O Ensino Da Geografia Nas Instituições de Ensino Superior em Angola
O Ensino Da Geografia Nas Instituições de Ensino Superior em Angola
O Ensino Da Geografia Nas Instituições de Ensino Superior em Angola
SUPERIOR EM ANGOLA1.
Isaac Santo2
Resumo
1
Este artigo uma forma de agradecimento a todos aqueles que defendem uma mudana de paradigma
no ensino da Geografia, particularmente em Angola e um tributo a todos os docentes dos Departamentos
de Cincias da Terra da FCTUC, de Geografia da UMINHO e da FCTA da Universidade Pedaggica de
Moambique
2
Quadro administrativo da Universidade Katyavala Bwila/ISCED de Benguela e docente colaborador do
ISPMaravilha. e-mail: isaacsanto82@outlook.pt
I. Introduo
Ora, entre avanos e recuos, tudo o que o homem faz tem relao directa e de
interdependncia com o meio que o circunda, tratando-se de percepo do espao, de
deleite com o que o rodeia e, assim, faz-se, d-se vida. O surgimento e crescimento da
capacidade criadora do homem, enquanto ser em "constante reequilbrio", obriga-o a
olhar para os desafios como provocao, como meio para separao e no como um fim
em si mesmo. Eis porque, entre o viver e o partir para a eternidade haja a inteno de
bem viver. Porm, ningum bem vive se desconhece e, pior ainda, no reconhece e nem
se reconhece como parte de um todo que deve ser protegido. aqui que se deve
justificar o ensino da Geografia em qualquer nvel de ensino, em especial no ensino
superior em Angola, sendo de assinalar o crescimento de universidades e institutos
pblicas e privadas.
O fim da guerra civil (2002) trouxe entre outras consequncias positivas, uma viso
mais integrada de Angola como nao e motivou a criao de mais "centros de saber"
de carcter pblico ou privado para atender a demanda. Assim, a Universidade
Agostinho Neto passa a ser mais uma das vrias universidades criadas por via do
Decreto n. 7/09, de 12 de Maio, visando "manter slidas, eficientes e com elevada
qualidade pedaggica, cientfica e tecnolgica a rede de instituies de ensino superior
pblicas". Para tal era necessria a adopo de um instrumento que balizasse o ensino
superior no pas. Criam-se as Normas Reguladoras do Subsistema de Ensino Superior
atravs do Decreto 90/09, de 15 de Dezembro (Dirio da Repblica n. 237, I Srie) que
inscreve como objectivos:
Fazendo uma analogia com o ano de 2012, altura em que se realizaram as ltimas
eleies em Angola, notrio o incremento de Instituies de ensino superior pblicas
(ISPb), acompanhadas de uma maior progresso de instituies privadas3 (ISPr), em
resultado da abertura do Estado tendo em conta os objectivos atrs referidos:
3
Destas, o destaque recai para a Universidade Catlica, criada em 1992, vindo a entrar em funcionamento
somente em 1999
populaes. Este um facto inegvel em Angola, onde cada vez crescente o nmero
de Instituies de Ensino Superior4 depois de 2002 (com o fim da guerra civil) nas mais
variadas opes/especialidades quer por iniciativa ou incentivo do Estado. Todavia,
urge perguntar:
Ao perceber-se que a "Geografia como tem, talvez mais do que qualquer outra
unidade do universo cientfico, condies favorveis para a elaborao de
snteses (...) (Brito & Poeira, 1991, p. 31) porque no encaminhar o perfil da
opo: ensino da Geografia preparao de um profissional que atenda aos
novos movimentos sociais, deixando-se do lado de l a prtica geogrfica
tradicional ainda usual em Angola?
Para resposta, "faz-se necessrio questionar os contedos geogrficos que estaro sendo
ensinados e os mtodos utilizados perguntando-se sempre se o saber transmitido est
realmente a servio do estudante" (Pontuschka, 2012, p. 132).
Grf. 2 - Oferta da opo: Ensino da Geografia entre as IES em Angola at Maro de 2016
4
Um n. superior a 30, entre Universidade e Institutos Pblicos, Universidades e Institutos Privados.
