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TCC Final - Joara Pimentel
TCC Final - Joara Pimentel
TCC Final - Joara Pimentel
TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E
TERRITÓRIO (ILATIT)
ARQUITETURA E URBANISMO
Foz do Iguaçu
2016
INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE
TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E
TERRITÓRIO (ILATIT)
ARQUITETURA E URBANISMO
Foz do Iguaçu
2016
JOARA DE OLIVEIRA CARDOSO PIMENTEL
BANCA EXAMINADORA
Agradeço primeiramente aos meus pais, João e Angela, pelo apoio, pela luta
para encaminhar eu e meu irmão, principalmente pela sabedoria e paciência em nos
guiar neste longo caminho fora de casa. Ao meu pai agradeço a grande influência na
escolha da minha profissão e no repasse de conhecimento da área, a minha mãe
agradeço a veia artística que predomina no meu traçado. Não posso esquecer-me de
agradecer a minha querida avó, Therezinha, que sempre teve orgulho da minha
determinação e que me incentivou, apesar da distância, a continuar meu sonho.
Agradeço em especial meu namorado, Edivaldo, que nesse período
compartilhou das minhas ideias e me incentivou a continuar nos momentos mais
difíceis, me dando apoio moral e sendo paciente.
A minha orientadora, agradeço a oportunidade por realizar este trabalho, a
paciência, os diversos encontros para a orientação, e principalmente por acreditar e
lutar por um curso ideal de Arquitetura e Urbanismo da Unila.
PIMENTEL, Joara de Oliveira Cardoso. Moradia digna é mais que um teto e quatro
paredes: o papel da localização da habitação social no processo de constituição do
direito à cidade. 2016. 94 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz
do Iguaçu, 2016.
RESUMO
ABSTRACT
This work of course completion aims to understand the process of urbanization of the
city of Foz do Iguaçu, emphasizing the planned peripheralization of the city. Studying
this way, the consolidation of resettlement areas and popular subdivisions fomented by
the public power, and the impacts resulting from these urban actions. In this way the
theoretical basis is based on the concepts of the right to housing and the right to the city,
as well as urban segregation. As a case study, it analyzes the ongoing process of
possible resettlement of the Bubas Occupation accompanied by the Popular School of
City Planning, and that if carried out can reinforce the existing problems resulting from
this urban planning practice.
1 INTRODUÇÃO À PESQUISA
1
Estes estudos sobre possível contaminação eletromagnética nas áreas de reassentamento estão sendo desenvolvidos na
pesquisa de pós doutorado Memórias de Reassentamentos: Violências do Isolamento, e na pesquisa Observatório de Remoções:
Escola Popular de Planejamento da Cidade, ambos sob a coordenação da Profa. Dra. Cecilia Maria de Morais Machado Angileli.
13
2
Segundo o site Gestão Estratégica (2016), o processo de analisar uma organização sob vários ângulos, definindo seus rumos por
meio de um direcionamento que possa ser monitorado nas suas ações concretas, utilizando-se, para tanto, de um instrumento
denominado “plano estratégico”.
14
que o chamado marketing urbano se imponha cada vez mais como uma
esfera específica e determinante do processo de planejamento e gestão das
cidades. (VAINER, 2002, p. 78).
4
A função social da propriedade atualmente, não é mais uma simples imposição de limites negativos ao Direito de Propriedade,
passou também a ser uma determinação de um Direito Positivo. Em outras palavras, não é mais suficiente que o proprietário evite
causar danos aos outros ao exercer o seu direito, é necessário, além disso, que esse proprietário venha a utilizá-lo de modo que
contribua para o desenvolvimento social, sob pena até mesmo da perda da tutela do seu direito. (GOBBO, 2007, p. 406).
16
Latina tanto por mutirões como pelo próprio poder público, podendo se observar os
erros e os acertos destes projetos.
A parte dos estudos das áreas de Foz do Iguaçu teve como base os dados
atuais desenvolvidos em loco pela Escola Popular de Planejamento da Cidade5, sendo
possível através destes mostrar a vulnerabilidade da população em questão.
