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Texto SISTEMÁTICA
Texto SISTEMÁTICA
Texto SISTEMÁTICA
Quando você para e examina uma flor, um arbusto ou uma árvore,, você pode
perguntar-se: qual o nome daquela planta?. Tal questão – surgindo de uma simples
curiosidade para identificar organismos do mundo ao nosso redor – tem intrigado gente
desde Aristóteles e sem dúvida desde épocas anteriores. O processo aparentemente
trivial de dar nome a um organismo é, de fato, parte de um sistema altamente
organizado para o estabelecimento de relacionamentos genéticos e identificação de
tendências evolutivas.
A IMPORTÂNCIA DA NOMENCLATURA
1
Os três primeiros parágrafos foram compilados de Raven et al. (2001).
NOMES CIENTÍFICOS x NOMES COMUNS
Para designar as espécies, existem dois tipos de nomenclatura: a vernacular e a
científica. A primeira trata dos nomes que a população atribui às plantas, os quais
variam bastante de uma região para a outra e, em muitos casos, dentro de uma mesma
região, dependendo de quem a utiliza. A nomenclatura científica, por outro lado, é
universal e única. Isto é, o nome de uma espécie não sofre variação e não pode ser
utilizado para outras espécies. Seu uso obedece a regras rígidas contidas no Código
Internacional de Nomenclatura Botânica, oferecendo segurança para os usuários. Por
essa razão, a nomenclatura científica permite o diálogo sobre determinada espécie entre
pessoas de diferentes países e regiões e promove o acesso às informações sobre a
mesma.
Por que os botânicos usam os nomes científicos em latim, em lugar dos nomes
comuns em sua língua???
Para garantir uma certa estabilidade e universalidade aos nomes dados aos
diferentes táxons, esses não devem ser dados arbitrariamente, mas sim de acordo com as
normas de nomenclatura, que constituem o Código Internacional de Nomenclatura
Botânica.
DIVISÃO I
PRINCÍPIOS DO CÓDIGO INTERNACIONAL
Os princípios formam a base e estabelecem a filosofia do sistema nomenclatural.
Existem 6 princípios:
A nomenclatura Botânica é independente da nomenclatura Zoológica e
da Bacteriológica;
O Código se refere unicamente à nomenclatura das plantas. Entretanto, o
mesmo nome que se dá a uma planta pode usa-lo os zoólogos para nomear
os animais
A aplicação de nomes dos grupos é determinada por meio de tipos
nomenclaturais;
O princípio do ”tipo” sustenta que o nome de cada sp. deve associar-se com
um espécimen particular, o tipo nomenclatural
A Nomenclatura de um grupo taxonômico está baseada na prioridade de
publicação;
Este princípio tão importante, sustenta que o nome correto é o nome mais
antigo já publicado de acordo com as regras. Os nomes que se publicam
primeiro têm preferência sobre os nomes ‘a posteriori’. O Princípio da
Prioridade na nomenclatura botânica começa e 1º de maio de 1753 que é
exatamente a data da publicação da primeira edição de Species Plantarum
de Linneo.
Cada táxon tem apenas um nome válido;
Cada grupo taxonômico com uma delimitação particular (circunscrição),
posição e nível próprios pode ter apenas um nome correto, a saber, o mais
antigo em conformidade com as Regras, salvo em casos especificados.
Nomes científicos de grupos taxonômicos são tratados em latim,
independentemente de sua derivação; e
As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que expressamente
limitadas (ou seja, salvo a existência de uma indicação contrária).
As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já
existentes e orientar a criação de novos nomes.