Como se nota, somente 9 das 64 IES tm a opo: Ensino da Geografia como sada
formativa, o que representa apenas 14%. Aliado a isto est o facto de no se valorizar o
"curso5", quer descompensando a sua procura (dado o perfil de sada, fundamentalmente
para a educao) quer desmotivando o mercado para a empregabilidade de formados em
Geografia.
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Crente num ensino universitrio "orientado para formaes cientficas slidas, com
aces de formao aliadas investigao" (n. 2 do art. 21. do Dec. 90/09, de 15 de
Dezembro), o Estado angolano regula este subsistema tendo como pressuposto que "o
ensino tem, portanto, como funo principal assegurar o processo e transmisso e
assimilao dos contedos do saber escolar e, atravs desse processo, o
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos" (Libneo, 2009, p. 80). No
entanto, sendo uma pessoa colectiva, depende dos seus agentes para se reposicionar ante
novos desafios e ai onde se deve centrar a aco pedaggica na viso de,
periodicamente, reavaliar a pertinncia da formao que se d ao homem que se quer. A
reflexo desafiadora leva-nos a sugerir que ainda h um enorme desfasamento entre
aquilo que se ensina e o que se devia ensinar, dando ao professor a liberdade de "fazer o
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Este termo ainda discutvel uma vez que, de acordo com certas correntes, s se pode chamar curso
quando se trate de uma especializao, o que no se aplica ao caso da Geografia, entre outras, ligadas s
Cincias da Educao. , para ns, discutvel, porquanto necessrio perguntarmos se o formado em
Geografia no se especializa no ensino da Geografia, ento quem especialista em Ensino da Geografia?
que pode" em face do orientado (cumpridor de programa!) deixando de lado as
expectativas dos alunos. No por acaso que, conforme Bartolomeis (1997, p. 19) "No
se pode estabelecer um programa qualquer com a suposio de que basta desenvolv-lo
em sentido activo". Da no ser incomum, mesmo ao nvel do ensino superior o registo
de que
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Entende-se aqui como profissional de Geografia aquele que faz, ao nvel da graduao,
a formao em Geografia e no aquele que se tenha especializado em ensino da
Geografia. Volta-se, deste modo, a "crtica6" discusso sobre "se quem estudou 4 anos
no ramo da Geografia numa instituio de cincias da educao no especialista em
e , puramente, professor de Geografia, ento quem o ?
6
Para ns.
pessoas com quem trabalham ou convivem para no dizer dos animais que cuidam (ou
no) tm respaldo no mundo da Geografia. Mais do que definir leis entre os homens, a
Geografia necessria porque nos remete a melhor relao com o meio e com os outros
homens.
Educao, pretende formar professores de Geografia com perfil aceitvel que reflicta
um conhecimento global, nas reas de Geografia e nas Cincias da Educao",
conforme se l no Plano de estudos do Curso de Bacharelato e Licenciatura em: Ensino
de Geografia [UKB, 2008?] extensivo a todas as instituies que leccionem esta opo.
Bacharelato: 35 Cadeiras
Licenciatura: 43 Cadeiras
Est-se diante do que se chama "Reforma Curricular" sendo o currculo definido como
"o que transmitido com xito em diferentes nveis a diferentes alunos por professores
implicados, utilizando matrias e aces apropriadas () (Tavares, 2015, p. 45). Por
isso, mesmo ao nvel do ensino superior,
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Neste contexto, de recuperar as palavras de Sua Ex. o Ministro do Ensino Superior de Angola,
Professor Doutor Ado do Nascimento, segundo o qual "no se pode falar em uniformizao" j que "no
existe" um instrumento Regulador. Conforme o jornal Nova Gazeta, na sua edio de quinta-feira, 28 de
Abril (verso impressa), aquele responsvel referiu que a 'no uniformizao dos Planos Curriculares
parte da "necessidade de as instituies terem uma margem de manobra para dar o seu toque prprio e
usar a criatividade, embora reconhea que 'essa variedade [de planos curriculares], 'que "parece um caos
no ajuda na mobilidade de estudantes nem de professores".
Tendo em ateno os aspectos focados, sugere-se:
Isto posto, observa-se, por exemplo, que na grelha de cadeiras respectivas ao curso
(vede quadro 1) h uma "suposta correspondncia" entre a coluna da inscrio com a da
precedncia. Ou seja, possvel notar-se o seguinte: