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História Do Cristianismo

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Pr.

Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

O cristianismo é uma das chamadas grandes religiões. Tem aproximadamente 2


bilhões de seguidores em todo o mundo, incluindo católicos, ortodoxos e protestantes.
Cristianismo  vem da palavra Cristo, que significa messias, pessoa consagrada, ungida.
Do hebraico mashiah (o salvador) foi traduzida para o grego como khristos e para o
latim como christus.
A doutrina do cristianismo baseia-se na crença de que todo o ser humano é
eterno, a exemplo de Cristo, que ressuscitou após sua morte. A fé cristã ensina que a
vida presente é uma caminhada e que a morte é uma passagem para uma vida eterna e
feliz para todos os que seguirem os ensinamentos de Cristo.
Os ensinamentos estão contidos exclusivamente na Bíblia, dividida entre o Antigo e o
Novo Testamento.

O Antigo Testamento trata da lei judaica, ou Torah. Começa com relatos da


criação e é todo permeado pela promessa de que Deus, revelado a Abraão, a Moisés e
aos profetas enviaria à Terra seu próprio filho como Messias, o salvador.
O Novo Testamento contém os ensinamentos de Cristo, escritos por seus
seguidores. Os principais são os quatro evangelhos ("mensagem", "boa nova"), escritas
pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João. Também inclui os Atos dos Apóstolos
(cartas e ensinamentos que foram passados de boca em boca no início da era cristã, com
destaque para as cartas de Paulo) e o Apocalipse.

O nascimento do cristianismo se confunde com a história do império romano e


com a história do povo judeu. Na sua origem, o cristianismo foi apontado como uma
seita surgida do judaísmo e terrivelmente perseguida.
Quando Jesus Cristo nasceu, por volta do ano 4 AC, na pequena cidade de Belém,
próxima a Jerusalém, os romanos dominavam a Palestina. Os judeus viviam sob a
administração de governadores romanos e, por isso, aspiravam pela chegado do Messias
(criam que seria um grande homem de guerra e que governaria politicamente), apontado
na Torá (VT) como o enviado que os libertaria da dominação romana.

Até os 30 anos Jesus viveu anônimo em Nazaré, cidade situada no norte do atual
Israel. Aos 33 anos seria crucificado em Jerusalém e ressuscitaria três dias depois. Em
pouco tempo, aproximadamente três anos, reuniu seguidores (os 12 apóstolos) e
percorreu a região pregando sua doutrina e fazendo milagres, como ressuscitar pessoas
mortas e curar cegos, logo tornou-se conhecido de todos e grandes multidões o seguiam.
Mas, para as autoridades religiosas judaicas ele era um blasfemo, pois autodenominava-
se o Messias. Não tinha aparência e poder para ser o o líder que libertaria a região da
dominação romana. Ele apenas pregava paz, amor ao próximo. Para os romanos, era um
agitador popular.
Após ser preso e morto, a tendência era de que seus seguidores se dispersassem e
seus ensinamentos fossem esquecidos. Ocorreu o contrário. É justamente nesse fato que
se assenta a fé cristã. Como haviam antecipado os profetas no Antigo Testamento,
Cristo ressuscitou, apareceu a seus apóstolos (Apóstolo quer dizer enviado.) que
estavam escondidos e ordenou que se espalhassem pelo mundo pregando sua mensagem
de amor, paz, restauração e salvação.

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

O cristianismo firmou-se como uma religião de origem divina. Seu fundador era
o próprio filho de Deus, enviado como salvador e construtor da história junto com o
homem. Ser cristão, portanto, seria engajar-se na obra redentora de Cristo, tendo como
base a fé em seus ensinamentos. Rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região
do Mediterrâneo e chegou ao coração do império romano.

A VIDA DE JESUS CRISTO

O Novo Testamento conduz-nos ao clímax da oba redentora de Deus, porque nos


apresenta o Messias, Jesus Cristo, e nos fala  do começo da sua igreja. Os escritos de
Mateus, Marcos, Lucas e João falam-nos do ministério de Jesus. Esses escritores foram
testemunhas oculares da vida do Mestre, ou registraram o que testemunhas oculares lhes
contaram, todavia não escreveram dele uma biografia completa. Tudo quanto
registraram, realmente aconteceu, porém concentraram-se no ministério de Jesus, e
deixaram aqui e acolá algumas lacunas na história da vida do Divino Mestre. Os
homens que escreveram os evangelhos tinham em mira explicar a pessoa e a obra  de
Jesus, registrando o  que ele fez e disse. E cada autor apresenta uma perspectiva
ligeiramente diferente acerca de Jesus e de suas obras. Os autores dos Evangelhos não
tentaram relatar todos os eventos da meninice de Jesus, porque não era esse o motivo de
escreverem. Não procuraram dar-nos, tampouco, registro da vida cotidiana. Eles se
ativeram ao que é pertinente à salvação e ao discipulado.
O NT é a única fonte de informação substancial do primeiro século que temos a respeito
da vida de Jesus. A literatura judaica ou romana daquele tempo quase não o menciona.
Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, escreveu um livro sobre a história
do judaísmo, procurando mostrar aos romanos e gregos que essa religião não não se
distanciava muito do estilo de vida deles.  Disse ele:  "Ora, havia por esse tempo Jesus,
um homem sábio, se for legítimo chamá-lo de homem, pois ele era um operador de
obras maravilhosas, um mestre de quem os homens recebem a verdade com prazer.
Atraiu para si muitos dos judeus e muitos dos gentios, ele era [o] Cristo. E quando
Pilatos, por sugestão dos principais homens entre nós, condenou-o à cruz, os que o
amavam a princípio não o abandonaram; pois ele apareceu-lhes vivo de novo no
terceiro dia; conforme haviam predito os profetas divinos essas e dez mil outras coisas
maravilhosas concernentes a ele. E o grupo de cristão assim chamado em virtude de
seu nome, não se extinguiu até hoje."  ( Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, 
Livro XVIII, cap. iii, Sec 3.)

Os judeus dos dias de Jesus viviam na expectativa de grandes acontecimentos. Os


romanos os oprimiam, mas eles estavam seguramente convictos de que o Messias viria
em breve. Os variados grupos retratavam diferentemente o Messias, mas seria difícil,
naquele tempo, encontrar um judeu que vivesse sem alguma forma de esperança.
Alguns tinham a verdadeira fé e aguardavam ansiosos a vinda de um Messias que seria
seu Salvador espiritual.
Por volta do ano 6 aC, o sacerdote Zacarias oficiava no templo em Jerusalém. Queimava
incenso no altar durante a oração vespertina quando lhe apareceu um anjo anunciando
para breve o nascimento do primeiro descendente do sacerdote, um menino. Esse filho
prepararia o caminho para o Messias; o espírito e o poder de Elias repousariam sobre ele

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(Lc3.3-6). Seus pais deviam chamar-lhe João. Zacarias era um homem


verdadeiramente piedoso, mas foi difícil crer no que ouvira; como conseqüência, ficou
mudo até que Isabel (sua esposa) deu à luz. Nasceu o filho, foi circuncidado, e recebeu
o nome segundo as instruções de Deus. Depois disso Zacarias readquiriu a voz e louvor
ao Senhor.
Três meses antes do nascimento de João, o mesmo anjo (Gabriel) apareceu a
Maria. Esta jovem era noiva de José, carpinteiro descendente de Davi (Is 11.1). O anjo
disse a Maria que ela conceberia um filho por obra do ES, e que ela daria ao menino o
nome de Jesus (Lc 1.32-35; Mt 1.21). Ela aceitou a mensagem com grande mansidão,
contente por estar vivendo na vontade de Deus (Lc 1.38).
Gabriel também lhe disse que sua prima Isabel estava grávida, e Maria apressou-se a
partilhar o júbilo mútuo. Ao encontrarem-se, Isabel saudou a Maria como a mãe de seu
Senhor (Lc 1.39-45). Maria irrompeu num cântico de louvor (Lc 1.46-56), ela ficou três
meses com Isabel.
José, o marido prometido a Maria, ficou totalmente chocado com o que parecia
ser fruto de um terrível pecado (Mt 1.19) e resolveu abandoná-la secretamente. Então,
em sonho, um anjo lhe explicou a situação, e instruiu-o a casar-se com Maria, sua
pretendida esposa, como planejado.
 
Herodes o Grande reinava na Judéia quando Jesus nasceu (Mt 2.1).  Em suas
Antigüidades,  Josefo escreve que houve um eclipse da lua pouco antes da morte de
Herodes (Livro XVII, cap xiii, Séc. 2). Esse eclipse poderia ser qualquer um dos três
ocorridos nos anos de 5 e 4 aC; mas provável alternativa é 12 de março de 4 aC. Além
do mais, o historiador judeu declara que o rei morreu pouco antes da Páscoa (Livro
XVII, cap vi, Séc. 4) e a Páscoa ocorreu no dia 11 de abril do ano 4 aC. Assim, devemos
concluir que Herodes morreu nos primeiros dias de Abril deste ano.
Os magos do Oriente vieram adorar o Messias de Deus, mas uma vez que voltaram sem
dar informação alguma a Herodes, ele mandou que seus soldados matassem todos os
meninos de Belém de dois anos para baixo (Mt 2.16).  Isto quer dizer que Jesus nasceu
no ano 6 ou 5 aC, e foi levado para o Egito no ano 4 aC.
Não sabemos com exatidão em que mês e dia Jesus nasceu. A data 25 de dezembro não
é muito provável. A igreja de Roma escolheu esse dia para celebrar o nascimento de
Cristo, já no segundo ou terceiro século, a fim de obscurecer um dia santo de origem
pagã, comemorado tradicionalmente neste dia. Anteriormente, a igreja Ortodoxa
Oriental decidira honrar o nascimento de Cristo no dia 6 de janeiro, a epifania. Mas por
estabelecer a data no inverno? As probabilidades de que os pastores cuidassem de seus
rebanhos à noite, nas colinas, são mínimas. É mais provável que Jesus tenha nascido no
outono ou na primavera.

Conhecemos cinco eventos da infância de Jesus, são eles:

1) Circuncisão - De acordo com a lei judaica, ele foi circuncidado ao oitavo dia e
recebeu o nome de Jesus (Lc 2.21).

2) Apresentado no templo - Ele foi apresentado no templo para selar a circuncisão e


também foi "redimido" pelo pagamento dos cinco ciclos. Para efeito de sua purificação,
Maria fez a oferta dos pobres (Lv 12.8; Lc 2.24).

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3) Visita dos Magos - Um grupo de "sábios" apareceu em Jerusalém, inquirindo acerca


do nascimento de um "rei dos judeus". (Mt 2.2).

4) Fuga para o Egito - Deus disse a José que fugisse para o Egito com toda a família.
Após a morte de Herodes, José voltou, e fixou residência em Nazaré.

5) Visita ao Templo - Quando tinha aproximadamente 12 anos (Lc 2.41-52) foi com os
pais ao templo em  Jerusalém e oferecer  sacrifício. Enquanto estava ali, Jesus
conversou com os dirigentes religiosos sobre a fé judaica. Ele revelou extraordinária
compreensão do verdadeiro Deus, e suas respostas deixaram-nos admirados. Mais tarde,
de volta para casa, os pais de Jesus notaram a sua ausência. Encontraram-no no templo,
ainda conversando com os especialistas judaicos.

A Bíblia cala-se até ao ponto em que nos apresenta os acontecimentos que deram início
ao ministério de Jesus, tendo ele cerca de trinta anos. Primeiro vemos João Batista
deixando o deserto e pregando nas cidades ao longo do rio Jordão, instando com o povo
a que se preparasse para receber o Messias (Lc 3.3-9). João nasceu no seio de uma
família piedosa e cresceu para amar e servir fielmente a Deus. Deus falava por meio de
João, e multidões acudiam para ouvi-lo pregar. Dizia-lhes que se voltassem para Deus e
começassem a obedecer-lhe. Ao ver Jesus, ele anunciou que este homem era o
"...Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29). João batizou a Jesus; e ao
sair Jesus das águas, Deus enviou o Espírito Santo em forma de pomba, que pousou
sobre ele.
O Espírito Santo guiou Jesus ao deserto, e aí ele permaneceu sem alimentar-se durante
quarenta dias. Enquanto ele se encontrava nessa situação de enfraquecimento, o diabo
veio e procurou tentá-lo  de vários modos. Jesus recusou as propostas do diabo e
ordenou que ele se retirasse. Então vieram anjos que o alimentaram e confortaram.
A princípio Jesus tinha a estima do povo. Na região do mar da Galiléia ele foi a uma
festa de casamento e transformou água em vinho. este foi o primeiro de seus milagres
que a Bíblia menciona. Este milagre,  da mesma forma que os últimos, demonstrou que
ele era verdadeiramente Deus. Da Galiléia ele foi para Jerusalém onde expulsou do
templo um grupo de religiosos vendedores ambulantes. Pela primeira vez ele asseverou
de público sua autoridade sobre a vida religiosa do povo, o que fez que muitos
dirigentes religiosos se voltassem contra ele.
Um desses dirigentes, Nicodemos, viu que Jesus ensinava a verdade acerca de Deus.
Certa noite ele foi ter com Jesus e lhe perguntou como poderia entrar no reino de Deus,
que é o reino de redenção e salvação. (Jo 3.3)
Quando João Batista começou a pregar e atrair grandes multidões na Judéia, Jesus
voltou para a Galiléia. Aí ele operou muitos milagres e grandes multidões o cercavam.
Infelizmente, as multidões estavam mais interessadas nos seus milagres do que nos seus
ensinos.
Não obstante, Jesus continuou ensinando. Ele entrava nos lares, participava das festas
públicas, e adorava com os outros judeus em suas sinagogas. Denunciou os dirigentes
religiosos do seu tempo porque exibiam uma fé hipócrita. Ele não rejeitou a religião
formal deles; pelo contrário, Jesus  respeitava o templo e a adoração que aí se prestava
(Mt 5.17-18). Mas os fariseus e outros dirigentes não viram nele o Messias e não

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cuidaram de ser salvos do pecado. Além do mais, não satisfeitos com o que Deus lhes
revelara no AT, continuaram fazendo-lhe acréscimos e revisando-o. Acreditavam que
sua versão das Escrituras, examinada nos seus mínimos detalhes, dava-lhes a única
religião verdadeira. Jesus chamou-os de volta às primitivas palavras de Deus. Ele era
cuidadoso na sua forma de citar as Escrituras, e incitava seus seguidores a entendê-las
melhor. Ensinava que o conhecimento básico das Escrituras mostraria que a vontade de
Deus era que as pessoas fosse salvas mediante a fé nele.
Perto da Galiléia, Jesus operou seu mais surpreendente milagre até então. Tomou sete
pães e dois peixes, abençoou-os e partiu-os em pedaços suficientes para alimentar
quatro mil pessoas! Mas este milagre não atraiu mais gente à fé em Jesus; na verdade, as
pessoas se retiraram porque não podiam imaginar por que e como ele queria que elas
"comessem" seu corpo e "bebessem" seu sangue ( Jo 6.52-66).
Os doze discípulos, porém, permaneceram fiéis, e ele começou a concentrar seus
esforços em prepará-los. Cada vez mais ensinava- lhes acerca de sua futura morte e
ressurreição, explicando-lhes que eles também sofreriam a morte se continuassem a
segui-lo.
Esta atitude de Jesus o leva ao fim da sua vida na terra. Judas Iscariotes, um dos doze,
traiu-o, entregando-o aos líderes de Jerusalém, que lhe eram hostis, e eles pregaram
Jesus numa cruz de madeira entre criminosos comuns. Mas ele ressuscitou e apareceu a
muitos de seus seguidores, exatamente como havia prometido, e deu instruções finais
aos seus discípulos mais íntimos. Enquanto o observavam subir ao céu, apareceu um
anjo e disse que eles os veriam voltar do mesmo modo. Em outras palavras, ele voltaria
de modo visível e em seu corpo físico.

A HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA

A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou
convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas
no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular
podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma
reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à
reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.
Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo pretende dizer
quando chama a igreja de "corpo de Cristo"?
Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o contexto social e
histórico da igreja do NT. A igreja  primitiva surgiu no cruzamento das culturas
hebraicas e helenística. 

Fundada a Igreja

Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e
ascendeu ao céu (At 1.1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram
durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, o qual Jesus disse que viria.
Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam.

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Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento impetuoso
encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e
começaram a falar em línguas diferente da sua conforme o Espírito Santo os capacitava.
Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulo falando em suas
próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13).
Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do
derramamento do Espírito Santo predito pelos profetas do Antigo Testamento (AT) (At
2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam
fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse: " Arrependei-vos, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo " (At 2.38). Cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu
Salvador naquele dia (Atos 2.41).

Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os
seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos
estavam tentando começar um nova "religião de mistério" em torno  de Jesus de Nazaré.
É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo (At 3.1) e
alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados (At 15). Mas
os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus
havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem
fiéis (Mt 16.18);  ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue (Lc 22.20). De
modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os
privilégios  que Israel conhecera outrora. Não eram simplesmente uma parte de Israel -
eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb 8.8; 9.15). "Os líderes judeus tinham
um medo de arrepiar, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito,
mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens."
(Henry Melvill Gwatkin, Early Church History,  pag 18).

a) A Comunidade de Jerusalém.
Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém
após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve.
Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-45). Muitos
vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses
recursos entre o grupo ( At  4.34-35).
Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At 2.46), mas começaram a
partilhar  a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At 2.42-46). Esta refeição simbólica
trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu
próprio corpo e sangue.
Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas
enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolo pudessem tocá-las em seu
caminho para a oração (At 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os
cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num
esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos.
Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-20),  o que provocou mais excitação.
A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para
distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estevão,
"homem cheio de fé e do  Espírito Santo" (At 6.5). Aqui vemos o começo do governo

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eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes.


À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura um
tanto complexa.

b) O Assassínio de Estevão - Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e,


acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho do sumo sacerdote. Estevão
fez uma eloqüente defesa da
fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que
libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e
assassinos" do filho de Deus (At 7.52). Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que
via a Jesus em pé à destra de Deus ( At 7.55). Isso enfureceu os judeus, que o levaram
para fora da cidade e o apedrejaram (At 7.58-60).
Esse fato deu início a uma onde de perseguição que levou muitos cristãos a
abandonarem Jerusalém (At 8.1). Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os
gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram
congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os
cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um
cumprimento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a
fazer "discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo" (Mt 28.19). Assim, a conversão dos gentios foi "tão-somente o
cumprimento da comissão do Senhor, e o resultado natural de tudo o que havia
acontecido..." (Gwatkin, Early Church History, p. 56). Por conseguinte, o assassínio de
Estevão deu início a uma era de rápida expansão da igreja.

c) Atividades Missionárias - Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do


mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da
Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de
Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia ( At 8.26-40), e
de outras terras.
Logo depois da morte de Estevão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para
levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina,
pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e
Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja
de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia (At
11.22-23). Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo
(Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano (At 11.26).
Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome
sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em
Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na
prisão (At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus
amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram
de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos (At 12.25). Por esta ocasião,
diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a
congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-
14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo  fez para levar o
evangelho aos recantos longínquos do Império Romano. Os primeiros missionários

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cristãos concentraram seus ensinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele
era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados
de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a
quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).

d) Governo Eclesiástico - A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade


de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em
breve, por isso tratavam os problemas internos à medida  que surgiam - geralmente de
um modo muito informal.

Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos reconheciam a
necessidade de organizar o seu trabalho. O NT não nos dá um quadro pormenorizado
deste governo da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os
negócios de cada congregação (Rm 12.6-8; 1Ts 5.12; Hb 13.7,17,24), exatamente como
os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram
escolhidos pelo Espírito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam (At 14.23).
Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes
pra o ministério. Alguns  ministros chamados  evangelistas parecem ter viajado de uma
congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que
manuseiam o evangelho". Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais
dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome
por manifestarem  um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres
pastorais normais entre as visitas desses evangelistas.

Algumas cartas do NT referem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado


confuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança
eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje. Paulo lembrou
aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos
presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). Tanto os bispos como os presbíteros
estavam encarregados de supervisar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos
se referem aos mesmos ministros  da igreja primitiva, a saber, os presbíteros.
Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o ES concedia habilidades especiais de
liderança a certas pessoas (1Co 12.28). Assim, quando conferiam um título oficial a um
irmão ou irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito.
A igreja primitiva não possuía um centro terrenal de poder. Os cristãos entendiam que
Cristo era o centro de todos os seus poderes (At 20.28). O ministério significava servir
em humildade, em vez de governar de uma posição elevada (Mt 20.26-28). Ao tempo
em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, os cristãos reconheciam a importância
de preservar  os ensinos de Cristo por intermédio de ministros que se devotavam a
estudo especial, "que maneja bem a palavra da verdade"  (2Tm 2.15). A igreja primitiva
não oferecia poderes mágicos, por meio de rituais ou de qualquer outro modo. Os
cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de seu grupo, o corpo de Cristo  (Ef
1.23),  que seria salvo como um todo. Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que
Cristo voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo (Ap 21.2; 22.17). Negavam que
indivíduos pudessem obter poderes especiais de Cristo para seus próprios fins egoístas
(At 8.9-24; 13.7-12).

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e) Padrões de Adoração - Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos,


estabeleceram padrões de adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não
temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva até 150 dC, quando Justino Mártir
descreveu os cultos típicos de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus
serviços no domingo, o primeiro dia sa semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor"
porque foi o dia em que Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se
no templo em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares ( At 2.46; 13.14-16; 20.7-8).
Alguns estudiosos crêem que a referência aos ensinos de Paulo na escola de Tirano (At
19.9) indica que os primitivos cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras
instalações. Não temos prova alguma de que os cristãos tenham construído instalações
especiais para seus cultos de adoração durante mais de um século após o tempo de
Cristo. Onde os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as
catacumbas (túmulos subterrâneos) de Roma.

Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de domingo, e que seu
culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum  ponto os cristãos começavam a
manter dois cultos de adoração no domingo, conforme descreve Justino Mártir - um
bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas por questão de
segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam comparecer aos cultos
de adoração durante o dia.

- Ordem do Culto - Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e
pregação. O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere
um padrão de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro, Pedro leu as
Escrituras. Depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos
adoradores (At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o
exemplo do próprio Senhor.  Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos
ou de palavras de exortação        (1Co 14.26).

- A Ceia do Senhor - Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do


Senhor para  comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a
tradicional festa judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na
Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e
aguardavam com expectação o futuro como filhos de Deus. Na  Ceia do Senhor, os
cristãos celebravam o modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua
esperança pelo dia quando Cristo voltaria   (1Co 11.26).  A princípio, a Ceia do Senhor
era uma refeição completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado
trazia um prato para a mesa comum. A refeição começava  com oração e com o comer
de pedacinhos de um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-
se a refeição com outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que
representava o sangue vertido de Cristo.
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um rito secreto
quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a respeito desses
cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta do ano 100
dC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto
matutino de adoração, aberto ao público.

9 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

- Batismo - O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de


Paulo  (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os
judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o
batismo como símbolo de purificação, e João Batista fez dele uma importante parte de
seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas
numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em
todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu
próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de vários
modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da
purificação  de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm 6.3).
De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At 10.48;
16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo
quanto tinha.

- Calendário Eclesiástico - O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja


primitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua adoração no primeiro dia da
semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Os cristãos não observam o domingo como dia de
descanso até ao quarto século de nossa era, quando o imperador Constantino designou-o
como um dia santo para todo o Império Romano. Os primitivos cristãos não confundiam
o domingo com o sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para aplicar a ele a
legislação referente ao sábado.
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam a Páscoa desde os tempos
apostólicos; 1Co 5.6-8 talvez se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa
judaica. Por volta do ano 120 dC, a igreja de Roma mudou a celebração para o domingo
após a Páscoa judaica enquanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la na
Páscoa Judaica.

f) Conceito do NT sobre a Igreja - É interessante pesquisar vários conceitos de igreja


no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família e templo de Deus, como
rebanho e noiva de Cristo, como sal, como fermento, como pescadores, como baluarte
sustentador da verdade de Deus, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como
uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era
afloramento e amostra. Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam à
igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel".  Esses dois conceitos revelam muito
da compreensão que os primitivos cristãos tinha da sua missão no mundo.

- O Corpo de Cristo - Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5)
e "seu corpo" (Ef 1.23). Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão única de
vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo Espírito Santo mediante a fé. Esses
participam da ressurreição  (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados  para
continuar seu ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão
ligados numa comunidade que personifica o reino de Deus no mundo. Pelo fato de
estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que o que faziam com seus
próprios corpos e capacidades era muito importante (Rm 12.1; 1Co 6.13-19; 2Co 5.10).
Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em Cristo (1Co 12.3; Ef  2.14-
22), e deviam aceitar-se e amar-se uns aos outros de um modo que revelasse tal

10 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

realidade. Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos acentuaram


que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja e merecia
todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era dom de
Cristo.

- O Novo Israel - Os primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo escolhido de


Deus. Acreditavam que a vinda e o ministério  de Jesus cumpriram a promessa de Deus
aos patriarcas (Mt 2.6; Lc 1.68; At 5.31), e sustentavam que Deus havia estabelecido
uma Nova Aliança com os seguidores de Jesus (2Co 3.6; Hb 7.22, 9.15).
Deus, sustentavam eles, havia estabelecido seu novo Israel na base da salvação pessoal,
e não  em linhagem de família. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a
todas as heranças culturais e nacionais. Quem quer que depositasse fé na Nova Aliança
de Deus, rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiritual de Abraão e, como
tal, passava a fazer parte do "novo Israel" (Mt 8.11; Lc 13.28-30; Rm 4.9-25; Gl 3-4; Hb
11-12).

-Características Comuns - Algumas qualidades comuns emergem das muitas imagens


da igreja que encontramos no NT. Todas elas mostram que a igreja existe porque Deus
trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa
é a razão da existência da igreja.

As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de
poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa
comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito.
A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo;
demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a
Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em
nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja
em todas as congregações particulares mediante as quais ela se torna visível, praticar a
unidade, o amor e  cuidado de um modo que mostre que Cristo vive verdadeiramente
naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo
neles. 

O livro de Atos descreve o ministério da igreja primitiva. Em Atos vemos como a


mensagem concernente a Jesus - a mensagem da redenção - propagou-se de Jerusalém
até Roma, centro do mundo Ocidental. 

O livro de Atos mostra a expansão da igreja:

a) Em Jerusalém;
b) De Jerusalém para a Judéia, Samaria e região.
c) De Antioquia até Roma.

a) A Igreja em Jerusalém - As primeiras experiências dos discípulos de Jesus em


Jerusalém revelam muita coisa acerca da igreja primitiva. O livro de Atos mostra com
que zelo esses cristãos divulgaram as notícias a respeito de Jesus.
O livro inicia-se numa colina próxima a Jerusalém, onde Jesus estava prestes a ascender

11 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

ao céu. Ele disse aos discípulos: "...ao descer sobre vós o ES, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins
da terra" (At 1.8). Esse era o plano de Jesus para evangelizar o mundo.
Poucos dias mais tarde os discípulos substituíram Judas, que se havia matado depois de
trair a Jesus. Escolheram a Matias para completar o grupo dos doze.
Então o Cristo ressurreto deu à igreja seu Espírito Santo, que capacitou os cristãos a
cumprirem a tarefa de âmbito mundial (At 1.8).
Pedro falou à igreja no dia de Pentecoste, revelando a importância de Cristo como
Senhor da salvação (At 2.14-40). O ES revestiu a igreja de poder para operar sinais e
maravilhas que confirmavam a veracidade dessa mensagem (At 2.43). Especialmente
significativa foi a cura de um mendigo operado pelos apóstolos à porta do templo ( At
3.1-10), o que colocou os apóstolos em conflito com as autoridades judaicas.
A igreja mantinha estreita comunhão entre seus membros. Compartilhavam as refeições
em seus lares; também adoravam juntos e repartiam os seus bens (At 2.44-46; 4.32-34).
À medida que a igreja continuava a crescer, as autoridades governamentais começara a
perseguir abertamente os cristãos. Pedro e alguns dos apóstolos foram presos, mas um
anjo os libertou; convocados perante as autoridades, estas lhes deram ordens de parar
com a pregação a respeito de Jesus (At 5.17-29). Os cristãos, porém, recusaram-se a
obedecer; continuaram pregando, muito embora as autoridades religiosas os
espancassem e os laçassem na prisão diversas vezes.
A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos precisaram de auxílio em algumas
questões práticas de administração eclesiástica, principalmente no atendimento às
viúvas. Para a execução desta tarefa ordenaram sete diáconos.

b) De Jerusalém para toda a Judéia - A segunda fase do crescimento da igreja


começou com uma violenta perseguição dos cristãos em Jerusalém. Quase todos os
crentes fugiram da cidade (At 8.1). Por onde quer que fossem, os cristãos davam
testemunho, e o ES usava esse testemunho a fim de conquistar outras pessoas para
Cristo (At 8.3...). Por exemplo, um dos sete auxiliares, chamado Filipe, conversou com
um diplomata etíope; esse homem tornou-se cristão e levou as boas novas para sua
pátria ( At 8.26-39).

A esta altura a Bíblia descreve a conversão de Saulo de Tarso. Antes de converter-se,


Saulo perseguia a Igreja. Ele obteve cartas das autoridades judaicas em Jerusalém que o
autorizava a ir a Damasco efetuar a prisão dos cristãos ali e matá-los. No caminho,
Cristo derrubou-o por terra e o desafiou. Saulo rendeu-se e assim começou uma nova
vida na qual ele devia usar seu nome romano, Paulo em lugar de Saulo, o nome judaico.
Paulo cheio do ES começou a pregar a respeito de Jesus na sinagoga judaica, e os
dirigentes judeus o expulsaram de Damasco. Algum tempo depois (Gl 1.17-2.2), ele foi
pra Jerusalém, onde estabeleceu uma relação com os apóstolos.

