
study it was verified that the average counting of mould and yeasts was 1.1 x 105 UFC/g,
being the minimum 4.5 x 102 and the maximum 6.6 x 105. It was observed that 75 % (27) of
the samples indicated indexes above the amount recommended in the manuals of good
manufacturing practices (1 x 104 UFC/g). It was also observed that the samples sold in bulks
were the ones that showed the most counting. It was observed a correlation between the
moisture content and the amount of yeast and moulds, and the samples with the least moisture
contents were the ones that showed the smallest counting of yeast and mold. The most
common species were Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus, Aspergillus niger,
Aspergillus ochraceus. None of the samples showed contamination above the quantifiable
values by AFLs, OTA, FBs or ZON. It was verified that complex composition of the samples
could be a determinant factor to the toxigenic fungi and mycotoxins, although no mycoxin
was quantified. Some samples showed mould and yeasts level above to what is considered
hygienic, which shows that some stage of production was not satisfactory.
Key Word: pet food, companion birds, ingredients, food dyes, fungi, moulds, mycotoxins.
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO DE LITERATURA
ARTIGO 1
Figura 1. Amostras de alimentos para aves de companhia (a) comercializadas embaladas e (b)
acondicionadas à vácuo para estocagem 124
Figura 2. Fluxograma do estudo do perfil de ingredientes e corantes em alimentos para aves
de companhia e sua relação com micotoxinas 128
Figura 3. Exemplos dos Grupos (Ração, Grãos, Frutas, Semente e Nozes) e Tipos de
ingredientes (grãos de milho, frutas cristalizadas, sementes de girassol, ração extrusada,
amendoim com e sem casca) presentes nos alimentos destinados á aves de companhia 130
ARTIGO 2
REVISÃO DE LITERATURA
ARTIGO 1
Quadro 1. Local de fabricação, coleta e descrição das amostras de alimentos para aves de
companhia avaliadas - embalagens fechadas e à granel 123
Quadro 2. Ingredientes corados presentes nos alimentos para aves de companhia e seus
respectivos códigos – identificação visual 135
Quadro 3. Diversidade e número de cores dos ingredientes ccorados presentes nos alimentos
para aves de companhia - identificação visual 136
ARTIGO 2
Quadro 1. Local de fabricação, coleta e descrição das amostras de ração para aves de
companhia avaliadas - embalagens fechadas e à granel 155
LISTA DE TABELAS
REVISÃO DE LITERATURA
Tabela 1. Exigência de nutrientes para suínos e frangos de corte conforme fases de crescimento 27
Tabela 2. Propriedades dos corantes artificiais permitidos para uso em alimentos e rações no
Brasil 56
Tabela 3. Relação dos corantes artificiais permitidos no Brasil, e respetivos INS, IDA, LMP e
riscos a saúde 57
Tabela 4. Espécies fúngicas e parâmetros de desenvolvimento 72
Tabela 5. Limites máximos permitidos na legislação para alimentos destinados para animais de
produção 75
Tabela 6. Níveis máximos de micotoxinas permitidos em produtos acabados utilizados na
nutrição de animais de companhia 78
ARTIGO 1
Nenhuma entrada de índice de ilustrações foi encontrada.
Tabela 1. Absorbâncias máximas de padrões de corantes artificiais da literatura utilizados no
presente estudo 126
Tabela 2. Gradiente de fase móvel (methanol:água) com acetato de amônio 5 mM para análise de
micotoxinas em amostras de alimentos para aves de companhia 127
Tabela 3. Determinação das porcentagens dos diferentes Grupos e Tipos de ingredientes
utilizados nos alimentos para aves de companhia - amostras fechadas 132
Tabela 4. Determinação das porcentagens dos diferentes Grupos e Tipos de ingredientes
utilizados nos alimentos para aves de companhia - amostras à granel 133
Tabela 5. Corantes artificiais permitidos no Brasil e respectivos IDA, LMR e toxicidade 137
Tabela 6. Identificação espectrofotométrica dos corantes artificiais e naturais extraídos de
ingredientes presentes em alimentos para aves de companhia 138
Tabela 7. Conteúdo de umidade das amostras de alimentos para pássaros comercializados
embalados e à granel 143
ARTIGO 2
µg Micrograma
AAFCO Association of American Feed Control Officials
AFB1 AFlatoxina B1
AFB2 AFlatoxina B2
AFG1 AFlatoxina G1
AFG2 AFlatoxina G2
AFLs AFlatoxinas
AFM1 AFlatoxina M1
AFM2 AFlatoxina M2
AFPA Ágar Diferencial para Aspergillus flavus e A. parasiticus
ANFAL-Pet Associação Nacional de Fabricantes de Alimentos para Animais de
Estimação
AOAC Association of Official Agricultural Chemists
atm atmosfera
Aw Atividade de água ou water activity
BPF Boas práticas de manufatura
CCD Cromatografia de camada delgada
CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência
cm Moisture content
CM Conteúdo de Umidade
EC European Communities
EU European Union
EUA Estados unidos da América
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
FB1 Fumonisina B1
FB2 Fumonisina B2
FB3 Fumonisina B3
FBs Fumonisinas
FDA Food and Drug Administration
g Grama
GMP Good Manufacturing Pratices
h hora
HPLC High Performance Liquid Chromatography
IARC International Agency Research of Cancer
IDA Ingestão diária aceitável
INS International Numbering System
JECFA Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives
kg Kilograma
LC Liquid Chromatography
LC-MS/MS Liquid Chromatography with tandem mass spectrometry
LMP Limite máximo permitido
LOD Limit of detection
LOQ Limit of quantification
MAPA Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento
Máx. Máximo
mg Miligrama
MG Minas Gerais
Mín Mínimo
min minuto
MRL Maximum residue level
MS Massa detector
ng Nanograma
nm Nanômetro
ºC Graus Celsius
OMS Organização Mundial de Saúde
OT Ocratoxina
OTA Ocratoxina A
PCHRG Public Citizen Health Research Group
PDA Ágar Batata Dextrose
pH Potencial hidrogeniônico
ppb Partes por bilhão
ppm Partes por milhão
ppt Partes por trilhão
PR Paraná
RS Rio Grande do Sul
SC Santa Catarina
seg segundo
SP São Paulo
U.S. FDA United State Food and Drug Administration
UR Umidade Relativa do Ar
UV Ultravioleta
WHO World Health Organization
ZON Zearalenona
LISTA DE DEFINIÇÕES
1 INTRODUÇÃO 20
2 REVISÃO DE LITERATURA 24
2.1 Alimentos Completos para Animais de Companhia 24
2.1.1 Composição, tipos de nutrientes e ingredientes 25
2.1.2 Tipos de ração e alimento completo 27
2.2 Aditivos Alimentares 30
2.2.1 Corantes 31
2.3 Legislação Nacional e Internacional para Corantes em Alimentos para Animais 58
2.4 Qualidade dos Ingredientes, Aditivos Alimentares e Alimentos Completos 60
2.5 Contaminação de Alimentos Completos 63
2.5.1 Fungos toxigênicos 63
2.5.2 Micotoxinas 65
2.6 Fatores que Afetam o Desenvolvimento de Fungos e Produção de Micotoxinas 72
2.6.1 Atividade de água e conteúdo de umidade 73
2.6.2 Umidade relativa 73
2.6.3 Temperatura 74
2.6.4 Microclima, composição do substrato e outros 74
2.7 Legislação Nacional e Internacional para Micotoxinas em Alimentos para
Animais 74
2.7.1 Animais de produção 74
2.7.2 Animais de companhia 77
2.8 Metodologias analíticas para determinação de aditivos alimentares 78
2.8.1 Corantes 78
2.9 Metodologias Analíticas para Determinação da Micobiota e Micotoxinas 81
2.9.1 Micobiota: contagem total de bolores e leveduras e verificação do potencial
toxigênico 81
2.9.2 Micotoxinas 82
2.10 Contaminação de Alimentos Completos por Fungos, Micotoxinas e Outros
Contaminantes 91
2.10.1 Fungos e Micotoxinas 91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
3 ARTIGO 117
DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE INGREDIENTES E CORANTES ARTIFICIAIS
EM ALIMENTOS PARA AVES DE COMPANHIA E SUA RELAÇÃO COM
MICOTOXINAS 117
3.1 Resumo 118
3.2 Introdução 119
3.3 Material e Métodos 122
3.4 Resultados e Discussão 129
3.5 Conclusão 144
3.6 Referências Bibliográficas 145
4 ARTIGO 149
AVALIAÇÃO DA MICOBIOTA E DE MICOTOXINAS EM ALIMENTOS PARA
AVES DE COMPANHIA COMERCIALIZADAS NO SUDESTE E SUL DO
BRASIL 149
4.1 Resumo 150
4.2 Introdução 151
4.3 Material e Métodos 153
4.4 Resultados e Discussão 158
4.5 Conclusão 167
4.6 Referências Bibliográficas 167
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 172
APÊNDICE A – Trabalho apresentado no XII International Symposium on Mycotoxins and
Phycotoxins, Istambul, Turquia, 2007 173
APÊNDICE B – Resumo do trabalho “Avaliação da contaminação por micotoxinas em amendoim,
milho, e soja no período de 2002 a 2007” apresentado no XV Congresso Brasileiro de Toxicologia,
Búzios (RJ), 2007 176
APÊNDICE C – Certificado da apresentação do trabalho “Avaliação da contaminação por
micotoxinas em amendoim, milho, e soja no período de 2002 a 2007” apresentado no XV Congresso
Brasileiro de Toxicologia, Búzios (RJ), 2007 178
APÊNDICE D - Certificado de participação no XV Congresso Brasileiro de Toxicologia, Búzios
(RJ), 2007 179
APÊNDICE E - Certificado de participação como palestrante do Workshop em qualidade e segurança
de rações para animais de estimação – PETFOOD SAFE’2007, Florianópolis (SC), 2007 180
APÊNDICE F - Certificado de participação como membro do comitê administrativo e de apoio do
Workshop em qualidade e segurança de rações para animais de estimação – PETFOOD SAFE’2007,
Florianópolis (SC), 2007 181
APÊNDICE G - Certificado de participação como membro do comitê científico do Workshop em
qualidade e segurança de rações para animais de estimação – PETFOOD SAFE’2007, Florianópolis
(SC), 2007 182
APÊNDICE H – Artigo “Effect of ozone gás on Brazil Nut (Bertholletia excelsa H. B. K.): mycoflora
and aflatoxin reduction” apresentado no CAF 2008, Controlled Atmosphere and Fumigation – Green,
Safe, Harmony and Development, Chengdu, China, 2008 183
APÊNDICE I – Resumo expandido do trabalho “Determinação do perfil de corantes e ingredientes
em rações para pássaros de estimação” apresentado no XVII Encontro Nacional e II Congresso
Latinoamericano de Analistas de Alimentos, Belo Horizonte (MG) 2009 185
APÊNDICE J – Certificado da apresentação do trabalho “Determinação do perfil de corantes e
ingredientes em rações para pássaros de estimação” apresentado no XVII Encontro Nacional e II
Congresso Latinoamericano de Analistas de Alimentos, Belo Horizonte (MG) 2009 186
APÊNDICE K - Certificado da apresentação do trabalho “Estudo do efeito do ozônio sobre a
qualidade de castanha-do-Brasil sem casca embalada à vácuo” apresentado no XVII Encontro
Nacional e II Congresso Latinoamericano de Analistas de Alimentos, Belo Horizonte (MG) 2009 187
APÊNDICE L - Certificado de participação no XVII Encontro Nacional e II Congresso
Latinoamericano de Analistas de Alimentos, Belo Horizonte (MG) 2009 188
APÊNDICE M - Resumo expandido do trabalho “Estudo do efeito do ozônio sobre a qualidade de
castanha-do-Brasil sem casca embalada à vácuo” apresentado no XVII Encontro Nacional e II
Congresso Latinoamericano de Analistas de Alimentos, Belo Horizonte (MG) 2009 189
APÊNDICE N - Resumo do trabalho “Evaluation of ozone treatment and vaccum for in-shell Brazil
nuts shipment and aflatoxin reduction” apresentado no ISM Conference 2009, Tulln. Worldwide
Mycotoxin Reduction In Food and Feed Chains. 190
APÊNDICE O - Resumo expandido do trabalho “Dogs and cats pathologies mycotoxin related: a
survey” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010, Mérida, México, 2010 191
APÊNDICE P - Resumo expandido do trabalho “Determination of the profile of ingredients in feed
for pet birds versus mycotoxins contamination” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010,
Mérida, México, 2010 192
APÊNDICE Q - Resumo expandido do trabalho “Toxigenic fungal and mycotoxins in petfood for
wild birds” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010, Mérida, México, 2010 193
20
1 INTRODUÇÃO
movimentando cerca de 6,2 bilhões de reais em 2009, o que corresponde a 64 % dos 9,7
bilhões de reais movimentados por este mercado no Brasil em 2009. Além disso, é projetado
um crescimento de 3 a 4 % para o mercado de alimentos completos no Brasil em 2010.
Cabe ressaltar a importância da garantia de qualidade do produto final, ingredientes e
aditivos alimentares envolvidos na formulação de um alimento como forma de garantir a
qualidade e segurança dos produtos e da saúde dos animais. Quando um alimento completo é
desenvolvido devem ser observadas as necessidades de cada espécie de animal, respeitando
tamanho, idade, raça, particularidades pertinentes (doenças). Além disso, a presença de
inúmeros ingredientes e aditivos podem apresentar risco toxicológico quando estes não
apresentam boa qualidade ou quando estão em quantidades acima das necessidades (ingestão)
diárias aceitáveis. Logo, a investigação das características dos ingredientes e dos produtos
acabados é de grande importância
Os ingredientes são os componentes que fornecerão os nutrientes necessários aos
animais. No caso das aves de companhia, é importante salientar que, apesar das várias
semelhanças entre elas, cada espécie tem uma exigência nutricional, o que requer uma
observação cuidadosa no que se refere ao tipo de alimento fornecido. Normalmente, são
encontrados como oferta de alimento misturas de sementes ou, em alguns casos, apenas um
tipo (como exemplo, a semente de girassol). Esse fato pode acarretar distúrbios nutricionais,
já que aves que consomem sementes selecionarão apenas as mais palatáveis, deixando
nutrientes essenciais para sua dieta nas sementes desprezadas. A prática distorcida de utilizar
sementes como alimento único para passeriformes e psitacídeos em cativeiro, na tentativa de
reproduzir o que eles comem na natureza, pode ocasionar muitas doenças e até a morte
prematura desses pássaros. Desta forma, modificar os hábitos de fornecimento de sementes e,
ou, alimentos inespecíficos, substituindo-os por alimentos na forma de ração balanceada são
atividades que contribuem com a promoção da saúde desses animais.
Em se tratando da qualidade de ingredientes e aditivos alimentares, tem sido
verificado que o mercado de alimentos para animais de companhia necessita de atenção, uma
vez que não existe regulamentação específica, como é o caso para os aditivos sensoriais da
classe dos corantes artificiais.
Os corantes artificiais têm por objetivo tornar o alimento mais atrativo para o animal
sem, porém acarretar danos ou risco à saúde dos mesmos. Adição indiscriminada de corantes
orgânicos artificiais tem sido observada, principalmente no que diz respeito a alimentos
completos e alimentos compostos para aves. Este fato pode gerar uma gama de problemas
associados às reações tóxicas descritas na literatura quando se trata da alimentação humana.
22
2 REVISÃO DE LITERATURA
completos e rações.
2.1.1 Composição, tipos de nutrientes e ingredientes
A composição dos alimentos completos e rações é muito complexa, pois visa atender
a todas as necessidades bioquímicas e fisiológicas do animal a que se destina. Para isso, a
formulação é composta de macro e micronutrientes os quais estão descritos no Quadro 1.
Ao desenvolver uma ração, a mesma deve ser específica para atender as necessidades
de cada espécie, ou seja, ela deve obedecer às exigências nutricionais para cada animal de
forma a proporcionar que o seu desenvolvimento seja o mais eficiente possível. Essas
exigências são determinadas em experimentos que indicam indiretamente o nível ótimo para
cada nutriente.
É importante a observar que as exigências nutricionais variam de acordo com a
espécie, idade, fase de crescimento, estado fisiológico, clima e sexo. Assim, uma vaca
produzindo leite tem exigência muito diferente do bezerro ou do touro. Em suínos e frangos
de corte com crescimento acelerado, o ideal seria modificar a ração para cada dia de vida, pois
à medida que cresce, a exigência dos nutrientes muda (ROSTAGNO et al., 2000). Na Tabela
1 apresentam-se as exigências nutricionais para suínos e frangos de corte.
necessidades nutricionais do animal enquanto que os alimentos com objetivos específicos são
destinados a atender necessidades fisiológicas particulares como: aleitamento e lactação,
obesidade e insuficiência renal (BRASIL, 2009a; 2009b; 2009c).
Desta forma, animais de companhia como cães e gatos, possuem exigências
nutricionais muito diferentes dos humanos, portanto fornecer sobras de alimentos pode
provocar o desequilíbrio nutricional nesses animais (PETBR, 2010).
Rêgo (2009) concorda com os autores supracitados e salienta ainda que apesar das
várias semelhanças entre as aves (psitacídeo), cada espécie tem uma exigência nutricional, o
que requer uma observação cuidadosa no que se refere ao tipo de alimento fornecido. De
acordo com o autor, normalmente o alimento ofertado é composto por misturas de sementes
ou, em alguns casos, apenas um tipo (semente de girassol). Esse fato pode acarretar distúrbios
nutricionais, uma vez que aves selecionarão apenas as sementes mais palatáveis, deixando
nutrientes essenciais para sua dieta nas sementes desprezadas. Atualmente, já existem no
mercado alimentos completos específicos para cada tipo de psitacídeo.