DIVISÃO II
REGRAS E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO I. Categorias dos Taxa e termos que os designam
Reino - bionta
Subreino
Filo (ou Divisão) - phyta (ex.: Magnoliophyta)
Subfilo (ou Subdivisão) - phytina
Classe - opsida (ex.: Magnoliopsida)
Subclasse - idae
Superordem - anae
Ordem - ales (ex.: Asterales)
Subordem - ineae
Família - aceae (ex.: Asteraceae)
Subfamília - oideae
Tribo - eae
Subtribo - inae
Gênero Vernonia (ìtálico, letra inicial maiúscula)
Subgênero
Seção
Subseção
Série
Subsérie
Espécie V. angustifólia Michx. (itálicos,inicial
Subespécie da sp. minúscula)
Variedade
Subvariedade
Forma
Subforma
Clone
(Cultivar, Híbrido)
CATEGORIA TAXON
Reino Chlorobionta
Filo (ou Divisão) Embryophyta
Subfilo (ou Subdivisão) Tracheophytina
Classe Angiosperma
Ordem Sapindales
Família Sapindaceae
Gênero Paullinia
Espécie Paullinia cupana
Seção 2. Tipificação
Art. 7.1. A aplicação de nomes de táxons do nível (categoria) de família, ou abaixo
desta, é determinada através de tipos nomenclaturais.
Art. 7.2. Um tipo nomenclatural (typus) é o elemento ao qual o nome de um taxon está
permanentemente ligado, seja como o nome correto ou como um sinônimo. O tipo
nomenclatural não é, necessariamente, o elemento mais típico ou mais representativo de
um táxon. Para determinação de um tipo o botânico deve se basear no protólogo.
Protólogo (do grego protos, primeiro; logos, discurso): tudo associado com o
nome em sua publicação válida, por ex., descrição ou diagnose, ilustrações,
referências, sinonímia, dados geográficos, citação de espécimes, discussão e
comentários.
Art. 7.11. Para fins de prioridade (Arts. 9.17, 9.18 e 10.5), a designação de um tipo só é
consumada se o tipo for definitivamente aceito como tal pelo autor que efetuou a
tipificação, se o o elemento-tipo for claramente indicado pela citação direta incluindo o
termo ‘tipo’ (typus) ou equivalente e, em ou a partir de 1º de janeiro de 2001, se a
afirmação da tipificação incluir a frase ‘aqui designado’ (hic designatus) ou algo
equivalente.
Recomendação 7A. É fortemente recomendado, que o material no qual o nome de um
táxon está baseado, especialmente o Holótipo, seja depositado em um herbário público
ou a qualquer outra coleção pública, cujo regulamento permita livre acesso dos
botânicos de boa fé aos materiais ali depositados e que o mesmo seja escrupulosamente
conservado.
Art. 8.1. O tipo (holótipo, lectótipo ou neótipo) do nome de uma espécie ou táxon
infra-específico é um único espécime conservado em um herbário, outra coleção ou
instituição, ou é uma ilustração.
Art. 8.2. Para fins de tipificação, um espécime é uma coleta ou parte de uma espécie ou
táxon infra-específico feita num único momento, não consideradas as misturas (veja
Art. 9.2). Ele pode consistir de uma única planta inteira, de partes de uma ou várias
plantas ou de múltiplas pequenas plantas. Um espécime normalmente é montado numa
única exsicata de herbário ou em preparações equivalentes, tais como: caixa, envelope,
frasco ou lâmina de microscopia.
Art. 8.4. Espécimes-tipo de nomes de táxons devem ser permanentemente preservados
e não podem ser plantas vivas ou culturas. Entretanto, culturas de algas e fungos, se
preservadas em estado metabólico inativo (por ex.: liofilização ou congelamento
profundo), são aceitáveis como tipos.
Art. 9.1. Um holótipo (holotypus) de um nome de uma espécie ou de um táxon infra-
específico spécimes
Definições de Tipos (mais informações no Código, Artigos 9.1 a 10.7)
Seção 3. Prioridade
Art. 11. Cada família ou taxon de nível inferior com circunscrição (delimitação),
posição e nível particulares pode ter apenas um nome correto. Exceção especial feita a 9
famílias e uma subfamília, para as quais nomes alternativos são permitidos (ver nos
Artigos 18.5 e 19.7).