Através destes procedimentos é possível analisar qualitativamente e
quantitativamente os impactos físicos, financeiros e sociais de tais processos, tendo
como principal resultado o indicativo de áreas com potencialidades para receber essa
população, visando o acesso às oportunidades da cidade e consequentemente a
moradia digna, desenvolvendo assim ferramentas que permitam o cálculo da função
social da propriedade, as quais têm como objetivo geral a provisão habitacional de
interesse social em Foz do Iguaçu, podendo assim contribuir com estudos sobre o
custo benefício da implantação dos conjuntos habitacionais em regiões periféricas da
cidade de Foz do Iguaçu.
Portanto, aplicando esta metodologia será possível: organizar estes estudos
de modo que os mesmos mostrem os principais conflitos e a precarização existentes
nas áreas em que a população foi reassentada em conjuntos habitacionais na cidade
de Foz do Iguaçu; identificar e mapear o estoque de terras (áreas públicas e privadas)
da área de estudo, com o perfil populacional do mesmo; apresentar estudos sobre a
pós-ocupação de alguns desses territórios, para produzir dados sobre as adaptações
no local, criar uma ferramenta de análise custo-benefício da provisão habitacional da
cidade de Foz do Iguaçu – Cálculo da Função Social da Propriedade.
5
De acordo com Angileli, em entrevista pessoal “A EPPC atualmente analisa e contribui com o dimensionamento dos impactos da
reestruturação urbana e social que envolve na Fronteira Trinacional, caracterizada por mais de 30 Grandes Projetos Urbanos
(públicos e privados), questionando análises subestimadas em especial aquelas relacionadas ao deslocamento populacional
forçado. A mesma compõe o Observatório de Remoções (UNILA, UFABC e FAUUSP).”
18
19
6
Segundo o Dicionário Informal (2016) o conceito de habitabilidade é um conjunto de condições que um lugar ou habitação (casa,
apartamento, loja, indústria, etc.) possui que o tornam habitável.
20
8
Segundo o site da InfoEscola (2016) o Estatuto da Cidade é uma lei federal de 2001 de nº10.257, a qual foi criada para
regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal que tratam da política de desenvolvimento urbano e da função social da
propriedade. O Estatuto da Cidade é uma tentativa de democratizar a gestão das cidades brasileiras através de instrumentos de
gestão, dentre os quais podemos destacar o Plano Diretor, obrigatório para toda a cidade com mais de vinte mil habitantes ou
aglomerados urbanos. A aplicação destes instrumentos de gestão trazidos pelo Estatuto da Cidade tem como objetivo a efetivação
dos princípios constitucionais de participação popular ou gestão democrática da cidade e da garantia da função social da
propriedade que se constitui na proposição de uma nova interpretação para o princípio individualista do Código Civil, entre outros
princípios.
22
A história do planejamento urbano entre nós tem sido dominada por uma
certa concepção de cidade e de estratégia de intervenção na política
urbana. A base desta concepção é uma visão que alia a tradição do
urbanismo higienista, em sua versão funcionalista pós-Carta de Atenas, a
uma Economia Política Desenvolvimentista com forte protagonismo do
Estado. (ROLNIK, 2009).
9
É importante reforçar que nem sempre os atendimentos habitacionais se dão através de unidades habitacionais, de acordo com
Cecilia Angileli em entrevista pessoal, que são várias as formas de atendimento e que reforçam as desigualdades, como por
exemplo os alugueis sociais que atendem as famílias removidas por alguns meses e que tem o valor médio de R$400,00, e as
indenizações que em geral são baixas e baseadas no material gasto na construção da moradia.
24
[...] dificultando o acesso à cidade pelas pessoas que possuem menor poder
aquisitivo, e favorecendo agentes como, os grandes proprietários fundiários
e os promotores imobiliários, de vez que terá de levar a infraestrutura a
esses novos bairros. (BATISTA; CORDOVIL, s.d., p.12)
Brasília foi descrito por Luiz Gouvêa (1995, p. 13) como um processo onde “o
governo no Distrito Federal usa a ação na área da habitação como objeto de controle e
segregação espacial das classes populares”, formando assim as cidades satélites e
consequentemente privando a população residente destas áreas ao acesso direto ao
plano piloto, pode se observar nas figuras 2 e 3 a segregação desta população em
áreas periféricas e sem a infraestrutura adequada.
