Fenomenologia Das Experiencias Mediunica
Fenomenologia Das Experiencias Mediunica
Fenomenologia Das Experiencias Mediunica
São Paulo
2004
ii
iii
Agradecimentos
Sumário
LISTA DE SIGLAS
RESUMO
SUMMARY
1) INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 1
2) OBJETIVOS................................................................................................................................... 13
3) REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................................... 14
3.1) ESPIRITISMO, MEDIUNIDADE E A ALIANÇA ESPÍRITA EVANGÉLICA .......................................... 14
3.1.1) Espiritismo ....................................................................................................................... 14
3.1.2) Mediunidade Segundo o Espiritismo................................................................................ 16
3.1.3) Aliança Espírita Evangélica............................................................................................. 22
3.2) FENÔMENOS DISSOCIATIVOS .................................................................................................... 24
3.3) ALUCINAÇÃO EM POPULAÇÕES NÃO CLÍNICAS ........................................................................ 31
3.4) O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS E PSICOPATOLOGIA ........... 40
4) MÉTODOS ..................................................................................................................................... 51
4.1) POPULAÇÃO .............................................................................................................................. 51
4.2) INSTRUMENTOS ......................................................................................................................... 52
4.2.1) Questionário Sociodemográfico e de Atividade Mediúnica ............................................. 52
4.2.2) Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire - SRQ ................................................. 52
4.2.3) Escala de Adequação Social - EAS .................................................................................. 53
4.2.4) Phenomenology of Consciousness Inventory - PCI.......................................................... 54
4.2.5) Dissociative Disorders Interview Schedule - DDIS.......................................................... 54
4.2.6) Schedules for Clinical Assessment in Neuropsychiatry - SCAN....................................... 55
4.2.7) Entrevista Estruturada Sobre a Mediunidade do Entrevistado........................................ 58
4.3) PROCEDIMENTOS ...................................................................................................................... 58
4.4) ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................................................. 63
5) RESULTADOS .............................................................................................................................. 65
5.1) PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO .................................................................................................... 65
5.2) ATIVIDADE ESPÍRITA E MEDIÚNICA .......................................................................................... 66
5.3) EAS - ESCALA DE ADEQUAÇÃO SOCIAL ................................................................................... 69
5.4) SRQ - SELF-REPORT PSYCHIATRIC SCREENING QUESTIONNAIRE............................................. 70
5.5) DDIS ........................................................................................................................................ 71
5.6) SCAN....................................................................................................................................... 78
5.7) ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MÉDIUNS SRQ POSITIVOS E NEGATIVOS ............................ 83
5.8) RESULTADOS DAS QUESTÕES COM RESPOSTAS ABERTAS ......................................................... 87
5.8.1) Como surgiu a mediunidade em você?............................................................................. 87
5.8.2) Como descobriu que apresentava mediunidade? ............................................................. 90
5.8.3) Descreva suas principais vivências mediúnicas:.............................................................. 91
5.8.4) A questão da origem e veracidade das percepções mediúnicas ....................................... 97
6) DISCUSSÃO ................................................................................................................................ 100
6.1) PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO .................................................................................................. 101
6.2) ATIVIDADE ESPÍRITA E MEDIÚNICA ........................................................................................ 105
6.3) ADEQUAÇÃO SOCIAL............................................................................................................... 109
6.4) PREVALÊNCIA DE SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS COMUNS ........................................................... 112
6.5) SINTOMAS SCHNEIDERIANOS DE PRIMEIRA ORDEM PARA ESQUIZOFRENIA (SPO) ................. 115
6.6) ABUSO INFANTIL .................................................................................................................... 119
6.7) CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS A TRANSTORNO DE IDENTIDADE DISSOCIATIVA (TID)........ 121
vii
Apêndices
- The History of Spiritist Madness in Brazil
- A Visão Espírita dos Transtornos Mentais
- Metodologia para a Investigação de Estados Alterados de Consciência
- A Mediunidade Vista por Alguns Pioneiros da Saúde Mental
- Pesquisas em Cura à Distância (carta ao editor)
viii
Lista de Siglas
1) Introdução
(César, 1939), afirmou que “... o misticismo e a loucura se acham por tal
prefaciada por Juliano Moreira, seu autor declara que depois da sífilis e do
álcool o Espiritismo era o maior fator de alienação mental, nega que fosse
artigos destas revistas entre os anos 1978 e 1982 utilizaram alguma variável
apontou uma queda para 1,2% (Weaver et al.,1998). E mesmo essa minoria
demonologia e a psiquiatria:
al., 1995). Essa nova categoria foi incluída porque “continuar a negligenciar
(1982) afirmaram:
da comunidade psiquiátrica (van der Kolk e van der Hart, 1989; Ross e
Joshi, 1992; Cardeña et al., 1994). Embora muito tenha sido escrito sobre
(Negro, 1999). Uma das áreas mais carentes é a que diz respeito às
mente normal do médium” (Klimo, 1998). Tal definição nos parece adequada
Jeová ou dos anjos (Ex 19 e 20; Jz 13:3; II Rs 1:3; Jl 2:28; I Sam 28), a
Santo dos primeiros cristãos (At 2:1-18; 19:6; I Cor 12:1-11 e 14), ) os
redor do Globo.
dissociativa ou psicótica.
diversos pioneiros, como Pierre Janet, William James, Frederic Myers, Jung,
Ballou, 1960), que permanece ativa até hoje. Infelizmente, tais trabalhos
ser humano. Pierre Janet, apesar de considerar o Espiritismo “uma das mais
1992; Hufford, 1992; King e Dein, 1998). Não nos é necessário tomar partido
apenas como elas operam sobre o indivíduo, quais suas conseqüências para
pelos psiquiatras Francisco Lotufo Neto, Jorge W. F. Amaro, Hyong Jin Cho
Neto, 2004a), curas espirituais (Almeida et al, 2000a; Almeida e Lotufo Neto
Neto, 1997).
2) Objetivos
reconhecidos.
patológicas.
14
3) Revisão da Literatura
longo deste trabalho, nos referiremos às crenças espíritas dos médiuns sem
julgar seu valor objetivo. No entanto, para evitar o uso excessivo e cansativo
presente do indicativo foi utilizado na maior parte das vezes quando são
3.1.1) Espiritismo
teórico único. Para dar nome à filosofia daí resultante, ele cunhou o termo
“uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem
como de suas relações com o mundo corporal” (Kardec, 1995). Para Kardec
país (Souza e Deitos, 1980). Num levantamento feito por Figueiredo e Ferraz
1
Obsessão é definida como: “a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre
um indivíduo”(Kardec, 1992. Cap.XIV it.45)
17
obras, nos ateremos principalmente ao “Livro dos Médiuns”, por ser sua
“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos
é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não
constitui, portanto, um privilégio exclusivo.(...) Pode, pois, dizer-se que
todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se
qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem
caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o
que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.”
manifesta em cada um de acordo com sua propensão, caso esta exista. Por
indivíduos que não possuem tal potencial. Ainda segundo Kardec (1993,
que for mais “flexível” em um dado médium, daí existirem os diversos tipos
• Audientes: ouvem a voz dos Espíritos, podendo ser tanto uma voz
que diz”
produzi-la.
inconsciente do médium):
sugestionabilidade
ilusões”.
teorias fantásticas como se tivessem uma origem mediúnica, mas que não
recomenda:
princípio muito considerado pelos espíritas no Brasil. Por outro lado, nos
prova”, que seria “uma dádiva de Deus, outorga feita a uns e outros em
2
indivíduo que busca ajuda no centro espírita e está em tratamento espiritual
24
Almeida e Lotufo Neto, 2004a). O termo dissociação foi cunhado por Pierre
possui várias definições (Negro Jr, 1999). Mas, geralmente envolvem a idéia
(APA, 1994) e implica que dois ou mais processos mentais não estão
traumáticas.
despersonalização.
- Amnésia
“Eu”
identidade
indivíduo. Tal visão foi incorporada pelo DSM apenas em 1994, em sua
cada grupo e não por uma diferença uniforme nos escores de dissociação de
surgimento mais tardio da mediunidade. Por outro lado, não houve relação
Norte, cujo avaliador não era cego para o quadro do paciente avaliado e
1994). Por outro lado, Richeport (1992), Gonzalez et al. (1994) e Cardeña et
século XIX, o termo alucinação foi proposto por Esquirol para as percepções
sem objeto externo e neste mesmo período tais vivências passaram a ser
1996). Recentes teorias apontam que as alucinações podem ter origem num
significativos.
ver ou ser tocado por um ser vivo ou objeto inanimado, ou de ouvir uma voz;
cuja impressão não foi devida a qualquer causa física externa?”. Mesmo
33
pelo menos uma vez ao mês. Neste estudo, 27% das pessoas já
mentais (Bentall, 2000) e o que faz com que estes algumas destas
vivência ocorria pelo menos uma vez ao mês. Neste estudo, as alucinações
que selecionou pacientes que tinham problemas graves com seus quadros
que referiam ouvir vozes. Destes, 1/3 lidava bem com esta vivência. Estes
tendiam a se ver como mais fortes que as vozes e ouviam mais vozes de
(1992) explica que o filósofo Sócrates considerava a voz que ouvia uma
instabilidade mental. Desta forma, haveria uma profecia que se auto realiza:
vivências.
abandonado.
Psicopatologia
para lidar com elas, surge um grave problema ético: muitos psiquiatras e
(Lu et al., 1994). Com o intuito de colaborar com a prática clínica e com o
Não são fruto de estudos epidemiológicos com rigor metodológico. Se, por
um lado, estas características são úteis em grande parte dos casos, elas
nada têm de absoluto. Podem levar a conclusões enganosas e têm sido alvo
transtorno mental”.
42
entre eles Chico Xavier (Souto Maior, 2003) e Mirabelli (Palhano Jr, 1994).
Espirituais e Religiosos.
Turner et al., 1995). São conceitos propostos por Lukoff, Lu e Turner (1992;
amigos. Pode haver dificuldades em conciliar uma nova visão da vida que
emerge após estes eventos com o antigo estilo de vida, podendo influenciar
como:
Abordagem Terapêutica
1995; Grof e Grof, 2001). É vital uma abordagem equilibrada, que evite os
extremos de, por um lado, “patologizar” os estados místicos ou, por outro
Grof, 2001).
que apresentaram as mesmas vivências pode ser útil (Grof e Grof, 2001).
afastar o paciente de sua religião, nem que se desqualifica a sua fé. Deve
do dia a dia pode vir a ser necessário. Por fim, caso haja algum transtorno
1997; Grof e Grof, 2001). Também podem ser úteis as diretrizes fornecidas
eras e civilizações, e que muitas vezes podem estar associadas a bem estar
4) Métodos
4.1) População
amostra estudada.
aleatoriamente.
História Familiar (Weissman et al., 2000). Apenas 26,4% dos voluntários que
se inscreveram para a pesquisa e 50% dos que passaram pelo filtro do SRQ
composta por dez homens e 24 mulheres, com idade média de 32,6 anos.
fundamental completo. Esta amostra foi obtida pela Profª Drª Clarice
4.2) Instrumentos
(Weissman, 2000).
por Gorenstein et al. (1999). A EAS permite uma avaliação do ajuste social
em sete áreas: trabalho fora de casa, trabalho em casa, estudos, vida social
e lazer, relação com família, com cônjuge, com filhos, vida doméstica e
DDIS é dividido em 16 seções, sendo que cada seção deve ser pontuada
nas diversas seções por indivíduos da população geral (Ross e Joshi, 1992)
Apesar da DDIS ser uma escala que vem sendo muito utilizada na
literatura especializada, ela ainda não foi validada para população de língua
SCAN
Contudo, pode ser utilizado para fazer diagnósticos psiquiátricos pelo CID,
DSM e outros sistemas. O SCAN foi desenvolvido para ser uma “caixa de
em duas partes:
funcional.
57
O SCAN foi desenvolvido para ser aplicado apenas por clínicos com um
Entrevistado
vivências.
vivências mediúnicas.
4.3) Procedimentos
Zona Oeste 11 5
Zona Sul 9 2
Centro 11 2
Zona Leste 8 1
Zona Norte 10 0
comparecer a todas as reuniões, quando isto não era possível, foi dada
indivíduos, inviabilizando seu uso. Desta forma, o PCI foi excluído das
avaliações posteriores.
EAS).
Segunda Etapa
se de:
61
Desta forma, optou-se por rebaixar o limiar de seleção para a segunda etapa
SRQ positivos (n=12) foram entrevistados, não houve perda neste subgrupo.
Do SCAN, somente o PSE foi utilizado. A parte II foi utilizada apenas nos
mediúnica.
composto pela inicial do primeiro nome do médium, seu sexo e idade. Assim,
Package for the Social Sciences) 10.0 for Windows. Primeiro procedeu-se a
ou Box-Plot.
para uma dada variável da EAS. Quando essa hipótese foi violada, uma
5) Resultados
(variação: 24-73 anos). Nas tabelas abaixo podem ser vistas as distribuições
n=115
Escolaridade %
Secundário 28,1
Superior 35,1
n=114
66
Estado Civil %
Casado 48,7
Solteiro 20,9
Separado/Divorciado 16,5
Viúvo 10,4
n=115
Ocupação %
Empregado 64,6
Aposentado 15,1
Do lar 12,4
Desempregado 2,7
n=113
40
30
20
10
Freqüência
0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
5,0 15,0 25,0 35,0 45,0 55,0 65,0
Pintura 2 1,8 0
n= 114
NOTA: A média de atividade da mediunidade de cura
não foi calculada, pois as freqüências eram muito
discrepantes e não confiáveis.
mediúnica de cura, desta forma, não foi possível obter uma estimativa
confiável.
transtorno mental, a média global da EAS foi 1,54 ± 0,2. Esta média foi
40
30
20
Freqüência
10
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Pontuação no SRQ
5.5) DDIS
hipnóticos. Uma terapia psicológica que durou mais de cinco sessões foi
12
10
8
Freqüência
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Número de SPO
72
responderam às questões:
(p=0,45).
Abuso Infantil
Não houve correlação entre SPO e abuso físico (r=0,12 p=0,58) ou sexual
(r=0,04 p=0,84).