Devemos notar também que o ministério de Pedro, que foi especialmente marcado por
milagres. Em Lida ele curou um homem chamado Enéias (At 9.32-35). Em Jope, Deus
o usou para ressuscitar Dorcas (At 9.36-42). Por fim, recebeu de Deus uma visão que o
convocava para Cesaréia, onde apresentou o evangelho aos gentios (At 10.9-48). Ele foi
o líder máximo dos apóstolos e seu ministério reanimou o entusiasmo da igreja
primitiva. Apóstolo era uma pessoa a quem Cristo havia escolhido para um treinamento

12 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

especial no ministério ( Gl 1.12). Os apóstolos lançaram o alicerce da igreja mediante a


pregação do evangelho de Cristo (Ef 2.20; 1Co 3.10-11; Jd 3-21). Deus usou Pedro para
abrir a porta da salvação aos gentios. 
,Neste ponto a narrativa bíblica volta-se brevemente para a expansão do evangelho entre
os gentios em Antioquia (At 11.19-30). É quando lemos acerca do martírio de Tiago em
Jerusalém, e de como Pedro foi miraculosamente liberto da prisão. (At 12.1-19)

c) De Antioquia até Roma - O restante do livro de Atos descreve a expansão da igreja


por intermédio do Apóstolo Paulo. Barnabé levou Paulo para Antioquia (At 11.19-26).
Aí o ES chamou a Barnabé e a Paulo para serem missionários, e a igreja os ordenou
para essa tarefa (At 13.1-3). Eles começavam pregando numa sinagoga judaica. Por
conseguinte, a igreja primitiva constituía-se, antes de tudo, de convertidos dentre os
judeus e de pessoas "tementes a Deus" (gentios que adoravam com os judeus). Na
primeira viagem houve um dramático confronto com o diabo quando Deus usou a Paulo
para derrotar o mágico (feiticeiro) Elimas (At 13.6-12). O jovem João Marcos
acompanhava a Paulo e a Barnabé, mas, de Perge, resolveu voltar a Jerusalém, fato que
deve ter causado grande desapontamento a Paulo (At 15.38). No sermão que Paulo
proferiu na sinagoga em Antioquia da Pisídia (At 13.16-41) ele faz um resumo da
história da redenção, acentuando seu cumprimento em Jesus. Ele declarou:  crer em
Cristo é o único meio de libertar-se do pecado e da morte (At 13.38,39).
Em listra, judeus hostis instigaram as multidões de sorte que Paulo foi apedrejado e
dado por morto (At 14.8-19). A viagem terminou com Paulo e Barnabé voltando a
Antioquia, onde relataram tudo quanto Deus havia feito por intermédio deles, e como a
fé se espalhara entre os gentios (At 14.26-28).

Mais tarde, surgiu na igreja uma séria divergência. Alguns cristãos argumentavam que
os gentios convertidos tinha de observar as leis do AT, de modo especial a da
circuncisão. O problema foi levado perante o concílio da igreja de Antioquia e de
Jerusalém. Deus dirigiu esse concílio (reunido em Jerusalém) para declarar que os
gentios não tinham de guarda a Lei a fim de serem salvos. Mas instruíram aos novos
conversos a que se abstivessem de comer coisas sacrificadas aos ídolos, sangue e
animais sufocados (At 15.1-29), para não escandalizarem os judeus. O concílio enviou
uma carta a Antioquia; a igreja leu-a e a aceitou com sendo a vontade de Deus.

Não demorou muito, Paulo resolveu visitar todas as igrejas que ele e Barnabé haviam
estabelecido na primeira viagem missionária. E assim teve início a segunda viagem
missionária (At 15.40-41), desta vez em companhia de Silas. Observe-se,
especialmente, a visão que Deus deu a Paulo em Trôade, convocando-os para a
Macedônia (At 16.9-10). Na Macedônia eles conduziram à fé pessoas "tementes a
Deus" (gentios que criam em Deus) e também judeus.

Um dia os missionários defrontaram-se com uma jovem escrava possuída do demônio.


Seus donos auferiam lucro da capacidade que tinha a jovem de adivinhar. Paulo
expulsou os demônios da jovem. e ela perdeu seus poderes, por isso seus senhores
prenderam-nos (At 16.19-24). Na prisão, Paulo e Silas pregaram ao carcereiro. Foram
libertados de manhã e se dirigiram para Tessalônica, onde muitos se converteram sob
seu ministério. A seguir foram para Beréia, onde também alcançaram grande êxito (At

13 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

17.10-12). Em Atenas, Paulo pregou um grande sermão aos filósofos na colina de


Marte. A próxima parada foi Corinto, onde Paulo e seus amigos permaneceram por um
ano e meio. Daqui voltaram para Antioquia, passando por Jerusalém (At 18.18-22).
Todo esse tempo, Paulo e seus companheiros continuaram a pregar nas sinagogas, e
enfrentaram a oposição de alguns judeus que rejeitaram o evangelho (At 18.12-17).
A terceira viagem missionária abrangeu muitas das mesmas cidades que Paulo havia
visitado na segunda. Ele fez, também, uma rápida visita às igreja da Galácia e da Frígia
(At 18.23). Em Efeso ele batizou doze dos discípulos de João Batista que haviam
aceitado a Cristo, os quais receberam o ES (At 19.1-7). Durante quase dois anos ele
pregou na escola de Tirano (At 19.9-10).

De Éfeso, ele foi para a Macedônia e, finalmente, voltou a Filipos. Depois de uma breve
estada nesta cidade, ele viajou para Trôade, onde um jovem chamado Êutico pegou no
sono durante o sermão de Paulo e caiu de uma janela do terceiro andar, sendo dado por
morto. Deus operou por meio de Paulo para trazer Êutico de volta à vida (At 20.7-12).
Dali os missionários foram para Cesaréia, passando por Mileto. Em Cesaréia o profeta
Ágabo predisse o perigo que aguardava a Paulo em Jerusalém; ali ele enfrentou
dificuldades e prisão. A Bíblia registra um discurso que ele fez ali em defesa de sua fé
(At 22.1-21). Finalmente, as autoridades religiosas conseguiram enviá-lo para Roma a
fim de ser julgado. A caminho, o navio que o transportava naufragou na ilha de Malta.
Aqui  foi picado por uma cobra venenosa, mas não sofreu dano algum (At 28.7-8).
Depois de passar três meses em Malta, ele e seus guardas navegaram para Roma.

O Livro de Atos encerra com as atividades de Paulo em Roma. Lemos que ele pregou
aos principais judeus (At 28.17-20). Durante dois anos morou numa casa alugada,
continuando a pregar às pessoas que o visitavam (At 28.30-31). 

Encerra-se a história da redenção registrada na Bíblia. O Evangelho tinha sido


eficazmente plantado em solo gentio, e a maioria das Epístolas havia sido escritas. A
igreja estava no processo de separar-se da sinagoga judaica e tornar-se um organização
distinta. 

A VIDA DOS APÓSTOLOS

No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o


acompanhassem em suas viagens. Teriam esses homens uma importante
responsabilidade: Continuariam a representá-lo depois de haver ele voltado para o céu.
A reputação deles continuaria a influenciar a igreja muito depois de haverem morrido.
Por conseguinte, a seleção dos Doze foi de grande responsabilidade.  "Naqueles dias
retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando
amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu
também o nome de apóstolo"  (Lc 6.12-13).
A maioria dos apóstolos era da região de Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica
refinada por ser o centro de uma parte do estado judaico e conhecida, em realidade,
como "Galiléia dos gentios". O próprio Jesus disse: "Tu, Carfanaum, elevar-te-ás,
porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno"  (Mt 11.23). Não obstante, Jesus fez
desses doze homens líderes vigorosos e porta-vozes capaz de transmitir com clareza a fé

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

cristã. O sucesso que eles alcançaram dá testemunho do poder transformador do


Senhorio de Jesus.
Nenhum dos escritores dos Evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos,
contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a fazer "conjeturas razoáveis" sobre
como pareciam e atuavam. Um fato importante que tem sido tradicionalmente
menosprezado em incontáveis representações artísticas dos apóstolos é sua juventude.

Se levarmos em conta que a maioria chegou a viver até ao terceiro e quarto


quartéis do século e que João adentrou o segundo século, então eles devem ter sido não
mais do que jovens quando aceitaram o chamado de Cristo.

Os doze apóstolos foram:

1) André; 
2) Bartolomeu (Natanael); 
3) Tiago (Filho de Alfeu); 
4) Tiago (Filho de Zebedeu); 
5) João; 
6) Judas (não o iscariotes); 
7) Judas Iscariotes; 
8) Mateus; 
9) Filipe; 
10) Simão Pedro; 
11) Simão Zelote; 
12) Tomé;  
13) Matias (Substituindo a Judas)

                                  Resumo sobre a vida dos Apóstolos:

1) André - No dia seguinte àquele em que João Batista viu o ES descer sobre Jesus, ele
o apontou para dois de seus discípulos, e disse: "Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1.36).
Movidos de curiosidade, os dois deixaram João e começaram a seguir a Jesus. Jesus
notou a presença deles e perguntou-lhes o que buscavam. Responderam: "Rabi, onde
assistes?" Jesus levou-os à casa onde ele se hospedava e passaram a noite com ele. Um
desses homens chamava-se André   (Jo 1.38-40).  André foi logo à procura de seu
irmão, Simão Pedro, a quem disse: "Achamos o Messias..." (Jo 1.41). Por seu
testemunho, ele ganhou Pedro para o Senhor.
André é tradução do grego Andreas, que significa "varonil". Outras pistas do
Evangelhos indicam que André era fisicamente forte, e homem devoto e fiel. Ele e
Pedro eram donos de uma casa (Mc 1.29) Eram filhos de um homem chamado Jonas ou
João, um próspero pescador. Ambos os jovens haviam seguido o pai no negócio da
pesca. Eram Pescadores.
André nasceu em Betsaida, nas praias do norte do mar da Galiléia. Embora o Evangelho
de João descreva o primeiro encontro dele com Jesus, não o menciona como discípulo
até muito mais tarde (Jo 6.8). O Evangelho de Mateus diz que quando Jesus caminha
junto ao mar da Galiléia, ele saudou a André e a Pedro e os convidou para se tornarem

15 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

discípulos (Mt 4.18,19). Isto não contradiz a narrativa de João; simplesmente acrescenta
um aspecto novo. Uma leitura atenta de João 1.35-40 mostra-nos que Jesus não chamou
André e a Pedro para seguí-lo quando se encontraram pela primeira vez.
André e outro discípulo chamado Filipe apresentaram a Jesus um grupo de gregos (Jo
12.20-22). Por este motivo podemos dizer que eles foram os primeiros missionários
estrangeiros da fé cristã.
Diz a tradição que André viveu seus últimos dias na Cítia, ao norte do mar negro. Mas
um livreto intitulado: Atos de André (provavelmente escrito por volta do ano 260 dC)
diz que ele pregou primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda,
que ele foi crucificado numa cruz em forma de "X", símbolo religioso conhecido como
Cruz de Sto André.

2) Bartolomeu (Natanael) - Falta-nos informação sobre a identidade do Apóstolo


chamado Bartolomeu. Ele só é mencionado na lista dos apóstolos. Além do mais,
enquanto os Evangelhos sinóticos concordam em que seu nome era Bartolomeu, João o
dá como Natanael (Jo 1.45). Crêem alguns estudiosos que Bartolomeu era o sobrenome
de Natanael.
A palavra aramaica bar significa "filho", por isso o nome Bartolomeu significa
literalmente, "filho de Talmai". A Bíblia não identifica quem foi Talmai.
Supondo que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa, o Evangelho de João nos
proporciona várias informações acerca de sua personalidade. Jesus chamou Natanael de
"israelita em quem não há dolo" (Jo 1.47). Diz a tradição que ele serviu como
missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo.

3) Tiago - Filho de Alfeu


Os Evangelhos fazem apenas referências passageiras a Tiago, filho de Alfeu (Mt 10.3;
Lc 6.15). Muitos estudiosos crêem que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer
que o pai de Mateus também se chamava Alfeu (Mc 2.14).  Outros crêem que este Tiago
se identificava como "Tiago, o Menor", mas não temos  prova alguma de que esses dois
nomes se referiam ao mesmo homem   (Mc 15.40). Se o filho de Alfeu era, deveras, o
mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mt 27.56; Jo
19.25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo trazia uma estreita
semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que Judas Iscariotes teve de
identificar Jesus na noite em que foi traído.  (Mc 14.43-45; Lc 22.47-48).  Diz as lendas
que ele pregou na Pérsia e aí foi crucificado. Mas não há informações concretas sobre
sua vida, ministério posterior e morte.

4) Tiago - Filho de Zebedeu - Depois que Jesus convocou a Simão Pedro e a seu irmão
André, ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da Galiléia e convidou a "Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes"  (Mc
1.19). Tiago e seu irmão responderam imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o
primeiro dos doze a sofrer a morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele
fosse executado ao fio da espada (At 12.2). A tradição diz que isto ocorreu no ano 44
dC, quando ele seria ainda bem moço.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Os Evangelhos nunca mencionam Tiago sozinho; sempre falam de "Tiago e João". Até
no registro de sua morte, o livro de Atos refere-se a ele como "Tiago, irmão de João"
(At 12.2) Eles começaram a seguir a Jesus no mesmo dia, e ambos estiveram presentes
na Transfiguração (Mc 9.2-13). Jesus chamou a ambos de "filhos do trovão" (Mc 3.17).
A perseguição que tirou a vida de Tiago infundiu novo fervor entre os cristãos (At 12.5-
25). Herodes Agripa esperava sufocar o movimentos cristão executando líderes como
Tiago. "Entretanto a Palavra do Senhor  crescia e se multiplicava" (At 12.24).
As tradições afirmam que ele foi o primeiro missionário cristão na Espanha.

5) João - Felizmente, temos considerável informação acerca do discípulo chamado


João. Marcos diz-nos que ele era irmão de Tiago, filho de Zebedeu (Mc 1.19). Diz
também que Tiago e João trabalhavam com "os empregados" de seu pai (Mc 1.20).
Alguns eruditos especulam que a mãe de João era Salomé, que assistiu a crucificação de
Jesus   (Mc 15.40). Se Salomé era irmã da mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de
João (Jo 19.25), João pode ter sido primo de Jesus.
Jesus encontrou a João e a seu irmão Tiago consertando as redes junto ao mar da
Galiléia. Ordenou-lhes que se fizessem ao largo e lançassem as redes. arrastaram um
enorme quantidade de peixes - milagre que os convenceram do poder de Jesus. "E,
arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram" (Lc 5.11) Simão
Pedro foi com eles.
João parece ter sido um jovem impulsivo. Logo depois que ele e Tiago entraram para o
círculo íntimo dos discípulos de Jesus, o Mestre os apelidou de "filhos do trovão" (Mc
3.17). Os discípulos pareciam relegar João a um lugar secundário em seu grupo. Todos
os Evangelhos mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na maioria das vezes,
parece, Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo menciona a João entre os apóstolos
em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome no fim da lista (Gl 2.9).
Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa
ocasião ele ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus.
"E nós lho proibimos", disse ele a Jesus, "porque não seguia conosco" (Mc 9.38). Jesus
replicou: "Não lho proibais... pois quem não é contra a nós, é por nós" (Mc 9.39,40).
Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-
se à esquerda e à direita de Jesus na sua glória. Esta idéia os indispôs com os outros
discípulos (Mc 10.35-41).
Mas a ousadia de João foi-lhe vantajosa na hora da morte e da ressurreição de Jesus. Jo
18.15 diz que João era " conhecido  do sumo sacerdote".  Isto o tornaria facilmente
vulnerável à prisão quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a Jesus. Não
obstante, João foi o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus
entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19.26-27). Ao ouvirem os discípulos que o
corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu na frente dos outros e chegou
primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara de
sepultamento (Jo 20.1-4,8).
Se João escreveu, deveras, o quarto Evangelhos, as cartas de João e o Apocalipse, ele
escreveu mais texto do NT do que qualquer dos demais apóstolos. Não temos motivo
para duvidar de que esses livros não são de sua autoria.

