Pesquisa de Satisfação Dos Beneficiários Do Minha Casa Minha Vida
Pesquisa de Satisfação Dos Beneficiários Do Minha Casa Minha Vida
Pesquisa de Satisfação Dos Beneficiários Do Minha Casa Minha Vida
PRESIDNCIA DA REPBLICA
PRESIDENTE
Dilma Roussef
VICE-PRESIDENTE
Michel Temer
MINISTRIO DAS CIDADES
MINISTRO
Gilberto Magalhes Occhi
SECRETARIA NACIONAL DE HABITAO
SECRETRIA NACIONAL
Ins Magalhes
DIRETORA DE PRODUO HABITACIONAL
Maria do Carmo Avesani
DIRETORA DE URBANIZAO E ASSENTAMENTOS PRECRIOS
Mirna Quinder Belmino Chaves
DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
E COOPERAO TCNICA
Jnia Santa Rosa
ASSESSORIA DE INFORMAES
Anglia Amlia Soares Faddoul
COORDENAO EXECUTIVA DA PESQUISA SNH
Jnia Santa Rosa
Anglia Amlia Soares Faddoul
EQUIPE TCNICA
Jos de Arajo Silva
Monique Toledo Salgado
Ricardo Fiuza Lima
Rodrigo Milan Esteves
APOIO TCNICO
Adam Alves Borges
Joseane Rotatori Couri
Mayara Daher de Melo
Rhaiana Bandeira Santana
Wilsimara Maciel Rocha
CONSULTORES DA PESQUISA
Fernando Garcia de Freitas (Coordenao Tcnica)
rica Negreiros de Camargo
Francesco di Villarosa
Ins Magalhes
Secretria Nacional de Habitao
Ministrio das Cidades
A Secretaria Nacional de Habitao do Ministrio das Cidades (SNH/MCidades) responsvel por formular, implementar, acompanhar e avaliar as aes e programas habitacionais e os instrumentos da Poltica Nacional de Habitao, com o objetivo de promover a
universalizao do acesso moradia digna. Desde 2003, a implementao de importantes
marcos institucionais como o Sistema, o Plano e o Fundo Nacional de Habitao de Interesse
Social e, especialmente, a retomada de vultosos investimentos por meio de dois prioritrios
programas federais, o PAC-Urbanizao de Assentamentos Precrios (PAC-UAP) e o Programa
Minha Casa Minha Vida (PMCMV), trouxeram novos desafios ao planejamento e gesto das
informaes do setor habitacional.
Diante dos volumes histricos de investimento, um dos principais desafios da SNH/
MCidades est diretamente relacionado com o compromisso com a qualidade e a transparncia das iniciativas e aes de monitoramento e avaliao dos programas habitacionais.
Neste sentido, a SNH/MCidades tem tomado iniciativas de contratao e acompanhamento
de pesquisas, de consolidao de bases de dados e de formulao de indicadores, com informaes sobre valores de investimento e a aderncia dos programas ao perfil dos beneficirios.
Alm das iniciativas diversas de contratao de estudos tcnicos, por meio de editais e fundos
pblicos, a SNH/MCidades conta com a parceria de uma rede de instituies pblicas e no-governamentais de excelncia, tanto nacionais quanto internacionais, nos temas de interesse.
neste contexto que a SNH/MCidades buscou a parceria do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea), instituio pertencente Secretaria de Assuntos Estratgicos, para a
realizao da Pesquisa de satisfao dos beneficirios do Programa Minha Casa Minha Vida
e para a publicao do presente livro. Acreditamos que o relato desta experincia conceitual,
e metodolgica contribui para o desenvolvimento das pesquisas e ferramentas dentro do campo de estudos do monitoramento e avaliao de programas habitacionais e, especialmente,
no aprimoramento do processo de planejamento e gesto dos programas, alm de reiterar o
compromisso com a difuso e a disseminao dos resultados alcanados, garantindo transparncia e estimulando o controle social das polticas pblicas urbanas.
A realizao desta pesquisa no teria sido possvel sem a inestimvel participao e coordenao do Professor Fernando Garcia de Freitas, cujo suporte foi integralmente garantido
pela parceria com o Presidente da Confederao Nacional dos Servios, Sr. Luigi Nesse, que
tambm disponibilizou recursos para a contratao de especialista no tema. Agradecemos
tambm a equipe da CAIXA pelo apoio necessrio para a viabilizao da publicao impressa do presente livro em tempo recorde. Finalmente, nosso agradecimento a toda equipe do
Ipea/SAE, na pessoa do Ministro Marcelo Neri, quem, desde o primeiro momento, no teve
dvidas sobre a importncia e oportunidade de trabalhar em parceria com a SNH/MCidades
na viabilizao e realizao desta pioneira pesquisa de satisfao com as famlias de beneficirios do PMCMV.
Esta publicao traz o resultado de uma conjugao de esforos do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e da Secretaria Nacional de Habitao do Ministrio das
Cidades (SNH/MCidades) para a realizao de uma pesquisa, de abrangncia nacional, junto
a moradores de empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Dado que
o Governo Federal tem investido recursos bastante significativos, fundamental monitorar e
avaliar os programas habitacionais, neste caso por meio da coleta e da anlise de informaes
sobre a satisfao com a moradia.
Com isto, o Ipea d concretude, mais uma vez, a sua misso institucional de qualificar a ao governamental, refletindo diretamente sobre um programa que, alm de buscar
aumentar a oferta de habitao no Pas, contribui para promover o desenvolvimento social e
econmico.
A opo por focar, neste trabalho pioneiro, na moradia das famlias de mais baixa renda
atendidas pelo PMCMV, coaduna-se com a maior premncia de necessidades habitacionais
entre os mais pobres.
E, dadas as desigualdades internas do Brasil, anlises com recortes regionais, como os
aqui apresentados, permitem ressaltar particularidades que devem ser levadas em conta pelas
polticas pblicas. Isto especialmente relevante ao tratarmos da moradia e das cidades, pela
variedade de formas que assumem.
Alm de atender s necessidades da SNH/MCidades, no sentido de orientar o aprimoramento dos programas habitacionais, o Ipea espera que os resultados da pesquisa relatada
nesta obra venham a ser conhecidos por um pblico amplo, de modo a informar a opinio
pblica e os diversos atores polticos e sociais interessados na ampliao do acesso moradia
e na busca por cidades melhores para todos.
Boa leitura!
Sergei Suarez Dillon Soares
Presidente do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)
11
Luigi Nese
Presidente da Confederao Nacional dos Servios
13
A CAIXA, no seu papel de principal agente financeiro da habitao e parceira do Ministrio das Cidades, atua permanentemente para buscar a satisfao dos clientes e criar instrumentos para avaliar a oferta e o atendimento de habitaes de interesse social.
Neste sentido, a CAIXA tem grande satisfao em apoiar este importante trabalho,
fruto da parceria da Secretaria Nacional de Habitao do Ministrio das Cidades e o Instituto
de Pesquisa Econmica Aplicada, este vinculado Secretaria de Assuntos Estratgicos da
Presidncia da Repblica. Intitulado Pesquisa de Satisfao dos Beneficirios do Programa
Minha Casa Minha Vida, neste trabalho buscamos apresentar a percepo das famlias frente
s mudanas em termos de custo de vida na nova moradia, o desempenho da unidade habitacional, o entorno da moradia e insero urbana.
Certos de que esse texto inspirar o aperfeioamento das polticas de habitao e insero urbana com vistas incluso social e cidadania, desejamos a voc uma boa leitura!
Jorge Fontes Hereda
Presidente
15
Sumrio
Apresentaes................................................................................................................... 1
1. O contexto da pesquisa................................................................................................19
2. O conceito de moradia, o instrumento de coleta de informao
e os mtodos de validao............................................................................................... 23
2.1. Conceitos fundamentais anlise............................................................................... 24
2.2. As dimenses e variveis da percepo subjetiva....................................................... 27
2.3. Mtodos de validao................................................................................................ 30
3. Amostra de empreendimentos e moradias.................................................................. 33
3.1. Amostragem............................................................................................................... 33
3.2. Representatividade por tipo e regio.......................................................................... 38
3.3. Propriedades dos estimadores.................................................................................... 40
3.4. Estudos de caso......................................................................................................... 41
4. A validade dos instrumentos da pesquisa de opinio.................................................. 43
4.1. Visitas tcnicas........................................................................................................... 43
4.2. Anlise fatorial........................................................................................................... 56
4.3. Concluso..................................................................................................................61
5. Perfil dos entrevistados e das famlias......................................................................... 63
5.1. Perfil dos entrevistados na pesquisa........................................................................... 63
5.2. Perfil das famlias e moradias..................................................................................... 68
5.3. Aspectos relativos a polticas pblicas....................................................................... 73
6. Percepo dos entrevistados com relao aos atributos das
moradias e ao aumento de bem estar.............................................................................. 77
6.1. Unidade habitacional................................................................................................. 77
6.2. Entorno dos empreendimentos.................................................................................. 81
6.3. Insero urbana......................................................................................................... 82
6.4. Custo de vida............................................................................................................. 84
6.5. Bem estar.................................................................................................................. 86
7. Acesso a servios pblicos e a sustentabilidade das famlias
e dos empreendimentos................................................................................................... 89
7.1. Perfil dos beneficirios e localizao dos empreendimentos....................................... 93
7.2. Interlocuo entre moradores e poderes pblicos...................................................... 94
7.3. Arranjos institucionais................................................................................................ 95
7.4. Burocracia versus moradores...................................................................................... 97
7.5. Expectativas e cidadania............................................................................................ 98
7.6. Atrito e adaptao gradual...................................................................................... 99
7.7. Relevncia e potencial do tema da gerao de trabalho e renda................................. 99
8. Os fatores determinantes da satisfao e os aspectos da subjetividade.....................101
8.1. Fatores determinantes da percepo de bem estar....................................................101
8.2. Aspectos da subjetividade na percepo dos beneficirios...................................... 106
8.3. Sugestes para futuras pesquisas............................................................................... 111
Referncias bibliogrficas............................................................................................... 113
Anexo ......................................................................................................................... 115
17
1.
O contexto da poltica
nacional de habitao
e a pesquisa
A poltica habitacional brasileira passou por profundas transformaes desde 2003, ano em que foi criado o Ministrio das Cidades, definindo-se um
novo marco poltico da habitao social, com foco no subsdio demanda e na
reestruturao do sistema de crdito imobilirio. Em 2005, foi criado o Sistema
Nacional de Habitao de Interesse Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitao de Interesse Social (FNHIS), por meio da Lei n 11.124/05, que integrou
os programas destinados habitao de interesse social de todas as esferas do
governo.
Em 2008, o Plano Nacional de Habitao (PlanHab) estabeleceu as diretrizes da poltica habitacional e sua integrao com a poltica urbana, trazendo
inovaes com relao poltica voltada s famlias de baixa renda. Ao final
daquele ano, frente ao cenrio de crise mundial, a atividade imobiliria tambm passou a ser vista como fundamental para alavancar o ciclo de crescimento e o nvel de empregos no Brasil.
O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) surgiu em 2009 com um
amplo leque de estratgias para aumentar o acesso das famlias de baixa renda
casa prpria. Ao mesmo tempo, com o aumento da produo e da aquisio
de novas unidades habitacionais, o PMCMV visava gerao de emprego e
renda, atravs do investimento no setor da construo civil.
Com o objetivo de compatibilizar a prestao da casa prpria com a capacidade de pagamento das famlias, o PMCMV criou subsdios elevados para
a aquisio da moradia para famlias com renda mensal de at R$ 1.600,00
(aproximadamente 3 salrios mnimos de 2011), as quais estavam enquadradas
na chamada Faixa 1 do PMCMV. Tambm facilitou o financiamento por meio
de subsdios diretos demanda, e atravs da reduo de taxas de juros, para
famlias com renda mensal de at R$ 3.275,00 (Faixa 2). Alm disso, criou condies favorveis de acesso ao imvel para famlias com renda mensal de at
R$ 5.000,00 (Faixa 3).
No seu incio, o PMCMV previa a construo de 1 milho de moradias. A
meta proposta foi cumprida com um valor contratado de R$ 55 bilhes. Deste
montante, R$ 18 bilhes (483 mil unidades habitacionais) foram destinados s
19
21
2.
