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Métodos Tradicionais E Alternativos para A Conservação de Pescados

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

ERIKA SABATINI FIGUEIREDO

MÉTODOS TRADICIONAIS E ALTERNATIVOS PARA A


CONSERVAÇÃO DE PESCADOS

PORTO ALEGRE

2016
ERIKA SABATINI FIGUEIREDO

MÉTODOS TRADICIONAIS E ALTERNATIVOS PARA A CONSERVAÇÃO DE


PESCADOS

Trabalho apresentado ao Instituto de


Ciência e Tecnologia de Alimentos, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia de Alimentos.

ORIENTADOR: Profa. Dra Patrícia de Silva


Malheiros

PORTO ALEGRE

2016
ERIKA SABATINI FIGUEIREDO

MÉTODOS TRADICIONAIS E ALTERNATIVOS PARA A CONSERVAÇÃO DE


PESCADOS

Esta monografia foi julgada adequada para a


obtenção do título de Bacharel em
Engenharia de Alimentos e aprovada em sua
forma final pela Orientadora e pela Banca
Examinadora.

Banca Examinadora:

Patrícia da Silva Malheiros (orientadora)


Doutora Microbiologia Agrícola e do Ambiente - UFRGS

Eduardo Cesar Tondo


Doutor em Ciências Biológicas - UFRGS

Juliane Elisa Welke


Doutora em Química - UFRGS

Cláudia Titze Hessel


Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFRGS

PORTO ALEGRE
2016
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me proporcionou sabedoria e iluminou


meu caminho durante toda a minha jornada, me acalmando nos momentos ruins e
me dando força, fé e determinação para aproveitar as oportunidades que encontrei
ao longo destes anos.

A minha família pelo apoio, carinho e amor dedicado a mim, em especial aos
meus pais, Carlos Eduardo e Eliana, por estarem sempre ao meu lado nos
momentos de alegria e aflição, por todo incentivo, paciência, apoio financeiro e por
estarem sempre me aconselhando e me guiando para o melhor caminho. A minha
irmã Thaís, minha companheira de vida, com quem sempre posso contar quando
preciso de ajuda. A pessoa que sou hoje é devido ao amor de vocês.

Agradeço aos meus amigos de curso com quem dividi noites de estudos,
ajuda nos trabalhos, companhia para festas, pelas risadas quando tudo parecia estar
perdido e apoio psicológico para seguir em frente, sem vocês essa caminhada teria
sido bem mais difícil.

A minha orientadora Prof. Dra. Patrícia da Silva Malheiros, pela oportunidade,


ensinamentos, confiança, auxílio e disposição.

A todos os professores, que além dos ensinamentos acadêmicos, sempre nos


ensinaram a agir com ética e a lutar pelo correto. Agradeço também pela paciência e
dedicação a nós alunos.

Muito obrigada!
RESUMO

É cada vez maior o número de pessoas que preferem consumir a carne de


peixe como uma opção de alimentação saudável graças ao seu excelente valor
nutritivo, pois é fonte de proteínas, vitaminas e ácidos graxos poli-insaturados.
Entretanto, sua perecibilidade é alta, pois possui pH próximo da neutralidade,
elevada atividade de água e alto teor de nutrientes facilmente utilizáveis pelos
microrganismos. Devido a isso, o pescado pode se tornar um potencial veículo de
transmissão de doenças, especialmente as de origem microbiológica. É essencial o
controle de todas as etapas envolvidas no processamento dos pescados,
principalmente o controle adequado da temperatura para evitar que as reações
enzimáticas e a ação dos microrganismos diminuam sua vida útil. Além disso, o uso
adequado dos métodos de conservação também se torna uma forte ferramenta para
garantir a segurança e aumentar a vida útil do pescado. Assim, esse trabalho teve
como objetivo estudar os métodos de conservação mais utilizados nas indústrias de
pescados bem como discutir novas tecnologias para promover a qualidade e
segurança destes alimentos. O método tradicional mais utilizado pelas indústrias é o
uso do frio empregando refrigeração ou congelamento. O congelamento é eficiente
para controlar a multiplicação de bactérias e inativar alguns parasitas, porém pode
causar danos ao tecido superficial do pescado. A salga, defumação e conserva
também são amplamente utilizadas, no entanto, estes métodos alteram as
características sensoriais do pescado fresco. Em contrapartida, é grande a busca
por novos métodos que mantenham as características sensoriais e nutricionais do
pescado sem a utilização de conservantes químicos. Dentre os métodos alternativos
estudados estão o uso de embalagem em atmosfera modificada, que se mostra
eficiente para estender a vida útil do pescado, sem alterar suas características
naturais; o uso de conservantes naturais, como óleos essenciais que apresentam
atividade antimicrobiana devido a presença de compostos fenólicos presentes em
sua composição; filmes biodegradáveis obtidos a partir de polímeros naturais e o
uso de irradiação gama, que se mostram eficazes para inativar os patógenos
transmitidos pelos alimentos.
Palavras-chave: pescado, perecibilidade, conservação, contaminação microbiológica
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 11
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 11
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 12
3.1 PRODUÇÃO E CONSUMO DE PESCADO ...................................................... 12
3.2 CARACTERÍSTICAS DO PESCADO ................................................................ 13
3.3 DEGRADAÇÃO DO PESCADO ........................................................................ 13
3.4 PRINCIPAIS RISCOS À SAÚDE HUMANA ...................................................... 15
3.5 CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIO .............................................................. 18
3.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PESCADO ................................................. 21
4 MÉTODOS TRADICIONAIS DE CONSERVAÇÃO DE PESCADO ....................... 22
4.1 USO DO FRIO................................................................................................... 22
4.2 SALGA .............................................................................................................. 24
4.3 DEFUMAÇÃO ................................................................................................... 26
4.4 CONSERVA ...................................................................................................... 27
5 MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A CONSERVAÇÃO DE PESCADO ............ 29
5.1 ATMOSFERA MODIFICADA ............................................................................ 29
5.2 CONSERVANTES NATURAIS ......................................................................... 32
5.3 FILMES COMESTÍVEIS .................................................................................... 33
5.4 IRRADIAÇÃO GAMA ........................................................................................ 34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 38
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Peças de Atum (Thunnus alalunga) fresco apto para consumo ................... 19
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ranking dos países com maior produção de pescados em mil toneladas
no mundo em 2014 ....................................................................................................... 12
Tabela 2 – Microrganismos associados ao pescado .................................................... 16
LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATP – Adenosina Trifostado

