E-Book Completo - Projeto de Arquitetura e Urbanismo IV - DIGITAL PAGES (Versão Digital)
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DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Análises na arquitetura........................................................................................................ 13
O exercício de projetar.................................................................................................... 13
Procedimentos de análise de projetos......................................................................... 16
Estudo da quadra e entorno........................................................................................... 17
Referências projetuais.................................................................................................... 20
Sintetizando............................................................................................................................ 34
Referências bibliográficas.................................................................................................. 35
Sintetizando............................................................................................................................ 61
Referências bibliográficas.................................................................................................. 62
Sintetizando............................................................................................................................ 88
Referências bibliográficas.................................................................................................. 89
Sintetizando.......................................................................................................................... 113
Referências bibliográficas................................................................................................ 114
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6811483897468144
A todos aqueles que acreditaram na minha trajetória até aqui: aos meus
pais e irmãos, que sempre me incentivaram e acreditaram em meu
potencial; aos meus professores; e aos meus alunos, que, na dinâmica
diária de aulas, sempre têm algo a me ensinar.
1 FUNDAMENTAÇÃO
TEMÁTICA E A
ANÁLISE PROJETUAL:
PROJETOS
RESIDENCIAIS
Tópicos de estudo
Análises na arquitetura Interferências na elaboração
O exercício de projetar do anteprojeto arquitetônico
Procedimentos de análise de O programa de necessidades
projetos Partido arquitetônico de um
Estudo da quadra e entorno projeto
Referências projetuais
O exercício de projetar
Projetar é um exercício, ao mesmo tempo, de criatividade e de cumpri-
mento de necessidades funcionais. Em arquitetura, o projeto é um processo
de concepção de um “objeto”, que será ocupado e frequentado, devendo ser
adequado (do ponto de vista de conforto e ergonomia) e precisando estar em
consonância com boas práticas ambientais, além de que deve se relacionar
com o entorno no qual está inserido. Não por acaso, um projeto pode envolver
diversas etapas.
Segundo John Christopher Jones, autor de Design Methods (1970), o aluno ou
profissional de arquitetura deve, ao projetar, deixar a mente livre para investi-
gar soluções, intuições e ideias, sem limitações práticas, a qualquer momento.
Ele estabeleceu uma metodologia com o objetivo de reduzir erros nos projetos
e torná-los mais avançados. Para isso, Jones estabeleceu a existência de três
estágios para projetar, sendo eles:
• A análise consiste na listagem das necessidades do projeto, criando com
ela uma relação de especificação de desempenhos;
EXPLICANDO
O brainstorming é um método de incentivo à criatividade, que consiste em
deixar fluir os pensamentos referentes a um problema. Por exemplo, ao
projetar um restaurante, o que vem à mente? Mesas, cozinhas, pessoas,
luzes, fluxos. Essas ideias vão ajudar a encontrar soluções para o projeto.
Para saber mais sobre o uso da criatividade para projetar, leia o primeiro
capítulo do livro O processo de projeto em arquitetura da teoria à tecnolo-
gia, que apresenta métodos de incentivo à criatividade aplicados à arqui-
tetura e urbanismo (KOWALTOWSKI et al., 2011).
Estudo preliminar
Anteprojeto
Projeto executivo
EXPLICANDO
Simon Unwin (2013) assinalou a importância de entender as característi-
cas locais de qualquer lugar onde se vá fazer um projeto, reiterando que,
normalmente, o resultado formal e de implantação são resultantes das
condições encontradas no terreno. Mas ele não falava apenas de con-
dicionantes físicas, como a topografia, tratando também das abstratas,
como cheiro e ruído.
Sem informação RH baixo padrão RH médio/alto padrão RV baixo padrão RV médio/alto padrão
Sem predominância Minhocão + Elevado Pres. João Goulart Linha férrea Estações do metrô Estações da CPTM
Figura 1. Mapa de uso e ocupação do solo na região de Higienópolis/Santa Cecília-SP. Fonte: Prefeitura do Município de
São Paulo, 2019.
