Diálogos Lucy Teixeira FINAL
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RESUMO
Desde a publicação do Edital nº 01, de 26 de Abril de 2007 busca-se responder se a Sala de Recursos
Multifuncionais se configura efetivamente como uma política de educação especial na perspectiva inclusiva. O
presente estudo examina as consequências geradas pela implantação da Sala de Recursos Multifuncionais
(SRM) no ambiente escolar e a dependência da formação do professor como elemento fundamental para o
sucesso da proposta. Analisa a proposta da Sala de Recursos Multifuncionais e suas condições para
funcionamento no ambiente escolar, buscando contextualizá-las nos âmbitos físico (arquitetura) e subjetivo
(epistemologia) da escola. Investiga se as ações de formação continuada de professores propostas pela
Secretaria Municipal de Educação e Cultura se configuram efetivamente como uma política para o setor,
buscando oferecer subsídios para tal construção. Realizada com base em análise documental e relatos de
atuação na SRM, a pesquisa reflete sobre as consequências da SRM no ambiente escolar à luz da
complexidade que envolve sua elaboração e sua operacionalização. Analisa os caminhos que as políticas de
educação municipal têm percorrido, em especial na Rede Municipal de Rio Bonito, tentando identificar seus
reflexos na escola. São abordados, ainda, aspectos significativos acerca das tendências da formação
continuada de professores para atuação na Sala de Recursos Multifuncionais, considerando os inúmeros
desafios que o magistério vem enfrentando para se adequar a cada programa implantado pelos sistemas.
Descreve o campo e o tempo pesquisados, situando-os no contexto nacional, estadual e municipal, em
particular no tocante à política educacional do município. Conclui que, embora com avanços em relação ao
atendimento das necessidades educacionais especiais, a Sala de Recursos Multifuncionais ainda é um espaço
fragmentado dentro da escola, pois possui uma legítima dependência de diferentes fatores, especificamente
da formação docente. Por não se tratar de um projeto oriundo do ambiente escolar e sim concebido
exteriormente e depois implantado, ainda não se pode considerar a existência de uma política de educação
inclusiva promovida pela SMEC de Rio Bonito para a proposta da Educação Especial, pela ausência de
preocupação com a avaliação do impacto das ações desenvolvidas nessa área.
Palavras-Chave: Sala de Recursos Multifuncionais; Política Educacional; Formação de Professores.
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A autora cursa o mestrado em Educação na UFF, é pedagoga e pós-graduada em Psicopedagogia oela UNIPLI. É
ainda professora da rede municipal de Rio Bonito, tendo atuado como professora dos anos iniciais do Ensino
Fundamental na E. M. Dr. Paulo C. e Pfeil em 2005 e 2006. Atua na Sala de Recursos Multifuncionais, nesta mesma
Unidade Escolar, desde 2007 e é responsável pelas observações de campo; lucyteixeira@ig.com.br.
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O coautor é bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio e pedagogo pela La-Salle-RJ. É vice-diretor pedagógico
do Instituto Maia Vinagre e participou deste trabalho nas análises teóricas, a partir das constatações empíricas da
autora; marcelomocarzel@gmail.com.
Os princípios para a organização das salas de recursos multifuncionais partem da concepção de que
a escolarização de todos os alunos, com ou sem necessidades educacionais especiais, realiza-se em
classes comuns do Ensino Regular, quando reconhece que cada criança aprende e se desenvolve de
maneira diferente e que o atendimento educacional especializado complementar e suplementar à
escolarização pode ser desenvolvido em outro espaço escolar (...). Nessa perspectiva, a Secretaria
de Educação Especial/MEC, numa ação compartilhada com estados, municípios, desenvolve o
Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade que tem entre seus objetivos o de apoiar a
implantação de salas de recursos multifuncionais para favorecer o processo de inclusão educacional
na rede pública de ensino. (ALVES et alli, 2006, p.7)
Para a realização da análise foi escolhida a Escola Municipal Doutor Paulo Couto e Pfeil.
A escolha deu-se a partir da inquietação diante do rico material produzido em prática docente desde
2007 na SRM desta unidade de ensino. A escola atende a aproximadamente 250 crianças do 2º ao 5º
ano do Ensino Fundamental distribuídas nos turnos da manhã e da tarde, localiza-se próxima ao
Centro do município de Rio Bonito e é considerada uma das pioneiras no trabalho de inclusão
escolar de alunos com deficiência no município. Na metodologia deste trabalho utilizamos registros
sobre a prática e relatos sobre a observação da prática, além de publicações disponíveis na Internet e
de reportagem de um jornal local. Realizarmos análise documental (fontes primárias) de ofícios,
decretos, pareceres, projetos etc. Um documento repleto de conflitos e que enriqueceu as discussões
foi o Projeto Político Pedagógico da escola em questão. O objetivo principal deste trabalho é
analisar a proposta da Sala de Recursos Multifuncionais e suas condições para funcionamento no
ambiente escolar, buscando contextualizá-las nos âmbitos físico (arquitetura) e subjetivo
(epistemologia) da escola. Procuramos também investigar se as ações de formação continuada de
professores propostas pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Rio Bonito se
configuram efetivamente como parte de uma política inclusiva.