73
(20,8%), enquanto que seis de 24 médiuns (25%) referiram ter tido amigos
imaginários na infância.
pesquisa foi 24, apresentando uma média de 2,2 ± 1,8 sintomas secundários
de TID.
2
Freqüência
0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
Nunca: 18 Ocasionalmente: 6
• Você já notou que existem coisas onde você vive e você não sabe de
livros, móveis
Nunca: 23 Ocasionalmente: 1
vagamente?
Nunca: 10 Ocasionalmente: 14
saber como chegou lá e não estando certo do que ocorreu neste curto
drogas?
enxurrada ou um "flashback"?
Freqüente:1
Freqüente: 3
consegue se lembrar?
Freqüente:3
Sim:13 Não:11
Experiências Paranormais
paranormais.
77
Déjà vu 18 (78,2%)
Telepatia 13 (56,5%)
houve uma média de 1,2 ± 2 sintomas borderline, sendo que dois (8,6%)
12
10
4
Freqüência
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0
5.6) SCAN
específica.
Tabela 11- Diagnósticos psiquiátricos e perfil sintomatológico dos médiuns SRQ-
Médium PSE LB Duvidoso Neurot Depr Psicót Func Escore ID AA AV ns forma Delírio
+ total Psicot pens controle
4 F20.3 18 2 20 8 9 3 4 1
20 F20.3 7 2 8 3 20 8 1 4
22 F20.3 1 1 14 3 19 8 1 4 1 2 4
27 15 11 5 10 41 3 1 3 1
47 F41. 1 29 7 2 6 45 5 1
F 06.3
49 3 2 5 10 2 1
63 4 1 5 2 2 2
74 F48.1 F20.3 7 2 9 8 4 2
76 F48.1 29 5 39 5 78 8 5 8 8 4 2
F20, F29
82 F32 7 4 2 13 2 3
83 2 2 1
Legenda:
PSE: Diagnósticos atuais Depr: Sintomas depressivos ID: Índice de Definição
LB: Diagnósticos prévios (vida toda antes) Psicót: Sintomas psicóticos AA: Alucinações auditivas
Neurot: Sintomas neuróticos Func.+: Funcionamento positivo AV: Alucinações visuais
Ns Psicot.: Sintomas Psicóticos não específicos Forma Pens.: alterações formais de pensamento F41.1: Transtorno de ansiedade generalizada
F 06.3: Transtorno afetivo orgânico F48.1: Sínd. de despersonalização/ desrealização F20 Esquizofrenia paranóide
F 29 Transtorno psicótico não especificado F32 Episódio depressivo leve
80
Médium PSE LB Duvidoso Neurot Depr Psicót Func Escore ID AA AV ns forma Delírio
+ total Psicot pens controle
8 F40.01 F41.01 34 1 6 44 5 1
29 F34.1 F34.1 F20.3 23 2 9 4 38 8 2 3 4
F52
31 - F 20.3 5 1 21 6 34 8 1 5 3 4
32 - F 20.3, F48.1 10 2 6 3 21 8 1 4
34 F50.2 - F20.3, F44.3, 42 10 30 5 108 8 1 5 6 7 3
F44.6 , F48.1,
F29
62 - 7 2 5 3 17 2 1 2 1
64 F20.3 F20.3 32 5 20 2 59 8 1 3 3 9
73 40.2 F10.21, F30.1, 18 5 3 27 5 1 2
F41.1
77 F30, F20.0 14 2 24 4 53 8 3 5 3 1 2
F10.02
84 - 6 5 4 5 20 3 1 1
86 - 3 7 10 2
115 F20.3 15 1 7 5 28 8 1 3 1 1
Legenda:
PSE: Diagnósticos atuais Depr: Sintomas depressivos ID: Índice de Definição
LB: Diagnósticos prévios (vida toda antes) Psicót: Sintomas psicóticos AA: Alucinações auditivas
Neurot: Sintomas neuróticos Func.+: Funcionamento positivo AV: Alucinações visuais
Ns Psicot.: Sintomas Psicóticos não específicos Forma Pens.: Alterações formais de pensamento F41.01 Transtorno do pânico, grave
F40.01 Agorafobia com transtorno de.pânico F48.1: Sínd. de despersonalização/ desrealização F20 Esquizofrenia paranóide
F 29 Transtorno psicótico não especificado F32 Episódio depressivo leve F34.1 Distimia
F52 Disfunção sexual F50.2 Bulimia nervosa F44.3 Trasntorno de transe e possessão
F40.2 Fobia específica F44.6 Anestesia dissociativa F10.02 Intoxicação aguda por álcool
F30 Hipomania
Tabela 13 – Médias no SRQ e EAS entre os médiuns com e sem
diagnóstico de esquizofrenia pelo CID-10
20 40 40 3 10 4 4 12
22 34 34 6 1 8 2 4 11
27 2 2 2
47 5 5 2 3
49 5 5 1 3
63 20 20 2 3 3 3 6
74 21 21 3 2 6 6
76 64 68 9 10 9 6 8 12
82 20 20 3 5 3 6
83 18 18 1 2 15
Legenda:
Psicót: Sintomas psicóticos Percep. Alt.: Percepção AA: Alucinações auditivas
alterada
AV: Alucinações visuais Ns Psicot.: Sintomas Forma Pens.: Alterações
Psicóticos não específicos formais de pensamento
Del. Contole: Delírio de
controle
83
29 16 18 1 6 9
31 32 32 4 8 4 3 11
32 15 21 3 5 7
34 28 28 5 4 6 3 7
62 15 15 4 3 2 4
64 24 25 5 3 6 8
73 30 30 4 3 4 3 13
77 59 61 9 7 11 6 6 15
84 10 10 1 2 3 4
86 0 0
115 40 42 7 10 6 1 3 10
Legenda:
Psicót: Sintomas psicóticos Percep. Alt.: Percepção AA: Alucinações auditivas
alterada
AV: Alucinações visuais Ns Psicot.: Sintomas Forma Pens.: Alterações
Psicóticos não específicos formais de pensamento
Del. Contole: Delírio de
controle
negativos
tabela 16).
84
(n=11)
FORA DO CE
DENTRO DO CE
surgimento da mediunidade:
como mediúnicas
somáticos
“Eu tinha uns seis anos e, durante o evangelho no lar3, comecei a ver
pessoas de bata branca com as mãos sobre as nossas cabeças” (CF27)
3
Os espíritas têm o hábito de reunirem a família semanalmente para o estudo do livro “O Evangelho
Segundo o Espiritismo” (Kardec, 1996). A este encontro, chamam de “Evangelho no lar”, que é muito
valorizado e considerado um momento de ligação com os mentores espirituais.
88
- Sensações de presença
- Vivências telepáticas
“Aos oito anos eu comecei a ver e conversar com um homem (...) depois,
num retrato, descobri que era meu avô que já tinha morrido. (...) sempre
ouvi coisas(...)” (MF43)
“Eu ficava muito triste, tinha vontade de beber e de me matar (...) não
parecia que era eu que queria, que era alguém que queria me prejudicar”
(SF51)
ambientes ou pessoas.
“Eu pensava em alguém e pouco depois tinha alguma notícia dela.” (MF56)
“No início, minha família não acreditou, mas como o que eu falava que ia
acontecer, acontecia, aí, eles passaram a acreditar.” (F46)
“Minha família dizia que minhas visões eram coisa do demônio e me levavam
para benzer. (...) Eu ficava confusa, sem entender (...) achava que era meio
doida (...) ficava magoada e pensava: por que não sou normal como os
outros?” (MF48)
possuidores de mediunidade:
mediunidade.
“Aos 18 anos fui convidada a um centro espírita por uma amiga (...) lá
descobri que o que ocorria comigo era mediunidade” (MF35)
cardiologista após ter passado, sem sucesso, por diversos médicos para se
tratar dos diversos sintomas que apresentava. Por fim, vale citar o indivíduo
que, a partir dos 21 anos, via pessoas e ouvia vozes quando ingeria
tipos de mediunidade.
a) Incorporação e Psicofonia
Apesar de, muitas vezes, serem tidos como dois termos distintos
∗
Estão entre parênteses as freqüências absolutas de cada uma das vivências
93
“Do nada, surge uma idéia que eu transmito com as minhas palavras”
(JF46)
alta
médiuns, mas para outros cinco entrevistados, ela está totalmente clara. Em
94
lembrança.
b) Intuição/Inspiração
como se alguém tivesse falando no meu cérebro” (SF51). Podem ser frases
solução pronta. Outro, referiu ouvir uma voz interior com dicas sobre o que
deve ou não fazer: “não faça isso pois não vai dar certo”. (OF56)
c) Vidência
nos espaços:
objetos.
outras, não. Um dos médiuns (DM33) referiu que era capaz de ver as
olhos.
“Algumas vezes por mês eu vejo três senhoras em minha casa” (CF71)
ou cemitério.
96
d) Audiência
psíquico interno (“dentro da cabeça”), mas que teriam uma fonte externa.
“Surge uma voz dentro da cabeça com sugestões para fazer alguma coisa”
(MF56)
para a assistida que ela deve vigiar seus pensamentos” e do que ouve do espírito
e) Psicografia
mudança na caligrafia
f) Desdobramento
percepção do local onde seu corpo se encontra, daí, percebe apenas “a voz
mediúnicas
relatados como úteis na definição por uma origem fora de suas mentes
estariam:
médium
“Já traz a solução pronta de um problema (...) vem como uma idéia”
(BF56)
mesmo
diferente, que havia levado um tiro, que não conseguiria ver seus
trânsito (MF48).
(MF56).
espírita. Por exemplo, uma médium referiu ter visto “um cortador
6) Discussão
Este último item nos levou à utilização de estudos com populações que
uso deve se dar de maneira crítica, com entendimento das limitações destes
textos.
101
segunda fase não representa o universo amostral, pois tem uma maior
de 48,1, ± 10,7), sendo 75% mulheres, não tendo sido possível determinar
em mulheres e/ou pelo fato das mulheres tenderem a ser mais religiosas
(Levin e Chatters, 1998, Koenig et al., 2001; Miller e Stark, 2002). Apesar de
comunitária britânica.
102
de seus direitos civis, dando voz a estes atores sociais que tinham pouco
(Kiev, 1961; Ward, 1984; Cardeña et al., 1994). Haaken (1994), uma
contra traumas, mas pode também ser uma defesa contra um mundo que
sugerem que nossa amostra pode ser representativa não só dos médiuns de
DES.
104
Um fator que colabora para que seja possível reverter esta carência de
para a pesquisa ter se negado a colaborar, a AEE, bem como seus médiuns,
entrevista que chegava a durar até 4 horas. Muitos deles diziam que era
105
uma profissão da qual obtêm sua renda (Brown, 1997). Barret (1996) teve
é possível inferir que a maior parte da amostra é espírita há vários anos, não
analógica.
106
bem como ser causador de sofrimento (Cardeña et al., 1994; González et al.,
mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os
medidos pelo SRQ e de adequação social medidos pela EAS. Tal ausência
mediúnica e psicopatologia.
São Paulo sem história familiar e pessoal de transtorno mental utilizada para
comparação (1,54 ± 0,2). Deve-se destacar que esta amostra utilizada para
pesquisa realizada em São Paulo por Menezes e Mann (1993) com 124
de esquizofrenia podem não ter uma pontuação muito ruim na EAS. Foi o
que ocorreu num estudo com 47 pacientes com esquizofrenia, que tiveram
tinham filhos e, assim, estes itens não foram avaliados. Uma limitação da
EAS é que ela não confere nenhum peso às áreas do ajustamento social em
que o indivíduo não atue. Assim, um indivíduo que trabalha com alguma
analisados com cuidado em pacientes que não exerçam diversos dos papéis
que precisa ser replicado, pois pode ser um erro tipo I, devido à realização
de múltiplos testes.
apresentou escores acima do ponto de corte (5/6 para homens e 7/8 para
corte (4/5 e 6/7), esta prevalência de SRQ+ subiu para 10,4% (14,8% dos
Pelotas (RS), considerando-se SRQ+ quem tivesse mais que sete pontos,
113
18,5% dos respondentes (23,4% das mulheres e 13,1% dos homens) foram
Olinda (PE) e utilizando um ponto de corte 5/6, 35% dos indivíduos eram
SRQ+, sendo que era de 23% entre os sujeitos com ≥11 anos de instrução e
todos os médiuns freqüentam o CE pelo menos uma vez por semana, este
pode ser um outro fator que explique estes achados. Por fim, pode-se fazer
Esquizofrenia (SPO)
tinham 4 SPO em média. O que é menos que a média de pacientes com TID
(6) (Ross et al., 1990b, 1992), acima de pacientes com transtorno do pânico
116
Yargiç et al., 1998). Ferracuti et al. (1996) investigaram dez pessoas que
média de cinco SPO, sendo que todos referiram ouvir vozes. Numa amostra
Joshi, 1992a), 79,1% dos indivíduos não relataram nenhum SPO e 4,5%
relataram quatro ou mais SPO. Este grupo com quatro ou mais SPO era
significativamente mais jovem (média 37,3 ± 16,2 anos vs. 47 ± 16,5) que o
grupo sem SPO, mas não diferiam quando à distribuição por sexo ou status
estudo acima quanto à idade média (48,1 ± 10,75) e ficaram mais próximos
ao grupo com quatro ou mais SPO quanto aos sintomas associados ao TID
média de 2,4 SPO, notadamente os que envolvem controle por uma força
foram muito raros ou ausentes. Talvez estes sintomas mais raros possam
produzidas por algo externo (7,4%), sentimentos produzidos por algo externo
científica convincente para suas afirmações. Por fim, afirma que há tantos
não seria nem mesmo considerado para publicação numa revista científica
et al., 2003). Mellor (1982) também realçou a inespecificidade dos SPO, bem
tais experiências também ocorrem no dia a dia destes indivíduos, fora das
sessões espíritas.
sexual na infância entre 60 a 90% dos pacientes com TID (Putnam et al.,
1986; Schultz et al., 1989; Ross et al., 1990b; Ross e Joshi, 1992; Modestin
120
comunicante afirmou que “aquele corpo de carne” que ele utilizava foi
correlação.
Dissociativa (TID)
em 55,9% dos casos. Uma terapia psicológica que durou mais de cinco
sessões foi utilizada por 38,1% de nossa amostra (8 em 21), o que é bem
(20,8%), enquanto que em uma amostra de pacientes com TID a taxa foi de
infância, o que em pacientes com TID foi de 48% (Ross et al., 1990b).
nossa amostra a média foi 2,17. Entre os dez sujeitos exorcizados devido a
de médiuns espíritas.
foi de 5,1 sintomas borderline (Ross et al., 1992) e em dez indivíduos com
pessoais importantes, que são extensas demais para serem explicadas por
podem referir o seu “Eu superior” como a fonte das manifestações (Barret,
Cardeña et al. (1994) afirmam que, apesar de haver uma forte tendência a
ver a possessão como apenas um caso de TID com uma “roupagem cultural”
podem ter sido geradas por um erro tipo II devido ao pequeno tamanho da
amostra. Com os presentes dados, não é possível dizer que estas diferenças
et al., 1999). Tais achados indicam que o SRQ, na amostra em análise, foi
psicopatologista inglês Andrew Sims (1997) afirma que o PSE não é capaz
de fazer tal distinção e que isto não seria nada surpreendente posto que ele
não teria sido confeccionado para tal fim. Diz que a utilização de
meias numa lava-louças e se surpreender que esta máquina não é boa para
científicas objetivas.
indivíduo como doente mental apenas por possuir vivências que possam ser
doenças mentais. Os autores alertam que, para grande parte dos clínicos e
uma das doenças do código, logicamente concluímos que ela tem uma
os autores em questão:
“Nessas condições, é difícil ter muito respeito para com alguns dos
quadros nosográficos usados em psiquiatria. Nem podemos definir a
doença mental, apenas em função da correspondência entre os dados
clínicos e um dos capítulos do atual código de doenças mentais.(...)
Certos quadros são defeituosamente concebidos. Não existem
sintomas patognomônicos, e usar a soma dos sintomas é um
procedimento falho.”
pretender impor à natureza limites que ela não possa transpor” (apud
Sonenreich e Bassit,1979).
1998). Estas precauções são especialmente válidas numa área tão delicada
Fulford, 1997). Segundo van Praag (1992) o uso acrítico dos critérios
geral. Assim, o autor clama por esforços constantes para expandir e refinar
Finais.
diz ser uma ingenuidade assumir que o fato de gravar uma entrevista não irá
por saberem que o que estão dizendo está sendo gravado. Afirma que vários
dos microfones, regular volume, verificar e trocar fitas e baterias etc) que
quais faltam ser abordados. Por outro lado, Bernard (1988) recomenda que a
131
rápido e mais acurado que tomar notas e permite que a conversação flua
não é sempre indicado e que muitas pessoas não gostam de terem suas
a) Surgimento da Mediunidade
dos nove médiuns pesquisados por Barret (1996) informaram que sua
Xavier (Souto Maior, 2003) e Mirabelli (Palhano Jr, 1994). No entanto, pode-
brasileira esta ponderação teria ainda mais força. No entanto, devido à forte
casos, estas vivências eram, pelo menos, não toleradas pelo meio cultural.
b) A descoberta da Mediunidade
por outras razões. Nestes casos, o relato mais freqüente informa que
Dizem que suas religiões originais não lhes forneciam respostas satisfatórias
incipientes bem como no seu controle (Negro Jr, 1999; Kardec, 1993).
mediúnico para pessoas nesta zona cinzenta é uma área controversa dentro
do meio espírita (Almeida e Lotufo Neto, 2004b). Allan Kardec ponderou que
Hughes (1991) aponta três motivações principais para que alguém deseje
auto-confiança
mediúnica
procuraria outras formas de ajuda e qual parte destes indivíduos evolui para
descrito por todos os nove médiuns avaliados por Barret (1996). Alguns
1991).
psíquico interno. Estas vivências podem ser mais sutis e serem interpretadas
não mais como uma voz, mas como um pensamento inserido na mente do
razoável freqüência no dia a dia dos médiuns. Tal fato coloca em questão o
de Negro Jr (1999). Nesta última, 63% dos indivíduos referiram ter sempre
(1991) avaliou 18 médiuns nos EUA e estes usavam o termo “blending” para
destacado por Barret (1996). Hughes (1991) ressalta que estes conceitos
1992).
que seria uma influência de um outro espírito. Um dos grandes critérios era a
Naturalmente, estas evidências não são aceitas por grande parte dos
Uma questão que importa refletir é sobre o que seriam estas vivências
psicótico breve
foi que o prognóstico após três anos esteve mais relacionado ao sexo e ao
fornecer uma estrutura interpretativa a estas vivências. Por outro lado, afirma
enfrentamento, foco nas crenças religiosas e culturais, bem como o uso das
científica que poderia ser muito útil para a imensa massa de desfavorecidos
“Com isso não chego a advogar que a psiquiatria se faça ogã, mas que
compreenda e tolere que seus pacientes busquem uma psicoterapia
religiosa, que pode suprir em suas vidas aquilo que foi esvaziado pelo
maquinismo e frieza do cotidiano. Fármacos não impedem o uso de
passes” (Lopes, 1979).
etnográfico que seguiu o dia-a-dia dos pacientes e familiares por pelo menos
nesta tese.
nível educacional (Johns e van Os, 2001). Além das limitações sociais
emprego, bem como a boa adequação social medida pela EAS não
Andreasen, 1999; Turner, 2004). Tal incapacitação contrasta com o alto nível
e cumprir os papéis esperados para a idade) por dois ou mais anos. Uma
ponto diz respeito a uma associação entre uma menor duração da psicose e
uma melhor recuperação. Tem sido cada vez mais reconhecido que um
al, 2001). Numa investigação prospectiva realizada em São Paulo com 103
foram uma maior duração dos sintomas, baixo nível educacional e pior
boa adequação social. Tal debate nos leva para o interessante debate entre
psiquiatria não contém um capítulo sobre o que seria a doença mental, como
reconhece que não há uma rígida fronteira entre transtorno mental e saúde
150
melancólica. Por fim, Regier et al. (1998) propõem critérios adicionais para a
aferição de sintomas.
diversos estímulos sofridos. Desta forma, especula que certas vias neurais
- Transtornos Dissociativos
exemplo, Sigmund Freud (1927) e Pierre Janet (1889) atribuíam toda origem
- Problema Espiritual
psicótico ou dissociativo.
7) Conclusões
coexistindo.
psicopatologia.
SRQ.
entidades distintas.
6.) O surgimento das vivências mediúnicas num ambiente social onde estas
não são bem aceitas e a ocorrência apenas num contexto religioso não
Consentimento Informado
Eu concordo em ser entrevistado(a) como parte desta pesquisa sobre
mediunidade.
Eu compreendo que meu nome não aparecerá nos resultados da
pesquisa e não haverá possibilidade de quebra desse sigilo.
Eu compreendo que os resultados desta pesquisa serão publicados sem
a identificação das pessoas pesquisadas e que poderei ter acesso a esses
resultados.
Eu compreendo que a participação nesta pesquisa não envolve nenhum
risco para minha saúde.
Eu compreendo que o entrevistador e os outros pesquisadores não
poderão oferecer-me tratamento.
Eu concordo em responder à entrevista do melhor modo possível, mas
eu sou livre para não responder qualquer pergunta que não deseje responder.
Eu também compreendo que se eu me recusar a participar, não haverá
qualquer conseqüência negativa para mim.
Assinatura: _________________________
Data: _______/_______/_______
8.2) Questionário Sociodemográfico e de Atividade Mediúnica
Você está:
[ ]Empregado [ ]Desempregado [ ]“Encostado” [ ]Aposentado por invalidez
[ ]Trabalhos temporários (“bicos”) [ ]Aposentado por idade ou tempo de serviço
[ ] Do lar
Ocupação:_______________________
Você já freqüentou:
[ ] Curso de estudo da mediunidade [ ] Reunião de desenvolvimento mediúnico
Qual foi a freqüência de suas experiências mediúnicas durante os últimos 30 dias? (ex.:
quantas vezes você incorporou ou psicografou nos últimos 30 dias?)
[ ] Psicofonia (falante) [ ] Efeitos físicos
[ ] Psicografia (escrevente) [ ] Cura
[ ] Vidência [ ] Pintura mediúnica
[ ] Audiência [ ] Desdobramento
[ ] Incorporação [ ] Outras (quais?)
8.3) SRQ
8.4) EAS
161
162
163
164
165
8.5) DDIS
1. Queixas Corporais
O entrevistador deve agora fazer a seguinte pergunta: “Alguma vez você teve os seguintes sintomas
físicos para os quais os médicos não conseguiam encontrar uma causa física?”
O entrevistador deve apresentar novamente os critérios a-c para o entrevistado assim que ocorrer a
primeira resposta positiva para garantir que o indivíduo entendeu corretamente.
3. Dor abdominal, na barriga (outra que não menstrual)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
4. Enjôo ou Náusea ( que não ocorra só em viagens)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
5. Vômitos ( que não ocorram só em viagens)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
6. Empachamento (barriga inchada com gases)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
7. Diarréia
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
8. Intolerância (passar mal) a diferentes tipos de alimentos
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
9. Dor nas costas
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
10. Dor nas juntas
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
11. Dor nas extremidades ( mãos e pés)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
12. Dor nos genitais fora das relações sexuais
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
13. Dor ao urinar
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
14. Outra dor ( que não seja dor de cabeça)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
15. Fôlego curto ou falta de ar sem estar fazendo esforços
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
16. Palpitações ( uma sensação que seu coração está batendo muito forte)
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
17. Dor no peito
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
18. Tontura
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
19. Dificuldade em engolir
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
20. Perda da voz
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
21. Surdez
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
22. Visão dupla
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
23. Visão embaçada
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
24 Cegueira, Perda da visão
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
25. Desmaio ou perda dos sentidos
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
26. Amnésia
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
27. Convulsões
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
28. Dificuldade para andar
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
29. Paralisia ou fraqueza muscular
167
Nota: Se a pessoa for masculina, faça a pergunta 33 e então pule para a questão 38. Se for mulher, vá à
questão 34.
33. Impotência sexual
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
34. Ciclos menstruais irregulares
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
35. Cólicas menstruais, Dores durante a menstruação
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
36. Fluxo menstrual excessivo
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
37. Vômitos por toda a gravidez
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
38. Você já teve muitos sintomas físicos por vários anos, que começaram antes dos 30 anos e que te
fizeram buscar tratamento ou causaram prejuízos sociais ou ocupacionais?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
39. Esses sintomas físicos que você descreveu foram deliberadamente produzidos por você?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
Se o entrevistado não refere um diagnóstico para o item 46 (e), vá para a questão 48.
47. Se o entrevistado relatou um diagnóstico para o item 46 (e), ele se referiu a um dos seguintes:
a) amnésia dissociativa [ ]
168
b) fuga dissociativa [ ]
c) transtorno de identidade dissociativa [ ]
d) transtorno de despersonalização [ ]
e) transtorno dissociativo não especificado
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
53. Você já fez tratamentos para um problema emocional ou doença mental que foram ineficazes?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
O objetivo desta seção é determinar se a pessoa já teve ou atualmente tem um episódio depressivo
maior.
54. Você já teve um período de humor deprimido durando ao menos duas semanas em que você se
sentiu deprimido, melancólico, desesperançado, diminuído ou para baixo, na fossa?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
Se a pessoa respondeu Sim ou Incerto. O entrevistador deveria perguntar: “Durante esse período
você teve os seguintes sintomas aproximadamente todo dia por ao menos duas semanas?
55. Apetite ruim ou uma perda de peso importante (sem estar de dieta) ou apetite aumentado ou ganho
de peso importante.”
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
56. Dormindo muito pouco ou em excesso.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
57. Sentir-se fisicamente ou mentalmente lentificado, ou agitado ao ponto de outras pessoas notarem.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
58. Perda do interesse ou prazer nas atividades diárias, ou diminuição do desejo sexual.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
59. Perda de energia ou fadiga quase todos os dias.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
60. Sentimentos de menosvalia, auto-reprovação, ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os
dias.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
169
63. Se você teve um episódio de depressão como descrito acima, ele está: [ ]
atualmente ativo, primeira ocorrência=1
atualmente em remissão=2
atualmente ativo, recorrência=3
Incerto=4
devido a uma causa orgânica específica=5
Se a pessoa respondeu Não para todos os sintomas de esquizofrenia, vá para a questão 67, caso
contrário, o entrevistador deveria perguntar :
“Se você já teve qualquer um dos sintomas acima, eles eram claramente limitados a um dos
seguintes:”
65. Ocorreram somente sob efeito de drogas ou álcool.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
66. Ocorreram somente durante um episódio depressivo maior.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
69. Você já teve episódios como um transe onde você ficou com o olhar perdido no espaço, perdeu a
consciência do que estava ocorrendo à sua volta e perdeu a noção do tempo?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
76. Se você foi abusado(a) fisicamente, qual a sua idade quando isso começou? [ ]
Duvidoso=89. Se menor que 1 ano, marque 0.
77. Se você foi fisicamente abusado(a), qual a sua idade quando isso parou? [ ]
Duvidoso=89. Se menor que 1 ano, marque 0. Se ainda estiver ocorrendo, marque a idade atual do
entrevistado.
78. Você foi abusado(a) sexualmente quando criança ou adolescente? Abuso sexual inclui estupro ou
qualquer tipo de toque ou carícia sexual não desejada a que você pode ter sido submetido(a).
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
Se a pessoa respondeu Não à questão 78, vá para a questão 85. Se respondeu Sim ou Duvidoso, à
questão 78, o entrevistador deve dizer o seguinte antes de fazer outras perguntas sobre abuso sexual:
“As questões seguintes abordam exemplos detalhados de tipos de abuso sexual que você pode ou não
ter vivenciado. Devido à natureza explícita destas questões, você tem a opção de não responder
alguma ou todas elas. O motivo destas perguntas é tentar avaliar a gravidade do abuso que você
sofreu. Você pode responder Sim, Não, Duvidoso ou não dar uma resposta para cada uma das
questões abaixo.
b) mãe [ ]
c) padrasto [ ]
d) madrasta [ ]
e) irmão [ ]
f) irmã [ ]
g) parente masculino [ ]
h) parente feminino [ ]
i) outro homem [ ]
j) outra mulher [ ]
Sim=1 Não=2 Duvidoso=3 não respondeu=4
82) Se você foi sexualmente abusado(a), qual a sua idade quando isso começou?
