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TCC - UNIVATES - EstevãoCorteleti
TCC - UNIVATES - EstevãoCorteleti
TCC - UNIVATES - EstevãoCorteleti
AGRADECIMENTOS
Agradeo a toda minha famlia, que sempre esteve presente, me incentivando e me apoiando
com muito amor e carinho.
A minha namorada Janane pela companhia nas horas de estudo, pela compreenso nos finais
de semana e pelo apoio em momentos difceis.
A Profa. Emanuele Amanda Gauer pela dedicao na orientao deste trabalho, pelo incentivo
e ensinamentos transmitidos.
A todos os meus colegas e laboratoristas, que de alguma forma contriburam para a realizao
deste trabalho.
RESUMO
O solo, devido sua abundncia, tem grande emprego na construo civil e na engenharia
rodoviria. Este solo deve apresentar certas propriedades fsicas e qumicas para conferir
estabilidade e suportar aos esforos e cargas a que ser submetido e, nem sempre, estas
condies so atendidas na sua condio de campo. A tcnica de estabilizao de solos tem
sido amplamente utilizada na rea da Engenharia Civil para proporcionar a melhoria de suas
propriedades mecnicas. Neste contexto, fica evidente a importncia do estudo das tcnicas de
melhoramento do solo para obras de engenharia, proporcionando maior segurana,
confiabilidade e menores custos. O presente trabalho prope uma soluo para a estabilizao
de solos usando cal. Como experimentao, realizou-se ensaios de caracterizao e
compresso simples com amostras de solo coletadas no municpio de Lajeado, RS, com
adio de cal nas porcentagens de 5, 7, 9 e 11%. Obteve-se um aumento da resistncia de
forma linear com o aumento do teor de cal para o tipo solo utilizado. A densidade de
compactao provou ser um parmetro fundamental para estimar a resistncia de amostras
solo-cal.
Palavras-chave: Melhoramento de solos. Estabilizao qumica. Solo-cal. Vale do Taquari.
ABSTRACT
The soil, due to its abundance, takes great use in construction and road engineering. This soil
must have certain physical and chemical properties to provide stability and support efforts and
loads to which it will be submitted and, not always, these conditions can be satisfied in its
field condition. The technique of soil stabilization has been widely used in the field of Civil
Engineering to provide the improvement of soils mechanical properties. In this context, it is
evident the importance of studying the techniques of soil improvement for engineering
projects, providing greater security, reliability and lower costs. This paper proposes a solution
for soil stabilization using lime. Experimentally, were performed tests of characterization and
uncontained compression with soil samples collected in the city of Lajeado, RS, with the
addition of 5, 7, 9 and 11% percentages. The results showed a linear increase in resistance
with the increase of lime content. The compaction density proved to be a fundamental
parameter in estimating the strength of lime-soil samples.