Art. 13.1. A publicação válida dos nomes de plantas de diferentes grupos é tratada
como iniciando nas seguintes datas:
Spermatophyta e Pteridophyta – 1º de maio de 1753 (Linnaeus, Species
Plantarum)
Musci (exceto Sphagnaceae), 1º de janeiro de 1801 (Hedwig, Species
Muscorum)
Sphagnaceae e Hepaticae, 1º de maio de 1753 (Linnaeus, Species Plantarum)
Fungi, 1º de maio de 1753 (Linnaeus, Species Plantarum)
Algae, 1º de maio de 1753 (Linnaeus, Species Plantarum)
Art. 18.5. Os seguintes nomes, consagrados pelo longo uso, são tratados como
validamente publicados:
Art. 19.1. O nome de uma subfamília é um adjetivo plural usado como um substantivo;
é formado da mesma maneira que o nome de uma família, porém, utilizando a
terminação oideae em vez de aceae. Ex.: Rosoideae (subfamília incluída na família
Rosaceae)
Art. 19.3. Uma tribo é nomeada de modo similar, usando a terminação eae (ex.: Roseae,
fa família Rosaceae) e a subtribo de maneira semelhante, usando-se a terminação ineae
(ex.: Poineae, da família Poaceae).
Seção 3. Nomes de gêneros e subdivisões de gêneros
Art. 20.1. O nome de um gênero é um substantivo no singular e é escrito com uma letra
inicial maiúscula. Ele pode ter qualquer origem e ser formado de maneira totalmente
arbitrária, mas não pode terminar em virus.
Art. 20.3. O nome de um gênero não pode consistir de duas palavras, a menos que estas
palavras sejam unidas por um hífen.
Recomendação 20a. Os botânicos que designam nomes genéricos devem levar em
conta as seguintes recomendações:
a. utilizar terminações em latim, sempre que possível
b. evitar nomes não facilmente adaptáveis à língua latina
c. não constituir nomes que sejam muito longos ou de difícil pronúncia em latim
d. não constituir nomes pela combinação de palavras de diferentes línguas
e. não constituir nomes genéricos pela combinação de partes de 2 nomes genéricos
já existentes (ex.: Hordelymus de Hordeum e Elymus) porque tais nomes podem
ser confundidos com nomes de híbridos intergenéricos
f. não dedicar gêneros a pessoas não relacionadas com a botânica ou, pelo menos,
com as ciências naturais
DIVISÃO III
PROVISÕES PARA GOVERNANÇA DO CÓDIGO
O Código pode ser modificado unicamente por ação de uma sessão plenária de um
Congresso Internacional de Botânica, após resolução movida pela Sessão de
Nomenclatura do referido Congresso.
Comissões Permanentes de Nomenclatura são estabelecidos sob os auspícios da
International Association for Plant Taxonomy. Os membros dessas Comissões são
eleitos por um Congresso Internacional de Botânica. As Comissões têm poder de
estabelecer subcomissões (Comitê Geral, além dos Comitês para Plantas Vasculares,
para Bryophitas, para Fungos, para Algas, para Plantas Fósseis e o Comitê
Editorial).
APÊNDICE I
NOMES DE HÍBRIDOS
REGRAS DE NOMENCLATURA
Datas importantes que constam do Código Internac. de Nomenclatura Botânica –
2000
Para propósitos de prioridade (Art. 9.17 e 10.5), a designação de um Tipo é
concretizada somente se o tipo for definitivamente (expressamente) aceito pelo autor
tipificante, isto é, se o Tipo for claramente indicado pela citação direta que inclua o
termo “Tipo (Typus)” ou um equivalente, e na data de ou após 1º de janeiro de
2001, o procedimento da tipificação inclua a frase “aqui designado” (hic
designatus) ou coisa equivalente.