Duvidoso = 89. Se menor que 1 ano, marque 0. [ ]
83. Se você foi fisicamente abusado(a), qual a sua idade quando isso parou?
Duvidoso=89. Se menor que 1 ano, marque 0. Se ainda estiver ocorrendo, marque a idade atual do
entrevistado. [ ]
84. Quantos episódios separados de abuso sexual você foi submetido(a) até a idade dos 18 anos?
1-5=1 ; 6-10=2 ; 11-50=3 ; >50=4 ; Duvidoso=5 ; [ ]
85. Quantos episódios separados de abuso sexual você foi submetido(a) após a idade dos 18 anos?
0=1 ; 1-5=2 ; 6-10=3 ; 11-50=4 ; >50=5 ; Duvidoso=6 [ ]
86. Você já notou que coisas estão desaparecendo de seus pertences pessoais ou onde você vive?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
87. Você já notou que existem coisas onde você vive e você não sabe de onde elas vieram ou como
você as conseguiu? Ex.: roupas, jóias, livros, móveis.
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
88. Você já notou que sua caligrafia muda drasticamente ou que há recados ou outros escritos que
você não reconhece?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
89. Pessoas se aproximam e falam com você como se elas o conhecessem, mas você não as conhece
ou somente as reconhece vagamente?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
90. As pessoas já te contaram sobre coisas que você fez ou disse mas que você não se lembra,
excluindo as vezes em que você estava usando álcool ou drogas?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
91. Você já teve episódios de “branco” ou “apagamentos” de certos períodos de tempo que você não
consegue lembrar, excluindo as vezes em que você estava usando álcool ou drogas?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
92. Você já se encontrou, bem desperto, em um lugar estranho, sem saber como chegou lá e não
estando certo do que ocorreu neste curto período, excluindo as vezes em que você estava usando
álcool ou drogas?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
93. Há grandes períodos da sua infância após os 5 anos que você não consegue se lembrar?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
94. Você já teve memórias retornando tudo de uma vez, como uma enxurrada ou um “flashback”?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
95. Você já teve longos períodos em que você se sentia irreal, como se estivesse em um sonho, ou se
não estivesse realmente lá, excluindo as vezes em que você estava usando álcool ou drogas?
Nunca=1; Ocasionalmente=2; Razoavelmente Freqüente=3; Freqüentemente=4; Duvidoso=5 [ ]
96. Você ouve vozes, algumas vezes, falando com você ou conversando dentro da sua cabeça?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
O entrevistador deve dizer: “Para as nove questões seguintes, por favor, responda Sim somente
se você tem essa característica na maior parte do tempo pela maior parte da sua vida.”
Você teve:
108. Comportamento impulsivo ou imprevisível em ao menos duas áreas que podem causar-lhe
problemas, ex.: gastos, sexo, uso de drogas, dirigir de modo imprudente, comer compulsivo.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
109. Um padrão de relacionamentos pessoais intensos e instáveis caracterizados pelas suas
alternâncias entre sentimentos positivos e negativos extremos.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
101. Raiva intensa ou ausência de controle sobre a raiva, ex.: acessos freqüentes de fúria, raiva
constante, brigas corporais repetidas.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
111. Identidade, auto-imagem ou senso de si mesmo instáveis
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
112. Flutuações freqüentes de humor: perceptíveis desvios do humor normal para depressão,
irritabilidade ou ansiedade, geralmente durando apenas poucas horas e raramente mais que uns poucos
dias.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
113. Esforços intensos para evitar um abandono real ou imaginado.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
114. Comportamento suicida recorrente, ex.: tentativas de suicídio, auto-mutilação ou ameaças de
suicídio
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
115. Sentimentos crônicos de vazio.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
116. Sintomas dissociativos intensos ou paranóia ligada ao estresse transitórios.
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
118. Se você respondeu Sim à questão anterior, o distúrbio foi devido a uma doença física conhecida
(ex.: apagamentos (blackouts) quando alcoolizado ou derrame), abuso de drogas ou outro problemas
psiquiátrico?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
119. Os sintomas causaram em você sofrimento importante ou prejuízo em seu desempenho social ou
ocupacional?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
Se a pessoa respondeu não a uma ou ambas as questões 118 e 119, vá para a 121.
120. Você já fez viagens súbitas e inesperadas para longe da sua casa ou local de trabalho, sem
conseguir lembrar de seu passado?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
121. Durante esse período você ficou confuso sobre sua identidade ou assumiu parcial ou
completamente uma nova identidade?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
122. Se você respondeu Sim às duas questões anteriores, o distúrbio foi devido a uma doença física
conhecida? (ex.: apagamentos (blackouts) quando alcoolizado ou derrame)?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
123. Os sintomas causaram em você sofrimento significativo ou prejuízo em seu desempenho social
ou ocupacional?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
Se a pessoa não respondeu Sim a qualquer uma das questões 124 a-d, vá para a questão 127.
125. Se você respondeu Sim a qualquer uma das questões anteriores sobre despersonalização, o
distúrbio foi devido a um outro problema tal como esquizofrenia, transtorno ansioso, epilepsia, abuso
de drogas ou uma doença médica geral?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
126. Durante os períodos de despersonalização, você permaneceu em contato com a realidade e
manteve sua capacidade de pensar racionalmente?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
128. Ao menos duas das identidades ou personalidades tomam, recorrentemente, o controle sobre o
seu comportamento?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
O entrevistador de marcar a questão 129 baseada na resposta à questão 117 e não deve ler alto a
questão 129.
129. Já aconteceu de você não conseguir lembrar de informações pessoais importantes, que são
extensas demais para serem explicadas por esquecimento habitual?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
130. O problema com diferentes identidades ou personalidades é devido a abuso de álcool ou drogas
(ex.: apagões alcoólicos) ou um problema médico geral?
Sim = 1 Não = 2 Duvidoso = 3 [ ]
O entrevistador deveria fazer uma breve conclusão dizendo que não há mais
questões e agradecendo ao sujeito por sua participação.
176
9) Referências Bibliográficas
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Alexander Moreira-Almeida1
Angélica A. Silva de Almeida2
Francisco Lotufo Neto1
Abstract
Spiritism is widely accepted in Brazil, influencing psychiatric practice specially
through religious oriented hospitals. During the first half of the twentieth century it
was considered an important cause of mental illness. “Spiritist Madness” opinions as
written by the most preeminent psychiatrists of the time were reviewed. A critical
evaluation of those opinions was done through an analysis of the epistemological
factors that have contributed to the conflict between medicine and spiritism,
objections dealing with the appropriateness of the methods used in the debates, and
the faulty associations and causal relationships.
1. Introduction
Throughout the last century, the psychiatric community adopted different conducts
face the so-called mediumistic experiences. Although such experiences are ancient
and exist in every culture, well-controlled studies on the subject are scarce.
Nowadays, psychiatry considers mediumship experiences culturally related, non-
pathological in most cases, even contributing to psychological development and well-
being (Grof, 1989; Lukoff, 1992; Cardeña, 2000). However, the standpoint assumed
by the majority of international psychiatric society in the first half of the twentieth
century quite differed. Mediumistic practices were taken as serious threats to the
population’s mental health and should be contended, making use of arrests and
hospitalizations.
This study presents the description and analysis of Brazilian psychiatry standpoint
with regard to Spiritism in the first half of the twentieth century, time when debates on
the subject were most intense.
2. Spiritism
In the second half of the nineteenth century a general interest for spirituality spread
over the Western countries, especially for mediumistic phenomena. It became a
heterogeneous social movement that shared the belief in the existence and survival
of spirits after death, and in their communication with the living ones, known as
“modern spiritualism” (Doyle, 1975; Braude, 1989; Trimble, 1995).
In 1855, in France, an intellectual called Hippolyte-Léon Denizard Rivail,
pseudonymously called Allan Kardec, intended to perform a scientific investigation on
supposed manifestation of spirits. Once convinced of the veraciousness of the
phenomena, he aimed to develop a method to obtain valid knowledge from spirits
communication. After comparing and analyzing the answers obtained through
mediums from different countries, Kardec organized the information, in 1857, in one
and only theory. The resulting philosophy he called “Spiritism,” or “Spiritist Doctrine”
(Kardec, 1994), defined as “a science which deals with the nature, origin and destiny
of Spirits, as well as their relationship with the corporeal world” (Kardec, 1995).
Kardec regarded Spiritism as a science and philosophy with moral implications
essentially, and not as a religion, as usually associated to.
Spiritism adopts a dualistic concept of the human being. It postulates that we are,
essentially, immortal spirits that temporarily inhabit physical bodies for several
necessary incarnations on account of moral and intellectual improvement. It also
implies the possibility of beneficent or maleficent influence of the spirits over the
incarnate human. In case of maleficent influence, it is called ‘obsession’ and could be
the reason of mental unbalances, also in cases of “madness” (Kardec, 1995).
In the end of the nineteenth century, Spiritism was introduced in Brazil and became
prominent from its religious aspect, basically. It outspread especially among the
urban middle class, but its practice and world views reached far more than the
statistically declared believers. Today, although the Brazilian population is mostly
Catholic, Brazil is the country where Spiritism has reached its widest popularity in the
world (Aubrée & Laplantine, 1990; Machado, 1993; Camazio, 1994; Santos, 1997).
3. Historical Context
In the first half of the twentieth century, important transformation and serious times
challenged Brazil: slavery was abolished in 1888, and the Republic was declared in
1889, replacing monarchy. There was a significant flow of immigrants in the country,
especially European people, to replace slave work force and to enhance “whitening”
the population. A process of accelerated and uncontrolled urbanization intensified,
causing serious social and sanitary problems (Fausto, 1999).
The prevailing ideology was Positivism of French origin, characterized by ideals of
modernity, order, progress, and rationality. Brazilian psychiatric community initiated
its structure, keeping close contact with French and German psychiatry. Principles of
History of Spiritist Madness in Brazil 3
In 1923, psychiatrists founded the Brazilian League of Mental Hygiene. Two years
later, they founded the Brazilian Archives of Mental Hygiene, an organization that
would spread their ideas. Its goal was to widen and sprout the ideals of mental health
(Liga, 1925; Costa, 1976).
Paris (Ballet & Dheur, 1903; Schiff, 1926; Lévy-Valensi & Ey, 1931; Claude &
Cantacuzene, 1936). Also articles (Lévy-Valensi, 1910; Wimmer, 1923), books
(Vigouroux & Juquelier, 1905) and theses (Duhem, 1904) were written about the
noxious action of Spiritism. Such ideas strongly influenced Brazilian psychiatrists, as
shown in revisions made by Leonídio Ribeiro2 in 1931, Henrique Roxo3 in 1936 and
Pacheco e Silva4 in 1950, where several European authors and publications are
pointed out.
Already in 1896 two important physicians, Franco da Rocha5 and Nina Rodrigues6,
published important works on the issues related to spiritist practice in Brazil. Franco
da Rocha (1896) in his yearly report of 1895 to the Hospício de Alienados de São
Paulo declared that Spiritism was an increasing cause of madness.
In the twentieth century, conferences, publications and theses on the harmful nature
of Spiritism boomed in the schools of medicine (Pimentel, 1919; Guimarães Filho,
1926; Marques, 1929; Cavalcanti, 1936). The discourse became progressively
radical (Giumbelli, 1997).
Afrânio Peixoto7 (1931) explained that “from my observation I have concluded that
spiritist groups are laboratories of collective hysteria” that could lead the believer to
“crime and hospitalization”.
In 1909 there was a conference at the Medicine Society of Rio de Janeiro on the
“Dangers of Spiritism”. There, a physician who declared himself “Roman Catholic”
said that “hospitals of the insanes” were “always populated by victims of Spiritism”.
However, after the discussion the group decided that there was no need to take
measures against Spiritism (Correio, 1939).
The same Society retrieved the subject in 1927, calling it the “Spiritism Problem.”
Leonídio Ribeiro (1931) was the main person of the movement, who made a speech
on anti-Spiritism. He declared that 50% of the patients he assessed in the Police
Legal Medicine Department were presumably mentally ill had the initial onset of
symptoms “of madness when they were practicing Spiritism”. After the final
discussion, they approved the suggestion of creating a committee that should
analyze the subject and organize “laws that interdict such destructive practice.” An
“Inquiry among Brazilian specialists” was made instead of pursuing scientific
investigation of the facts. None of those “specialists” had done scientific research on
the subject, they simply reiterated opinions. A questionnaire was sent to twelve
authorities (eleven physicians and one engineer)8 in Rio de Janeiro and São Paulo,
consisting of four interpellations:
1. Do you think the so-called spiritist phenomena comprise scientific basis?
2. Are you aware of facts or experiences that support Spiritism scientifically?
3. Does the practice of Spiritism cause impairment to the person’s mental
health?
4. Does the abusive practice of healing through Spiritism compromise public
health?
The consensual answer to the inquiry was basically that Spiritism was harmful,
especially triggering psychopathology to those with predisposition to it. Most likely
that was the first survey on “Expert Consensus” in Brazil.
Xavier de Oliveira9 (1931) stated that in the time frame of 12 years, 9,4% out of a
total of 18,281 patients hospitalized in the Psychiatric Clinic of the University of Rio
History of Spiritist Madness in Brazil 5
de Janeiro “suffered psychosis caused only and exclusively by Spiritism.” That should
be the third main reason of “mental estrangement,” behind alcohol and syphilis only.
Besides being considered “manufacture of insane individuals”, Spiritism was also
dangerous, because it induced crime and was a substantial source of charlatanry.
Spiritists, the practitioners of Spiritism, offered unpaid treatment, which was based on
“passes” (laying-on of hands), prayers and disobsession10. Prescriptions of
homeopathy11 were also commonly distributed. Such practices were severely
criticized by physicians, who considered them charlatanry and illegal practice of
medicine (Pimentel, 1919; Ribeiro e Campos, 1931; Ribeiro, 1942, 1967). The
population generally sought the so-called Spiritist treatment. Several physicians and
shamans called themselves Spiritist in order to attract clients and often advertised
miraculous treatment. Spiritist followers criticized those pseudo-Spiritist clinicians
who misused the term Spiritism commercially (Ferreira, 1946).