O conceito de moradia,
o instrumento de coleta
de informao e
os mtodos de validao
Esta seo apresenta a fundamentao metodolgica da pesquisa de satisfao levada a campo junto aos beneficirios do Programa Minha Casa Minha
Vida (PMCMV). O desenvolvimento dessa metodologia partiu de uma discusso sobre o carter de subjetividade inerente percepo do morador em
relao ao seu habitar: essa anlise identificou trs dimenses distintas de percepo que trazem informaes complementares sobre o habitar domstico: a
casa, a moradia e a habitao. A percepo de casa est associada diretamente
aos aspectos fsicos do local habitado (seja ele uma casa ou um apartamento),
enquanto que a percepo de moradia est relacionada ao habitar (viver) nessa casa fsica; ou seja, s qualidades fsicas que permitem (ou no) o habitar
adequado, em termos de conforto e local de abrigo. A percepo de habitao
engloba as vises com relao ao entorno da casa a vizinhana e suas caractersticas e sua insero urbana, considerando o acesso a equipamentos
pblicos essenciais, como sade, educao e transportes.
Essa viso geral, detalhada mais adiante, orientou a elaborao do questionrio, que especificou questes para capturar a percepo subjetiva dos moradores com relao s dimenses descritas acima. Aqui h uma escolha por
abordar os aspectos em que a subjetividade mais presente, indo alm das
questes relativas unidade fsica. Isso se deve ao fato de que o PMCMV j
tem um sistema de acompanhamento das questes fsicas das moradias. O
agente financeiro a Caixa Econmica Federal faz a avaliao fsica de todas as unidades habitacionais na entrega e mantm um sistema para registrar
reclamaes com relao aos aspectos fsicos e defeitos construtivos, a fim de
providenciar os reparos cabveis.
Alm de avaliar as percepes com relao ao desempenho da unidade
habitacional, o entorno da moradia e a insero urbana, o questionrio tambm abordou a percepo das famlias com relao s mudanas, em termos
de custo de vida, na nova moradia. H um conjunto final de questes voltadas
23
24
A abordagem dessa necessidade, obrigatoriamente, deve passar pela investigao das relaes estabelecidas no e com o espao domstico, sob o
ponto de vista daqueles que o habitam. Para isso, h que se levar em considerao tanto os aspectos concretos da relao de fisicalidade com o lugar
habitado, quanto os que envolvem questes menos objetivas e palpveis,
tais como os fatores psicolgicos, as influncias socioculturais, as memrias
e referncias de domesticidade experimentadas anteriormente. Tais aspectos
so aplicados cotidianamente por cada morador ou grupo de moradores na
prtica do habitar domstico.
Partindo dessa abordagem, seguem as trs dimenses que fundamentam a percepo do morador em relao sua habitao: a casa, a moradia
e a habitao.
Casa
Partindo-se da abordagem feita acima sobre o conceito de casa, ao se tratar
desta dimenso, considera-se a casa como o objeto material construdo, com
caractersticas fsicas e localizao prprias, cuja funo atender necessidade de abrigo e proteo fsica de seus usurios. Atravs desta abordagem,
o conceito de casa pode ser descrito em dois mbitos sem necessariamente
se estabelecer uma relao hierrquica entre eles. Por um lado, casa pode ser
analisada como um servio em nvel coletivo; por outro lado, casa o lugar
do habitar do indivduo, onde se pratica a privacidade domstica, e atravs do
qual se busca atingir objetivos pessoais do indivduo e os objetivos comuns a
ele e ao grupo de pessoas com quem partilha o espao domstico. o local da
existncia, da subjetividade do morador.
Dessa forma, pode-se considerar a casa como sendo uma mquina que
deve funcionar bem para abrigar satisfatoriamente as atividades fisiolgicas e
privadas de seus habitantes, com conforto e segurana. Ao mesmo tempo, o
ponto concreto que prov aos seus habitantes o apoio e a referncia em relao
ao mundo exterior.
Moradia
A moradia a casa fsica (descrita acima) habitada, onde se faz uso e
se pagam os custos referentes a esse uso - da estrutura concreta da edificao
para se praticar o habitar domstico. Protegidos das adversidades climticas,
ambientais, da insegurana e agressividade urbanas, etc., moradores podem
praticar a privacidade e a intimidade domsticas, obtendo, com isto, o restauro fsico e emocional para novamente voltar ao mundo exterior. Ou seja,
moradia a casa como entidade fsica concreta trabalhando, com sua
materialidade, no sentido de possibilitar a prtica da imaterialidade em seu
25
interior. Elementos, ainda que prosaicos, da estrutura fsica de uma casa janelas e aberturas, encanamento, eletricidade, isolamento acstico e trmico,
etc. devem ser de tal forma eficientes, a ponto de permitir a seus moradores
esquec-los, justamente para poderem entregar a esse espao sua subjetividade, suas aspiraes pessoais e suas percepes de si mesmo; e dele obter
no apenas o apoio fsico, mas tambm, o emocional.
Habitao
onde se d o extravasamento das interaes da moradia para o meio em
que ela se insere o mundo exterior; onde se evidenciam as necessidades
da moradia, as quais devem ser supridas tais como gua, eletricidade, recursos de saneamento e comunicao, etc. no contexto da habitao que se
levam em conta aspectos como o da insero da moradia no seu meio fsico,
social e urbano, o da interao com a vizinhana, o da segurana fsica dos moradores, o da assistncia social, o do acesso a servios como sade, educao,
comrcio, o da empregabilidade, o da mobilidade urbana, etc.
Nesse sentido, a
habitao uma dimenso que abarca
tanto as relaes dos
moradores de uma
casa com os seus vizinhos, quanto as relaes desses moradores
com a sociedade e os
equipamentos sociais
e de servios escolas,
creches, postos de sade, transportes, abasteHabitao: extravasamento das relaes da moradia para o meio onde
cimento, etc. que eles
ela se insere
utilizam na sua vivncia cotidiana.
Pode-se pressupor, aqui, uma distino entre a percepo dessas duas formas de relao: ou seja, a que se d com os outros moradores (vizinhana) e
aquela associada disponibilidade e qualidade da infraestrutura social sendo
que esta ltima independe das pessoas que moram no entorno e est diretamente ligada s polticas pblicas. Com base nessa assuno, foi feita, no questionrio, uma diviso das questes relativas habitao.
26
Concordo
Plenamente
Discordo
Plenamente
<
7 6 5 4 3 2 1
As afirmaes propostas no questionrio abarcaram as dimenses da percepo subjetiva com relao moradia, habitao e ao bem estar. O questionrio foi compartimentalizado em cinco partes: (i) a funcionalidade da unidade habitacional; (ii) o entorno da moradia (empreendimento e vizinhana);
(iii) a insero urbana; e (iv) as despesas com a moradia. Para cada uma delas,
o questionrio props um conjunto de 3 a 6 afirmaes especficas, num total
de 22 questes. No caso das trs primeiras partes, o questionrio prope uma
afirmao sntese com relao satisfao do indivduo. Ao final, proposto
um conjunto de afirmaes referentes satisfao do beneficirio em relao
sua moradia atual, sua percepo de melhoria de qualidade de vida associada
obteno da moradia e sua inteno de ficar na moradia ou mudar. As questes
so apresentadas a seguir.
2 - Sobre essa metodologia, ver NUNNALY (1987) e NUNNALY & BERNSTEIN (1994).
27
Unidade habitacional
Concordo
Plenamente
Discordo
Plenamente
<
7 6 5 4 3 2 1
3. A temperatura da minha
casa desagradvel
(muito quente ou muito fria).
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
5. A minha casa muito pequena.
6. Estou muito satisfeito com a
moradia.
Entorno
7 6 5 4 3 2 1
Concordo
Plenamente
Discordo
Plenamente
<
7. Ns temos relaes muito boas
7 6 5 4 3 2 1
com nossos vizinhos.
8. Aqui no bairro tem muito
7 6 5 4 3 2 1
problema de violncia e pobreza.
9. Aqui perto tem reas de lazer
para as crianas brincarem.
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
28
Insero urbana
12. Aqui perto tem posto de
sade ou hospital.
Concordo
Plenamente
Discordo
Plenamente
<
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
Concordo
Plenamente
Discordo
Plenamente
Satisfao
<
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
7 6 5 4 3 2 1
29
30
31
3.
Amostra de
empreendimentos
e moradias
O universo da pesquisa de opinio com os beneficirios do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) compreendeu todas as famlias que receberam
moradias da Faixa 1 financiadas pelo Fundo de Arrendamento Residencial
(FAR) at 31 de dezembro de 2012. Como a pesquisa foi a campo no segundo
semestre de 2013, os moradores j estavam vivendo h, no mnimo, seis meses
em suas novas casas e apartamentos tempo considerado suficiente para que
tivessem formado um primeiro conjunto de impresses sobre a unidade habitacional, a vizinhana e os servios pblicos oferecidos na regio. No total, o
nmero de unidades produzidas e entregues somou 245.205.
A unidade da Federao com o maior nmero de unidades habitacionais
entregues pelo PMCMV at o final de 2012 era a Bahia (37,4 mil), seguida por
So Paulo (32,3 mil) e Minas Gerais (27 mil). As regies com o maior nmero
de unidades habitacionais entregues eram o Nordeste (quase 92 mil) e o Sudeste (75 mil)1.
As unidades habitacionais do universo da pesquisa pertenciam a 589 empreendimentos da Faixa 1 do PMCMV, com tamanho mediano de 297 unidades
habitacionais por empreendimento. Os vinte maiores empreendimentos tinham
mais de 1.400 habitaes cada um, enquanto que os vinte menores tinham 50
moradias, ou menos. A maior parte desses empreendimentos foi contratada na
primeira fase do PMCMV, entre 2009 e 2011.
3.1. Amostragem
As distribuies por unidades da Federao e por porte dos empreendimentos foram determinantes na primeira estratificao da pesquisa. As unidades
da Federao foram agrupadas em reas representativas, com a finalidade de
reduzir o tamanho da amostra. Dado que os nmeros de unidades habitacionais entregues eram relativamente menores nas regies Norte e Centro-Oeste,
1. Distrito Federal e o Amap no tinham unidades habitacionais entregues at aquele momento.
33
...
At 419
unidades
De 420 a 960
unidades
961 unidades
ou mais
Regio Norte
Regio Nordeste
Maranho
Piau
Cear
Rio Grande do Norte
Paraba
Pernambuco
Alagoas e Sergipe
Bahia
Regio Sudeste
Minas Gerais
Rio de Janeiro e Esprito Santo
So Paulo
Regio Sul
Paran
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Regio Centro-Oeste
Brasil
5.015
19.659
1.753
2.576
2.409
910
244
2.210
1.743
7.814
27.910
11.541
3.333
13.036
20.977
7.742
4.343
8.892
7.811
81.372
7.470
30.957
4.864
3.082
2.467
3.942
584
1.847
1.404
12.767
26.088
11.462
4.939
9.687
9.306
3.284
2.839
3.183
8.592
82.413
8.567
41.167
7.942
4.293
1.280
2.083
1.240
2.396
5.116
16.817
21.070
3.991
7.547
9.532
2.709
2.709
-
-
7.907
81.420
34
Total
21.052
91.783
14.559
9.951
6.156
6.935
2.068
6.453
8.263
37.398
75.068
26.994
15.819
32.255
32.992
13.735
7.182
12.075
24.310
245.205
At 419
unidades
28
90
6
13
13
3
1
10
13
31
128
55
17
56
117
50
21
46
31
394
12
31
5
3
1
2
1
2
3
14
13
4
4
5
1
1
0
0
7
64
Total
48
172
18
22
18
11
3
15
18
67
183
77
28
78
133
57
26
50
53
589
35
At 419
unidades
105
576
21
87
100
66
45
102
80
75
378
153
75
150
690
210
210
270
256
2005
De 420 a 960
unidades
105
1.096
105
159
201
207
90
154
60
120
394
154
120
120
351
90
156
105
309
2255
961 unidades
ou mais
165
1.227
248
124
61
92
190
104
228
180
364
72
182
110
75
75
0
0
150
1981
Total
375
2.899
374
370
362
365
325
360
368
375
1.136
379
377
380
1.116
375
366
375
715
6.241
para o inteiro superior mais prximo, Tabela 3.4. Margens de erro nas
foi determinado o valor de 380 uni- grandes regies e no Brasil, em
dades na amostra. Considerando-se pontos percentuais
todas as reas representativas e as trs rea representativa
Margem
faixas de porte dos empreendimentos,
de erro (%)
a amostra resultou em 6.241 moradias. Regio Norte
5,000%
Essas moradias esto distribudas con- Regio Nordeste
1,795%
Regio
2,900%
Sudeste
forme a Tabela 3.3.
