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Projeto de Paisagismo Urbano 1

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Projeto de

Paisagismo Urbano
Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Altimar Cypriano

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Formação das Cidades e
Origens do Paisagismo

• Contextualização – Breve História da Formação das Cidades;


• Origens do Paisagismo e Sua Relação Com o Urbanismo;
• O Paisagismo no Brasil;
• Espécies Destinadas à Arborização Urbana.


OBJETIVO

DE APRENDIZADO
• Debater a formação das cidades e a contemporaneidade.
UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

Contextualização – Breve História


da Formação das Cidades
É provável que o homem tenha surgido na terra há 500.000 anos, coletando o seu
alimento e procurando por abrigo, sem meios de alterar esses espaços, essas condições,
assim como a necessidade de se defender de inimigos e animais ferozes, foram prova-
velmente grandes motivadores para que o ser humano procurasse a vida em grupo.
O  sentido de coletivo é resultado de um esforço comum, para transformar as ações
cotidianas mais facilmente. Por volta de 10.000 anos atrás, surgem as primeiras aldeias
e as atividades de cultivo de alimentos e a criação de animais.

Os registros de primeiros abrigos datam do período pré-histórico, em que


os homens iniciaram o desenvolvimento de suas construções, bastante sim-
plificadas e com os materiais disponíveis, como a pedra e a madeira. Nesse
momento, a arquitetura se limitava a um espaço coberto, não muito grande,
que servia para todas as funções. Em um primeiro momento, a arquitetura se
determinava apenas como um abrigo que pudesse proteger seus habitantes
das intempéries e dos animais e inimigos. (SCOPEL et al., 2018, p. 19)

Maslow1 sintetizou as necessidades humanas, estabelecendo uma relação hierárquica


por meio de uma pirâmide, tendo a realização pessoal no topo e as necessidades fisioló-
gicas na base e distribuídas entre esses extremos estão estima, relacionamentos sociais
e pessoais e segurança.

O ser humano apresenta diversas necessidades, que são divididas entre


necessidades básicas, de segurança, sociais, entre outras. Essas necessi-
dades são comuns a todos os seres humanos, portanto, são consideradas
universais. Todo e qualquer ser humano possui necessidades comuns,
organizadas em cinco níveis distintos e hierarquizados, que motivam o
seu comportamento. (SCOPEL et al., 2018, p. 17)

Figura 1 – Pirâmide de Maslow


Fonte: Getty Images

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Abraham Harold Maslow  (1 de Abril  de  1908,  Nova Iorque  —  8 de Junho  de  1970,  Califórnia) foi
um psicólogo americano, conhecido pela proposta Hierarquia de necessidades de Maslow. Maslow era o mais velho
de sete irmãos, de uma família judia do Brooklyn, Nova Iorque, Trabalhou no MIT, fundando o centro de pesquisa
National Laboratories for Group Dynamics. Fonte: Wikipédia, disponível em: <https://bit.ly/3qoWak9>.

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Como mencionado anteriormente, os assentamentos humanos datam de aproxima-
damente dez mil anos antes de Cristo, quando o homem desenvolve as práticas associa-
das à agricultura, que acontece na transição do período do Mesolítico para o período
Neolítico, última fase da pré-história. Outras práticas como a caça e a pesca, se funda-
mentam também como atividades coletivas, e, portanto, implicam a fixação do homem
ao território. O território aqui é entendido como uma área delimitada por acolher essas
práticas necessárias à sua sobrevivência.

Os primeiros agrupamentos humanos apontam para um pequeno contingente que


originam os vilarejos, que também geralmente apresentam dimensões reduzidas. As pri-
meiras cidades surgem na China, Vale do Indo, no Egito ao longo do Rio Nilo e na
Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates. Essas antigas civilizações geralmente se
desenvolvem próximas aos leitos de rios, que, na maioria das vezes estão associados ao
provimento de alimentos ou insumos.