BPF – Boas Práticas de Fabricação

BVT – Bases Voláteis Totais

DIPOA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

DTA – Doenças Transmitidas por Alimentos

FAO – Food and Agriculture Organization

g - Grama

IAEA – Internacional Atomic Energy Agency

kGy – Quilogray

MAPA –Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ml – Mililitros

OMS – Organização Mundial da Saúde

PPHO - Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional

RIISPOA - Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem


Animal

UFC – Unidade Formadora de Colônia


10

1. INTRODUÇÃO

Segundo a definição contida no Regulamento da Inspeção Industrial e


Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), entende-se por “pescado” todos
os peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos de água doce ou
salgada, usados na alimentação humana (BRASIL, 1984).
Em alguns países, o pescado faz parte da cultura e dos costumes da
população, podendo representar a fonte principal de proteína animal. Atualmente, é
cada vez maior o número de pessoas que preferem consumir a carne de peixe como
uma alternativa de alimentação saudável, quando comparado a outras carnes. O
baixo teor de gordura de muitas espécies de peixes, o excelente valor nutritivo
devido as suas proteínas, vitaminas e os efeitos dos ácidos graxos poli-insaturados
são aspectos importantes para aquelas pessoas preocupadas com a saúde, em
particular, em países onde a mortalidade por doenças cardiovasculares é elevada
(SOBIECKI et al., 2016).
Apesar da elevada importância nutricional, o pescado é um alimento com
grande probabilidade de deterioração e pode ser um potencial veículo para
transmissão de doenças, especialmente as de origem microbiológica. Isso se deve
às características deste alimento, tais como pH próximo a neutralidade, elevada
atividade de água nos tecidos, alto teor de nutrientes facilmente utilizáveis pelos
microrganismos, acentuado teor de fosfolipídeos e rápida ação destrutiva das
enzimas presentes nos tecidos e vísceras do peixe (GONÇALVES, 2011).
Neste contexto, é fundamental o controle adequado das operações de abate e
despesca, a fim de reduzir ou evitar danos aos pescados. Além disso, a indústria de
alimentos deve utilizar diferentes métodos para conservar o pescado, aumentando
sua segurança, qualidade e prazo de distribuição. Dentre as opções que a indústria
desse setor pode utilizar, estão os métodos tradicionais como uso do frio, salga,
defumação e conserva. Esses são os métodos mais utilizados e que vem se
mostrando eficazes no controle de microrganismos. Entretanto, tecnologias
inovadoras vêm sendo estudadas, visando atender uma classe de consumidores
interessadas em manter as características sensoriais e nutricionais do produto sem a
utilização de conservantes químicos.
11

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL


O objetivo deste trabalho foi estudar sobre os métodos de conservação mais
utilizados nas indústrias de pescados bem como discutir novas tecnologias para
promover a qualidade e segurança deste alimento.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Descrever os principais métodos tradicionais utilizados pela indústria para a


conservação de pescados;
 Estudar os principais métodos alternativos que vem sendo pesquisados para
a conservação de pescados;
12

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PRODUÇÃO E CONSUMO DE PESCADO

De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO, 2016), a produção


mundial de pescado foi de 101.090 mil toneladas no ano de 2014. A Tabela 1 mostra
o ranking dos 14 países com a maior produção de pescados em nível mundial. O
país que apresenta maior produção deste alimento é a China, com mais de 58.795
mil toneladas produzidas em 2014, seguida pela Indonésia e Índia, enquanto o Brasil
encontra-se em 14° lugar com produção de mais de 562 toneladas de pescados
produzidos.
Tabela 1 – Ranking dos países com maior produção de pescados em mil
toneladas no mundo em 2014.
PAÍS PRODUÇÃO
(mil toneladas)
China 58.795
Indonésia 14.330
Índia 4.884
Vietnã 3.411
Filipinas 2.337
Bangladesh 1.956
Coreia do Sul 1.567
Noruega 1.332
Chile 1.227
Egito 1.137
Japão 1.020
Myanmar 964
Tailândia 934
Brasil 562
Fonte: FAO (2016);

O Brasil apresenta condições favoráveis para a atividade pesqueira e para a


aquicultura, uma vez que possui uma costa marítima de 8.500 km e 12% da água
doce disponível no planeta. Porém, ainda é preciso superar barreiras e investir mais
em conhecimento e pesquisa para que o país deixe de ser um importador e passe a
13

ser um exportador de pescado, tornando-se uma potência aquícola (EMBRAPA,


2016).
Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, a produção brasileira de
pescado em 2013 foi de 1.241.807 toneladas, sendo que a região com maior
produção foi o Nordeste, seguido pelas regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste.
Neste mesmo ano o consumidor brasileiro chegou ao patamar de 14,5
kg/habitante/ano, sendo que o consumo mínimo recomendado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) é de 12 kg/habitante/ano e o consumo mundial é de 18,8
kg/habitante/ano (IBGE, 2014).

3.2 CARACTERÍSTICAS DO PESCADO

A carne de pescado constitui uma fonte de proteínas de alto valor biológico,


sendo em vários países, como Europa e Ásia, a proteína animal mais consumida
(GERMANO & GERMANO, 2008).
O pescado apresenta todos os aminoácidos essenciais e tem elevado teor de
lisina. A digestibilidade das proteínas de pescado é alta, pois eles estimulam mais a
secreção gástrica do que a carne bovina. Tem baixo teor de tecido conjuntivo o que
facilita a mastigação. A digestibilidade média é de 96%, sendo que para aves é 90%
e para bovinos 87% (SENAI-DR, 2007). O nível de colesterol, em geral, é baixo.
Além disso, o pescado possui elevado teor de ácidos graxos poli-insaturados, que
possuem efeito cardioprotetor, reduzindo os riscos de doenças coronarianas
(GONÇALVES, 2011).
De modo geral, o pescado pode ser uma excelente fonte de minerais
fisiologicamente importantes tais como Mg, Mn, Zn e Cu, com conteúdo
relativamente elevados, principalmente em moluscos e crustáceos. É também rico
em vitaminas hidrossolúveis do complexo B, porém destacando-se majoritárias as
vitaminas lipossolúveis A e D (VIEIRA et al., 2004).

3.3 DEGRADAÇÃO DO PESCADO

A vida útil do pescado é determinada pelas reações enzimáticas, bem como


pela quantidade e espécies de microrganismos presentes, fatores dependentes da
14

microbiota natural e pelo modo de manuseio desde sua captura até a estocagem
(NEIVA, 2002).
Os métodos de captura que provocam morte lenta e os inúmeros
microrganismos presentes na água e na microbiota natural contribuem para a
decomposição, ocasionando problemas na conservação (GHALY, 2010).
A partir do momento em que é capturado, o pescado sofre uma série de
alterações, que podem favorecer a multiplicação de bactérias de sua microbiota
natural. Além disso, fatores externos como: capturas do pescado em águas
poluídas, más condições de refrigeração e manipulação também reduzem o tempo
de conservação do pescado (VIEIRA et al., 2004).
Logo após a morte inicia-se o processo de deterioração do pescado, sendo as
alterações mais comuns as enzimáticas, físico-químicas e microbiológicas. A rápida
morte do músculo, a fadiga ocasionada pelo esforço que o pescado faz na tentativa
de livrar-se da captura, provocam um consumo considerável das reservas
energéticas, esgotando desta forma, as substâncias necessárias para a contração
muscular como a Adenosina Trifostado (ATP) e Glicogênio. Depois da morte e sem
glicogênio necessário para a ressíntese do ATP, cessa a contração muscular e
inicia-se o chamado “rigor mortis” (GERMANO & GERMANO, 2008).
O pescado que é submetido a um forte estresse durante o processo de
captura, terá o período de rigor mortis reduzido devido ao gasto excessivo de
glicogênio (VIEIRA et al., 2004).
Devido à predominância de gordura insaturada, os ácidos graxos insaturados
possuem importância fundamental em alguns aspectos tecnológicos e físico-
químicos do pescado. Os lipídeos das espécies de pescado rico em gordura são
formados por uma cadeia grande de ácidos graxos insaturados (BARROS, 2003).
A superfície do pescado recém capturado tem o aspecto brilhante e lisa,
posteriormente por desidratação passa a rugosa e com presença de muco leitoso
(causado pela atividade bacteriana). A desidratação afeta também a aparência dos
olhos, que de convexo e brilhante passa a côncavo e opaco (VIEIRA et al., 2004).
Dentre as reações de degradação têm-se a autólise, que consiste na hidrólise
de proteínas e gorduras devido à ação das enzimas proteolíticas e lipolíticas. Além
disso, têm-se a oxidação lipídica que leva à formação de radicais livres, promovendo
alterações de diversas propriedades, principalmente as sensoriais (sabor, aroma,
textura e cor) (BEIRÃO et al., 2004).
15

3.4 PRINCIPAIS RISCOS À SAÚDE HUMANA

O músculo do peixe sadio e recentemente capturado é estéril, uma vez que o


sistema imunológico deste previne o crescimento microbiano no músculo. Após a
morte, o sistema de defesa cessa e a proliferação bacteriana ocorre livremente,
sendo muito intensa na superfície da pele. A ação microbiana na carne acarreta em
alterações nas substâncias odoríferas e de sabor: inicialmente se formam
compostos com odor e sabor ácido, semelhante à erva ou fruta, mais tarde
aparecem substâncias amargas de aspecto gomoso e aroma sulfuroso e finalmente,
no estado pútrido, amoniacal e fecal (GERMANO & GERMANO, 2008).

