Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

12 Biodiv 12 Caps3

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 100

3 Vegetação e flora em

áreas prioritárias para


conservação da Caatinga

Maria Jesus Nogueira Rodal

Francisca Soares de Araújo

Maria Regina de Vasconcellos Barbosa

Organizadores
Resumo

Nas três áreas prioritárias para conservação do bioma Caatinga (Serra


das Almas, CE; Curimataú, PB e Betânia, PE), para estudo da vegetação e flo-
ra fanerogâmica, foram realizados oito levantamentos florísticos e fitossocio-
lógicos em três fitofisionomias. Foram registrados 475 taxa, 322 identificados
ao nível de espécie, 127 ao de gênero e 26 ao de família. Leguminosae (lato
sensu), Euphorbiaceae, Cactaceae e Rubiaceae foram as famílias com maior
riqueza de espécies. Das espécies com distribuição apenas no território bra-
sileiro, 53 são endêmicas do bioma Caatinga. Das 322 espécies registradas,
quatro estão nas listas do IBAMA e/ou IUCN de espécies ameaçadas. São
elas: Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae), Mimosa caesalpi-
nifolia Benth., M. verrucosa Benth. (Leguminosae) e Campomanesia aroma-
tica Griseb. (Myrtaceae). As maiores riqueza e diversidade da caatinga no
sentido restrito parecem estar representadas no componente herbáceo/su-
blenhoso, o que se espera encontrar em regiões áridas e semi-áridas. A flo-
ra criptogâmica foi estudada apenas na área do Curimataú paraibano, em 9
estações de coleta nas bacias hidrográficas dos rios Curimataú e Calabouço.
Foram coletados 34 taxa distribuídos em 20 famílias, sendo 3 cianofíceas, 15
clorofíceas, 9 briófitas e 7 pteridófitas.

1. Introdução geral

As descrições da composição, estrutura e funcionamento são o corpo


principal do conhecimento da vegetação, o componente dominante e mais
acessível das comunidades ecológicas terrestres (KENT; COKER, 1992). As-
sim, considerando que a fisionomia representa a característica vegetacional
mais facilmente mensurável, esta tem sido tomada como eixo principal da
classificação da vegetação em larga escala, inclusive no sistema de classifi-
cação da vegetação brasileira (VELOSO et al., 1991). Todavia, Grossman et al.
(1998) destacam a importância de utilizar informações florísticas, estruturais
e ecológicas quando se deseja empregar uma escala de maior detalhe para
entender a vegetação de uma determinada área.
Com relação à vegetação brasileira, observa-se que a caatinga, ou Sa-
vana Estépica sensu Veloso e colaboradores (1991), vegetação típica e domi-
nante no semi-árido nordestino (ver capítulo 1), é ainda pouco investigada do
ponto de vista botânico e ecológico. A fraca base de dados certamente está
relacionada com a falta de inventários básicos da vegetação e da flora.
Apesar de o desmatamento e as queimadas serem práticas comuns
no preparo da terra para a agropecuária na maior parte do bioma Caatin-
ga (SANTOS; TABARELLI, 2002), existe ainda uma grande variedade de re-
manescentes de diferentes tipos vegetacionais e um número expressivo de
Vegetação e flora

taxa raros e/ou endêmicos (GIULIETTI et al., 2002), o que pode incrementar
significativamente o número de espécies conhecidas para o bioma (RODAL;
SAMPAIO, 2002).
Deve-se destacar que as diferentes tipologias vegetacionais presentes
no semi-árido do Nordeste brasileiro ocorrem em função da maior ou menor