A intervenção do Estado na construção, na densificação e no aumento da
segregação urbana está presente também nos conjuntos habitacionais como a Cidade
de Deus no Rio de Janeiro e a Cidade Tiradentes em São Paulo, os quais são
constituídos por várias habitações populares onde diversas famílias foram
reassentadas, assim como em muitos projetos as demandas dos moradores não são
supridas o que gera, além do descontentamento da população, diversas modificações
nas moradias, tornando a área insalubre e com diversos conflitos.
Segundo Brito (2011) o bairro Cidade de Deus (CDD) foi projetado pelo
governo do Rio de Janeiro em parceria com a COHAB, sendo este construído em três
etapas e financiado pelo BNH entre 1960 a 1968, o local é resultado de uma política de
remoção que foi exercida na zona sul da cidade. Na figura 4 observa-se a localização
do conjunto no município do Rio de Janeiro e sua relação com o centro da cidade.
27
N
Figura 2: Brasília e as Cidades - Satélite. Fonte: VITRUVIUS, 2011, modificado pela autora.
Figura 3: Ceilâdia e Plano Piloto. Fonte: Bibliorodas, 2016; Pense Verde, 2016, modificado pela autora.
28
Figura 4: Relação do Cidade de Deus com o Centro do Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth, 2016, modificado
pela autora.
Figura 5: Imagens do Bairro Cidade de Deus Após Sua Construção. Fonte: Cidade de Deus, 2011, modificado
pela autora.
Figura 4: Relação da Cidade de Deus com o Centro do Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
30
Figura 6: Cidade de Deus Atualmente. Fonte: Jornal do Brasil, 2012, modificado pela autora.
Centro
Figura 7: Imagem da reprodução do processo de periferização atual do Rio de Janeiro com os empreendimentos
MCMV em regiões distantes do centro. Fonte: Dossiê do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro,
2013, modificado pela autora.
31
Figura 8: Relação da Cidade Tiradentes com o Centro de São Paulo. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
Figura 9: Cidade Tiradentes. Fonte: Território Poético Cidade Tiradentes, 2016, modificado pela autora.
Figura 8: Relação da Cidade Tiradentes com o Centro de São Paulo. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
33
Entre os anos 2003 e 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lançou o
principal programa social do seu governo, voltado a suprir o déficit habitacional
existente no país desde a crise da COHAB. O Programa Minha Casa Minha Vida teve
como “meta construir um milhão de moradias, totalizando R$ 34 bilhões de subsídios
para atender famílias com renda entre 0 a 10 salários mínimos” (MOTTA, 2016), esta
política pública está vigente até os dias atuais, porém, é através desta que os
processos de remoções, reassentamentos e segregação vêm se estabelecendo no
território beneficiando o mercado imobiliário e marginalizando a classe baixa.
2.1.2 Mutirões
Figura 10: Relação do Bairro com o Centro. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
Figura 11: Bairro El Cantri de los Villeros, Fonte: Todojujuy, 2015, modificado pela autora.
36
N
Figura 12: Relação do Centro de Osasco com o Bairro COPROMO. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
Figura 13: Detalhe da Construção e Reunião Com os Moradores. Fonte: USINA_ctah, 2016, modificado pela autora.
Figura 14: Localização do Conjunto Habitacional em Osasco. Fonte: USINA_ctah, 2016, modificado pela autora.
37
Somente no mesmo ano foi liberado pelo CDHU o financiamento das outras
160 habitações e em 1996 os 540 das moradias restantes (figuras 13 e 14).
“Es decir, si bien la família queda sin deuda com el Estado, el escasso
monto del subsidio obliga a los beneficiários a ser ellos mismos quienes
transformen en el tempo la mera solución habitacional de uma vivenda
digna (de ahí el nombre de vivenda dinâmica)”. (EQUIPO ELEMENTAR,
2016, p.30).
Figura 16: Quinta Monroy Quando as Obras Foram Finalizadas e Pós Ocupação. Fonte: Arcspace, 2016,
modificado pela autora.