Algumas variedades de pescado podem induzir reações alérgicas nos


consumidores, devido à presença de histamina. Esta substância é produzida pela
descarboxilação de aminoácidos específicos devido a liberação da enzima
descarboxilase produzida por algumas espécies bacterianas, tais como o Proteus
morgagnii, na qual o início de sua produção é decorrente da exposição do pescado
fora das condições ideias de refrigeração. A intoxicação com sintomas neurológicos
pode ocorrer a partir da ingestão de 100 mg de histamina/100 g de peixe. As
espécies mais envolvidas com esses quadros urticariformes são atum, cavalinha,
bonito, camarões e sardinhas enlatadas (GERMANO & GERMANO, 2008; LIN, et al.,
2012)

Considera-se impróprio para o consumo o pescado de aspecto repugnante,


mutilado, traumatizado, com odor e sabor anormais, provenientes de águas
contaminadas ou poluídas, em mau estado de conservação e quando não se
adequar aos limites microbiológicos e físico-químicos fixados pela legislação RDC 12
de 2 de Janeiro de 2001 da ANVISA (MOURA, 2004).

Os patógenos vinculados ao pescado causadores de DTA podem causar: 1)


intoxicação, quando ocorre a ingestão da toxina elaborada pelo microrganismo no
alimento, sendo os principais responsáveis Staphylococcus aureus e Clostridium
botulinum; 2) infecção, em que há ingestão do microrganismo seguido por sua
fixação, colonização de órgãos específicos, desenvolvimento e multiplicação, tendo
os maiores percentuais microrganismos como Salmonella spp, Escherichia coli e
Vibrio pahaemolyticus.
16

Alguns microrganismos estão naturalmente no meio aquático, enquanto que


outros podem contaminar o produto durante o processamento. Alguns exemplos de
microrganismos associados aos pescados podem ser observados na tabela 2.

Tabela 2 – Microrganismos associados ao pescado

ORIGEM ESPÉCIES

Naturalmente presente no meio aquático Vibrio,


Aeromonas,
Plesiomonas

Origem animal e humana Salmonella,


Shigella,
Escherichia coli,
Legionella,
Campylobacter,
Staphylococcus
Parasitas:
Crytosporidium,
Giardia

Oriundos do ambiente Listeria,


C. botulinum,
Staphylococcus
Fonte: Adaptado de AMAGLIANI et al.( 2012);

A contaminação por Staphylococcus aureus é consequência direta da


manipulação inadequada do pescado (GERMANO & GERMANO, 2008).
Manipuladores podem hospedar a bactéria em suas mãos, cavidade oral e mucosa
nasal e, durante o processamento, transmiti-la ao alimento sem que este sofra
alterações em sua aparência ou sabor, podendo causar uma intoxicação ao
consumidor (VIEIRA et al., 2004).

Clostridium botulinum é um organismo anaeróbico, formador de esporos. C.


botulinum tipo E é encontrado no ambiente marinho e frequentemente isolado de
peixes (RANZANI-PAIVA et al., 2004). Em geral, o pescado envolvido em
intoxicações botulínicas é aquele processado pela salga, defumado, em molho
escabeche, caviar e enlatados (VIEIRA et al., 2004).

Escherichia coli é uma bactéria usada como indicador de contaminação fecal.


Em tanques de cultivo há risco de que linhagens de E. coli estejam presentes na
17

água. Outras enterobactérias patogênicas, como Shigella spp, são eventualmente


isoladas em tanques de cultivo e pescados, mas, baseado em evidências
epidemiológicas, sugere-se que o risco de infecção através do consumo de peixe
seja baixo (RANZANI-PAIVA et al., 2004).

A presença de Salmonella em pescados pode ser derivada do ambiente


aquático natural, especialmente em águas poluídas por esgoto ou excretas de
animais, na aquicultura ou durante o processamento (Amagliani et al., 2012).
Estudos de Brands et al. (2005) e DePaola et al. (2010) relataram presença de
Salmonella em ostras vivas coletadas de águas aprovadas para a produção de
crustáceos nos Estados Unidos. Nesses estudos, os autores atribuem tal fato ao
possível saneamento deficiente na região.

Pelo menos doze espécies de Vibrio estão associadas a infecções humanas


adquiridas pelo consumo de alimentos e água contaminados (RANZAIN-PAIVA et
al., 2004). O V. parahaemolyticus é usual na água do mar, principalmente em
regiões costeiras, podendo estar associado a infecções em criações de camarão
marinho. No homem, causa gastroenterite aguda caracterizada por quadro
desintérico, após consumo de peixe cru, mariscos, camarões e ostras. (GERMANO
& GERMANO, 2008).

Outro patógeno importante é a Listeria monocytogenes, causadora de uma


mortalidade de aproximadamente 30% nos indivíduos imunocomprometidos
(DADKHAH et al., 2012; TAKAHASHI et al., 2012). Ele pode se multiplicar a
temperaturas variando de 1°C a 45°C, a pH de 4,6 a 9,6 e pode sobreviver na
superfície de alimentos e equipamentos formando biofilme (CASTELLANO et al.,
2008). Fontes de contaminação em pescados têm sido muitas vezes atribuído às
plantas de processamento, sendo que a origem primária da contaminação
dificilmente é detectada (KATZAV et al., 2006). A capacidade de algumas cepas de
se fixarem às superfícies pode permitir que essas bactérias persistam por longos
períodos nos equipamentos e utensílios, contaminando o produto durante o
processamento (DIBONAVENTURA et al., 2008). Um importante pré-requisito para
controlar a Listeria monocytogenes é o conhecimento de seus nichos ao longo da
cadeia de produção. Além do ambiente de processamento, o peixe cru também tem
18

sido considerado uma grande fonte de contaminação (GUDMUNDSDÓTTIR et al.,


2005).

Além disso, um grande número de espécies de peixes marinhos e de água


doce são fontes de importantes parasitas A principal causa de infestação da
população é o consumo de peixe cru ou inadequadamente cozido. Geralmente, os
peixes são hospedeiros intermediários e o homem torna-se o hospedeiro definitivo
quando ingere os parasitos (RANZANI-PAIVA et al., 2004).

3.5 CONTROLE HIGIÊNICO – SANITÁRIO

No Brasil, a Resolução RDC n° 12, de 2 de Janeiro de 2001, da Agência


Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, define critérios microbiológicos para
alimentos destinados ao consumo humano. Os itens 7, 20 e 22 da citada resolução
abordam o pescado e os produtos derivados da pesca bem como os limites
microbiológicos para sua comercialização.

Cada país importador estabelece seus próprios padrões microbiológicos e


físico-químicos e cada empresa importadora tem também seus critérios de
avaliação, geralmente de caráter sigiloso. No Brasil, o pescado antes de ser
comercializado é fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Ao sair da indústria, a responsabilidade passa para o Ministério da
Saúde e, nos estados, para as respectivas secretarias. Todo controle e fiscalização
de alimentos como o pescado envolve legislação própria (leis, decretos, resoluções,
portarias e normas técnicas) (ORDONEZ, 2005).

Segundo o RIISPOA, o pescado fresco próprio para consumo deverá


apresentar as seguintes características:

 Superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico;

 Olhos transparentes, brilhantes e salientes, ocupando completamente as


órbitas;

 Guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes, com odor natural, próprio


e suave;

 Ventre roliço, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos;


19

 Escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa


resistência aos movimentos provocados. Não devem ser viscosas.

 Carne firme, consistência elástica, de cor própria da espécie;

 Vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas;

 Cheiro suave e característico.

Na figura 1 é possível observar peças de Atum (Thunnus alalunga) fresco,


recebidos em um entreposto de pescados localizado na cidade de São Leopoldo,
Rio Grande do Sul, onde apresentam características de peixe fresco de apto para
consumo, segundo RIISPOA, com superfície brilhante, sem lacerações e olho
convexo e brilhante.

Figura 1 - Peças de Atum (Thunnus alalunga) fresco apto para consumo

Fonte: Autora, 2016


De acordo com Vieira et al. (2004), o conhecimento da microbiota é um fator
importante na conservação do pescado, pois influencia na escolha do
processamento de conservação adequado. A qualidade e a quantidade dessa
microbiota variam conforme o grau de contaminação do habitat de onde advém o
20

pescado, do tipo de água (doce ou salgada), temperatura da água, forma de


captura e espécie. O autor ainda afirma que para se obter um bom pescado, é
necessário manter suas características iniciais. Se seu destino é a indústria, ele
deve ser resfriado o mais rápido possível.

As práticas de higiene, tanto dos barcos quanto dos manipuladores são de


extrema necessidade para que não haja contaminação cruzada no pescado. Nos
barcos pesqueiros, a lavagem regular do convés onde é armazenado o pescado
antes de ser misturado ao gelo e dos porões é recomendável para evitar sua
contaminação por bactérias e fungos. Além disso, a higiene do manipulador tem
que ser adequada, considerando que o homem é o principal responsável pelas
doenças alimentares (PEREZ et al., 2007). O gelo também é um importante
veículo de contaminação microbiana para o pescado, por isso é importante
manter a qualidade da água utilizada para produção do gelo em perfeitas
condições (GIAMPIETRO & LAGO, 2009).

A lavagem com água hiperclorada a cinco ppm de cloro residual livre auxilia
na conservação do pescado por um tempo mais longo, este teor de cloro residual
é recomendado pelo Ofício Circular n° 25/09 do DIPOA a fim de reduzir a
microbiota superficial do pescado. A evisceração é importante na eliminação de
bactérias contidas nos intestinos, como também na redução da autólise causada
pela enzima digestiva (GERMANO & GERMANO, 2008).

A lavagem após a evisceração tem como finalidade remover restos de sangue


e vísceras. O descabeçamento do pescado também auxilia na sua conservação
por um tempo mais longo, pois assim são eliminadas as guelras, um dos
principais focos de putrefação do pescado (ORDONEZ, 2005).

O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA),


acompanhando os avanços das legislações com relação às responsabilidades dos
fabricantes, passou a avaliar a implantação e execução de programas de
autocontroles por parte das indústrias. As modernas legislações dirigidas ao controle
sanitário de alimentos tratam esses programas como requisitos básicos para a
garantia da inocuidade dos produtos. No DIPOA estes programas incluem o
Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO), o Programa
21

de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle e as Boas Práticas de


Fabricação (BPF).

3.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PESCADO

Todos os tipos de produtos de pescado precisam estar com sua microbiota


contaminante dentro dos limites impostos pela legislação, sob pena de não ser
comercializado e ou exportado (MOURA et al., 2004).

Aliados à análise microbiológica devem sempre ser feitos os testes sensoriais


e físico-químicos. Pela rapidez, os testes sensoriais são mais empregados nas
indústrias de pescado do que os microbiológicos e físico-químicos. Deste modo, o
teste de odor e de textura são parâmetros comumente utilizados para a avaliação do
grau de frescor de pescado (VIEIRA et al., 2004).

As análises físico-químicas são utilizadas para quantificar a formação de


compostos de degradação no pescado. Várias são as determinações que podem
avaliar o grau de conservação do pescado, como a medição do pH, a de bases
voláteis totais (BVT) e a de histamina, além da reação de Éber para gás sulfídrico
(TAVARES & MORENO, 2005).

Em relação às análises microbiológicas, a avaliação da presença de


Salmonella spp, bem como a contagem de mesófilos e coliformes fecais e totais são
recomendadas no controle de qualidade dos produtos. Estes microrganismos em
alimentos processados evidenciam contaminação pós-sanitização ou práticas de
higiene aquém dos padrões indicados (LIBRELATO & SHIKIDA, 2005).

Visando manter a qualidade sensorial, físico-química e microbiológica do


pescado, métodos de conservação devem ser empregados pelo entreposto ou
indústria que processa esse alimento. Assim, o produto terá maior vida útil e
aceitabilidade pelos consumidores.
22

4. MÉTODOS TRADICIONAIS DE CONSERVAÇÃO DE PESCADO

4.1 USO DO FRIO

Toda tecnologia de pescado é baseada no trinômio:


tempo/higiene/temperatura. O tempo é importante na rapidez com que se
desencadeiam reações autolíticas e/ou bacterianas que, por outro lado, estão
relacionadas com o grau de higiene do barco e dos manipuladores de pescado.
Portanto, não é o suficiente que apenas um dos fatores sejam cumpridos, sendo
necessária a observação dos três ao mesmo tempo (VIEIRA et al., 2004).

Segundo o RIISPOA, peixe fresco é aquele que não sofreu nenhum processo
de conservação, a não ser a ação do gelo. O peixe resfriado deve ser devidamente
acondicionado em gelo e mantido em temperaturas entre – 0,5°C e – 2°C sob
refrigeração. Como a temperatura não é baixa o suficiente para inibir todos os
microrganismos, a vida útil do pescado resfriado bastante reduzida. Por outro lado, o
pescado congelado passa por um processo de congelamento, com temperaturas
abaixo de - 25°C e devem ser armazenados em câmaras frigoríficas a – 15°C.
Devido a isso, sua vida útil é mais extensa do que o peixe fresco e resfriado.

O uso do frio no processamento de alimentos age de maneira inibitória. De


modo geral, as reações químicas, enzimáticas e o crescimento microbiológico são
apenas inibidos com a diminuição da temperatura. Esse tipo de processamento não
melhora a qualidade dos produtos, desse modo, apenas tecidos sadios e de
qualidade devem ser refrigerados, uma vez que a temperatura baixa não destrói o
patógeno, apenas diminui sua atividade. A aplicação do frio pode ocorrer pelo
resfriamento ou congelamento do produto fresco ou processado (ORDONEZ, 2005).

A razão para a inibição da multiplicação microbiana devido a aplicação de frio


se deve ao fato que as reações metabólicas dos microrganismos são catalisadas por
enzimas que são dependentes da temperatura. Desta forma, com a redução da
temperatura, ocorre a redução na taxa de reação. As funções vitais dos
microrganismos são mantidas mesmo a temperaturas consideradas mínimas para a
multiplicação. Muitos apenas cessam a multiplicação e sobrevivem com o
metabolismo reduzido, estabelecendo-se em estado de equilíbrio. Se após
23

determinado tempo a temperatura aumentar, tais microrganismos reiniciam a


multiplicação e o metabolismo normal se estabelece (JAY, 2005).

Por outro lado, alguns microrganismos são capazes de se multiplicar mesmo


em temperaturas de refrigeração. Neste caso, somente o congelamento é capaz de
inibir seu desenvolvimento. Além disso, o congelamento é capaz de inativar alguns
parasitas, e por isso, algumas legislações preveem sua utilização em alimentos que
contenham pescados. A portaria 1.109 de 23/8/16, por exemplo, exige que pescados
capturados em alto mar sejam congelados antes da produção, preparo e
comercialização de sushis e sashimis na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul
(PORTO ALEGRE, 2016). Legislação semelhante é usada desde 2004 pela União
Europeia, na qual determina que pescados e derivados que serão consumidos crus
devem passar por um congelamento de no mínimo – 20°C por um período de 24
horas ou a – 35°C por um período de 15 horas, a fim de evitar infecções
gastrointestinais causadas por parasitas (UE, 2004).