82
aridez edafoclimática que, em geral, está associada à distancia do litoral, à
altitude, à geomorfologia, ao nível de dessecação do relevo, à declividade e
posição da vertente em relação à direção dos ventos (barlavento e sotavento)
e à profundidade e composição física e química do solo (ANDRADE-LIMA,
1981; SAMPAIO et al., 1981). Dados já disponíveis (MOURA; SAMPAIO, 2001;
FERRAZ et al., 2003) indicam que no semi-árido nordestino o aumento da
altitude leva a uma redução na temperatura e, em conseqüência, a um au-
mento na precipitação e disponibilidade de água no solo, principal fator limi-
tante da produtividade primária. Considerando-se, portanto, a importância
dos efeitos da topografia, da continentalidade e da morfopedologia na flora
e vegetação, espera-se que a fisionomia e a composição florística do bioma
Caatinga apresentem diferenças acentuadas, com as espécies organizadas
em comunidades discretas.
Para testar essa hipótese, foram realizados três estudos de caso por
equipes distintas, em três áreas consideradas prioritárias para conservação
da biodiversidade no bioma Caatinga (MMA, 2004): 1) Serra das Almas, no
Ceará; 2) Curimataú, na Paraíba; 3) Betânia, em Pernambuco.
A área Serra das Almas encontra-se a altitudes que variam de 200 a 700
m a.n.m. e abrange duas unidades morfopedológicas: 1) depressão sertaneja
do complexo cristalino e 2) borda oriental da bacia sedimentar do Meio Nor-
te, no planalto da Ibiapaba. Os pontos selecionados para estudo estão sobre
altitudes e unidades morfopedológicas distintas. A área de Curimataú com-
preende uma única unidade morfopedológica (complexo cristalino), mas, em
função da proximidade da costa, foi possível selecionar dois pontos: um mais
próximo do litoral, onde se espera que haja influência atlântica, e outro mais
distante, característico do clima semi-árido dominante na região. Em Betâ-
nia, os pontos selecionados estão sobre a mesma unidade morfopedológica,
a depressão sertaneja do complexo cristalino, e em altitudes similares.
Os resultados de cada área serão apresentados em separado, como
subcapítulos independentes, e, ao final, serão feitas considerações conjuntas
sobre a conservação e as perspectivas para novos estudos, geradas a partir
da experiência das equipes no projeto.
A confirmação desses padrões, especialmente com maior detalhe es-
trutural (sensu
sensu MARTINS, 1990), ajudará não só a conhecer o funcionamento
do ecossistema (MARTINS; SANTOS, 1999), mas poderá revelar-se como uma
importante ferramenta no planejamento regional de conservação e uso sus-
tentável dos recursos vegetais. Espera-se que o entendimento da estrutura
e funcionamento das comunidades biológicas seja considerado na definição
de áreas e políticas públicas para a conservação da diversidade biológica da
Caatinga e que, somados aos dados de espécies raras, endêmicas e ameaça-
das de extinção possa contribuir para a seleção de áreas prioritárias.

2. Revisão bibliográfica

A heterogeneidade de fatores climáticos, geomorfológicos e edáficos


tem sido apontada como fator gerador da grande variabilidade florística e
fisionômica no domínio da Caatinga (ANDRADE-LIMA, 1981; SAMPAIO, 1995;
FERNANDES, 1998). Entretanto, atividades humanas como pastoreio, agri-

83
cultura e extrativismo têm dificultado a interpretação de tais variações (PE-
REIRA et al., 2003). Apesar disso, abordagens tentando relacionar variações
florísticas e fisionômicas a fatores bióticos e a diferentes níveis de uso não
têm sido comuns no bioma Caatinga.
Dos levantamentos realizados em áreas pontuais do bioma, nota-se
que diversos deles apresentam caracterizações florísticas e/ou fitossocioló-
gicas (TAVARES et al.,1969a,b; TAVARES et al., 1970; TAVARES et al., 1974a,b;
TAVARES et al., 1975; FIGUEIREDO, 1983, 1987; OLIVEIRA et al., 1988; ARAÚJO
et al., 1995; MEDEIROS, 1995; OLIVEIRA et al., 1997; ARAÚJO et al., 1998a,b;
LIMA; LIMA, 1998; RODAL, et al.,1998; ARAÚJO; MARTINS, 1999; ARAÚJO et
al., 1999; FIGUEIRÊDO et al., 2000; CAMACHO, 2001; LEMOS; RODAL,2002;
MOURA; SAMPAIO, 2001; OLIVEIRA, 2002; PEREIRA et al., 2002; SILVA, 2000;
COSTA, 2002; RODAL, 2002; RODAL; NASCIMENTO, 2002; ALCOFORADO-FI-
LHO et al., 2003). Porém, apenas 13 tentam associar direta ou indiretamente
variações fisionômicas e florísticas qualitativas e quantitativas às variações
abióticas ou de níveis de uso (GOMES, 1980; SANTOS, 1987; FONSECA, 1991;
RODAL, 1992; ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998b; FERRAZ et al., 1998; 2003;
ARAÚJO; MARTINS 1999; ARAÚJO et al., 1999; NASCIMENTO et al., 2003; PE-
REIRA et al., 2003; SILVA et al., 2003). Desses 13 autores, apenas seis associam,
através de testes estatísticos, as variáveis de vegetação (GOMES, 1980), solo
(SANTOS, 1987; RODAL, 1992; ARAÚJO et al.,1999), paisagem (SILVA et al.,
2003) e nível de uso (PEREIRA et al., 2003). É importante salientar que apenas
SANTOS (1987) incluiu o componente herbáceo nas suas análises. Os estudos
de Fonseca (1991) e Nascimento et al. (2003) apontaram fatores edáficos e o de
Ferraz et al. (2003) fatores topográficos (climáticos) como condicionantes das
diferenças encontradas na flora e vegetação estudadas.
Os levantamentos quantitativos empregaram uma grande variedade
de critérios de inclusão e de superfície amostral. A metodologia utilizada na
maioria dos trabalhos foi a do método de parcelas, com área amostral varian-
do de 400 m² (NASCIMENTO et al., 2003) a 10.000 m² (ARAÚJO et al., 1999).
Apenas cinco trabalhos utilizaram o método dos quadrantes (ALBUQUER-
QUE et al., 1982; FERREIRA, 1988; ARAÚJO et al., 1995; FIGUEIRÊDO et al.,
2000; MENDES, 2003). Houve grande variação quanto ao critério de inclusão,
desde perímetro do caule no nível do solo maior ou igual a 3 cm (ARAÚJO
et al., 1995) até diâmetro do caule maior ou igual a 3 cm a 50 cm de altura do
caule (TAVARES et al., 1970) (ver capítulo 1).
A partir do Programa Linhas de Ação em Botânica – Ecossistema Caa-
tinga/ CNPq (RODAL et al., 1992), começou a haver uma padronização quanto
ao critério de inclusão, isto é, diâmetro do caule no nível do solo maior ou
igual a 3 cm e altura total maior ou igual a 1 m (MEDEIROS, 1995; ARAÚJO et
al. 1999; ANDRADE, 2000; GADELHA-NETO; BARBOSA, 2000; FIGUEIRÊDO,
2000; FIGUEIRÊDO et al., 2000; CAMACHO, 2001; LEMOS; RODAL, 2002; PE-
REIRA et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; MENDES, 2003; NASCI-
MENTO et al., 2003).
Os levantamentos botânicos na vegetação de caatinga stricto sensu to-
talizam no componente lenhoso (árvores e arbustos). Apesar da importância
das plantas herbáceas em formações vegetais sazonalmente secas (CRAWLEY,
Vegetação e flora