Utilizar sementes como única fonte de alimento para passeriformes e psitacídeos em
cativeiro pode ocasionar muitas doenças e até a morte prematura dessas aves. As aves criadas
em cativeiros desenvolvem mudanças em suas necessidades nutricionais, desta forma, não
devem ser ignoradas as mudanças nos hábitos alimentares. Em cativeiro, elas não realizam
atividades físicas exaustivas e não necessitam buscar alimentos em lugares distantes, portanto,
um problema crescente que pode ser verificado em aves de companhia é a obesidade,
desencadeada por uma dieta hipercalórica e desequilibrada. Em decorrência da obesidade
outras conseqüências podem ser verificadas como doenças hepáticas e cardiovasculares,
comprometendo assim, a longevidade e a qualidade de vida desses animais (KILL et al.,
2008).
Dentre os novos tipos de alimentos destinados à animais de companhia
comercializados, as formas extrusadas e peletizadas aparecem como novidade na alimentação
para aves ornamentais e silvestres. Essas formas proporcionam vantagens em relação aos
alimentos compostos por sementes, pois elimina eventuais presenças de fungos (mofos) e
bactérias, comumente encontrados em sementes vendidas à granel, aumenta a digestilidade
dos nutrientes e o prazo de validade do alimento. Além disso, os grânulos das rações
extrusadas, reúnem todos os nutrientes necessários para a boa saúde das aves, impedindo que
as mesmas selecionem apenas parte do alimento, o que evita o desbalanceamento nutricional
(KILL et al., 2008).
Um dos entraves na criação de aves ornamentais ainda é a disponibilidade de
29
alimentos completos comerciais. Grande parte desses alimentos é importada, criando uma
série de dificuldades para o criador nacional. Dessa forma, faz-se necessário o
desenvolvimento de bons alimentos completos nacionais, que atendam economicamente ao
criador e que, primariamente, atendam as necessidades nutricionais e as preferências de
palatabilidade das aves que as consumirão (MACHADO; SAAD, 2000). O criador tem
disponível no mercado basicamente três tipos de alimentos completos para aves silvestres: as
fareladas, peletizados e extrusadas. As rações fareladas apresentam uma série de
desvantagens: permitem a seleção de partículas, acarretam grande desperdício por perdas no
comedouro e, por serem pulverulentas, favorecem o aparecimento de doenças respiratórias
(NUNES, 1998). De acordo com Dale (1996), as rações peletizadas são melhores que as
anteriores, porém é limitada no que diz respeito à inclusão de alguns princípios nutritivos,
como óleos. Já a extrusada é a forma com maior potencial para o mercado de alimentos para
aves ornamentais e silvestres, pois permitem uma alta inclusão de lipídios sem danificar as
propriedades físicas do produto.
Além disso, um parâmetro importante na diferenciação das rações peletizadas e
extrusadas é a digestibilidade, pois este determina a quantidade de nutrientes que estarão
disponíveis para o metabolismo do animal. No caso das rações extrusadas a digestibilidade de
substâncias como amido e proteínas é maior se comparado com as peletizadas (CARCIOFI,
1996).
Portanto, um aspecto importante para o sucesso de um programa alimentar em aves
de companhia é o fornecimento energético, uma vez que o consumo voluntário de alimentos é
regulado em função da quantidade de energia da dieta. Entretanto, pouco se sabe sobre o valor
energético dos alimentos usualmente utilizados em dietas para papagaios (SAAD et al., 2007).
Uma das principais doenças nutricionais que acomete psitaciformes adultos é a
deficiência de vitamina A. Esta hipovitaminose acarreta ainda doenças secundárias como
alterações nas glândulas salivares, típico da deficiência desta vitamina e aspergilose
relacionada à metaplasia escamosa das glândulas salivares. Essas doenças são diagnosticadas
freqüentemente nas aves que se alimentam de sementes ou possuem a maior parte da dieta
baseada em sementes. Logo, as misturas caseiras são dietas nutricionalmente heterogêneas e
desbalanceadas, pois não há controle eficaz da ingestão dos nutrientes, uma vez que esta dieta
possibilita a seleção pela palatabilidade particular de cada animal, ou seja, dominância dos
alimentos mais palatáveis, supervalorização das frutas e verduras, consumo excessivo de
sementes e insuficiente de suplementos (SILVA, 2008).
Desta forma verifica-se que para desenvolver um alimento completo equilibrado é
30
animal é originada pela divulgação de estudos que apontam reações adversas aos aditivos,
quer seja aguda ou crônica, tais como reações tóxicas no metabolismo desencadeantes de
alergias, de alterações no comportamento, em geral, e carcinogenicidade, esta última
observada em longo prazo (POLÔNIO; PERES, 2009).
No caso dos animais, principalmente de companhia, o uso dessas substâncias e seus
efeitos deletérios perante a saúde, não tem sido estudados. Cabe ressaltar, que a estrutura,
composição corporal e o metabolismo de animais e humanos são muito diferentes, e devem
ser levados em conta na análise toxicológica dos aditivos. Além disso, a freqüência com que
os animais estariam expostos aos aditivos também deve ser considerada, uma vez que os
alimentos destinados à animais de companhia são administrados diariamente como única
fonte de nutrientes (FERNANDES, 2005). Dentre os aditivos que merecem destaque quanto
os efeitos adversos encontrados estão os corantes, assunto esse abordado no item a seguir
2.2.1 Corantes
Quadro 3. Classificação dos corantes permitidos para uso na alimentação humana conforme
legislação brasileira
Corantes naturais Sintéticos idênticos aos naturais Sintéticos artificiais
Açafrão Amaranto ou Bordeaux S
Äcido carmínico Amarelo crepúsculo
Antocianinas Azul Brilhante FCF
Cacau Azul Patente
Carmin Azorrubina
Eritrosina
Carotenóides (αβγ –caroteno,
β –caroteno, β-apo8’ –carotenal, éster Indigotina
bixina, norbixina, capsantina,
etílico do ácido β-apo8’ –carotenóico Ponceau 4R
capsorubina e licopeno
Tartrazina
Carvão vegetal Verde Rápido
Clorofila, Clorofila e clorofilinas Vermelho 40
cúpricas e seus sais
Cochonilha Corantes inorgânicos
Cúrcuma e Curcumina Alumínio
Hemoglobina Carbonato de cálcio
Índigo Dióxido de titânio
Páprica Ouro
33
(conclusão)
Riboflavina e Riboflavina 5- fosfato Öxido e hidróxidos de ferro
Riboflavina
de sódio
Urucum Prata
Urzela
Vermelho de beterraba
Xantofilas : Corantes caramelo
Xantofilas:
cantaxantina, criptoxantina,
cantaxantina, criptoxantina,
falvoxantina, luteína,
falvoxantina, luteína, rodoxantina,
rodoxantina, rubixantina,
rubixantina, violaxantina
violaxantina
Fonte: Carvalho (2004).
(a.1) Antocianinas
As antocianinas são pigmentos muito instáveis e podem ser degradadas, sob ação da
vitamina C, oxigênio, temperatura, pH do meio, entre outros, no próprio tecido ou destruídas
durante o processamento e estocagem dos alimentos. A presença de metais modifica a
estabilização das antocianinas, por exemplo, os sais de estanho estabilizam a cor das
conservas de aspargos (MULTON, 1988).
As antocianinas são rapidamente destruídas pelo aquecimento durante o
processamento e estocagem de alimentos. Muitos estudos demonstraram relação logarítmica
entre a destruição das antocianinas e o aumento aritmético da temperatura. Processos
utilizando baixo tempo em alta temperatura têm sido recomendados para melhor retenção dos
pigmentos. No caso de sucos de frutas vermelhas, perdas de antocianinas mostraram-se
insignificantes para tratamentos térmicos com duração inferior a 12 minutos a 100°C
(MARKAKIS, 1982). Meschter (1954) verificou a destruição de 50% das antocianinas
durante o processamento de compota de morango a 100°C. Ao longo da estocagem a 38 e
20°C, o tempo de meia-vida das antocianinas foi de 10 e 54 dias, respectivamente. Por
extrapolação, obteve tempo de meia-vida de 11 meses a 0°C.
Na indústria de alimentos, as antocianinas têm sido utilizadas como corantes naturais
em produtos como: cereais, aperitivos, confeitos, coberturas, sobremesas, lácteos
aromatizados, massas, molhos, queijos, recheios, refrescos e refrigerantes, sucos de frutas e
xaropes para refrescos (LIMA et al., 2003).
(a.2) Carotenóides
ROSSETTI, 2003).
Com relação aos carotenóides, estes são em sua grande maioria termolábeis, e uma
das maiores causas da perda da cor durante a estocagem é a oxidação dos mesmos, que é
acelerada pela luz, temperatura e presença de catalisadores metálicos (SARANTÓPOULOS;
OLIVEIRA; CANAVESI, 2001). Sua natureza insaturada os torna susceptíveis à
isomerização e oxidação resultando em perda de cor, que é mais pronunciada, seguida de
oxidação (ESKIN, 1990). Além dos fatores citados anteriormente, o tipo de matriz
alimentícia, presença de enzimas, disponibilidade de água e presença de antioxidantes e/ou
pró-oxidantes podem influenciar neste processo (BURTON, 1989; GOLDMAN; HOREV;
SAGUY, 1983).
Os carotenóides são pigmentos naturais que têm despertado o interesse de
pesquisadores de diversas áreas há mais de um século (TEE, 1992). Extensamente
distribuídos na natureza, estão presentes em plantas, animais e microrganismos. Segundo
alguns autores, não podem ser considerados apenas como mais um grupo de pigmentos, mas,
como substâncias com propriedades muito especiais. Dentre as funções conhecidas dos
carotenóides estão à absorção de luz, atividade antioxidante, atividade anticancerígena,
transporte de oxigênio, atividade pró-vitamínica A, sendo esta última apresentada por apenas
alguns destes compostos (BRITTON, 1995; OLSON, 1989; PASSOTTO; PENTEADO;
MANCINI-FILHO, 1995; ROCK et al., 1996).
Dentre os carotenóides permitidos para o uso em alimentos nos Brasil, os principais
são β-caroteno, bixina e norbixina e o licopeno. Os carotenos são encontrados em plantas,
especialmente na cenoura, tomate, folhagem verde dos vegetais, damasco, em rosas e laranjas,
presentes também em produtos de origem animal como: ovos, lagostas e pescados diversos. O
β -caroteno tem ponto de fusão 176 a 182 ºC, é sensível ao calor, ar, luz e umidade. É
insolúvel em água e álcool e pouco solúvel em gordura vegetal, e sua IDA não foi
estabelecida ainda (MULTON, 1988). Provavelmente, a cenoura seja a matéria-prima mais
utilizada para a extração do β-caroteno com gama enorme de aplicações, tanto na indústria
farmacêutica como na de alimentos, como corantes na margarina, manteiga, queijos, carnes e
macarrão (BARUFFALDI et al., 1983). De acordo com Silva (2004), outras aplicações dessas
substâncias são: o uso como suplementos alimentares (atividade pró-vitamínica), na
piscicultura, para pigmentação de crustáceos e peixes, como o salmão (JOHNSON;
SCHROEDER, 1995), na dieta de galinhas poedeiras para melhorar a intensidade da
pigmentação da gema do ovo (CARVALHO et al., 2006) e como corantes de alimentos e de
ração. Para Oliveira e Junqueira (2006), a utilização de carotenóides como corante natural
39
pelos animais, porém a instabilidade dos corantes naturais frente aos artificiais ainda é uma
desvantagem e um desafio (MCGRAW; HILL, 2000; SENAR; ESCOBAR, 2002; MCGRAW
et al., 2004; PIKE et al., 2009).
Dentre a classe de corantes que merece maior destaque em relação à coloração da
plumagem de aves aparecem os carotenóides. São estas substâncias que conferem a cor às
penas das aves. Os pigmentos carotenóides podem conferir desde tons de vermelho claro,
laranja, amarelo, verde, violeta a roxo. Os animais não são capazes de sintetizar essa
substância, portanto é através de sua dieta que obtém os substratos que serão modificados por
enzimas até tornarem-se as substâncias capazes de serem absorvidas pelas penas dentre as
principais substâncias estão: astaxantina, catanxantina, robexantina, carotenos cíclicos,
xantofilas, entre outros (SEIXAS; SEIXAS, 2001).
Em pássaros os oxicarotenóides são absorvidos preferencialmente, sendo que a
maioria das colorações brilhosas e expressivas das plumagens é devida a esses compostos.
Pássaros são geralmente animais de hábitos diurnos e dependem muito da comunicação
visual, logo os padrões e as cores da plumagem e conseqüentemente os carotenóides possuem
um papel importante na biologia aviária (HUDON et al., 2007).
McGrawa et al. (2003) observaram que todas as espécies de pássaros cantadores
avaliados em seu estudo usaram somente luteína (carotenóide) para o incremento da coloração
amarela em sua plumagem. Muitos animais, particularmente os pássaros e peixes usam
pigmentos carotenóides para desenvolver plumagens vermelhas, laranja ou amarelas para
atrair os machos para (HILL, 1999; MOLLER et al., 2000; OLSON; OWENS, 1998). Para
desenvolver suas cores sexuais, os animais devem adquirir estes pigmentos da dieta e entregá-
los aos tecidos periféricos tais como penas e pele para a pigmentação (HILL, 1996, 2000;
MCGRAW et al., 2003).
(a.3) Clorofila
ocorrer também uma epimerização. As feofitinas estão sujeitas a hidrólise química, que
resulta na liberação da molécula do fitol, produzindo um feoforbídeo hidrossolúvel
(HEATON; LENCKY; MARANGONI, 1996; SCHWARTZ, LORENZO, 1991; TENG,
CHENG, 1999). Esta reação é considerada o mecanismo mais importante de destruição de
clorofila durante o processamento de alimento. Além disso, a precipitação de proteínas que
ocorrem no armazenamento sob congelamento, provocam a diminuição do pH, ampliando as
taxas de reações de catálises ácidas, como a feofitinização (MARTINS; SILVA, 2002).
Outro fator que contribui para a decomposição das clorofilas é o pH, em pH ácido
(3,0) as clorifilas são mais instáveis, já em pH básico (9,0) ela se torna mais mais estável ao
calor (VON ELBE, 2000). Porém em um estudo realizado por Ferruzzi, Failla e Schwartz,
(2001), foi observado uma feofitinização muito reduzida em pH 4,0 e em pH 6,0, logo a
clorofila se mostrou estável durante 1 hora de incubação a 37 C.
A desidratação de vegetais, usados com freqüência como ingredientes em sopas
instantâneas, condimentos e outros alimentos secos, costuma levar a uma perda da clorofila e
concomitante aumento na concentração de feofitinas. Esta mudança de coloração aumenta
com a temperatura empregada, sendo acompanhada por um decréscimo do pH natural do
vegetal pela liberação de ácidos orgânicos celulares, criando as condições favoráveis para a
feofitinização. Contudo, alguns tratamentos prévios podem reter maior quantidade do
pigmento (HEATON; MARANGONI, 1996; MINGUEZ-MOSQUERA; GARRIDO-
FERNANDEZ; GANDUL-ROJAS, 1989). Porém, a perda da cor observada posteriormente
ao processamento, durante o armazenamento, independente do pH, tem sido atribuída a outras
vias de degradação (MAHARAJ, SANKAT, 1996).
As principais vias de degradação das clorofilas estão apresentadas nas Figuras 5a e
5b
44
Figura 5. Principais vias de degradação das clorofilas, compostos formados e respectivas colorações
Fonte: (a) Lanfer-Marques (2003) e (b) Bobbio (1995 apud STREIT et al., 2005).
45
Figura 6. Estrutura geral da betalaína: (A) molécula de ácido betalâmico, (B) estrutura que
R1 e R2
Fonte: Delgado-Vargas, Jiménez e Paredes-López, (2000).
Essas substâncias associadas podem produzir coloração vermelha, amarela, rosa e laranja em
flores e frutas, sendo que a beterraba constitui a principal fonte deste pigmento (PIATELLI;
IMPERATO, 1969).
As betacianinas podem ser classificadas por sua estrutura química em quatro tipos:
betanina, amarantina, gonferina e bougainvilina. Até o momento são descritos
aproximadamente 50 tipos de betacianinas e 20 tipos de betaxantinas. Na beterraba vermelha
(Beta vulgaris L.) são encontradas betalaínas tanto da classe das betacianinas, quanto das
betaxantinas 5. Dentre as principais betacianinas destacam-se a betanina e seu
diastereoisômero isobetanina. Já na classe das betaxantinas as principais substâncias são
vulgoxantina I e II (JACKMAN; SMITH, 1992; MEGARD, 1993; STRACK, VOGT;
SCHLIEMANN, 2003). A Figura 7 apresenta as principais betalaínas da beterraba vermelha
(Beta vulgaris L.)
pH 5,0 (VON ELBE; MAING; AMUNDSON, 1974). Embora vários autores estudem o
processo de degradação das betalaínas pela ação da luz, os mecanismos de fotodegradação
ainda não são conhecidos.
A atividade de água (aw) constitui um dos fatores primários que afetam a
estabilidade das betalaínas e a cor dos produtos que contêm estes pigmentos (VON ELBE,
1987 apud DELGADO-VARGAS; JIMÉNEZ; PAREDES-LÓPEZ, 2000). Simon et al.