Spiritist practices were also criticized for inducing suicide (Caldas, 1929), sexual
abuse (Peixoto, 1909), homicide and family disunion (Ribeiro e Campos, 1931;
Oliveira, 1931). Pacheco e Silva (1936) warned that: “Blood crimes occur astounding
repeatedly in São Paulo. Looking for the reason to it, one notices that there are three
main causes: alcoholism, Spiritism and low charlatanry.”
In scientific publications, expression of physicians against the predominant
conception on “Spiritist Madness” are scarce. For this review only three dissonant
articles were found (Pernambuco, 1927; Cesar, 1941 and 1942). Such position is
more frequently identified in lay publications, especially in newspapers, as it will be
described in section 5.3.
Despite the consensus on the pathogenic aspect of Spiritism, there were divergences
on the clinical outcome. The great majority believed that it would trigger already
known and scientifically described mental diseases, but these would present Spiritist
nuance.
On the other hand, Roxo (1938) created a new diagnostic classification called
“Episodic Spiritist Delusion.” He presented it in a conference in Paris in 1936 under
the appreciation of George Dumas (1938a) and was described as an aspect of
“typical states of degeneration,” characterized basically by auditive and synesthetic
hallucinations with secondary delusions that appeared after participating in Spiritist
seances. The typical sign was inversion of oculocardiac reflex, what should
characterize “sympathicotonia.” The author vindicated the need of a new diagnostic
classification after presenting an extensive and erudite literature review on differential
diagnosis with schizophrenia, paraphrenia and manic-depressive psychosis.
Supposedly it was a disease of common occurrence, reaching 5-10% of psychiatric
hospitalization. He also emphasized that the individuals did not present mental
History of Spiritist Madness in Brazil 6
In most cases, it was enough that the patient, usually those who presented some
kind of psychosis, mentioned spirits, or expressed interest or participation in
mediumistic religions, to be considered a kind of spiritist madness (Rocha, 1896;
Guimarães Filho, 1926; Marques, 1929; Ribeiro e Campos, 1931).
“Sexual complex stimulates the quasi totality of mediums I have observed” (Oliveira,
1931).
Professor Henrique Roxo supported that Spiritism could bring any individual, with or
without predisposition, who participated in its sessions to madness. He considered
the “Episodic Spiritist Delusion” very current, responsible for 10% of psychiatric
hospitalization (Roxo, 1938).
History of Spiritist Madness in Brazil 7
Pacheco e Silva (1950) maintained that “Spiritism acts preeminently from proneness,
aggravating an already existing psychosis or stimulating latent mental disturbances to
an individual of psychopathic constitution.” “There are also those cases that
individuals of hiperemotive, schizoid, hysterical or mythomaniac constitution, who
showed themselves compatible to the social environment despite some previous
abnormal behavior, became completely disturbed after dedicating themselves to
Spiritism. They needed immediate hospitalization, for sensorial irregularity would
come out, followed by extremely perilous morbid behavior.”
“Art. 157. Practice of Spiritism, sorcery and derivative practices, the use of talismans
and divination through cards reading, to evoke feelings of love or hatred, to assure
healing of curable or incurable illnesses, in all, to fascinate and subjugate public
credulity. (...)
1st par. If, by influence or consequence of any of those means the patient becomes
deprived or altered, temporary or permanently, of psychogenic faculties. (...)”12
Henrique Belford Roxo (1938) stated that “as measure of mental prophylaxis
sessions of non-scientific Spiritsm must be prohibited (...).”
“(...) what is most astonishing is to see those who have less knowledge about the
subject discussing it. And they disclose their ideas as if they were dogmas (...). There
is no process of verification.
(...) to call centers the dunghill they went, and Spiritism the practices they allege to
know, is like calling diamonds and rocks the same.
They talk a lot about the assistants’ sanity. (...) They escape the arguments, because
that’s about a professional case and thus, their word is sufficient evidence.
(...) some statistics, no one knows how they were collected, and they present them to
us, showing victoriousness, a big array of mad people due to Spiritism.
Well, what happens is: almost every disturbed individual seeks Spiritism after having
been to medical consultations and health institutions. (...) That is computed. There is
someone who has “hallucinations” and sees spirits, even not knowing Spiritist
doctrine (...) The doctor writes it down, (...) that’s computed to Spiritism (...)
Without the studies, theory and practice of the Spiritist sessions, experts of psychiatry
would never be able to indicate a probable disturbing cause of the environment and
ways to extinguish it. (...) And if they can’t tell, there is only one choice – to extinguish
it all.”
Inácio Ferreira (1946), a psychiatrist who ran a Spiritist psychiatric hospital, published
a book that confronted the criticism from the psychiatric community. His premises
followed the above mentioned direction and added that several physicians were
against Spiritism because of personal reasons (religious or financial).
Even Allan Kardec, in his time, commented the subject several times:
“The primary cause of madness is organic brain predisposition and it makes the brain
more or less susceptible to certain impressions. Madness predisposition, once
existing will assume the main focus, (...) and it could be the preoccupation of Spirits,
such as of God, angels, evil, fortune, power, a science (...).”(Kardec, 1994).
“It goes against the most basic principles of reasoning to take general conclusion of
the matter from a few isolated cases which can be disclosed by other cases. (...) You
say you have followed six cases. (...) But what can it prove? Had you followed two or
three times more than that, still nothing could be proven, as long as the total amount
of mad people does not reach an average. Let’s take an average of 1,000, which is a
round number. (...) Had the average grown to 1,200 since the beginning of
propagation of Spiritist ideas, for instance, and the difference were the cases of
Spiritist madness precisely. That would be another situation. However, as long as
one cannot prove that the average of disturbed people has increased due to Spiritism
influence, the description of a few isolated cases proves nothing besides intention to
disbelieve Spiritist ideas and disturb the general opinion Police” (Kardec, 1863).
History of Spiritist Madness in Brazil 9
Psychiatrists had difficulties to accept that there is no atheoretical conclusion, and “all
observation implies interpretation based upon theoretical knowledge.” They could not
recognize the influence of their own beliefs and personal desires in their
investigation. Popper (1995) advised: “In searching for the truth, it may be our best
plan to start by criticizing our most cherished beliefs”. Two elements must have
played a role in the psychiatrists’ viewpoint. First, the intellectual group of Brazil
attempted to create a “modern nation” of Eurocentric basis. So, it was necessary to
fight all creed and barbarous, primitive practices (Bosh, 1931; Pacheco e Silva,
1960). The beginning and broad expansion of Spiritist practice were seen as an
important menace to this country–to-be. The second factor was the religious principle
of psychiatrists. They were mostly Catholic or materialist and for either one, Spiritism
was an enemy that should be overcome.
Some psychiatrists postulated that Catholicism worked preventively over suicide and
madness, in opposition to other religions. According to Xavier de Oliveira, at church
“where one believes in everything and with no hesitation” there was no margin for
“questioning and interpretation that, in other religion and particularly in Spiritism, lead
to doubt, fixed idea, obsession, anguish and madness” (Oliveira, 1931).
When Carlos Seidl, sanitarist, answered the “Inquiry among Brazilian specialists,” he
stated that Spiritist practice should be condemned “because my Catholic principle
does not admit it” (Ribeiro e Campos, 1931).
Roxo (1938) affirmed that Spiritism was for uneducated people who in suffering “seek
Spiritist ceremony instead of going to a doctor or a preacher.”
History of Spiritist Madness in Brazil 10
Still in 1957 Prof. Pacheco e Silva supported the Church’s combat against the
proliferation of Spiritist groups in Brazil.
psychiatrists found it “evident” that they faced a cause and effect relation:
mediumistic practice was a growing cause of madness.
“S.V., uneducated, attended Spiritist sessions regularly and went to Juquery (...)
A.F., uneducated, no pathological family history, but used to drink. His family credits
his madness to simple-mindedness and to having attended Spiritist sessions.
Diagnosis: alcoholic psychosis (...)
Another four patients had their life histories told by their families who reported
Spiritism as an important factor in the disease manifestation (...)
The above mentioned cases evince that Spiritism obviously operate as predisposing
factor to mental diseases (...)” (boldface made by this writer).
The number of “supporting” examples increased once the theory, which was already
defended by European alienists, was built. As Popper (1995) stated: “Examples of
confirmatory evidences could be seen everywhere. The world was replete with
verifications of the theory. (...) The nonbelievers were undisguisedly those who did
not want to see it: they refused it so that they did not conflict with their own interests
(...). Most typical seemed to be the continuous stream of confirmation, of observation
that verified the theories under consideration, a continuously emphasized issue. (...)
Analysts assured that their theories were constantly validated by clinical observation.
(...) It is easy to come across confirmation or verification to almost every theory – as
long as one seeks it.”
In Guimarães Filho’s dissertation (1926) we also found: “this is the Spiritism that must
be stopped, so that mankind is sheltered from its evil effects. The number of people
persuaded by those ideas is unimaginable (...)”.
Popper (1995) stated that our tendency to seek regularities in nature instigated
dogmatic thinking or dogmatic behavior. We have difficulty in accepting observations
that contradict our expectations, which are considered “background noise”. We are
loyal to our expectations even when they are inadequate and we should accept
having been defeated. Likewise, Kuhn (1970) said that a paradigm defined a lot of
what we “saw” in the world. He questioned: “will it be possible to accept as accidental
the fact that astronomers only began seeing changes in the sky – which was
previously immutable – during the half century that followed the presentation of
Copernicus’ new paradigm?”
That happening might be seen at the difficulty in searching for other explanations,
and disregard of other psychiatrists’ disagreeing opinions. It is interesting noticing a
History of Spiritist Madness in Brazil 12
Odilon Galloti (1935), professor of psychiatry in Rio de Janeiro, said: “In my opinion,
Spiritism is scarcely ever a straight cause of psychopathy (...). In general, it works as
a pathoplastic factor, it conditions the shape of mental disorders. (...) In 10 years of
my practice, I had 6,400 patients and in only one case could I make a diagnosis of
Spiritist relatedness delusion. I confess I don’t know whether the evolution of the
case confirmed my hypothesis or not.”
It is already known that the patients’ cultural context influence hallucinations and
delusions contents. Thus, the content of psychotic symptoms could simply be related
to the fact that Spiritism was popular at that time in history, in the same way that
many patients today have their symptoms related to the internet, or cloning, and so
on.
At times, psychiatrists made distinction between “high” and “low” Spiritism, but there
was not a precise definition to either one. “High Spiritism,” frequently kept from
criticism and even acclaimed, generally applies to Charles Richet’s metapsychics,
and to the studies of William Crooks, Cesare Lombroso, Oliver Lodge and Alfred
Russel Wallace (Rocha, 1896; Pacheco e Silva, 1950).
One of the “centers” psychiatrists most commonly mentioned was the Redentor
Center in Rio de Janeiro, although it precisely declared that there, Kardec’s principles
were not accepted: “(...) that messy, unfortunate and perverse thing, under such
name has been practiced until now in every corner of the world, called Kardecist
Spiritism (...).” The center was presumed to be the greater practitioner of spiritist
activity because during some time its members declared themselves supporters of
“Rational and Scientific (Christian) Spiritism.” The group was mentioned in most
examples because it was fairly influential and moreover, it fitted the issue in question.
It considered that all cases of madness derived from “Spiritual obsession” and offered
quite violent “treatment,” that consisted of restraining the “obsessed individuals” and
not infrequently, “punishing them severely” (Centro Redemptor, 1927).
In 1885, a situation occurred in Taubaté where agitations were evolved from a group
that practiced strange religious rituals, different from any practice of Spiritism.
Nevertheless, the participants said they were in communication with spirits and the
incident was notoriously known in the country as a “epidemic insanity induced by
Spiritism” (Rocha, 1896).
Nonetheless, when first results of a study meet one’s interests and prejudices,
deeper analysis and other hypotheses are often dismissed, so that results of
superficial analysis of reality are declared substantial (Chalmers, 1994).
History of Spiritist Madness in Brazil 15
8. Conclusion
Emphasis on the analysis of epistemological factors in the study of “Spiritist
madness” in Brazil does not mean that they are the sole nor main factors. That is one
perspective from which the problem can be approached.
This study warns the importance of criticism face to organized knowledge and to
standardized practice – even if they seem “evident” and defended by important
“authorities.”
One must realize that the complexity of the real world frequently challenges and
overruns current attempts of scientific explanation coming from controlled
environment. The recognition of limitations to scientific knowledge is a necessary
remedy to mystification and overenthusiasm. The unfounded idea that science goes
far beyond its actual limits is still strong today. For that reason, social and political
problems are built as they were scientific, and “solutions” are offered in a way that
should fade social and political issues in question (Chalmers, 1994).
Finally, Popper (1995) emphasizes a humble intellectual posture, since from every
solution to a problem, new unsolved problems arise. He said: “I believe that it would
be worth trying to learn something about the world even if in trying to do so we should
merely learn that we do not know much. This state of learned ignorance might be a
help in many of our troubles. It might be well for all of us to remember that, while
differing widely in the various little bits we know, in our infinite ignorance we are all
equal.”
End Notes
Paris and Legal Medicine of France. In 1933 he received the “Lombroso Award” from
the Royal Academy of Medicine in Italy. Curiously, Cesare Lombroso was a mordant
critic of Spiritualism, but in the end of his life investigated extensively with Eusápia
Paladino, famous medium of the time, and ended up by accepting the spiritualist
theory. Lombroso’s last published book summarizes his researches in the field:
“Ricerche su Fenomeni Ipinotici e Spiritici,” translated to English as “After Death –
What?” (Lombroso, 1983).
3. University Professor of Psychiatry at the School of Medicine of Rio de Janeiro,
President of the Brazilian League of Mental Hygiene, associated member of the
Société Médico-Psychologique de Paris and honorary president of the International
Committee of Mental Hygiene.
4. University Professor of Psychiatry of the School of Medicine and Surgery of São
Paulo, at present University of São Paulo (USP), today’s largest university in Brazil.