Entretanto, o uso de congelamento acarreta em danos indesejáveis na


superfície do pescado, ocasionando em uma queima superficial e oxidação. Para
evitar tais alterações, é comum a prática de se acrescentar uma fina camada de gelo
na superfície do pescado, denominado glaciamento (VANHAECKE et al., 2010).
Esta camada de gelo acrescentada exclui o ar da superfície do produto, reduzindo a
taxa de oxidação e também serve como uma barreira protetora às oscilações de
temperatura, permitindo que a camada de gelo evapore ao invés da água presente
nas camadas do tecido do pescado (GONÇALVES & GINDRI, 2009). O limite
máximo de água de glaciamento estabelecido pelo MAPA para pescados é de 20%,
entretanto, há uma fiscalização intensa por parte dos órgãos sanitários para
averiguar se este limite está sendo cumprido, pois a adição de mais de 20% de
glaciamento implica em uma fraude, prejudicando o consumidor.

Embora o uso do frio seja o mais utilizado pelas indústrias de pescado, novas
técnicas de conservação devem ser aprimoradas para agir em conjunto com este
método, a fim de se estender a vida útil do produto, sem afetar sua qualidade.
24

4.2 SALGA

A salga é um dos métodos de preservação mais barato que se conhece. Seu


princípio está baseado no emprego de sal que em condições adequadas, diminui ou
até mesmo impede a decomposição do alimento por autólise ou pela ação de
microrganismos. O sal tem função de penetrar no pescado, diminuindo a quantidade
total de água existente e com isso, diminuindo a disponibilidade de água para a ação
enzimática ou crescimento de microrganismos (FERREIRA et al., 2002).

Existem dois métodos principais de salga: salga seca e úmida. Na salga seca,
o peixe é salgado acrescentando-se uma fina camada de cloreto de sódio na
superfície da matéria-prima eviscerada ou em forma de filés, o sal fino é colocado
sobre o peixe, onde se dissolve formando uma solução concentrada, protegendo da
deterioração, entretanto, o pescado é mais suscetível a oxidação lipídica com o
emprego desta técnica dado o contato do oxigênio com o produto. Neste processo, a
penetração do sal não é homogênea e a forte desidratação causa uma grande
desnaturação A salga úmida é semelhante à seca, com a diferença que a matéria-
prima é imersa em salmoura. A solução saturada de sal permanece no recipiente
que contém o peixe o que garante uma baixa concentração de oxigênio no meio,
protegendo a gordura do processo de oxidação e a desidratação da carne do peixe é
moderada, evitando a aparência desagradável proporcionada na salga seca.

Visando a eficiência deste método de conservação, Mol et al. (2010)


inocularam Salmonella Enteretidis em filés de Carapau (Trachurus trachurus) e
analisaram a redução populacional deste microrganismo associado a diminuição da
atividade de água do produto ao longo de 70 dias. A contagem inicial do inóculo foi
de 5,59 log UFC/g. As amostras foram submetidas a dois tipos de salga seca, sendo
uma mais intensa (80 g de sal para 100 g de filé) e a outra mais branda (30 g de sal
para 100 g de filé). Após 1h de salga, a contagem de S. Enteretidis foi de 4,61 log
UFC/g nas amostras submetidas à salga mais intensa, enquanto que, nas amostras
submetidas à salga mais branda foi de 5,12 log UFC/g. Isto se deve ao fato de que a
atividade de água das amostras do primeiro grupo diminuiu mais rapidamente,
devido à maior quantidade de sal. Nos 10 primeiros dias de estudo, a atividade de
água e a contagem populacional do microrganismo foram ligeiramente menores no
primeiro grupo, no entanto, não apresentaram diferenças significativas no restante
25

dos dias estudados. No 60° dia de análise não foi mais detectada a presença de S.
Enteretidis no primeiro grupo, embora a atividade de água já estivesse em 0,736,
valor abaixo do ótimo sugerido por Jay (2005) de 0.94. Para as amostras do
segundo grupo, apenas no 65° dia de análise não foi mais detectada a presença do
microrganismo estudado, sendo que a atividade de água do produto era de 0,738.
Dados semelhantes foram encontrados por Arkoudelos et al. (2003), que relataram a
ausência de S. Enteretidis em sardinhas salgadas, com atividade de água de 0,69,
apenas no 60° dia avaliado.

Devido a estes estudos, pode-se perceber que o patógeno estudado tolera


condições estressantes e pode estar presente em produtos com baixa atividade de
água (Arkoudelos et al., 2003; Ristori et al., 2007). Entretanto, a técnica de salga é
um método eficiente para a eliminação de S. Enteretidis, desde que o período de
processamento seja suficientemente longo para a devida redução da atividade de
água do produto a fim de inibir a presença deste patógeno.

Além de sua ação sobre as bactérias, a salga pode ser um método eficiente
para a eliminação de parasitas. Segundo o Codex Alimentarius, a salga pode reduzir
o risco de parasitas se os produtos forem submetidos a uma combinação adequada
de concentração de sal e tempo de salga (CAC, 2003).

Propondo um método alternativo para a eliminação de parasitas, Anastasio et


al. (2016) analisaram amostras de Anchovas (Engraulis encrasicolus) recolhidos da
costa central da Itália, naturalmente contaminados com larvas de Anisakis pegreffii
submetidas a salga seca em uma concentração de 21%, onde foram armazenados a
25°C por 120 dias. A partir do 7° dia, 50% das larvas presentes nas Anchovas
estudadas já apresentavam mobilidade reduzida, sendo que no 15° dia de processo
todas as larvas foram consideradas mortas.

Países como Espanha e França já especificaram parâmetros técnicos de


salga a fim de eliminar parasitas, excluindo o congelamento preventivo exigido. Na
Espanha o congelamento preventivo pode ser evitado quando o produto for
submetido a uma salga superior a 9% por pelo menos seis semanas ou superior a
20% por pelo menos três semanas (AESN, 2007). Parâmetros semelhantes são
exigidos pela Agência Francesa de Segurança de Alimentos, segundo parecer n°
2007 SA-0379.
26

Portanto a salga, além de ser um método de conservação de baixo custo, é


eficaz tanto para eliminar bactérias patogênicas, através da diminuição da atividade
de água do produto, quanto para inativar larvas de parasitas. Entretanto, para
garantir a eficiência de tal método, é preciso respeitar a concentração de sal exigido
para aplicação no produto, assim como o tempo necessário de salga.

4.3 DEFUMAÇÃO

A defumação é um dos mais antigos métodos de conservação de alimentos.


Sua ação ocorre por meio da diminuição da atividade de água e dos efeitos
antimicrobianos e antioxidantes dos compostos da fumaça, como fenóis, aldeídos,
cetonas, hidrocarbonetos e ésteres. Tais compostos são depositados na superfície e
depois penetram o músculo. O método mais comum de defumação é a frio, com
temperaturas entre 25-30°C. A presença de compostos fenólicos antioxidantes na
fumaça pode ser capaz de manter baixos os níveis de oxidação lipídica, porém, em
certos peixes onde as condições de processamento são brandas, pode ocorrer
instabilidade oxidativa (GUILLEN et al., 2006).

O pescado defumado é um produto perecível e deve ser armazenado sob


refrigeração, sua vida útil depende de fatores como a atividade de água do produto,
tipo de embalagem usada, armazenamento adequado e temperaturas aplicadas na
defumação.

Çoban et al. (2012) avaliaram as características físico-químicas de filés de


Truta (Oncorhynchus mykiss) defumada em comparação com filés de Truta não
defumada. Ambas as amostras foram armazenadas a vácuo por um período de 112
dias. As porcentagens de lipídeos totais e pH dos filés de truta defumado
apresentaram um aumento em relação aos filés não defumados, este fato é devido à
perda de umidade durante o processo. Resultados semelhantes foram encontrados
por Goulas & Kontominas (2007) para filés de truta defumada. O peixe defumado
sofre uma perda de umidade, o que acarreta em mudanças físico-químicas quando
comparado a mesma matéria-prima não defumada.