O Holótipo (ou Lectótipo) de um nome de uma espécie ou táxon infraespecífico de
plantas fósseis (Art. 8.5) é o espécime (ou um dos espécimes) sobre os quais as
ilustrações validantes (Art. 38) são baseados. Quando antes, ou até 1º de janeiro de
2001, no protólogo de um nome de um novo táxon de plantas fóseis da categoria de
espécie ou abaixo, um espécime Tipo é indicado mas não identificado entre as
ilustrações validantes, um Lectótipo pode ser designado dentre os espécimes
ilustrados no protólogo. Esta escolha é invalidada se puder ser demonstrado que o
espécime Tipo original corresponde à outra ilustração validante.
APONTAMENTOS DIVERSOS
O nome genérico pode ser escrito sozinho quando se refere ao grupo inteiro de
espécies que formam aquele gênero (ex.: Dalbergia). Contudo, um epíteto
específico é desprovido de sentido quando escrito sozinho (ex.: nigra ou
brasiliensis). O epíteto específico brasiliensis, por exemplo, está associado a
dezenas de diferentes nomes genéricos.
Se alguém descobre que uma espécie foi inicialmente colocada em um gênero
errado e deve por isso ser transferida para outro gênero, o epíteto específico move-se
com a espécie para o novo gênero. No entanto, se já existe uma espécie naquele
gênero que tem aquele determinado epíteto específico, um nome alternativo deve ser
criado.
Cada espécie tem um espécimen tipo, geralmente uma exsicata, que é designado ou
pela pessoa que originalmente descreveu aquela spp. ou por um autor subsequente,
se o autor original não fez a designação. O espécimen tipo serve como um
referencial para compa-ração com outros espécimens para determinar se eles
pertencem ou não à mesma espécie.
Embora esse ideal que resulta em táxons naturais, soe de modo relativamente
direto, frequentemente se torna difícil consegui-lo.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
1. BARROSO, Graziela M. et al. 2002. Sistemática de Angiospermas do Brasil.
Vol.
Vol. 1. (2ª ed.). Editora UFV, Viçosa, Brasil.
2. FERREIRA, Gracialda C. & HOPKINS, Michael J. G. 2004. Manual de
identificação botânica e anatômica - angelim. EMBRAPA, Belém (PA).
101p.
3. JONES Jr., Samuel B. 1988. Sistemática Vegetal. 2ª ed. Libros McGraw-Hill
de
México S. A.
4. MARZOCA, Angel. 1985. Nociones Básicas de Taxonomía Vegetal.
Editorial
IICA, Costa Rica.
5. McNEILL, J. (Coord.) et al. 2007. Código Internacional de Nomenclatura
Botânica (Código de Viena). Rima Editora, São Carlos, SP. 181p.
6. RAVEN, Peter et al. 2001. Biologia Vegetal. Ed. Guanabara Koogan, RJ,
Brasil. Pp. 252-262 (Cap. 13 – Sistemática: a ciência da diversidade biológica).
7. VIDAL, Waldomiro Nunes & VIDAL, Maria R. Rodrigues. 2000. Taxonomia
Vegetal. Editora UFV, Viçosa, Brasil.
Classificação científica
(Fonte:: Wikipédia)
Nos últimos tempos, com o advento das técnicas moleculares e dos estudos cladísticos,
as regras tendem apara a unificação, levando a uma rápida mutação dos sistemas
classificativos e alterando profundamente a estrutura classificativa tradicional.
Linnaeus (“Lineo”)
Carolus Linnaeus (1707–1778) teve como obra principal, a Systema Naturae, com 12
edições durante a sua vida (com a 1.ª edição em 1735). Nesta obra, a natureza é dividida
em três reinos: mineral, vegetal e animal. Para sistematizar a natureza, em cada um dos
reinos Linnaeus usou um sistema hierárquico de cinco categorias: classe, ordem, género,
espécie e variedade.