Até 5 metros 5 até 10 metros 10 até 30 metros 30 até 45 metros Maior que 45 metros
Minhocão - Elevado pres. João Goulart Linha férrea Estações do Metrô Estações da CPTM
Figura 2. Mapa de gabaritos das edificações na região de Higienópolis/Santa Cecília-SP. Fonte: Prefeitura do Município
de São Paulo, 2019.
DICA
O site do Laboratório de Eficiência Energética em Edifica-
ções (LABEEE), da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), apresenta uma série de informações climáticas de
várias cidades, em sua plataforma Projeteee, que incluem
os dados de insolação e ventilação, e podem ser utilizados
como coadjuvantes nos estudos de terreno para projeto.
Referências projetuais
O conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) foi proje-
tado em 1947, por Affonso Eduardo Reidy, para abrigar funcionários públicos
do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Reidy foi um dos maiores nomes da
arquitetura moderna brasileira e teve grande atuação como urbanista, sen-
do responsável por trabalhos de destaque na capital (FRACALOSSI, 2011). O
complexo (Figura 3) foi projetado com 328 unidades habitacionais, edifícios pú-
blicos e áreas esportivas.
Cada uma dessas funções está definida por uma forma: o paralelepípedo
está ligado à habitação; o prisma trapezoidal é para os edifícios com função
pública; e as edificações abobadadas são destinadas aos esportes. Uma das
preocupações de Reidy foi manter a vista da baía de Guanabara, ao mesmo
tempo em que se apropriava do declive natural do terreno, com pilotis de altu-
ra variáveis. Ele usou passarelas e uma avenida no topo da área que permiti-
ram o acesso ao terreno, eliminando o uso de elevadores. A principal peça do
complexo é o edifício habitacional serpenteante, que acompanha as condições
naturais e acidentadas do alto do terreno (Figura 4).
Figura 5. Vista aérea do Conjunto Prefeito Mendes de Moraes. Fonte: FRACALOSSI, 2011.
CONTEXTUALIZANDO
Apartamentos de apenas 10 m² já são uma tendência no
Brasil, demonstrando uma tendência do mercado de pro-
duzir imóveis cada vez menores. Segundo Raquel Rolnik,
no artigo Apartamentos de 10 m²: mínimo necessário ou
lucro máximo?, o debate não deve ser a metragem míni-
ma de uma habitação ou a possibilidade de se morar em
espaços tão pequenos, mas quais são as necessidades
básicas para se viver, e como essa discussão perpassa
não apenas o ambiente domiciliar, mas o planejamento
de toda a cidade.
Figura 7. Evolução dos apartamentos de dois quartos, de 1970 a 2010. Fonte: REIS, 2016. (Adaptado).
Se, por volta dos anos 1970 e 1980, ainda era comum ter nas residências
as chamadas “dependências de empregada”, posteriormente, esse espaço
deixou de existir. Salas de jantar enormes, quartos e banheiros grandes,
além de cozinhas separadas dos ambientes de estar, estavam presentes nas
plantas dos anos 1970 e foram abandonados ao longo dos anos. Além disso,
pode-se verificar uma diferença na metragem quadrada das unidades habi-
tacionais, com redução de cerca de 40% nesse período.
Assim, essas mudanças expressam modificações no estilo de vida da
população e até das suas necessidades e demandas quanto ao morar. Se
antes o espaço privativo era o primordial, agora podemos compreender
que a dimensão do morar engloba atividades que podem ser realizadas
nos espaços coletivos.
Figura 8. Edifício Tetrys, projetado pelo FGMF, em 2013. Fonte: ArchDaily Brasil, 2019.