2,883%
O erro-permissvel foi calculado Regio Sul
Regio Centro-Oeste
3,610%
para as agregaes de reas represenBrasil 1,188%
tativas (grandes regies e o Brasil como
um todo). Neste caso, os erros-permis- Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea.
sveis podem ter valores inferiores, conforme esto na tabela ao lado.
TDefinido o nmero de empreendimentos e de unidades, no passo seguinte foram sorteados os empreendimentos de cada estrato, com probabilidade
proporcional ao seu tamanho. Para tanto, os empreendimentos foram listados
em ordem decrescente de nmero de unidades habitacionais. Para cada estrato, utilizou-se uma tabela de frequncia com o nmero de empreendimentos,
conforme ilustrado pela Figura 3.2. Os empreendimentos foram selecionados
36
Nmero de
unidades entregues
Acumulado
Valor sorteado
a=T1 Uniforme(0,T5)
Empreendimento A
Empreendimento B
a+b=T2 Uniforme(0,T5)
Empreendimento C
a+b+c=T3 Uniforme(0,T5)
Empreendimento D
a+b+c+d=T4 Uniforme(0,T5)
Empreendimento E
a+b+c+d+e=T5 Uniforme(0,T5)
Nmero de
unidades entregues
Acumulado
Valor sorteado
Joo Paulo II
740
740
608
1.348
Nmero de
pontos sorteados
48 / 531
1.014
Jardim Paraso
498
1.846
1.497
498
2.344
1.980
420
2.764
2.463
Residencial Videiras
420
3.184
2.946
37
A ltima etapa do plano amostral consistiu na seleo dos domiclios, assumindo-se que todas as unidades habitacionais entregues possuram a mesma
chance de seleo dentro do estrato. O empreendimento Jardim Paraso, por
exemplo, teve um ponto sorteado, correspondendo a 15 entrevistas. Esse empreendimento teve um total de 498 moradias entregues. Com isto, uma unidade habitacional qualquer foi selecionada para a primeira entrevista e, a partir
dela, as unidades subsequentes foram selecionadas por meio de saltos de
498/15 = 33,2, arredondados para 33. Ou seja, seguindo-se um percurso dentro do empreendimento, de tal forma que no houvesse repetio de unidades
habitacionais percorridas, foram selecionadas para entrevista a 1, a 34, a 67,
a 100 unidades, e assim sucessivamente.
Condomnio Loteamento
Sem
A
C
CS
M
Subtotal
C
CS
M Subtotal Especificao
condomnio
loteamento
Regio Norte
45 75
120
210 45
Maranho
21
21
353
Piau
370
Cear
302
302
60
Rio Grande do Norte
115 23
138
227
Paraba
190
190 135
Pernambuco
52 51
103
153
Alagoas e Sergipe 20
20
348
Bahia
180 15
195
60 120
Minas Gerais
85 17 17
119
243
Rio de Janeiro e
Esprito Santo
272 45
317
30
So Paulo
183 15 15
213
167
Paran
210
210
165
Santa Catarina
321
321
45
Rio Grande do Sul
255 45 15
315
60
Regio Centro-Oeste
143 64
207
493
Total
2.374 237 70 110
2.791
2.984 255 45
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea.
38
255
353
370
60
227
135
153
348
180
243
30
167
165
45
60
493
3.284
104
17
30
15
166
RM ou RIDE
135
1.847
227
196
322
297
325
181
164
135
508
68
347
93
726
195
351
180
210
3.426
Demais municpios
240
1.052
147
174
40
68
0
179
204
240
628
311
30
287
390
180
15
195
505
2.815
Total
375
2.899
374
370
362
365
325
360
368
375
1.136
379
377
380
1.116
375
366
375
715
6.241
regio Centro-Oeste. Por sua vez, as maiores frequncias de moradias em condomnios esto no Cear, no Rio de Janeiro e Esprito Santo, em Santa Catarina
e no Rio Grande do Sul.
A tipologia habitacional mais frequente casa (51,6% do total), estando a
maioria dessas unidades localizadas em loteamentos. A segunda tipologia mais
frequente, apartamento, abrange 38% do total de unidades da amostra. Contudo, os apartamentos representam mais de metade das amostras das seguintes
reas representativas: Cear, Paraba, Rio de Janeiro e Esprito Santo, Paran,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As demais tipologias, casa sobreposta
(tambm chamada de village) e mista, so bem menos frequentes e ocorrem tanto em loteamentos como em condomnios.
A rea de atuao do PMCMV compreende municpios com populao
igual ou superior a 50 mil habitantes, incluindo capitais estaduais, as regies
metropolitanas como as de Campinas e da Baixada Santista, em So Paulo, bem
como o Distrito Federal4. Portanto, a rea de atuao do PMCMV abrange, na
maior parte, cidades mdias ou grandes. Observando-se a distribuio das
unidades habitacionais amostradas, verifica-se que 55,8% delas esto localiza4. Posio em 30 de janeiro de 2012. Tambm podem integrar a rea de atuao do FAR os municpios com
populao entre 20 mil e 50 mil habitantes, desde que: i) possuam populao urbana igual ou superior a 70% de sua
populao total; ii) apresentem taxa de crescimento populacional, entre 2000 e 2010, superior taxa verificada no
respectivo estado; e iii) apresentem taxa de crescimento populacional, entre 2007 e 2010, superior a 5%.
39
41
42
4.
A validade dos
instrumentos da
pesquisa de opinio
Esta seo apresenta o resultado das visitas tcnicas e da anlise fatorial realizadas para validar o instrumento de coleta de informaes deste estudo. As
visitas no apenas serviram aos pesquisadores para a verificao do carter de
subjetividade presente nas informaes dos moradores em relao s suas moradias, mas tambm possibilitaram levantar, dentre as questes apontadas pelos entrevistados, aquelas consideradas mais relevantes, para que essas fossem
contrastadas com as informaes das amostras aplicadas em cada empreendimento. A anlise fatorial, por sua vez, permitiu verificar se as afirmaes foram
capazes de discriminar as famlias conforme suas percepes com relao s
moradias, assim como averiguar se as dimenses sugeridas pelos pesquisadores
foram reconhecidas pelos entrevistados.
Acesso ao
empreendimento a
5 minutos a p da
estao do metr.
Transporte
A entrada do empreendimento est a cinco minutos a p da estao de
metr, o que justificaria uma nota relativamente alta no quesito disponibilidade
de transportes. Contudo, muitos moradores reclamaram que as distncias a serem percorridas desde seus condomnios at a sada do empreendimento eram
grandes, e que seria necessrio transporte circulando dentro do condomnio. A
distncia para o trabalho aumentou para a maioria dos moradores, sendo que a
dificuldade para chegar, relatada por alguns, fez com que houvesse uma perda
considervel dos empregos.
A pesquisa de campo realizada nesse empreendimento registrou uma nota
maior para o quesito disponibilidade de transporte (5,44) do que a conferida
ao quesito demora no transporte (4,12), o que est em acordo com os relatos
obtidos na visita. As queixas com relao ao custo do transporte, relatadas na
visita, so consistentes com a nota baixa no quesito custo de transportes da
pesquisa quantitativa (3,83).
Segurana
O empreendimento no tem uma entrada geral fechada, mas, cancelas
com guaritas em cada um dos condomnios, que so cercados com telas de
arame. Embora no tenha havido relatos de assassinatos ou tiroteios, os moradores contaram que os assaltos so frequentes e que consideravam as cercas
dos condomnios uma proteo falha, pois elas eram facilmente cortadas ou
erguidas pelos assaltantes, que invadiam os condomnios. Mesmo no havendo
relatos sobre milcia, moradores admitiram a existncia de faces do trfico de
drogas no empreendimento. A presena
da viatura da PM, circulando duas vezes
por dia, ou a da Guarda Municipal (com
um posto dentro do empreendimento),
tampouco foram consideradas suficientes para impedir tais aes de assaltantes: a Guarda Municipal... essa j perdeu o respeito dos moradores, afirmou
uma moradora.
A pesquisa de campo revelou uma
mdia para o quesito percepo de segurana relativamente baixa (4,34), menor que a do Estado do Rio de Janeiro
Grade de arame que no oferece segurana contra assaltos. (4,69) e a do Brasil (4,74).
47
Estabelecimentos comerciais
O nico centro comercial do empreendimento foi considerado insuficiente e caro pelos moradores. Segundo relataram, nas ruas do empreendimento
existiam Kombis de ambulantes vendendo frutas. Ou, caso optassem pelo supermercado, que fica a meia hora a p, tinham que pagar R$ 10 para que suas
compras fossem entregues.
Emprego
Para os que haviam perdido seus empregos, havia, na regio, menos oportunidades de trabalho em relao a onde moravam antes. Os moradores que
tinham seus pequenos negcios reclamaram da impossibilidade de mant-los: o
custo de arrendamento de um ponto no centro comercial localizado dentro do
empreendimento era alto demais para os moradores (R$ 9.000,00 de depsito e
R$ 1.000,00 de aluguel). Alguns poucos moradores improvisavam algum ganho
com servios de cozinheira em casa e trabalhavam com base no boca a boca.
48
49
Assistncia social
Grande parte dos moradores do Jd. Bassoli vm de reas de risco e de
comunidades carentes de diversos bairros da regio Noroeste da cidade. Muitas dessas pessoas nunca haviam morado em um condomnio e teriam que,
literalmente, aprender como compartilhar espaos comuns do condomnio, e
como se ajustar nova forma de morar, em apartamentos. Na ocasio da visita,
o trabalho social realizado junto aos moradores contava com a participao
ativa de alguns indivduos que, percebendo a necessidade de uma organizao, criaram um grupo o Inter setorial Bassoli1 de moradores. A iniciativa
visa tratar de questes de interesse comum do condomnio. Algumas mulheres
passaram a trabalhar na busca de aes (voluntrias) de integrao, educao,
cultura e lazer, especialmente para as crianas do condomnio que no estavam
frequentando a escola. As reunies de planejamento eram realizadas no salo
de festas do condomnio A.
A nota conferida ao quesito trabalho social, ao contrrio do que se esperava, acabou resultando muito baixa na pesquisa de campo (2,19). A mdia de
So Paulo foi de 4,06 e a do Brasil, 3,29.
Transporte
Alguns moradores relataram que, aps a mudana, tiveram dificuldades
para continuar em seus antigos trabalhos, por falta de condies de transporte.
Segundo contaram, a mobilidade urbana por transporte coletivo era difcil e
tomava muito tempo. Um morador que ia de nibus do Jardim Bassoli at o
centro da cidade levava, em mdia, 2 horas.
No quesito demora no transporte, a pesquisa de campo registrou uma mdia consistente com os relatos coletados na visita (3,23). Essa mdia inferior
do Estado de So Paulo (4,45) e do Brasil (3,87).
Estabelecimentos comerciais
Segundo moradores, no Jd. Bassoli2 existia um pequeno comrcio incipiente para o abastecimento dirio. Alguns no consideraram distante
a localizao desse comrcio at o condomnio, mas, queixaram-se do
preo abusivo que costumava ser praticado ali. Outros preferiam buscar
opes fora do bairro a comprar no Jd. Bassoli, mas tinham dificuldade
por causa da distncia.
2 - https://www.facebook.com/FORUMBASSOLI?fref=ts .
50
Acesso unidade
trrea com rampa
para cadeirantes.
Segurana
Alguns moradores se referiram sensao de insegurana no condomnio.
Relataram que muitos dos moradores tinham ligao com o crime e, por isso,
se sentiam inseguros. A diversidade de origens dos moradores foi apontada
como um problema, por alguns moradores, que afirmaram ser estigmatizados
pelo fato de morarem em um lugar que passou a ter fama de local de pessoas
ligadas criminalidade.
51
Informaes gerais
Endereo: Rua Belmiro Finaza (acesso pela Estrada Municipal Martin
Francisco) Jardim Planalto Mogi Mirim (SP).
Distncia para o centro de Mogi Mirim: aproximadamente 6 km.
Entrega das primeiras chaves: julho/2012.
352 famlias beneficiadas.