Outra das suas principais contribuições foi o abandono dos longos nomes descritivos até
então em uso para designar as classes e ordens. Também promoveu o fim dos nomes de
géneros constituídos por duas palavras (por exemplo Bursa pastoris era um género).
Esta simplificação marca uma ruptura com os métodos dos seus antecessores imediatos
(Rivinus e Pitton de Tournefort), e foi acompanhada pelo estabelecimento de diagnoses
rigorosas e detalhadas para cada um dos géneros (a que ele chamou characteres
naturales). Também procedeu à integração das variedades nas respectivas espécies,
evitando que a botânica tivesse que criar novos taxa para acomodar todas as variedades
cultivadas que são constantemente criadas.
Na sua obra Philosophia Botanica (1751), Linnaeus colocou grande ênfase na melhoria
da composição dos nomes e na redução da sua extensão, abolindo as expressões
retóricas desnecessárias que tradicionalmente se usavam na descrição das espécies e
introduzindo novos termos descritivos cujo significado procurou fixar rigorosamente.
Este esforço resultou numa definição de espécies com um rigor sem precedentes.
No século XIX esta nova prática foi codificada nas primeiras regras e leis da
nomenclatura biológica, acabando por se transformar naquilo que hoje é geralmente
referido como a sistema de nomenclatura binomial, ou mais genericamente como a
taxonomia lineana, a qual é ainda, com poucas alterações, o padrão universalmente
aceite de atribuição de nomes aos seres vivos.
Desde a década de 1960 que se vem fortalecendo a tendência para utilizar estruturas
taxonómicas baseadas nos conceitos da cladística, hoje designadas por taxonomia
cladística, distribuindo os taxa numa árvore evolucionária. Se um taxon inclui todos os
descendentes de uma forma ancestral, é designado um taxon monofilético. Quando o
inverso acontece, o taxon é designado parafilético. Os taxa que incluem diversas formas
ancestrais são designados por polifiléticos. Idealmente todos os taxa deveriam ser
monofiléticos, pois assim reflectiriam a ancestralidade comum das espécies que
integrem.
Hierarquia da classificação
Mosca-da-
Taxon Humano Ervilha Amanita E. coli
fruta
Phylum ou
Arthropoda Chordata Magnoliophyta Basidiomycota Proteobacteria
Divisão
Subphylum
ou Hexapoda Vertebrata Magnoliophytina Hymenomycotina
subdivisão
Classe Insecta Mammalia Magnoliopsida Homobasidiomycetae Proteobacteria
D.
Espécie H. sapiens P. sativum A. muscaria E. coli
melanogaster
Note-se que em botânica e micologia, os nomes dos taxa de família para baixo são
baseados no nome de um género, por vezes referido como o género-tipo, ao qual é
acrescentado um sufixo padronizado. Por exemplo, o género Rosa é o género-tipo a
partir do qual a família Rosacea recebe o seu nome (Rosa + -aceae). Os nomes dos taxa
acima de família podem ser formados a partir do nome da família, com o sufixo
adequado, ou ser descritivos de uma ou mais características marcantes do grupo.
Classificação infra-específica
Embora a espécie seja considerado o nível de classificação mais baixo, existe por vezes
necessidade de recorrer a classificações infra-específicas para acomodar a
biodiversidade reconhecida ou para descrever certos traços fenotípicos, nomeadamente
os de interesse económico entre as espécies domesticadas.
As plantas podem ser classificadas em subespécies (por exemplo Pisum sativum subsp.
sativum, a ervilha-de-cheiro), ou variedades (por exemplo, Pisum sativum var.
macrocarpon, uma variedade de ervilha). As plantas cultivadas podem ser identificadas
por cultivares, cada um deles correspondente a um determinado fenótipo (por exemplo,
Pisum sativum var. macrocarpon 'Snowbird', o cultivar Snowbird de ervilha).
