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Morfologia Verbal - Xichangana

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1

Pra aprender uma língua você tem que


primeiro estudar anatomia, porque
anatomia estuda o corpo e a língua faz
parte dele.
2
Morfologia
Verbal-
Xichangana

POR ANÊNCIO LUÍS CHIGOHE


Tópicos 3

Objectivos
O verbo em xichangana
Afixos verbais
Forma afirmativa vs Forma
negativa
Marca do sujeito
Marca de objecto na estrutura da
Marca de objecto reflexo na estrutura 4
da forma verbal
Marca de tempo na estrutura verbal
Marca de aspecto na estrutura da
forma verbal
Marca de Negação
Estrutura do verbo derivado
Extensões verbais
Reduplicação verbal
Bibliografia
Objectivos 5

Geral
 Conhecer a estrutura do verbo em
Xichangana

Específicos

- Identificar os elementos que compõem o


verbo em Xichangana;
- Descrever como cada elemento se realiza
numa frase.
6

Pressupostos Teóricos
O verbo em xichangana 7

Para o Dicionário Verbo da Língua


Portuguesa (1998:1233), o verbo quer
nas línguas bantu quer em outros
grupos de línguas, é descrito como
uma palavra variável que descreve
acções, estados, eventos ou
situações em tempo finito ou infinito.
Estrutura do verbo não derivado
8
De acordo com Ngunga e Simbine
(2012: 125) a forma infinita do verbo
em xichangana tem a seguinte
estrutura:
Prefixo + raiz + vogal final Ku +
raiz + a
Ex.:
1. Ku-w-a “cair”.
A estrutura de verbos finitos não derivados é 9
mais complexa e apresenta a seguinte
estrutura:
Prefixo (s) + raiz + sufixo (s)

O (s) afixo(s) podem ser marcas de sujeito,


tempo, polaridade negativa ou negação,
objecto ou ainda do aspecto.

Ex.:
3. Ni-ta-w-a (kuwa) “cairei”
4. Ni-ta-xi-von-a (kuvona) “verei-o”
10

Afixos verbais
Forma afirmativa vs Forma negativa 11

Ex.:
5. Á-a-xi-j-i (kuja) ‘que o coma’
6. Á-a-xi- von-i (kuvona) ‘que o
veja’
Na forma afirmativa encontram-se
vários morfemas em cada forma
verbal.
Ex.: 12
7. A-nga-xí-j-í (kuja) ‘que ele não o
coma’
8. A-nga-xí-vón-i (kuvona) ‘que ele não
o veja’
Na forma negativa, podemos notar
que a marca de objecto tem um lugar
preso na estrutura da forma verbal,
imediatamente antes da raíz.
13
O tom é um elemento que opera na
distinção dos significados das formas
verbais como por exemplo acontece entre
o conjuntivo afirmativo e o indicativo
negativo.
Ex.:
9. Á-ni-w-i (kuwa) ‘que eu caia’ ↔ a-ní-w-í
‘eu não caio’
10. Á-ni-xi-j-i (kuja) ‘que eu o coma’ ↔ a-
ní-xi-j-i ‘eu não o como’
A marca do sujeito
14
Em todos os modos verbais, a marca
do sujeito tem de estar presente no
verbo, exceptuando no modo
imperativo.
11. Mina niwile (kuwa) ‘eu caí’
12. yena avonile (kuvona) ‘ele viu’
13. N’wina miyetlelile (kuyetlela)
‘dormistes’
14. Kuchonile (kuchona) ‘anoiteceu’
Marca de objecto na estrutura da forma verbal
15

Em Changana recorre-se ao processo de inserção


da marca de objecto na estrutura da forma
verbal, também chamada clitivização ou
pronominalização.
Ex.:
15. Wena wujile xingove ‘tu comeste um gato’
Wena wuxijile (xingove) ‘tu comeste-o (o
gato)’
16. yena avonile xingove ‘ele viu um gato’
Yena axivonile (xingove) ‘ele viu-o (o gato)’
Marca de objecto reflexo na estrutura da forma
verbal 16

Em xichangana, existe um pronome reflexo


que se usa para mostrar que a acção do
sujeito recai sobre ele mesmo. Esta marca
-ti- é invariável independentemente da
classe do nome ocupando a posição de
sujeito.
Ex.:
17. Wena wutijile ‘tu comeste-te’
18. Yena ativonile ‘ele viu-se´
Marca de tempo na estrutura verbal
17

Ex.:
19. Mina ndzijile pawu ‘eu comí o
pão’
-Tempo passado (-ile) ocorre na
posição final da forma verbal.

20. Mina ndzaja pawu ‘eu como pão’


-Tempo presente (-a-) e;
18

21. Mina ndzitaja pawu ‘eu comerei


o pão’
 Tempo futuro (-ta-) ocorre na
posição imediatamente a seguir à
marca de sujeito.
19

Marca de aspecto na estrutura da


forma verbal
Aspecto progressivo
20
Ex.:
22. Vatsongwana vahajondza ‘as
crianças ainda estão a estudar’
23. Vatirhi vahatirha ‘os
trabalhadores ainda estão a trabalhar’
A marca do aspecto progressivo (-ha-)
afixa-se na posição adjacente à marca
de concordância de sujeito na
estrutura verbal
21
e mantêm a posição mesmo em
construções frásicas com a conjugação
verbal em outros tempos.
24. Tolo, vatsongwana avahajondza
‘ontem, as crianças ainda estavam a
estudar’
25. Nyamutla, vatirhi vahatirha
‘hoje, os trabalhadores ainda estão a
trabalhar’
Aspecto durativo 22

26. Ndzaja nyama ‘eu como


carne’
27. Ndzatsala buku ‘eu escrevo um
livro’
A ocorrência da marca aspectual
nesta posição à direita da marca de
sujeito coincide com a posição da
ocorrência da marca de tempo.
Marca de Negação 23
I
No tempo passado a marca de negação são os
afixos descontínuos a-...-nga onde a- é um prefixo
(ocorre na posição inicial de palavra) e –nga é
necessariamente um sufixo (ocorre na posição
final da forma verbal).
Ex.:
Forma afirmativa
28. Hilumile(kuluma)‘mordemos’
Forma negativa
Ahilumanga ‘não mordemos’
24
II
No tempo presente a marca de negação são os
afixos descontínuos a-...-i onde a- é um prefixo
(ocorre na posição inicial de palavra) e –i é um
sufixo (ocorre na posição final da forma verbal).
Ex.:
Forma afirmativa Forma
negativa
29. Haluma ´mordemos’ Ahilumi ‘não
mordemos’
III 25
No tempo futuro a marca de negação são os
afixos descontínuos a-...nga-... onde o
morfema a- é prefixo (ocorre na posição
inicial da forma verbal) e -nga ocorre na
posição imediatamente a seguir à marca de
objecto
Forma afirmativa Forma Negativa
30.Hitaluma‘morderemos’ Ahingataluma
‘não morderemos’
26

Estrutura do verbo derivado


Extensões verbais
27

As extensões verbais são morfemas


derivacionais que afectam o
significado de um verbo dando-lhe as
mais variadas matrizes.
Ex.:
31. Kuvona ‘ver’
- kuvonela ‘ver a fovor de
alguém’
28

32. Kutsema ‘cortar’ kutsemetela


‘cortar muitas vezes’
33. kuchona ‘anoitecer’ kuchonisa
‘ficar num sítio até ao anoitecer’
Para além da alteração da semântica
do verbo, a sintaxe do verbo
acolhedor também pode ser
afectada pela extensão verbal.
29

Há extensões que fazem com que


verbos intransitivos passem a ser
transitivos como em 31 (kuvonela
‘ver a fovor de alguém’), os
transitivos bitransitivos, e outras
extensões que fazem com que os
verbos transitivos
30

possam transformar-se em
intransitivos como em 32
(kutsemetela ‘cortar muitas
vezes’), Outras ainda são neutras
quanto à transitividade como em 33
(kuchonisa ‘ficar num sítio até ao
anoitecer’)
31

Reduplicação verbal
Reduplicação total 32

Reduplicação total “é um processo


morfológico em que o reduplicante
e a base são idênticos a nível
segmental” (Ngunga 1998:2,
Liphola 2000:46) citados por
Ngunga e Simbine (2012:166).
33

Ex.:
34.Kutlanga-tlanga ‘brincar
repetidamente’
35.Kufamba-famba ‘andar
repetidamente’
34
O objectivo desta reduplicação é
exprimir a frequência em que a acção
descrita pelo verbo ocorreu.
A condição para a efectivação da
reduplicação total depende da
estrutura do verbo, que deve ser do
tipo - CVC-.
35

Uma vez reduplicados, os verbos


comportam-se como morfemas lexicais
que formam um bloco que não pode
ser quebrado ou decomposto em
unidades morfológicas, por isso são
sujeitos às mesmas regras
morfológicas (derivação, flexão) como
qualquer verbo na língua.
Ex.: 36
36.-tlangatlangile ‘brincou
repetidamente’
37.-fambafambile ‘andou
repetidamente’

A ocorrência de morfemas
derivacionais ou flexionais nos dois
membros da reduplicação provoca
uma agramaticalidade.
37

Ex.:
*-tlangiletlangile
*-fambilefambile
Reduplicação parcial
38
Matthews (1974) citado por Ngunga e
Simbine (2012:168) diz haver
reduplicação parcial quando uma
parte da base é reduplicada.
Ex.:
38. kudederek- ‘andar aos tropeções’
39. kuphepherh- ‘peneirar’
39
Do ponto de vista semântico, “as
formas parcialmente reduplicadas
indicam microrepetições da acção a
nível interno do tema verbal.
A acção ou evento que
externamente pode ser vista como
um dado único, internamente
constitui um conjunto de repetições.
Reduplicação de verbos de raízes
40
do tipo -C
Para expressar a ideia iterativa de raízes
com este tipo de estrutura, a língua recorre
a outros mecanismos, como o uso de (-
etel-), um sufixo gramatical já discutido,
que indica frequência como se pode ver nos
seguintes exemplos:
40. kubetetela (kuwa) ‘bater
repetidamente’
41. kuwetetela (kuba) ‘cair repetidamente’
Nota 41

A complexidade da estrutura do verbo em


Changana aqui verificada, é influenciada
pelas tendências ilimitadas que a língua
tem de aglutinar vários elementos que
podem ter ou não co-referência sintáctica
na estrutura da frase.
Ex.:
42. Eu ainda não o tinha visto (6palavras)
“Aningesexivona”
Bibliografia 42

AAVV. Dicionário Verbo da Língua


Portuguesa. Editorial Verbo. 1998.

NGUNGA, Armindo. SIMBINE,


Madalena Cíntia (2012). Gramática
Descritiva da Língua Changana.
Maputo.
43

Se sou machangana de raça e


língua e não portuguesa, porquê
“machanganizar” palavras em
Português é motivo de risos?

KANIMAMBO SWINENE

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