Programa arquitetnico da unidade residencial: 2 dormitrios, 1 sala,
1 cozinha, 1 sanitrio, garagem para dois carros, quintal. O Residencial
Floresta um loteamento aberto (no condomnio); est localizado
a aproximadamente 6 km do centro da cidade de Mogi Mirim; foi
implantado ao lado do bairro residencial pr-existente Jardim Planalto.
Foi projetado para atender a 352 famlias, sendo que a seleo dos
beneficiados seguiu os critrios do Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV), que priorizam famlias que contm pessoas com deficincia,
idosos, e pessoas oriundas de moradias em situao de risco; e, por fim, as
demais selecionadas pelo PMCMV, a partir de inscries.
Data da visita: 24/01/2014
Aspectos da infraestrutura do local
Segundo relatos de moradores, na ocasio da visita, a infraestrutura urbana
e o acesso a servios eram insuficientes para a demanda do Residencial Floresta. Segundo relatou o funcionrio da Prefeitura que acompanhou a visita, a situao de precariedade quanto ao comrcio local, transporte e escolas j afetava
os moradores do Jardim Planalto antes mesmo da implantao do Residencial
Floresta. Com a implantao desse loteamento, e o consequente aumento da
demanda da populao que se mudou para o local, essas questes se agravaram, ficando ainda mais evidente a necessidade de ampliao da disponibilidade de vagas para alunos nas escolas, do aumento da capacidade de postos de
sade, do transporte e do comrcio local.
No geral, t precrio a estrutura, mas, sobre a moradia, o bairro, os
vizinhos, n, a gente tamos vivendo todo mundo em harmonia, n, s
que h essas questes a, que todo mundo precisa. (moradora)
53
Educao
Segundo informaram moradores, pais de crianas em idade escolar, no
havia vagas em escolas primrias perto do residencial. Seus filhos dependiam
de transporte coletivo (por vezes, dois), que passavam com baixssima frequncia, para ir a escolas em ouras regies. Esse problema, muitas vezes, fazia com
que pais deixassem de mandar seus filhos escola, que ficam em casa.
A pesquisa de campo registrou, nesse empreendimento, uma das piores
notas em termos de acesso educao (1,24), o que parece consistente com
a distncia da rea em relao aos equipamentos pblicos de educao
fundamental. A nica escola prxima, de fato, no suficiente para o atendimento da regio.
Sade
H, na entrada do empreendimento, um posto de sade cuja estrutura
foi dimensionada para um nmero bem menor do que o de moradores do
local. Segundo um morador, para emergncias, era preciso recorrer ao Pronto
Socorro da Santa Casa de Mogi Mirim (que fica a aproximadamente 5 km do
Residencial Floresta).
Nesse quesito, contudo, a avaliao feita por meio do questionrio na pesquisa de campo indicou uma mdia surpreendentemente alta (6,78), valor prximo da mdia do Estado de So Paulo (6,75) e bem superior do Brasil (4,36).
Assistncia social
Segundo informao da Caixa Econmica Federal, no momento de pr-ocupao, houve um importante trabalho social efetivo, para a identificao da
origem e da compatibilidade da populao que iria ocupar o empreendimento.
Contudo, por ocasio da visita, tivemos a percepo de certa displicncia no atendimento social dado s questes dos moradores. Ao chegarmos ao local, aguardavam-nos um funcionrio da Prefeitura e a assistente
social designada para estabelecer o contato prvio com representantes dos
moradores e inform-los do propsito da reunio a ser realizada (ou seja,
a obteno de depoimentos a respeito de suas impresses de (in)satisfao
com a moradia). Contudo, no havia sido dada qualquer informao prvia
aos moradores, que no haviam se organizado para a reunio. Ficando praticamente impossvel o contato com as lideranas dos moradores, solicitamos assistente social que, ao menos, nos indicasse alguns endereos, aos
quais poderamos nos dirigir para conversar com os moradores. Infrutfera
54
Descrio
Cargas Fatoriais
v058
0,4882
v060
0,5248
v068
v070
0,6899
v072
0,6685
Descrio
Cargas Fatoriais
v064
0,6153
v065
0,7211
v067
0,6447
v069
0,4508
O segundo fator tambm rene afirmaes que tiveram notas relativamente baixas na pesquisa de campo. Contudo, esse fator rene afirmaes que
tm um sentido intuitivo claro, porque todas esto essencialmente associadas
localizao dos empreendimentos (aqui perto, no bairro). Vale observar que
so caractersticas prprias aos empreendimentos e comuns para todos os seus
moradores: distncia do ponto de nibus, existncia de posto de sade. J o terceiro fator reuniu afirmaes bem avaliadas pelo pblico, trs delas relativas a
aspectos mais objetivos: o espao concreto e o custo da prestao. H uma afirmao que se agrupou a elas, mas que est ligada relao com os vizinhos.
As questes v057 (No temos problemas graves de umidade (ou goteira)), v063
(Aqui no bairro tem muito problema de violncia) e v074 (As contas de gua, luz e
condomnio so muito altas) no alcanam a carga fatorial de 0,4 em nenhum dos
fatores. Isso indica uma baixa correlao dessas variveis com as demais.
Dessa anlise, pode-se depreender que o padro de respostas dos entrevistados mostra um grau de correlao maior entre os quesitos conforme a
positividade ou negatividade da questo, a separao entre notas altas e baixas,
e a segregao de aspectos objetivos de subjetivos. Os conceitos de moradia, habitao e custo de vida no se separam de forma natural na viso dos
respondentes. Nesse sentido, a anlise fatorial exploratria sugere que as dimenses estruturadas tm um papel mais de organizadoras da anlise do que,
propriamente, refletem a viso consensual dos entrevistados. Mas a separao
de aspectos bons de ruins, desde j, indica que o questionrio foi bem sucedido na tentativa de identificar caractersticas distintas dos empreendimentos na
viso dos beneficirios do PMCMV.
58
Descrio
Cargas Fatoriais
v056
0,4658
v059
0,6136
v062
0,6236
v073
0,5764
Varivel
Descrio
Cargas Fatoriais
v056
0,5643
v058
0,7549
v060
0,6038
v057
No temos problemas graves de umidade
(ou goteira).
0,7723
v059
0,6785
A Tabela 4.4 traz as cargas fatoriais das afirmaes associadas dimenso moradia (desempenho da unidade habitacional). A anlise fatorial
indicou a existncia de dois fatores com Eigenvalores superiores a 1 e cargas
fatoriais elevadas: o primeiro rene as afirmaes associadas a Iluminao,
temperatura e tamanho da moradia; o segundo fator rene os quesitos umidade e distribuio.
59
Descrio
Cargas Fatoriais
1
v062
0,7880
0,6908
2
v064
0,8517
0,8388
v063
v065
A Tabela 4.5 traz as cargas fatoriais das afirmaes associadas dimenso relativa a um aspecto da habitao que o entorno da moradia. A anlise fatorial indicou a existncia de dois fatores com Eigenvalores superiores
a 1 e cargas fatoriais elevadas: o primeiro rene as afirmaes associadas
a vizinhos e segurana e o segundo fator rene afirmaes associadas a
trabalho social e lazer. Neste caso, houve a separao entre as afirmaes
com notas maiores e as com mdias menores, ao mesmo tempo em que
a separao sugerida pela anlise fatorial tem interpretao intuitiva. Os
quesitos trabalho social e reas de lazer so definidos nos projetos dos
empreendimentos, ao passo que as exigncias do poder pblico mudaram
entre as fases 1 e 2 do PMCMV. De outro lado, a vizinhana e a segurana
tm relao conceitual forte e esto associadas localizao dos empreendimentos e ao processo de seleo das famlias2.
Varivel
Descrio
Cargas Fatoriais
v067
0,7634
v069
0,8125
2
v068
0,8166
v070
0,7596
60
Descrio
Cargas Fatoriais
1
v072
0,7725
v074
0,7692
2
v073
0,9909
Finalmente, os dados da Tabela 4.7 descrevem a anlise fatorial das afirmaes relativas a mudanas de custo de vida. O primeiro fator reuniu elementos que representaram aumento do custo de vida: despesas de transportes e habitao. O segundo isolou a questo relativa ao valor da prestao.
Essa separao reflete as mdias das notas nestes quesitos: piora, de um lado,
e melhoria, de outro.
4.3. Concluso
As visitas a trs empreendimentos realizadas pela equipe que desenvolveu
as afirmaes das escalas de Likert empregadas na pesquisa de campo trouxeram informaes valiosas sobre a percepo dos beneficirios do PMCMV. O
relato de moradores e a observao direta dos pesquisadores foram consistentes com as estatsticas tabuladas nos empreendimentos visitados para a grande
maioria das questes tratadas. Isso sustenta que o entendimento das questes
propostas por parte dos entrevistados est em acordo com o entendimento dos
investigadores.
A anlise fatorial, por sua vez, revelou que as respostas dadas pelos entrevistados na pesquisa amostral de campo mostram que os beneficirios tm a
capacidade de separar os aspectos positivos dos negativos sem vcios de sinal
61
62
5.
36,3
37,5
34,9
36,1
35,7
36,3
38,0
38,0 37,0
36,4
38,4
38,3
Pesquisa de campo
PMCMV - cadastro CEF
35,8
38,0
39,3
37,7
37,5
37,9
39,1
38,4
38,8
38,5
Brasil 38,1
38,5
43,4
41,5
37,2
39,8
40,4
41,5
maioria de homens entrevistados a maior participao masculina foi verificada na rea composta por Rio de Janeiro e Esprito Santo, onde 40,2% dos
entrevistados eram do sexo masculino. Os estados com as maiores taxas de
mulheres entrevistadas foram Alagoas e Sergipe (89,9%), Cear (88,8%), Minas
Gerais (86,5%) e Rio Grande do Norte (86,3%). As mulheres tambm foram
maioria entre os entrevistados nos estudos de caso. Contudo, nos empreendimentos localizados na Regio Norte e no Maranho, as propores de mulheres foram menores que as das respectivas reas representativas. No empreendimento Bairro Carioca, no Rio de Janeiro, observou-se o inverso, com mais
mulheres entrevistadas (diferena de 13,6 p.p.) em relao rea representativa
composta por Rio de Janeiro e Esprito Santo.
A condio mais frequente do entrevistado na famlia de chefe da famlia
(52,6%), seguida das condies de companheiro(a) (36,5%) e de filho(a) (8,1%).
Somadas, essas condies compreendem 97,3% dos entrevistados. A condio
de chefe da famlia s no foi maioria absoluta entre os entrevistados nos estados
de Alagoas e Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranho, Pernambuco e Bahia,
alm da regio Norte. Dentre os estudos de caso, chama a ateno a condio
mais frequente de filho(a), observada no Bairro Carioca, no Rio de Janeiro.