Citações de autor
O nome de qualquer taxon pode ser seguido pela explicitação da "autoridade" que o
criou, ou seja pelo nome do autor que primeiro publicou uma descrição válida da
entidade taxonómica. Estes nomes de autor são em geral abreviados, seguindo um
padrão de abreviatura fixado por critérios de tradição ou de história. Em Botânica, onde
existe uma lista de abreviaturas do nome de botânicos e micologistas padronizada, por
exemplo, Carolus Linnaeus é sempre abreviado para "L." e Gregor Mendel para
Mendel.
RESUMO
São descritas duas novas espécies de Calliandra da Chapada Diamantina, Estado da
Bahia, leste do Brasil. Calliandra geraisensis E.R. Souza & L.P. Queiroz é próxima de C.
calycina Benth., diferindo pelo seu hábito depauperado, folhas dísticas e ausência de tricomas
glandulares no perianto. Calliandra imbricata E.R. Souza & L.P. Queiroz é uma planta
arbustiva semelhante a C. erubescens Renvoize, da qual difere pelas folhas com maior número
de pinas e folíolos e pelos estames vermelhos. Ambas as espécies ocorrem nas montanhas da
Chapada Diamantina e são endêmicas restritas de uma pequena área nas vizinhanças da cidade
de Piatã.
Palavras-chave: Calliandra, Ingeae, taxonomia
ABSTRACT
Two new species of Calliandra are described from the Chapada Diamantina, state of
Bahia, eastern Brazil. Calliandra geraisensis E.R. Souza & L.P. Queiroz is related to C.
calycina Benth. but it differs in its depauperate habit, distichous leaves and absence of glandular
trichomes on the perianth. Calliandra imbricata E.R. Souza & L.P. Queiroz is a shrubby plant
similar to C. erubescens Renvoize from which it differs by having the leaves with more pinnae
and more leaflets and by its red stamens. Both species occur in the mountains of the Chapada
Diamantina region and are narrow endemics from a small area near the town of Piatã.
Key words: Calliandra, Ingeae, taxonomy
Introdução
O gênero Calliandra foi estabelecido por Bentham (1844) e inclui espécies da
subfamília Mimosoideae com androceu polistêmone e monadelfo que possuem um tipo de
legume caracterizado pela deiscência longitudinal elástica a partir do ápice e valvas com
margens espessadas. O gênero foi recentemente revisado por Barneby (1998) que o expurgou
dos elementos africanos e asiáticos de modo que, na sua atual circunscrição, é um grupo
exclusivamente neotropical com 132 espécies.
A Chapada Diamantina é um dos principais centros de diversidade de Calliandra, onde
ocorrem 40 espécies, sendo 30 delas endêmicas desta região (Souza 1999, Souza 2001). Destas
espécies, 19 foram descritas a partir de 1980 (Renvoize 1981, Mackinder & Lewis 1990,
Barneby 1998) demonstrando o grau de desconhecimento florístico da região e a complexidade
taxonômica do gênero. Nesta área ocorre um grande maciço montanhoso que ocupa a maior
parte da região central do Estado da Bahia, estendendo-se de cerca de 10º-14º S e de 40º-43º W.
No curso de um levantamento das espécies de Calliandra da Chapada Diamantina
(Souza 2001), foram encontradas duas espécies novas que são descritas e ilustradas a seguir.
Calliandra geraisensis E.R. Souza & L.P. Queiroz, sp. nov. Tipo: BRASIL: Bahia:
Piatã, platô do alto da Serra da Tromba, ramal ao sul da estrada Piatã-Inúbia, Caminho da
Ressaca, 13º03' S e 41º49' W, 1.300 msm, 2-XI-1996 (fl.), L.P. de Queiroz, D.J.H. Hind, H.P.
Bautista & M.M. da Silva 4706 (holótipo HUEFS).