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Diz a tradição que ele cuidou da mãe  de Jesus enquanto pastoreou a congregação em
Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos.
Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para
sepultamento

6) Judas - Não o Iscariotes - João refere-se a um dos discípulos como "Judas, não o
Iscariotes" (Jo 14.22). Não é fácil determinar a identidade desse homem. 
O NT refere-se a diversos homens com o nome de Judas - Judas Iscariotes; Judas, irmão
de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Judas, o galileu (At 5.37) e Judas, não o Iscariotes.

Evidentemente, João desejava evitar confusão quando se referia a esse homem,


especialmente porque o outro discípulo chamado Judas não gozava de boa fama.
Mateus e Marcos referem-se a esse homem como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Lucas o
menciona como "Judas, filho de Tiago" (Lc 6.16; At 1.13).
Não sabemos ao certo quem era o pai de Tadeu.
O Historiador Eusébio diz que Jesus uma vez enviou esse discípulo ao rei Abgar da
Mesopotâmia a fim de orar pela sua cura. Segundo essa história, Judas foi a Abgar
depois da ascensão de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da
Mesopotâmia.  Diz outra tradição que esse discípulo foi assassinado por mágicos na
cidade de Suanir, na Pérsia. O mataram a pauladas e pedradas.

7) Judas Iscariotes  - Todos os Evangelhos colocam Judas Iscariotes no fim da lista dos
discípulos de Jesus. Sem dúvida alguma isso reflete a má fama de Judas como traidor de
Jesus. A Palavra aramaica Iscariotes literalmente significa "homem de Queriote".
Queriote era uma cidade próxima a Hebrom (Js 15.25). Contudo, João diz-nos que
Judas era filho de Simão (Jo 6.71). Se Judas era, de fato, natural desta cidade, dentre os
discípulos, ele era o único procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia desprezavam o
povo da Galiléia como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude pode ter alienado
Judas Iscariotes dos demais discípulos.
Os Evangelhos não nos dizem exatamente quando Jesus chamou Judas pra juntar-se ao
grupo de seus seguidores. Talvez tenha sido nos primeiros dias, quando Jesus chamou
tantos outros (Mt 4.18-22). Judas funcionava como tesoureiro dos discípulos, e pelo
menos em uma ocasião ele manifestou uma atitude sovina para com o trabalho. Foi
quando uma mulher por nome Maria derramou ungüento precioso sobre os pés de Jesus.
Judas reclamou: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se
deu aos pobres?" (Jo 12.5). No versículo seguinte João comenta que Judas disse isto
"não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão."Enquanto os discípulos
participavam de sua última refeição com Jesus, o Senhor revelou saber que estava
prestes a ser traído e indicou Judas como o criminoso. Disse ele a Judas: "O que
pretendes fazer,  faze-o depressa" (Jo 13.27). Todavia, os demais discípulos não
suspeitavam do que Judas estava prestes a fazer. João relata que "como Judas era quem
trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a
festa da Páscoa..." (Jo 13.28-29).

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Judas traiu o Senhor Jesus, influenciado ou inspirado pelo maligno ( Lc 22.3; Jo 13.27).
Tocado pelo remorso, Judas procurou devolver o dinheiro aos captores de Jesus e
enforcou-se. (Mt 27.5) 

8) Mateus - Nos tempos de Jesus, o governo romano coletava diversos impostos do


povo palestino. Pedágios pra transportar mercadorias por terra ou por mar eram
recolhidos por coletores particulares, os quais pagavam uma taxa ao governo romano
pelo direito de avaliar esses tributos. Os cobradores de impostos auferiam lucros
cobrando um imposto mais alto do que a lei permitia. Os coletores licenciados muitas
vezes contratavam oficiais de menor categoria, chamados de publicanos, para efetuar o
verdadeiro trabalho de coletar. Os publicanos recebiam seus próprios salários cobrando
uma fração a mais do que seu empregador exigia. O discípulo Mateus era um desses
publicanos; ele coletava pedágio na estrada entre Damasco e Aco; sua tenda estava
localizada fora da cidade de Cafarnaum, o que lhe dava a oportunidade de, também,
cobrar impostos dos pescadores.
Normalmente um publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de
comércio, e até 12,5% sobre artigos de luxo. Mateus cobrava impostos também dos
pescadores que trabalhavam no mar da Galiléia e dos barqueiros que traziam suas
mercadorias das cidades situadas no outro lado do lago.
O judeus consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por isso nunca
pediam troco. Se um judeu não tinha a quantia exata que o coletor exigia, ele
emprestava-o a um amigo. Os judeus desprezavam os publicanos como agentes do
odiado império romano e do rei títere judeu. Não era permitido aos publicanos prestar
depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo de seu dinheiro ao templo. Um
bom judeu não se associaria com publicanos (Mt 9.10-13).
Mas os judeus dividiam os cobradores de impostos em duas classes. a primeira era a dos
gabbai,  que lançavam impostos gerais sobre a agricultura e arrecadavam do povo
impostos de recenseamento. O  Segundo grupo compunha-se dos mokhsa era judeus, daí
serem eles desprezados como traidores do seu próprio povo. Mateus pertencia a esta
classe.
O Evangelho de Mateus diz-nos que Jesus se aproximou deste improvável discípulo
quando ele esta sentado em sua coletoria. Jesus simplesmente ordenou a Mateus:
"Segue-me!" Ele deixou o trabalho pra seguir o Mestre (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus era um homem rico, porque ele deu um banquete em sua
própria casa. "E numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa" (Lc 5.29). O
simples fato de Mateus possuir casa própria indica que era mias rido do que o publicano
típico.
Por causa da natureza de seu trabalho, temos certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os
documentos de papiro, relacionados com impostos, datados de cerca de 100 dC, indicam
que os publicanos eram muito eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido algum grau de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz
de cada um deles ser "filho de Alfeu" (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o nome
Levi para referir-se a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem que o nome de
Mateus era Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que Jesus lhe deu um novo
nome, que significa "dádiva de Deus". Outros sugerem que Mateus era membro da tribo
sacerdotal de Levi.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido, provavelmente, o de maior influência. A


literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do que de
qualquer outro. Os pais da igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do
cânon do NT provavelmente por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de
Mateus desta a Jesus como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era
o Messias prometido.
Não sabemos o que aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes. Uma
informação fornecida por John Foxe, declara que ele passou seus últimos anos pregando
na Pártia e na Etiópia e que foi martirizado na cidade Nadabá em 60 dC.  Não podemos
julgar se esta informação é digna de confiança. 

9) Filipe - O Evangelho de João é o único a dar-nos qualquer informação


pormenorizada acerca do discípulos chamado Filipe. Jesus encontrou-se com ele pela
primeira vez em Betânia, do outro lado do Jordão (Jo 1.28). É interessante notar que
Jesus chamou a Filipe individualmente enquanto chamou a maioria dos outros em pares.
Filipe apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45-51), e Jesus também chamou a Natanael (ou
Bartolomeu) para seguí-lo.
Ao se reunirem 5 mil pessoas para ouvir a Jesus, Filipe perguntou ao Seu Senhor como
alimentariam a multidão. "Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para  receber
cada um o seu pedaço", disse ele (Jo 6.7). Noutra ocasião, um grupo de gregos dirigiu-
se a Filipe e pediu-lhe que o apresentasse a Jesus. Filipe solicitou a ajuda de André e
juntos levaram os homens para conhecê-lo (Jo 12.20-22).
Enquanto os discípulos tomavam a última refeição com Jesus, Filipe disse: "Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta" (Jo 14.8). Jesus respondeu que nele eles já tinham
visto o Pai.
Esses três breves lampejos são tudo o que vemos acerca de Filipe. A igreja tem
preservado muitas tradições a respeito de seu último ministério e morte. Segundo
algumas delas, ele pregou na França; outras dizem que ele pregou no sul da Rússia, na
Ásia Menor, ou até na Índia.  Nada de concreto portanto. 

10) Simão Pedro - Era um homem de contrastes. Em Cesaréia de Filipe, Jesus


perguntou: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?" Ele respondeu de imediato: "Tu és o
Cristo, o filho do Deus vivo" (Mt 16.15-16). Alguns versículos adiante, lemos: "E Pedro
chamando-o à parte, começou a reprová-lo..." Era característico de Pedro passar de um
extremo ao outro.
Ao tentar Jesus lavar-lhe os pés no cenáculo, o imoderado discípulo exclamou: "Nunca
me lavarás os pés." Jesus, porém, insistiu e Pedro disse: "Senhor, não somente os meus
pés, mas também as mãos e a cabeça" (Jo 13.8,9).
Na última noite que passaram juntos, ele disse a Jesus: "Ainda que todos se
escandalizem, eu jamais!" (Mc 14.29). Entretanto, dentro de poucas horas, ele não
somente negou a Jesus mas praguejou (Mc 14.71).
Este temperamento volátil, imprevisível, muitas vezes deixou Pedro em dificuldades.
Mas, o Espírito Santo o moldaria num líder, dinâmico, da igreja primitiva, um "homem-
rocha" (Pedro significa "rocha") em todo o sentido.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Os escritores do NT usaram quatro nomes diferentes com referência a Pedro. Um é o


nome hebraico Simeon (At 15.14), que pode significar "ouvir". O Segundo era Simão, a
forma grega de Simeon. O terceiro nome era Cefas palavra aramaica que significa
"rocha". O quarto nome era Pedro, paralavra grega que significa "Pedra" ou "rocha"; os
escritores do NT se referem ao discípulo com estes nomes mais vezes do que os outros
três. Quando Jesus encontrou este homem pela primeira vez, ele disse: "Tu és Simão, o
filho de João; tu serás chamado Cefas" (Jo 1.42). Pedro e seu irmão André eram
pescadores no mar da Galiléia        (Mt 4.18; Mc 1.16). Ele falava com sotaque galileu,
e seus maneirismos identificavam-no como um nativo inculto da fronteira da galiléia
(Mc 14.70). Foi levado a Jesus pelo seu irmão André. (Jo 1.40-42)
Enquanto Jesus pendia na cruz, Pedro estava provavelmente entre o grupo da Galiléia
que "permaneceram a contemplar de longe estas coisas" (Lc 23.49). Em 1Pe 5.1, ele
escreveu: "...eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo..."
Pedro encabeça a lista dos apóstolo em cada um dos relatos dos Evangelhos, o que
sugere que os escritores do NT o consideravam o mais importante dos doze. Ele não
escreveu tanto como João ou Mateus, mas emergiu como o  líder mais influente da
igreja primitiva. Embora 120 seguidores de Jesus tenha recebido o ES no dia do
Pentecoste, a Bíblia registra as palavras de Pedro (At 2.14-40). Ele sugeriu que os
apóstolos procurassem um substituto para Judas Iscariotes (At 1.22). Ele e João foram
os primeiros a realizar um milagre depois do Pentecoste, curando um paralítico na Porta
Formosa (At 3.1-11).
O livro de Atos acentua as viagens de Paulo, mas Pedro também viajou extensamente.
Ele visitou Antioquia (Gl 2.11), Corinto (2Co 1.12) e talvez Roma.
Pedro sentiu-se livre para servir aos gentios (At 10), mas ele é mais bem conhecido
como o apóstolo dos judeus (Gl 2.8). À medida que Paulo assumir um papel mais ativo
na obra da igreja  e à medida que os judeus se tornavam mais hostis ao Cristianismo,
Pedro foi relegado a segundo plano na narrativa do NT.
A tradição diz que a Basílica de São Pedro em Roma está edificada sobre o local onde
ele foi sepultado. Escavações modernas sob a antiga igreja exibem um cemitério
romano muito antigo e alguns túmulos usados apressadamente para sepultamentos
cristãos. Uma leitura cuidadosa dos Evangelhos e do primitivo segmento de Atos
tenderia a apoiar a tradição de que Pedro foi figura preeminente da igreja primitiva.

11) Simão Zelote - Mateus refere-se a um discípulo chamado "Simão, o  Cananeu",


enquanto Lucas e o livro de Atos referem-se a "Simão, o Zelote". esses nomes referem-
se à mesma pessoa. Zelote é uma palavra grega que significa "zeloso"; "cananeu" é
transliteração da palavra aramaica kanna'ah,  que também significa "zeloso"; parece,
pois, que este discípulo pertencia à seita judaica conhecida como zelotes.
A Bíblia não indica quando Simão, foi convidado para unir-se aos apóstolos. Diz a
tradição que Jesus o chamou ao mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e
João, Judas Iscariotes e Tadeu (Mt 4.18-22).
Temos diversos relatos conflitantes acerca do ministério posterior deste homem e não é
possível chegar a uma conclusão.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

12) Tomé - O Evangelho  de João dá-nos um quadro mais completo do discípulo


chamado Tomé do que o que recebemos dos Sinóticos ou do livro de Atos. João diz-nos
que ele também era chamado Dídimo    (Jo 20.24). A palavra grega para "gêmeos"
assim como a palavra hebraica t'hom significa "gêmeo". A Vulgata Latina empregava
Dídimo como nome próprio.
Não sabemos quem pode ter sido Tomé, nem sabemos coisa alguma a respeito do
passado de sua família ou de como ele foi convidado para unir-se ao Senhor. Sabemos,
contudo, que ele juntou-se a seis outros discípulos que voltaram aos barcos de pesca
depois que Jesus foi crucificado (Jo 21.2-3). Isso sugere que ele pode ter aprendido a
profissão de pescador quando jovem.
Diz a tradição que Tomé finalmente tornou-se missionário na Índia. Afirma-se que ele
foi martirizado ali e sepultado em Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é
lembrado pelo próprio título da igreja Martoma ou "Mestre Tomé".