pergunta Qual a sua cor ou raa?, aproximadamente metade dos entrevistados escolheu a categoria parda, em todo o Brasil. A distribuio est
64
38,5
39,6
82,2%
68,0%
83,3%
75,7%
71,5%
79,3%
88,8%
86,3%
80,6%
82,8%
82,1%
89,9%
81,6%
72,7%
86,5%
59,8%
60,3%
73,4%
67,5%
74,8%
80,3%
73,6%
69,1%
69,5%
77,0%
49,5%
34,7%
44,5%
42,3%
33,4%
39,3%
38,5%
51,8%
26,0%
40,3%
37,7%
63,0%
43,1%
29,4%
38,4%
23,0%
20,0%
26,5%
25,0%
27,8%
34,0%
26,7%
21,3%
30,5%
36,5%
Outra
condio
3,6% 2,2%
12,0%
16,0%
5,5% 1,6%
7,3% 2,1%
4,8%
0,0%
4,8% 3,4%
6,9% 2,2%
3,3%
1,8%
10,9% 1,8%
9,8% 0,0%
8,0%
0,0%
3,0%
0,3%
5,4% 1,6%
12,5% 3,4%
7,1%
1,2%
9,7%
5,5%
13,7%
0,2%
39,5%
0,2%
18,4%
4,1%
4,3% 2,1%
3,7% 1,9%
6,7%
1,3%
3,5%
2,8%
12,3% 6,1%
8,1% 2,7%
Branca
Preta
Amarela
Parda
Indgena
Norte
Meu Orgulho (etapa I)
Nordeste
Maranho
Residencial So Jos (I a IV)
Piau
Cear
Rio Grande do Norte
Paraba
Pernambuco
Fazenda So Francisco (I e II)
Alagoas e Sergipe
Bahia
Sudeste
Minas Gerais
Rio de Janeiro e Esprito Santo
Bairro Carioca (I a III)
Vivendas das Castanheiras
So Paulo
Sul
Paran
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Centro-Oeste
Brasil
Em resposta pergunta Qual foi a ltima srie escolar que voc concluiu
com aprovao?, verificou-se, no Brasil como um todo, que pouco menos da
metade dos entrevistados (46,8%) declarou ter cursado o ensino fundamental,
mas sem chegar a conclu-lo; outros 9,4% teriam concludo o ensino fundamental. Quanto ao ensino mdio, 12,4% teriam cursado, sem concluir, enquan66
31,3%
32,0%
46,7%
33,1%
47,4%
44,4%
46,9%
39,3%
48,3%
59,1%
48,3%
59,3%
43,7%
53,2%
65,5%
43,2%
46,6%
53,2%
47,8%
48,5%
48,5%
44,5%
50,9%
46,6%
46,8%
8,5%
9,3%
8,4%
10,0%
0,0%
6,4%
12,7%
16,6%
8,7%
3,7%
7,9%
7,8%
7,6%
8,9%
8,4%
11,8%
6,9%
26,5%
7,9%
15,2%
13,4%
18,3%
15,5%
6,6%
9,4%
13,2% 32,9%
14,7% 42,7%
8,6% 26,3%
9,3% 37,8%
14,2% 33,6%
15,9% 20,1%
8,8% 26,8%
12,1% 26,7%
10,2% 23,6%
6,1% 18,1%
4,0% 17,9%
5,3% 11,5%
7,1% 32,6%
17,2% 16,5%
9,5% 12,5%
20,2% 17,6%
26,6% 13,4%
13,2% 6,8%
22,1% 19,1%
13,0% 15,7%
13,6% 17,2%
10,0% 14,9%
14,1% 14,5%
10,1% 28,7%
12,4% 23,3%
9,5%
0,0%
1,5%
2,3%
0,1%
2,6%
1,1%
0,1%
3,1%
1,1%
2,0%
1,3%
1,5%
1,2%
1,7%
1,5%
0,0%
0,0%
0,6%
2,0%
0,8%
6,7%
0,6%
2,3%
2,3%
1,3%
0,0%
1,5%
1,5%
0,0%
3,8%
1,8%
1,7%
0,9%
1,1%
2,0%
0,6%
1,1%
0,4%
0,1%
0,9%
0,1%
0,0%
0,4%
1,7%
1,9%
0,6%
2,1%
1,4%
1,2%
67
12,2%
20,0%
3,2%
14,0%
0,1%
4,8%
2,7%
0,5%
8,7%
1,8%
4,0%
1,2%
3,8%
2,6%
2,3%
3,1%
0,1%
0,2%
2,5%
1,3%
1,9%
0,8%
0,8%
0,0%
3,9%
0,4%
0,0%
0,1%
0,2%
0,0%
0,0%
0,2%
0,0%
0,0%
0,5%
0,0%
0,0%
0,1%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,1%
Nmero mdio
Nmero mdio
de moradores
de moradores por cmodo utilizado
por domiclio
como dormitrio
4,19
4,49
3,65
3,62
3,38
3,66
3,70
3,85
3,32
3,68
3,43
3,68
3,61
3,85
3,91
3,78
3,58
3,93
3,83
3,47
3,76
3,23
3,28
3,65
3,73
2,04
2,12
1,80
1,79
1,69
2,03
1,84
1,92
1,60
1,77
1,65
1,79
1,73
1,90
1,93
1,86
1,67
1,94
1,89
1,72
1,84
1,62
1,65
1,78
1,84
Percentual de
domiclios com
adensamento
excessivo
3,4%
2,7%
3,0%
2,6%
0,0%
5,3%
2,6%
2,8%
0,6%
3,6%
0,0%
2,0%
2,7%
5,0%
3,0%
3,6%
6,5%
0,2%
7,4%
2,4%
3,1%
1,3%
2,2%
1,2%
3,4%
O nmero mdio de moradores por domiclio era de 3,73, na mdia nacional. As mdias mais altas foram observadas na regio Norte (4,19) e em
Minas Gerais (3,91) e as mais baixas, em Santa Catarina (3,23) e no Rio Grande
do Sul (3,28). O empreendimento Meu Orgulho apresentou a mdia mais alta
entre os estudos de caso (4,49), excedendo, portanto, o observado na regio
Norte como um todo.
O nmero mdio de moradores por cmodo utilizado como dormitrio
foi de 1,84, no pas. Dentre as reas representativas, as mdias mais altas foram
na Regio Norte (2,04) e no Piau (2,03), e as mais baixas, na Paraba (1,6) e
em Santa Catarina (1,62). Novamente, o empreendimento Meu Orgulho teve a
mdia mais alta (2,12) entre os estudos de caso.
Os dados da pesquisa tambm possibilitam verificar a presena de adensamentos excessivos. No Brasil, tal situao ocorreu em 3,4% dos domiclios.
Nas reas representativas, os valores mais altos estavam em So Paulo (7,4%) e
69
70
18,4%
22,7%
30,2%
29,2%
19,4%
26,3%
26,8%
25,2%
34,5%
35,9%
35,8%
21,2%
33,6%
32,8%
24,4%
36,2%
20,8%
33,4%
38,1%
33,9%
25,5%
41,5%
39,1%
40,6%
31,5%
62,4%
54,7%
52,5%
58,1%
80,5%
59,9%
60,7%
58,7%
55,1%
47,7%
48,3%
62,2%
46,6%
47,6%
56,0%
38,9%
53,2%
53,2%
44,8%
52,6%
56,2%
47,3%
51,7%
46,8%
51,6%
19,2%
22,7%
17,3%
12,8%
0,1%
13,8%
12,5%
16,2%
10,4%
16,4%
15,9%
16,6%
19,9%
19,6%
19,6%
24,8%
26,0%
13,4%
17,1%
13,5%
18,4%
11,1%
9,2%
12,5%
16,9%
4,19
4,49
3,65
3,62
3,38
3,66
3,70
3,85
3,32
3,68
3,43
3,68
3,61
3,85
3,91
3,78
3,58
3,93
3,83
3,47
3,76
3,23
3,28
3,65
3,73
Presena de
alguma pessoa
com deficincia
2,04
2,12
1,80
1,79
1,69
2,03
1,84
1,92
1,60
1,77
1,65
1,79
1,73
1,90
1,93
1,86
1,67
1,94
1,89
1,72
1,84
1,62
1,65
1,78
1,84
34,2%
48,5%
68,5%
67,7%
80,1%
34,2%
46,6%
Empreendimentos
e estudos de caso
Presena de alguma
pessoa que recebeu
rendimentos do
PBF e/ou do PETI
34,9%
48,3%
35,4%
34,2%
37,0%
Santo (38,9%). Esta ltima rea representativa tambm foi aquela que teve o
maior percentual de moradias com trs ou mais crianas (24,8%). Em relao
aos estudos de caso, cabe destacar as diferenas que havia entre os dois empreendimentos no Rio de Janeiro menos crianas nos domiclios do Bairro
Carioca e mais crianas no Vivenda das Castanheiras.
A pesquisa tambm incluiu perguntas especficas sobre a presena de idosos e pessoas com deficincias nos domiclios, as quais so apresentadas na
Tabela 5.5. Na maioria das unidades habitacionais brasileiras (84,3%) no havia
idosos. As reas representativas nas quais havia a maior presena de idosos
foram as dos estados de So Paulo (25,5% dos domiclios) e Rio de Janeiro e Esprito Santo (23,1%). As menores frequncias ocorreram na regio Norte (9,3%)
e no estado do Piau (10,0%).
Os estudos de caso mostraram-se contrastantes entre si e em relao s
reas representativas onde esto localizados. O empreendimento Meu Orgu71
lho tinha presena de idosos em quase um tero dos domiclios, e o Loteamento Fazenda So Francisco, em mais de um quarto dos domiclios. Por sua vez,
os empreendimentos de So Jos do Ribamar e o Vivenda das Castanheiras, no
Rio de Janeiro, apresentaram percentuais bem menores do que os das respectivas reas representativas.
A pesquisa indicou haver presena de pessoas com deficincias em 12,1%
dos domiclios. Dentre as reas representativas, as maiores presenas de pessoas com deficincias foram registradas na regio Centro-Oeste (18,8% dos
domiclios) e no Rio de Janeiro e Esprito Santo (16,8%). Minas Gerais (5,9%) e
Piau (6,9%) apresentaram as menores propores de moradias com presena
de deficientes. Novamente, alguns estudos de caso mostraram valores mais
extremos: os empreendimentos de Manaus e de So Jos do Ribamar tiveram
percentuais bastante superiores aos das respectivas reas representativas (regio Norte e estado do Maranho).
72
Proximidade de lixes ou de esgoto a cu aberto: o bairro ficava localizado prximo a um lixo, ou as pessoas jogavam tanto lixo nas ruas
ou nos terrenos, que isso acabava atraindo bichos e colocando a sade
das pessoas em risco; ou, h lugares em que o esgoto (no a gua da
chuva) corria pelas ruas ou pelos terrenos das casas, o que tambm
trazia riscos sade.
As frequncias de cada uma das situaes de risco esto apresentadas
na Tabela 5.7. No Brasil como um todo, observou-se que a situao mais frequente na rea do domiclio anterior era a de alagamento (18,4%), seguida da
de proximidade de lixes e esgoto a cu aberto (13,7%), esta ltima estando
praticamente empatada com a de inundaes (13,4%); e, por ltimo, a dos deslizamentos de encostas (6,7%) ver Tabela 5.7.
No caso das situaes de risco, a anlise por rea representativa importante, uma vez que essas condies podem estar localizadas de modo heterogneo no territrio. As maiores frequncias de meno a alagamento ocorreram em Alagoas e Sergipe (39,7%), regio Norte (30,5%), Rio Grande do Sul
(28,6%), Bahia (27,6%) e Paran (25,5%). Por sua vez, as inundaes tambm
foram mais mencionadas em Alagoas e Sergipe (41,9%), Rio Grande do Sul
(26,0%), Bahia (22,4%) e Piau (22,0%). Esse fato sugere que a amostra da pesquisa tenha captado unidades habitacionais produzidas para reassentamento
de populao em cidades atingidas por enchentes. Quanto aos deslizamentos
74
No Sim
42,1%
33,1%
43,5%
23,5%
66,1%
93,7%
94,1%
96,3%
17,5%
89,5%
83,9%
74,8%
89,5%
81,2%
49,2%
44,6%
57,9%
66,9%
56,6%
76,5%
33,9%
6,3%
5,9%
3,7%
82,5%
10,5%
16,1%
25,2%
10,5%
18,8%
50,9%
55,4%
75
6.
Esta seo apresenta as tabulaes da pesquisa de satisfao dos beneficirios do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), Faixa I, tomando por referncia as reas de ponderao representativas da pesquisa. Alm das Grandes
Regies do territrio nacional e das unidades da Federao, as tabelas trazem
os valores para os empreendimentos em que a amostra permite a inferncia
para a totalidade dos moradores os cinco estudos de caso em que a pesquisa amostral foi complementada com investigao no campo. A exposio
dos resultados segue a sequncia do questionrio, que investigou as questes
relativas unidade habitacional, ao entorno dos empreendimentos, insero
urbana, ao custo de vida e, finalmente, percepo de bem estar.
7,71
7,75 3,78 8,50
4,47
9,50
4,00
6,10
8,68
5,40
9,22
6,84 5,86 8,76
5,38
7,73
7,76 2,42 7,82
4,26
9,60
7,91
2,93
7,08
4,93
9,34
6,59 3,69 7,22
2,73
8,90
8,47 2,25 8,85
4,69
8,83
7,20
2,93
8,56
4,63
9,72
8,28 4,17 8,49
3,84
9,70
8,60 5,27 8,37
4,98
9,87
9,59
5,82
4,74
2,47
9,65
4,59
9,02
9,39
7,61
9,69
6,34 8,40 9,50
6,45
8,85
4,78 5,44 6,80
4,36
8,78
4,50 5,61 6,95
3,72
8,05
5,91
5,15
6,11
4,71
8,95
7,16
4,61
7,27
6,07
8,40
8,09
4,81
6,63
4,76
9,29
4,47 5,44 7,01
4,73
8,92
5,60 5,10 7,95
4,79
8,47
5,70 5,88 7,25
4,27
8,89
5,49 5,12 7,95
4,59
9,45
5,57
4,20
8,76
5,51
8,95
7,70 4,71 7,30
2,79
8,91
6,21 5,34 7,88
4,66
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
reas mais quentes do pas com as mais altas mximas e mnimas no dia. Os
beneficirios do Rio Grande do Sul, populao que est sujeita a temperaturas
mais baixas, revelaram um conforto trmico menor.
interessante notar que as notas atribudas ao quesito umidade esto negativamente relacionadas com as mdias atribudas ao quesito satisfao com a
temperatura. Isso indica que as reas com maior conforto trmico apresentam,
em geral, menor conforto com relao umidade. O Grfico 6.1 apresenta essa
relao.
De forma geral, os beneficirios estavam satisfeitos com a distribuio dos
cmodos das moradias, visto que tanto a mdia nacional (7,88) como as notas
mdias em cada regio so relativamente altas. De outro lado, a mdia da nota
de satisfao com relao rea da moradia relativamente baixa (4,66). Apenas as reas de Alagoas e Sergipe e de Bahia e Rio Grande do Sul registraram
notas mdias superiores a 5,0.
importante notar, contudo, que as notas com relao satisfao com a
rea esto positivamente associadas satisfao com relao distribuio dos
cmodos, conforme ilustra o Grfico 6.2. Isso indica que, em geral, as famlias
que esto mais satisfeitas com a disposio dos cmodos da moradia tm uma
insatisfao menor com a rea. Esse padro pode estar associado ao perfil dos
beneficirios da Faixa I do PMCMV: a grande maioria veio de assentamentos
precrios e reas de risco critrios prioritrios para a acomodao das fam79
80
Vizinhos
8,43
8,67
8,93
8,25
9,36
9,34
8,64
9,02
8,77
9,43
9,76
9,79
8,86
8,19
8,34
7,01
7,07
6,89
8,65
8,60
8,78
8,85
8,25
8,85
8,61
Segurana
Lazer
5,49 3,42
4,52
1,62
5,80 3,46
5,98 1,70
1,50
8,24
6,40 2,29
4,49 4,14
6,71
4,43
3,50 2,43
6,98 4,32
8,16
2,97
5,44
1,90
5,63 4,42
4,36 3,31
4,05
2,74
4,69
3,02
4,34
4,70
5,43
4,76
4,47
3,92
3,76 3,59
4,18 3,23
3,51
3,99
3,42
3,75
2,56 4,09
4,74 3,49
Trabalho social
2,62
2,02
2,95
1,53
6,86
3,10
3,91
2,02
4,90
3,74
2,57
2,54
3,32
3,36
2,22
3,88
4,32
5,08
4,06
3,18
2,81
3,70
3,29
5,05
3,29
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
Sade
Escola
Norte
Meu Orgulho (etapa I)
Nordeste
Maranho
Residencial So Jos (I a IV)
Piau
Cear
Rio Grande do Norte
Paraba
Pernambuco
Fazenda So Francisco (I e II)
Alagoas e Sergipe
Bahia
Sudeste
Minas Gerais
Rio de Janeiro e Esprito Santo
Bairro Carioca (I a III)
Vivendas das Castanheiras
So Paulo
Sul
Paran
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Centro-Oeste
Brasil
2,46 2,85
0,18
0,90
3,52 4,55
1,16 4,14
9,25
2,16
4,62 3,83
5,66 4,77
3,49
3,51
3,95 4,12
3,32 3,32
3,70
2,04
6,80
8,12
3,09 4,50
5,27 4,36
3,44
4,14
5,38
4,21
7,88
4,53
7,56
3,88
6,75
4,62
5,25 3,81
4,53 3,46
5,29
4,11
6,03
4,04
5,19 2,33
4,36 4,03
Transporte
facilidade
5,77
6,62
6,39
5,69
7,65
7,43
5,97
6,70
8,93
7,08
4,47
7,39
5,92
6,31
6,12
4,48
5,44
5,10
7,38
8,05
8,32
7,64
7,99
7,57
6,65
Transporte
demora
3,06
1,36
4,33
3,41
2,03
2,55
4,49
4,96
2,83
4,11
1,37
7,80
4,37
3,93
3,33
3,90
4,12
4,71
4,45
3,56
3,24
3,66
3,87
3,11
3,87
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
As mdias em relao disponibilidade de escolas e creches nas proximidades dos empreendimentos foram, em geral, menores. A mdia nacional foi
de aproximadamente 4,0 e, com exceo da rea formada por Alagoas e Sergipe, as mdias regionais foram inferiores a 5,0. Esses dois indicadores mostram
certo descompasso na resposta dos governos locais e estaduais na instalao
de postos de sade, pronto atendimento, creches e escolas prximos s reas
dos empreendimentos.
As distncias dos empreendimentos da Faixa I do PMCMV aos centros
das cidades aparecem na avaliao do quesito demora no transporte pblico.
A mdia nacional baixa (3,9) denota que elevado o tempo de deslocamento
entre as moradias e a escola ou o trabalho. Apesar da demora no translado, as
notas do quesito proximidade de pontos de nibus e estaes de trem e metr
(quase todas superiores a 5,0) indicam que h oferta de servios de transportes.
Isso sugere que a demora consequncia mais da distncia dos empreendimentos aos centros do que da falta de transportes.
83
4,61 8,05
2,62
8,72
4,03 8,54
4,44 8,36
1,28
8,84
2,14 9,30
4,06 8,23
4,16
7,88
3,10 9,01
3,08 8,80
0,77
9,70
6,88
8,77
3,94 8,46
4,19 7,08
3,70
7,39
3,50
6,29
3,83
4,69
3,51
5,27
4,94
7,20
4,77 7,41
3,91 7,71
4,53
7,82
5,88
6,82
3,37 8,83
4,16 7,93
gua, luz
e condomnio
4,58
3,58
4,67
3,03
0,92
2,72
4,62
5,93
4,29
5,52
4,40
3,25
5,79
4,38
3,98
4,46
4,84
5,27
4,67
3,53
3,96
3,22
3,24
3,35
4,29
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao
Renda mensal
Peso das
familiar (B) despesas (A/B)
Norte
98,09 79,23 81,30 821,07 9,9%
115,00
146,57
146,45
852,51
17,2%
Meu Orgulho (etapa I)
Nordeste
91,80 64,28 72,45 801,61 9,0%
Maranho
142,32 69,86 70,48 764,27 9,2%
36,00
139,00
138,51
991,88
14,0%
Residencial So Jos (I a IV)
Piau
- 89,99 89,99 769,61 11,7%
Cear
109,99 50,93 96,04 786,67 12,2%
Rio Grande do Norte
112,12
65,02
82,34
787,09
10,5%
Paraba
73,79 98,43 73,93 926,89 8,0%
94,70 59,17 67,29 825,68 8,1%
Pernambuco
Fazenda So Francisco (I e II)
52,02
52,02
751,59
6,9%
Alagoas e Sergipe
178,20
63,53
76,81
677,82
11,3%
Bahia
71,21 56,48 62,67 846,09 7,4%
Sudeste
143,69 101,23 119,73 966,15 12,4%
138,59 99,37 107,52 918,77 11,7%
Minas Gerais
126,41
104,21
120,40
1.006,25
12,0%
Rio de Janeiro e Esprito Santo
Bairro Carioca (I a III)
113,99
113,99
1.000,57
11,4%
Vivendas das Castanheiras
100,00
143,66
143,22
1.093,18
13,1%
So Paulo
156,44 101,33 129,61 986,14 13,1%
195,69 104,79 158,40 1.115,84 14,2%
Sul
Paran
200,92
92,53 132,82 1.236,26 10,7%
Santa Catarina
216,80
84,33
200,78
1.088,10
18,5%
Rio Grande do Sul
177,19
130,92
162,30
995,38
16,3%
Centro-Oeste
117,38 110,39 111,45 885,71 12,6%
Brasil
134,87 85,27 102,76 907,57 11,3%
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
PMCMV. A nota mdia nacional foi de 8,77, sendo mais elevadas nas regies
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As respostas com relao ao segundo quesito tambm indicaram a percepo de aumento de bem estar melhoria das
condies de vida dos beneficirios (mdia de 8,62), de maneira consistente
com a percepo de satisfao. A reduzida inteno de mudana da moradia
do PMCMV corrobora esse quadro de intensa satisfao.
Vale observar que o elevado grau de satisfao no implica uma aceitao
total e sem indicaes de pontos crticos do PMCMV. O conjunto das respostas,
ao contrrio, indica uma melhora geral das condies de vida dos beneficirios, mesmo considerando que o conforto da moradia no seja o ideal, que o
entorno e a localizao dos empreendimentos tenham inadequaes e que o
custo de vida com despesas ligadas ao domiclio (exceto aluguel) tenha crescido. Esses pontos verificados no campo trazem subsdios para aprimorar os
projetos desses empreendimentos e a prpria poltica de subsdios do PMCMV
em suas fases futuras.
Satisfao com
a moradia
Aumento de
bem estar
9,50
9,41
9,20
9,55
9,87
9,41
8,75
9,30
9,23
9,43
9,55
9,24
9,01
7,99
8,12
7,50
9,87
9,41
8,12
8,74
8,85
8,70
8,63
9,02
8,77
Sem inteno
de mudar
9,56 9,86
9,09
9,88
9,03 9,60
9,67 9,85
9,79
9,98
9,15 9,57
8,71 9,38
9,11
9,76
8,28 8,35
8,98 8,95
7,54
9,30
9,25
9,68
8,78 9,68
7,81 9,06
7,95
9,24
7,68
9,27
9,79
9,98
9,09
9,88
7,76
8,79
8,46 9,23
8,38 9,36
8,22
9,07
8,69
9,18
8,95 9,90
8,62 9,44
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
87
Unidade
habitacional
Entorno da
moradia
Insero
urbana
Aumento de
bem estar
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. (*) As regies Norte e Centro-Oeste so as prprias reas de ponderao.
88
7.
Acesso a servios
pblicos e a
sustentabilidade das
famlias e dos
empreendimentos
Uma nova Portaria sobre Trabalho Social em Programas e Aes do Ministrio das Cidades est vigente desde janeiro de 20141. Nessa Portaria que
se aplica aos programas de urbanizao de assentamentos precrios, de saneamento integrado, e ao Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) , o trabalho social amplia seu escopo, incorpora novos instrumentos tcnico-metodolgicos e aperfeioa sua sequncia de planejamento interno. A partir da, o foco
do trabalho social se concentra no desenvolvimento socioterritorial das reas
objeto de interveno, buscando sua integrao espacial e funcional com as
regies urbanas nas quais esto localizadas. Com isso, o trabalho social torna-se alavanca fundamental para a articulao intersetorial de diversas polticas
pblicas em prol destes territrios urbanos vulnerveis. Tambm ganham mais
nfase as dimenses (i) do desenvolvimento econmico local para gerao de
trabalho e renda, (ii) do fortalecimento do capital social para participao e
interlocuo com os poderes pblicos, assim como para o fomento a projetos e
iniciativas locais, e (iii) da educao patrimonial e da gesto condominial.
A abordagem quantitativa descrita nos captulos anteriores foi complementada por estudos de caso qualitativos, cujo foco esteve em algumas dimenses
sociais, econmicas e institucionais de oito empreendimentos selecionados do
PMCMV, que foram realizados no perodo entre agosto de 2013 e janeiro de
2014. Cinco desses oito empreendimentos fazem parte dos estudos de caso e
tambm foram pesquisados por meio da abordagem quantitativa.
Os estudos de caso complementam as escalas psicomtricas da pesquisa de campo, qualificando os dados quantitativos e contextualizando-os; buscando o como e o porqu para eles, interpretando processos, dinmicas,
alm de produtos e resultados, assim como buscando aspectos inexplorados
Portaria 21, de 22.01.2014.
89
92
Meu Orgulho, em Manaus (AM): frequentemente chamado, tambm, de Viver Melhor, do Governo do Estado, este um dos maiores empreendimentos do PMCMV no Brasil somando-se as etapas 1
(entregue em novembro de 2012, com 3.511 unidades habitacionais)
e 2 (em construo) totalizam-se 9.000 unidades. Localizado na extrema periferia da cidade, o empreendimento aparentava bom estado
de conservao, incluindo-se as reas de uso comum, como a quadra
para crianas e o espao para reunies.
ciona atravs de uma tradio de permeabilidade entre os setores e da priorizao dada questo habitacional.