Foliis ascendentibus et foliolis linearibus C. calycinae similis, sed habitu depauperato,
ramis virgatis, foliis distichis laxisque et perianthio glabrato sine pubibus glandularibus solum
calycis laciniis pubescentibus differt.
Subarbusto virgado ca. 0,6 m alt. com xilopódio robusto, amarelado; ramos, eixos
foliares e pedúnculo densamente pilosos quando jovens, ramos envelhecidos glabros. Estípulas
lanceoladas, 3-7 × 1-2 mm. Folhas sésseis, ascendentes, dísticas; pecíolo1-2 mm compr.; raque
5-7 mm compr.; pinas 2 pares, mais ou menos equilongas, 4,5-5 cm compr.; folíolos 19-21
pares por pina, imbricados, 8-10 × ca. 2 mm, coriáceos, oblongos a lineares, glabros, ápice
obtuso, base truncada, oblíqua, assimétrica, nervação palmado-dimidiada, nervura principal
excêntrica. Pseudoracemos terminais com fascículos de 1-2 glomérulos pedunculados;
pedúnculo 18-22 mm compr. Flores 5 por glomérulo, homomórficas, tetrâmeras a pentâmeras,
sésseis; cálice campanulado, tubo ca. 1,5 mm compr., glabro, lobos deltóides, ciliados, 0,5-0,6
mm compr.; corola glabra, campanulada, esverdeada, tubo 3-5 mm compr., lobos obtusos,
vináceos, ca. 2 mm compr.; estames brancos, tubo estaminal 7-8 mm compr., parede interna do
tubo estaminal nectarífera, estemonozona ca. 2 mm compr., filetes livres por 18-22 mm compr.,
anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2 mm compr., ca.
5-ovulado, estilete 23-28 mm compr., estigma capitado. Legume ca. 4,5 × 0,7 cm, linear-
oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada; valvas lenhosas, velutinas.
Sementes não vistas.
Parátipo: BRASIL: Bahia: Piatã, platô do alto da Serra da Tromba, ramal ao sul da
estrada Piatã-Inúbia, Caminho da Ressaca, 13º03' S e 41º49' W, 1.300 msm, 2-XI-1996 (fl., fr.),
L.P. Queiroz et al. 4705 (HUEFS).
Ecologia e distribuição – Calliandra geraisensis é uma espécie endêmica da serra da
Tromba, no município de Piatã. Ocorre em ambiente de campo cerrado praticamente sem
árvores, sobre solo arenoso compactado a uma altitude de cerca de 1.300 msm. Este tipo de
paisagem é localmente conhecido como "gerais", de onde é derivado o epíteto específico. Foi
encontrado material florido e frutificado no mês de novembro.
Taxonomia – Calliandra geraisensis pertence à seção Calliandra (sensu Barneby
1998) e é mais semelhante a C. calycina Benth., uma espécie relativamente bem distribuída na
Chapada Diamantina mas que, até o momento, não foi coletada na serra da Tromba (Souza
1999). Estas espécies aproximam-se pela disposição ascendente das folhas e folíolos lineares e
contíguos. No entanto, C. geraisensis diferencia-se de C. calycina pelo hábito mais depauperado
de subarbusto com xilopódio e ramos virgados, pelas folhas dísticas, laxamente dispostas nos
ramos, e pelo perianto quase glabro, sem tricomas glandulares e com tricomas tectores apenas
nos lobos do cálice, enquanto C. calycina, por sua vez, é um arbusto robusto com caule
ramificado, folhas espiraladas fortemente congestas e imbricadas no ápice dos ramos e perianto
esparsamente púberulo a glabro e com tricomas glandulares.
Calliandra imbricata E.R. Souza & L.P. Queiroz, sp. nov. Tipo: BRASIL: Bahia: Piatã,
estrada Piatã-Inúbia a ca. 25 km NW de Piatã, 13º04'48" S e 41º55'59" W, 1.450 m, 23-II-1994
(fl.), P.T. Sano, S. Atkins, C.M. Sakuragui, R.M. Harley & V.C. Souza CFCR 14433 (holótipo
HUEFS; isótipos HUEFS, SPF).