Desde os primórdios da civilização e o seu efetivo surgimento, as cidades


apresentam funções, formas e características que se diferenciam e
estão de acordo com a estrutura organizacional de sua população, a
organização política de cada sociedade e suas atividades econômicas e
comerciais. É possível afirmar que elas advêm da vontade de ordenar
um espaço com o intuito de integrá-lo e aumentar sua independência
visando determinado fim ... A manifestação de conglomerados urbanos
é considerada um fato de extrema importância geográfica, histórica e
social. No início da sociedade primitiva, não se desenvolveram cidades,
apenas aldeias rurais que eram chamadas de “protocidades”, as quais não
eram fixas e mudavam de local conforme a exaustão do solo. Segundo
estudiosos, pode-se considerar que o período da pré-história iniciou
por volta de 35 mil anos antes de Cristo, encerrando-se em 4.000 a.C.,
surgindo, primeiramente, na região leste do Mediterrâneo e, em seguida,
nas áreas da Europa Ocidental. (SCOPEL et al., 2018, p. 49-50)

Figura 2 – Agricultura no Egito Antigo – aproximadamente 4.000 a.C.


Fonte: Getty Images

A cosmogonia está presente em diversas culturas antigas, o homem procura reprodu-


zir no seu ambiente aquilo que entende e explica o seu mundo, relacionando-o com os
elementos primordiais e essenciais da vida, assim a ordem do mundo e o próprio mundo
está explicado e organizado, assim o seu mundo seria o Cosmos e, portanto, aquilo que
está desordenado ou fora do seu mundo é o Caos. Tanto a casa, como a cidade deve,
portanto, relacionar o homem ao seu lugar. Simbolicamente, o homem encontra a expli-
cação a partir da relação cosmológica para o seu mundo inserido no universo. Isso vai
implicar em associações diretas para elementos como Água, Terra, Fogo e Ar, mas tam-
bém irá implicar outras relações simbólicas subjetivas ou indiretas atribuindo significados

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

a outros elementos cosmológicos como Céu, Inferno, Verticalidade, Luz, Escuridão etc.
O centro da casa, assim como o centro da cidade, tem uma importância essencial, mui-
tas vezes, o centro das cidades é chamado de “coração”, em referência ao órgão vital do
ser humano, esse movimento de inserir, ou de se inserir no centro é comum a diversas
culturas. Na fundação de Roma, a lenda do “sulcus primigenius”, com a abertura de um
fosso circular, aparece para reforçar a ideia da centralidade do mundo. No centro de
Roma havia uma abertura – que simbolicamente representava o “umbigo da terra” ou o
“umbilicus mundi”, assim Roma está situada no centro do mundo.

Segue se daí que toda construção ou fabricação tem como modelo


exemplar a cosmogonia. A Criação do Mundo torna-se o arquétipo de
todo gesto criador humano, seja qual for seu plano de referência. Já vimos
que a instalação num território reitera a cosmogonia. Agora, depois de
termos captado o valor cosmogônico do Centro, compreendemos melhor
por que todo estabelecimento humano repete a Criação do Mundo a
partir de um ponto central (o “umbigo”). Da mesma forma que o Universo
se desenvolve a partir de um Centro e se estende na direção dos quatro
pontos cardeais, assim também a aldeia se constitui a partir de um
cruzamento. Em Bali, tal como em certas regiões da Ásia, quando se
empreende a construção de uma nova aldeia, procura-se um cruzamento
natural, onde se cortam perpendicularmente dois caminhos. O quadrado
construído a começar de um ponto central é uma imago mundi. A divisão
da aldeia em quatro setores – que implica, aliás, uma partilha similar da
comunidade – corresponde à divisão do Universo em quatro horizontes.
(ELIADE, 1992, p. 28)

Leia mais sobre a formação das cidades e suas relações com o “sagrado” no artigo – O sa-
grado e o urbano: Gênese e função das cidades, de Zeny Rosendahl para a revista Espaço
e Cultura n°2 – junho de 1996 – publicação da UERJ, disponível em: https://bit.ly/2OmE3y2

Origens do Paisagismo e Sua


Relação Com o Urbanismo
A intenção do homem de intervir na paisagem natural acontece provavelmente desde
a sua origem, uma vez que a adaptabilidade ao meio ambiente exige, de certa forma uma
ação sobre alguns elementos naturais, com diversos objetivos, desde a sobrevivência até,
mesmo que primária, uma noção de conforto.