Keywords: Soil improvement. Chemical stabilization. Soil-lime. Vale do Taquari.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fatores que influenciam as reaes solo-cal ........................................................... 22
Figura 2 Mecanismo de troca de ctions ............................................................................... 26
Figura 3 Mecanismo de estabilizao solo-cal ...................................................................... 27
Figura 4 Variao da resistncia compresso simples ........................................................ 29
Figura 5 Efeito da porcentagem de cal em amostras com sete dias de cura .......................... 31
Figura 6 Amostra de solo....................................................................................................... 33
Figura 7 Local da coleta da amostra de solo ......................................................................... 34
Figura 8 Instrumento de difrao a laser ............................................................................... 35
Figura 9 Aparelho de Casagrande ......................................................................................... 36
Figura 10 Corpo de prova moldado para a realizao de ensaios de compresso ................. 40
Figura 11 Corpos de prova ensacados para evitar perda de umidade .................................... 40
Figura 12 Prensa para ensaio de compresso simples ........................................................... 42
Figura 13 Grfico de distribuio granulomtrica ................................................................. 43
Figura 14 Grfico do ensaio para determinao do limite de liquidez .................................. 44
Figura 15 Grfico da relao teor de umidade x peso especfico aparente seco ................... 46
Figura 16 Grfico da relao teor de cal x pH ....................................................................... 47
Figura 17 Grfico da relao teor de cal x resistncia compresso simples ....................... 50
Figura 18 Grfico da relao teor de cal x resistncia compresso em amostras com o
mesmo teor de umidade ............................................................................................................ 51
Figura 19 Grfico da relao teor de cal x resistncia compresso simples em amostras
com o mesmo peso especfico aparente seco............................................................................ 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Mtodos de estabilizao ........................................................................................ 19
Tabela 2 Valores obtidos no ensaio para determinao do Limite de Plasticidade ............... 44
Tabela 3 Determinao do peso de solo e de gua nas amostras com diferentes teores de
umidade .................................................................................................................................... 45
Tabela 4 Relao teor de umidade x peso especfico seco das amostras .............................. 45
Tabela 5 Determinao do pH das amostras com adio de cal ............................................ 46
Tabela 6 Especificaes dos corpos de prova moldados com d = 1,2424 e W = 30%, aps
28 dias de cura .......................................................................................................................... 48
Tabela 7 Especificaes dos corpos de prova moldados com d = 1,30 e W = 30%, aps 28
dias de cura ............................................................................................................................... 48
Tabela 8 Especificaes dos corpos de prova moldados com d = 1,2424 e W = 35%, aps
28 dias de cura .......................................................................................................................... 49
ABNT:
BNH:
CP:
Corpo de Prova
DNER:
LL:
Limite de Liquidez
LP:
Limite de plasticidade
NBR:
SUCS:
LISTA DE SMBOLOS
:
d :
w:
Teor de umidade
wt:
SUMRIO
1
INTRODUO .............................................................................................................. 14
1.1
1.1.1
1.1.2
Objetivos secundrios................................................................................................. 15
1.2
Hiptese ....................................................................................................................... 15
1.3
Delimitao .................................................................................................................. 15
1.4
Organizao do trabalho............................................................................................ 15
2.1
2.1.1
Cisalhamento ............................................................................................................... 17
2.1.2
Atrito ............................................................................................................................ 17
2.1.3
Coeso .......................................................................................................................... 17
2.2
2.2.1
2.3
2.3.1
2.3.2
Dosagem....................................................................................................................... 24
2.4
2.4.1
Variveis ...................................................................................................................... 27
2.4.2
Comportamento .......................................................................................................... 30
3.1
Materiais ...................................................................................................................... 32
3.1.1
Solo ............................................................................................................................... 32
3.1.2
Cal ................................................................................................................................ 33
3.1.3
gua ............................................................................................................................. 33
3.2
Mtodos........................................................................................................................ 33
3.2.1
3.2.2
3.2.3
3.2.4
Compactao ............................................................................................................... 37
3.2.5
3.2.6
3.2.7
3.2.8
4.1
4.2
4.3
4.4
REFERNCIAS...................................................................................................................... 55
14
INTRODUO
O solo, devido sua abundncia, tem grande emprego na construo civil e na
engenharia rodoviria (CORRA, 2008). Este deve apresentar certas propriedades fsicas e
qumicas para conferir estabilidade e suportar aos esforos e cargas a que ser submetido e,
nem sempre, estas condies so atendidas na sua condio de campo (INGLES &
METCALF, 1972). Assim, torna-se de fundamental importncia o conhecimento de tcnicas e
processos que levem melhoria de suas propriedades.
O melhoramento e a estabilizao do solo so empregados em diversas obras de
engenharia, como: bases e sub-bases para pavimentos, aterros, taludes e fundaes
(GUIMARES, 2002). O conhecimento da estrutura a ser implantada e o estudo do solo
disponvel so imprescindveis para a determinao do processo de estabilizao a ser
empregado, assim como, a umidade em que o solo deve se encontrar na ocasio e o grau de
compactao a ser atingido, tendo como objetivos reduzir futuros recalques, aumentar a
rigidez e a resistncia do solo (INGLES & METCALF, 1972).
A adio de agentes cimentantes utilizada em base de rodovias ou em fundaes de
edificaes. Resultados de ensaios de laboratrio e de campo mostram que a insero de
determinados teores de cal em solos altera a rigidez, a resistncia e o seu comportamento
(GUIMARES, 2002). Dessa forma fica evidente a importncia do estudo das tcnicas de
melhoramento do solo para obras de engenharia, proporcionando maior segurana,
confiabilidade e menores custos.
Segundo Guimares (2002), a tcnica de reforo de solos atravs da estabilizao com
a utilizao de cal vem sendo objeto de pesquisas em vrios pases ao longo dos ltimos anos.
No entanto, ainda no foram realizados estudos com amostras de solo do municpio de
Lajeado/RS.
15
1.1.1 Objetivo principal
Aprofundar os conhecimentos sobre o mtodo de estabilizao de solos com a adio
de cal.
1.2 Hiptese
Com a adio de cal e alterao no teor de umidade o solo analisado ter suas
caractersticas mecnicas modificadas, obtendo maior resistncia.
1.3 Delimitao
Foram realizadas anlises com amostras de solo coletadas no Campus do Centro
Universitrio Univates em Lajeado/RS. Foram utilizados teores de cal e teores umidade para a
avaliao do melhoramento das caractersticas mecnicas do solo quanto sua resistncia,
atravs de ensaios de compresso simples.
16
REVISO BIBLIOGRFICA
Neste captulo direciona-se obteno de informaes sobre a mistura solo-cal,
Granulometria: dimenses das partculas de uma determinada amostra do solo (CAPUTO, 2000).
Compacidade: ndice utilizado para determinar o grau de compactao de um material granular
(CAPUTO,2000).
2
17
2.1.1 Cisalhamento
Craig (2011) destaca que, se em um ponto de qualquer plano dentro de uma massa
2.1.2 Atrito
Segundo Machado (1997) o ngulo de atrito do solo est associado ao efeito de
entrosamento entre as suas partculas que o compe. Coulomb, autor das leis de atrito, obteve
suas equaes a partir de observaes empricas e, posteriormente, Terzaghi elaborou uma
teoria que fornece embasamento terico para as constataes empricas destas leis.
Terzaghi constatou que a superfcie de contato real entre dois corpos constitui apenas
uma parcela da superfcie aparente de contato, dado que em um nvel microscpico, as
superfcies dos materiais so efetivamente rugosas. O contato entre as partculas se d ento
apenas nas protuberncias mais salientes. Sendo assim, as tenses transmitidas nos contatos
entre as partculas de solo so de valor muito elevado, sendo razovel admitir que haja
plastificao do material na rea dos contatos entre as partculas (MACHADO, 1997).
A resistncia por atrito entre as partculas depende do coeficiente de atrito, este, pode
ser definido como a fora tangencial necessria para ocorrer o deslizamento de um plano em
outro paralelamente a este. O ngulo de atrito o ngulo formado entre a fora normal e a
resultante das foras tangencial e normal, sendo, o mximo ngulo que a fora cisalhante pode
ter com a fora normal ao plano, sem que haja deslizamento (SOUZA PINTO, 2006).
2.1.3 Coeso
A coeso consiste na parcela de resistncia de um solo que existe independentemente
de quaisquer tenses aplicadas e se mantm, ainda que no necessariamente em longo prazo,
se todas as tenses aplicadas ao solo forem removidas (MACHADO, 1997). Vrias fontes
podem originar coeso em um solo. A cimentao, por exemplo, proporcionada por
carbonatos, slica, xidos de ferro, dentre outras substncias, pode resultar em altos valores de
coeso.
18
2.2 Estabilizao de solos
A estabilizao de solos consiste na utilizao de processos de natureza fsica,
19
realizados sobre a sua aplicao para o enrijecimento de solos argilosos muito midos
(INGLES & METCALF, 1972).