ASSISTA
O brutalismo foi um movimento arquitetônico surgido
na Inglaterra, em meados dos anos 1950 e 1960, como
parte dos esforços de reconstrução pós-Segunda Guerra
Mundial. Edificações brutalistas privilegiavam deixar os
elementos estruturais à mostra, deixando aparente o
concreto armado e os perfis metálicos de vigas e pilares,
e utilizando formas geométricas angulares em uma paleta
monocromática. Em 2018, o Museu Alemão de Arquitetura
montou uma exposição chamada SOS Brutalismo, alegan-
do que o estilo está ameaçado de extinção.
Por meio dessas duas referências, podemos verificar como podem ser
apropriadas as características de apartamentos de menor área,
as condições locais, as materialidades e a constituição do pro-
grama das áreas comuns de um edifício. Essas informações
são importantes para desenvolver nossos próprios projetos
e para outras etapas do planejamento arquitetônico.
LOCAL AMBIENTES
Apartamentos
Estacionamento
Edifício Hall
Portaria
Salão de festas
Dois dormitórios
Dois sanitários
Cozinha
Apartamentos
Área de serviços
Sala
Varanda
Quando há uma ligação íntima entre dois ou mais cômodos, esse proces-
so de setorização deve garantir que eles estejam próximos. Ao setorizar os
ambientes, podemos levar em conta os usos e as atividades que ali ocorrem,
bem como o modo de vida dos usuários daquele espaço e os hábitos que
eles têm. No caso da Casa Grelha, como podemos ver na Figura 12, os arqui-
tetos optaram por agrupar os ambientes de acordo com seus usos: social;
para os filhos; serviços; área do casal; decks e coberturas. A partir daí, eles
foram representados por uma determinada cor, criando agrupamentos de
determinado uso dentro do projeto.
USOS
Figura 13. Estilos arquitetônicos residenciais. Fonte: AdobeStock. Acesso em: 09 set. 2020.
2 ASPECTOS
PLÁSTICOS E
ESCOLHAS TÉCNICAS
DO PROJETO
ARQUITETÔNICO
Tópicos de estudo
Aspectos plásticos do projeto A tecnologia e os materiais em
de arquitetura projeto
Introdução à plasticidade em Uso dos materiais e sistemas
arquitetura construtivos em projetos resi-
Relação entre volumes na con- denciais
cepção arquitetônica A relação entre partido arquite-
Estudo volumétrico: aplicação tônico e materiais de construção
em projetos residenciais
Representação da funcionali-
dade em projetos arquitetônicos
Funcionalidade em arquitetura
Relação entre forma e função
arquitetônica
Maquete: representação tridi-
mensional
EXPLICANDO
A palavra estética origina-se da palavra grega aisthetiké, que significa co-
nhecimento sensorial, experiência sensível ou sensibilidade (CHAUÍ, 2000).
Sua principal ideia está em entender que as artes são criações humanas
capazes de comover e estimular a sensibilidade daqueles que as observam.
Qual é a sua opinião sobre essas obras? Como você poderia agregar essas
ideias, desenvolvidas por dois grandes arquitetos, em seu próprio projeto? Inspi-
re-se nas obras apresentadas e explore as possibilidades existentes na concepção
arquitetônica do seu edifício residencial.
Funcionalidade em arquitetura
Se você é arquiteto, e está trabalhando no projeto de uma edificação residen-
cial para um cliente da sua cidade, significa que há uma demanda de moradia no
local. Assim, aquele que o contratou pretende utilizar seus serviços para conce-
ber uma nova edificação que cumpra a função de habitação para aqueles que
comprarem um imóvel ali.
Pensando nisso, você sabe, de antemão, que sua proposta arquitetônica tem
uma função bastante definida: ela será residência para um conjunto de pessoas.
Isso leva você a pensar que, dentro da edificação e de cada unidade habitacio-
nal específica, deverá propor espaços que possam ser ocupados e utilizados de
forma eficiente.