As civilizações antigas, como os mesopotâmicos, persas, egípcios, gregos e


romanos, assim como chineses e japoneses já demonstravam intenções de intervenções,
modificações ou reproduções da paisagem natural. Nos papiros egípcios, é comum a
representação de diversas espécies animais e vegetais, em alguns, juntamente com

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templos e monumentos a vegetação compõe a paisagem aparentemente com a intenção
de reproduzir a natureza.

Os primeiros esboços de paisagismo mais concretos, no entanto, surgi-


ram no Oriente Próximo, região geográfica que abrange países do Sudo-
este Asiático, entre o mar Mediterrâneo e o Irã, considerada o berço das
civilizações. A história começa na Mesopotâmia, onde as primeiras apro-
ximações de paisagismo eram relacionadas à prática da agricultura, na
qual pequenos muros que rodeavam hortas e plantações serviam como
protótipos de jardins. Antes de interromper seus trabalhos devido à inva-
são árabe, o povo assírio dominava muito bem as técnicas de drenagem
e irrigação. Você já deve ter ouvido falar nos famosos “Jardins Suspensos
da Babilônia”. Essa obra de paisagismo, considerada uma das maravilhas
da humanidade, era descrita pelos babilônios, em textos que datam de
3000 a.C., como “jardins sagrados”. No Egito, os jardins apresentavam
simetria rigorosa e eram implantados de acordo com os quatro pontos
cardeais. A introdução de espécies floríferas foi uma contribuição da ci-
vilização persa para o paisagismo, que passou a ser estimado pelo valor
decorativo. Ao contrário dos jardins egípcios, os jardins gregos fugiam do
rigor e da simetria, possuindo características naturais, talvez em razão da
topografia acidentada da região. (GALINATTI et al. 2019)

Figura 3 – Papiro egípcio


Fonte: Getty Images

Durante a Idade Média, as muralhas protegiam os povos de invasores que se dedica-


vam a utilizar os espaços livres de maneira funcional, destinando-os para o plantio de
alimentos e plantas medicinais, caracterizando, naturalmente, um menor interesse pelo
espaço exterior, que foi retomado durante o Renascimento, com o fortalecimento do hu-
manismo. A França e a Inglaterra despontaram como símbolos na produção de jardins,
sendo utilizados como exemplo até os dias de hoje.

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

Figura 4 – Cidade murada – Saint Paul de Vence – França


Fonte: Getty Images

O jardim francês, apoiado em ideias renascentistas, apresenta em seu desenho, uma


grande influência dos jardins romanos, procurando uma extrema simetria dos seus ele-
mentos, resultando em rigidez da forma e conteúdo. Possuindo grandiosidade e extremo
cuidado com os detalhes o jardim francês, busca na sua composição associar cor e forma,
selecionando espécies e utilizando técnicas de topiaria e “cercas vivas”, para esses casos
há plantas mais adequadas, como, por exemplo: buxinho, murta, viburno e cipreste.

O jardim inglês, influenciado pelo romantismo e pelo liberalismo, ao contrário do


jardim francês, se contrapõe aos padrões de composição rígidos e simétricos, buscam
valorizar a paisagem natural sem a presença de formas geométricas implantando exten-
sos gramados, bosques e alamedas, lagos, riachos, gazebos, quiosques e ruínas.

Com a Revolução Industrial há um aumento das áreas urbanas, e com o aburguesa-


mento da sociedade acentua-se o parcelamento da terra, pois como a população das
cidades cresceu rapidamente, há a necessidade de criação de parques e jardins públicos
com objetivos de arejamento das áreas urbanas (pulmões das cidades).

Figura 5 – Jardim francês – Villandry Chateau – França


Fonte: Getty Images

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Em 1898, o pré-urbanista inglês, Ebenezer Howard, publica “cidades-jardins de
amanhã”, descreve uma cidade utópica em que pessoas viviam harmonicamente juntas
com a natureza, preocupado com as  péssimas condições de vida da cidade liberal.
Nos Estados Unidos, Frederick Law Olmsted, procura implantar os parques urbanos,
como elemento de planejamento urbano, inseridos na paisagem de maneira natural,
organizando os espaços por meio de uma rede de jardins e massas arbóreas destinadas
ao uso comum, pensamento contrário ao da privatização do espaço.