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Rio Bonito é um dos municípios da Baixada Litorânea do Estado do Rio De Janeiro. Possui aproximadamente
sessenta mil habitantes, distribuídos numa área de 463,32 km² dos quais, nove mil estão matriculados na rede pública
municipal de ensino, composta atualmente por 52 unidades escolares. Fonte: PME/RB
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O Plano Municipal de Educação de Rio Bonito foi aprovado pelo legislativo em 28 de Dezembro de 2009. Das 111
páginas que compõem o documento, verifica-se que as primeiras 62 páginas não foram submetidas à discussão em seu
processo de elaboração.
Outra questão conjuntural importante gira em torno da formação do professor. Entre 2000
e 2004 foram vivenciadas experiências de implantação de programas como o “PCN’s em Ação”,
“Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA)”, que apesar de serem o cerne
desta análise, são citadas para respaldar a discussão que se propõe em torno da implantação das
Salas de Recursos Multifuncionais em Rio Bonito. Percebemos que, em diferentes situações como,
por exemplo, a elaboração do PME, a atuação nas SRM, a construção do Projeto Político
Pedagógico etc. têm seu sucesso condicionado à formação profissional. E uma das fragilidades
apontadas no processo de implantação das SEM na escola é sua dependência da atuação do
professor, e consequentemente, de sua formação, muitas vezes deficitária.
Ao longo da análise do Projeto Político Pedagógico (2006) da Escola Municipal Dr. Paulo
C. e Pfeil não havia nenhum item específico ou mesmo menção à proposta da Sala de Recursos
Multifuncionais. O questionamento decorrente desta constatação é evidente: como essa ideia, que
não foi gerada a partir de problematização interna da escola, pode de fato melhorar as atividades em
prol das necessidades educativas especiais dos estudantes? A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (9.394/1996), em seu Artigo 58 caracteriza a Educação Especial como uma modalidade da
educação escolar. Ainda neste artigo há referências ao movimento escolar de atendimento
especializado quando houver necessidade:
Art. 58º. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais. § 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º. O atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular. (BRASIL, 1996)
O anseio por grupos homogêneos sempre foi perceptível no contexto escolar. A unificação
e a padronização do saber e das competências dos indivíduos se constituem como expectativas
básicas nas estratégias de ensino. Só estaria apto a aprender aquele que facilitasse o ensino,
respondendo às expectativas. A escola, por sua vez, passa a refletir sobre a necessidade da
heterogeneidade no seu contexto. A diversidade ganha um espaço maior. Fala-se de diferentes
maneiras de ensinar para as diferentes maneiras de aprender. Considera-se o ritmo e o tempo do
aluno. As avaliações tendem a considerar o processo. Passa a haver a comparação do aluno com seu
próprio histórico (o que sabia e o que sabe agora, independente de como estejam os outros
integrantes da escola ou da sua sala de aula).
O conceito de escolas inclusivas supõe uma maneira mais radical de entender a resposta educativa
à diversidade dos alunos e baseia-se fundamentalmente na defesa dos seus direitos a integração e
na necessidade de promover uma profunda reforma das escolas, que torne possível uma educação
de qualidade para todos eles, sem nenhum tipo de exclusão (COLL, 2004, p. 15)
Art. 59º. Os A escola regular então não possui o aparato necessário para preparar todos os
alunos para a convivência social. A inclusão, nesta abordagem, encontra-se estruturada na ideia da
interação social, na construção e no desenvolvimento cognitivo a partir da própria vivência. No
texto de Mittler (2005, p. 25) podemos observar uma proposta positiva em relação à inclusão: “No
campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas
como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas
de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola”.
É importante refletirmos sobre a luta pela igualdade de direitos que protagoniza tanto a
história da educação como a da educação inclusiva. O acesso e permanência à educação básica
ainda não se efetivou, tampouco os alunos com necessidades educativas especiais possuem todos os
seus direitos cumpridos. Observamos, no Artigo 58 da LDB, a possibilidade de o atendimento da
clientela sem que haja apoio especializado, inclusive longe das classes regulares.
Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I -
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir
em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização
adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação
especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos
programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL,
1996)
A LDB não determina critérios para definir quem seria ou poderia ser o “educando com
necessidades especiais”. O termo Necessidades Educativas Especiais é introduzido nas discussões
das políticas públicas de educação a partir da publicação do Relatório de Warnock 5, encomendado
5
O Relatório Warnock foi um documento apresentado ao Parlamento do Reino Unido, elaborado por um comitê presidido por
Mary Warnock, constituído para rever o atendimento aos indivíduos com deficiências na Inglaterra, País de Gales e Escócia.
Trata-se de um documento clássico na área, entre outras questões por ter introduzido o conceito de “necessidades
educacionais especiais.
Essa perspectiva apontada pelo autor se definirá no PPP, que deve delinear os caminhos da
instituição, contemplando os princípios, as ações e as práticas do espaço institucional, revelando a
trama de relações que ocorre no âmbito educativo. A sua elaboração requer clareza nos princípios
da proposta, bem como a definição do que se pretende com a formação do professor hoje. Deve se
fruto da construção coletiva, fomentando uma cultura organizacional capaz de desencadear um
processo constante de reflexão sobre a prática.
Nessa perspectiva as ações desenvolvidas no interior da escola deverão ser sempre
resultantes de um trabalho crítico, reflexivo e coletivo. A dinâmica do processo de construção do
PPP perpassa o movimento de democratização institucional. Podemos afirmar então que o PPP
representa a oportunidade do corpo técnico, administrativo e pedagógico, juntamente com a
comunidade escolar, construírem e definirem os rumos da educação daquela escola.
Isso significa que o projeto é ao mesmo tempo um desejo, uma utopia e uma concretização.
O projeto incorpora uma utopia, mas sua característica é organizar a ação, por isso precisa ser
sempre operacional, e sintetiza: o que temos; o que faremos em função do que desejamos; como
saber se o que estamos fazendo corresponde ao que desejamos (passo). E esta dimensão só existirá
se houver interação entre os profissionais que atuam na comunidade educativa. Por isso ressaltamos
o cuidado que devemos ter com propostas de uma amplitude tão grande, como a implantação das
Salas de Recursos Multifuncionais, que modificam a estrutura da escola, mas que neste caso não
são provenientes da mesma e sequer são citadas no PPP.
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Realizou a palestra “Ensinar e Aprender: alguns aspectos polêmicos”, no dia 19 de Agosto de 2003 (Encontros
Instigantes Seção Internacional) no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Botafogo/RJ.
(...) O conhecimento e habilidades requeridas dizem respeito principalmente à boa prática de ensino
e incluem a avaliação de necessidades especiais, adaptação da prática de ensino e incluem a
avaliação de necessidades especiais, adaptação do conteúdo curricular, utilização de tecnologia de
assistência, individualização de procedimentos de ensino no sentido de abarcar uma variedade
maior de habilidades, etc. Nas escolas práticas de treinamento de professores, atenção especial
deveria ser dada à preparação de todos os professores para que exercitem sua autonomia e
apliquem suas habilidades na adaptação do currículo e da instrução no sentido de atender as
necessidades especiais dos alunos, bem como no sentido de colaborar com os especialistas e
cooperar com os pais. (UNESCO, 1994, p.10)
A ideia do exercício da autonomia para atender às necessidades educativas dos alunos está
como um objetivo a ser alcançado através da preparação dos professores. Com relação à formação e
à cultura, destacamos:
O professor da sala de recursos multifuncionais tem como atribuições: atuar, como docente, nas
atividades de complementação ou suplementação curricular específica que constituem o
atendimento educacional especializado dos alunos com necessidades educacionais especiais; atuar
7
APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. Não se pretende desvelar
a atual condição de atendimento da demanda pela APAE. Observa-se apenas que tal atendimento não é original do
programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais do MEC.
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Notícias Folha da Terra. Disponível em <http://www.guiarb.com.br/detalhe_noticia.asp?id_not=326>. Acessado em
27/08/2009.
“No mês de fevereiro estive à disposição da escola lecionando nas turmas de 3ª e 4ª séries até o
inicio do curso “Sala de Recursos em Ação”. No dia 06 de março realizei reunião com docentes do
1º e 2º turno. No final da primeira semana de março (considerando o início do trabalho no dia 05)
estava com o levantamento das crianças que eram casos incluídos pela equipe multidisciplinar.