(1993) verificaram em seu estudo que quanto menor a atividade de água maior a estabilidade
desses pigmentos. O aumento na estabilidade das betaninas com o decréscimo da atividade de
água pode ser atribuído à reduzida mobilidade de reagentes ou limitada solubilidade de
oxigênio. Conseqüentemente, umidades elevadas acarretam altas taxas de degradação. Além
disso, a especificação da atividade de água somente, sem a umidade, não é suficiente para
predizer a estabilidade do pigmento.
Outro fator que torna as betalaínas instáveis é a presença de oxigênio. Em estudos
realizados por Von Elbe, Maing e Amundson (1974), soluções de betanina foram
armazenadas a pH 7,0 sob atmosfera de ar e nitrogênio por 6 dias a 15 ºC. Observou-se que a
degradação da cor aumenta 15 % na presença de ar. Muitos métodos têm sido pesquisados
para prevenir a destruição ou aumentar a estabilidade dos pigmentos, incluindo adição de
antioxidantes e estabilizantes, tratamentos com aquecimento mínimo e controle de pH, todos
direcionados para a aplicação de betalaínas em produtos alimentícios (ATTOE; VON ELBE,
1981; BILYK, A.; KOLODIJ; SAPERS, 1981; HAN; KIM, S. J.; KIM, D. M, 1998; PASCH;
VON ELBE, 1979).
Atualmente a beterraba representa a principal fonte comercial da betalaína
(concentrado ou pó), dentre as desvantagens do uso desta substância como aditivo está a
influência do cheiro de terra devido a presença da substância geosmim, além da presença de
várias pirazinas que conferem outras características indesejáveis, limitando seu uso em
produtos lácteos e preparados de frutas (STINTZING; CARLE, 2004).
Em contrapartida, as betalaínas possuem uma grande aplicabilidade em alimentos
como em gelatinas, sobremesas, produtos de confeitaria, cereais, aperitivos, coberturas,
lácteos aromatizados, massas, molhos, queijos, recheios, refrescos e refrigerantes, sucos de
frutas, xaropes para refrescos, misturas secas, produtos avícolas, e produtos cárneos
(DELGADO-VARGAS; JIMÉNEZ; PAREDES-LÓPEZ, 2000; MULTON, 1988).
Entretanto quando as betalaínas são utilizadas como corantes alimentícios, a
estabilidade da cor, é o principal aspecto ser considerado (CONSTANT, STRINGUETA;
SANDI, 2002; DRUNKLER; FETT; LUIZ, 2003; STINTZING; CARLE, 2004). Como visto
49
Os corantes orgânicos sintéticos são aqueles obtidos por síntese orgânica mediante o
emprego de processos tecnológicos adequados e não encontrados em produtos naturais, sendo
dividido em dois grupos: idênticos aos naturais e artificiais.
algumas vantagens em relação aos naturais. Muitos dos corantes naturais são sensíveis a luz,
ao calor, ao oxigênio ou a ação das bactérias. Conseqüentemente, não são estáveis. Os
sintéticos, mais estáveis, têm durabilidade maior e propiciam cores mais intensas. Também
são utilizados em menores quantidades e muitas vezes são menos onerosos que os corantes
naturais. Dentre os principais exemplos dessa classe tem-se: β-caroteno; β-apo-8’-carotenal;
éster etílico ou metílico do ácido β-apo-8’-carotenóico; riboflavina; xantofilas (cantaxantina,
criptoxantina, flavoxantina, luteína, rodoxantina, rubixantina, violoxantina). Essas substâncias
conferem aos alimentos colorações amarelo e laranja de várias tonalidades diferentes
(CARVALHO, 2004).
(b.2) Artificial
Os corantes permitidos para uso em alimentos e rações no Brasil são 11, e estão
divididos em quatro classes: monoazo, trifenilmetanos, indigóides e xantenos. A seguir cada
52
(b.2.1) Monoazo
(b.2.2) Trifenilmetanos
alimentos. Possui razoável estabilidade à luz, calor e ácido, mas possui baixa estabilidade
oxidativa. Os corantes da classe do trifenilmetanos possuem em sua estrutura química, três
radicais arila, em geral grupos fenólicos, ligados a um átomo de carbono central e apresentam,
ainda, grupos sulfônicos que lhes conferem alta solubilidade em água. Seu uso é
incondicional nos Estados Unidos, no Canadá seu limite máximo é de 100 ppm, na Inglaterra
pode ser utilizado apenas em alguns alimentos e na União Européia seu uso é liberado
(BERDICK, 1982; CLYDESDALE, 1993). No Brasil, a partir da legislação das normas do
MERCOSUL, passam a integrar esse grupo além do azul brilhante, o verde rápido e o azul
patente V e azorrubina.
O azul patente V (E 131), possui excelente estabilidade à luz, ácido e calor, mas
apresenta descoloração na presença de ácido ascórbico. Seu uso não é permitido nos Estados
Unidos, porém é liberado para uso em alimentos nos países da UE. É um dos corantes
utilizados em alimentos que também apresenta a necessidade de mais estudos sobre seu
metabolismo (DOWNHAM; COLLINS, 2000; MARMION, 1977; MARMION, 1991;
VETORAZZI, 1981). Já o verde rápido (E 143) possui razoável estabilidade à luz, calor e
ácido, mas possui baixa estabilidade oxidativa. Seu uso é permitido nos Estados Unidos desde
1927, mas proibido nos países da EU, por existiram estudos que associam o câncer de bexiga
com o consumo deste corante (DOWNHAM; COLLINS, 2000; MARMION, 1977;
MARMION, 1991; VETORAZZI, 1981).
(b.2.3) Xantenos
O único corante artificial da classe dos xantenos permitido para o uso em alimentos
no Brasil é a eritrosina (E 127). Este corante possui coloração vermelha, variando para o
rosa, é solúvel em água e álcool, em meio ácido apresenta coloração amarela. Em pHs abaixo
de 5 se torna insolúvel (MULTON, 1988). É também permitido nos Estados Unidos, países da
UE, Reino Unido e Canadá (BERDICK, 1982; DOWNHAM; COLLINS, 2000). Existem
estudos de uma possível associação com tumores na tiróide pela provável liberação de iodo no
organismo, porém esses estudos não foram conclusivos (DRAKE, 1975; FDA, 2007). Pode
ser adicionado em alimentos como: cereais, aperitivos, confeitos, cereja em calda, coberturas,
sobremesas, lácteos aromatizados, massas, molhos, queijos, recheios, revestimentos, refrescos
e refrigerantes, sucos de frutas, xaropes para refrescos (MULTON, 1988).
55
(b.2.4) Indigóides
Tabela 2. Propriedades dos corantes artificiais permitidos para uso em alimentos e rações no Brasil
Tabela 3. Relação dos corantes artificiais permitidos no Brasil, e respetivos INS, IDA, LMP
e riscos a saúde
IDAb LMPd
Corante INSa Efeitos na saúde
mg/Kg/p.cc. mg/kg
Angioedema
Prurido
Amaranto Ee-123 10 100
Urticária
Broncoconstrição (combinado com E-124 e E-110
Broncoconstrição (combinado com E-133 ou E-132)
Resposta vascular seqüencial
Eritrosina E-127 5 100 Elevação das ligações entre protína-iodeto
Tumores na tireóide
Dano nos cromossomos
Vermelho 40 E-139 30 100 Tumores e linfomas
Broncoconstrição (combinado com E-123 ou E-110)
Ponceau 4R E-124 10 100
Reação anafilática (combinado com E-110)
Urticária
Renite
Congestão nasal
Broncoconstrição (combinado à E-123 e E-124)
Reação anafilática
Resposta eosinofilática
Amarelo Purpura
E-110 10 150
Crepúsculo Alergias
Tumores nos rins
Danos cromossômicos
Dor abdominal
Vômito
Indigestão
Aversão ao alimento
Alergias
Tumors na tireóide
Linfomas finfocíticos
Amarelo
E-102 7,5 150 Danos cromossômicos
Tartrazina
Ataques de asma
Urticária
Hyperatividade
Tumores no cérebro
Indigotina E-132 30 100
Broncoconstrição (combinado com E-133 ou E-127)
Broncoconstrição (combinado com E-132 ou E-127)
Azul Brilhante E-133 30 100 Resposta eosinofilática
Danos cromossômicos
Azorrubina E-122 5 100 Informações não avaliadas ainda nos EUA
Verde Rápido E-143 30 100 Tumores na bexiga
Purpura
Azul Patente V E-131 30 150 Dermatites
Sintomas não específicos e subjetivos
a- INS – International Numbering System b- IDA – Ingestão Diária Aceitável c- p.c. peso corpóreo d - LMP – Limite
Máximo Permitido e - E – Corantes permitidos pela União Européia utilizam deste prefixo
Fonte: PCHTRG (1985) e EC (2003; 2010).
58
(BREITHAUPT, 2007; EC, 2003; 2010). Quanto aos corantes artificias, o regulamento (EC)
n. 1831/2003 estabelece o uso de corantes como azul patente V, amarelo crepúsculo e
tartrazina, em alimentos destinados para pássaros ornamentais e pequenos roedores, e azul
patente V, amarelo crepúsculo, tartrazina, indigotina, eritrosina e ponceau 4R, em alimentos
destinados para peixes ornamentais, e azul patente V para cães e gatos. Além dessas
especificações a norma faz menção a outros corantes artificiais e naturais.
2.5.2 Micotoxinas
(a) Histórico
(a)
Fumonisinas
Figura 10. Estruturas químicas das micotoxinas (a) AFLs, (b) FBs, (c) OTA e (d) ZON
Fonte: (a) e (b) Hussein e Brasel (2001); (c) e (d) Leung, Díaz-Llano e Smith (2006).
(b) Aflatoxinas
metabolismo das toxinas AFB1 e AFB2 são elas: aflatoxina M1 (AFM1) e aflatoxina M2
(AFM2). Foram detectadas no leite e seus derivados, urina e fezes de mamíferos. A toxicidade
da AFM1 e AFM2 é menor que da AFB1, porém a maior preocupação está no seu consumo
principalmente por crianças (KAMKAR, 2006; SCUSSEL, 2002d; SILVA, 2005). A Figura
10a mostra as estruturas químicas das AFLs.
Os fungos produtores de AFLs podem crescer em determinados alimentos e sob
circunstâncias favoráveis de temperatura e umidade e gerar AFLs antes e/ou durante a
colheita e durante o armazenamento (GIRAY et al., 2007).
Os principais alimentos susceptíveis à contaminação por AFLs são: amendoim,
milho, frutas secas, figos, cereais, soja, painço, nozes, avelãs, sorgo, trigo entre outros.
Animais como cavalo, macaco, peru e pato são extremamente sensíveis a ação das AFLs
(KOS; KRSKA, 2006; SCUSSEL, 2002d; SILVA, 2005).
AFLs têm se mostrado altamente tóxicas, demonstrando ter efeitos carcinogênicos,
teratogênicos e mutagênicos. A intoxicação por essa toxina é denominada de aflatoxicose. A
AFB1 é o composto com maior potencial toxigênico (hepatocarcinogênico) conhecido em
mamíferos, por isso a International Agency for Research on Cancer (IARC) classificou essa
toxina como carcinógeno humano do Grupo I. Logo mesmo a exposição crônica na dieta a
pequenas quantidades desse composto deve ser considerada prejudicial à saúde humana
(CALONI et al., 2006; GIRAY et al., 2007).
O órgão de ataque preferencial em humanos e animais pela toxicidade e
carcinogenicidade da AFLs é o fígado. Sabe-se que esta toxicidade se deve a alta reatividade
da 8,9 – epóxido - AFB1 no seu metabolismo no fígado mediado pelo sistema do citocromo
P450. Os efeitos metabólicos incluem: inibição da síntese protéica, DNA e RNA, redução de
atividade enzimática, depressão do metabolismo de glicose, inibição de síntese de lipídeos,
fosfolipídios, ácidos graxos livres, entre outros. Já o aumento do risco de desenvolvimento de
hepatocarcinoma é devido às mutações no gene de supressão tumoral P53 e pela ativação de
oncogenes dominantes (GIRAY et al., 2007).
Existe um grande número de relatórios que sugerem a intoxicação dos seres humanos
pelo consumo de produtos agrícolas. Estudos epidemiológicos mostraram que a exposição à
AFLs associada com o vírus da hepatite B aumenta o risco de carcinoma hepatocelular, e a
presença desse vírus parece aumentar a potencia das AFLs (IARC/WHO, 1993; SCUSSEL,
2002d).
69
(c) Fumonisinas
SCUSSEL, 2002d).
O mecanismo de ação das FBs está relacionado ao metabolismo de esfingolipídios e
à inibição das enzimas N-aciltransferase e esfinganina N-aciltransferase, isto provavelmente
pela similaridade entre as estruturas químicas da toxina e da esfingosina (lipídio encontrado
no cérebro) (SANTÚRIO et al., 2002; SCUSSEL, 1998). Muitos estudos têm relatado casos
de LEM e EP. Nos Estados Unidos foram identificados vários focos de surtos ocorridos entre
1989 e 1990 em regiões do Arizona e da Pensilvânia, estes relacionados à produção de FBs
por cepas de F. moniliforme e F. proliferatum (NELSON et al., 1997; ROSS et al., 1990). No
Brasil, o primeiro caso de LEM reportado foi em 1949 no estado de São Paulo. A síndrome
era caracterizada por severos sinais de degeneração nervosa e os animais afetados mais
severamente morriam entre 6-72 horas após o aparecimento dos sintomas. Em 1979 dois
surtos de LEM foram identificados no Rio Grande do Sul, e entre 1979 e 1996, foram
relatados surtos no Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais além de São Paulo e Rio Grande do
Sul. Os sinais clínicos observados nesses surtos incluíam anorexia, sonolência e depressão ou
hipersensibilidade, ataxia e tremores e paralisia uni ou bilateral. A necropsia indicava necrose
de um hemisfério cerebral, com presença de áreas amareladas e marrons devido à liquefação
cerebral e lesões hemorrágicas (MEIRELES, 2000).
(d) Ocratoxina A
As ocratoxinas são substâncias tóxicas produzidas por várias espécies de fungos dos
gêneros Aspergillus e Penicillium (A. ochraceus, A. melleus, A. carbonarius, A. niger)
compreendendo uma família de sete compostos, sendo que apenas a ocratoxina A (OTA), um
derivado da fenilalanina substituída na isocumarina (Figura 10c), parece contaminar
alimentos, recebendo maior atenção. Sua produção ocorre principalmente por Aspergillus
ochraceus e Penicillium verrucosum na faixa de 4 e 31; 12 e 37 ºC, respectivamente, e em
atividade de água superior a 0,85 (PIMENTA; VILELA, 2003; PRADO et al., 2000; SANTIN
et al., 2001).
O desenvolvimento dos fungos e produção desta micotoxina está associado a países
de clima tropical. A OTA já foi detectada em vários alimentos, incluindo cereais, café,
produtos fermentados, cerveja, vinho, suco de uva, rações, produtos de origem animal (carne
de aves e suínos) e também pode ser encontrada no soro e leite humano (CHULZE;
MAGNOLI; DALCERO, 2006; PRADO et al., 2003; SANTIN et al., 2001).
No Brasil, a OTA tem despertado o interesse de pesquisadores, pois se tem
71
encontrado concentrações desta micotoxina em café em concentrações que variam entre 0,2 e
360 ng.g-1. Por isso, países exportadores são objetos de regulamentação (LEONI et al., 2001).
OTA coloca em risco a saúde humana e animal devido aos seus efeitos nefrotóxicos,
imunotóxicos, mutagênicos, teratogênicos e carcinogênicos. Em aves os principais aspectos
da ocratoxicose referem-se a severas lesões renais e hepáticas que resultam em
imunossupressão e perda de desempenho. Esta micotoxina parece estar relacionada com a
nefropatia endêmica dos Balcãs, doença degenerativa dos rins que afeta exclusivamente
população adulta rural. Esta síndrome ocorre em várias regiões do sul e leste da Europa. Mais
recentemente, foram descritos evidências de uma possível correlação entre ocratoxina A e
desenvolvimento de tumores do trato urinário de seres humanos na Bulgária (CHULZE;
MAGNOLI; DALCERO, 2006; PRADO et al., 2000).
A International Agency for Research on Cancer classificou esta toxina como
possível agente carcinogênico (grupo 2B) em humanos devido a seus efeitos tóxicos
(IARC/WHO, 1993)
(e) Zearalenona
seus metabólitos competem por receptores estrogênicos, isto pode explicar as alterações que
ocorrem em animais com o decréscimo da fertilidade, aumento da embriotoxicidade e
mudanças no peso de glândulas pituitária e adrenal. Em ratos a conseqüência reprodutiva pela
exposição à ZON é uma diminuição da fertilidade, deformidade dos fetos e aborto em casos
de ingestão de altas doses da toxina (MINERVINI et al., 2005; TURCOTTE; HUNT;
BLAUSTEIN, 2005).
A maioria dos estudos correlaciona os efeitos desta micotoxina sobre órgãos
reprodutores periféricos, porém é importante destacar que estrógenos e fitoestrógenos são
capazes de atravessar a barreira hematoencefálica em ratos, alterando o gene de expressão
neural (TURCOTTE; HUNT; BLAUSTEIN, 2005).
Os fungos que produzem toxinas podem ser classificados como (a) fungos de campo
e (b) fungos de armazenagem. Geralmente os fungos de campo necessitam de maiores UR e
CM para a infestação, proliferando quando as condições de UR estão entre 90 e 100 % e o
substrato possui um CM entre 22 e 23 %, já os de armazenamento crescem em ambientes com
UR entre 70 e 90 % e CM de 15 %. As FBs são exemplos de micotoxinas produzidas por
fungos de campo, principalmente do gênero Fusarium; AFLs, OTA, EST e CTR são
exemplos de toxinas produzidas por fungos de armazenagem (JAYAS; WHITE, 2003;
SCUSSEL, 1998). Nos grãos, sementes e alimentos existem interações entre o substrato e o
ambiente. Estas interações geram um microclima influenciado pela aw, UR, CM, composição
gasosa do ambiente, entre outros.
2.6.3 Temperatura
AFG2).
Embora exista legislação para AFLs no Brasil, ela se mostra muito falha, já que os
níveis estabelecidos estão ultrapassados em comparação com alguns países da Europa.
Também a legislação brasileira vigente não abrange um número significativo de micotoxinas
e produtos regulamentados, sendo necessário que os níveis propostos devam obedecer à
toxicidade relativa à espécie que consumirá o produto. Além disso, o Brasil como grande
produtor de grãos, cereais e derivados, deveria ser mais rigoroso quanto aos limites tolerados
de contaminação para AFLs e poderia estabelecer limites residuais para outras micotoxinas,
com a finalidade de garantir maior qualidade aos produtos e maior segurança para os
consumidores.
De acordo com a FAO (2004), a distribuição dos limites para AFLs totais (soma das
AFLs) nas alimentações animais também são aplicadas ao gado leiteiro, sendo observada uma
distribuição relativamente uniforme, com limites de ocorrência em 20 µg.kg-1, principalmente
na região das Américas.
A Tabela 5 mostra legislações pertinentes em vários países do mundo e grupos
econômicos (MERCOSUL e União Européia) quanto aos limites permitidos de micotoxinas
em produtos para alimentação animal.
Tabela 5. Limites máximos permitidos na legislação para alimentos destinados para animais
de produção
País Produto Micotoxina Limite
(µg.kg-1)
Áustria Rações para porcos DON 500
Rações para gado de corte, poedeiras e matrizes DON 1000
Aves para corte ZON 1500
Rações para porcas matrizes ZON 50
Ingredientes e rações semente de algodão, amendoim, arroz, aveia, linhaça, dendê,
Brasil cacau, mandioca, babaçu, semente de girassol, trigo, soja, leveduras, malte, cana de ∑AFLs 50
açúcar, resíduo de vísceras de aves.
Barbados Rações ∑AFLs 50
Canadá Rações ∑AFLs 20
DON 5000
Rações para gado e aves
HT-2 100
DON 1000
Rações para porcos, novilhas e animais em lactação
HT-2 25
OTA 2000
Rações para suínos e aves domésticas
T-2 1000
DON 5000
Rações para bovinos e aves domésticas
HT-2 100
Rações para suínos, gado leiteiro, terneiros DON 1000
Rações para leitõese leitoas ZON 3000
DAS 2000
Rações para suínos
Alcalóides do Ergot 6000
Rações para aves domésticas DAS 1000
Rações para bovines, suínos e cavalos Alcalóides do Ergot 3000
Rações para frangos Alcalóides do Ergot 9000
AFB1 20
Chile Rações
∑AFLs 50
China Ração para frangos AFB1 10
Ração para poedeiras e suínos de engorda AFB1 20
Milho, farelo de amendoim e outros resíduos de amendoim (para ração) AFB1 50
76
comércio entre diferentes países, mas não representam necessariamente o limite seguro para a
exposição dos animais de companhia às micotoxinas. Desta forma, em alguns países foram
criadas associações com o intuito de colaborar com produtores e órgãos fiscalizadores para a
manutenção da qualidade dos produtos para animais de companhia, por exemplo, nos Estados
Unidos existe a Association of American Feed Control Officials (AAFCO) que colabora com
outros órgãos na defesa destes produtos e no Brasil a já mencionada Associação Nacional dos
Fabricantes de Alimentos para Animais de companhia (ANFAL-PET).
2.8.1 Corantes
variações existentes nas técnicas de CZE e CME vão desde o simples uso do tampão (borato
ou fosfato) até o uso destes com tensoativos. Embora não seja uma técnica recente, somente
nas últimas décadas a EC vem se destacando como uma possível técnica a ser aplicada na
rotina dos laboratórios. A CLAE tem sido usada como principal parâmetro de comparação das
performances da EC, seja em termos de limites de detecção ou quantificação, seja em termos
de teores dos analítos (JANDERA et al., 1996; JIMIDAR et al., 1993; KUNKEL et al., 1997).
2.9.2 Micotoxinas
(a) Amostragem
A amostragem tem como objetivo, coletar uma amostra que seja uma parte
84
A amostra bruta, coletada de caminhões, silos, sacas, entre outros, não possui
tamanho ideal para a análise de micotoxinas, desta forma, é requerido que seja divida em
amostras médias das quais serão coletas as subamostras ou também chamadas de amostras
analíticas.
Para que se obtenham amostras analíticas representativas do lote todo, é necessária
uma homogeneização eficiente e a amostra deve ser sempre identificada. No rótulo deve
conter o tipo de produto, o número do lote, a data de coleta, nome do responsável pela
amostra. Não esquecendo que o acondicionamento da mesma deve ser realizado de forma a
manter suas características inalteradas (FONSECA, 2000).
Se a massa da subamostra permanecer ainda grande, novo quarteamento pode ser
realizado até a obtenção de uma amostra analítica com massa conveniente para análise. Como
abordado anteriormente, a variação na subamostragem é menor do que aquela vista na
amostragem. De acordo com Campbell, Whitaker e Pohland (1986), as subamostras devem
ser preparadas por: (1) moagem grosseira de 1 kg da amostra a um tamanho de partícula que
possa passar em tela de tamiz tamanho padrão 14; seguida de (2) mistura para
homogeneização do material; (3) subdividisão para moagem adicional mais fina (passar uma
tela de tamiz padrão 20); e (4) pesagem de uma subamostra para a análise que pode ser 25-
100 g.
De acordo com Leung, Días-Llano e Smith, (2006), vários métodos foram e ainda
são desenvolvidos para CCD e CLAE para a quantificação de micotoxinas em produtos
agrícolas e alimentos. Os métodos objetivam diminuir os limites de detecção (LOD) e de
quantificação (LOQ), analisar muitas toxinas simultaneamente utilizando apenas uma amostra
para extração, tornando assim a análise mais rápida e segura.
Para analisar AFLs, a CCD é fácil e descomplicada e exige equipamentos mais
baratos do que os outros métodos analíticos. Alguns pesquisadores afirmam que limites de
deteção para AFLs em milho e refeições da semente de algodão utilizando CCD podem ser
tão baixos quanto os outros métodos cromatográficos (JOHNSON; GREENAWAY, 1969).
Em contra partida Pons Jr. e Franz (1978) destacam que a exatidão da CCD, é menor se
comparadas a outros métodos mais caros tais como CLAE. Para analisar ZON, a CCD é
menos sensível com um limite de detecção de 50 µg/kg, já por cromatografia gasosa com
detector de massas (CG-MS) o limite da detecção e de quantificação para esta micotoxina é de
0,5 e 20 µg/kg, respectivamente. Para a análise de tricotecenos as metodologias de CCD e CG
89
são limitadas, uma vez que substâncias interferentes atrapalham o cromatograma, provocando
confusão na identificação das toxinas. Além disso, o uso de CLAE para a detecção dessas
micotoxinas é consideravelmente difícil porque estas não absorvem luz UV e não apresentam
fluorescência naturalmente. Desta forma, para análise de tricotecenos a técnica mais
apropriada é a CG-MS, pois elimina a maioria das complicações relativas às substâncias que
interferem na detecção dessas toxinas (MIROCHA; CHRISTENSEN, 1982). Tanaka et al.
(2000), descreveram em um estudo, uma metodologia de multitoxinas, para a determinação
simultânea do deoxinivalenol, acetildeoxinivalenol 3, do nivalenol, do fusarenona-X, T-2,
neosolaniol, diacetoxiscirpenol, ZON por CG-MS. Logo este método mostrou-se uma
ferramenta conveniente para a detecção dos tricoteceno e ZON nos cereais.
Os kits comerciais de imunoensaio tipo Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
(ELISA) são simples, baratos, rápidos, e adotado extensamente como métodos de análise de
micotoxinas para a seleção de ingredientes na recepção de matérias-primas para alimentos.
Porém este método pode produzir os resultados falso-positivos, devido às reações cruzadas
entre antígeno-anticorpo, desta forma, a utilização de outros métodos como CLAE e CG
podem ser necessário (SCUDAMORE, 2005). O desenvolvimento novas técnicas e
tecnologias moleculares de recombinação gênica de anticorpos (monoclonais e policlonais)
específicos para micotoxinas prometem aplicações novas para ELISA e para a purificação dos
extratos das amostras (WEISS et al., 2003; YAU; LEE; HALL, 2003).
O método de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) tem sido usado
principalmente no campo de micotoxinas, para a separação de componentes da matriz e
posterior detecção e quantificação do analito de interesse. Os métodos de CLAE estão cada
vez mais difundidos, devido ao seu desempenho e confiabilidade superiores quando
comparados com CCD (SCUDAMORE, 2005; KOS; KRSKA, 2006).
Na CLAE uma fase móvel (ou o solvente) é usada para transportar a amostra através
da coluna, que é empacotada com uma fase estacionária. O analito é dividido então entre as
duas fases enquanto passa através da coluna, conduzindo a uma separação dos compostos
devido aos coeficientes diferentes. Dois tipos de CLAE são comuns: cromatografia de fase
normal com uma fase estacionária polar (coluna C8) e um solvente apolar (por exemplo
hexano) ou de fase reversa, usando com uma fase estacionária apolar (coluna C18) e com
solvente polar. A cromatografia de fase reversa com coluna C18 (apolar) é a mais utilizada
para a determinação de micotoxinas em produtos agrícolas. Através da coluna uma mistura de
solventes polares (água:metanol ou água:acetonitrila) é eluída e separa os componentes de
interesse que ao momento de sair da coluna possuem seu tempo de retenção determinado. As
90
técnicas da extração e de limpeza são aplicadas antes da separação e detecção por CLAE para
que os resultados não sofram interferência de certas substâncias (SCUSSEL, 1998).
Para a detecção de micotoxinas, existem vários tipos de equipamentos detectores, os
mais utilizados são: disposição de diodo (DAD), fluorescência (FD) e ultravioleta visível
(UV-vis), massa (MS) e massa/massa (MS/MS). O DAD é um detector capaz de através de
um sistema multicanal medir vários comprimentos de onda simultaneamente. O solvente
interfere geralmente com as medidas do espectro e somente um número limitado de
comprimento de ondas está acessível para a detecção. As velocidades de exploração são
lentas, mas os sistemas são simples e fáceis de usar. Os limites de detecção estão em escala
menor que 1 μg.kg-1, dependendo das técnicas da extração e limpeza do extrato empregado
(KOS; KRSKA, 2006).
A detecção por FD usa a emissão da luz das moléculas que foram excitadas a níveis
de energia mais elevados por absorção de energia eletromagnética, por isso possui uma
sensibilidade maior embora frequentemente a derivatização do analito seja necessária. Um
detector típico de fluorescência contém uma fonte clara UV (lâmpada do deutério ou de
xenônio), a pilha do fluxo (acoplada ao CLAE) e o detector. Um comprimento de onda de
excitação e de emissão é escolhido com o monocromador. A luz fluorescente emissora é
dispersa por um segundo monocromador e detectada com um tubo de fotomultiplicação
(KOS; KRSKA, 2006).
Os métodos mais modernos de detecção de micotoxinas envolvem detectores MS ou
MS/MS acoplados à CLAE. Os métodos de determinação de multi-micotoxinas têm sido
desenvolvidos na tentativa de analisar o maior número possível de micotoxinas em uma
amostra com apenas uma extração. Os métodos recentes focalizam na identificação e na
quantificação por cromatografia líquida com detector de massa (LC-MS). Os limites de
detecção para todas as micotoxinas determinadas por CLAE são geralmente menores que
μg.kg-1 (KOS; KRSKA, 2006).
A cromatografia líquida com detecção por espectrometria de massa (LC-MS) é uma
das técnicas mais avançadas disponíveis para a detecção dos micotoxinas. As técnicas de
extração e limpeza têm que ser aplicadas antes da separação e da detecção a fim permitir
picos bem separados sem interferência dos componentes da matriz. A ionização das
moléculas é fornecida por diversos bombardeios químicos, as fontes de ionização mais
utilizadas são eletrospray (ESI) e ionizador químico a pressão atmosférica (APCI). APCI é
baseado na ionização da amostra e as moléculas do solvente com uma descarga, enquanto que
o ESI emprega gotas carregadas que são produzidas forçando a solução do analito através de
91
uma agulha. Um potencial é usado, para que a dispersão da solução emergente seja alta o
suficiente para pulverizar finamente as gotas carregadas. O solvente evapora afastado,
encolhendo o tamanho da gota e aumentando a concentração da carga na superfície da gota.
Eventualmente, a tensão de superfície da gota alcança um ponto em que a gota explode, dando
forma a uma série de gotas menores, menos carregadas. O processo é repetido até que os íons
individualmente carregados do analito tenham se formado. A fragmentação ocorre em uma
câmara da colisão, e os fragmentos são incorporados à região de alto vácuo do MS onde a
detecção ocorre. Os instrumentos de captura de íons são geralmente melhores para a
identificação do que instrumentos quadrupole triplos, visto que os instrumentos quadrupole
triplos fornecem a informação melhor para a quantificação (exploração mais rápida,
sensibilidade mais elevada). Com a disponibilidade crescente de instrumentos de LC-MS e do
desenvolvimento de métodos, a identificação e a quantificação estão tornando-se cada vez
mais populares para produtos como cereais, amendoins, frutas secas, entre outros. Devido à
seletividade elevada do instrumento (os fragmentos do analito podem ser identificados e
quantificados) alguns casos são possíveis reduzir o número de etapas da preparação da
amostra e injetar extratos crus (KOS; KRSKA, 2006).
tem sido estudada. Henke et al. (2001) coletaram 142 amostras de sementes para aves
silvestres em diferentes regiões do Texas. As amostras foram adquiridas em cooperativas de
grãos, pet shops e mercearias, durante a primavera e verão do ano de 1999. As concentrações
do somatório de AFLs nas amostras variaram de não detectável a 2.780 μg.kg-1. Do total de
amostras analisadas, 17 % (24) apresentavam concentrações acima de 100 μg.kg-1. Os autores
também relacionaram essa contaminação a presença de milho como um ingrediente em 83 %
das amostras. As maiores concentrações médias de AFLs foram encontradas na ordem
decrescente: sementes para aves compradas das cooperativas de grãos > lojas de animais de
companhia > mercearias, quando analisados os estabelecimentos de varejo nas regiões sul e
ocidentais. Não foi observada diferença significativa nos níveis médios de AFLs das amostras
adquiridas em pet shops das diferentes regiões, porém em se tratando dos produtos obtidos de
mercearias e cooperativas de grãos foram observadas que nas regiões de faixa de terra mais ao
norte os níveis de AFLs foram os mais altos se comparados as outras regiões. Já para os
produtos comercializados em cooperativas foi observado que a região norte, sul e ocidental os
níveis de AFLs encontrados eram maiores que os produtos das cooperativas da região central
e leste do Texas. Logo, pode-se concluir que os diferentes tipos de comercialização,
armazenamento e localização regional (clima) são fatores que podem influenciar na qualidade
de rações.
A presença de cereais e de grãos na formulação de alimentos de animal de
companhia, na concepção de Maia e Pereira Bastos de Sequeira (2002), sugere a necessidade
de controlar a contaminação por AFLs nestes alimentos. O objetivo do estudo dos autores era
analisar o alimento de animal de companhia doméstico para determinar a ocorrência das AFLs
assim como seu risco à sanidade animal. Cem amostras de alimento (45 para cães, 25 para
gatos, 30 para aves) foram coletadas aleatoriamente em lojas para animais de companhia na
cidade de Alfenas, sudeste do Brasil. O método de análise para AFLs foi a cromatografia de
camada delgada, a qual foi usada para a separação, a identificação e a quantificação dos
compostos após a validação do método. As AFLs foram detectadas em 12,0 % das amostras.
Das 12 amostras contaminadas 5 (41,7 %) apresentavam os níveis das AFLs (AFB1 + AFB2 +
AFG1 + AFG2) acima do limite máximo estabelecido no Brasil (50 µg.kg -1) para o alimento
animal. A concentração de AFLs totais variou entre os níveis de 15 a 374 µg.kg-1, sendo que a
média de contaminação foi de 131 μg.kg-1.Todas as amostras que continham amendoins em
sua composição foram positivas para AFLs, sendo que a AFB1 é conhecidamente um
carcinógeno e seu consumo pôde ser um risco para a sanidade animal doméstica. Conforme os
autores, a grande freqüência de AFB1 em alimentos para aves, espécie altamente suscetível
94
aos efeitos tóxicos das AFLs, confirma a necessidade da re-avaliação do uso do amendoim
(presente em sete dos oito positivos das amostras para a AFLs) e/ou a adição de fungicidas ao
alimento.