O Movimento Moderno busca idealizar a cidade como um enorme território de su-


cessivos jardins, coletivizados e usufruídos por todos. A arquitetura dos edifícios procura
liberação de espaços verdes papel qualificador do jardim em contextos urbanos degra-
dados (importância do desenho). Os conceitos funcionalistas na arquitetura paisagística
também são observados, a “proibição” da utilização de elementos decorativos do pas-
sado, como cenários, ou topiarias, assim como qualquer referência ou lembrança do
ecletismo são necessariamente eliminadas.

Le Corbusier – propõe os terraços jardins, como medida de compensação da ocupa-


ção do lote pela construção e também pelo fato de defender que as cidades modernas
eram “asfixiantes”, e, portanto, havia a necessidade de melhorar a qualidade de vida
dos seus habitantes. O conceito de terraço jardim passou a ser considerado um dos 5
pontos fundamentais da nova arquitetura (com a difusão do modernismo pelo mundo, o
conceito de terraço jardim foi absorvido por vários arquitetos).

Durante o período moderno, o paisagismo seguia os mesmos princípios


dos projetos arquitetônicos: pureza de forma, primazia da função, ausên-
cia de ornamentação. Tais princípios, no entanto, entraram em conflito
com a realidade de que a maioria das plantas deveria ser tratada como
ornamentais. De certa forma, isso representou uma rejeição, por parte
dos projetistas, de um grupo de plantas, o que refletiu em jardins com
uma estrutura formal muito rígida. No Brasil, o paisagismo modernista
se caracteriza por um forte tom local, devido ao nacionalismo cultural
do período dos anos 40, 50 e 60. Valoriza-se o uso de vegetação tropi-
cal no tratamento e na formalização dos projetos, que passam a incluir
instalações para lazer e prática esportiva. Roberto Burle Marx foi um
dos principais arquitetos paisagistas do período, sendo responsável pelo
projeto de paisagismo de edificações relevantes, como o Ministério da
Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, e os projetos de Pampulha, em
Belo Horizonte. (GALINATTI et al., 2019, p. 44)

Entre as décadas de 1950 e 1970, surgem grandes mestres da arquitetura paisagísti-


ca, período onde ocorrem importantes trabalhos de: Garret Eckbo, Lawrence Halprin,
Thomas Church, Dan Kiley, Peter Walker, Bernand Tschumi e o brasileiro Roberto Burle
Marx, que se torna o mais famoso arquiteto paisagista do país.

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a população tem se des-


locado do campo para as cidades. Com o crescimento da população
urbana, tornou--se necessário que as cidades tivessem planos de arbo-
rização e previsão de espaços abertos para que as pessoas pudessem
ter contato com a natureza. Esse fenômeno levou à criação dos parques
urbanos, grandes glebas, localizadas geralmente no coração das cidades,

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

onde não é permitido o loteamento e a venda de terrenos e onde as úni-


cas edificações permitidas são aquelas que atendem ao próprio parque,
como museus e auditórios ... Um dos parques urbanos mais conhecidos
é o Central Park ... que fica na ilha de Manhattan, em Nova Iorque.
O  parque foi proposto na primeira metade do século XIX, período no
qual a população de Nova Iorque quadruplicou. Durante esse período, já
havia sido aprovado o projeto de traçado urbano da ilha, conhecido como
Plano do Comissário, que dividiu toda a extensão ainda não ocupada de
Manhattan em uma grelha de quarteirões medindo 274 × 80m. Portan-
to, quando se iniciou a discussão sobre a criação de um parque urbano,
foi tomada a decisão de encaixar esse espaço à malha urbana prevista.
O resultado foi um retângulo medindo 4 km × 800 m, totalizando 3,4
ha. O  interior do parque foi projetado com um traçado orgânico, que
contrasta com a rigidez da malha do Plano do Comissário e recria — ao
estilo dos jardins ingleses — uma paisagem natural que nunca existiu em
Manhattan daquela maneira. (GALINATTI et al., 2019, p 33)

Leia mais sobre:


• O jardim francês. Disponível em: https://bit.ly/3bhN4l4
• O jardim inglês. Disponível em: https://bit.ly/30uo3wV

O Paisagismo no Brasil
A chegada da família real portuguesa no Brasil em 1808 impulsionou a implantação de
passeios públicos, praças e parques, inicialmente na capital – Rio de Janeiro. Em junho
de 1808, foi implantado, por decisão de Dom João, príncipe regente, o Jardim Botânico
do Rio de Janeiro.