Habitu frutescenti, inflorescentia facie et foliolis oblongis vel obovatis palmatinervibus
C. erubescenti similis sed foliis pinnis (4-5) et pinnae foliolis (2632) numerosioribus, foliolis
parvioribus (5-8 × 3-4 mm), perianthio pubibus glandularibus instructo et staminibus rubris
statim diagnoscenda.
Arbusto ca. 1 m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos com indumento
entremeado com tricomas glandulares avermelhados, ramos novos ferrugíneos. Estípulas
foliáceas, lanceoladas, ca. 2 × 1 mm. Folhas pecioladas, não ascendentes, dísticas; pecíolo 0,8-
1,2 cm compr.; raque 3,5-4,5 cm compr.; pinas 4-5 pares, mais ou menos eqüilongas, às vezes
com as distais menores, pinas maiores 2,8-5,3 cm compr.; folíolos 7-16 pares, fortemente
imbricados, dispostos de modo a que o folíolo anterior sobrepõe-se ao seguinte, os medianos
mais ou menos eqüilongos 58 × 3-4 mm, os proximais e distais menores 3-5 × 23 mm,
coriáceos, obovados, face adaxial pubérula a glabrescente, face abaxial pubérula e com tricomas
glandulares, ápice obtuso a arredondado, base truncada, assimétrica, nervação palmada, nervura
principal excêntrica. Pseudoracemos terminais, exsertos da folhagem, constituídos por
fascículos de 2-3 glomérulos pedunculados; pedúnculo 10-17 mm compr.; brácteas
pedunculares ausentes; brácteas florais lanceoladas, ca. 2 × 1 mm. Flores 5 por glomérulo,
homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice campanulado, com tricomas glandulares, tubo 1,8-2
mm compr., lobos deltóides, ca. 0,2 mm compr.; corola campanulada, com tricomas
glandulares, tubo 2,8-5 mm compr., lobos obtusos, 22,2 mm compr.; estames vermelhos, tubo
estaminal ca. 6 mm compr., estemonozona ca. 1,5 mm compr., filetes livres por 21-24 mm
compr., anteras vináceas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, pubérulo, 22,5 mm
compr., ca. 5-ovulado, estilete ca. 30 mm compr., estigma capitado. Fruto não visto.
Ecologia e distribuição – Calliandra imbricata é uma espécie endêmica da Serra do
Atalho, no município de Piatã. Da mesma forma que C. geraisensis, ocorre em ambientes de
campos cerrados sobre solo arenoso entre rochas. Foi encontrado material florido no mês de
fevereiro. A frutificação não foi observada.
Taxonomia – Calliandra imbricata pertence à seção Calliandra. Assemelha-se a C.
erubescens Renv. no hábito arbustivo, arquitetura da inflorescência e folíolos oblongos a
obovais com nervação palmada. No entanto, pode ser diferenciada pelas folhas com maior
número de pinas, (4-5 pares v. 2-3 em C. erubescens), maior número de folíolos por pina, (26-
32 v. 10-20 em C. erubescens), folíolos menores (5-8 × 3-4 mm v. 710 × 4-5 mm em C.
erubescens), perianto com tricomas glandulares (v. ausentes em C. erubescens) e estames
vermelhos (v. brancos em C. erubescens).
Referências bibliográficas
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(Leguminosae - Mimosoideae) na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Dissertação de mestrado.
Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana.
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(recebido: 21 de agosto de 2003; aceito: 17 de junho de 2004)
* Parte da dissertação de mestrado da primeira autora no Programa de Pós-graduação em
Botânica da
UEFS.
1 Autor para correspondência: elviasouza@yahoo.com.br