5. (1864-1933) Founder of the Juquery Hospital, a milestone in public health history
of the state of São Paulo. Founder of the first psychoanalysis society in South
America. In 1918, he became University Professor at today’s University of São Paulo.
6. (1862-1906) Ethnographer, criminologist, pathologist, sociologist, pioneer in
African studies in Brazil. He played crucial role in the implementation of Legal
Medicine in Brazil. Lombroso considered him “apostle of criminal anthropology in
America”(Archivos, 1906).
7. Professor of Public Medicine at the University of Rio de Janeiro and Director of the
Legal-Medical Service of Rio de Janeiro.
8. Four psychiatrists (Henrique Roxo, Franco da Rocha, Pacheco e Silva, Pedro
Pernambuco Filho), two neurologists (A. Austregésilo e Faustino Esposel), one
pathologist (Raul Leitão da Cunha), one lawyer (Tanner de Abreu), three sanitarians
(Julio Porto Carrero, João Froes e Carlos Seidl) and one engineer (Everardo
Backeuser).
9.Professor of the School of Medicine at the University of Rio de Janeiro and
physician at the National Hospital of Psychopaths.
10. Process in which a disincarnate spirit causing harm and symptoms to someone
would come forth and receive words of advice, according to Christian principles of
conduct, to abandon its evil action on the patient.
11. Spiritism and homeopathy were closely connected in Brazil for a long period of
time (Silveira, 1997).
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History of Spiritist Madness in Brazil 19
Resumo
Como a visão espírita dos transtornos mentais tem exercido uma grande
influência no Brasil, buscamos revisar os textos dos principais autores espíritas
sobre o tema: Allan Kardec, Bezerra de Menezes, Inácio Ferreira e Joanna de
Ângelis. O Espiritismo desenvolveu uma abrangente teoria sobre as relações mente-
corpo e os transtornos mentais. Defende um dualismo interacionista, a sobrevivência
após a morte e a possibilidade de intercâmbio entre encarnados e desencarnados.
Sem negar as causas biológicas, sociais e psicológicas dos transtornos mentais, os
espíritas acrescentam a etiologia espiritual. Esta poderia se dever à influência
negativa de espíritos desencarnados (o que denominam obsessão) ou de vivências
traumáticas de existências passadas. Para a terapêutica, além das intervenções
médicas e psicológicas convencionais, são recomendadas as reuniões de
desobsessão, passes, oração e a busca da vivência de uma conduta ética. Devido à
importância alcançada por estes princípios no Brasil e à quase total ausência de
estudos nos meio acadêmico sobre o tema, diversas linhas de pesquisa são
sugeridas pelos autores.
1) Introdução
O Espiritismo teve origem na França quando um intelectual de nome Hippolyte-
Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, se propôs a realizar uma
investigação científica sobre as supostas manifestações dos espíritos. Após se
convencer da veracidade dos fenômenos, buscou desenvolver um método para
obter um conhecimento válido a partir das comunicações dos espíritos. Após
comparar e analisar as respostas obtidas através de médiuns de diversos países,
em 1857 organizou essas informações num corpo teórico único. Para dar nome à
filosofia daí resultante, ele cunhou o termo “Espiritismo” ou “Doutrina Espírita”
(Kardec, 1994), que foi definido como “uma ciência que trata da natureza, origem e
destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal” (Kardec,
1995). A reencarnação distingue o Espiritismo de seu correspondente anglo-saxão,
o Espiritualismo, para o qual a reencarnação é um tema controverso (Hess, 1991).
Para Kardec, o Espiritismo seria essencialmente uma ciência e uma filosofia com
implicações morais, não se constituindo numa religião segundo a concepção usual
da palavra2. De acordo com Hess (1991), o Espiritismo implica numa reificação do
mundo espiritual no sentido de que espíritos seriam cientificamente reais, o que teria
duas conseqüências: dessacralizar o mundo espiritual ao torná-lo um objeto de
investigação científica e representar uma visão alternativa ao pensamento científico
ortodoxo. No entanto, os cientistas habitualmente consideram as teorias espíritas
como “pseudocientíficas”.
1
Trabalho apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, Goiânia, 15-18 out. 2003.
2
Pode-se encontrar as obras de Kardec e informações sobre a doutrina espírita em diversos idiomas nas
seguintes homepages: www.febrasil.org.br e www.geocities.com/Athens/Cyprus/1579/
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 2
2) Allan Kardec
Por diversas vezes, durante a formação da doutrina espírita, Allan Kardec se
ocupou dos transtornos do comportamento, suicídio e alterações da senso-
percepção. Durante 12 dos 15 anos que lidou com o Espiritismo, publicou a “Revista
Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos”. Tinha por objetivo levantar fatos e testar
hipóteses sobre os fenômenos espirituais. Buscava constituir uma nova ciência e
evitar “os exageros da credulidade e do cepticismo”. Utilizou o subtítulo “jornal de
estudos psicológicos”, pois “estudar a natureza dos espíritos é estudar o homem”.
(Kardec, 1858). A Revista Espírita se constitui numa valiosa fonte para quem deseja
investigar o nascimento do Espiritismo e o desenvolver de suas hipóteses. Ela é rica
em relatos de casos que ilustram a teoria, por isso será freqüentemente citada nesta
revisão4.
3
Importante enfatizar que se buscou apresentar as idéias de um modo descritivo, sem julgamento quanto à sua
validade ontológica e terapêutica. Para evitar o uso excessivo e cansativo do futuro do pretérito e de expressões
como “suposto”, “hipotético” quando são descritas as teorias espíritas, foi utilizado, na maior parte das vezes, o
presente do indicativo, mas este uso não implica na aceitação destas hipóteses pelos autores do presente trabalho.
4
Neste artigo foi utilizada a tradução para o português realizada por Júlio Abreu Filho, mas a versão original em
francês da Revue Spirite pode ser acessada na internet no endereço: www.perso.wanadoo.fr/charles.kempf/rs140.
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 3
2.1) Causas
Já na introdução de sua primeira obra, Allan Kardec (1994) discute as causas
da loucura. Defende que a etiologia básica é orgânica, podendo ser desencadeada
por preocupações excessivas. Afirma que:
“Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura: as
ciências, as artes e até a religião lhe fornecem contingentes. A loucura provém
de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento;
estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado.
A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja causa primária é uma
predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou menos acessível a certas
impressões; e isto é tão real que encontrareis pessoas que pensam
excessivamente e não ficam loucas, ao passo que outras enlouquecem sob o
influxo da menor excitação.” (Kardec, 1995)
pensamento (..) de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio (...) pode levá-
lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se
daquele que sofre e o faz agir a seu mau grado. A subjugação pode ser
moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar
resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras (...). No segundo
caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos
involuntários.(...) pode levar aos mais ridículos atos.”(Kardec, 1993, it.237-
40).
A obsessão tem como causa as imperfeições morais do indivíduo, que o torna
suscetível a receber e aceitar as influências maléficas do obsessor, tornando o
quadro progressivamente mais grave. O obsessor, em grande parte das vezes, seria
movido por um sentimento de vingança contra sua vítima.
Kardec, então, separa a loucura de causa orgânica daquela decorrente da
obsessão:
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 5
“Entre os que são tidos por loucos, muitos há que são apenas subjugados
(...) Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer bem
essa distinção e curarão mais doentes que com as duchas.”(Kardec, 1993,
it.254)
Mas a separação entre esses dois tipos pode não ser muito simples, pois as
obsessões podem agravar afecções orgânicas já existentes ou ocasioná-las
(Kardec, 1992, cap.15 it.32). Há também uma advertência sobre o erro de se
considerar excessivamente a etiologia espiritual:
“Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitavam de médico que de
exorcismo, têm sido tomados por possessos.” (Kardec, 1994. Questão 474)
São descritas várias evidências que indicariam uma causa espiritual para as
possessões de Morzine: expressar habilidades não adquiridas (falar francês fluente
e responder a perguntas em outras línguas, como alemão e latim), conhecimento de
fatos distantes (clarividência) e do pensamento de outros (telepatia), transfiguração
da fisionomia, referir a si na terceira pessoa (ela, a filha, etc.) e a personalidade
manifestante afirmar ser o demônio, o paciente referir que sente uma força externa
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 6
2.2) Manifestações
Na segunda metade do século XIX o Espiritismo era considerado como
causador de loucura, uma das evidências apontadas era o conteúdo místico e
espírita de muitas psicoses. (Almeida et al). Ao se defender contra os ataques a
respeito das loucuras de conteúdo espírita, Kardec enfatiza a patoplastia cultural dos
quadros psiquiátricos:
“Dada a predisposição para a loucura, esta tomará o caráter da preocupação
principal, que então se muda em idéia fixa, podendo tanto ser a dos Espíritos,
em quem com eles se ocupou, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da
fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema
político ou social. Provavelmente, o louco religioso se houvera tornado um
louco espírita, se o Espiritismo fora a sua preocupação dominante, do mesmo
modo que o louco espírita o seria sob outra forma, de acordo com as
circunstâncias.” (Kardec, 1994)
2.3)Tratamento
É enfatizada a necessidade de considerar também a etiologia espiritual nos
transtornos mentais, sem negar as causas orgânicas. Tal diferenciação seria
fundamental, pois “não é com duchas, cautérios e sangrias que podem ser
remediados” os casos de causa espiritual (Kardec, 1861b). O essencial para o
tratamento das obsessões seria a mudança de conduta do paciente, buscando
aperfeiçoar-se moralmente. Tal atitude impediria que sintonizasse com os
pensamentos maléficos do obsessor. Além disso, seriam úteis os passes e a prece,
que também visariam ao reequilíbrio do obsediado. Quanto ao obsessor, deve-se
buscar demovê-lo de seu intento através de diálogos em reuniões mediúnicas em
que ele seria evocado para tal fim (Kardec, 1992, cap.14 it.46). Kardec publicou
vários relatos de casos descrevendo curas através destas evocações (Kardec
1864b; 1865a;). Ele nega que sejam curas espontâneas, pois os casos seriam
numerosos. Além do mais, descreve diversas situações em que a melhora do
paciente começa a se dar (às vezes instantaneamente) no momento em que o
obsessor é convencido numa reunião mediúnica a desistir de sua perseguição.
Essas reuniões geralmente ocorriam sem o conhecimento do paciente e, muitas
vezes, num momento desconhecido pelos familiares do enfermo. Tais curas seriam
uma das provas da existência da “loucura obsessional” (Kardec, 1866b).
“A prova da participação de uma inteligência oculta, em tal caso, ressalta de
um fato material: são as múltiplas curas radicais obtidas, nalguns centros
espíritas, pela só evocação e doutrinação dos Espíritos obsessores, sem
magnetização, nem medicamentos e, muitas vezes, na ausência do paciente e
a grande distância deste.” (Kardec, 1992, cap.15 it.33)
Como outros exemplos de curas obtidas pelo afastamento de espíritos
inferiores, são citadas passagens evangélicas em que Jesus expulsava os demônios
(Mc 1:21-7 e 9:13-28; Mt 9:32-4 e 12:22-8).
2.4) Profilaxia
Kardec defende que o ponto de vista espírita ajudaria no enfrentamento das
dificuldades da vida, funcionando como um amortecedor contra os eventos vitais
estressantes:
“o Espiritismo (...) bem compreendido,(...) é um preservativo contra a loucura.
Entre as causas mais comuns de sobreexcitação cerebral, devem contar-se as
decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que, ao mesmo tempo, são
as causas mais freqüentes de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas
deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão
pequenas, tão mesquinhas, diante do futuro que o aguarda; a vida se lhe
mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de
incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro,
produziria violenta emoção, mediocremente o afeta. Demais, ele sabe que as
amarguras da vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem
murmurar, porque será recompensado na medida da coragem com que as
houver suportado. Suas convicções lhe dão, assim, uma resignação que o
preserva do desespero e, por conseguinte, de uma causa permanente de
loucura e suicídio.” (Kardec, 1994)
3) Bezerra de Menezes
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti é considerado um dos personagens mais
importantes da história do Espiritismo no Brasil. Cearense nascido em 1831, médico,
eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro (capital do país à época) quatro vezes e
deputado federal três vezes. Era abolicionista e membro do partido liberal. Em 1886
assumiu publicamente a adesão ao Espiritismo, para o qual trabalhou intensamente
até seu falecimento em 1900. Foi presidente da Federação Espírita Brasileira por
duas vezes e por dez anos escreveu, sob o pseudônimo de Max, uma coluna
semanal sobre o Espiritismo nos principais jornais da capital (O Paiz e Jornal do
Brasil).(Abreu, 1991; Wantuil, 1990; Nobre, 1986).
Publicou um livro que tem influenciado muito a visão espírita sobre os
transtornos mentais, “A Loucura sob Novo Prisma” (Menezes, 1988). Apesar de,
basicamente, reafirmar a posição de Kardec, esta obra é que geralmente é
considerada o grande marco na “visão espírita da loucura”, sendo muito mais
conhecida e citada que os textos de Kardec sobre o tema.
A obra pode ser dividida em três partes: uma crítica filosófica e científica ao
materialismo, discussão de alguns princípios espíritas e a tentativa de demonstrar
que a obsessão pode ser uma causa de loucura. Nos deteremos no último item. Era
uma época de acentuado organicismo na psiquiatria, as publicações médicas se
ocupavam intensamente da paralisia geral progressiva, de tumores e lesões
traumáticas do sistema nervoso central, além dos variados quadros decorrentes de
déficits nutricionais. O que preocupava Bezerra era o fato, citando Esquirol, de se
verificarem inúmeros casos de loucura sem uma lesão cerebral identificável.
Apontava que havia loucura com e sem lesão cerebral, configurando duas espécies
distintas de insanidade. A psiquiatria seria capaz de explicar apenas o primeiro tipo.
Assim define os objetivos de sua obra:
“(...) eu vou tentar (...) resolver o problema da loucura em sua nova face, isto é,
da loucura sem lesão cerebral.
Compreende-se quanto importa à prática diferençar uma espécie da outra, para
não confundi-las no mesmo tratamento, sendo elas de naturezas diferentes.