O paisagismo no Brasil, então, ganha importância após 1783 – com o projeto do


passeio público do Rio de Janeiro – projetado por Mestre Valentim da Fonseca e Silva
em estilo francês. Em 1861, foi reformulado pelo paisagista francês Glaziou (Auguste
François Marie Glaziou), contratado por Dom Pedro II, sendo inaugurado em 7 de se-
tembro de 1862.

A cidade de São Paulo tinha pouca expressividade neste período – início do século XIX
– com praças malcuidadas e modestas, o que preponderava eram os jardins residenciais
com pequenos quintais para o cultivo de espécies frutíferas e criação de aves e animais
domésticos. São Paulo entra definitivamente no cenário político e econômico no final
do século XIX, com o ciclo do café já estabelecido e o surgimento de diversos palacetes,
criam-se espaços para jardins nos recuos frontais e laterais dessas propriedades.

O paisagismo brasileiro define-se no século XIX com a consolidação das médias e


grandes cidades (notadamente no litoral) – apresentando forte influência urbanística
europeia (francesa e inglesa). No século XX, o paisagismo brasileiro alcança uma
identidade própria, comandada pelo pioneirismo de Burle Marx.

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Roberto Burle Marx recebe grande influência da Bauhaus, e aplica técnicas das artes
plásticas no desenho da paisagem, desenvolve trabalhos em conjunto com os arquitetos
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, e tem entre os seus métodos desenvolver pesquisas
de espécies nativas e aplicá-las em projeto. Em São Paulo, Roberto Coelho Cardozo
torna-se importante referência – trabalhou com Garret Eckbo e introduziu, na Facul-
dade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), a disciplina
de paisagismo.

Em um Projeto de Paisagismo – e o Projeto de Paisagismo Urbano não é diferente


–, diversos elementos são necessários para o seu desenvolvimento, não apenas os ele-
mentos vegetais, embora eles possam ser os protagonistas, mas também participarão
outros elementos não vegetais, pedras e rochas, madeiras etc. Na verdade, tudo é rele-
vante para a paisagem, tanto positiva, quanto negativamente, portanto, deve-se procu-
rar estabelecer, a partir do MasterPlan, o que será visto, quais elementos são relevantes
e sua hierarquia e se há alguma interferência visual no contexto dessa paisagem. Alguns
cuidados devem ser tomados no sentido de não se carregar demais nas informações – na
composição da paisagem –, pois há o risco de poluição visual. Por exemplo, utilização
de um grande número de árvores ou palmeiras de espécies diferentes pode não resultar
em um entendimento dessas espécies. A composição de cor, forma e volume deve ser
o mais harmônico possível, em função da dimensão do projeto para não sejam criados
muitos pontos de atração.

Nos Projetos de Paisagismo Residencial ou Comercial, por exemplo, por estarem ge-
ralmente limitados ao lote, esses limites estarão pré-estabelecidos, cabendo ao projeto a
definição de como eles serão tratados. Em Projetos de Paisagismo Urbano, o espaço
projetado poderá ser maior e, portanto, esses cuidados também, entretanto, tanto para
áreas menores, como para grandes áreas, pode-se entender que manter a unidade do
projeto é um dos grandes desafios.