Embora a atividade de água do pescado seja reduzida, este método não


garante a conservação prolongada do produto. Portanto, é necessário que o
pescado seja armazenado sob refrigeração. É recomendado o uso deste método
27

quando se deseja alterar características sensoriais, próprias do processo de


defumação, pois seu uso isolado não garante a extensão da vida útil do produto.

4.4 CONSERVA

Para ser considerado conserva, o produto deve ser elaborado a partir de


matéria-prima fresca ou congelada, acrescida ou não de líquido de cobertura,
acondicionada em recipiente hermeticamente fechado o qual sofrerá tratamento
térmico, quando se realiza a esterilização do produto (BRASIL, 2010). Nesse
processo ocorre a destruição de microrganismos vivos e há o fechamento hermético
do recipiente, evitando qualquer nova contaminação do produto e tornando possível
ser consumido por um longo período de tempo. O grande ponto de preocupação é o
processo térmico, pois o calor aplicado deve ser suficiente para efetuar a
esterilização do produto sem alterar as características organolépticas, evitando
cozimento excessivo.

Segundo dados da Food and Agriculture Organization (FAO), em geral as


autoclaves são programadas de maneira a destruir os esporos do Clostridium
botulinum com base na “esterilidade comercial” O controle deve ser feito em duas
fases: a primeira monitora e registra dados como controle de temperatura do produto
antes da autoclavagem, controle do intervalo de tempo entre a cravação das latas de
esterilização, carregamento da autoclave, fixação da fita termo sensível, expansão
da autoclave; a segunda fase é o tratamento térmico propriamente dito, onde são
controladas as exigências operacionais tais como a pressão de vapor, a circulação
da água e a velocidade das latas. O tratamento térmico é controlado em dois
momentos: no início do aquecimento e quando é atingida a temperatura de
esterilização. Para este efeito usam-se termômetros devidamente calibrados. Após a
esterilização é realizado o resfriamento das latas.

Além da inativação de microrganismos devido ao tratamento térmico


empregado durante o processo de enlatamento, uma importante preocupação é a
concentração de histamina no produto em conserva, visto que este composto pode
conferir toxicidade ao produto mesmo antes de ser considerado sensorialmente
inaceitável. Histamina é uma amina biogênica vasodilatadora envolvida em
processos bioquímicos de respostas imunológicas, tais como extravasamento de
plasma que acarreta o aparecimento de edemas, vermelhidão, coceira dentre outros
28

sintomas que surgem após o consumo de produtos que contenham esse alergênico.
A histamina é uma amina termoestável, mas pode ser parcialmente destruída após 3
horas de aquecimento a 102 ºC ou 90 minutos a 116 ºC em conservas de sardinha
de 250 g (Souza et al., 2015 apud Ienistea, 1973). Yesudhason et al. (2013)
avaliaram o efeito do enlatamento sobre os níveis de histamina em atum e sardinha.
De acordo com os autores, níveis mais baixos de histamina foram observados em
conservas de atum e sardinha em relação aos mesmos produtos frescos e
congelados. Os autores atribuem estes níveis mais baixos em peixes enlatados
devido ao efeito da temperatura do processo térmico sobre a destruição de bactérias
formadoras de histamina.

Evangelista et al. (2016) desenvolveram um método para quantificar


histamina em atum fresco e enlatado (total de 92 amostras) comercializados no
estado de Minas Gerais. Os autores mostraram que a histamina não foi detectada
em nenhuma amostra de atum fresco, porém estava presente em 44,6% das
amostras de atum enlatado em níveis inferiores ao limite estabelecido. Os
pesquisadores não discutem o resultado encontrado, mas destacam que a histamina
não foi detectada em nenhum atum proveniente de cativeiro do sudeste brasileiro.

Outro aspecto que deve ser levado em conta nos pescados em conserva é a
perda de nutrientes sensíveis ao calor associado à aplicação de altas temperaturas
para efetuar a esterilização do produto.

Mesias et al. (2015) efetuaram três tipos diferentes de conserva em amostras


de atum (Tuna albacares) e sardinha (Sardina pilchardus), em salmoura, em óleo de
girassol e azeite, submetidas a dois tratamentos diferentes de esterilização:
convencional, onde são submetidos a uma temperatura de 116°C por 60 min. e a
esterilização térmica a alta pressão, onde além do método convencional foi aplicado
uma pressão de 600 MPa. Os autores fizeram uma comparação na composição de
ácidos graxos presentes nos produtos antes e depois dos tratamentos térmicos
citados. As amostras de atum submetidas aos dois tratamentos apresentaram
valores de ácidos graxos semelhantes, não apresentando diferenças significativas.
Entretanto, todas as amostras de sardinha apresentaram diferenças significativas (p
< 0,05). Os menores valores de ácidos graxos encontrados foram nas amostras de
sardinha enlatada em azeite tratadas na esterilização térmica de alta pressão. Os
29

autores sugerem que estes resultados são explicados pelo maior teor de minerais
presentes na sardinha em relação ao atum, pois a combinação de altas
temperaturas com alta pressão promove uma maior oxidação lipídica nestes tipos de
produtos.

A conserva é um bom método de conservação quando se deseja prolongar a


vida útil do produto e segundo estudos citados, este método também se torna efetivo
para reduzir o teor de histamina nos pescados em conserva, entretanto, devido às
altas temperaturas aplicadas, os produtos em conserva podem sofrer perdas nas
composições de nutrientes naturalmente presentes nos pescados.

5. MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A CONSERVAÇÃO DE PESCADOS

5.1 ATMOSFERA MODIFICADA

A vida útil dos alimentos perecíveis conservados em atmosfera normal é


limitada, principalmente pelo efeito do oxigênio atmosférico e o crescimento de
microrganismos aeróbios que promovem mudanças de odor, sabor, cor e textura,
conduzindo à perda da qualidade (MANO et al., 2000).

A modificação da atmosfera prolonga significativamente a vida útil dos


alimentos, quando comparados à refrigeração. Além disso, atende à crescente
demanda dos consumidores por alimentos frescos e de boa qualidade, com maior
vida útil, porém sem conservantes químicos e aditivos.

A extensão da vida de prateleira dos produtos derivados de peixe sob


refrigeração obtida através da utilização de embalagens com atmosfera modificada
depende da matéria-prima (espécies, teor de gordura, população microbiana inicial),
da mistura dos gases e dos materiais de embalagem utilizados (SIVERTSVIK et al.,
2002).

O método de embalagem em atmosfera modificada consiste em substituir a


atmosfera que rodeia o produto no momento da embalagem por outra (um gás ou
mistura otimizada de gases tais como CO2, N2 e O2), especialmente preparada para
cada tipo de alimento, permitindo controlar melhor as reações enzimáticas e
microbiológicas, evitando ou minimizando as principais degradações produzidas
durante o período de armazenamento (MADRID, 1995).
30

O papel do dióxido de carbono (CO2), em particular, tem sido motivo de


diversos estudos com vários relatos sobre seu efeito nos diferentes grupos de
bactérias (DEBEVERE, 2000). Sivertsvik et al. (2002) resumiram os quatro
mecanismos responsáveis pelo efeito do CO2 sobre as bactérias como sendo:
alteração da função da membrana celular (incluindo efeitos na absorção de
nutrientes), inibição direta das enzimas ou influência na taxa das reações
enzimáticas, penetração nas membranas bacterianas levando a mudanças de pH
intracelular e mudanças diretas nas propriedades físico-químicas das proteínas.
Além disso, é importante destacar que o CO2 é mais solúvel em baixas temperaturas
(DEBEVERE, 2000) e, portanto, a manutenção dos pescados em atmosfera
controlada e sob refrigeração pode ter um efeito significante na conservação desse
alimento.