Para Martins, Martins e Bernardo (2003), o papel das contaminações fúngicas e da
presença de micotoxinas nos alimentos destinados a animais de companhia não está
devidamente avaliado em Portugal. Os autores referem à identificação da micoflora e a
presença de micotoxinas em 60 amostras de alimentos secos para animais de companhia de
diferentes marcas, adquiridas em lojas da especialidade, sendo 20 amostras de alimentos para
cães, 20 para gatos, 10 para periquitos e 10 para catatuas. A contagem e identificação dos
agentes fúngicos foram efetuadas por métodos micológicos convencionais, e a pesquisa de
micotoxinas, AFLs, OTA, FB1 e deoxynivalenol (DON) foi efetuada por CLAE. Os limites de
detecção foram: 1,0 μg.kg-1 para AFLs, 2,0 μg.kg-1, OTA 10 μg.kg-1, FB1 e 100 μg.kg-1 para
DON. O nível de contaminação fúngica foi baixa em todas as amostras. O gênero mais
freqüente foi Aspergillus com 58,3 %, seguido de Penicillium e de Mucor ambas em 38,3 %
das amostras positivas. Nenhuma amostra continha AFLs. OTA foi detectada em 5 amostras
(8,3 %) com níveis que oscilaram de 2,0 a 3,6 μg.kg-1. FB1 e DON estavam presentes em três
amostras (5,0 %) com níveis de contaminação de 12,0 a 24,0 μg.kg-1 e 100,0 a 130,0 μg.kg-1,
respectivamente. Estas micotoxinas (OTA, FB1 e DON), foram detectadas apenas em
alimentos para cães. Estes resultados confirmam a presença de flora fúngica e de micotoxinas
em alimentos para animais de companhia, representando um perigo sanitário potencial.
Além disso, para Zwierzchowski et al. (2004), as anomalias do tempo são a causa da
ocorrência cada vez mais freqüente dos derivados do ácido resorcílico (zearalenona, ZON) em
forragens da origem animal. Esta micotoxina induz, no organismo de porcas jovens, efeitos
estrogênicos que levam a prejuízos econômicos nas criações principalmente em se tratando de
animais reprodutores. De acordo com algumas pesquisas os derivados da ZON foram
encontrados nos gêneros alimentícios humanos no mercado de varejo. Portanto, considerou-se
importante analisar as concentrações desta micotoxina em alimentos para cães. Como
resultados deste estudo os autores, em 57 das amostras analisadas 48 estavam contaminadas.
Sabendo dos efeitos tóxicos que as micotoxinas podem desempenhar sobre animais
de companhia, como danos ao fígado, aos rins, ao cérebro e/ou ao aparelho gastrointestinal,
além de interferir na reprodução animal e ser letal em alguns casos. Scussel et al. (2006)
avaliaram no Brasil, um total de 123 amostras para alimentação de animais de companhia,
entre eles: aves, gatos, cães, hamster, cavalos, coelhos, peixes e tartaruga, para as
micotoxinas: AFLs, OTA, ZON e FBs, com o objetivo de determinar a extensão da
95
milho e glúten de 70 %; porém nos alimentos completos avaliadas não foram encontrados
níveis quantitativos das toxinas testadas.
Devido à grande variabilidade de resultados, conclui-se que mais estudos devam ser
realizados para novas discussões referentes às contaminações de alimentos completos e sua
micoflora.
Para Gonzáles, Martinez e Resnik (1997), os cereais presentes nos alimentos para
animais de companhia são boas matrizes para o crescimento de fungos. Porém, Chelkowski
(1991) e Dalcero et al. (2002) afirmam que o processo de extrusão em que os alimentos para
animais de companhia são submetidos permite a diminuição das contagens microbiológicas,
fato este confirmado pela diminuição significativa de contagens de fungos quando o processo
de granulação foi realizado.
Os estudos relacionados com a determinação do potencial toxigênico de fungos
filamentosos em alimentos para animais de companhia são insuficientes. Além disso, de
acordo com os autores supracitados, não existem levantamentos da produção de AFLs
produzidas por estirpes isoladas de A. flavus presentes nesses produtos.
Cabe ressaltar que a identificação de espécies toxigênicas e sua relação com os tipos
de ingredientes utilizados para produção de alimentos e rações é de suma importância. Uma
vez que a determinação do risco da contaminação por micotoxinas pode ser relacionado com a
presença estirpes toxigênicas. Porém, a presença desses fungos não indica a produção e/ou
contaminação obrigatória desses produtos por micotoxinas, mas sim indicativos da
sobrevivência de estirpes aflatoxigênicas e ocratoxigênicas ao processo da manufatura,
(processo de extrusão e pelletização), ou seja, indícios de risco potencial para saúde dos
animais. Além disso, a contaminação por micotoxinas tem sido correlacionada com a
complexa composição dos produtos destinados à alimentação de animais de companhia, por
diversos autores. A presença de grãos e cereais, como milho, sorgo, soja, arroz, aveia,
amendoim, sementes de girassol, produtos derivados de ovo e leite, entre outros, podem
sugerir esta ocorrência (SHARMA; MÁRQUEZ, 2001; HENKE et al., 2001; SCUSSEL et al.,
2006, CAMPOS et al., 2008; SIMÃO et al., 2009). Outros fatores que podem influenciar na
qualidades de alimentos comletos e rações são: os diferentes tipos de comercialização,
armazenamento; a localização regional e clima (umidade relativa do ar) e o conteúdo de
umidade dos ingredientes e produtos acabados (HENKE et al., 2001; ZWIERZCHOSWSKI et
al., 2004; CAMPOS et al., 2008; SIMÃO et al., 2009).
97
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occurrence of mycotoxins in cereals and spices commercialized in Morocco. Food Control,
116
3 ARTIGO
Trabalho submetido para publicação na revista: Journal of Agricultural and Food Chemistry
118
3.1 Resumo
A formulação de alimentos para aves de companhia é uma atividade complexa, uma vez que
envolve ingredientes diversificados bem como aditivos para suprir tanto as necessidades
nutricionais bem como estéticas, como a intensificação da cor de suas plumagens. Neste
contexto, é importante ressaltar o controle de qualidade destes produtos no que diz respeito à
padronização na composição de seus ingredientes, a verificação da presença de substâncias
nocivas à saúde destes animais (corantes artificiais e micotoxinas) e a correta rotulagem. Não
existe legislação nacional e internacional específica para o controle de aditivos e micotoxinas
em alimentos para animais de companhia. Esse trabalho reporta um estudo dos ingredientes e
corantes artificiais nesses alimentos, correlacionando-os com sua toxicidade, proporções dos
Tipos de ingredientes com o risco de contaminação por micotoxinas. Foram coletadas 36
amostras de alimentos para aves de companhia, sendo 26 comercializadas em embalagens
lacradas e 10 à granel. Os corantes artificiais foram extraídos dos ingredientes corados e
identificados por espectroscopia com varredura (300 à 700 nm). Os ingredientes dos
alimentos para aves foram selecionados através de separação (visual) macroscópica e
microscópica e suas respectivas proporções calculadas. Os dados obtidos foram confrontados
com a composição básica relatada nos rótulos e com a legislação vigente. Quanto ao perfil de
corantes foi observado que em 100 % dos ingredientes de cor laranja estava presente o corante
amarelo crepúsculo (E 110), nos amarelos 100% eram corados artificialmente com tartrazina
(E 102). Somente um ingrediente estava corado com azul brilhante (E 133), dos ingredientes
verdes, 50 % eram misturas de corantes tartrazina (E 102) e azul brilhante (E 133), porém
outras misturas coradas foram identificadas. Entre os corantes vermelhos encontrados são
destacados: vermelho 40, azorrubina, ponceau 4R e amaranto. Quanto à indicação no rótulo
da presença de corantes apenas quatro fabricantes relatavam a presença do mesmo, porém não
era especificado qual corante. Os principais ingredientes encontrados nos alimetnso para aves
foram em ordem decrescente: (a) ração (extrusada e/ou peletizada), com biscoito e/ou frutas
(cristalizada e/ou desidratadas), (b) amendoim (com e sem casca), (c) grãos (milho, arroz,
soja, trigo, triticale, triguilho, ervilha e aveia) e (d) outros (farelo de soja e trigo, quirera de
milho e arroz, alpiste, painço). Os ingredientes presentes em maior quantidade foram: ração
extrusada e/ou peletizada, sementes de girassol, milho e amendoim. Como esperado houve
variação na composição dos ingredientes dos produtos de acordo com a especificação
(diferentes espécies de pássaros), sendo muitos deles passíveis de contaminação por
micotoxinas. Do total de alimentos analisados, 36 % apresentaram conteúdo de umidade
acima do permitido (12 %). Este fato aliado à complexa composição dos alimentos completos
pode favorecer o desenvolvimento de bolores, leveduras e contaminação por micotoxinas. Há
necessidade de mais estudos voltados para rações e o mercado pets, tanto quanto a sua
composição, como possível contaminação por micotoxinas, para garantir sua qualidade e
segurança para os animais.
3.2 Introdução
Material
Métodos
Figura 1. Amostras de alimentos para aves de companhia (a) comercializadas embaladas e (b)
acondicionadas à vácuo para estocagem
125
média dos resultados ± o desvio padrão relativo (DPR) e correlacionados com a legislação
específica e com os níveis de garantia relatados nos rótulos.
Análise de corantes
Extração
NATURAIS ARTIFICIAIS
Identificação
Cromatografia Espectrofotometria
Análises:
Conteúdo de umidade
Micotoxinas
Rotulagem
Insetos
em alimentos para animais é uma alternativa para o uso de matérias-primas que não passaram
pelo controle de qualidade para consumo humano.
Já nas amostras comercializadas à granel 60 % continham ração em sua composição,
em proporções que variaram entre 100 e 12,7 %. Quanto à composição dos produtos 40; 40; e
20 % eram mistura de grãos e ração; somente ração extrusada ou peletizada; e apenas um tipo
de grão, respectivamente.
Outros ingredientes que predominavam na composição dos alimentos para aves de
companhia eram amendoim, milho, semente de girassol, arroz, sorgo e frutas desidratadas e
ou cristalizadas.
A Figuras 3 ilustra os Grupos e Tipos de ingredientes e as Tabelas 3 e 4 apresentam
as porcentagens dos ingredientes presentes nos alimentos para aves de companhia por
amostras (comercializadas fechadas e à granel), respectivamente.
Figura 3. Exemplos dos Grupos (Ração, Grãos, Frutas, Semente e Nozes) e Tipos de
ingredientes (grãos de milho, frutas cristalizadas, sementes de girassol, ração extrusada,
amendoim com e sem casca) presentes nos alimentos destinados á aves de companhia
encontrados nos alimentos para aves de companhia foram em ordem decrescente: ração
(extrusada ou peletizada), frutas secas cristalizadas e/ou desidratadas, sementes de girassol,
amendoim e milho. Dependendo da espécie do pássaro, a composição dos ingredientes variou.
Em muitos casos os ingredientes não obedeceram à ordem decrescente reportada na
composição básica presente no rótulo. Cabe salientar que a legislação brasileira menciona
apenas a obrigatoriedade de listar qualitativamente os ingredientes da composição básica,
diferente das legislações americana e européia que especificam a apresentação dos
ingredientes por ordem decrescente. Essa apresentação dos ingredientes é um fator importante
para garantir a qualidade do produto, principalmente no que diz respeito à qualidade
nutricional.
Foi observado que nas amostras comercializadas à granel, as proporções de
ingredientes não correspondiam quando comparadas as comercializadas em embalagem
fechada. Isso pode ser explicado pelo fato que na venda de produtos à granel a distribuição
dos ingredientes não se dá de forma homogênea. Cabe ressaltar, que este tipo de atividade
pode provocar equívocos quanto a quantidade de nutrientes ou qualidade nutricional do
produto, o que pode colocar a saúde dos animais a que se destinam em risco.
Quanto ao perfil de ingredientes foi observado neste estudo, que já existe uma
preocupação maior em complementar a alimentação de aves de companhia de estimação, a
qual antigamente era baseada somente em grãos e frutos. Foi verificado que o mercado de
produtos para animais de companhia continua em expansão e dessa forma os investimentos
em novos produtos e tecnologias tem aumentado. As grandes empresas têm apresentado como
diferencial competitivo o uso de novos ingredientes e aditivos, embalagens tecnologicamente
mais desenvolvidas (mais resistentes, atmosfera controlada) e processos de fabricação mais
complexos (extrusão, peletização versus mistura) com objetivo de garantir a qualidade e
segurança de seus produtos. Porém no caso dos produtos para aves de companhia ainda há o
predomínio da comercialização de produtos compostos por misturas de grãos e frutos.
Foi observado que existe uma grande variação quanto a composição básica dos
alimentos destinados à aves de companhia e este fato está ligado a variação de cada espécie a
que se destina o alimento. Embora a complexa formulação das rações seja um fator positivo
para o aumento da qualidade nutricional para os animais, a má qualidade dos ingredientes
pode ser um risco para a saúde desses, logo se entende que o desequilíbrio entre as
formulações, a contaminação dos ingredientes e a adição indiscriminada de aditivos são
fatores de risco para a segurança alimentar desses produtos.