As condicionantes ambientais participarão não apenas no desenvolvimento do pro-


jeto arquitetônico, mas também no desenvolvimento do Projeto de Paisagismo, uma vez
que estão intrinsecamente relacionados. Assim, insolação, topografia, ventos predomi-
nantes, índices pluviométricos etc. deverão necessariamente ser considerados. O projeto
de paisagismo será como um interlocutor entre o edifício e o seu entorno, podendo con-
tribuir de maneira significativa na construção de um microclima, eventualmente auxilian-
do também positivamente para a redução de ilhas de calor produzidas pela urbanização
das cidades. É importante, tanto para os Projetos de Paisagismo, como para os Projetos
de Paisagismo Urbano, que se estabeleça um eixo estruturador ou um MasterPlan, que
será o condutor e catalisador das propostas.

Quando uma pessoa pensa em paisagismo, a primeira imagem que vem


à mente é a de vegetação. As plantas são, certamente, um dos aspectos
definidores do paisagismo. Os elementos vegetais podem ser classificados
em três categorias: árvores, os elementos mais altos; arbustos, com altura
média; e forrações, que ficam junto ao solo. (GALINATTI et al., 2019)

O Projeto de Paisagismo Urbano participa também na melhoria das condições


ambientais das cidades, e a age diretamente no processo de integração do homem com

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

a natureza, tendo, entre outros objetivos, o de melhorar a qualidade de vida das pessoas,
e buscando um maior equilíbrio do meio ambiente.

No desenvolvimento dos Projetos de Paisagismo Urbano, a compreensão da paisa-


gem urbana é de fundamental importância, pois estarão atuando conjunta e simultane-
amente diversos elementos na sua composição. Os objetos do Paisagismo Urbano são
os espaços abertos (não construídos), áreas livres recreação, circulação, sua compatibi-
lização com o clima, função e composição de elementos partícipes da paisagem, enten-
dendo todo esse complexo, que parte da manipulação das grandes massas arbóreas, até
a definição dos detalhes componentes da paisagem urbana. Nos espaços urbanos, as
árvores serão muito úteis para uma melhora do conforto ambiental.

Por serem elementos de grandes dimensões, as árvores demandam al-


gumas características específicas do terreno. Normalmente, os condi-
cionantes do terreno definem qual é o padrão de arborização possível.
Quanto à sua copa, as árvores podem ter copas horizontais ou verticais.
As primeiras apresentam o diâmetro da copa similar ou maior do que a
sua altura, enquanto as segundas são mais altas do que largas. Segundo
Abbud (2006), as árvores de copa horizontal “formam um teto, uma som-
bra, um lugar aconchegante”. Portanto, podem ser utilizadas como uma
transição entre o espaço aberto e o espaço fechado quando plantadas
junto à varanda de uma edificação. (GALINATTI et al., 2019)

A preocupação com o meio ambiente começa a fazer parte das premissas dos proje-
tos de parques urbanos, é decorrente de estudos que se intensificaram a partir das déca-
das de 1960 e 1970, e promove uma reflexão sobre os recursos naturais sob a ótica da
sustentabilidade. Os primeiros parques urbanos foram criados para atender a questões
sanitárias potencializadas com o crescimento das populações das cidades.

Espécies Destinadas à Arborização Urbana


A grande urbanização das cidades vai comprometer seriamente alguns recursos natu-
rais. As áreas verdes e azuis vão sendo apagadas da paisagem e consequentemente da
vida das pessoas, bosques, pequenas áreas remanescentes das florestas, matas ciliares,
rios, córregos e nascentes dão lugar às ruas, avenidas e áreas edificadas. Nesse contexto,
a arborização urbana é de fundamental importância para que se minimizem os efeitos
desse processo de crescimento urbano. Assim, a arborização urbana pode contribuir
para que se garantam diversos benefícios, como a permeabilidade do solo e absorção da
água da chuva, a redução da temperatura das ruas, promover sombreamento, corredo-
res verdes, barreira acústica e de proteção contraventos, diminuição da poluição do ar,
contato com a natureza etc.

Diversos autores, assim como Galinatti et al. (2019), separam e, mais ainda, concei-
tuam os elementos vegetais: árvores, arbustos e forrações, de maneira a possibilitar a
sistematização no âmbito do Projeto de Paisagismo, assim como os Manuais de Arbo-
rização Urbana irão contribuir para a organização e o desenvolvimento dos Projetos de
Paisagismo Urbano. As características físicas dos tipos de plantas contemplam, entre

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outras questões, forma, estrutura, porte cor etc. e, dessa forma, implicam na sua utili-
zação e aplicação.