13) Matias - Substituto de Judas Iscariotes - Após a morte de Judas, Pedro propôs que
os discípulos escolhessem alguém para substituir o traidor. O discurso de Pedro
esboçava certas qualificações para o novo apóstolo ( At 1.15-22). O apóstolo tinha de
conhecer a Jesus "começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi
levado às alturas". Tinha de ser também, "testemunha conosco de sua ressurreição" (At
1.22).
Os apóstolos encontraram dois homens que satisfaziam as qualificações: José,
cognominado Justo, e Matias (At 1.23). Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte
recaiu sobre Matias.
O nome Matias é uma variante do hebraico Matatias, que significa "dom de Deus".
Infelizmente, a Bíblia nada diz a respeito do ministério de Matias.

OS PAIS DA IGREJA

Os Padres da Igreja, também chamados Pais da Igreja, foram teólogos e mestres


doutrinários dos primeiros séculos do cristianismo, eles foram responsáveis em grande
parte pela definição das doutrinas cristãs como as conhecemos hoje.

Alguns Pais da Igreja

Pais Apostólicos - Discípulos dos apóstolos. Para ser um Pai Apostólico eram
necessários: Erudição, santidade de vida, doutrina ortodoxa, aprovação da igreja e
Antigüidade.

Características dos Pais da Igreja:

- Tinham o AT como fonte de autoridade e verdade básica e os escritos dos apóstolos;


- Reliam o AT fazendo a atualização em Jesus;
- Em caso de controvérsia as palavras de Jesus tinham importância decisiva;
- Aplicabilidade dos escritos dos apóstolos pelos Pais: estes escreviam suas cartas
citando trechos das Escrituras;

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
- Mudança entre o Novo Testamento e os escritos dos Pais;

- Semelhança entre os Pais e o Novo Testamento: pregar a mesma fé;


- Mudança nas atenções: Graças e fé para Conduta e comportamento. Motivo: o neófito,
ao abandonar o paganismo, precisava substituir costumes e práticas
- Surgimento das homilias, ênfase na liturgia

 Clemente de Roma

- Bispado por volta de 92


- Escreveu a I carta aos coríntios – carta escrita da igreja em Roma para a igreja em
Corinto (95 d.C.)
- Conteúdo semelhante às cartas de Paulo aos Corintos – por esta razão alguns acham
que Clemente tenha conhecido Paulo e imitado seu estilo, linguagem e mensagem
- Seu conteúdo: Mais de uma congregação cristã e um único líder = bispo; contendas em
Corinto: Problemas com alguns jovens: “Respeitem os que nos lideram, honremos os
anciãos, e instruamos os jovens ensinando o temor a Deus”
- O ministério do Bispo e demais líderes: irrepreensível
- Contribuiu para uma mudança sutil e geral rumo ao moralismo cristão
- Definiu um princípio de liderança e discipulado cristão – submissão e seguimento dos
líderes e os líderes como exemplo e referencial
- Alguns afirmam que a forma autoritária com que Clemente usa para tratar com a igreja
de Corinto seja um indício da sucessão apostólica de Pedro e Paulo = a supremacia do
Papa poderia ter base com a atitude de Clemente
1ª parte – admoestações; 2ª parte – exige submissão aos líderes estabelecidos por
apóstolos ou seus sucessores; 3ª parte – epílogo; II carta aos coríntios – provavelmente
não foi dele.

 Inácio de Antioquia (Mártir 112)


- 7 cartas para a Ásia Menor e 1 carta para Roma;
- Bispo dos cristãos em Antioquia;
- Sofreu martírio por volta de 110 ou 115;
- Conheceu alguns dos apóstolos;
- “O cristianismo é mais grandioso quando é odiado pelo mundo” Suas cartas: Com
conteúdos teológicos e voltadas às necessidades dos leitores em situações específicas

Doutrinas:

- Ênfase na obediência aos bispos;


- Condena a cristologia docética do gnosticismo;
- Cristologia – ênfase na humanidade e na divindade > preparou o caminho para a
trindade;
- Anelo pelo martírio e amor místico a Cristo;
- Ceia: ênfase na presença de Cristo;
- Eucaristia como um sacramento = remédio da imortalidade = hierarquia da liderança
mais o conceito sacramental da salvação;
Eclesiologia - com bispo monárquico, epíteto Igreja Católica, ênfase na unidade junto à
liderança, Roma é destacada.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

 Policarpo (discípulo de João) – Mártir (c. 70-160)


- Carta aos Filipenses (135): exortações e obediência aos líderes (igreja presbiteral, não
episcopal);
- Executado em 155;
- Considerados os melhores e mais confiáveis fontes de informação a respeito do que os
apóstolos ensinavam e de como dirigiam as igrejas;
- Condenado no estádio da cidade, ele próprio subiu na fogueira e testemunhou para o
povo: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o Vosso nome adorável seja glorificado
por todos os séculos". São Policarpo viveu o seu nome – poli=muitos, carpo=fruto –
muitos frutos” que foram regados com suor, lágrimas e, no seu martírio, regado também
com sangue.

 Papias (ouvinte de João e companheiro de Policarpo)


- 5 livros (± 130) com coleção de ditos e feitos de Jesus;
- Informa sobre Mateus e Marcos;
- Afirmava que o evangelho de Marcos se baseava nas palavras de Pedro;
- Milenarista;

 Epístola de Barnabé

- Escrita em Alexandria, no Egito;


- Autor um judeu-cristão, mas tudo indica que não foi o Barnabé bíblico, mas tenha
conhecido um ou mais apóstolos;
- Interpretação alegórica de Bíblia Hebraica – circulando e influenciando os cristãos de
Alexandria;
1ª parte: dogmática – valor e significado do AT (hermenêutica espiritualizante) / 2ª
parte: moral – descreve as duas vias;
- Vida legalista cheia de certos e errados;
- Aprender todos os mandamentos do Senhor que estão escritos e andar neles = pessoas
são glorificadas no reino de Deus, há recompensa e ressurreição. O contrário vai pagar
pelas obras;
- Preexistência de Cristo = contra os ebionitas;
- Cristo participando da criação, Cristo apareceu a Moisés;
- Guardar o domingo – dia da ressurreição de Cristo;
- Um dos primeiros textos cristãos contrários à prática do aborto;
- Anti judaico – refuta hostilmente.

 Filo de Alexandria (25 a.C. – c. 50)


– Teólogo judaico e provavelmente um contemporâneo de Jesus = tentou harmonizar os
ensinos de Moisés com a filosofia grega. Ex. Moisés proíbe a ingestão de carne de
porco = vocês não devem associar-se com homens que são semelhantes a porcos;
- Interpretações alegóricas eram extremamente comuns no mundo antigo, especialmente
culturas influenciadas pela filosofia grega;

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

 Pastor de Hermas
- Pastor = Anjo
- Carta que mais se aproximou do Cânon bíblico;
- Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Atanásio: aceitaram de início como
escritura
- Conteúdo vindo de uma série de visões dados por um anjo a Hermas;
- Proíbe rigorosamente um novo casamento depois do divórcio por qualquer motivo que
seja;
- Sugere que é melhor para o cristão, casado ou não, abster-se totalmente de sexo;
- Modo de vida = rigoroso, “puritano” e quase ascético;
- Perdão só uma vez após o batismo – costume dos irmãos mais fracos, batizar apenas
quando a morte estiver próxima;

 Justino (Palestino) Mártir em 165 em Roma

- Convertido em 130 – foi para Éfeso e depois Roma, onde fundou a escola de filosofia
cristã.
- Obras: 2 apologias
- 1ª Apologia – (150) Destinada ao Imperador. Argumenta que os cristãos não são ateus,
nem contrários ao Estado. Justifica o cristianismo dizendo que este cumpriu as profecias
perfeitamente.
- 2ª Apologia – Ao Senado Romano. Resposta a ataques / Diálogo com Trifão(rabino
judeu) – Controvérsia com o judaísmo; conta sua conversão (visa a evangelização);
argumenta pela caducidade da lei; cristianismo lei definitiva, profecias se cumprem em
Cristo; Jesus é divino
- Cristologia: é distinto do Pai, contudo da mesma substância; é mediador, cria e
governa tudo o que é bom.

 Taciano

- Discurso aos gregos contra a cultura grega;


- Produziu a primeira harmonia entre os evangelhos;

 Teófilo de Antioquia

Bispo dos cristãos em Antioquia (uma das cidades mais importante)


Escreveu três livros: A Autólico (180) – amigo pagão de Teófilo > uma resposta aos
comentários depreciativos que o amigo fizera em relação ao cristianismo
- Escrito menos filosófico, e mais judaizante ( interpretação bíblica mais histórica e
literal)
- Introduziu pela primeira vez o conceito “creatio ex nihilo” – a criação do nada
- Dirigiu o pensamento para longe do conceito grego
- Escreve sobre o Logos em Deus antes da criação. Para explicar o relacionamento de
Deus com o mundo. Logos é o agente de Deus na criação.

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Contribuição dos Pais Apostólicos:


- Levaram a mensagem cristã à público e a defenderam;
- Evitaram a redução do cristianismo a uma religião esotérica de mistérios, ou mera
religião folclórica;
- Ultrapassaram os limites das reflexões apostólicas, para o plano de pensamentos
formais e racionais a respeito da crença cristã de Deus, Cristo, salvação e outras;
- Reflexão inicial a respeito de Deus e de Jesus Cristo = futuramente seria a base para o
estudo da trindade;
- Estavam escrevendo apologias, e não tratados doutrinários, a natureza da apologia é
determinada pela oposição.

Pais Anti-Gnósticos

Sucederam os apologistas e polemistas. Criaram o conflito com o Gnosticismo


(oposição à criação, homem, a encarnação e a ressurreição do corpo). Desenvolveram
uma posição mais madura da teologia cristã.

 Irineu (Ásia Menor – Esmirna)


- Aluno de Policarpo: aprendeu a tradição do apóstolo João;
- Segue a escola joanina. Foi para Lyon onde se tornou bispo – 177;
- Perseguição por Marco Aurélio;
- Primeiro a tentar sistematizar as Escrituras – pai da dogmática católica;
- Morreu em Lyon em 202 durante um massacre de cristãos;
- Obras: Contra as heresias / Refutação ao gnosticismo / Sucessão apostólica
(diferente do posterior: conteúdo dogmático) / Oikonomia Salutis: o plano de
salvação / Regula Fides: Escritura, fórmula batismal, confissão, pregação da igreja /
Salvação: torna possível ao homem seu destino / Epidexis – demonstração da pregação
apostólica – manual / Contém a proclamação apostólica;
- Aquilo que o apóstolo ensinava tem autoridade decisiva / Contra Blasfêmias / Dois
deuses / Salvação fora da história (libertar-se da criação para gnose);
- Escatologia: Quiliasta (milenarista);

 Tertuliano (Pai da Teologia Latina - Ocidente) – 155-222

- Cartago – originalmente pagão;


- Formado em retórica e Direito;
- Montanista;
- Morte: 220;
- Escreveu mais de 30 livros (utilizava mais a linguagem do direito que da filosofia).
Dividida em 3 grupos: obras apologéticas (contra a religião pagã), dogmáticas
(polêmicas: contra as heresias e Marcião) e práticas (tom estoicista)
 Hipólito
- Criticou a frouxidão na penitência;
- Bispo de Roma;

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
- Obra Philosphoumena (refutação a todas as heresias);

Primeiro século da Era cristã

A história da Igreja de Deus tem sido sempre, desde a era apostólica até o presente, a
história da graça divina no meio dos erros dos homens. Muitas vezes se tem dito isso, e
qualquer pessoa que examine essa história com atenção não pode deixar de se
convencer que assim é.
Lendo as Epístolas do Novo Testamento vemos que mesmo nos tempos apostólicos o
erro se manifestou, e que a inimizade, as contendas, as iras, as brigas e as discórdias,
com outros males, tinham apagado o amor no coração de muitos crentes verdadeiros.
Deixaram as suas primeiras obras e o seu primeiro amor e alguns que tinham
principiado pelo espírito, procuravam depois ser aperfeiçoados pela carne.
Mas havia muito mais do que isso. Não somente existiam alguns verdadeiros crentes em
cujas vidas se viam muitas irregularidades, e que procuravam, pelas suas palavras, atrair
discípulos a si, como também havia outros que não eram de modo algum cristãos, mas
que entraram despercebidamente entre os irmãos, semeando ali a discórdia. Isto
descreve o estado de coisas a que se referem os primeiros versículos do capítulo dois de
Apocalipse, na carta escrita ao anjo da igreja em Éfeso.

TEMPOS DE PERSEGUIÇÃO

Porém estava para chegar um tempo de perseguição para a Igreja, e isso foi permitido
pelo Senhor, na sua graça, a fim de que se pudessem distinguir os fiéis.
Esta perseguição, instigada pelo imperador romano Nero, foi a primeira das dez
perseguições gerais que continuaram, quase sem interrupção, durante três séculos.
"Por que razão permite Deus que o seu povo amado sofra assim?"Muitas vezes se tem
feito esta pergunta, e a resposta é simples: é porque Ele ama esse povo. Podia haver, e
sem dúvida há, outras razões, porém a principal é esta - Ele o ama. "Porque o Senhor
corrige o que ama ' e se o coração se desviar, tornar-se-á necessária a disciplina.
Com que facilidade o mal se liga, mesmo ao melhor dos homens! Mas, na fornalha da
aflição, a escória separa-se do metal precioso, sendo aquela consumida. Ainda mais,
quando suportamos a correção de Deus, Ele nos trata como filhos; e se sofremos com
paciência, cada provocação pela qual Ele nos faz passar dará em resultado mais uma
bênção para a nossa alma. Tal experiência não nos é agradável, nem seria uma
provocação se o fosse, porém, à noite de tristeza sucede a manhã de alegria, e dizemos
com o salmista Davi: "Foi bom para mim, ter sofrido aflição".

PORQUE E QUE DEUS PERMITE A


PERSEGUIÇÃO

Mas Deus permite, algumas vezes, que a malvadez leve o homem muito longe em
perseguir os cristãos, a fim de ficar manifestado o que está no seu coração, e por isso
não é de estranhar que na alma do cristão que não tem apreciado esta verdade se
levantem dúvidas e dificuldades, e que comece a queixar-se de o caminho ser custoso, e

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
da mão do opressor ser pesada sobre ele. 8
O Senhor porém não nos deixa na Terra para nós nos queixarmos das dificuldades, nem

para recuarmos diante da ira dos homens: temos de servir ao Mestre e resistir ao
inimigo, porém é somente quando estamos fortalecidos no Senhor e na força do seu
poder que podemos prestar esse serviço, ou resistir efetivamente a esse inimigo.
Esta história pretende indicar quão dignamente se fez isto nos tempos passados, porém
se quisermos compreender a maneira como Deus tem tratado o seu povo, sempre nos
devemos lembrar de que a milícia cristã é diferente de qualquer outra, e que uma parte
da sua resistência é o sofrer.
As armas da nossa milícia não são carnais, mas sim espirituais, e o cristão que se serve
de armas carnais mostra sem dúvida que não aprecia o caráter do verdadeiro crente. Não
pode ter apreciado com inteligência espiritual o caminho do seu Senhor, ou
compreendido o sentido das suas palavras: "O meu reino não é deste mundo; se o meu
reino fosse deste mundo pelejariam os meus servos".
A igreja militante é uma igreja que sofre, mas se empregar as armas carnais, deixa na
verdade de combater.
No ousado e santo Estêvão temos um exemplo do verdadeiro crente militante. Foi ele o
primeiro mártir cristão. E que grande vitória ele ganhou para a causa de Cristo quando
morreu pedindo ao Senhor pelos seus perseguidores! Davi, séculos antes da era cristã,
disse: "O justo se alegrará quando vir a vingança : lavará os seus pés no sangue do
ímpio", porém Estêvão, que viveu na época cristã, orou:"Senhor, não lhes imputes este
pecado". Isto foi um exemplo da verdadeira milícia cristã.
A primeira onda da perseguição geral que veio sobre a igreja fez-se sentir no ano 64, no
reinado do imperador Nero, que tinha governado já com uma certa tolerância durante
nove anos.
Neste tempo, o assassinato de sua mãe, e a sua indiferença brutal depois de ter praticado
aquele crime tão monstruoso, mostrou claramente a sua natural disposição, e indicou ao
povo aquilo que havia de esperar dele. Desgraçadamente, as tristes apreensões que
muitos tinham a seu respeito tornaram-se em negra realidade.