40
41
Foz do Iguaçu sendo um dos principais pontos turísticos do Brasil tem grande
enfoque na mídia por suas belezas naturais e construídas (figura 17). Porém o estudo
em questão vai além da imagem que é vendida da cidade, trazendo para debate as
contradições, as disputas e o processo de urbanização que ocorreram no território,
tendo como ênfase a compreensão da formação e a consolidação das periferias
(imagem 18 e 19).
A cidade é claramente consolidada ao longo dos Rios Paraná e Iguaçu (figura
20), estabelecendo assim uma característica própria local que se estrutura em um
grande eixo viário de norte a sul paralelo a esta frente d’água, a outros eixos de oeste a
leste.
Essa configuração espacial é resultado de vários anos, onde diversos
interesses entraram em conflitos contribuindo para a urbanização e remodelação da
cidade em si. Vale ressaltar que em meados dos anos de 1960 e 1970 o país passava
por um intenso processo de desenvolvimento, onde o aumento da produção energética
estava em alta, dando continuidade ao II Plano Nacional de Desenvolvimento, fazendo
com que Brasil fosse sinônimo de potência, fato este que culminou nas discussões e
implantação da Usina Hidrelétrica de Itaipu, sendo essa considerada por muitos a
principal responsável pela favelização existente em Foz do Iguaçu.
Com o decorrer dos estudos pode-se observar que além de Itaipu outros
fatores também influenciaram diretamente no estabelecimento e adensamento das
favelas, ou seja, o comércio informal junto a Ciudad del Este, sendo considerado um
dois maiores do mundo, e os proprietários das terras ali existentes também tinham
seus interesses envolvidos, implantando no território urbano uma constante disputa.
Deste modo, a
Figura 17: Cataratas e Itaipu. Fonte: Cataratas do Iguaçu, 2016; Achei Viagem, 2016; modificado pela autora.
Figura 18: Ocupação Bubas. Fonte: Paisagens Periféricas, 2015, modificado pela autora.
Figura 19: Periferia de Foz do Iguaçu. Fonte: Gabriele Corrêa, 2015, modificado pela autora.
43
N
Figura 20: Consolidação Atual de Foz do Iguaçu. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
44
Figura 21: Mapa de Foz do Iguaçu Com a Localização das Áreas Desapropriadas Pela Itaipu e a Consolidação do
Bairro Três Lagoas. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
46
Figura 22: Reassentamento da População da Favela do Centro Para o Porto Meira. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
48
Figura 23: Localização do Jardim Jupira. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
50
Variação do Dólar
3,5
2,5
2
Dólar
1,5
0,5
0
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Figura 24: Variação do Dólar Entre 1994 -2014. Fonte: Dados disponíveis em
Finance One, tabela desenvolvida pela autora.
51
Com este processo fica evidente que através deste incentivo ao comércio
informal que há o aumento da população vivendo em situação precária, tendo como
resultado a informalidade e a segregação das favelas existentes na proximidade da
Ponte da Amizade, fato este que influencia diretamente no aumento do comércio
informal entre o Brasil e o Paraguai.
A consolidação das periferias é pleno reflexo dos interesses e conflitos entre
os agentes que se estabeleceram no local, tendo como principal resultado a
configuração urbanística existente atualmente no território e os investimentos em
grandes projetos que ali serão desenvolvidos futuramente.
Atualmente, segundo a Escola Popular de Planejamento da Cidade (2015)
são outros processos que fomentam as mudanças no território da cidade associado
também a interesses econômicos, porém agora se pauta pela implantação de grandes
projetos (figura 25). Neste contexto, o próprio Plano Diretor apresenta claramente este
novo cenário, sendo pautada a sua revisão pelas implantações pontuais, aumentando a
segregação e consequentemente a especulação imobiliária dos vazios urbanos
existentes na estrutura da cidade.
Estão previstos para o local
10
Segundo Issa e Dencker (2006) o processo de turistificação ocorre quando um espaço é apropriado pelo turismo, fazendo com
que haja um direcionamento das atividades para o atendimento dos que vem de fora, alterando a configuração em função de
interesses mercadológicos
52
Figura 25: Mapa dos Projetos Que Serão Executados em Foz do Iguaçu. Fonte: Escola Popular de Planejamento da
Cidade, 2015, modificado pela autora.