De acordo com o dicionário on-line Dici2, a palavra árvore designa uma “planta le-
nhosa cujo caule, ou tronco, fixado no solo com raízes, é despido na base e carregado
de galhos e folhas na parte superior”.

Árvores. Por serem elementos de grandes dimensões, as árvores de-


mandam algumas características específicas do terreno. Normalmente,
os condicionantes do terreno definem qual é o padrão de arborização
possível. Quanto à sua copa, as árvores podem ter copas horizontais ou
verticais. As primeiras apresentam o diâmetro da copa similar ou maior
do que a sua altura, enquanto as segundas são mais altas do que largas.
Segundo Abbud (2006), as árvores de copa horizontal “formam um teto,
uma sombra, um lugar aconchegante”. Portanto, podem ser utilizadas
como uma transição entre o espaço aberto e o espaço fechado quando
plantadas junto à varanda de uma edificação. Já as árvores de copa alta ...
podem ser utilizadas como elementos focais em uma composição paisa-
gística. Elas também podem ser agrupadas com certa proximidade para
criar bloqueios visuais de vento, de modo a melhorar a habitabilidade de
um jardim. (GALINATTI et al., 2019, p. 28-29)

A palavra arbusto está classificada pelo dicionário on-line Dicio como substantivo
masculino, e significa “planta perene, de caule lenhoso, menor que uma árvore”.

Arbustos. Por seu tamanho reduzido quando comparado ao das árvores,


os arbustos são uma ótima opção para composições em espaços meno-
res. Contudo, não devem ser negligenciados em grandes projetos, uma
vez que o equilíbrio entre elementos vegetais grandes e pequenos é uma
das características do bom projeto de paisagismo. Os arbustos podem
ser compostos de modo a definir espaços em um jardim. Como são qua-
se totalmente cobertos de folhas, eles têm a característica de um sólido
vegetal. Assim, quando plantados lado a lado, os arbustos dão origem
a verdadeiros muros verdes. Para Abbud (2006, p. 91), essa é uma das
características mais marcantes desse tipo de vegetação: “[...] o principal
papel dos arbustos é vedar e ajudar na definição de escalas e lugares
aconchegantes [...]”. (GALINATTI et al., 2019, p. 30)

Já pelo dicionário on-line Dicio, a palavra forração, substantivo feminino, significa


“ação ou efeito de revestir; ato de cobrir (alguma coisa) com forro; forramento”.

Forrações. As forrações são plantas que se desenvolvem junto ao chão


(forrações de solo) ou junto a elementos naturais ou construídos (espécies
conhecidas como “trepadeiras”). As primeiras são indicadas para o plan-
tio direto no solo, na horizontal, enquanto as segundas podem crescer
junto a superfícies verticais ou inclinadas. As forrações de solo são divi-
didas entre aquelas que suportam o pisoteio, como as gramas, e aquelas
que não podem ser pisadas, como as plantas rasteiras. Essas plantas são
ótimas para composições ornamentais, por apresentarem cores variadas

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Dicionário Online da Língua Portuguesa – Dicio, disponível em: https://www.dicio.com.br/

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

e florações que permitem compor tapetes vegetais complexos. Para ga-


rantir que a composição se mantenha ao longo do tempo, é necessária a
previsão de elementos de contenção vegetal, como muretas ou anteparos
plásticos. (GALINATTI et al., 2019, p. 31)

A importância e urgência da arborização urbana vai suscitar algumas ações legais no


âmbito federal que vão sendo implementadas a partir dos anos 1990. Entre elas, estão
o Estatuto da Cidade e o Código Florestal, que vão estabelecer normas regulatórias
objetivando cidades mais sustentáveis, outorgando às cidades a competência e o dever
de administrar e planejar o manejo das áreas verdes urbanas, por meio de instrumentos
legais como são, por exemplo, os Planos Diretores Municipais.