ROMA INCENDIADA

Uma noite no mês de julho, no ano acima citado, os habitantes de Roma foram
despertados do sono pelo grito de "Fogo!" Esta terrível palavra fez-se ouvir
simultaneamente em diversas partes da cidade, e dentro de poucas horas a majestosa
capital ficou envolvida em chamas. A grande arena situada entre os montes Palatino e
Aventino, onde cabiam 150.000 pessoas, em pouco tempo estava ardendo, assim como a
maior parte dos edifícios públicos, os monumentos, e casas particulares.
O fogo continuou por espaço de nove dias, e Nero, por cujas ordens se tinha praticado
este ato tão monstruoso, presenciou a cena da torre de Mecenas, onde manifestou o
prazer que teve em ver a beleza do espetáculo, e, vestido como um ator, acompanhando-
se com a música da sua lira, cantou o incêndio da antiga Tróia! O grande ódio que lhe
votaram em conseqüência deste ato, envergonhou-o e tornou-o receoso; e com a
atividade que lhe deu a sua consciência desassossegada, logo achou o meio de se livrar
dessa situação. O rápido desenvolvimento do cristianismo já tinha levantado muitos
inimigos contra essa nova doutrina. Muita gente havia em Roma que estava interessada

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
na sua supressão - por isso não podia haver nada mais oportuno, e ao mesmo tempo
mais simples para Nero, do que lançar a culpa do crime sobre os inofensivos cristãos.

Tácito, um historiador pagão, que não era de modo algum favorável ao cristianismo,
fala da conduta de Nero da seguinte maneira:
"Nem os seus esforços, nem a sua generosidade para com o povo, nem as suas ofertas
aos deuses, podiam pagar a infame acusação que pesava sobre ele de ter ordenado que
se lançasse fogo à cidade. Portanto, para pôr termo a este boato, culpou do crime, e
infligiu os mais cruéis castigos, a uns homens... a quem o vulgo chamava cristãos", e
acrescenta: "quem lhes deu esse nome foi Cristo, a quem Pôncio Pilatos, procurador do
imperador Tibério, deu a morte durante o reinado deste.
"Esta superstição perniciosa, assim reprimida por algum tempo, rebentou de novo, e
espalhou-se não só pela Judéia, onde o mal começara, mas também por Roma, para
onde tudo quanto é mau na terra se encaminha e é praticado. Alguns que confessaram
pertencer a essa seita foram os primeiros a ser presos; e em seguida, por informações
destes prenderam mais uma grande multidão de pessoas, culpando-as, não tanto do
crime de terem queimado Roma, mas de odiarem o gênero humano".
É quase escusado dizer que os cristãos não nutriam ó-dio algum pela humanidade, mas
sim pela terrível idolatria que prevalecia em todo o Império Romano; e só por este
motivo eram considerados como inimigos da raça humana.

CRUÉIS TORMENTOS DOS CRENTES

Não se sabe quantos sofreram por essa ocasião, mas de certo foram muitos, e eram-lhes
aplicadas todas as torturas que um espírito engenhoso e cruel podia imaginar, para
satisfazer os depravados gostos do imperador.
"Alguns foram vestidos com peles de animais ferozes, e perseguidos pelos cães até
serem mortos, outros foram crucificados; outros envolvidos em panos alcatroados, e de-
pois incendiados ao pôr do sol, para que pudessem servir de luzes para iluminar a cidade
durante a noite. Nero cedia os seus próprios jardins para essas execuções e apresentava,
ao mesmo tempo, alguns jogos de circo, presenciando toda a cena vestido de carreiro,
indo umas vezes a pé no meio da multidão, outras vendo o espetáculo do seu carro".
Hegesipo, um escritor do II século, faz algumas referências interessantes sobre o
apóstolo Tiago, que acabou a sua carreira durante esse período, e fornece um detalhado
relatório do seu martírio, que podemos inserir aqui.
"Consta que o apóstolo tinha o nome de Oblias, que significava justiça e proteção,
devido à sua grande piedade e dedicação pelo povo. Também se refere aos seus costu-
mes austeros, que sem dúvida contribuíram para aumentar a sua fama entre o povo. Ele
não bebia bebidas alcoólicas de qualidade alguma, nem tampouco comia carne. Só ele
teve licença de entrar no santuário. Nunca vestiu roupa escolhendo ele aquela posição
por se achar indigno de sofrer na mesma posição em que sofreu o seu Senhor. Paulo que
sofreu no mesmo dia foi poupado a uma morte tão dolorosa e lenta, sendo degolado. "A
estes santos apóstolos", acrescenta Clemente, "se ajuntaram muitos outros, que tendo da
mesma maneira sofrido vários martírios e tormentos, motivados pela inveja dos outros,
nos deixaram um glorioso exemplo.
"Pelos mesmos motivos, foram perseguidos, tanto mulheres como homens, e tendo
sofrido castigos terríveis e cruéis, concluíram a carreira da sua fé com firmeza."

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

A IGREJA E O ESTADO ROMANO

Roma era um império com apenas uma moeda; um sistema político e uma religião;
Em 284 Diocleciano começa reformas no Império;
Em 298 Cristãos são expulsos do exército e do serviço público;
Em 303 inicia-se um período de grandes perseguições aos cristãos, pelas mãos do
imperador Galério destroem-se as igrejas, confiscam-se as escrituras, proíbem-se as
reuniões.
Galério, padecendo de uma enfermidade mortal, poucos dias antes da sua morte pediu
as orações dos cristãos e, no dia 30 de abril de 311, assinou O Édito de Tolerância.
Agora, pela primeira vez, a Igreja Cristã estava amparada por lei. A partir deste
momento o Estado mostrava-se indulgente, condescendente para com os adeptos do
cristianismo.

Detalhe: A morte dos perseguidores:


Suicidaram-se: NERO, DIOCLECIANO, MAXIMILIANO.
Assinados: DOMINICIANO, COMODO, MAXIMÍNIO, AURELIANO.
Em agonia procurando a morte: ADRIANO.
Escravo, com os olhos furados: VALERIANO.
Comido por abutres: DÉCIO.
Doença desconhecida, o corpo foi tomado de vermes: GALÉRIO.
Resumo das perseguições Romanas

312 - A CONVERSÃO DE CONSTANTINO

“Segundo o relato da história, o general Constantino olhou para o céu e viu urn sinal,
uma cruz brilhante, nela podia ler: Com isto vencerás. O supersticioso soldado já estava
começando a rejeitar as divinda¬des romanas a favor de um único Deus. Seu pai
adorava o supremo deus Sol. Seria um bom pressagio daquele Deus na véspera da
batalha?
Mais tarde, Cristo teria aparecido a Constantino em um sonho, segu¬rando o mesmo
sinal (uma cruz in¬c1inada), lembrando as letras gregas ch i (X) e rho (p), as duas
primeiras letras da palavra Christos. O general foi instruído a colocar esse sinal nos
escudos de seus soldados, O que fez prontamente, da forma exata como fora ordenado.
Conforme prometido, Constantino venceu a batalha. Esse foi um dos diversos
momen¬tos marcantes do século IV, um perío¬do de violentas mudanças. Se você
tivesse saído de Roma no ano 305 d.C. para viver anos no deserto, quando voltasse
certamente espera¬ria encontrar o cristianismo morto ou enfrentando as últimas ondas
de per¬seguição. Em vez disso, o cristianis¬mo se tornou a religião patrocinada pelo
império.”

O TRIÚNFO DO CRISTIANISMO

30 Igreja de Cristo El Shaddai em Casa Amarela


Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
“A que se deve a rápida expansão do cristianismo? Entre as varias causas, uma merece
destaque. Trata-se do testemu¬nho pessoal dos cristãos. Cada cristão era um
missionário. Uma vez convertido, procurava levar outros a fé cristã. Este testemunho,

corpo a corpo, fez com que de Jerusalém o cristianis¬mo se irradiasse progressivamente


pelas principais cidades do Império Romano, como por exemplo, Antioquia da Síria,
Alexandria (Egito), Éfeso (Ásia Menor), Corinto (Grécia) e Roma (Itália). O
cristianismo, apesar de ser perseguido, era irreversível. O Imperador Galério, ferrenho
adversário do cris¬tianismo e que promoveu a última grande perseguição, final¬mente
teve que admitir que era impossível extinguir o cristia¬nismo..”

HISTÓRIA DA IGREJA PÓS LEGALIZAÇÃO ROMANA

Esta conversão foi verdadeira?


Seria sincera tal conversão, um ato de fé religiosa, ou um golpe de habilidade política?
Esta hipótese é a mais aceitável. Helena, sua mãe, voltara-se para o cristianismo quando
Constancio a abandonou; e presumivelmente instruíra o filho nas ex¬celências do
caminho cristão; e Constantino também havia de ter-se impressionado com a sucessão
de suas vitórias sob a bandeira de Cristo. Mas só um céptico teria feito um tão sutil uso
dos sentimentos religiosos da humanidade. A Historia Augusta atribui-lhe esta frase: “É
Fortuna quem faz um homem imperador” - embora ha¬ja aqui mais um rapapé à
modéstia do que à sorte. Em sua corte gaulesa vivia ele ro¬deado de filósofos e sábios
pagãos. Depois de convertido raramente se conformou com as exigências da adoração
cristã. Suas cartas aos bispos mostram como pouco lhe interessavam as diferenças
teológicas em curso - embora desejasse suprimir as dissen¬sões no interesse da unidade
imperial. Durante seu reinado tratou os bispos como au¬xiliares políticos; convocava-
os, presidia-lhes os conselhos e punha em vigor o que o conclave formulava. Um
verdadeiro crente teria sido antes de tudo cristão e s6 depois estadista. Constantino foi o
contrario. O cristianismo significava para ele um meio, não um fim.

“Mas em um mundo preponderantemente pagão cumpria-lhe ser cauteloso. Constantino


continuou a usar uma vaga linguagem Monoteísta que qualquer pagão aceita¬ria.
Durante os primeiros anos prestou-se pacientemente ao cerimonial dele exigido como
pontifex maximus do culto tradicional; restaurou templos pagãos, fez que fossem
tomados auspícios. Na dedicação de Constantinopla recorreu aos ritos cristãos co¬mo
aos pagãos. Para proteger colheitas e curar doenças, empregava formas mágicas do
paganismo.”

Modificações na realidade de Roma e da Igreja durante o governo de Constantino:

Aos poucos os símbolos pagãos iam saindo das moedas;


Bispos assumem poderio de juiz local; Isenção de impostos às Igrejas;
Legalização Jurídica das Igrejas e com isto direito de posse;
Direito das Igrejas assumirem os bens dos mártires sem que haja testamento destes;
Construção de muitas Igrejas com dinheiro público;
Proibição do culto à imagens na recém fundada Constantinopla;
Início da caça empregada pelo Estado à seitas ditas cristãs;

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
O imperador tornou-se juiz de todas as contendas internas da Igreja.
Os cristãos rejubilavam com tamanha mudança na realidade do Império. Porém algumas
preocupações começavam a tomar o sossego dos líderes cristãos. Dentre elas as
maiores: o monasterismo, o donatismo e o arianismo.

A REFORMA PROTESTANTE

João Wicliffe, o primeiro precursor da Reforma, era professor de Oxford. Conhecendo


a Palavra de Deus e desejando salvar o seu país da tirania papal, ele escreveu tratados
em defesa da verdadeira fé e também traduziu quase toda a Bíblia para a língua inglesa,
tendo por base e Vulgata. Para essa gigantesca obra, ele reuniu as palavras-chave dos
duzentos dialetos falados em sua pátria, tornando-se, dessa forma, um dos formadores
da língua inglesa. Ao morrer, em 1384, sua grande obra foi continuada por João Purvey
e concluída em 1388. As cópias dessa Bíblia foram objeto de grandes queimas públicas
nos anos de 1410 e 1413, mas pelo menos 170 delas ainda existem até hoje.

Jerônimo de Praga, nobre piedoso, ao visitar a Inglaterra e conhecer a verdade mediante


os luminosos e instrutivos escritos de Wicliffe, levou alguns para a Bavária.

Embora muitos não percebessem, o que acontecia em Praga era o prelúdio de uma
grande perseguição contra os verdadeiros cristãos daqueles dias, perseguição que levaria
ao martírio um dos maiores heróis da fé do passado.

João Huss (1369-1415), o segundo dos precursores da Reforma, parece ter tido um
verdadeiro arrependimento em sua juventude. Mais tarde, ao ler os escritos de Wicliffe,
percebeu melhor as riquezas da vida espiritual e tornou-se pregador muito popular.
Multidões se reuniam para ouvir dos lábios dele o evangelho pregado na língua materna.
Dirigia-se ao povo como um pai aos seus filhos, e com muito carinho e bondade assistia
aos aflitos e necessitados.

Huss tornou-se professor catedrático da Universidade de Praga e Capelão da Corte, e


tinha entre seus ouvintes a bondosa rainha Sofia, que muitas vezes ia à igreja a fim de
ouvir o famoso pregador, o “professor João”, de Husinecz.

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
Apesar de ser grande a sua influência, tanto em virtude de suas poderosas mensagens
bíblicas quanto pela sua maneira piedosa de viver, o anátema do papa e do bispo caiu
sobre Huss, de sorte que em Praga ninguém podia ser por ele batizado, casado ou
sepultado dentro da religião católica.

Em 1414 teve início em Constança um concílio geral a que compareceram os mais altos
dignitários eclesiásticos da Europa. A conselho do imperador Segismundo, e munido de
um salvo-conduto por este assinado, Huss dirigiu-se ao concílio. A sua intenção era
avistar-se com o papa e expor perante ele o seu caso, mostrando que nem ele nem a sua
pátria eram hereges. A sua prontidão em apresentar-se perante tão magna assembléia era
prova da sua sinceridade. Ele achava que os fatos que desejava apresentar, por serem tão
puros, mostrariam a todos que tudo o que havia falado e escrito era para a salvação dos
pecadores.