Estabilizante
Recomendados
Mecnica
Argila
Cimento
Betume
Cal
Areia
Cimento
Cal
Cimento
Illitas
Cal
Motivo
Outros mtodos ineficientes
Maior estabilidade mecnica
Maior densidade e coeso
Maior coeso
Reaes pozolnicas e densificao
Maior estabilidade mecnica
Ganho rpido de resistncia
Ganho rpido de trabalhabilidade e resistncia
a longo prazo
Ganho rpido de resistncia
Ganho rpido de trabalhabilidade e resistncia
a longo prazo
Cada aditivo interage com o solo de uma forma particular, seja atravs de cimentao,
modificao da mineralogia, troca de ons, precipitao, polimerizao, etc. O conhecimento
do princpio de atuao da substncia adicionada, bem como das caractersticas do material a
ser tratado, so fundamentais para o sucesso da estabilizao.
20
moradias somente iniciou-se por volta de 1978, quando o BNH 3 aprovou a tcnica para
construes de habitaes populares, tendo uma reduo de custos de 20 a 40%, comparando
BNH: Banco Nacional de Habitao - Banco pblico, brasileiro, voltado ao financiamento e produo de
empreendimentos imobilirios.
21
tcnica fundamentada em reaes qumicas e fsico-qumicas que ocorrem entre a cal e os
constituintes do solo, principalmente com a argila.
22
condies so problemticas na medida em que podem causar patologias nas edificaes
(INGLS E METCALF, 1972).
2.3.1.1 Solo
Segundo Guimares (2002), solo pode ser definido como sendo um corpo natural,
tridimensional, formado de horizontes (camadas aproximadamente paralelas superfcie) e
constitudo de elementos orgnicos e minerais. Possui trs fases, slida (minerais e
23
orgnicos), lquida (gua que preenche os espaos entre as partculas) e gasosa (que ocupa os
espaos no preenchidos por gua).
2.3.1.2 Cal
Segundo Guimares (2002) a cal um aglomerante resultante da calcinao7, em
temperaturas prximas de 1000 C, das rochas carbonatadas constitudas predominantemente
por carbonato de clcio e/ou carbonato de clcio e magnsio. Este processo de calcinao do
carbonato de clcio e do clcio-magnsio resulta, respectivamente, na formao da cal virgem
e da cal viva.
A cal hidratada obtida atravs da hidratao adequada da cal virgem e a mais
utilizada no processo de estabilizao do solo. Esta cal classificada de acordo com a NBR
7175/20038, em funo de sua composio qumica, como: CHI, CHII e CHIII. A principal
diferena entre esses tipos de cales encontra-se nos teores de clcio (maiores na CHI) e nos
teores de carbonato (menores na CHI) (GUIMARES, 2002).
Calcinao: Reao qumica de decomposio trmica que resulta na formao da cal e do dixido de carbono
(GUIMARES, 2002).
8
ABNT NBR 7175/03: Cal hidratada para argamassas Requisitos.
24
2.3.1.3 gua
A presena de umidade, na forma de uma camada de gua envolvendo as partculas de
solo, necessria para que ocorram reaes entre o solo-cal. Como a gua apenas o meio
onde ocorrem estas reaes, torna-se evidente que um excesso de gua ir atrapalhar estas
reaes, pois afastar as partculas umas das outras, prejudicando as foras de atrao inicas
existentes (AZEVDO, 2010).
Azevdo (2010) tambm destaca a importncia da presena do teor de gua neste
processo para obter-se uma densidade adequada na compactao da mistura, pois todos solo,
ao ser compactado, necessita desta umidade para atingir uma densidade mxima, quando
ocorre a resistncia dita mais estvel do solo.
Segundo Ingles & Metcalf (1972) os resultados obtidos na estabilizao qumica com
o uso de gua potvel nas misturas solo-cal satisfatrio. A vantagem da utilizao de gua
do abastecimento pblico, nos ensaios em laboratrio, que representa melhor as condies
encontradas em campo.