Meu plano é determinar a natureza especial da loucura sem lesão cerebral –
estabelecer as bases de um diagnóstico diferencial de uma para outra espécie
– e oferecer os meios curativos deste gênero desconhecido de loucura.” (p.13)
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 9
Acompanhou o paciente por mais três anos, não havendo qualquer recorrência
do quadro, tendo se diplomado em medicina. O autor cita diversas testemunhas que
acompanharam a evolução do tratamento deste e de outros pacientes “obsediados”.
Como dito previamente, Bezerra repete em grande parte as idéias expostas por
Kardec. Entretanto, avança um pouco mais na teoria. Afirma que o obsessor é capaz
de subjugar a vontade do paciente e prejudicar a transmissão do pensamento da
alma do paciente para seu corpo. Seria como se houvesse “ruídos” na mensagem
transmitida ao corpo, daí as alterações evidenciadas pelos obsediados, confundido-
as com as da loucura orgânica. É dito que as obsessões graves seriam um tipo de
loucura:
“É loucura, porque há efetivamente uma perturbação das faculdades mentais,
mas não é a loucura por tal conhecida, porque esta depende da lesão orgânica
do cérebro, e no caso não se dá semelhante coisa.
É a loucura em que Esquirol não encontrou lesão cerebral, é a loucura
psíquica.
Conhecida a dupla causa da moléstia que apresenta os mesmos sintomas,
embora tenha origens muito diversas(...)”.(p.162)
O diagnóstico diferencial em bases clínicas dos dois tipos de loucura seria muito
difícil, pois os sintomas seriam os mesmos(p.162, 171-2). Dever-se-ia recorrer aos
• Evocar o obsessor em uma reunião mediúnica. Caso seja uma obsessão, ele
doente pode não saber da origem de seu mal.
mental. Após a definição por ser uma obsessão, evoca-se o obsessor para
moralizá-lo. Esse era o método preferido pelo autor.(p.176-8)
No caso de um diagnóstico de obsessão, a melhor prova de sua exatidão seria
“a cura pelos meios morais”.
Devido à dupla causa das insanidades, os tratamentos também deveriam ser
diferenciados. Entretanto, muitas vezes seria preconizado o tratamento misto, pois
as lesões orgânicas podem facilitar as obsessões e estas podem desencadear
danos físicos.
“(...) é de rigor curar-se a lesão de qualquer órgão doente dos obsediados.
Conjuntamente com este esforço, devem-se empregar todos os meios de
moralizar o Espírito do obsediado(...)”(p.179)
Apesar de ter sido o pioneiro na visão espírita da loucura no Brasil, Bezerra não
era um alienista, nem se arrogava tal título. Não teve uma prática de psiquiatra
espírita, que avaliava e tratava os aspectos físicos e espirituais dos transtornos
mentais. Deixando a parte física para os psiquiatras, sua atuação se concentrava na
desobsessão (Menezes, 1988; p.9, 178). No item seguinte discutiremos aquele que
talvez tenha sido o primeiro psiquiatra espírita.
4) Inácio Ferreira
Inácio Ferreira foi provavelmente o primeiro a institucionalizar as idéias de
tratamento propostas por Bezerra (Hess, 1991, p.187-8), embora seja bem menos
conhecido que este. De 1934 a 1988 dirigiu o “Sanatório Espírita de Uberaba”, onde
fazia um tratamento psiquiátrico convencional mesclado à terapia espírita de passes,
orações e reuniões de desobsessão.
A principal tese defendida pelo autor é que a medicina se condenou a uma
enorme restrição investigativa e terapêutica ao se negar a estudar o fator espiritual
nos transtornos mentais. A causa de tal resistência seria o dogmatismo materialista
e o autoritarismo dos meios acadêmicos, presos ao magister dixit. Apesar de elogiar
os esforços dos psiquiatras ao longo dos anos, enfatiza a frustração na busca das
etiologias e a ineficácia em grande parte dos casos tratados (Ferreira, 1993; 1995).
Demonstrando conhecimento dos principais autores da psiquiatria, desenvolve uma
série de críticas epistemológicas à psiquiatria. Aponta as divergências entre as
diversas classificações psiquiátricas, diagnósticos confusos e basicamente
descritivos, pouco informativos sobre prognóstico e terapêutica. A teoria psiquiátrica
periodicamente se via envolta por modismos que usualmente se mostravam
inconsistentes, pois se basearia em especulações muito frágeis. (Ferreira, 1993,
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 11
5) Joanna de Ângelis
Divaldo Pereira Franco é um médium baiano com mais de 150 livros
psicografados (5 milhões de exemplares, traduzidos para 15 idiomas) e orador
espírita que realiza palestras pelo Brasil e no exterior (cerca de 60 países). Afirma
que sua mentora espiritual, uma espécie de anjo da guarda, chama-se Joanna de
Ângelis, que teria escrito 55 livros através dele. Desde 1990 ela tem escrito diversas
obras abordando saúde mental, que ficaram conhecidas como “série psicológica”
(Franco, 2002).
Os escritos de Joanna ilustram bem uma corrente psicológica espírita atual, pois
têm atingido uma boa tiragem e considerável repercussão no meio espírita brasileiro.
Descrevem uma abordagem complementar às anteriormente descritas, voltadas
principalmente para transtornos “neuróticos” e com amplas pontes tendo sido feitas
com a psicologia transpessoal e junguiana. Na introdução da primeira obra da série,
explica:
“O Espiritismo, sintetizando diversas correntes de pensamento psicológico e
estudando o homem na sua condição de Espírito eterno, apresenta a proposta
de um comportamento filosófico idealista, imortalista, auxiliando-o na equação
dos seus problemas, sem violência e com base na reencarnação, apontando-
lhe os rumos felizes que deve seguir.” (Franco, 1990, p:9)
6) Discussão
Os quatro autores acima descritos fornecem um panorama razoavelmente
abrangente da perspectiva pela qual o Espiritismo lida com os transtornos mentais.
Há várias outras obras espíritas de outros autores que abordam o tema (Mundin,
1984; Santos, 1991; Balduíno, 1994; Facure, 1996; Oliveira, 1996; Diversos, 1997;
Palhano Jr & Oliveira, 1997; Claro, 2000), mas que, ou são menos aceitas, ou não
trazem muitas novidades sobre o já exposto.
As pesquisas ligadas à comunicação de espíritos e telepatia eram freqüentes na
transição entre os séculos XIX e XX, tendo envolvido muitos nomes de destaque no
meio científico internacional (Ross & Joshi, 1992; Stevenson, 1977). Infelizmente,
publicações na área da “pesquisa psíquica” realizadas por alguns pioneiros da
psiquiatria e psicologia como Pierre Janet, William James, Cesare Lombroso e
Federic Myers permanecem amplamente desconhecidas pela comunidade
psiquiátrica e psicológica contemporânea (Lombroso, 1983; Almeida & Lotufo Neto,
2004). São necessários mais estudos sobre a ascensão e queda do interesse em
temas ligados à “paranormalidade” pelos psiquiatras e psicólogos há um século. Um
outro ponto a ser investigado seria o impacto que estes estudos tiveram na teoria e
prática psiquiátrica por nós herdada.
Do mesmo modo, há poucos trabalhos analisando os médicos espíritas no
Brasil. Bezerra de Menezes foi analisado por dois pesquisadores norte-americanos,
que chegaram a conclusões bastante diferentes. O historiador Donald Warren (1984)
tem uma visão bastante negativa e, por vezes distorcida, de “A Loucura Sob um
Novo Prisma”, considerando-o “um sofrível registro do que um médico pensa estar
fazendo”. Interpreta que Bezerra, inconscientemente influenciado por sua origem
nordestina (região mais pobre do Brasil), apenas deu uma precária roupagem
científico-racional para rituais indígenas e africanos da ”tradicional arte brasileira de
cura”. Por outro lado, o antropólogo David Hess (1991, p.94-8) compara o trabalho
de Bezerra ao de Freud e Janet na busca pela compreensão de quais seriam as
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 15
causas da insanidade sem lesão cerebral. Eles buscavam preencher uma lacuna no
conhecimento e prática médicas e acreditavam terem descoberto um novo tipo de
doença mental. No entanto, o brasileiro não encontrou receptividade entre seus
pares na tentativa de trazer legitimidade científica ao que era visto como religião
popular e magia. Afirma que, assim como a psiquiatria dinâmica, o Espiritismo
procurou fazer um ponte entre o exorcismo e a neurologia:
“Like Freud’s psychoanalytic method, which borrowed from the Catholic
confessional even it used a biomedical idiom, Menezes’ disobsession therapy
borrowed from Catholic exorcism but instead used the spirit idiom. Like Freud,
Menezes challenged the accepted dogmas of both the Catholic church and
biomedicine. Yet, instead of mapping out an unconscious, Menezes mapped
out a spirit world – one that was real to most Brazilians as the world of
repressions, automatisms, and psychic energies was to the psychological
reformers of Europe.
Menezes’ disobsession therapy was similar to the new dynamic psychiatries in
a second way: the triad of spirit of light/client/errant spirit is in many ways similar
to that of superego/ego/id.(...)
(...) the passive figure of medium plays a role similar to that of the silence of the
analyst: both are empty stages on which the drama of unconscious conflict
plays itself out.(p.97-8)
Uma das diferenças em relação à psicanálise seria que o doente não precisa
estar presente à sessão, que é um dos argumentos dos espíritas para negar que o
efeito terapêutico seja apenas por catarse ou sugestão.
Essa semelhança entre os idiomas da terapia espírita e da psicanálise também
já foi notado por Bastide (1967) e Garrison (1977) e levou Hess a chamar Bezerra de
“Freud Brasileiro”.
À parte a questão dualismo versus monismo, ao analisar a obra de Bezerra com
o olhar de um psiquiatra do século XXI, o seu ponto mais frágil parece ser o seu
conceito de “loucura sem lesão cerebral”. Apesar de não ter afirmado explicitamente,
pareceu ter assumido que o fato de não haver lesões macroscópicas no cérebro
seria sinônimo de cérebro “sem a mínima lesão” ou no “mais perfeito estado
fisiológico” (Menezes, 1988; p.11-2). Nas últimas décadas têm sido evidenciadas
alterações dos circuitos neurais e neurofuncionais que poderiam explicar a
existência de graves transtornos mentais sem a presença de lesões cerebrais
macroscópicas (Gur & Gur, 2000).
Conforme já descrito, Ferreira procurou integrar a teoria de Bezerra à prática
psiquiátrica convencional. Sua maior importância está em ser provavelmente o
pioneiro a unir de modo sistemático as duas abordagens, atuando desta forma por
mais de meio século. Importante destacar que Kardec, Bezerra e Ferreira
escreveram suas obras num período onde não havia antipsicóticos e antidepressivos
e a psiquiatria lidava basicamente com transtornos mentais graves, tendo sua prática
em grande parte circunscrita aos “hospitais de alienados”. Os transtornos mentais
que atualmente são o dia a dia da prática psiquiátrica (transtornos ansiosos e de
humor) eram muitas vezes da alçada dos clínicos e neurologistas, ou nem eram
considerados transtornos mentais (Marx, 1992). Estas afecções somente ganharam
maior espaço na literatura espírita, assim como na sociedade como um todo, nas
últimas décadas.
Como não havia nenhum das atuais psicofármacos, a ineficácia dos alienistas
em grande parte dos casos tratados pareceu ser um importante fator a permitir o
desenvolvimento da abordagem espírita. Lamentavelmente, não foram identificadas
publicações de Ferreira da segunda metade do século XX. Seria muito valiosa uma
Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 16
7) Conclusões
O Espiritismo tem desenvolvido uma complexa teoria sobre os transtornos
mentais que tem influenciado pacientes e profissionais de saúde, notadamente no
Brasil. É proposta uma etiologia complementar aos fatores sociais, biológicos e
psicológicos: a causa espiritual. Esta proviria de encarnações passadas e de
influenciações espirituais, as chamadas obsessões. Os espíritas argumentam que a
aceitação deste outro fator teria um enorme poder heurístico, facilitando
excepcionalmente o desenvolvimento da medicina e da psicologia. Asseguram que o
dogmatismo materialista e o autoritarismo acadêmico impedem a aceitação de seus
pressupostos. Importante destacar que o próprio meio espírita desconhece muito
desta teoria e tem desenvolvido práticas conflitantes com a preconizada pelos
principais autores espíritas.
O estudo acadêmico deste tema tem um grande importância devido à
relevância que assumiu em nossa cultura e pelas implicações práticas. Dois campos
se abrem para esta investigação: a pesquisa sobre a realidade objetiva e eficácia
das práticas espíritas e o impacto cultural que tais visões de mundo têm na
população. Este artigo é apenas um levantamento inicial do assunto, ao longo deste
trabalho delinearam-se diversas linhas possíveis de investigação, algumas delas já
em andamento. Espera-se ter colaborado para chamar a atenção da comunidade
científica para a relevância deste tema.
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Visão Esp¡rita dos Transtornos Mentais 19
ARTIGO ORIGINAL
1
Médico Psiquiatra e Doutorando em Psiquiatria pelo Departamento de Psiquiatria da FMUSP, Fundador e Coordenador do NEPER.
2
Médico Psiquiatra, Livre-Docente do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e Fundador do NEPER.