Varanda gourmet
Sala
Varanda gourmet
Ao analisar o Quadro 1, você vai perceber que existem duas demandas diferen-
tes para apartamentos no seu edifício, além das áreas comuns já citadas. Assim,
como você organizará a planta tipo da edificação, de forma a conter este conjunto
de espaços previstos na lista do programa de necessidades?
EXPLICANDO
Você sabe o que é uma planta tipo? Essa expressão é utilizada para fazer
referência à planta-padrão de uma edificação, ou seja, ela refere-se à
planta que se repete pelo maior número de pavimentos dentro do edifício.
No caso de uma edificação residencial, por exemplo, a planta que contém
os apartamentos e é replicada por vários pavimentos é a chamada planta
tipo. Assim, caso sua proposta apresente vários pavimentos iguais, não é
necessário desenhá-los separadamente.
Para a construção dessa planta tipo, qual será a forma adotada por você,
pensando que há dois apartamentos de diferentes dimensões e propostas?
Você pode começar criando setores diversos em uma planta, sendo um deles
ASSISTA
Conheça um pouco mais sobre a obra de Oscar Niemeyer e sua manei-
ra de explorar a forma arquitetônica assistindo ao documentário Oscar
Niemeyer – a vida é um sopro, dirigido por Fabiano Maciel e lançado em
2007. O documentário tem 89 minutos e conta com a participação de Chico
Buarque de Hollanda e Lúcio Costa, entre outras personalidades.
Figura 6. Maquete física de projeto arquitetônico (1). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 7. Maquete física de projeto arquitetônico (2). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
CURIOSIDADE
O solstício representa a data na qual a Terra recebe uma quantidade de
sol maior em um dos hemisférios. No dia 21 de junho, acontece o solstício
de inverno no hemisfério sul e o de verão no hemisfério norte; e no dia
21 de dezembro, acontece o solstício de verão no hemisfério sul e o de
inverno no hemisfério norte. O equinócio é quando a luz do sol e o calor
atingem os dois hemisférios da mesma forma. Ele acontece entre os dias
20 e 21 de março para equinócio de primavera no hemisfério norte e de
outono no hemisfério sul; em 23 de setembro ocorre o equinócio de outono
no hemisfério norte e o de primavera no sul.
Figura 8. Dinâmica de sistema estrutural tradicional. Fonte: CHING; ONOUYE; ZUBERBUHLER, 2015, p. 90. (Adaptado).
Figura 10. Edifício de containers na Alemanha. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 11. Edifício da China Central Television, Pequim. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 13. Edifício residencial no Museum Park, pronto, em 2020. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
O que você acha de se inspirar nos projetos apresentados para realizar sua
proposta? Pesquise mais sobre o desenvolvimento dos materiais, seus usos e
outros projetos que apresentem possibilidades formais que vão além do tradi-
cional e representam a forma de viver contemporânea.
3 ELABORAÇÃO DO
ANTEPROJETO DE
ARQUITETURA:
RESTAURANTES
Tópicos de estudo
Estudos referenciais: restaurantes Desenvolvimento na etapa
Projetos comerciais pré-projetual
Histórico dos projetos Organograma
de restaurantes Fluxograma
Referências projetuais Pré-dimensionamento
de restaurantes
Projetos comerciais
Para que um projeto de um restaurante seja elaborado da forma mais efi-
ciente possível, atendendo às expectativas do cliente, é necessário que toda a
equipe entenda as demandas de um projeto desse ramo. Será, então, neces-
sário, começar pela identificação das principais características que compõem
essa tipologia de projeto.
Quando as pessoas saem para comer em um restaurante, elas estão con-
sumindo um produto. Por isso, é interessante compreender o fluxo de pessoas
em um restaurante, o dinamismo necessário em um estabelecimento voltado
para a alimentação, bem como é preciso porte para atender ao público e às
influências de todas essas variáveis no projeto.