Mas Huss se enganara. Ao chegar a Constança em novembro de 1414, prometeram-lhe


uma audiência com o papa, mas em vez de cumprirem a palavra, o encerraram numa
cela escura e malcheirosa de um mosteiro dominicano.”

Na reunião de 6 de julho de 1415, o concílio condenou Huss à morte por crime de


heresia e de muitas outras coisas. Despiram-lhe as vestes sacerdotais, que lhe haviam
vestido para a ocasião. Deram-lhe também um cálice, o que logo lhe foi tirado com a
expressão: “Maldito Judas que abandonaste o caminho da paz. Tiramos-te agora o cálice
da redenção.” A horrível cena terminou com todos os presentes exclamando em coro:
“Agora entregamos tua alma ao diabo!”, ao que Huss respondeu: “Porém eu a
encomendo nas tuas mãos, Jesus Cristo, porque a remiste.” Em seguida colocaram-lhe
sobre a cabeça uma mitra alta, de papel, com três terríveis desenhos de demônios, e com
a inscrição “Heresiarca”.

Assim vestido, o mártir da Bavária, há até bem pouco tempo Tchecoeslováquia, foi
conduzido, sob forte escolta, ao lugar do martírio. Ao aproximar-se da fogueira viu uma
mulher apanhando alguns pequenos ramos secos e juntando-os à lenha, e exclamou:
“Santa simplicidade”. Ligado com uma cadeia de ferro enferrujado ao pescoço, deram-
lhe a última oportunidade de salvar a vida mediante a negação de tudo o que havia
ensinado e escrito, mas ele, olhando para o céu, respondeu: “Deus é minha testemunha

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
de que nunca tenho ensinado ou pregado o que falsamente me tem sido atribuído por
falsas testemunhas. Com aminha pregação, meu ensino e meus escritos, tenho desejado
apenas uma coisa – a conversão dos homens. Nesta verdade do evangelho, que tenho
ensinado e pregado, quero alegremente morrer.”

Assim vencidos pela inabalável firmeza de Huss, seus algozes atearam fogo à lenha.
Enquanto as chamas cresciam, Huss cantava em voz alta: “Cristo, Filho do Deus vivo,
tem misericórdia de nós”. Depois, não podendo mais cantar por causa do furor das
labaredas, passou a orar até render o espírito. Os inimigos da verdade queimaram na
mesma fogueira as roupas de Huss, e lançaram no rio as suas cinzas. Mas o clarão
daquela fogueira jamais se apagou!

Jerônimo de Praga continuou a gloriosa obra de Huss e também pereceu na fogueira, na


mesma cidade de Constança, no ano de 1416. Cumpriu corajosamente sua missão.

Assim pereceram os fiéis servos de Deus. Mas a luz das verdades que haviam
proclamado, a um tão elevado preço, jamais haveria de se extinguir.

Digna de citação aqui é a sociedade na Holanda, em 1340, com o nome de Irmãos de


Vida Comum. Do seio dessa sociedade saiu, por volta do ano de 1470, a famosa obra
Imitação de Cristo, que alcançou oitenta edições antes da Reforma. Os Irmãos de Vida
Comum possuíam, no Norte da Alemanha e na Holanda, seminários freqüentados por
1.200 estudantes.

Esses destemidos irmãos, através de uma obra maravilhosa, educaram e prepararam os


povos do Norte da Europa para que mais tarde recebessem com alegria os pregadores e
os princípios da Reforma, o que de fato aconteceu. .

1483 – 1546 – MARTINHO LUTERO - Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro


de 1483 na cidade de Eisleben, na Alemanha. Na sua fase estudantil, foi enviado às
escolas de latim de Magdeburg (1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na
Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em
artes (1505).
Seu pai fora um aldeão bem sucedido e sonhava em ter um filho advogado. Tendo,
assim, iniciado seus estudos de direito, abruptamente, os interrompeu entrando no

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. O fato que o levou a isto é bastante
estranho e gera controvérsias. A maioria dos historiadores dizem que isto aconteceu
devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma
tempestade, quando um companheiro de caminho, ao seu lado, foi atingido por um raio,
e ele por um pouco não fora também. Contam que foi derrubado por terra e em seu
pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Preocupado com a

salvação, o jovem Martinho Lutero decidiu tornar-se monge, a contragosto da família.


Porém, foi consagrado padre em 1507.
Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus
aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em
conflitos internos pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual
não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações. Durante
seus estudos, sempre lhe acompanhava a pergunta: "Como posso conseguir o amor e o
perdão de Deus?"
Entre os anos de 1508 e 1512, lecionou filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde
também ensinava Teologia. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia. Fazia também
conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi
durante este período que a teologia do apóstolo Paulo o influenciou, levando-o à
percepção claro dos erros que a Igreja Romana cometia, à luz dos documentos
fundamentais do cristianismo primitivo: os livros da Bíblia.
Assim, Lutero foi descobrindo ao longo dos seus estudos que para ganhar o perdão de
Deus não era necessário castigar-se ou fazer boas obras compensatórias, mas somente
ter fé em Deus. Com isso, ele não estava inventando uma doutrina, mas retomando
pensamentos bíblicos importantes que estavam à margem da vida da igreja já a muito
tempo e que naquele momento gerava aberrações teológicas, tais como as indulgências.
Seus estudos paulinos, porém, deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente
diante da afirmação "o justo viverá pela fé", de Romanos 1:17. Pois ali ele percebia ele
que toda a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para
condenar e humilhar o homem, e que destas coisas não se pode esperar qualquer ajuda
no tocante à salvação da alma.
Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, passou a ser um pregador muito popular,
proclamando os rudimentos desta fé que redescobrira. Além disso, em sua pregação ele
opunha-se a venda de indulgências, fortemente comandada por João Tetzel.
Lutero decidiu tornar públicas essas idéias e em 31 de outubro de 1517, quando afixou
na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das
Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como
livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à
idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra
maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia
que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as
penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não
algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal. Este
material resumia a aplicação prática do mais importante de sua (re)descoberta teológica
até aquele momento.
Com isto Lutero pretendia abrir um debate para uma avaliação interna da Igreja, pois
acreditava que a Igreja precisava ser renovada a partir do Evangelho de Jesus Cristo.

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
Em pouco tempo toda a Alemanha tomou conhecimento do conteúdo dessas teses e elas
espalharam-se também pelo resto da Europa.
Foi João Eck quem denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo
fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, que era o padre
confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este
contra o monge agostiniano.

Embora estivesse sendo pressionado de muitas formas - excomungado e cassado - para


abandonar suas idéias e os seus escritos, Lutero manteve suas convicções. Suas idéias
atingiram rapidamente o povo e essa divulgação foi facilitada pelo recém inventado
sistema de impressão de textos em série (imprensa).
Após isto Lutero escreveu "Resolutiones", em 1518, defendendo seus pontos de vista
contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Mas a obra não mudou o
ponto de vista do papa a respeito dele. Mas muitas pessoas influentes se declararam
favoráveis as opiniões de Martinho Lutero. Num debate teológico em Heidelberg, em 26
de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.
Lutero foi convocado a comparecer a Roma, onde seria julgado como herege. Porém ele
apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território
alemão em outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano. Diante deles Lutero recusou se
retratar de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando assim a Igreja
Romana. Sua saída da Igreja ficou confirmada num debate em com João Eck, em julho
de 1519. A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, e
publica vários escritos, dentre eles a "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã
Sobre a Reforma do Estado Cristão".

Assim, Lutero procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio


universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a
autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Na
obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja.
Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a
Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, que ocorreria
a cada missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo
sobre a ética cristã baseada no amor. Em julho de 1520, a Igreja Romana expediu a
bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se
retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Em resposta a isto,
Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero
em praça pública. Lutero se fez presente na Dieta de Worms, em abril de 1521.
Recusando retratar-se, disse que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo
que a retratação não seria correta. Dizem alguns historiadores que ele concluiu sua
defesa com as palavras: "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude.
Amém".

Como resposta, 25 de maio de 1521, formalizou-se a excomunhão de Martinho Lutero,


e a Reforma também foi condenada.
A Reforma, porém, espalhou-se pela Europa. Em 1530 os líderes protestantes
escreveram a "Confissão de Augsburgo", resumindo os elementos doutrinários

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Pr. Expedito José

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
fundamentais do movimento. Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo
de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses, neste período deixou a barba e os cabelos
crescerem e era chamado de Cavalheiro Jorge. Foi neste período que conseguiu tempo
de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi
publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros amigos, a Bíblia toda foi
traduzida, e, então, foi publicada em 1532.

Essa tradução tornou-se tão importante ao ponto de unificar os vários dialetos alemães,
do que resultou o moderno alemão.
Outro fato digno de nota foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de
família nobre e ex-freira, que havia aderido à Reforma junto de outras colegas de
clausura que fugiram do convento. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na
infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e
freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a
Igreja Romana.

Em 1546, aos 62 anos de idade, Martinho Lutero faleceu. Porém, só em 1555, o


Imperador reconheceu que haviam duas diferentes confissões na Alemanha: a Católica e
a Luterana.
Alguns dos pontos mais importantes defendidos por Lutero:
1. Nem o papa nem o padre, tem o poder de remover os castigos temporais de um
pecador.
2. A culpa pelo pecado não pode ser anulada por meio de indulgências.
3. Somente um autêntico arrependimento pode resolver a questão da culpa e do castigo,
o que depende única e exclusivamente de Cristo.
4. Só há um Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo.
5. Não há autoridade especial no papa.
6. As decisões dos concílios não são infalíveis.
7. A Bíblia é a única autoridade de fé e prática para o cristão.
8. A justificação é somente pela fé.
9. A soberania de Deus é superior ao livre-arbítrio humano.
10. Defendia a doutrina da consubstanciação em detrimento da transubstanciação.
11. Há apenas dois sacramentos : o batismo e a ceia do Senhor.
12. Opunha-se a veneração dos santos, ao uso de imagens nas Igrejas, às doutrinas da
missa e das penitências e ao uso de relíquias.
13. Contrário ao celibato clerical.
14. Defendia a separação entre igreja e estado.
15. Ensinava a total depravação da natureza humana.
16. Defendia o batismo infantil e a comunhão fechada.
17. Defendia a educação dos fiéis em escolas paroquianas.
18. Repudiava a hierarquia eclesiástica.

1484-1531 - HULDRYCH ZWINGLI O REFORMADOR SUIÇO - Zuingli nasceu


em Wildhaus, onde era o filho do prefeito da cidade. Estudou em Basel, Berna, Viena, e
depois em Basel de novo, onde se graduou como Bacharel em Artes em 1504 e como
Mestre em Arte em 1506. Em Basel, absorveu os ensinos de Thomas Wyttenbach sobre

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as Escrituras e sobre justificação e também se tornou amigo do humanista Glareanus e
de Leo Jud. Foi ordenado em 1506 e trabalhou por dez anos na paróquia de Glarus, onde
provou ser um bom pastor e um hábil pregador. Continuou seus estudos humanistas,
mantendo a língua grega e tentando aprender sozinho o hebraico. Em 1513 e 1515
serviu ao exército papal como capelão dos mercenários de Glarus.

Suas experiências o levaram a se opor ao sistema mercenário; era especialmente


contrário ao recrutamento francês. Devido ao tumulto resultante, aceitou um novo posto
em Einsiedeln em 1516.

Zuinglio permanceu estudando o Novo Testamentos, principalmente sobre influência de


Erasmo. Em primeiro de janeiro de 1919, quando tornou-se pastor da maior paróquia de
Zurique, anunciou que não seguiria os textos previstos no lecionário e que pregaria
sobre o Evangelho de Matheus. Isso foi visto pela Igreja como um ato de desobediência,
mas devido ao início da propagação da Peste, a confusão foi acalmada. Um terço da
população de Zurique foi morta por esta peste, e no final Zuinglio foi contraiu a doença,
levando três meses para recuperar-se, fato que lhe fez experimentar uma relação de
dependência para com Deus. Isso mudaria definitivamente sua vida.

Depois disso, Zuinglio continuou a pregar o que encontrava na Bíblia, apesar disso
contradizer aquilo que os rituais oficiais da Igreja diziam. Em 1522 muitos párocos de
Zuinglio, amparado pelas Escrituras desafiaram as regras da Igreja comendo carne
durante a quaresma, Zuinglio os apoiou.

Após muitas discussões sobre o controverso pregador, em 1523 o conselho da cidade de


Zurique realizou um debate público sobre assuntos de fé e por fim as idéias de Zuinglio
saíram vitoriosas. Por fim o conselho emitiu um decreto permitindo a continuidade da
pregação de Zuinglio.

Dentro de dois anos muitas mudanças na Igreja de Zuinglio já eram vizualizadas: as


Imagens foram retiras, sacerdotes e freiras foram autorizados a casarem-se e a missa foi
substituída por um culto com ênfase quase total na Palavra.
Zuinglio estava realizando a reforma na Suíça, porém muitas foram as oposições
encontrada, não só por parte da Igreja Católica, mas também de grupos reformadores
mais radicais que queriam mudanças mais rápidas. Numa tentativa de tornar a reforma
coesa, em 1529 foram reunidos Zuinglio e Lutero em Marburgo. Das quinze questões
discutidas, ambos concordaram em quatorze. O dilema ficou na questão da eucaristia,
onde Lutero a via como o recebimento concreto do corpo de Cristo, enquanto Zuinglio
com um recebimento espiritual.

Por fim, o movimento de Zuinglio espalhou-se por uma maior parte da Suíças, também
pela Alemanha e chegou a Genebra de língua francesa. Porém grande porção rural ainda
era dominada pela Igreja Católica. Devido esta batalha por territórios de influência,
iniciaram-se batalhas entre as tropas católicas e as de Zurique. Zuinglio somou-se a
estas batalhas como soldado e acabou morrendo em 1531 esquartejado na Batalha de
Kappel. As batalhas permaneceram por pois cem anos.

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1509 –1564 – JOÃO CALVINO - LÍDER FRANCÊS DA REFORMA - Calvino é


chamado de "o organizador do Protestantismo" porque em seu trabalho pastoral de
organizar igrejas evangélicas em Estrasburgo e Geneva, desenvolveu um novo modelo
de igreja.

Calvino nasceu no noroeste da França, sendo 25 anos mais jovem que Martinho Lutero.
Seu nome real era Jean Cauvin, o qual mudou para "Calvin" anos mais tarde. Sendo
estudioso, adotou a forma latina Calvinus. Sua cidade natal, Noyon, era um importante e
antigo centro da Igreja Católica Romana, tanto que um bispo morava lá e a vida da
cidade praticamente girava em torno da catedral.
João Calvino era oriundo de uma família de classe média. Gerard, seu pai, depois de
servir à Igreja Romana em várias funções, inclusive como escrivão, veio a ser o
secretário do próprio bispo. Assim, o jovem Calvino crescia fortemente ligado aos
assuntos da igreja.