Endereço para correspondência:
Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos – NEPER
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, s/no
São Paulo, SP – CEP 050403-010
E-mail: alexma@usp.br
realidade é um grande obstáculo à compreensão da natureza Recomenda-se a utilização de diversos conceitos de psico-
da mente e dos estados de consciência. Nossas percepções patologia na investigação das EA (Berenbaum et al., 2000).
do mundo e de nós mesmos, bem como nossas reações a Além dos critérios diagnósticos dos manuais, são de extrema
eles, são construções semi-arbitrárias. Apesar de terem valia as avaliações sobre o desempenho social e o nível de
uma base na realidade física, são dependentes dos recursos sofrimento do indivíduo envolvido. Uma atenção especial
da nossa aparelhagem biológica e moldados pelo ambiente deve ser dada às conseqüências de uma dada experiência,
cultural onde nos desenvolvemos. Pelo fato de sermos pois ela pode ser inicialmente fonte de sofrimento e
humanos, um grande (mas finito) leque de potenciais nos incapacitação, mas, ao seu término, trazer benefícios como
são disponíveis. Pelo fato de nascermos em uma cultura um maior sentimento de bem-estar físico e psíquico. Tal é
particular, somente uma pequena porção desses potenciais o caso das denominadas “emergências espirituais” que
se realizarão. Cada cultura valoriza e desenvolve um podem se manifestar como crises (Grof e Grof, 2001).
determinado repertório de capacidades e condena, suprime,
outros. Cada um de nós é o beneficiário dessa herança Avaliar os EAC sob critérios adequados
cultural e vítima e escravo dessa estreiteza de nossa própria Cada EAC tem um padrão de funcionamento que
cultura. Assim como quase todas as pessoas, de todas as privilegia certos aspectos da realidade. Em todo estado de
culturas, em todas as épocas, pensamos que nossa cultura consciência há uma seleção limitada do amplo leque de
local é a melhor e que as outras são selvagens e atrasadas. potencialidades humanas. Um erro comum é considerar
Geralmente não percebemos que nosso estado ordinário um EAC como “bom” ou “ruim” avaliando-o apenas
de consciência é apenas um dentre os muitos possíveis de segundo os critérios mais desenvolvidos em nosso estado
interpretar e interagir com o ambiente, com suas vantagens habitual de consciência (raciocínio lógico, habilidades mate-
e limitações. Cada estado de consciência pode trazer infor- máticas...). É preciso examinar o funcionamento do EAC
mações adicionais, ajudando-nos a ter uma compreensão sob as condições para as quais ele é normalmente utilizado.
mais global de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Geralmente é inadequado denominar um estado de cons-
Então, o autor faz um desafio: O método científico será ciência melhor ou pior que outro, a questão deve ser; melhor
expandido para a investigação dos estados de consciência ou pior em relação a qual habilidade? (Tart, 2000). O estado
ou o imenso poder dos EAC continuará a ser deixado nas de sonolência é péssimo para dirigir um automóvel, mas é
mãos dos diversos cultos e seitas? (Tart, 1972). o ideal para se conseguir uma boa noite de sono...
Como bem destacou Glen Gabbard (1982): “É Investigar populações clínicas e não clínicas
incumbência dos psiquiatras estarem familiarizados com
o amplo leque de experiências humanas, saudáveis ou A maioria dos estudos sobre espiritualidade e EA
patológicas. Precisamos respeitar e diferenciar as foi realizada em populações clínicas. Apesar de terem
experiências incomuns, mas integradoras, das que são sua utilidade, tais pesquisas não permitem inferências
(...) desorganizadoras”. para a população geral. A população clínica possui uma
série de viéses de seleção que a torna não representativa
Utilizar diversos critérios de normalidade e daquela (Sims, 1988). As motivações subjacentes a
patologia comportamentos similares podem diferir entre indivíduos
clinicamente afetados ou não (Cardeña, 2000).
Não há um critério universalmente aceito para a
Um exemplo são as alucinações, que são consi-
psicopatologia, e as classificações psiquiátricas têm suas
deradas um dos sintomas mais clássicos e óbvios de
limitações. Muitas não levam em consideração o fato de
psicopatologia. Entretanto, há mais de um século que
que as EA podem não se associar necessariamente com
levantamentos epidemiológicos têm demonstrado que
transtornos mentais. No DSM-III-R, todas as 12 citações mais de 10% da população geral relata a ocorrência de
sobre religião no Glossário de Termos Técnicos são fenômenos alucinatórios ao longo da vida (Sidgwick,
utilizadas para ilustrar psicopatologia (Post, 1990). Diversas 1894. Esses e outros dados apontam para a existência
escalas têm viéses teóricos, avaliando negativamente as de uma substancial minoria da população que vivencia
vivências espirituais e religiosas. Por exemplo, no Minnesota alucinações. Há grande carência de informações sobre
Multiphasic Personality Inventory (MMPI) respostas alucinações na população não clínica, sendo muito
positivas a quesitos sobre crença religiosa, oração e importante saber como esses diferem dos portadores
experiências da presença de Deus são consideradas de transtornos mentais (Bentall, 2000).
evidências de psicopatologia (Batson e Ventis, 1982). Experiências dissociativas e tidas como paranormais
Como cada critério ou escala psiquiátrica tem suas são freqüentes na população geral e não se associam a
diretrizes teóricas, as EA podem se associar de modos uma maior presença de transtornos mentais (Ross, 1990;
diversos com os vários instrumentos de avaliação existentes. Lewis-Fernández, 1998; Hales, 1994; Ross e Joshi, 1992).
Desenvolver instrumentos adequados para solicitadas a descrever, não as razões (por que), mas o
avaliar as crenças e as experiências conteúdo (o que) das suas experiências subjetivas, as
Muitas vezes as vivências são avaliadas de modo pessoas são muito mais precisas (Pekala, 1991).
inadequado. Por exemplo, sabe-se que a avaliação de Muitos dos pacientes que relatam e acreditam
religiosidade apenas pela afiliação religiosa de um indivíduo terem vivido experiências de quase morte, na realidade
é incompleta e pouco informativa, entretanto, esse foi o não estavam, do ponto de vista médico, perto da morte.
método mais empregado na última década (Weaver et Embora suas experiências compartilhem muitas
al., 1998). A avaliação de religiosidade deve ser sempre semelhanças com os indivíduos que realmente estavam
multidimensional, o mesmo vale para a maioria das EA. próximos da morte, há algumas diferenças que têm sido
Precisamos desenvolver e refinar escalas para avaliar tais estudadas (Owens et al., 1990).
vivências de modo abrangente e confiável.
Considerar o papel da cultura
Cuidado na escolha dos termos que
descrevem as experiências O ato de considerar patológica uma experiência
dissociativa particular é grandemente influenciado pela
O repertório oferecido pelo vocabulário ocidental cultura (Lewis-Fernández, 1998). Cultura pode ser
para a descrição de vivências espirituais é extremamente definida como um conjunto de significados, normas
deficitário (Hufford, 1992). A linguagem que usamos para comportamentais e valores que determinam as visões
nos comunicar sobre questões da vida diária não é adequada particulares que grupos humanos têm sobre o mundo e
para a descrição das vivências em um EAC, que muitas eles próprios (Favazza e Oman, 1978). A cultura pode
vezes é tida como inefável. As palavras e as estruturas da influenciar a prática clínica de diversas formas: como
nossa língua são ferramentas muito inapropriadas para instrumento explicativo, agente patogênico ou pato-
descrever sua natureza e dimensões, particularmente para
plástico, fator diagnóstico e como elemento terapêutico
aqueles que não as vivenciaram (Grof, 2000).
e protetor (Alarcón et al., 1999).
Faz-se mister um grande cuidado na escolha dos
Estudos transculturais podem determinar quais
termos. Algumas expressões podem inibir o relato de
características de uma dada experiência são invariáveis e
experiências associadas. Stevenson (1983) argumenta que
quais são moldadas pelo ambiente e crenças do indivíduo.
a palavra “alucinação”, por ser muito ligada à instabilidade
Pesquisas nesse sentido têm sido feitas nas experiências
mental, faz com que as pessoas “normais” evitem des-
crever suas experiências alucinatórias. O autor, inclusive, de quase morte (Greyson e Stevenson, 1980; Stevenson
questiona o emprego desse termo para todas as experiências e Greyson, 1979; Parischa e Stevenson, 1986; Greyson,
sensórias não compartilhadas em pessoas mentalmente 2000) e nas alegadas memórias de vidas passadas
transtornadas ou sãs, e propõe um outro termo, idiofania. Stevenson, 1977; Stevenson, 1983.
Um outro ilustrativo exemplo vem do levantamento Postura do pesquisador: neutra, mas empática
populacional de Gallup e Newport (1991). Nove por
cento relataram já ter visto ou estado na presença de A atitude do investigador pode ter sérias impli-
um fantasma, mas 17% disseram já ter estado em cações sobre os dados obtidos e sobre o indivíduo que
contato com alguém que já morreu. Os respondentes relata suas experiências. Um risco é este “incrementar”
podem alegar que fantasma é algo como um assustador seu relato ou então omiti-lo, dependendo se o pesquisador
lençol branco voador e não um ente querido que já assume uma postura entusiástica ou hostil (Stevenson
faleceu (Hufford, 1992). e Greyson, 1979; Owens et al., 1991). Como as pessoas
De um modo geral, é sempre melhor evitar termos de um modo geral sabem que os “cientistas” tendem a
com implicações causais ou teóricas e preferir as desqualificar as EA ou considerá-las sinais de insta-
descrições fenomenológicas (Hufford, 1992). Quando bilidade mental, grande parte dessas vivências são dissi-
se realiza a tradução de um termo de uma língua para muladas (Hufford, 1992).
outra, esta deve ser baseada nos conceitos envolvidos, Tanto pela sua formação (que tende a fornecer
e não nas palavras (Alarcón, 1995). uma visão pejorativa das dimensões religiosas e místicas
da vida), como pelo fato de os profissionais de saúde
Distinguir a experiência vivenciada de suas mental serem bem menos religiosos que a população
interpretações geral, estes têm uma grande dificuldade de empatizar
Apesar de ambas serem importantes, a descrição com tais vivências (Lukoff et al., 1992). Uma postura
fenomenológica e sua posterior interpretação pelo hostil e/ou “psiquiatrizante” diante de muitas experiências
indivíduo, elas podem se relacionar de modo diferente e crenças pode trazer graves conseqüências para aquele
com outras variáveis (Berenbaum, 2000). Quando que as vivencia (Lu et al., 1994; APA, 1990).
Cuidado no estabelecimento de nexos causais observada pode ser nova para a ciência e não podemos
descartá-la tão facilmente como bizarra demais”.
Uma associação causal é aquela em que a mudança
na freqüência ou na qualidade de uma exposição resulta Relatos de casos ou série de casos
em uma mudança correspondente na freqüência da doença
ou desfecho de interesse. Descobrir relações causais, entre O estudo detalhado das características de um certo
fatores de risco e doenças, constitui um objetivo primordial número de casos semelhantes e ilustrativos pode ser muito
da epidemiologia, pois nos fornece informações útil para uma exploração inicial e para gerar hipóteses a
imprescindíveis para ações de saúde pública a fim de serem testadas em estudos mais elaborados (Grisso, 1993).
diminuir os agravos à saúde. William James (1991) enfatiza bastante o valor de estudar
os casos extremos, os mais “paradigmáticos”, pois eles
Julgamentos sobre causalidade envolvem dois
evidenciam de modo ampliado as principais características
passos principais:
do fenômeno investigado. “Devemos atentar para as suas
• se a associação entre exposição e doença formas completamente evolvidas e perfeitas (...) podemos
encontrada em um dado estudo é válida, ou passar ao largo das suas manifestações mais fracas”. A
seja, se não pode ser explicada pelo acaso, experiência de iniciantes num EAC pode ser muito diferente
viés e variáveis de confusão; daquela de um indivíduo já habituado. O principiante está
• avaliar se a totalidade das evidências disponí- aprendendo a lidar com o EAC a cada nova ocorrência, o
veis aponta para uma relação causal. que inclui dúvidas, medos e desconhecimento (Tart, 2000,
Nunca é demais lembrar que não existe teste pp. 179-80).
estatístico que indique uma relação causal, os testes de Os casos selecionados devem apresentar os fenô-
significância apenas explicitam qual a probabilidade de menos de interesse de modo florido e necessitam ser
a associação encontrada em um certo estudo se dever avaliados por meio de diversos métodos para se extrair
ao acaso. A determinação de causalidade é sempre um o máximo de informações possível.
julgamento feito pelo pesquisador à luz das evidências Apesar dessa importância capital no desenvol-
disponíveis. Para auxiliar nesse julgamento, Hill (1965) vimento da ciência, faz-se mister não realizar inferências
propôs alguns critérios que se tornaram clássicos: arbitrárias. Uma prática muito comum é a extrapolação
• força da associação: o quanto a exposição dos achados de um certo caso clínico ou da “experiência
aumenta o risco de doença; clínica” para assumirem o status de fatos científicos
comprovados. Urge reconhecer os diversos viéses a
• consistência: a mesma associação é encontrada
que estão sujeitos os achados de nossa experiência
por diferentes pesquisadores através de
clínica. Entre eles, temos o efeito placebo, o retorno à
diferentes métodos;
média, a evolução natural da doença e a tendenciosidade
• especificidade da relação entre exposição e do paciente e do examinador na avaliação dos resultados
doença; (Guyatt et al., 1986; Sackett, 1985). Além desses, há o
• temporalidade: a exposição precede o des- fato de que muitos pacientes que não se julgam
fecho; melhorados com a abordagem recebida simplesmente
• gradiente biológico: curva dose-resposta; mudam de profissional, havendo uma tendência a
recebermos o retorno daqueles que tiveram melhor
• plausibilidade biológica;
evolução. Ou seja, os relatos de casos e a nossa expe-
• coerência com os conhecimentos já existentes riência clínica servem para levantar hipóteses a serem
sobre a doença; testadas, devendo haver muita cautela na avaliação,
• evidência oriunda de experimentos; principalmente, de eficácia de tratamento e prognóstico.
• analogia: se já existe alguma relação causal
semelhante descrita. Estudos longitudinais
Hill enfatiza que esses nove itens são apenas Os estudos longitudinais geralmente fornecem
diretrizes, nenhum deles pode ser considerado como bons suportes para inferências causais, pois permitem
evidência inquestionável, nem pode ser julgado condição estabelecer a seqüência temporal de surgimento entre
sine qua non. Uma das principais críticas que se faz as variáveis associadas. Por exemplo, posso encontrar
aos estudos sobre EA é a falta de plausibilidade biológica maior prevalência de transtornos mentais num grupo
ou de coerência com os conhecimentos existentes sobre religioso. Nesse caso, seria muito útil saber o que veio
o mundo. Entretanto, o próprio Hill enfatiza que o que é primeiro: a adesão ao grupo religioso ou a psico-
biologicamente plausível depende do conhecimento patologia? Esse conhecimento nos ajudaria a formular,
biológico do momento, que “a associação que está sendo ou descartar, hipóteses como: o hipotético grupo
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