2.3.2 Dosagem
Segundo Oliveira (2010) vrios tipos de dosagens para misturas solo-cal foram
testados por muitos pesquisadores. As concluses, positivas ou negativas, a respeitos desses
mtodos podem estar relacionadas ao tipo de solo e cal utilizada, bem como maneira de
execuo de cada ensaio.
Lovato (2004) testou dois tipos de cal (clcica e dolomtica) em um solo latertico por
dois mtodos de dosagem: o mtodo do pH de Eades e Grim e o mtodo de Thompson.
Obteve melhores resultados com a cal clcica e o mesmo percentual de cal atravs dos dois
mtodos.
Proposto por Eades e Grim (1966) apud Corra (2008), o mtodo do pH fundamentase no pH da mistura solo-cal. O princpio bsico deste procedimento adicionar suficiente
quantidade de cal de modo a assegurar um pH de 12,4 para a ocorrncia das reaes
pozolnicas (efeito cimentante que gera maior capacidade de suporte).
O procedimento consiste basicamente das seguintes etapas:
a) Colocam-se no interior de recipientes plsticos com tampas de rosca, amostras de solo
seco ao ar, passando na peneira 40. A quantidade de solo deve ser tal a garantir um
peso de solo seco de 20 gf;
25
b) Usar pelo menos cinco recipientes, adicionando ao solo seco, teores de cal de 2%, 3%,
4%, 5% e 6%. Misturar solo seco e cal;
26
Hooper (1961) apud Azevdo (2010) destaca que, quimicamente, ocorre uma troca de
base e os ctions derivados da cal, de carga mais forte, substituem os ons de carga mais fraca,
27
2.4.1 Variveis
Quando se adiciona cal a um solo argiloso suas propriedades fsicas so alteradas.
Essas alteraes dependem de diversos fatores, entre eles: tipo de solo, tipo e teor de cal,
energia de compactao, perodo e condies de cura.
Nos prximos itens sero detalhados os efeitos de alguns dos fatores considerados de
grande importncia na determinao da resistncia do solo-cal e que tem relao com as
variveis de estudo escolhidas nesta pesquisa.
28
cal ser a reduo do ndice de plasticidade e melhoria da trabalhabilidade e a segunda ser o
ganho de resistncia atravs da cimentao das partculas (INGLES & METCALF, 1972).
Guimares (2002) afirma que, de modo geral, a cal sempre afeta positivamente certas
propriedades do solo, como as seguintes caractersticas fsicas: granulometria, plasticidade,
contrao e retrao, umidade de campo, densidade, trabalhabilidade, desintegrao e
compactao, resistncia e permeabilidade.
A compactao de uma mistura solo-cal geralmente produz uma resultante de massa
especfica aparente menor, at 5%, do que o correspondente do solo original, devido a ao da
cal nas alteraes texturais da mistura. O aumento de reteno da gua, da granulometria e do
teor timo de umidade facilitam a secagem dos solos, o que agiliza os trabalhos de construo
de pavimentos com aplicaes iniciais de cal (GUIMARES, 2002).
Segundo Dalla Rosa (2009) a resistncia compresso simples de uma mistura solocal aumenta linearmente como o aumento da quantidade de cal. Defende ainda que pequenas
adies de cal so suficientes para gerar ganhos de resistncia e, se aumentada a quantidade
de cal de 3% para 9%, a resistncia compresso simples cresce em mdia 55%.
A Figura 4 apresenta a variao da resistncia compresso simples em funo da
quantidade de cal e tempo de cura de noventa dias.
29
30
necessria para preench-los, o que resultar em uma umidade tima maior, e uma curva de
2.4.2 Comportamento
Segundo Dalla Rosa (2009) solos estabilizados quimicamente, mediante a adio de
cal, do origem a um novo material geotcnico artificialmente cimentado. Sendo o processo
de estabilizao executado corretamente, o comportamento mecnico deste novo material,
entre outras caractersticas, pode ser significativamente diferente daquele que caracteriza o
solo natural utilizado, no cimentado.