Também realizei reunião com os docentes da escola M. Barãozinho, tendo através da OE da mesma
acesso à listagem de crianças que também passaram pela Equipe Multidisciplinar. A partir dos
encaminhamentos feitos pelas professoras das duas escolas (Paulo Pfeil e Barãozinho) enviei às
Diretoras uma solicitação de encaminhamento, com dia e horários marcados para cada criança. Já
no dia 19/03/07, início da 3ª semana, comecei a atender cada criança acompanhada de um
responsável e preenchi de cada uma a ficha de primeiro contato (planejada e desenvolvida por
mim). Houve uma falta de 15%, onde a partir daí reencaminhei os bilhetes para oportunizar as
crianças que por algum motivo não puderam vir para o primeiro contato. Após esse bilhete atendi a
todas as crianças nomeadas(...)” (Professora da SRM, em 2 de abril de 2007)
“Para mim a SRM foi uma novidade na escola. A princípio fiquei um pouco apreensiva, pois tudo
que é novo assusta um pouco.(...) Apesar das muitas dificuldades (recursos materiais) a escola
tentou ajudar dentro de suas possibilidades. (Diretora, em 13/11/07).
“A Sala de Recursos está sendo de grande importância para o desenvolvimento dos nossos alunos.
Mas no início do trabalho da Sala de Recurso ouve alguns pontos que não estavam bem
esclarecidos e isso levou a alguns desencontros de informações. Achei que antes da Sala começar a
funcionar deveria ter havido uma reunião com a Direção para que tais informações fossem
esclarecidas. Informações esta como: ofícios, bilhetes, marcação de reunião para os pais e
alunos(...)” (Orientadora Educacional, em 13/11/07)
“Ocorreram bons esclarecimentos da professora Lucy, que se empenhou em fazer a interação entre
a Sala de Recursos e a Escola (...)” (Professora regente, 13/11/07).
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A priori a SRM receberia além dos alunos matriculados na E. M. Dr, Paulo Couto e Pfeil alunos oriundos das
Escolas Municipais Maria Lidya Coutinho, Barãozinho, Rômulo Tude e Jaudete Cure. Respectivamente dos bairros do
Rio do Ouro, Centro, Boqueirão e Rio Vermelho.
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A Avaliação sobre a SRM na E. M. Dr. Paulo C. e Pfeil apareceu nos relatórios entregues à professora responsável
pela mesma, que solicitou à equipe durante reunião.
“(...) espero que o ano que vem Juliana não tenha mais um ano que não atenda a suas reais
necessidades. Para Luis Felipe (...) a Sala de Recursos foi muito aproveitável. O seu
desenvolvimento e interesse na sala de aula melhoraram muito (...)” (Professora regente, 13/11/07).
Durante todo ano de 2007 nenhum outro recurso do Programa de Implantação das Salas de
Recursos Multifuncionais chegou à escola. Esse fato potencializou ainda mais os conflitos sobre a
proposta da SRM. Se no primeiro momento a escola se movimentou para oferecer o espaço físico e
instalações básicas (por exemplo, Internet) que o programa exigia, numa aposta mesmo que
inconsciente de que um remédio para os problemas de “inclusão” estava para chegar, mas o fim do
ano se aproximava e a escola tinha a sala, mas não tinha os recursos multifuncionais. Ao se colocar
tal problema em pauta nas reuniões, a solução era colocada como responsabilidade exclusiva da
professora da SRM, cujo perfil fora estabelecido pelo critério “dinâmico-criativo-pesquisador”. Ou
seja, a solução estaria simplesmente na habilidade da professora produzir recursos e pesquisar
novas formas de garantir acessibilidade aos alunos com Necessidades Educativas Especiais. Sobre
esse assunto destacamos a fala de uma das professoras, formada em Educação Artística:
Antes de uma solução imediata e que simplifica toda complexidade que envolve o
problema, observamos a falta de mecanismos de avaliação da Secretaria Municipal a respeito do
projeto da SRM. Todos os relatórios enviados ao Departamento de Ensino/Coordenação de
Educação Inclusiva, pelas professoras da escola não foram discutidos. Embora com avanços em
relação ao atendimento das necessidades educacionais especiais, a SRM ainda se coloca como um
espaço fragmentado dentro da escola, pois possui uma legítima dependência de diferentes fatores,
especificamente da formação docente.
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura, ao aderir ao Programa de Implantação de
Salas de Recursos Multifuncionais não desenvolveu estratégias que observassem a realidade de
cada escola contemplada pelo Programa. E por não se tratar de um projeto oriundo do próprio
ambiente escolar e sim concebido exteriormente e depois implantado, ainda não se pode considerar
a existência de uma política de Educação Inclusiva promovida pela SMEC de Rio Bonito para a
proposta da Educação Especial. A ausência de preocupação com a avaliação do impacto das ações
desenvolvidas nessa área contribui para que os conflitos permaneçam e se acumulem com os novos
que serão gerados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, T. W. Teoria da Semicultura. In: Educação e Sociedade, Campinas: Papirus, ano VXII, dezembro, 1996.