53
Figura 26: Expansão Urbana de Foz do Iguaçu (1975 – 2015). Fonte: Plano Diretor do Município de Foz do Iguaçu,
2006; Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
55
Figura 27: Vazios Urbanos da Cidade de Foz do Iguaçu. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
56
N
Figura 28: Imóveis Vagos e Abandonados. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora 2014-2016.
Figura 29: Terrenos e Vazios Urbanos na Região Central de Foz do Iguaçu. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora 2014-2016.
57
Figura 30: Imóvel Vago na Avenida Brasil. Fonte: Joara Pimentel, 2016.
Figura 31: Imóvel Vago na Avenida JK. Fonte: Joara Pimentel, 2016.
58
Figura 32: Expansão Urbana do Cidade Nova I e Cidade Nova II. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela
autora.
Figura 33: Construção das Unidade Habitacionais do Cidade Nova. Fonte: Cidade Nova Informa – CDI, 2016,
modificado pela autora.
61
Figura 34: Favelas e Reassentamentos em Foz do Iguaçu. Fonte: Escola Popular de Planejamento da Cidade, 2015,
dados organizados pela autora.
N N
63
Figura 35: Área de Remoção e de Reassentamento. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
Figura 36: Dados da Ocupação Bubas. Fonte: Escola Popular de Planejamento da Cidade, 205, modificado pela autora.
Figura 37: Quantidade de Crianças na Idade Escolar. Fonte: Escola Popular de Planejamento da Cidade, 2015,
modificado pela autora.
64
11
Este processo é comum às remoções forçadas, sendo um dos principais exemplos a remoção e o reassentamento da Ocupação
Pinheirinho em SP, onde moradores foram expulsos de forma violenta em um processo de reintegração e posteriormente
reassentados. O custo da remoção e do reassentamento foi de R$285.000.000, o triplo do valor do terreno que ocupavam e que
se mantem sem uso. (Relato da pesquisadora Isadora Guerreiro à Profª. Cecilia Angileli – Apresentação Seminário Nacional:
Remoções, Resistências e Intervenções Urbanas).
65
Deste modo, a região da Gleba Guarani tem como finalidade promover novas
moradias visando solucionar a situação “precária” destas famílias. Para a implantação
deste conjunto habitacional nesta área, segundo o site do Jornal do Oeste (2013) a
Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu aprovou o Projeto de Lei Complementar
nº15/2013, o qual permite o aumento do zoneamento urbano, alterando o uso e a
ocupação do solo na região, transformando este local em Zona Especial de Interesse
Social - ZEIS (figura 40).
66
N N
Figura 38: Possíveis Deslocamentos na Ocupação Bubas e na Gleba Guarani. Fonte: Google Earth, 2016, dados
organizados pela autora.
N N
Figura 39: Localização dos Equipamentos Públicos e Sociais. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela
autora.
67
N
Figura 40: Zona Residencial Popular e de Expansão Urbana. Fonte: Plano Diretor do Município de Foz do Iguaçu,
2006, dados organizados pela autora.
68
69
12
Angileli em entrevista com a autora, afirma que em suas pesquisas junto ao Observatório de Remoções – EPPC, não só o custo
baixo destas terras periféricas são os atrativos desta produção habitacional, existem também interesses em especular terras rurais
que teriam maior valor se fossem transformadas em áreas de provisão habitacional.
70
Figura 41: Modelo de Casa do Programa MCMV. Fonte: Construção Mercado, 2009, modificado pela autora.
Figura 42: Valores da Terra. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
73
Figura 43: Proporção do Custo Para Implantação do Conjunto Habitacional no Bubas. Fonte: dados organizados
pela autora, 2016.
N
Figura 44: Valores da Terra. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados
pela autora.
74
Para que esta população que será removida e reassentada nesta região não
sofra com a falta de infraestrutura, o poder público também tem que prever
investimentos em diversos equipamentos. Assim, estes tipos de
[...] terreno mais bem inserido na cidade pode viabilizar melhores condições
de vida (menores gastos com transporte, por exemplo), acesso aos
equipamentos de educação, saúde, cultura e lazer existentes, aproveitando
a infraestrutura e serviços urbanos instalados. (FUPAM, 2012, p.68).