31
Jos Filho (2002) analisou o comportamento dos solos utilizados na construo de
trechos experimentais com a adio de cal, sendo essa anlise somente aos ensaios de limites
32
MATERIAIS E MTODOS
O programa experimental para verificao do comportamento do solo com adio de
cal foi dividido e executado em quatro etapas. Em um primeiro momento foram coletadas as
amostras de solo e realizados ensaios de caracterizao deste solo natural e da cal com o
objetivo de classificar os materiais e conhecer suas propriedades necessrias para as etapas
posteriores.
Na segunda etapa foram definidos os teores de cal, teor de umidade e pesos
especficos para a posterior moldagem dos corpos de prova.
Na terceira etapa foi realizada a moldagem dos corpos de prova de acordo com a NBR
6457/19869 e seguindo os procedimentos de pesagem, mistura, compactao, desmoldagem,
acondicionamento, armazenagem e cura.
Aps concludo o tempo de cura pr-determinado, foi executada a quarta etapa que
consiste na realizao de ensaios de compresso simples. Esta etapa objetiva avaliar a
influncia isolada de cada uma das variveis estudadas sobre a resistncia mecnica da
mistura solo-cal.
3.1 Materiais
Os materiais utilizados para a realizao da pesquisa so descritos a seguir.
3.1.1 Solo
O solo utilizado, conforme mostrado na Figura 6, um solo residual de basalto
pertencente Formao Serra Geral, em uma provvel rea de contato com o arenito da
Formao Botucatu. Possui cor avermelhada e estrutura argilosa, provenientes de alteraes
do basalto e dos solos caractersticos da regio.
Este tipo de solo foi escolhido, pois o solo predominante na regio de realizao da
pesquisa e abrange extensa rea do territrio do Rio Grande do Sul. Tambm foi considerada
a uniformidade de suas caractersticas fsicas e boa trabalhabilidade em laboratrio.
ABNT NBR 6457/86: Amostras de solo Preparao para ensaios de compactao e ensaios de caracterizao.
33
3.1.2 Cal
A cal utilizada foi do tipo Hidratada CH-II, da marca Dagoberto Barcellos,
comercialmente chamada de Primor Extra. De acordo com o fabricante esta cal produzida
conforme a ABNT (2003) e atende a todas as exigncias estabelecidas pela norma.
Foi adquirida em sacos de 20 kg e armazenada em sacos plsticos vedados, a fim de
evitar sua hidratao prematura em funo da umidade do ar.
3.1.3 gua
Foi utilizada gua destilada para a realizao dos ensaios, conforme especificado pelas
normas.
3.2 Mtodos
Os ensaios de caracterizao fsica dos materiais foram realizados atravs de ensaios
de granulometria, limites de liquidez e plasticidade e compactao.
Os mtodos utilizados na pesquisa so detalhados a seguir.
34
3.2.1 Coleta do solo a ser estudado
O solo analisado foi coletado no dia 25 de abril de 2013. A jazida, de onde foram
35
causando descontinuidades no fluxo do fludo, que so detectadas por uma luz incidente, e
correlacionadas com o tamanho de partcula. O princpio do mtodo que o ngulo de
36
Segundo Guimares (2002) os limites de liquidez de mesma frao argilosa podem
variar entre largas fronteiras, como por exemplo, no caso de solos com caolinita, onde
ocorrem variaes de at 100%. Afirma ainda, que a adio de cal ao solo eleva o limite de
liquidez.
O ensaio para determinao do limite de liquidez do solo foi executado conforme a
NBR 6459/198410.