Finalmente, em Pernambuco, a interao entre o Estado e prefeituras
bastante restrita, sendo que o Estado se limita a apoiar as demandas por equipamentos das prefeituras, monitorando, dentro da agenda de governo, apenas
as obras, e no priorizando o trabalho social.
Ainda assim, por ocasio das visitas, todos esses arranjos funcionavam
ainda que de forma irregular, segundo a presso de demandas emergenciais. Em alguns casos, para que as demandas dos moradores sejam atendidas, necessrio um apoio externo. Em Salvador, por exemplo, a Defensoria Pblica apoiou os moradores do Residencial Bromlias nas negociaes
de uma questo emergencial, que foi a obteno de transporte escolar. Um
planejamento mais estruturado de mdio a longo prazo s estava comeando a ser discutido em alguns casos; seria interessante, no futuro, a verificao se, e como, se efetivou.
No existe uma receita ideal de arranjos institucionais para a gesto intersetorial de ps-ocupao, tais arranjos sempre dependero dos arranjos mais
amplos de cada prefeitura. Entretanto, algumas sugestes podem ser feitas: (i)
segundo um ponto de vista estritamente organizacional, o arranjo do Rio de
Janeiro o mais adequado; naquele estado, o setor responsvel pelo trabalho
social do PMCMV tambm responsvel pelas articulaes intersetoriais, e
conta, para isso, com o apoio de setores prximos ao prefeito. (ii) De qualquer
maneira, um certo grau de formalizao necessrio, principalmente para um
planejamento de mdio a longo prazo que deve ser efetivado dentro do oramento municipal. (iii) Para que isso se concretize, deve haver uma priorizao
explcita por parte do prefeito. Outras sugestes incluem: (iv) a possibilidade do
Ministrio das Cidades facilitar a articulao intersetorial em nvel local, atravs
de contatos, acordos ou convnios com outros Ministrios (isso facilitaria, tambm, o acesso das setoriais dos municpios a eventuais recursos federais); (v) a
necessidade de assistncia tcnica aos municpios no que diz respeito tanto ao
efetivo impacto na Lei de Responsabilidade Fiscal no custeio de novos equipamentos, quanto s opes disponveis para reduzi-lo (por ex.: remanejamento
de equipes entre equipamentos, oportunidades de aumento da receita direta
ou indireta ISS, transferncias constitucionais quando do reassentamento de
populao de outro municpio, etc.); (vi) o monitoramento peridico da relao
entre a oferta de servios e a demanda, com base na matriz de responsabilidades, inicialmente, definidas.
Finalmente, uma ateno especial deve ser dada atuao das concessionrias, principalmente s de gua e saneamento, aparentemente bastante refratrias em relao s necessidades especficas dos beneficirios do PMCMV96
Os beneficirios do PMCMV-FAR representam um contingente populacional significativo, com necessidades especficas. Contudo, tais necessidades
parecem no ser devidamente atendidas pelas instituies voltadas a elas. Possivelmente, um trabalho de divulgao e sensibilizao por parte do Ministrio
das Cidades, da CEF, das Secretarias de Habitao, das Companhias Metropolitanas de Habitao (COHAB), etc., junto a outros rgos e setores, poderia
contribuir para diminuir a distncia entre os moradores e as instituies voltadas a atender a suas necessidades como cidados e, tambm, como moradores
do PMCMV. Alm disso, uma fiscalizao interna mais rigorosa sobre essas
instituies seria importante: em mais de uma oportunidade, foram detectadas
agncias da CEF no atuando em conformidade s regras especficas para o
PMCMV; por exemplo, no isentando os condomnios recm formados da obrigatoriedade de um depsito mnimo na prpria agncia.
O que sai de Braslia diferente do que chega e sai da agncia de Barreiros. (Morador do empreendimento Fazenda So Francisco).
100
8.
Os fatores determinantes
da satisfao e os
aspectos da subjetividade
Este captulo final rene algumas concluses sobre os resultados da pesquisa aqui apresentada; tambm busca entender os fatores que explicam as
percepes dos beneficirios em relao ao Programa Minha Casa Minha Vida.
Alm disso, por meio da anlise das impresses dos moradores em relao
sua habitao, nos empreendimentos visitados, so traadas algumas consideraes sobre os aspectos da subjetividade que envolvem essas percepes,
sejam elas de satisfao ou insatisfao. Esses elementos conduzem a algumas
sugestes para pesquisas futuras.
Caractersticas pessoais
v001: tempo que a famlia residia na casa (ou apartamento) uma varivel
discreta, com valor 0 para menos de 1 ano e 1 para um perodo superior
a 1 ano;
v002: idade do entrevistado;
v011: gnero do entrevistado;
v013: escolaridade do entrevistado;
v017: renda familiar;
v018: nmero de moradores;
v019: presena de rendimentos do PBF ou do PETI;
v036: condio do entrevistado na famlia;
v047 a v051: ocorrncia de inundao, alagamento, deslizamento de encosta na moradia anterior; ou se sua localizao era prxima a lixes, crregos e outras reas de exposio ambiental todas so variveis binrias
com valor 1 para respostas afirmativas, e 1, para a varivel v051, indica
nenhuma das quatro condies; e
v018/v046: adensamento domiciliar nmero de pessoas por cmodo
servindo de dormitrio.
103
p-valor
v001
-0,19582
0,06439 -3,04000
0,2% -0,04447
area_1
Norte
0,64139
0,07427 8,64000 0,0% 0,08849
Maranho
0,60417
0,08205 7,36000 0,0% 0,07032
Piau
0,32901
0,08295 3,97000 0,0% 0,03197
Cear
-0,04836
0,10870 -0,44000 65,6% -0,00373
Rio Grande do Norte
0,22796
0,08414 2,71000
0,7%
0,01861
0,79919
0,11676 6,84000 0,0% 0,03599
Paraba
Pernambuco
0,83113
0,15745 5,28000 0,0% 0,06552
Alagoas e Sergipe
0,25718
0,09275 2,77000
0,6%
0,02286
0,32686
0,10964 2,98000 0,3% 0,05787
Bahia
Minas Gerais
-0,01004
0,10209 -0,10000
92,2%
-0,00155
Rio de Janeiro e Esprito Santo -0,06248
0,36619 -0,17000
86,5%
-0,00756
So Paulo
0,01023
0,11887 0,09000
93,1%
0,00170
Paran
0,27285
0,11572 2,36000 1,8% 0,03090
0,44246
0,15262 2,90000
0,4%
0,03674
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
0,25221
0,12843 1,96000
5,0%
0,02688
0,00000
omitida 0,00000
Centro-Oeste
v036
Chefe de famlia
0,51561
0,39176 1,32000
18,8%
0,12679
0,62744
0,39121 1,60000
10,9%
0,14879
Companheiro (a)
Filho (a)
0,72046
0,40067 1,80000
7,2%
0,09690
Genro/Nora
1,24398
0,45950 2,71000 0,7% 0,03281
Neto (a)
0,92149
0,71763 1,28000
19,9%
0,02287
Pai/Me
0,70874
0,46928 1,51000 13,1% 0,03595
0,86386
0,48872 1,77000
7,7%
0,00520
Sogro (a)
Av ()
-0,04203
0,48009 -0,09000
93,0%
-0,00041
Irmo ()
0,48741
0,46124 1,06000
29,1%
0,01845
Outro parente
0,00000
omitida
0,00000
v010
Casa
0,09638
0,08303 1,16000 24,6% 0,02370
Casa geminada
-0,10873
0,11416 -0,95000
34,1%
-0,01970
Sobrado
0,94383
0,42895 2,20000 2,8% 0,02807
Casa sobreposta
-0,31006
0,49487 -0,63000
53,1%
-0,00678
Apartamento
0,00000
omitida 0,00000
V061
0,36130
0,02477 14,59000
0,0%
0,37100
V066
0,08811
0,02043 4,31000 0,0% 0,10609
V071
0,19339
0,02078 9,30000 0,0% 0,25806
V073
0,07344
0,01861 3,95000 0,0% 0,11376
V074
0,03024
0,00803 3,77000 0,0% 0,05444
v047
0,25814
0,13158 1,96000 5,0% 0,04324
v048
0,34658
0,18188 1,91000 5,7% 0,06618
v050
0,56009
0,19771 2,83000 0,5% 0,09475
v051
0,59430
0,26281 2,26000 2,4% 0,13699
_cons
1,82787
0,54573 3,35000 0,1%
,
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. Nota: Estimativa por mnimos quadrados ponderados.
N = 7.252 e R2 = 44,88%.
104
p-valor
v001
-0,23159 0,09798 -2,36000 1,8% -0,04893
v017
0,00023 0,00011 1,99000 4,6% 0,05559
v054
-0,00228 0,00094 -2,42000 1,6% -0,07029
adensa
0,19619 0,08326 2,36000 1,8% 0,06510
area_1
Norte
0,59957 0,08439 7,11000 0,0% 0,07938
Maranho
0,70786 0,09419 7,51000 0,0% 0,07868
Piau
-0,02013 0,09391 -0,21000 83,0% -0,00184
Cear
-0,16817 0,11963 -1,41000 16,0% -0,01225
Rio Grande do Norte
0,03102
0,10559
0,29000
76,9%
0,00237
-0,34745 0,12855 -2,70000 0,7% -0,01510
Paraba
Pernambuco
0,12529 0,17231 0,73000 46,7% 0,00911
Alagoas e Sergipe
0,30502
0,10807
2,82000
0,5%
0,02068
Bahia
-0,00003 0,18972 0,00000 100,0% 0,00000
Minas Gerais
-0,27161
0,11539
-2,35000
1,9% -0,03984
0,37927
-0,08000
93,9% -0,00326
Rio de Janeiro e Esprito Santo -0,02911
So Paulo
-0,36268
0,18108
-2,00000
4,5% -0,05488
-0,21569 0,14220 -1,52000 12,9% -0,02334
Paran
Santa Catarina
0,06308
0,19046
0,33000
74,1%
0,00498
Rio Grande do Sul
0,43767
0,13074
3,35000
0,1%
0,04466
0,00000 omitida 0,00000
Centro-Oeste
v036
Chefe de famlia
0,69875
0,36293
1,93000
5,4%
0,15807
Companheiro (a)
0,61199
0,35797
1,71000
8,7%
0,13385
Filho (a)
0,59272
0,37587
1,58000
11,5%
0,06389
0,67981 0,50467 1,35000 17,8% 0,01683
Genro/Nora
Neto (a)
2,09185
0,86582
2,42000
1,6%
0,03457
Pai/Me
0,83908 0,44441 1,89000 5,9% 0,04089
Sogro (a)
2,40812
0,52107
4,62000
0,0%
0,01406
Av ()
0,32729
0,44069
0,74000
45,8%
0,00221
0,72321
0,39581
1,83000
6,8%
0,02589
Irmo ()
Outro parente
0,00000
omitida
0,00000
v061
0,30192 0,02920 10,34000 0,0% 0,28816
v066
0,11825 0,02629 4,50000 0,0% 0,13115
v071
0,21178 0,02984 7,10000 0,0% 0,26406
v073
0,07408 0,02050 3,61000 0,0% 0,10764
v074
0,01839 0,01127 1,63000 10,3% 0,03059
v050
0,27099 0,12745 2,13000 3,4% 0,04185
_cons
2,31960 0,57186 4,06000 0,0%
,
Fonte: Ministrio das Cidades e Ipea. Nota: Estimativa por mnimos quadrados ponderados.
N = 6.724 e R2 = 38,32%.
105
questes pessoais, tais como condio econmica, atribuies sociais, referncias culturais, etc. Seguindo essa abordagem, identificaram-se nos relatos dos
moradores as trs dimenses da percepo subjetiva em relao habitao
definidas na seo 2, as quais sero revistas adiante.