13
Mesmo entendendo que não se trata de um problema em uma grande metrópole, entendemos que muitos dos processos de
segregação urbana se reproduzem em contextos de pequenas e médias cidades.
77
Figura 45: Proporção do Custo Para Implantação do Conjunto Habitacional na Gleba Guarani. Fonte: dados
organizados pela autora, 2016.
Figura 46: Proporção do Custo Para Implantação do Conjunto Habitacional Para 7000 Pessoas na Gleba
Guarani Munido de Infraestrutura. Fonte: dados organizados pela autora, 2016.
Figura 47: Comparação dos Custos do Conjunto no Bubas e na Gleba Guarani Fonte: dados organizados pela autora, 2016.
78
N
Figura 48: Infraestrutura Existente na Cidade de Foz do Iguaçu. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados
pela autora.
79
Figura 49: Preços da Terra em Foz do Iguaçu. Fonte: Imobiliárias de Foz do Iguaçu, 2016, dados organizados pela
autora.
80
Deste modo foi escolhido um terreno sem uso, o qual está localizado próximo
à região central do município (figura 50), sendo constituído por uma área de 15.918m²,
levando em consideração que cada residência do programa Minha Casa Minha Vida
tem 35m², o local teria capacidade de ter 454 residências, abrigando assim em torno de
1.816 pessoas, quase toda a população que compõe da Ocupação Bubas.
Para totalizar o custo desta proposta, foi realizado um levantamento, entre
novembro – dezembro de 2016, de preços dos terrenos na região, chegando à média
de R$634,50 o metro quadrado (figura 51), deste modo o local escolhido para a
consolidação deste conjunto teria um custo total de R$10.099.971,00. Este valor seria
somado ao custo total das habitações, onde uma unidade teria o valor de R$22.362,31;
assim 454 residências teriam um custo de R$10.152.488,74; chegando-se ao valor total
deste reassentamento, o qual é equivalente a R$20.252.449,74 (figura 52).
A terceira proposição visa à articulação do poder público através das políticas
públicas com os movimentos sociais de habitação presentes na região, havendo a
possível participação da população no processo de consolidação do conjunto
habitacional em si, fomentando assim mutirões e readequação do espaço conforme as
necessidades daqueles que irão residir no local, permitindo a consolidação de
moradias que além de terem um custo menor, possam suprir as necessidades dos
respectivos moradores.
N 81
Figura 50: Terreno Sem Uso Escolhido Para o Estudo. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
Figura 51: Valor da Terra na Região Central. Fonte: Google Earth, 2016, dados organizados pela autora.
82
Figura 52: Proporção do Custo do Conjunto Habitacional na Região Central. Fonte: dados organizados pela autora,
2016.
83
84
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BURGOS, A. Blog Crónico. Just Another Way to Tell a Story. Disponível em:
<https://blogcronico.wordpress.com/2010/10/01/una-vuelta-por-el-cantri-de-los-
milagros/>. Acesso em: 02 abril. 2016.
<http://www.cnifoz.com/2012/08/levantamento-historico-da-construcao-do.html>.
Acesso em: 05 novembro. 2016.
CLICK FOZ. Quatro Novas Escolas Serão Construídas Em Foz do Iguaçu. Disponível
em: <http://www.clickfozdoiguacu.com.br/quatro-novas-escolas-serao-construidas-em-
foz-do-iguacu/>. Acesso em: 01 novembro. 2016.
ROLNIK, R. Planejamento Urbano nos Anos 90: Novas Perspectivas Para Velhos
Temas. Disponível em:
<https://raquelrolnik.files.wordpress.com/2009/08/planejamentourbano.pdf>. Acesso: 6
de março. 2016.
VAINER, C. Pátria, empresa e mercadoria. In: ARANTES, O.; VAINER, C.; MARICATO,
E. A Cidade do Pensamento Único: Desmanchos e Consensos. 3ª Edição.
Petrópolis: Editora Vozes, 2002. p. 75 – 103.