Além da ação sobre os microrganismos, os gases utilizados neste tipo de


embalagem também têm ação sobre as características químicas dos pescados.
Sabendo-se que a determinação de Bases Voláteis Totais (BVT) em pescado é,
muitas vezes, utilizada para avaliação de frescor, estudos feitos por Teodoro et al
(2007) em amostras de Sardinha (Sardinella brasiliens), mostraram que a
concentração de CO2 também influência nos valores de BVT. Os valores de BVT
foram afetados significativamente pelos tratamentos e pelo período de
armazenamento. O limite máximo aceitável pela legislação brasileira (30 mg.100 mg-
1) (BRASIL, 1997) atingiu seu valor no 10o dia de estudo para a amostra controle
embalada em atmosfera normal. O tratamento com 100% de CO 2 só chegou ao
limite máximo aceitável no 20o dia, mostrando a efetividade da atmosfera modificada
para manutenção dos valores de BVT, proporcionando uma extensão das
características associadas ao frescor do pescado.

Valores semelhantes foram encontrados por Goulas & Kontominas (2007),


que além de utilizarem a atmosfera modificada para a conservação de salmão
(Salmo salar) nas proporções de 40% de CO2, 30% de O2 e 30% de N2, adicionaram
no produto salga leve e óleo essencial de orégano nas concentrações de 0,4% e
0,8%. No 12o dia a amostra controle já apresentava limites acima do tolerável para
BVT, enquanto que o tratamento com atmosfera modificada e salga leve só excedeu
o limite de aceitabilidade após o 24º dia e os tratamentos com atmosfera modificada,
31

adicionado de salga leve e óleo essencial de orégano com concentração de 0,4% e


0,8% atingiram os valores limites nos 30º e 33º dias, respectivamente.

Ao analisar a qualidade de filé de tilápia (Oreochromis niloticus) embalado em


atmosfera modificada, Araújo (2014) usou como parâmetro para estipular a vida de
prateleira do produto o limite de contagem em placas dos microrganismos
psicrotróficos, já que um número elevado destes microrganismos está associado à
deterioração. A legislação brasileira não estabelece um padrão específico para a
contagem em placas destes microrganismos, contudo, a recomendação
internacional estabelece o limite de 107 UFC/g (ICMSF, 1986). Constatou-se que a
atmosfera modificada, especialmente a baixas concentrações de O 2, retardou a
multiplicação de microrganismos psicrotróficos, sendo que a vida de prateleira de
amostras com 80% de CO2, vácuo e 100% de CO2 foi estimada em 10, 20 e 22 dias,
respectivamente. Resultados semelhantes foram relatados por Masniyom et al.
(2013) que, analisando estes microrganismos em filés de tilápia da mesma espécie,
acondicionados em embalagem a vácuo, ar (controle) e com 60% de CO2, 10% de
O2 e 30% de N2 nas mesmas condições de temperatura (4°C), observaram que a
embalagem com atmosfera modificada inibiu seu desenvolvimento, mantendo-o
dentro do limite aceitável por aproximadamente 18 dias.

Além da contagem de psicrotróficos para estipular a vida de prateleira do


produto, os autores também avaliaram sensorialmente as amostras. Araújo (2014),
obteve pelos resultados de aceitação global e intenção de compra, cinco dias para a
amostra controle, oito para 100% de CO2, dez para 80% CO2 e doze dias para a
amostra embalada a vácuo. Avaliando as alterações sensoriais de filés de tilápia a
4°C durante o período de armazenamento, Masnyiom et al. (2013) obtiveram
aceitação de seis, doze e quinze dias para as amostras acondicionadas em
atmosfera normal, vácuo e com 60% de CO2, respectivamente.

Portanto, as diferentes pesquisas citadas mostraram que embalar pescados


em atmosfera modificada se mostrou eficaz para estender a vida útil deste alimento,
pois mantém as características de frescor e apresenta resultados positivos no efeito
sobre os microrganismos.

5.2 CONSERVANTES NATURAIS


32

A literatura científica sobre técnicas de preservação de alimentos relata um


interesse em pesquisas de compostos naturais de origem vegetal, extraídos de
folhas ou sementes, como alternativa para os conservantes sintéticos (BELLETTI et
al., 2004).

A atividade antimicrobiana de muitos óleos essenciais sobre uma vasta gama


de microrganismos tem sido bastante estudada tanto in vitro como em alimentos
(BURT, 2004). É sabido que a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais está
relacionada com a sua composição química, principalmente os compostos fenólicos
(COSENTINO et al., 1999). No entanto, a composição dos óleos essenciais e a
porcentagem de componentes principais de uma determinada espécie de planta
podem variar dependendo da época da colheita, das fontes geográficas e da parte
onde é retirado este óleo essencial (PRUDENT et al., 1995).

Gomez-Estaca et al. (2010) avaliaram a atividade antimicrobiana de diversos


óleos essenciais para a preservação de peixes, sendo que o óleo essencial do
cravo-da-índia apresentou o maior efeito inibitório, seguido pelo alecrim e lavanda.
Segundo o estudo, os microrganismos mais sensíveis foram Clostridium perfringens,
Bacillus cereus e S. aureus, enquanto que os mais resistentes foram Pseudomonas
spp, Citrobacter freudii, Yersinia enterocolitica e Listeria spp. O autor cita que estes
resultados podem ser atribuídos aos lipopolissacarídeos da parede celular de
bactérias gram-negativas, que podem impedir que os componentes dos óleos
essenciais penetrem a membrana plasmática.

Abdollahzedh et al. (2014) estudaram o efeito antimicrobiano de óleo


essencial de tomilho sobre a Listeria monocytogenes em carne de peixe picada em
concentrações de 0,4, 0,8 e 1,2 ml de óleo essencial/100 g de carne de peixe. O
autor inoculou a bactéria em carne de peixe picada para avaliar a diminuição da
população microbiana ao longo de 12 dias de armazenamento. As amostras foram
armazenadas a 4°C e durante todo o período de armazenamento a amostra controle
apresentou um crescimento populacional da L. monocytogenes. Entretanto, a partir
do 4° dia de armazenamento sob refrigeração, as amostras tratadas com 0,8 ml e
1,2 ml já apresentaram redução na população de L. monocytogenes, sendo que a
partir do 6° dia até o final do estudo, a população do microrganismo estudado já
apresentava níveis abaixo do aceitável (>102) para as amostras com 0,8 e 1,2 ml de
33

óleo essencial de tomilho. Com isso, conclui-se que para o microrganismo em


questão, a adição de 0,8 ml de óleo essencial de tomilho em 100g de carne picada
de peixe é o necessário para atingir o limite aceitável de L. monocytogenes a partir
do 6° dia de armazenamento.

Conservantes naturais, como óleos essenciais de compostos vegetais e seus


produtos isolados, são um método eficiente para conservação de pescados e seus
derivados, entretanto, são necessários mais estudos para verificar possíveis sabores
residuais dos óleos utilizados. Dentre uma possível alternativa para mascarar o odor
e sabor desagradável bem como aumentar a estabilidade dos compostos fenólicos
está a encapsulação, a qual pode ser feita em diversas matrizes como lipossomas,
nanoemulsões, partículas poliméricas e nanopartículas lipídicas sólidas (Asbahani et
al., 2015; Donsi & Ferrari, 2016).

5.3 FILMES COMESTÍVEIS

O desejo dos consumidores por alimentos contendo menos aditivos sintéticos


e produtos menos impactantes ao ambiente estimula o desenvolvimento de novos
materiais, como a utilização de embalagens biodegradáveis desenvolvidas a partir
de polímeros naturais, a fim de se obter uma alternativa para as embalagens
plásticas. Estes filmes podem ser obtidos a partir de diversas fontes
(polissacarídeos, lipídeos, proteínas) que, em muitos casos, são resíduos de
produtos de pesca, agricultura ou pecuária (THARANATHAHAN, 2003).

Oléos essenciais podem ser aplicados à formulação de filmes comestíveis,


proporcionando-lhes propriedades antioxidantes ou antimicrobianas adicionais que
podem prolongar a vida útil e reduzir ou inibir patógenos alimentares (ZIVANOVIC et
al, 2005).

A quitosana é um polissacarídeo catiônico presente na carapaça de


crustáceos, conhecido como biopolímero formador de película, com ampla atividade
antimicrobiana contra bactérias e fungos (SATHIVEL, 2005). Filmes e revestimentos
feitos de quitosana têm sido utilizados como uma barreira antimicrobiana na
indústria de alimentos (DEVLIEGHERE et al., 2004).

Visando esta atividade antimicrobiana, Gomez-Estaca et al. (2010)


desenvolveram um estudo a fim de observar a eficiência de filmes comestíveis a
34

base de quitosana. Os autores desenvolveram filmes comestíveis de gelatina e


gelatina a base de quitosana juntamente com óleos essenciais. Os óleos essenciais
podem ser aplicados à formulação de filmes comestíveis devido às suas
propriedades antioxidantes e/ou antimicrobianas (ZIVANOVIC et al., 2005). Quanto
aos filmes comestíveis nenhum dos dois tipos testados apresentou atividade
antimicrobiana além do já que havia sido observado utilizando-se apenas óleos
essenciais. Os autores afirmam que estes resultados podem ser devido ao fato de
que os resultados são muito influenciados pelos tipos de procedimento
experimentais utilizados, podendo haver variação de uma técnica para outra, o que
inviabilizaria a atividade antimicrobiana dos filmes comestíveis, pois tais compostos
tendem a se degradar em temperaturas e pressões normais (FALGUERA et al.,
2011).

Os filmes comestíveis podem ser uma alternativa como embalagens para


estender a vida útil de pescados, entretanto, para possuir efeito antimicrobiano mais
satisfatório, outros produtos como óleos e extratos naturais de plantas devem ser
adicionados, assim como obter um controle do processo para evitar a degradação
de tais filmes comestíveis.

5.4 IRRADIAÇÃO GAMA

A irradiação gama é um processo eficaz para inativar patógenos transmitidos


pelos alimentos, pois sua ação reduz a população microbiana. Ao longo de muitos
anos de pesquisa e desenvolvimento de padrões nacionais e internacionais, mais de
60 países possuem regulamentação para utilização de irradiação gama em pelo
menos um produto (BLACKBURN, 2011).

Organizações internacionais como a OMS, FAO, IAEA e o CODEX


ALIMENTARIUS estabeleceram regulamentos para a irradiação de alimentos e esta
tecnologia tem sido amplamente utilizada comercialmente. Uma dose máxima de 10
kGy de irradiação gama é o aceitável para eliminar microrganismos patogênicos de
alimentos. Uma dose de até 7 kGy é considerada aceitável para peixes e outros
produtos marinhos (KANG et al., 2016).

Estudos estão sendo desenvolvidos para se avaliar a dosagem mínima


necessária de irradiação em cada produto. Com isso, Badr (2012) inoculou Listeria
35

monocytogenes e Vibrio parahaemolyticus em salmão defumado embalado a vácuo


para avaliar a eficiência da irradiação gama na diminuição populacional destes
microrganismos logo após o tratamento. O autor fez três tipos de tratamentos nas
amostras com dosagem de 1 kGy, 2 kGy e 3kGy. A irradiação de amostras a doses
de 1 kGy e 2 kGy diminuiu significativamente a contagem de L. monocytogenes em
relação à amostra controle, entretanto, a irradiação a 3 kGy foi suficiente para sua
inativação total, já que este microrganismo não foi detectado após o tratamento e
durante o armazenamento de seis semanas. O V. parahaemolyticus não foi
detectado em todas as amostras irradiadas, indicando que a menor dose aplicada,
de 1 kGy, foi suficiente para inativar este microrganismo que também não foi
detectado durante o armazenamento.

Além de inibir bactérias patogênicas, o uso da irradiação gama destrói a


atividade viral. Praveen et al. (2013) encontraram valores de 4,05 kGy para destruir
o Norovirus humano e 4,83 kGy para destruir o vírus da Hepatite A em ostras
frescas. Portanto, é possível observar que a carga mínima necessária de irradiação
para inibir a atividade viral é maior do que a carga mínima necessária de irradiação
para inibir bactérias patogênicas.

Os estudos mostraram que não há carga mínima uniforme para eliminar os


riscos microbiológicos presentes no pescado. Entretanto, a utilização em torno de 4
kGy seria necessário para inibir bactérias e vírus, mostrando que irradiação gama
pode ser um método eficaz para a redução de patógenos presente nos produtos.
36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pescados são produtos muito perecíveis que exigem cuidados em toda a


sua cadeia produtiva, ou seja, desde a captura até o consumidor final. Neste
contexto, estudos sobre novos métodos de conservação e aprimoramento dos já
comumente utilizados pelas indústrias são muito importantes.

Dentre os métodos tradicionais de conservação, o uso do frio é o mais


utilizado pelas indústrias de alimentos, pois pode tanto ser utilizado para produto
fresco, resfriado ou congelado. O congelamento é o que proporciona uma maior vida
de prateleira, pois se mostra eficaz tanto para bactérias como parasitas, entretanto,
este método causa danos na superfície do pescado, ocasionando características
indesejáveis como queimaduras e desidratação.

A salga seria um método alternativo para o uso do frio, pois se mostrou


eficiente tanto para eliminação de parasitas como para inativação de
microrganismos patogênicos, facilitando pequenas indústrias de pescados que
muitas vezes não possuem estruturas adequadas para efetuar o congelamento de
peixes de alto mar. No entanto, é importante destacar que a salga altera as
características organolépticas do produto.

Entre os métodos estudados, a conserva é o que mais descaracteriza o


produto fresco, pois as altas temperaturas aplicadas podem ocasionar em perdas
nutricionais do pescado e o possível cozimento do produto. Este método é eficaz
para a eliminação de microrganismos patogênicos, entretanto, não é adequado
quando se deseja manter as características de peixe fresco.

Visando manter as características sensoriais e nutricionais do pescado sem a


adição de conservantes químicos, muitos estudos vêm buscando métodos
alternativos de conservação para estender a vida de prateleira de pescados frescos,
aumentando sua oferta no mercado. Dentre esses métodos está a utilização de
antimicrobianos naturais, como aqueles extraídos de plantas. Esses compostos
apresentam excelente potencial antimicrobiano in vitro, porém, ao aplicar no
alimento, muitas vezes torna-se necessário à adição de concentrações mais
elevadas de antimicrobiano para atingir o mesmo espectro de ação, o que pode
alterar as características organolépticas do produto. Uma alternativa que vem sendo
37

avaliada por muitos pesquisadores é a utilização da nanotecnologia através da


encapsulação desses compostos. Filmes comestíveis contendo óleos essenciais
também vêm sendo pesquisados com potencial para aplicação na indústria
pesqueira.

A irradiação é outro método alternativo eficaz para eliminar os riscos de


patógenos no pescado, entretanto, este método não dispensa o uso de refrigeração,
pois não há a ação sobre as reações enzimáticas presentes nos alimentos.

Dos métodos alternativos descritos nesse trabalho, a utilização de atmosfera


modificada se mostrou mais eficiente tanto para manter o frescor do produto quanto
para manter os níveis aceitáveis de microrganismos. Muitos estudos vêm sendo
feitos nesta área, não apenas para pescados, mas também para vegetais e frutas,
pois os gases utilizados são eficazes para manter os níveis aceitáveis de
microrganismos, aumentando a vida de prateleira do produto sob refrigeração.

Por fim, é importante destacar que todos os métodos alternativos citados


neste trabalho necessitam de refrigeração, tais métodos são utilizados para estender
a vida de prateleira do produto refrigerado, mantendo suas características
sensoriais, nutricionais e a segurança do produto.
38

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