Assim como os Planos Municipais de Mobilidade Urbana, os Planos Municipais de


Arborização Urbana também serão objeto que irão estabelecer e orientar as ações de
maneira organizada, definindo tipos de espécies, adequando o plantio às dimensões de
calçadas, fiação elétrica aérea, muros e divisas dos lotes, assim como outras caracterís-
ticas, como floração ou folhas que podem se tornar escorregadias. É muito importante
que as espécies utilizadas sejam nativas, pois assim não irão comprometer a harmonia e
o equilíbrio natural, se impondo ou predando outras espécies, por essa razão o uso de
espécies exóticas deve ser evitado.

Muitas prefeituras municipais de cidades brasileiras irão, portanto, selecionar e indi-


car as espécies que deverão ser utilizadas em áreas públicas e eventualmente privadas e,
em alguns casos, fornecer mudas em função das dimensões desses elementos vegetais:
árvores, arbustos e forrações. Na região sudeste do Brasil, junto à costa litorânea, há
uma predominância de árvores nativas da Mata Atlântica, como o Jatobá, a Figueira,
o Manacá-da-serra, a Quaresmeira, Ipês e Palmeiras, assim como outras espécies me-
nores, como Orquídeas, Bromélias e Samambaias. Já região da Serra da Mantiqueira
há a presença de outras espécies como o Jacarandá, Cedro e Araucárias, estas, muito
presentes na região Sul do Brasil.

Leia mais sobre:


• Arborização Urbana, Prefeitura Municipal de São Paulo.
Disponível em: https://bit.ly/3bifLOA
• Arborização Urbana, Prefeitura Municipal de Curitiba.
Disponível em: https://bit.ly/3rnnmku
• Arborização Urbana, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
Disponível em: https://bit.ly/3kWER9a
• Arborização Urbana, Prefeitura Municipal do Recife.
Disponível em: https://bit.ly/3c4HsJV
• As espécies mais frequentes na arborização urbana de Porto Alegre.
Disponível em: https://bit.ly/2O61lZd

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Projeto de paisagismo I
GALINATTI, A. C. M.; GRABASCK, J. R.; SCOPEL, V. G. Projeto de paisagis-
mo I. Porto Alegre: Sagah, 2019. (e-book)
Teoria e história da arquitetura e urbanismo I
SCOPEL, V. G.; ALLEGRETTI, C. A. L.; WAGNER, J.; GIORA, T.; MANO, C.
M.; HUYER, A.. Teoria e história da arquitetura e urbanismo I. Porto Alegre:
Sagah, 2018. (e-book)
O sagrado e o profano
ELIADE, M. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Leitura
Espécies mais freqüentes na arborização de Porto Alegre
https://bit.ly/2O61lZd
Jardim Francês
https://bit.ly/3bhN4l4
Jardim Inglês
https://bit.ly/30uo3wV
Manual de Arborização Urbana
https://bit.ly/3c4HsJV
Manual Para Elaboração do Plano Municipal de Arborização Urbana
https://bit.ly/3rnnmku
Manual Técnico de Arborização Urbana – Prefeitura de São Paulo
https://bit.ly/3bifLOA
Plano Diretor de Arborização Urbana do Rio de Janeiro
https://bit.ly/3kWER9a

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UNIDADE Formação das Cidades e Origens do Paisagismo

Referências
CASTRO, A. A. Características plásticas e botânicas das plantas ornamentais. São
Paulo: Erica, 2014. (e-book)

DEL RIO, V. Desenho urbano contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN 978- 85-216-2466-0. (e-book)

ELIADE, M. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

GALINATTI, A. C. M.; GRABASCK, J. R.; SCOPEL, V. G. Projeto de paisagismo I.


Porto Alegre: Sagah, 2019. (ISBN 978-85-335-0005-1) (e-book)

SCOPEL, V. G.; ALLEGRETTI, C. A. L.; WAGNER, J.; GIORA, T.; MANO, C. M.; HUYER,
A. Teoria e história da arquitetura e urbanismo I. Porto Alegre: Sagah, 2018. (e-book)

VILLAGRA, B. L. P. Reconhecimento e seleção de plantas: processos, morfologia,


coleta e ciclo de vida. São Paulo: Erica, 2014. (e-book)

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