Afim de capacitar seu filho a alcançar uma posição de importância na Igreja, o pai de
Calvino investiu na melhor educação possível, tanto que aos catorze anos de idade
Calvino entrou para a Universidade de Paris, que era o centro intelectual da Europa
Ocidental. Lá ele freqüentou o Colégio de Mantaigu, a mesma instituição na qual
Erasmo estudou uns trinta anos antes. Embora Calvino se dedicasse a uma carreira
similar em teologia, por diversos motivos sua formação tomou um rumo inesperado.
Primeiro devido ao novo aprendizado do Renascimento, o Humanismo, que estava
travando uma bem sucedida batalha contra o escolasticismo, a velha teologia católica da
antiga Idade Média. Calvino se deparou com este novo aprendizado através de outros
estudantes e foi rapidamente ganho por estas idéias. Em segundo lugar, inciava-se em
Paris um forte movimento para reforma da Igreja, liderado por Jacques Lefèvre d
Etaples (1455-1536). E Calvino se tornou um amigo íntimo de alguns dos alunos de
Lefèvre. O terceiro motivo está ligado ás obras e idéias de Martinho Lutero que estavam
circulado em Paris por algum tempo, causando uma agitação moderada; sem dúvida,
Calvino se familiarizou com elas durante os anos de estudante.

Por fim, o pai de Calvino teve uma discussão com os oficiais da igreja em Noyon,
incluindo o bispo. Em 1528, assim que Calvino obteve o seu grau de mestre de artes,
seu pai lhe disse para deixar a teologia e estudar as leis. Sem se opor Calvino se mudou
para a escola de leis em Orleans. Ali ele se dedicou ao estudo das leis, sendo elogiado
por sua maestria na matéria. Com freqüência, dava aulas pelos professores ausentes.
Depois de três anos de estudo em Orleans, Bourges e Paris, conseguiu o seu doutorado e
licença em leis. Durante esse percurso aprendeu grego e mergulhou nos estudos
clássicos, que eram de grande interesse dos humanistas contemporâneos. Ligou-se a um
grupo de estudantes que discordavam dos ensinos e práticas do Catolicismo Romano.

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Em 1531, com a morte do pai de Calvino, ele se viu livre para escolher a carreira que
iria prosseguir e não vacilou, optando por teologia. Excitado e desafiado pelo novo
aprendizado, mudou para Paris para se dedicar a uma vida e de pastoreio.

Em 1536 ele publicou a primeira versão de “Institutas da Religião Cristã”, um resumo


sistemático da teologia da Reforma. Ao ler este material, o reformador de Genebra
Guilherme Farel persuadiu Calvino a ir para aquela cidade afim de auxiliá-lo na
implantação da Reforma naquele lugar. Lá ele pastoreou a Igreja de St. Pierre e pregava
em três cultos por dia. Ainda durante sua estada nesta cidade ele produziu panfletos
devocionais, doutrinários e resumos comentados da maior parte dos livros da Bíblia,
apesar de ter sofrido com diversas doenças, principalmente enxaquecas.

Apesar de Genebra inicialmente oferecer grande oposição as idéias de Calvino,


principalmente por este tentar faze-los ter um viver cotidiano condizente com os ensinos
de Cristo, rapidamente sua influência se espalhou pelo solo mais fértil: as escolas. De lá
saíam muitas lideranças que reproduziam a confissão de fé Calvinista.
O livro de Calvino que gerou impacto na sociedade na qual viveu, bem como na
posteridade foi “As Institutas”, na qual trouxe um resumo bem claro e definido das
idéias do protestantismo. Esta obra passaria a ter três volumes, sendo que um deles era
dedicado ao Credo apostólico e outro à doutrina da predestinação. Este ensinamento não
era uma unanimidade de Calvino, mas de todos os protestantes, porém pelo fato de ele
dar uma grande ênfase a esta doutrina, ela ficou com o tempo imaginariamente atrelada
a este líder.

A teologia de Calvino consiste em uma compreensão de toda a história da relação


homem-Deus. Desde a preexistência de Deus, anterior a tudo, que projetou todas as
coisas, que criou anjos e foi traído, que criou o universo, transformou a Terra, e criou o
Homem. O qual desde a eternidade ele sabia que iria cair em pecado, querendo ser
autônomo, dentre os quais desde a eternidade ele predestinou a muitos para viver a
eternidade consigo. Por isto do plano de redenção e da entrega de seu Filho por muitos.
A estes, separados desde a Eternidade, Deus envia o Espírito Santo, levando-os a ter fé
em Cristo, e assim serem salvos. O porquê disto não é motivo de estudo de Calvino, que
destina a Deus um verdadeiro status de Senhor, de misterioso e misericordioso
Soberano, o qual a ninguém revelou o motivo desta atitude, pois por justiça poderia ter
condenado a todos, mas por misericórdia salvou a muitos.

Calvino lutava, em seus ensinos, contras as doutrinas Católicas da salvação pelas obras
afirmando a soberania de Deus, mostrando que ele como Deus não pode nem deve ser
enganado. Ele não cansou de afirmar: “Você não pode manipular Deus ou torna-lo seu
devedor. É Ele que o Salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo.”
Porém ele não deixava de afirmar em seus enérgicos ensinos que os crentes deveriam
demonstrar sua salvação através de suas atitudes.

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No quarto volume das Institutas, Calvino dedicou-se a organizar a vida prática da igreja
através da organização eclesiástica voltada ao presbitério e à santidade.

1514 – 1572 – JOHN KNOX: REFORMADOR ESCOCÊS

Knox nasceu em East Lothian na Escócia. Era filho de um fazendeiro de classe média.
Depois da escola em Haddington, Knox frequentou a Universidade St. Andrews, onde
foi aluno de John Mair, um dos líderes dos estudiosos escoceses daqueles dias que era

um forte defensor das idéias dos concílios para a administração da Igreja.


Após formar-se, ele foi ordenado padre na Igreja Católica (1536) e por causa de estudo
das leis se tornou um escrivão papal (1540). Ao mesmo tempo, enquanto trabalhava
como tutor dos filhos de alguns proprietários de terra, teve contato com várias famílias
protestantes.
Não sabemos nem como e nem quando Knox se tornou um protestante, pois nunca
revelou nada sobre sua conversão, mas, aos que parece que foi por volta de 1545.
Naqueles dias, um homem chamado George Wishart, um escocês que tinha passado
algum tempo na Suíça e Inglaterra, retornou a sua terra natal onde começou a pregar o
evangelho. Em janeiro de 1545, depois de pregar em outros lugares, foi para East
Lothian onde Knox trabalhou como seu guarda-costas. Apesar da aceitação de Wishart
pelas famílias locais, ele foi preso pelo conde de Bothwell e levado para St. Andrews,
onde, depois de ser julgado diante do Cardeal Beaton, foi queimado num poste como
um herege em março de 1546.

Assim que começo a pregar a fé protestante na Escócia Knox foi aprisionado e passou
19 meses como escravo de franceses. Após isto, conseguindo escapar pastoreou durante
5 anos uma igreja na Inglaterra e depois ficou outros 5 anos na suíça, onde muito
aprendeu e cresceu com a teologia de Calvino e outros.
Após isto, em 1559 ele retornou para a escócia, onde permaneceu até a morte pregando
incansavelmente. A pregação de Knox logo via seu resultado, pois em 1560 o
parlamento escocês adotou uma profissão de fé calvinista e deliberou que o papa não
tinha jurisdição sobre a escócia, além de proibir as missas.
Knox e seus apoiadores escreveram o “Livro da Disciplina” que era um verdadeiro
manual de organização e prática da igreja, em moldes presbiterianos, além de dar
incentivo a criação de escolas e universidade públicas.

1572 – MASSACRE DO DIA DE SÃO BARTOLOMEU.

Conjuntura:
- A França estava divida entre protestantes e católicos, os protestantes eram chamados
de huguenotes;
- Em 1555 já haviam na França cerca de 400 mil huguenotes espalhados em mais de
2000 igrejas;
- A rainha Catarina de Médici era católica e via ampla oposição nos líderes huguenotes.

O massacre:
- Em 24 de agosto de 1572, as quatro da manhã a rainha deu ordem aos seus soldados e
a assassinos contratados para que matassem os principais líderes huguenotes de Paris.

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Estes eram homens do comércio.
- Logo pela manhã, em meio a grande confusão gerada por esta decisão a população
católica (maioria) pobre foi mobilizada contra os huguenotes e o massacre cresceu em
proporções;
- Durante dias estas pessoas foram perseguidas e assassinadas em toda a França.
Historiadores falam entre 20 e 100 mil mortos naqueles dias.

1609 – JOHN SMYTH FUNDA A IGREJA BATISTA

John Smyth estudou na Universidade de Cambridge e cedo foi ordenado ministro da


Igreja da Inglaterra. Na igreja anglicana foi atraído para as idéias puritanas e separatistas
e por isso foi afastado da igreja 1602. Sua crença de que as igrejas deviam ser formadas
somente de cristãos confessos levou-o a se juntar a uma congregação separatista em
Gainsborough.
Também ajudou na formação de uma congregação separada em Scrooby na casa de
William Brewster. Os acontecimentos, porém o levaram para Amsterdam. Foi lá que
Smyth encontrou-se com os irmãos Menonitas, que praticavam o batismo de adultos sob
uma confissão de fé pessoal já haviam duas gerações. Ouvindo os ensinamentos destes
crentes, Smith passou a buscar nas esrituras base bíblica para o batismo infantil, e não a
encontrando, adotou tal doutrina.
Então ele rompeu com os separatistas e, em 1609, batizou-se a si próprio por imersão.
E, a partir deste momento batizou diversas pessoas mediante suas profissões de fé. Entre
elas estava Thomas Helwys, que voltou à Inglaterra mais tarde e fundou a primeira
igreja batista permanente naquele país.
Antes de sua morte, porém, Smyth afastou-se dos batistas e juntou-se aos menonitas,
porém a igreja a qual dera início não o acompanhou e ficou existindo de forma
independente.

Cresce o protestantismo independente.

Partindo do princípio de que as populações não vivem sem experiências e vivências


religiosas, e que muitas delas já possuíam uma repulsa pelas instituições eclesiásticas
tradicionais, podemos compreender o grande crescimento de igrejas protestantes
independes e nacionais, que possuíam culto e bíblias em língua nativa, que falavam a
linguagem de seu povo e iam ao seu encontro.
O fato é que apesar de muitos historiadores (tais como Hobsbawm) menosprezarem os
ocorridos religiosos deste século, estes foram muito diferentes de tudo do que ocorreu
anteriormente na Europa. E, segundo minhas pesquisas em muitas fontes, ao mesmo
tempo que a Europa vivia sua “era do capital”, ou sua “primavera dos povos”, mudanças
e conquistas sociais, também floresciam muitos grupos e lideranças de um movimento
que também veio a transformar a forma de viver destas populações: o protestantismo.
Faço abaixo um breve apanhado dos acontecimentos relativos a este crescimento
protestante e aos evangelistas que foram responsáveis por ele nos principais países da
Europa.

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1906 – INICIO DO PENTECOSTALISMO NO AVIVAMENTO DA RUA


AZUSA.

Los Angeles Times, 1906: “Com gritos estranhos e pronunciando coisas que
aparentemente nenhum mortal em seu juízo normal pudesse entender, teve início, em
Los Angeles, a mais recente seita religiosa. As reuniões acontecem em um prédio
decadente da rua Azusa, e os devotos de doutrinas estranhas praticam os ritos mais
fanáticos, pregas as mais extravagantes teorias e se colocam em um estado de louca
euforia quando se entregam ao fervor pessoal”

- William J. Seymour (fundador) – pregador batista negro, havia sido aluno de Parham,
fundador de muitas escolas bíblicas que pregava o avivamento e o dom de línguas.
- Antes deste movimento Finney, Moody e o movimento Holiness haviam dado início a
um avivamento, William, porém, dava mais um passo, incentivando o batismo pelo
Espírito Santo.

- O Movimento, inicialmente assumiu o nome “Missão Evangélica da Fé Apostólica”.


- Outros líderes possuíam ministérios de avivamento espalhados pelos EUA. No sul
muitos de uniram e passaram a se auto denominar “Fé Apostólica”, o movimento
cresceu muito e logo passou a se chamar “ Igreja de Deus em Cristo”, que já tinha ao
todo 352 ministros. Em 1914 passou a se chamar “Assembléia de Deus”.

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APÊNDICE

CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DA IGREJA

722 a.C. Exílio Assírio


598 a.C. Exílio Babilônico
c. 530 a.C. Instalação do Império Persa
c. 500 a.C. Influência e domínio do Império Grego
c. 500 a.C. Império Romano
- Monarquia Romana (753-509 a.C.)
428/27 a.C. Platão
384 a.C. Aristóteles
341 a.C. Epicuro
333 a.C. Zenão
356-323 a.C. Alexandre Magno, o Grande
- República Romana (509-27 a.C.)
- Surgimento efetivo do Império (27 a.C.)
- revolta dos Macabeus (167-166 a.C.)
25 a.C. Filo de Alexandria
4 a.C. Nascimento de Jesus Cristo
27/28 d.C. Morte/Ressurreição de Cristo
c. 30 d.C. Pentecoste / Descida do Espírito Santo
50/55 Concílio de Jerusalém
64 Perseguição por Nero
70 Destruição do Templo
70 Policarpo
? Papias
c. 72 Perseguição dos judeus e também do Império (perseguição branda)
92 Clemente de Roma
112 Inácio de Antioquia
165 Justino
155 Clemente de Alexandria
160 Tertuliano
177 Irineu
180 Teófilo de Antioquia
185 Orígenes

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249 Imperador Décio (249-253)
265 Eusébio de Cesaréia (pós niceno)
c. 200 NT traduzido para o latim
? Credo Apostólico (séc III e IV)
325 Credo de Nicéia
340 Ambrósio de Milão
349 João Crisóstomo
354 Agostinho de Hipona
313 Imperador Constantino
361 Juliano, o Apóstata

380 Imperador Teodósio (Cristianismo: Religião Oficial)


381 Concílio de Constantinopla
Período das Heresias (c. 60-390?)
393 Concílio de Hipona
397 Concílio de Cartago CÂNON ACEITO UNIVERSALMENTE
451 Credo de Calcedônia
456 Causa Filioque (456-867)
c. 500 Transição da Igreja Clássica para a Medieval
590 Gregório I
622 Surgimento do Islamismo
663 Inglaterra sob o Papado – Sínodo de Whitby
Invasão Bárbara (395-754?)
800 Império Romano de Carlos Magno
1054 Grande Cisma
1059 Colégio dos Cardeais p/ eleger o Papa
c. 1095 As Cruzadas e o Escolasticismo começam
1215 Transubstanciação
1210-16 Franciscanos e Dominicanos
1309-77 Cativeiro babilônico em Avignon
1378 Grande Cisma até 1417
1409 Concílios Reformadores (pré-reformadores)
1453 Queda de Constantinopla
1517 95 teses

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BIBLIOGRAFIA

O Mundo do Novo Testamento - Editora Vida

Lições da História Que Não Podemos Esquecer, Editora Vida

História do Cristianismo - A. Knight e W. Anglin

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