Figura 9 Aparelho de Casagrande
10
11
37
3.2.4 Compactao
A ausncia de vazios no solo aumenta a resistncia do mesmo, pois quando estes so
removidos do solo, ocorre maior contato entre os gros. Quando do o material encontra-se
desta forma, denominado solo compactado, e a tcnica de compactao pode ser realizada
no canteiro de obras por meio de equipamentos como rolo compactador, ou mesmo
manualmente, dependendo da rea de trabalho e do grau de compactao desejado. Este
procedimento aumenta a densidade do solo, pois elimina os espaos ocupados pelo ar
(CAPUTO, 2000).
O ensaio de compactao visa a densificao do solo e a obteno do peso especfico
aparente seco (dmx) e da umidade tima (wt) de um solo. Este procedimento foi adotado
para determinar estas caractersticas nas amostras de solo natural e posterior comparao com
o solo melhorado com cal.
Para a realizao deste ensaio foram seguidas as normas descritas na NBR
7182/198612 e utilizada a energia de compactao normal.
Pesou-se uma amostra de 3000,10 g de solo seco ao ar e destorroado, ao qual foi
adicionado 570g de gua, correspondendo a 19% de umidade. O solo foi homogeneizado e o
material foi despejado em um cilindro, com 10 cm de dimetro e 12,73 cm de altura, at
ocupar a tera parte de seu volume. O material foi compactado com um soquete metlico de
massa 2,5 kg, efetuando-se 26 golpes. Em seguida, foi adicionado mais material para ocupar o
segundo tero do recipiente e golpeou-se 26 vezes novamente. O restante do cilindro foi
coberto com amostra at ser atingida uma altura superior a do anel complementar e
procederam-se mais 26 golpes com o soquete metlico. O anel complementar do cilindro foi
removido, retirando-se o excesso de solo com a utilizao de uma esptula metlica. Este
corpo de prova foi pesado e calculou-se o peso especfico mido da amostra utilizando-se a
relao com o volume total do cilindro.
Este procedimento foi realizado com teores de umidade diferentes, partindo-se de
19%, de forma a obter-se a curva de compactao do material utilizado que expressa a
umidade tima e o grau de compactao ideal.
O teor de umidade pode ser definido como a relao entre a massa de gua presente
em certo volume de solo e a massa das partculas slidas, no mesmo volume, expressa em
12
38
porcentagem. A determinao do teor de umidade foi realizada de acordo com a norma NBR
6457/198613.
Onde:
h teor de umidade, %;
mbu massa bruta mida, correspondente massa do recipiente mais a massa
do material mido, g;
mbs - massa bruta seca, correspondente massa do recipiente mais a massa do
material seco, g;
m massa do recipiente, g.
Os teores de umidade utilizados nos ensaios tiveram como base os resultados obtidos
no ensaio de compactao. Aps a anlise das primeiras amostras utilizadas na moldagem dos
corpos de prova, concluiu-se que o processo de pesagem e mistura dos materiais estava sendo
executado de maneira correta, no sendo realizada a determinao do teor de umidade para os
demais CP's.
ABNT NBR 6457/86: Amostras de solo Preparao para ensaios de compactao e ensaios de
caracterizao.
39
b) Usou-se pelo menos cinco recipientes, adicionando ao solo seco teores de cal
de 1%, 2%, 3%, 4% , 5%, 6%, 7%, 8% e 9%. Misturou-se solo seco e cal;
40
Aps o processo de compactao, os CPs foram extrados do molde, pesados com uma
tolerncia de 0,5 gramas e tiveram sua altura e dimetro medidos com um paqumetro (Figura
10).
Figura 10 Corpo de prova moldado para a realizao de ensaios de compresso
41
a) Grau de compactao de 99 a 101% de especificado;
b) Teor de umidade de 0,5% do teor de umidade especificado;
14
DNER-ME 180/90: Solos estabilizados com cinza volante e cal hidratada Determinao da resistncia
compresso simples.
42
15
ABNT NBR 12253/92: Solo-cimento - Dosagem para emprego como camada de pavimento.
43
RESULTADOS E ANLISE
Os resultados obtidos nesta pesquisa so apresentados a seguir.