132
Tabela 3. Determinação das porcentagens dos diferentes Grupos e Tipos de ingredientes utilizados nos alimentos para aves de companhia -
amostras fechadas
Ingredientes Porcentagem (%)
Grupo Tipo n° amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
RAÇÃO
Extrusada
NP 8,8 100 7,6 8,9 100 45,9 21,9 18,7 NP NP 6,4 30,3 51,7 27,2 20,3 4,3 44,3 27,5 100 NP 100 NP NP NP 81,1
ou pelletizadaa
GRÃOS
Alpiste NP NP NP NP NP NP NP 7,2 4,7 NP NP NP NP NP NP NP NP 20,0 NP NP NP NP NP NP NP NP
Arrozc NP 5,9 NP 12,4 8,5 NP NP 6,2 8,2 0,5 1,0 3,0 8,4 NP 1,4 NP 5,5 8,4 2,8 NP NP NP NP NP NP NP
Aveia NP NP NP NP NP NP NP 8,3 18,2 3,0 1,1 9,0 0,7 NP 4,1 13,2 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Canjica NP 7,2 NP 4,8 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 6,7 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Cártamo NP NP NP NP NP NP NP 6,2 8,2 2,5 NP NP NP 0,8 1,4 NP NP NP 3,4 NP NP NP NP NP NP NP
Cevada NP NP NP 5,4 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 6,1 1,1 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Colza NP NP NP NP 0,4 NP NP 1,0 2,3 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Ervilha NP NP NP 2,7 3,8 NP NP 2,1 1,2 2,5 1,6 NP 0,6 6,2 4,5 NP 7,3 NP 11,7 NP NP NP NP NP NP NP
Milhob NP 20,7 NP 18,8 21,8 NP 0,9 3,1 3,5 23,7 17,9 8,6 12,3 6,6 8,9 6,1 12,2 NP 2,1 NP NP NP NP NP NP NP
(a) branco NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP- NP 100 NP NP NP 25 NP
(b) vermelho NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 4,7 NP NP NP NP NP NP NP 100 NP 25 NP
Painço
(c) verde NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 100 25 NP
(d) preto NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 4,8 NP NP NP NP NP NP NP NP NP 25 NP
Soja NP NP NP NP 1,7 NP NP NP NP NP NP 3,1 NP 2,3 NP 0,7 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Sorgo NP NP NP NP 2,9 NP NP 7,2 17,5 3,5 2,2 9,6 30,3 NP 9,5 10,2 1,7 7,4 7,4 NP NP NP NP NP NP NP
Triticale c/ cascab NP 5,6 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 3,6 NP NP NP NP NP NP NP
s/ cascab NP NP NP NP 2,1 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 3,4 NP NP NP NP NP NP NP
Triguilho/trigo NP 5,5 NP 5,4 NP NP NP 9,3 10,5 3,5 3,3 6,7 NP NP NP 2,7 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Trigo sarraceno NP NP NP 11,3 NP NP NP NP NP NP NP 4,4 NP NP NP 0,9 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
FRUTAS
c Cristalizadas 36,4 NP NP NP 2,1 NP 20,1 7,7 1,8 NP NP 2,8 1,3 3,1 NP 3,4 6,0 7,9 8,8 NP NP NP NP NP NP 16,5
Desidratadasc 40,7 NP NP NP NP NP 20,2 7,8 1,7 NP 5,7 NP NP NP 3,4 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 2,4
SEMENTES
Girassola NP 34,3 NP 25,8 37,9 NP NP 5,2 7,0 46,5 47,3 31,2 0,6 19,3 12,3 25,7 41,1 3,3 11,9 NP NP NP NP NP NP NP
Tomate NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Abóbora NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 1,1 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
NOZES
Amendoim c/
NP NP NP 5,9 1,7 NP NP 3,1 NP 3,0 10,9 9,5 0,6 5,4 6,8 3,4 11,2 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
cascaa
s/ casca a NP 10,8 NP NP 3,4 NP NP NP 1,8 7,1 5,4 3,7 NP NP NP 7,4 3,2 2,5 2,4 NP NP NP NP NP NP NP
Castanha-do-Brasil c/
cascaa 22,9 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP 0,6 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
de caju
OUTROS
Biscoito NP NP NP NP NP NP NP 4,1 2,3 3,0 2,7 0,7 0,7 3,9 0,7 1,4 NP NP 6,18 NP NP NP NP NP NP NP
Adsorvente de micotoxinas NP NP NP NP 5,1 NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Matérias estranhas e/ou outros NP 1,20 NP NP NP NP 12,8 NP NP 1,0 0,5 1,1 14,2 0,8 3,4 3,7 2,2 6,5 4,8 NP NP NP NP NP NP NP
a Passível de contaminação por AFLs b Passível de contaminação por FBs, ZON c Passível de contaminação por OTA, PTL NP ingredientes não presente na amostra avaliada
133
Tabela 4. Determinação das porcentagens dos diferentes Grupos e Tipos de ingredientes utilizados nos
alimentos para aves de companhia - amostras à granel
Ingredientes Porcentagem (%)
Grupo Tipo n. amostra 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
RAÇÃO
Extrusada ou
12,7 60,6 42,9 37,5 NP NP NP NP 100 87,4
pelletizadaa
GRÃOS
Alpiste NP 7,5 NP NP 100 NP NP NP NP NP
Arrozc 1,0 10,4 8,5 10,1 NP NP NP NP NP NP
Aveia NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Canjica NP NP 2,8 2,7 NP NP NP NP NP NP
Cártamo NP NP NP 2,4 NP NP NP NP NP NP
Cevada NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Colza NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Ervilha NP NP 4,4 5,6 NP NP NP NP NP NP
Milhob 8,9 NP 7,8 10,2 NP NP NP NP NP NP
(a) branco NP NP NP NP NP 100 NP NP NP NP
(b) vermelho NP NP NP NP NP NP 100 NP NP NP
Painço
(c) verde NP NP NP NP NP NP NP 100 NP NP
(d) preto NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Soja NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Sorgo 0,6 2,1 6,1 7,8 NP NP NP NP NP NP
Triticale c/ cascab NP Np NP NP NP NP NP NP NP NP
s/ cascab NP Np NP NP NP NP NP NP NP NP
Triguilho/trigo 0,7 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Trigo sarraceno NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
FRUTAS
Cristalizadasc 3,6 4,4 6,9 5,1 NP NP NP NP NP 7,4
Desidratadasc 6,8 NP 0,9 0,9 NP NP NP NP NP 1,4
NOZES
Amendoim c/
10,7 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
cascaa
s/ cascaa 14,3 1,7 7,2 6,7 NP NP NP NP NP NP
Castanha-do-Brasil c/casca a
NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
de caju
SEMENTES
Girassola 33,1 4,2 8,7 7,2 NP NP NP NP NP NP
Tomate NP NP 1,4 0,4 NP NP NP NP NP NP
Abóbora 0,1 NP NP NP NP NP NP NP NP NP
OUTROS
Biscoito 6,8 NP 1,1 2,2 NP NP NP NP NP 3,8
Adsorvente para micotoxinas NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP
Matérias estranhas e/ou outros 0,7 9,1 1,3 1,5 NP NP NP NP NP NP
a Passível de contaminação por AFLs; b Passível de contaminação por FBs, ZON; c Passível de contaminação por OTA, PTL;
Quadro 2. Ingredientes corados presentes nos alimentos para aves de companhia e seus
respectivos códigos – identificação visual
Ingredientes corados
Tonalidades (código das amostras)
Grupo Tipo Formato Cores
RAÇÃO
Extrusada ou peletizada
Tuboa Verde 5 (3) 30 (2)
Amarelo 6 (3)
Amarelo/caramelo 24 (12,16)
Amarelo/caramelo 25 (5)
Vermelho 7 (3) 31 (2) 39(19, 20)
Vermelho/ bordô 32 (17, 22)
Redonda Verde 9 (14) 27 (7, 9) 41 (19, 20)
Amarelo 42 (19, 20, 28) 45 (22) 52 (36)
Laranja 10 (14) 28 (9) 46 (21, 28) 56 (36)
Vermelho 11 (14) 26 (7) 29 (9) 40 (19, 20) 48 (22) 49 (24) 50 (36)
Tubob Verde 20 (12) 38 (17, 18) 55(35)
Amarelo 21 (12) 33 (17, 18) 57 (21, 28)
Laranja 22 (12) 36 (17, 18, 22)
Vermelho 23 (12, 16)
Amarelo 2 (8, 9, 12, 15, 16) 13 (10, 11) 34 (17,18, 22) 53 (35)
Laranja 3 (8, 9, 12, 15, 16) 14 (10, 11) 37 (17, 20) 54 (35)
Vermelho 4 (8, 9, 12, 15, 16) 15 (10, 11) 44 (17, 21) 51 (35)
Azul 16 (10, 11)
Vermelho/ rosa 43(21, 35)
OUTROS
Adsorvente de micotoxinas
Circular Laranja 8 (5)
Biscoito
Lascas Verde 1 (8, 9, 12, 15, 16) 12 (10, 11) 47 (17, 21, 23)
Amarelo 2 (8, 9, 12, 15, 16) 13 (10, 11) 34 (17,18, 22) 53 (35)
Laranja 3 (8, 9, 12, 15, 16) 14 (10, 11) 37 (17, 20) 54 (35)
Vermelho 4 (8, 9, 12, 15, 16) 15 (10, 11) 44 (17, 21) 51 (35)
Azul 16 (10, 11)
Vermelho/ rosa 43(21, 35)
Pipoca
Característico Verde 17 (16)
Amarelo 18 (16)
Vermelho 19 (16)
a – peletizada menor de 1 cm até 2 mm b – extrusada menor que 3 cm até 5 mm
Quadro 3. Diversidade e número de cores dos ingredientes ccorados presentes nos alimentos
para aves de companhia - identificação visual
Amostras c/ ingredientes corados No. de cores por ingrediente
Embalagem No. da amostra Amarelo Azul Laranja Verde Vermelho
Empacotadas
2 AC AC AC
3 AC AC
5 AC AC AC AC
7 AC AC AC
8 AC
9 AC
10
11
12 AC
14 AC AC
15 AC
16 AC
18 AC AC
20 AC
22 AC AC
24 AC AC AC AC
28 AC AC AC AC
36 AC AC
À granel
17 AC
19 AC AC
21 AC
23 AC AC AC
35 AC
- número de diferentes tonalidades/intensidades da mesma cor ()1 tom () 2 tons () 3 tons AC – ausência de cor
a - os códigos das amostras que não constam nesta listagem é devido a ausência de ingredientes corados
Corantes artificiais: Dos ingredientes corados que continham algum tipo de corante
(naturais e/ou artificiais) foi possível extrair 58 subamostras (extratos). Este número foi
obtido, pois em muitos casos, uma mesma amostra apresentava até cinco cores diferentes e
ainda em diferentes subtipos de ingredientes. Na Tabela 5 são indicados os valores de λmáx.
(nm) para a leitura dos padrões utilizados, bem como detalhes relativos à toxicidade dos
corantes artificiais.
Os corantes podem gerar diversos efeitos tóxicos (Tabela 5) perante a saúde dos
animais, entretanto existe dificuldade em correlacionar estes efeitos com os sintomas
apresentados, uma vez que esses são inespecíficos. De acordo com Polônio e Peres (2009),
para avaliar os riscos e efeitos tóxicos que os aditivos alimentares representam para a saúde
humana e animal, todas as possíveis variantes (exposição, espécie, presença de outros
contaminantes, fatores genéticos, entre outros) devem ser observadas. E este fato é que
dificulta a eficaz identificação dos fatores ou agentes causadores de uma intoxicação ou
137
doença.
granel. Os corantes naturais encontrados nos ingredientes para aves de companhia foram
clorofila, carotenos e o caramelo, presentes em três (5, 21 e 24) amostras. Estes compostos
foram identificados, a partir das características observadas nas reações de extração tanto por
adição de hidróxido de amônio como acetato de amônio. Foi verificado a instabilidade dos
pigmentos frente à mudança de pH. Quando utilizado o método Arata (cromatografia de
papel), não foi observado o desprendimento do corante da lã natural com adição de ácido.
Logo, foi observado que os corantes mais utilizados são artificiais. Poucas amostras
apresentaram corantes naturais. Os corantes artificiais eram aqueles permitidos na legislação
brasileira, porém em algumas amostras não foi identificado os corantes presentes. Não
existem estudos similares para correlacionar os dados encontrados, e os estudos toxicológicos
ainda são escassos. Para alimentação humana já existe uma maior preocupação com o uso
abusivo de corantes, porém não é o ocorre para a alimentação animal.
Avaliação da rotulagem dos alimentos para aves de companhia produzidos nas Regiões Sul
e Sudeste do Brasil
utilização novas tecnologias, como por exemplo, embalagens com vácuo, aluminizados, em
plásticos mais rígidos, e com dispositivos de abre e fecha que ajudam na melhor conservação
do alimento mesmo após a comercialização e abertura dos produtos. Porém é importante
ressaltar que a comercialização de produtos à granel coloca em risco a qualidade dos
produtos, uma vez que não se pode controlar todos os fatores extrínsecos que os mesmos são
submetidos na comercialização. Este fato aliado ao decréscimo da qualidade pode agravar
riscos à saúde e bem estar dos animais de companhia.
conteúdo de umidade acima do preconizado pela legislação. Sendo que das 26 amostras
fechadas, 8 (30,8 %) estavam irregulares e das 10 avulsas 5 (50 %) estavam com a umidade
acima dos limites preconizados pela legislação para alimentos destinados para aves de
companhia, ou seja, acima de 12 % (BRASIL, 2003). Alguns rótulos inclusive colocavam os
níveis de garantia acima deste. Este fato aliado a composição complexa, pode ser fator
determinante para a contaminação por micotoxinas.
Micotoxinas: No presente estudo, todas as amostras apresentaram contaminação por
AFLs, OTA, ZON ou FBs abaixo dos LOQs, ou seja, menores que 100; 100; 200; 250; 100;
80 ng.kg-1 e 5 µg.kg-1 para AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, OTA, ZON e FB1, respectivamente.
Estes dados são corroborados com os obtidos por Scudamore et al. (1997), Maia e Pereira
Bastos de Sequeira (2002), Martins, Martins e Bernardo (2003) e Campos et al. (2008), nos
quais foram encontradas nenhuma ou baixas freqüências de contaminação por micotoxinas
em amostras de alimentos completos secos (conteúdo de umidade < 12 %) para animais de
companhia (pássaros). Scudamore et al. (1997) e Maia e Pereira Bastos de Sequeira (2002)
verificaram que as amostras que continham amendoins em sua composição foram as que
apresentaram contaminação por AFLs. Já Campos et al. (2008) verificaram que os
ingredientes baseados em milho e sorgo eram os que apresentavam maior frequência e
quantidade de AFLs.
Em contrapartida, Henke et al. (2001) e Scussel et al. (2006) encontraram em seus
estudos elevada freqüência e níveis de contaminação por micotoxinas como AFLs, OTA, FBs
e ZON, em alimentos para aves de estimação. Os autores também correlacionaram
contaminação por estas substâncias com a presença de ingredientes como amendoim e milho.
Embora, no presente estudo, os níveis de toxinas não fossem quantificáveis, foi
observado que amendoim, milho, sementes de girassol, frutas desidratadas e cristalizadas
estavam presentes na composição dos alimentos para aves de companhia em grande
proporção. A contaminação por micotoxinas tem sido correlacionada com a complexa
composição dos produtos destinados à alimentação de animais de companhia, por diversos
autores. A presença de grãos e cereais, como milho, sorgo, soja, arroz, aveia, amendoim,
sementes de girassol, produtos derivados de ovo e leite, entre outros, podem sugerir esta
ocorrência (HENKE et al., 2001; SCUSSEL et al., 2006, CAMPOS et al., 2008; SIMÃO et
al., 2009). Além disso, os diferentes tipos de comercialização, armazenamento, localização
regional e clima (umidade relativa do ar) e conteúdo de umidade dos ingredientes e produtos
acabados são fatores que podem influenciar na qualidade de rações (HENKE et al., 2001;
ZWIERZCHOWSKI et al., 2004; CAMPOS et al., 2008; SIMÃO et al., 2009).
143
Tabela 7. Conteúdo de umidade das amostras de alimentos para pássaros comercializados embalados e à granel
Alimentos para aves de companhia
Conteúdo de umidade Micotoxinas (ng.kg-1)
Amostra n. Média Mína. Máxb. DPRd AFLse
DPc OTAf FB1g ZONh
(%) (%) (%) (%) AFB1 AFB2 AFG1 AFG2 ƩAFLs
Amostras empacotadas
1 20,84 20,38 21,11 0,41 1,95 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
2 9,96 9,38 10,98 0,89 8,92 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
3 11,63 11,45 11,76 0,16 1,41 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
4 10,99 10,71 11,18 0,25 2,29 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
5 9,44 9,13 9,79 0,33 3,53 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
6 10,03 10,02 10,03 0,01 0,09 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
7 15,39 15,30 15,48 0,09 0,58 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
8 11,28 11,00 11,79 0,45 3,96 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
9 11,41 11,06 11,73 0,34 2,95 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
10 10,79 9,76 11,63 0,95 8,81 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
11 10,09 8,52 12,32 1,98 19,67 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
12 11,76 11,20 12,17 0,50 4,25 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
13 12,39 11,97 12,99 0,54 4,34 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
14 10,26 9,95 10,85 0,51 4,99 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
15 10,66 10,32 10,86 0,30 2,77 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
16 11,18 10,88 11,15 0,32 2,85 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
18 12,26 10,62 14,27 1,85 15,09 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
20 10,84 10,29 11,65 0,72 6,62 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
22 11,95 11,12 12,99 0,95 7,98 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
24 6,28 6,24 6,33 0,05 0,73 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
26 11,58 12,61 12,88 0,19 1,62 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
28 9,09 8,95 9,23 0,14 1,59 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
30 13,05 13,26 13,55 0,21 1,58 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
32 12,37 12,34 12,38 0,02 0,17 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
34 13,05 12,99 13,14 0,08 0,58 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
36 12,36 11,10 13,06 1,09 8,86 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
Amostras à granel
17 10,67 9,17 12,27 1,55 14,54 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
19 11,58 11,06 12,03 0,49 4,24 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
21 11,56 10,93 12,68 0,97 8,40 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
23 11,14 10,65 11,60 0,48 4,26 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
25 13,25 13,26 13,64 0,27 2,02 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
27 12,99 12,85 13,14 0,15 1,15 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
29 13,26 13,17 13,38 0,11 0,86 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
31 12,99 12,92 13,07 0,08 0,59 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
33 10,43 10,39 10,49 0,05 0,48 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
35 13,65 12,38 14,53 1,12 8,23 < 100 < 100 < 200 < 250 < 650 < 100 < 5000 < 80
a = valor mínimo b = valor máximo c = Desvio Padrão d = Desvio Padrão Relativo e = Aflatoxinas f = Fumonisinas g = Ocratoxina A h = Zearalenona LOD e LOQ foram: 34 e 100; 34 e 100; 67 e 200; 83 e 250; 34 e 100; 27 e
80 ng.kg-1 e 1,7 e 5 µg.kg-1 para AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, OTA, ZON e FB1, respectivamente
144
3.5 Conclusão
AAFCO. Association of American Feed Control Officials. Feed Inspector’s Manual. 2 ed.
AAFCO/Inspection and Sampling Committee, May 1, 2000.
BOERMANS, H. J.; LEUNG, M. C. K. Micotoxinas and the pet food industry: Toxicological
evidence and risk assessment. International Journal of Food Microbiology, v. 119, n. 1 e 2,
p. 95-102, Oct. 2007.
BRASIL, 2005. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz:
métodos químicos e físicos para análise de alimentos. São Paulo:Secretaria de Estado da
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CARCIOFI, A. C.; VASCONCELLOS, R. S.; BORGES, N. C.; MORO, J. V.; PRADA, F.;
FRAGA, V. O.Composição nutricional e avaliação de rótulo de rações secas para cães
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Zootecnia, v. 58, n. 3, p. 421-426, 2006
PCHRG. PUBLIC CITIZEN HEALTH RESEARCH GROUP. Dyes in your food. The
American Academy of Pediatrics Committed on Drugs in Pediatrics: October, 1985.
148
SCUSSEL, V. M.; GIORDANO, B. N. E.; SIMAO, V.; da ROCHA, M. W.; dos REIS, L. F.
C.; XAVIER, J. J. M. Mycotoxins evaluation in feed for pets using tandem liquid
chromatography mass/mass. In: 9th INTERNATIONAL WORKING CONFERENCE ON
STORED PRODUCT PROTECTION, 2006, Campinas: Proceedings… Campinas:
ABRAPOS, 2006. v. 1. p. 182-188.