Antes, porm, observemos a aplicao corriqueira do termo casa como
um indcio de subjetividade nas falas dos moradores: independente da condio de propriedade (seja de aluguel, prpria ou informalidade), quando se investigam as impresses particulares de indivduos sobre sua moradia, no raro,
o termo casa empregado no contexto que envolve no apenas sua condio
de matria fsica, mas, tambm, a percepo subjetiva advinda da experincia
de habit-la; ou seja, aquilo que encerra a conotao de lar, no sentido que
dado palavra na lngua portuguesa2. O morador sempre atribuir a esse espao o carter especial de privado, onde se verificam as aes de cunho mais
ntimo, as quais se do de acordo com as referncias pessoais, emocionais,
sociais, culturais, e segundo as possibilidades econmicas de cada morador ou
grupo de moradores. A casa o lugar da subjetividade.
Por se tratar de uma necessidade primordial do ser humano, as condies
fsicas da casa surgem como predominantes na fala dos moradores. o bom ou
o mau funcionamento dessas condies que permitiro, ou no, que se pratique o habitar domstico da forma que se considera mais adequada e prazerosa. E justamente quando h alguma falha no funcionamento dessa mquina,
ou seja, quando a performance de toda a estrutura fsica que ela encerra deixa
de cumprir com o papel esperado, que se sobressai, nas impresses dos moradores, a importncia de um eficaz funcionamento em favor do bom habitar
domstico. Uma simples goteira, uma infiltrao na parede, um vazamento
de gs, j demonstram quo dependente o bem estar domstico desse bom
funcionamento.
Ao se fazer uso da estrutura fsica e de toda a infraestrutura de servios que
envolvem o habitar domstico, o que se busca justamente esquec-las para
que se possa, tranquilamente, usufruir da privacidade domstica obtendo-se o
repouso e o restauro fsico e mental que ela proporciona; para que, ento, se
possa dar vazo subjetividade. Com isto, confirma-se o habitar domstico
como uma combinao do invlucro fsico com a performance das coisas
concretas trabalhando para a adequao ao dia-a-dia domstico com o ato e
a necessidade de se esquecer essa fisicalidade.
2 - A etimologia ajuda-nos a entender a relao dos sentidos das palavras casa e lar:
Lar, do Latim lar,aris. m.: Casa, interior da casa, chamin, fogo. Lara, ae. f.: ninfa, me dos lares ou deuses da
casa (Cretella e Cintra, 1953).
Casa, do Latim casa,ae. f.: choupana (ibidem).
107
Alm disso, temos que a propriedade da casa de acolher fsica e psicologicamente o habitar do sujeito no implica a abstrao do meio em que essa
casa se insere, com todas as condies que esse meio proporciona ao habitar.
Ao contrrio, a permeao do mbito pblico sobre o domstico, e vice-versa,
est sempre presente nas falas dos moradores e influenciando suas percepes
de (in)satisfao. preciso, por exemplo, um planejamento do oramento domstico e uma adequao deste ao dia-a-dia da casa para se arcar com as despesas dos servios prestados e consumidos nas prticas dirias da vida privada
na moradia. A interrupo dessa adequao afeta a dinmica da casa, podendo abalar profundamente o sentimento de bem estar domstico. recorrente,
em depoimentos de moradores, o exemplo do fornecimento de luz eltrica:
quando um morador que, anteriormente vivia na informalidade, utilizando-se
de ligaes ilcitas de eletricidade, passa a ter que arcar com o custo do fornecimento de luz, em princpio, ele expressa a insatisfao e passa a associar essa
despesa a uma desvantagem da nova moradia em relao anterior.
As visitas feitas a alguns casos emblemticos de empreendimentos do
PMCMV ajudaram a entender esse ponto. Os relatos dos beneficirios, coletadas
e campo, apontam para a importncia da abordagem da subjetividade na anlise
da satisfao em relao habitao. Aqui, para evitar a identificao dos entrevistados, estes tiveram suas identidades preservadas atravs de nomes fictcios.
desse lugar, fazem com que ele passe a ter mais do que os significados prticos
de abrigo e econmico. O lugar habitado passa a ser percebido por aqueles
que o habitam no mais como mera localidade no espao geral, mas como um
lugar, de fato, que tem papel significativo, emocional, para os seus habitantes. A
casa passa a ser o ponto no mundo de onde se olha o passado aluguel, custo
de vida apertado , o presente adequaes do espao fsico s necessidades
da famlia e o futuro economia para investimentos na educao dos filhos
e gastos com lazer.
112
Referncias bibliogrficas
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v034
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22. NR
23. NS
Considerando todas as suas fontes de renda, qual foi a renda total obtida no
ltimo ms? Considerar o rendimento lquido total. Devem ser somadas
todas as fontes de renda (salrio, aposentadoria, penso, programas sociais,
aluguel, remunerao financeira, etc.).
Considerando todos os moradores (parentes e agregados) que vivem nesta
casa e todas as suas fontes de renda, qual foi a renda total obtida no ltimo
ms? Considerar o rendimento lquido total da famlia e agregados. Devem
ser somadas todas as fontes de renda (salrio, aposentadoria, penso,
programas sociais, aluguel, remunerao financeira, etc.).
Qual o nmero de moradores no domiclio (parentes e agregados):
No ltimo ms, alguma pessoa deste domiclio recebeu rendimentos do
programa Bolsa Famlia ou Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI)?
1. Sim
2. No
NA. NR
88. NS
O item: 1. Acesso a alimentos de qualidade um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 2. Governo honesto e atuante um dos 6 itens mais importantes para
voc e sua famlia ? 1-Sim, 0- No
O item: 3. Apoio s pessoas que no podem trabalhar um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 4. Educao de qualidade um dos 6 itens mais importantes para
voc e sua famlia ? 1-Sim, 0- No
O item: 5. Melhoria nos transportes e estradas um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 6. Proteo a florestas, rios e oceanos um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 7. Liberdades polticas um dos 6 itens mais importantes para voc e
sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 8. Combater as mudanas climticas um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 9. Melhoria dos servios de sade um dos 6 itens mais importantes
para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 10. Acesso ao telefone e internet um dos 6 itens mais importantes
para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 11. Eliminao do preconceito e da discriminao um dos 6 itens
mais importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 12. Acesso gua potvel e ao saneamento um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia? 1-Sim, 0-No
O item: 13. Igualdade entre homens e mulheres um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 14. Acesso energia em sua casa um dos 6 itens mais importantes
para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 15. Proteo contra o crime e a violncia um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
O item: 16. Melhores oportunidades de trabalho um dos 6 itens mais
importantes para voc e sua famlia ? 1-Sim, 0-No
Condio No Domiclio: Nesta casa, voc ?
1. Chefe da famlia
2. Companheiro(a)
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3. Filho(a)
4. Genro/Nora
5. Neto (a)
6. Pai/Me
7. Sogro(a)
8. Av()
9. Irmo()
10. Outro parente
Informou o nome da me? 1-Sim, 0-No
Informaes sobre o NIS
1. No possui
77. NR
88. NS
Nmero do NIS.
Informaes sobre o CPF.
1. Possui
2. No possui
77. NR
88. NS
Nmero do CPF.
Quantas famlias residem no seu domiclio atual?
Qual o nmero de idosos (com mais de 60 anos) que vivem no domiclio atual?
Qual o nmero de crianas (com menos de 14 anos) que vivem no domiclio atual?
Qual o nmero de pessoas com deficincia que vivem no domiclio atual?
Quantos cmodos esto servindo de dormitrio para os moradores do seu
domiclio atual?
Na rea onde voc morava antes, j ocorreu inundao?
1. Sim
0. No
77. NR
88. NS
Na rea onde voc morava antes, j ocorreu alagamento?
1. Sim
0. No
77. NR
88. NS
Na rea onde voc morava antes, j ocorreu deslizamento de encostas ?
1. Sim
0. No
77. NR
88. NS
A rea onde voc morava antes estava na proximidade de lixes ou de esgoto
a cu aberto?
1. Sim
0. No
77. NR
88. NS
Na rea onde voc morava antes, no ocorria qualquer das situaes anteriores?
1. Sim
0. No
77. NR
88. NS
Qual o gasto mdio mensal com gua, luz e condomnio, se for o caso, no
domiclio atual?
v055
Qual o gasto mdio mensal com prestao ou aluguel no domiclio atual?
v056 a v077: De 7 a 1 onde 7 significa concordo plenamente ou totalmente e 1 significa discordo
plenamente qual a sua percepo quanto:
v056
A nossa casa bem iluminada.
v057
No temos problemas graves de umidade (ou goteira).
v058
A temperatura da nossa casa desagradvel (muito quente ou muito fria).
Os cmodos (peas) da casa so bem distribudos.
v059
v060
A nossa casa muito pequena.
v061
Estamos muito satisfeitos com a nossa casa.
v062
Ns temos relaes muito boas com nossos vizinhos.
v063
Aqui no bairro tem muito problema de violncia.
v064
Aqui perto tem reas de lazer para as crianas brincarem (quadra esportiva,
parque infantil, centro comunitrio etc.).
v065
Aqui no bairro teve gente fazendo trabalho social (aes de carter informativo e
educativo, que promovam o exerccio da cidadania e favoream a organizao e
a gesto comunitria dos espaos comuns).
v066
Estamos muito satisfeitos com a nossa vizinhana.
v067
Aqui perto tem posto de sade ou hospital.
v068
muito difcil conseguir uma vaga numa escola prxima.
v069
Aqui perto fcil de pegar transporte pblico.
v070
Ns demoramos muito tempo para ir e voltar do trabalho (ou da escola).
v071
Estamos muito satisfeitos com a localizao da nossa casa.
Quando mudamos para c passamos a gastar muito mais com transportes.
v072
v073
Nesta nova casa gastamos menos de aluguel (ou prestao) do que gastvamos
antes.
v074
As contas de gua, luz e condomnio so muito altas.
v075
Estamos muito satisfeitos com a nova moradia.
Mudar para essa nova moradia fez nossa vida melhorar.
v076
v077
Ns pretendemos mudar dessa moradia nos prximos meses.
Se algum neste imvel tem inteno de mudar nos prximos 12 meses, quais
v078
seriam as principais razes que o levariam a desejar sair desse imvel? Primeiro
Motivo.
1. No tem inteno de mudar
2. Famlia quer constituir domiclio exclusivo
3. Falta de vagas em creches e escola fundamental
4. Falta de atendimento nos servios bsicos de sade
5. Segurana pblica insuficiente: falta de policiamento, rea violenta, muitos
assaltos e furtos, etc
6. Dificuldade de uso de transporte e locomoo
7. Gastos com a moradia: pagamento de IPTU, contas de gua e luz,
condomnio
8. Gastos com transporte
9. Problemas de relacionamento com vizinhos/falta de entrosamento no bairro
10. Outro motivo
77. NR
88. NS
v079
Se algum neste imvel tem inteno de mudar nos prximos 12 meses, quais
seriam as principais razes que o levariam a desejar sair desse imvel? Segundo
Motivo.
1. No tem inteno de mudar
2. Famlia quer constituir domiclio exclusivo
3. Falta de vagas em creches e escola fundamental
119
4. Falta de atendimento nos servios bsicos de sade
5. Segurana pblica insuficiente: falta de policiamento, rea violenta, muitos
assaltos e furtos, etc
6. Dificuldade de uso de transporte e locomoo
7. Gastos com a moradia: pagamento de IPTU, contas de gua e luz,
condomnio
8. Gastos com transporte
9. Problemas de relacionamento com vizinhos/falta de entrosamento no bairro
10. Outro motivo
77. NR
88. NS
v080
Se algum neste imvel tem inteno de mudar nos prximos 12 meses, quais
seriam as principais razes que o levariam a desejar sair desse imvel? Segundo
Motivo.
1. No tem inteno de mudar
2. Famlia quer constituir domiclio exclusivo
3. Falta de vagas em creches e escola fundamental
4. Falta de atendimento nos servios bsicos de sade
5. Segurana pblica insuficiente: falta de policiamento, rea violenta, muitos
assaltos e furtos, etc
6. Dificuldade de uso de transporte e locomoo
7. Gastos com a moradia: pagamento de IPTU, contas de gua e luz
condomnio
8. Gastos com transporte
9. Problemas de relacionamento com vizinhos/falta de entrosamento no bairro
10. Outro motivo
77. NR
88. NS
Peso amostral.
PESO
UPA
Unidade Primria de Amostragem
USA
Unidade Secundria de Amostragem.
ESTRATOUH
Porte do Empreendimento.
ESTRATOUF
rea Representativa.
ENTREGUES
Nmero de Unidades Habitacionais Entregues.
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