Após o chefe da equipe de projetos estabelecer quem será o responsável
por identificar algumas características sobre arquitetura comercial de forma
geral, é preciso fazer um levantamento teórico e documental sobre essa tipolo-
gia. Como as cidades brasileiras estão situadas em relação aos espaços comer-
ciais? Qual a evolução destes projetos no contexto urbano? Quais as formas
EXPLICANDO
As Cruzadas foram movimentos militares cristãos originados na Europa
Ocidental com o objetivo de combater o domínio islâmico na chamada
Terra Santa e Jerusalém. Esses movimentos foram fundamentais para a
ampliação do comércio com o Oriente no período da Idade Média.
Figura 1. Galeria Vittorio Emanuele, Milão, Itália. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/01/2021.
Figura 2. Galeria do Rock, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/01/2021.
Figura 3. Café Le Procope, Paris, França. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Figura 4. Confeitaria Colombo, Rio de Janeiro, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Figura 6. Eataly, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Figura 7. Restaurante Paris 6, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
EXPLICANDO
Você já deve ter percebido a importância do turismo na economia
de algumas cidades brasileiras, como no Rio de Janeiro e em várias
outras cidades da costa, onde há praias exuberantes. Elas têm, muitas
vezes, uma culinária própria, que se soma a seus outros atrativos. Al-
gumas outras regiões podem ter a culinária como um dos itens funda-
mentais do turismo. Minas Gerais, por exemplo, é um estado brasileiro
conhecido por pratos como pão de queijo, doce de leite e torresmo,
dentre muitos outros.
Figura 8. Festa de San Gennaro, Mooca, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Assim como o caso da Mooca, em São Paulo, a própria capital abriga vários
bairros que têm uma tradição específica, com um público dominante que é
conhecedor e praticante desta determinada cultura. Sendo assim, conhecendo
a área de projeto, há características culturais, turísticas ou tradicionais fortes
que devem ser consideradas. Lembre-se: utilizar estas características pode ser
um fator primordial para o sucesso do empreendimento.
Figura 9. Exemplo de usuários em uma praça de alimentação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Vestiários/
Salão principal Cozinha
WCs
Acesso
Adega Acesso de
WCs Adm.
funcionários
Bar
Fluxograma
Enquanto o organograma se refere à organização, o fluxograma é um dia-
grama de fluxos entre os ambientes da edificação. Mais uma vez, é impor-
tante salientar que, para que estas etapas ocorram, é necessário que o pro-
grama arquitetônico de necessidades esteja bem definido (KOWALTOWSKI e
colaboradores, 2011).
Esses diagramas buscam uma melhor compreensão entre as atividades que
serão desenvolvidas na edificação e como será possível acessá-las. Essa é a
principal questão dos fluxos: é fundamental que o projeto seja desenvolvido de
forma que os fluxos não interfiram nas atividades principais.
Por exemplo, considerando que você está trabalhando no projeto do res-
taurante na sua cidade, a cozinha deve ser organizada e colocada em uma área
adequada onde sejam cumpridas algumas diretrizes:
• As atividades feitas no fogão não podem ser interrompidas;
• O fluxo que vai da cozinha ao salão onde as refeições são servidas não
pode interferir na produção dos alimentos;
Minitransportador
Forno convencional
Geladeira
Limpeza
Unidade de
comida quente
Garçom
Base do chefe
Talheres
Figura 11. Fluxograma isométrico de equipamentos de cozinha de um restaurante. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Espaço
externo
Fast-food
Ponto de delivery
Figura 12. Fluxograma isométrico de um restaurante com diversos serviços. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Pré-dimensionamento
Neste momento, já vimos a necessidade de um organograma e de um flu-
xograma deste espaço, provenientes do estudo do programa de necessida-
des e do estudo de referências de outros projetos de restaurantes. Agora,
como pensar quais as áreas que serão ocupadas por cada um destes espaços
do restaurante?
Uma das ferramentas que podem auxiliar neste processo é fazer o pré-
-dimensionamento de cada um dos ambientes. Nesta etapa, é preciso consi-
derar o mobiliário e equipamentos que cada área deverá ter, assim como as
relações entre usuários que serão ali desenvolvidas.
Que tal começarmos pensando em quantos usuários devem ocupar
um determinado ambiente? Voltando ao exemplo de programa de neces-
sidades arquitetônico adotado no organograma apresentado, podemos
começar estipulando qual será a ocupação do salão principal, ou seja,
qual o número máximo de clientes que o salão suportará. Qual o núme-
ro de banheiros necessários para atendê-los? Sobre a área de serviços,
quantos funcionários trabalharão ao mesmo tempo na cozinha? Relacione
estas variáveis às dimensões do mobiliário e às tarefas que serão realiza-
das nestes ambientes.
DICA
Para determinar o dimensionamento de ambientes arquitetônicos, é possível
tomar como referência vários livros disponíveis no mercado e bibliotecas.
Entre eles o Manual do Arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto,
de Pâmela Buxton, e os livros bastante conhecidos de Ernst Neufert.
4 DESENVOLVIMENTO
DO PROJETO:
RESTAURANTES
Tópicos de estudo
Condicionantes naturais: pro- Noções de legislação aplicadas
jetos de restaurantes à arquitetura
Estudo do lote: aspectos Introdução da legislação na
ambientais arquitetura
Relação entre fachada e Plano Diretor e leis de uso e
entorno ocupação do solo
Normas técnicas
Desenvolvimento do projeto:
restaurantes
Representação de projeto:
croquis iniciais
Plantas e cortes
Perspectivas e detalhamento
DICA
Leia o livro completo de Gehl, Cidades para pessoas (2015). Nele, você
encontrará uma perspectiva ainda mais trabalhada sobre as fachadas
no projeto arquitetônico e na interação com a cidade, bem como outras
estratégias para evidenciar o indivíduo nas propostas urbanas.
Fachada ativa
Incentivo urbanístico para
edifícios com comércio, serviços
e equipamentos no térreo,
com acesso aberto à população.
Figura 2. Estratégia de fachada ativa segundo a Lei municipal nº 16.402/2016 de São Paulo. Fonte: São Paulo, 2016.
DICA
Que tal se inspirar ainda mais no desenvolvimento dos croquis e fazer uma
busca sobre como Oscar Niemeyer os utilizava durante o processo de
projeto? O arquiteto, um dos maiores do Brasil até então, era reconhecido
pelos seus desenhos à mão livre. Pesquise como ele buscou representar
os diversos projetos que desenvolveu: Brasília, Pampulha (Belo Horizonte,
MG), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), entre tantos outros.
EXPLICANDO
Você sabe o que é uma escala? Ela consiste na relação entre dimen-
sões reais e dimensões representadas em um desenho gráfico (planta
ou mapa). Ela pode apresentar este desenho em tamanho real, reduzi-
do ou ampliado.
Perspectivas e detalhamento
Após realizar toda a fase destinada aos desenhos técnicos da sua edifica-
ção, será preciso encarar mais duas situações: na primeira, você terá que fazer
algumas apresentações do projeto ao seu cliente para que ele o aprove e, as-
sim, seguir para as etapas finais de projeto executivo e obra. Além disso, em
segunda instância, com a aprovação do projeto, você e a equipe precisarão
desenvolver os detalhamentos de algumas partes específicas do projeto.
Figura 4. Perspectiva tridimensional do interior de um restaurante. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/01/2021.
Figura 5. Zoneamento de parte da área central de São Paulo. Fonte: São Paulo, 2015.
EXEMPLIFICANDO
O coeficiente de aproveitamento (CA) depende diretamente da área total
(AT) e da área construída computável máxima (AC). Assim, o CA é dado
por CA = AC/AT. Se você possui um terreno com 1000m² e um coeficiente
de aproveitamento de 2, a área construída computável máxima será de
2x1000, ou seja, AC = 2000m².
Outro fator determinante que não deve ser esquecido é que a altura máxi-
ma permitida para uma edificação não está ligada com a taxa de ocupação (TA)
máxima. Mas por quê? Lembre-se: a taxa de ocupação trata da área projetada
do edifício em relação ao solo, à sua área total. Ou seja, a taxa de ocupação leva
em conta a projeção horizontal e não o número de pavimentos.
Sendo assim, o índice que afeta o número de pavimentos de uma edifica-
ção é o coeficiente de aproveitamento (CA), porque você precisará considerar a
área total construída, ou seja, todos os pavimentos.
Verificar essa legislação desde o início reduz as probabilidades de risco de
projetar uma edificação com mais pavimentos ou mais área construída do que
Normas técnicas
Vimos algumas importantes regras a serem seguidas para se construir
em solo urbano. Tratam-se das legislações, que podem ser municipais, es-
taduais ou mesmo federais. Mas é importante saber que elas não são as
únicas leis que regem a construção de um edifício.
Além delas, existe uma série de normas técnicas que devem ser ado-
tadas, cuja responsabilidade, em geral, é da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas (ABNT). As normas brasileiras publicadas pela ABNT são do-
cumentos legais estabelecidos por um consenso e que estabelecem regras,
diretrizes ou recomendações mínimas para atividades ou resultados para
obtenção de um grau de qualidade em um contexto específi co (ABNT, 2015).
Considerando que o projeto de um restaurante é um espaço
para frequentação de público diverso, é necessário se
atentar à NBR 9050 (ABNT, 2015), que trata de aces-
sibilidade a edifi cações, mobiliário, espaços e equi-
pamentos urbanos. Ela foi criada para estabelecer
parâmetros e critérios mínimos para projetos, cons-
truções, edifi cações e instalações no meio urbano ou rural em detrimento
das condições de acessibilidade universal (ABNT, 2015).
Para tal, há diversas orientações a serem seguidas visando organizar o
espaço comercial. Vejamos algumas delas:
• Disponibilizar informação e sinalização (projetos de identidade visual
com placas, sinalização de emergência, comunicações etc.);
• Pensar no projeto a partir de parâmetros antropométricos, ou seja,
considerando os alcances visuais e manuais da população conforme esta-
belecidos na norma técnica;
• Projetar sanitários e vestiários com um número mínimo de banheiros
para atender ao público com difi culdades de acessibilidade, verifi cando as
dimensões recomendadas na NBR 9050/2015;
0,85 0,75
d) Andador rígido – vistas frontal e lateral
0,95
1,20 1,20
e) Muletas – vistas frontal e lateral
0,60
0,60
0,90 0,90
f) Muletas tipo canadense g) Apoio de tripé h) Sem órtese
Dimensões em metros
i i
i i
h
h
h
h
b) Vista lateral
CONTEXTUALIZANDO
A partir do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do
Sul, em janeiro de 2017, ficou determinado que todos os municípios
devem ter uma legislação específica referente ao combate e preven-
ção de incêndios e desastres. Esta necessidade foi estabelecida pela
Lei Federal nº 13.425/2017.
Sabendo destas informações, pense nas possíveis rotas de fuga de seu res-
taurante, a partir de uma consulta às legislações estadual e municipal. Não se
esqueça de buscar referências de materiais que podem auxiliar em casos de
incêndio, sobretudo nas áreas onde há manipulação de fogo, como as cozinhas.
Aliás, no caso das cozinhas, a legislação do Corpo de Bombeiros não é a úni-
ca que deve ser seguida. De acordo com a Anvisa (2004), as cozinhas industriais
devem ter, predominantemente, a cor branca. Isso ocorre porque há uso amplo
de aço nestas áreas e o branco não interfere no índice de reflexão de cor deste
aço e não cria, assim, áreas ou cantos escuros. Inclusive, a cor clara demonstra