4 ARTIGO
Artigo submetido para publicação na revista: Journal of Agricultural and Food Chemistry
150
4.1 Resumo
A contaminação por fungos e micotoxinas em rações para animais de produção têm sido
extensivamente estudada. No entanto, um nicho tem chamado atenção diferenciada
atualmente é: o mercado de alimentos para animais de companhia. Neste trabalho, foi
enfatizado um grupo de animais que não tem recebido a necessária atenção em se tratando da
contaminação de seus alimentos por fungos e micotoxinas: as aves de companhia (silvestres e
exóticas). Espécies de aves de companhia silvestres têm sido consideradas animais de
companhia, uma vez que em países como Estados Unidos a prática de atrair e alimentar aves
em quintais e jardins de residências é comum (HENKE et al., 2001). O objetivo deste estudo
foi verificar a contaminação de alimentos para aves de companhia quanto à contaminação por
bolores, leveduras e micotoxinas. Foram coletadas 36 amostras de alimentos completos ou
misturas de grãos para aves (sabiá, curió, trinca-ferro, papagaio, pássaro-preto, calopsitas,
entre outros) produzidas em diferentes regiões brasileiras. Estes produtos foram adquiridos
em supermercados, agropecuárias e lojas especializadas neste tipo de alimento nas cidades de
Belo Horizonte, Florianópolis, Passo Fundo, nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, respectivamente. A contagem total de bolores e leveduras foi realizada
utilizando métodos e meios de cultura convecionais. Já para determinação da micobiota
toxigênica foi utilizado meio diferencial ágar Aspergillus flavus e A. parasiticus. Para a
análise das micotoxinas foi utilizado o método de multi-toxinas (AFB1, AFB2, AFG1, AFG2,
OTA, ZON e FB1) por cromatografia líquida e detecção massa/massa (LC-MS/MS). As fontes
de ionização foram por: electrospray e química à pressão atmosférica. Os limites de detecção
(LOD) e quantificação (LOQ) para AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, OTA, ZON e FB1 foram: 34 e
100; 34 e 100; 67 e 200; 83 e 250; 34 e 100; 27 e 80 ng.kg-1 e 1,7 e 5 µg.kg-1,
respectivamente. A contagem média de bolores e leveduras foi 1,1 x 105 UFC/g, (mín. 4,5 x
102 e máx. 6,6 x 105). Foi observado que 75 % das amostras apresentaram contagem acima de
1 x 104 UFC/g, padrão este, preconizado pelo GMP (2007). Como esperado, as amostras
comercializadas à granel foram as que apresentaram maior contagem (mín. 7,5 x 103 e máx.
4,5 x 105), esse fato possivelmente está relacionado ao tipo e condições de armazenagem a
que as amostras são submetidas. Como esperado, houve uma correlação entre os conteúdos de
umidades e a contagem de bolores e leveduras, sendo que as amostras com menor
porcentagem de umidades foram as que apresentaram também menor contagem total de
bolores e leveduras. Houve crescimento de colônias leveduriformes em 44,4 % das amostras
valiadas de alimentos para aves de companhia. Os gêneros de fungos filamentosos
encontrados foram Aspergillus e Cladosporium ambos em 47,2 % das amostras, seguido de
Mucor e Penicillium 38,9 e 27,8 %, respectivamente. Do total de amostras analisadas, 22,2 %
apresentaram crescimento de estirpes toxigênicas de Aspergillus. As espécies identificadas
foram: A. flavus, A. parasiticus, A. niger e A. ochraceus. Embora, as amostras analisadas
contivessem em sua composição ingredientes passíveis de contaminação por micotoxinas
como: ração (69,4 %), amendoim (52,8 %), milho (50 %), frutas desidratadas e cristalizadas
(55,6 %), semente de girassol (52,8 %), nenhuma amostra apresentou contaminação acima
dos LOQs para AFLs, OTA, FBs ou ZON.
Paravras-chave: aves de companhia, micobiota, fungos toxigênicos, micotoxinas, LC-
MS/MS,
151
4.2 Introdução
beterraba), cereais (milho, sorgo e arroz), e/ou carne (galinha, carne, peru e peixes), gordura,
vitaminas e minerais, sendo que durante sua fabricação, ele pode ser contaminado com os
esporos de fungos especialmente quando os grãos dos cereais são moídos e o alimento é
granulado (SUÁREZ, 1999). Além disso, esses alimentos podem conter quantidades
concentradas de toxinas (SCUDAMORE; NAWAZ; HETMANSKI, 1998; BOERMANS;
LEUNG, 2007).
No caso dos alimentos para aves de companhia, uma grande variedade de grãos de
cereais e nozes é encontrada em sua composição e ainda são poucos os estudos específicos
para esta classe de animais.
A maioria das toxinas, principalmente AFLs, FBs e OTA são estáveis nas
circunstâncias normais da manufatura de produtos alimentares, inclusive aos processos que
envolvem altas temperaturas (extrusão e peletização). Conseqüentemente, as toxinas presentes
na matéria-prima contaminada permanecerão no produto final mesmo após seu processamento
(CAMPOS et al., 2008). Logo, os órgãos reguladores devem se preocupar em garantir aos
consumidores a qualidade destes produtos quanto à presença de micotoxinas como AFLs,
OTA, FBs e ZON (BOERMANS; LEUNG, 2007; SIMÃO; SCUSSEL, 2008). A toxicidade
das micotoxinas está associada a efeitos como: icterícia, hepatite, câncer hepático
(hepatotoxicidade), letargia, depressão, (AFLs), teratogênico, imunossupressão,
nefrotoxicidade (nefrocarcinogênico) (OTA), estrogênicos, infertilidade (ZON), câncer
hepático e renal (FBs) (NEWBERNE; BUTLER, 1969; RAZZAZI et al., 2001; HUSSEIN;
BRASEL, 2001; LEUNG; DIAZ-LLANO; SMITH, 2006). No Brasil a legislação vigente
para os limites máximos de resíduos (LMR) permitidos para micotoxinas abrange apenas a
contaminação por AFLs (50 µg.kg-1) em ingredientes e rações para animais em geral (FAO,
2004). Logo, este regulamento não observa a especificidade dos efeitos tóxicos em cada
espécie de animal, além disso, não abrange outras micotoxinas que podem acarretar
importantes prejuízos econômicos aos agricultores, às indústrias produtoras de alimentos e
rações, e à saúde dos animais. Em outros países como, Estados Unidos e na União Européia, a
legislação já regulamenta os LMRs para outras micotoxinas como ZON, OTA, FBS, (0,5 a 3;
0,05 a 0,25; e 5 a 60 mg.kg-1, respectivamente) entre outras, entretanto essas regulamentações
são mais específicas para cada espécie de animal (EC, 2006).
Em se tratando de animais de companhia, ainda não existe legislação oficial mundial
que regulamente a contaminação por micotoxinas, porém algumas associações como ANFAL-
PET (Brasil) e AAFCO (EUA), recomendam valores para AFLs (20 µg.kg-1) (BRITO, 2009;
AAFCO, 2000).
153
Embora muitos estudos e dados existam para aves de corte, poucos são os relatos da
influência de fungos e micotoxinas na alimentação para aves de companhia. Considerando
este fato, e as condições climáticas do Brasil bem como, a maior suscetibilidade das aves aos
efeitos tóxicos das micotoxinas, foi realizado um estudo para avaliar a micobiota, sua possível
toxigenicidade e a contaminação por micotoxinas em alimentos para papagaios, trinca-ferro,
pássaro preto, sabiá, calopsitas, curió, mandarim, entre outros.
Material
Métodos
COLETA
PREPARO
Empacotada À granel
Gravimetria
Extração
Contagem total
LC – MS/MS
Figura 1. Fluxograma do estudo da contaminação de alimentos para aves de companhia por fungos e micotoxinas
157
Os LOD e LOQ foram: 34 e 100; 34 e 100; 67 e 200; 83 e 250; 34 e 100; 27 e 80 ng.kg-1 e 1,7
e 5 µg.kg-1 para AFB1, AFB2, AFG1, AFG2, OTA, ZON e FB1, respectivamente. Nota: padrão
de FB2 não foi detectado pelo método possivelmente por sua degradação na etapa de
transporte.
Análise estatística. Os dados foram tabulados e analisados por meio de análise estatística
descritiva, utilizando como instrumento programa ANOVA e teste de Tukey. Foi considerada
diferença significativa com valor p< 0,05.
Testes Micológicos.
Contagem total de bolores e leveduras. A contagem média de bolores e leveduras foi 1,1 x
105 UFC/g de alimento para aves de estimação (mín. 4,5 x 102 e máx. 6,6 x 105). As normas
para boas práticas de fabricação de alimentos (BPF) ou good manufacturing pratices (GMP)
159
reportam que contagens de até 1 x 104 UFC/g indicam boas condições higiênico sanitárias dos
produtos (BRASIL, 2001; GMP, 2007), desta forma foi observado que 69,4 % das amostras
estavam com níveis acima deste valor. Foi observado também que as amostras
comercializadas à granel foram as que apresentaram maior contagem, sendo que 90 % delas
estavam acima de 1 x 104 UFC/g. Já nas comercializadas empacotadas 61,5 % estavam acima
deste valor.
Das 26 amostras comerciais fechadas 10 apresentavam contagem de bolores e
leveduras abaixo ou igual a 104 UFC/g, sendo que destas 4 eram de SP, 2 de MG; 3 de SC; 1
do PR. Dos produtos que apresentaram boas condições higiênico-sanitárias, 40; 30; 20 e 10 %
eram compostos por somente ração extrusada ou peletizada; mistura de grãos e ração; só um
tipo de grão e mistura de grãos e frutas, respectivamente. Das 16 amostras que indicavam
níveis de bolores e leveduras acima de 104 UFC/g, 11 apresentaram contagem intermediária
(104 – 105 UFC/g), o que de acordo com Santos et al. (2000) e Andriguetto et al. (1990)
podem ser considerados níveis aceitáveis de contaminação para alimentos destinados à
animais. Dessas amostras, 4; 4; 2; 1 eram originárias de SC; SP; MG e RS, sendo que 54,5 %
eram compostas de mistura de grãos e ração; 27,3 % só de mistura de grãos com ou sem frutas
e 18,2 % só um tipo de grão. Já das 5 amostras que apresentaram contagem de bolores e
leveduras a níveis inaceitáveis (> 105 UFC/g), 3; 1 e 1 eram de SP; SC e RS, respectivamente
e eram compostas principalmente por misturas de grãos com ou sem frutas; mistura de grãos e
ração e ração com frutas. Outro fato observado foi que algumas das amostras que
apresentaram maior contaminação por fungos estavam infestadas por insetos, e já
apresentavam odor de rancidez.
Das 10 amostras comercializadas à granel apenas uma (mistura de grãos e ração)
apresentava contagem boa de bolores e leveduras (< 104 UFC/g) sendo esta, do estado de SP.
Todas as outras amostras eram comercializadas em agropecuárias de SC e sua composição era
principalmente de apenas um tipo de grão, seguida de mistura de grãos e ração e ração com ou
sem adição de frutas. A venda de alimentos para aves de companhia à granel foi uma prática
observada principalmente em SC. Das 9 amostras com valores de contagem acima de 104
UFC/g, 5 apresentaram contagem intermediária ou aceitável (104 – 105 UFC/g) e 4
inaceitável. Foi verificado que apenas uma nas amostras à granel que continha umidade baixa
apresentou níveis elevados de bolores e leveduras. Este fenômeno pode ser justificado por se
tratar de uma amostra de composição complexa (mistura de grãos) e também pelo alto desvio
padrão e desvio padrão relativo (DP e DPR - grande variabilidade) encontrado para o
conteúdo de umidade desta amostra.
160
No presente estudo foi observado que os alimentos compostos por rações extrusadas
ou peletizadas apresentaram contagem menor que os alimentos compostos por mistura de
grãos. Portanto as amostras que apresentaram pior qualidade eram compostas por misturas de
grãos (com ou sem adição de ração ou frutas) ou ainda somente um tipo de grão e eram
comercializadas e produzidas no estado de SC .
Do total de amostras coletadas (36), cerca 36 % apresentavam conteúdo de umidade
acima do preconizado pela legislação. Sendo que das 26 amostras fechadas, 30,8 % estavam
irregulares (<12 %) - limites preconizados pela legislação para alimentos completos secos -
(BRASIL, 2003; EC 2003; 2006). Como esperado, foi verificado que o conteúdo de umidade
foi maior nas amostras comercializadas à granel (10 amostras - 50 % <12 %). Além disso, foi
verificada uma correlação entre os conteúdos de umidades, a composição das amostras e a
contagem de bolores e leveduras, sendo que as amostras com menores conteúdos de umidades
eram aquelas processadas utilizando técnicas como extrusão ou peletização (perdem umidade
durante processo) e foram as que apresentaram menores níveis de bolores e leveduras.
Algumas observações foram realizadas durante os experimentos. (a) 5 amostras com
conteúdos de umidade relativamente altos (20,8 - 12,4 % com média de 15 %) tiveram
contagens baixas (mín. 2,5 x 103 e máx. 4,0 x 104 com média de 1,9 x 104 CFU/g). Este fato
pode estar relacionado com a composição dos produtos, bem como com tipo de
processamento e de embalagem utilizada para armazenagem (2 eram só um tipo de grão, 2
estavam em embalagem aluminizada, com várias camadas e a vácuo, e 2 eram mistura de
grãos com frutas cristalizadas ou desidratadas as quais geralmente tem teor de umidade
maior); (b) nas amostras comercializadas empacotadas com maiores contagem de bolores e
leveduras (> 105 UFC/g), os conteúdos de umidade não eram altos, porém DP e DPR
variaram muito. Este fato pode ser explicado pela composição das amostras que eram em 80
% misturas de grão com adição ou não de frutas e rações, além disso, algumas dessas
amostras apresentavam infestação por insetos e odor característico de rancidez; (c) das 10
amostras comercializadas à granel 6 possuíam produto idêntico comercializado em
embalagem lacrada, foi observado que destas 83,3 % apresentaram contagem maior se
comparadas com as comercializadas fechadas. Isso ocorre, pois esta prática permite que os
alimentos fiquem expostos as intempéries climáticas e modificações atmosféricas.
A presença de um conteúdo de umidade elevado pode colaborar com o decréscimo
da qualidade do produto (p. ex. permite a proliferação de microorganismos e possivelmente
contaminação por toxinas) e acarretar prejuízos a saúde animal. Este fato aliado a composição
complexa (p. ex. grãos, substratos passíveis de contaminação) podem ser fatores
161
e Fusarium, para bovinos, suínos e aves domésticas (ABARCA et al., 1994). Para aves
domésticas e aves selvagens (silvestres), Scudamore et al. (1997) identificaram como gêneros
fúngicos Penicillium, Eurotium e Aspergillus. Dentre as espécies com maior prevalência em
alimentos no gênero Aspergillus, apareceram A. flavus, A. niger e A. terreus e no gênero
Mucor as principais espécies foram: M. racemosus, M. plumbeus e M. globosus. Além disso,
Martins, Martins e Bernardo (2003) identificaram a micoflora em 20 amostras de alimentos
para aves de companhia, sendo 10 para periquitos e 10 para catatuas. Os gêneros mais
freqüentes foram Aspergillus (58,3 %), Penicillium e Mucor (38,3 %). A espécie de
Aspergillus mais freqüente foi a de A. niger encontrada em 10,0 % para aves de companhia.
No estudo realizado por Campos et al. (2008), o gênero Aspergillus foi predominante (65-89
%), seguido por Penicillium e Fusarium spp. O Aspergillus flavus foi a principal espécie
identificada, seguida pelo A. sydowii, A. fumigatus, e A. versicolor. As freqüências de
aparecimento de A. flavus variaram de 58% a 86%, exceto na refeição de sorgo.
No presente, estudo das 36 amostras avaliadas, apenas 4 (11,1 %) apresentaram
crescimento para gênero Fusarium, este resultado corrobora com os encontrados por Campos
et al. (2008), no qual apenas 11 % dos produtos finais destinados à animais de companhia
apresentaram este fungo. Cabe salientar, que o gênero Fusarium, possui exigências de
crescimento maiores quanto à umidade relativa, o conteúdo de umidade se comparado com os
outros gêneros (SCUSSEL, 1998; SAMSON et al., 2002). Foi verificada, assim como em
estudos precedentes, uma correlação entre o crescimento dos gêneros fúngicos e o conteúdo
de umidade das amostras. Embora algumas amostras apresentassem conteúdo de umidade
relativamente baixo, as espécies fúngicas identificadas podem apresentar risco para saúde dos
animais de companhia. Todavia, ainda são poucos os relatos quanto à influência da micobiota
em alimentos para animais de companhia, logo, novos estudos devem ser realizados para
identificar o real risco desta contaminação na saúde destes animais.
4.5 Conclusão
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
¹Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos - PGCAL//UFSC-Laboratório de Micotoxinas e Contaminantes Alimentares-LABMICO.
²Professora e Coordenadora do Laboratório de Micotoxinas e Contaminantes Alimentares-LABMICO/UFSC. Endereço: Rodovia Admar Gonzaga, Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Florianópolis- SC. CEP: 88040-900.
*Autor para correspondência – aninhatanello@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
A castanha-do-Brasil é natural da Amazônia e pode ser contaminada por fungos e aflatoxinas
(AFLs). As espécies aflatoxigênicas que podem crescer nas castanhas são: Aspergillus flavus, A. parasiticus
e A. nomius (OLSEN et al., 2008) e estão diretamente relacionadas com condições climáticas da floresta,
armazenagem/comercialização como: umidade, temperaturas elevadas e ambientes ricos em oxigênio (O2)
(MCKENZIE et al., 1998; PACHECO & SCUSSEL, 2006). O uso de atmosferas modificadas na
armazenagem/embalagens tem como objetivo reduzir a concentração de O2 pela adição de um gás inibitório
como o ozônio (O3), reduzindo a taxa de respiração e crescimento de microrganismos. O O3 é um agente
desinfetante e oxidante, que se decompõe rapidamente e não tem caráter tóxico (MCKENZIE et al., 1998).
2. OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do O3 e do vácuo durante armazenagem da
castanha-do-Brasil sem casca e relacionar sua influência na proliferação fúngica e redução no conteúdo de
aflatoxinas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 1,7 Kg de castanhas-do-Brasil sem casca. As castanhas foram divididas em dois
grupos: Grupo I- (sem contaminação artificial) e Grupo II com contaminação artificial: concentração de 15
ppb com mistura das 4 toxinas (AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2). Os grupos foram divididos em porções de 100
g, e aplicadas 2 concentrações de O3: Tratamento 1 (3,08 ppm de O3) e Tratamento 2 (11,14 ppm),
embalados a vácuo e armazenadas por 2 meses. Ao final de cada mês foram realizadas análises do Conteúdo
de Umidade (CU) (AOAC, art. 925.40), Contagem Total de Bolores e Leveduras - plaqueamento em superfície em
Meio MEA (Meio Extrato de Malte) de acordo com Pitt et al., (1983) e determinação do conteúdo de AFLs
(Cromatografia de Camada Delgada-AOAC art. 698.22) para o Grupo I. As adicionadas de AFL (Grupo II)
foram analisadas somente no final da armazenagem.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a aplicação do O3 e a armazenagem, foi observado (Figura 1) uma diminuição no crescimento
fúngico e uma melhor eficácia na concentração de 11,14 ppm de O3, o qual reduziu a contaminação das
castanhas de 1,0 x 104 UFC/g a níveis de 2,0 x 102 UFC/g. A mesma concentração também eliminou
leveduras que estavam presentes no grupo controle, já no primeiro mês de armazenagem.
As castanhas apresentaram redução no CU durante o período de armazenagem quando tratadas
com O3 (3,08 ppm-1,33% e 11,14 ppm-3,01%). A menor quantidade de fungos foi encontrada nas
embalagens submetidas a 11,14 ppm de O3.
Em nenhuma das amostras de castanhas foram detectados níveis de AFLs até o limite de detecção -
quantificação do método utilizado. Nas amostras adicionadas AFLs o O3 foi capaz de reduzir a quantidade
da toxina, com redução da fluorescência das AFLs, nas castanhas tratadas com 11,14 e 3,08 ppm de O 3
quando comparadas com o grupo Controle (Tabela 1). Apesar da Legislação Brasileira não possuir
legislação específica para castanhas, as quantidades encontradas estavam abaixo dos limites estipulados para
outros alimentos (como amendoim e milho) onde o limite é de 20 ppb para o somatório de AFLs (BRASIL,
2002).
190
APÊNDICE N - Resumo do trabalho “Evaluation of ozone treatment and vaccum for in-shell Brazil
nuts shipment and aflatoxin reduction” apresentado no ISM Conference 2009, Tulln. Worldwide
Mycotoxin Reduction In Food and Feed Chains.
191
APÊNDICE O - Resumo expandido do trabalho “Dogs and cats pathologies mycotoxin related: a
survey” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010, Mérida, México, 2010
Laboratory of Mycotoxicology and Food Contaminants - LABMICO, Food Science and Technology Department,
Center of Agricultural Sciences, Federal University of Santa Catarina, Florianopolis, SC, Brazil www.labmico.ufsc.br.*
Tel: +55 48-3721-5386, vildescussel_2000@yahoo.co.uk
Background: Several pathologies affect pets. Some factors responsible for these pathologies and the increasing incidence of
neoplasias are animal genetic predisposition, physical (radiation) and chemical intoxication (pharmaceuticals, heavy metals,
pesticides), environmental (manners of breeding, stress, pollution) conditions and diet quality (unbalanced composition, lack of
nutrients, mycotoxins contamination) and can be currently found in the everyday’s life of these animals (Withrow, 2007). Among the
factors related to diet, the mycotoxin contamination can play an important role on pets health, especially if the commercial feed has
low quality ingredients and/or lack of storage quality (either, in the pet shops or in the animal owners homes) (Maia and Siqueira,
2002). Despite of the massive data reported in animals for meat industry, there is a lack of information on toxicity of mycotoxins or
other contaminants for pets and their related pathologies. Due to the increasing of the pet food market, there is an urgent need of
information on these pathologies and their relation to feed quality for pets, especially to find out the real factors, how to sort the
problem and improve pet food safety.
Aim: The aim of this study was to evaluate the incidence of pathologies that affect dogs and cats in southern Brazil and their
correlation with predisposing factors such as type of feeding, manners of breeding and living environment that they are exposed.
The types of pathologies were selected according to their target-organs and systems affected when the possible contaminant
(mycotoxins) is present in their diet.
Materials and Methods: Therefore, a survey was carried out in the Veterinary Clinics of the Santa Catarina State in the year 2009
on the following pathologies mycotoxin related: hepatic (aflatoxins and citrinin; ochratoxin A – secundary target-organ), reproductive
(zearalenone), circulatory (trichothecenes), nervous (fumonisins), renal (ochratoxin A, citrinin) and the neoplasias (chronic
mycotoxicosis). Eighty six casebooks were investigated for the type of pathologies affecting the animals, type of feeding, breeding
environment and any other adverse condition registered that could may cause/lead to the illness.
Results and discussion: casebooks from the total cases investigated, 67 (78%) and 19 (22%) were of dogs and cats, and 45
(52%) and 41 (48%) of females and males, respectively. Among the pathologies, the major casuistic was of (a) hepatic portal
system (28 cases/32%) with hepatic failure and hepatitis (21 and 7 cases, 75 and 25%, respectively), followed by the (b) renal
system with 26 cases (30%), all diagnosed as renal failure. In the (c) nervous system (23 cases/27%) was observed convulsion (10
cases/43.5%), tremorgenia (muscle tremor and motor incoordination), loss of proprioception (8 cases/35%) and epilepsy (5
cases/21.5%). The (d) reproductive system had 5 cases (6%) registered with uterus infection-pyometra (2 cases/40%), dead fetus
(2 cases/40%) and one abortion (20%). Neoplasias corresponded to 4 cases (5%) of total pathologies: in the liver (2 cases/50%),
the spleen and the adrenal gland. Regarding the factors that could be pathologies related, feeding: 68 (96%) and 3 (4%) animals
were fed with commercial and commercial+homemade food (mixed diet), respectively and all dogs had mainly dry feed and cats,
dry and moist food (50% each). As expected, the commercials feed composition was considered balanced, giving all the nutrients
they need, different of the homemade food fed, as not control was made. Several ingredients utilized in pet food are known as good
substrates for toxigenic fungi growth. In some cases their quality are bad and that can make the difference regarding toxins and
animal safety (Boermans and Leung, 2007). Among the mycotoxins, the aflatoxins, fumonisins, zearalenone e ochratoxin A are
more prevalent in Brazil. They may be found in pet food ingredients such as cereals (corn, wheat, millet, sorghum, oats, barley,
ray), followed by pulses, seeds and nuts (peas, peanuts, sunflower, alpiste, among others) when stored in conditions that are allow
fungi growth (Simão and Scussel, 2008; Scussel et al., 2006). In addition, corn is the main ingredient of most dry pet food (ca. 70-
80% of total ingredients) depending on pet food type. Breeding environment: it was observed that 51 animals (72%) lived inside the
houses and 19 animals (27%) lived outside; stress was observed in 84% and 10% of dogs (indoors) and cats, respectively. Animals
under environmental stress may show the more pronounced signs. Important to emphasize that, animals living outside the house
can get their wet feed in rainy days and if not fresh can lead to fungi growth, and possibly toxigenic ones, thus toxin formation,
apart from bacterias.
Conclusion: The clinical signs of mycotoxicosis are nonspecific and can confuse the veterinary final diagnostic. The epidemiologic
preliminary data obtained in the present study is important tool to help elucidation of the current pet’s situation reported in the
veterinary clinics in Southern Brazil. They can indicate that mycotoxins may be clinically present, however, not usually considered
as their final diagnostic. That has been resulting on few discussions and considerations about mycotoxicosis between vets of pets
in Brazil. Recommendation on mycotoxins analysis of the sick animal feed, should be carried out together with enzymes related
and also education of pets owners on how to choose and store to keep pet food safe – the same way as it is carried out when
breeding zootecnic animals for meat industries (make sure feed ingredients quality and final feed products safe). “No treatment is
effective if the cause of the illness is persistent.”
References
BOERMANS, H. J.; LEUNG, M. C. K. Micotoxinas and the pet food industry: Toxicological evidence and risk assessment.
International Journal of Food Microbiology, v.119, n.1 e 2, p. 95-102, Oct. 2007.
MAIA, P.P.; SIQUEIRA, M.E.P.B. Occurrence of aflatoxins in some Brazilian pet foods. Food Additives and Contaminants, v.19,
p.1180-1183, 2002.
SCUSSEL, V.M, GIORDANO, B.N.E., SIMÃO, V, ROCHA, M.W. da, REIS, L.F.C. dos, XAVIER, J.J.M. Mycotoxin evaluation in
feed for pets using tandem liquid chromatography mass/mass. Proceedings of the 9 th International Working, Conference on
Stored Product Protection, Abrapós: 2006. p 182-188.
SIMÃO, V.; SCUSSEL, V. M. Qualidade na produção de rações e ingredientes de rações para pets. In: Atualidades em
Micotoxinas e Armazenagem Qualitativa de Grãos II. SCUSSEL, V. M. et al., ed. ABMAG: Florianópolis, 2008. p.101-105.
WITHROW S.J. Why worry about cancer in pets?, p. 15 - 17. In: WITHROW S.J.&. MACEWEN E. G. (ed.), Small Animal Clinical
Oncology. 4rd ed. Saunders, Philadelphia, 2007.
192
APÊNDICE P - Resumo expandido do trabalho “Determination of the profile of ingredients in feed
for pet birds versus mycotoxins contamination” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010,
Mérida, México, 2010
Laboratory of Mycotoxicology and Food Contaminants - LABMICO, Food Science and Technology Department,
Center of Agricultural Sciences, Federal University of Santa Catarina, Florianopolis, SC, Brazil www.labmico.ufsc.br.*
Tel: +5548-3721-5386, vildescussel_2000@yahoo.co.uk
Background: The product quality of pet feed must be investigated as a significant increase of the number of these
animals being fed by commercial feed and the production of feed is on a rise (SIMÃO and SCUSSEL, 2008;
SCUSSEL et al., 2006). Regulating agencies have to warantee to consumers, the quality of these products regarding
to mycotoxins presence. Thus stablishing regulatory limits, mainly for aflatoxins (AFLs), ocratoxin A (OTA), fumonisins
(FBs), zearalenone (ZON) and patulin (PTL), the most frequently observed in contaminated foods, is necessary. In the
case of the pet birds, the complexity of ingredient in the feeds formulation make them possible for a higher occurrence
of mycotoxins contamination (BOERMANS and LEUNG, 2007; SIMÃO and SCUSSEL, 2008). Thus, it is very
important the certify the quality of ingredients, processing and manipulation of these feeds by the manufacturers. In
addition, labels must corroborate with the real content in the packing.
Aims: To determine the profile of ingredients added in feed destined for pets birds, correlating the types of ingredients
(composition) of these products to possible risk of contamination b mycotoxins.
Materials and Methods: 20 samples of birds feed were collected: 10 commercialized in sealed packs and 10
commercialized in bulk (500 packs of 200 g, respectively). The proportion (%) of each ingredient in the feeds were
determined by means of manual separation and with microscope stereoscopic. After the separation, each group of
ingredient was weighed and the respective ratios were calculated for 100 g. The data obtained were checked with the
basic composition reported in the feed labels. Moisture content was also evaluated AOAC (2005).
Results and Discussion: The main ingredients present in the birds feed were: (a) feed in pellets, supreme biscuit
and dried fruits (crystallized and/or plain dehydrated), (b) peanut (with and without rind), (c) (maize, rice, soy, wheat,
triticale, triguilho, pea and oats), (d) others (bran of soy and wheat, quirera of maize and rice, canary seed, painço).
The ingredients presented in larger amounts were: feed in pellets, seeds of sunflower, maize and peanut. It was
observed variations in the ingredients composition ratio by the specification of different bird’s species versus labels. In
fact some of these feed presented moisture content above of the allowed, being able to favor the development of
yeasts and moulds (also toxigenic species), being that about 50% of the samples (11 feeds - 6 closed and 5 in bulk).
They had moisture content above of the limits stablished for the legislation for pet food, that is above of 12% (BRAZIL,
2003). This fact, together with the complex composition of the feed, can be a determinative factor for mycotoxin
contamination. When the ingredients were correlated to the possible contamination by mycotoxins, it was observed
that the peanut was present in 25% of the total samples (5 samples - 2 packed and 3 in bulk), being that component
related to the possible presence of AFLs. Also maize was present in 9 samples (45%), which can be related to
contamination by AFLs and Fusarium toxins (FBs and ZON). Also dehydrated and crystallized fruits could be
contaminated by OTA and PTL. In addition, many ingredients were found damaged and infested by insects, which
could favor the proliferation of moulds and formation of mycotoxins.
Conclusions: It is necessary to pay more attention on pets food quality, especialy related to their composition &
moisture content control, in order to reduce/avoid possiblility of mycotoxins contamination.
References:
AOAC. Official Method of Analysis of AOAC. Thiex, NJW ed, Animal Feed. Sampling of Animal Feed & Moisture
content. 18ed. Maryland, 2005.
BOERMANS, H. J.; LEUNG, M. C. K. Micotoxinas and the pet food industry: Toxicological evidence and risk
assessment. Intl. J. Food Microbiol., v.119, n.1 e 2, p. 95-102, Oct. 2007.
BRASIL. MAPA. Portaria nº 3, de 22/01/2009. DOU, DF, 23/01/2009. Seção 1, p.12.
BRASIL.ANVISA. Métodos Físico-Químicos Analise de Alimentos. 4ed. Brasília, MS, 2005.
SCUSSEL, V. M. et al. Mycotoxin evaluation in feed for pets using tandem liquid chromatography mass/mass.
Procendings of the 9 th Intl. WCSPP, Abrapós: 2006. p 182-188.
SIMÃO, V.; SCUSSEL, V. M. Qualidade na produção de rações e ingredientes de rações para pets. In: Atualidades
em Micotoxinas e Armazenagem Qualitativa de Grãos II. SCUSSEL, V. M. et al., ed. ABMAG: Florianópolis, 2008.
p.101-105.
193
APÊNDICE Q - Resumo expandido do trabalho “Toxigenic fungal and mycotoxins in petfood for wild
birds” apresentado no congresso Myco & Phycotoxins 2010, Mérida, México, 2010
Laboratory of Mycotoxicology and Food Contaminants - LABMICO, Food Science and Technology Department,
Center of Agricultural Sciences, Federal University of Santa Catarina, Florianopolis, SC, Brazil www.labmico.ufsc.br.*
Tel: +55 48-3721-5386, vildescussel_2000@yahoo.co.uk
Background: Mycotoxins are toxic products originating from the secondary metabolism of toxigenic fungi. The
presence of those fungi and toxins in foods for humans and animals has represented a danger for these groups
health. In the case of the pet animals, among them, the birds, the toxic effect can be fatal. (Boermans and Leung,
2007; Hussein and Brasel, 2001).The main toxins found in foods for birds are: aflatoxins (AFLs), fumonisins (FBs),
ocratoxin A (OTA) and zearalenone (ZON) (Scussel et al., 2006; Simão and Scussel, 2008).
Aims: To determine the presence of mycotoxins and toxigenic fungi in foods for wild birds commercialized in Brazil.
Materials and Methods: Birds feed samples (36) were collected from the southern and southeastern regions of Brazil
from May to July of 2009. The assays carried out for quality and safety of those feed were: (a) moisture content
(AOAC, 2005); (b) total fungi and yeasts count (APHA, 1992); (c) determination of the toxigenic potential strains on
Aspergillus flavus and parasiticus Agar (AFPA) (Pitt et al., 1983); (d) mycotoxins AFLs, OTA and ZON analysis by
AOZ immunoaffinity columns (Vicam ®) clean-up and quantification by LC-MSMS (Xavier and Scussel, 2006). To
determinate of FBs, the extract clean-up was carried through SPE (+NH4, quaternary amino) cartridges followed by
LC-MSMS (Xavier and Scussel, 2006 – modified).
References:
AOAC. Official Method of Analysis of AOAC. Thiex, NJW ed, Animal Feed. Sampling of Animal Feed & Moisture
content. 18ed. Maryland, 2005.
APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 19. ed. New York: American Public Health
Association, American Water Works Association, Water Environment Federation, 1992.
BOERMANS, H. J.; LEUNG, M. C. K. Micotoxinas and the pet food industry: Toxicological evidence and risk
assessment. Intl. J. Food Microbiol., v.119, n.1 e 2, p. 95-102, Oct. 2007.
HUSSEIN, H. S., BRASEL, J. M., 2001. Toxicity, metabolism, and impact of mycotoxins on humans and animals.
Toxicology, v. 167, 101-134.
PITT, J. I.; HOCKING, A. D.; GLENN, D.R. An improved medium for detection of Aspergillus flavus and A. parasiticus.
Journal Applied Bacteriological, v. 53, p. 109-114, 1983.
SCUSSEL, V.M, GIORDANO, B.N.E., SIMÃO, V, ROCHA, M.W. da, REIS, L.F.C. dos, XAVIER, J.J.M. Mycotoxin
evaluation in feed for pets using tandem liquid chromatography mass/mass. Procendings of the 9 th International
Working, Conference on Stored Product Protection, Abrapós: 2006. p 182-188.
SIMÃO, V.; SCUSSEL, V. M. Qualidade na produção de rações e ingredientes de rações para pets. In: Atualidades
em Micotoxinas e Armazenagem Qualitativa de Grãos II. SCUSSEL, V. M. et al., ed. ABMAG: Florianópolis, 2008.
p.101-105.
XAVIER, J. J. M.; SCUSSEL, V. M. Desenvolvimento de um multi-método por LC-MS/MS para quantificação de
Patulina, Fumonisina B1, Citrinina, Ocratoxina A e Zearalenona. Livro de Resumos, V CLAM & ENM’ 2006 e IV SAG-
MERCOSUL, p. 139, 2006