44
16
45
4.2 Teor de umidade e compactao
Os resultados do ensaio de compactao esto apresentados na Tabela 3. Observa-se que
os valores do peso de solo da amostra cresceram at uma umidade de 29%. A amostra com 34%
de umidade apresentou diminuio do peso de solo, o que significa que a compactao mxima se
encontra no intervalo entre 29% e 34%.
Tabela 3 Determinao do peso de solo e de gua nas amostras com diferentes teores
de umidade
Foi obtido o peso especfico aparente seco das amostras para a determinao da
umidade tima. A Tabela 4 apresenta a relao entre a umidade e o peso especfico aparente
seco das amostras.
Tabela 4 Relao teor de umidade x peso especfico seco das amostras
46
Na Figura 16, possvel verificar que a medida do pH do solo natural foi levemente
cido, com pH igual a 5,54. Com a adio de 1% de cal, a amostra passou para um pH levemente
alcalino. Entre as porcentagens de 2% a 4%, houve um incremento no pH medido. As amostras
com 5% e 6% apresentaram pH em torno de 10. A partir de 7% de cal na mistura, houve uma
estabilizao na medio, ficando o pH em torno de 11,3 a 11,5.
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Tabela 7 Especificaes dos corpos de prova moldados com d = 1,30 e W = 30%, aps
28 dias de cura
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CONSIDERAES FINAIS
A partir do programa experimental e da anlise dos resultados foram estabelecidas as
concluses a seguir.
O principal objetivo desta pesquisa, ou seja, aprofundar os conhecimentos sobre o
mtodo de estabilizao de solos com a adio de cal e verificar a sua influncia nas
caractersticas mecnicas da amostra foi alcanado.
A resistncia compresso simples aumenta de forma linear com o aumento do teor de
cal para o tipo solo utilizado. Amostras moldadas com um peso especfico aparente seco
maior do que o encontrado no ensaio de compactao apresentaram um aumento de 150% na
resistncia. Amostras moldadas com 35% de umidade foram as que apresentaram menores
valores de resistncia.
Nota-se tambm, que a variao do crescimento da resistncia est diretamente ligada
com a massa especfica aparente seca e a umidade da mistura. Para d maiores, esta variao
maior com o aumento do teor de cal, j para w maiores est variao menor.
A possibilidade da moldagem de corpos de prova com d maior do que o encontrado
no ensaio de compactao demonstra que o peso especfico aparente seco e a umidade tima
do solo podem variar com a adio de cal. Ou ainda, pode-se questionar as tcnicas descritas
pela NBR 7182/1986 para a realizao deste ensaio, considerando-se o tipo de solo utilizado
nesta pesquisa.
Com base nos resultados obtidos nos ensaios de compresso simples, para a mistura
solo-cal utilizada, existem vrias maneiras de se atingir as propriedades mecnicas desejadas
para um determinado projeto. H a possibilidade de serem feitas diferentes combinaes entre
teor de cal, densidade de compactao e teor de umidade, dependendo da disponibilidade de
equipamentos e gua e do custo da cal.
Visando dar continuidade a este trabalho, o autor sugere os seguintes tpicos de
pesquisa:
a) A verificao da alterao das propriedades mecnicas de misturas solo-cal em
tempos de cura mais longos;
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b) A execuo de ensaios de resistncia trao, os quais j foram realizados com
as amostras utilizadas nesta pesquisa, mas sem sucesso, devido fragilidade
dos CPs;
c) A utilizao de outros agentes cimentantes para o mesmo tipo de solo;
d) Avaliao do grau de saturao das amostras ensaiadas, para anlise do efeito
da suco na sua resistncia;
e) Avaliao do efeito da cal na curva de compactao.
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REFERNCIAS
ALVES, A. K. Anlise de Distribuio de Tamanho de Partcula por Difrao a Laser.
Aula de Anlise Instrumental. LACER, PPGEM - Universidade Federal do Rio Grande do
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ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS (ABNT). NBR-6457: Amostras
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1986.
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ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS
Determinao do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.
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