1997), pouco se sabe sobre essas plantas no semi-árido nordestino. Só recen-


temente foram iniciados levantamentos sistemáticos naquele componente
(COSTA, 2001; COSTA, 2002; SILVA, 2003; VASCONCELOS, 2003; FEITOZA,
2004; REIS, 2004; PESSOA et al., enviado), em sua grande maioria, monogra-
fias de graduação e algumas poucas dissertações de mestrado.

84
Dos 16 levantamentos conhecidos englobando a flora herbácea da ca-
atinga stricto sensu, dez foram realizados em Pernambuco (RODAL, 1984;
SANTOS, 1987; RODAL et al., 1999; FIGUEIRÊDO et al., 2000; COSTA, 2001;
ARAÚJO et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; SILVA, 2003; FEITO-
ZA, 2004; PESSOA et al. enviado; REIS, 2004), três no Ceará (MEDEIROS,
1995; COSTA, 2002; VASCONCELOS, 2003), um na Paraíba (GADELHA-NETO;
BARBOSA, 2000) e um em Sergipe (SOUZA, 1983). Cabe destacar que ape-
nas os trabalhos de Silva (2003), Vasconcelos (2003), Feitoza (2004) e Reis
(2004) tiveram foco exclusivo no componente herbáceo, assim como a lista
de espécies, compilada por Araújo et al. (2002), para diferentes municípios
de Pernambuco.
Os poucos trabalhos disponíveis indicam que a proporção de plantas
lenhosas/sublenhosas/herbáceas está na ordem de 1:2,5 (SANTOS, 1987;
COSTA, 2002). Dos 16 levantamentos mencionados, apenas os de Santos
(1987), Vasconcelos (2003), Feitoza (2004) e Reis (2004) são quantitativos de
ervas. O volume de dados existente ainda não permite fazer generalizações
consistentes sobre os efeitos dos fatores abióticos e humanos nas variações
florísticas e fisionômicas no domínio da Caatinga, entretanto, algumas ten-
dências podem ser observadas: 1) quanto maior a diferença nas característi-
cas físicas, químicas e profundidade do solo, menor a similaridade florística
entre as comunidades (SANTOS, 1987; FONSECA, 1991; RODAL, 1992; ARAÚ-
JO et al.,1999); 2) menor aridez climática em função da altitude proporciona
maior biomassa vegetal, plantas mais altas e mais grossas (GOMES, 1980;
FERRAZ et al., 2003) e menor densidade (GOMES, 1980); 3) diferentes uni-
dades de paisagem indicam diferenças na riqueza e diversidade de espécies
(SILVA et al., 2003) e 4) áreas degradadas apresentam menor densidade de
espécies arbóreas, altura, riqueza e diversidade, além de uma tendência a
um domínio quase que exclusivo de poucas espécies (PEREIRA et al., 2003).

3. Recomendação para conservação e perspectivas para novos estudos

Conforme datalhado nos subcapítulos a seguir, o presente estudo for-


nece uma amostra da heterogeneidade fisionômica e florística do bioma Caa-
tinga, representando, porém, apenas uma pequena parte desta heterogenei-
dade. As amostras revelam expressiva riqueza de espécies, destacando-se as
herbáceas anuais, que aparecem em um curto período chuvoso do ano e de-
monstram a fragilidade da flora e a susceptibilidade para mudanças, desde
pequenas oscilações climáticas aos efeitos antropogênicos de uso do solo.
Os dados aqui apresentados apontam diferenças marcantes na ve-
getação numa escala espacial relativamente curta. As comunidades vegetais
estudadas variaram marcadamente no que diz respeito à fisionomia, abun-
dância e riqueza e diversidade florística. Assim, fica clara a urgência de am-
pliar o número e área de unidades de conservação, contemplando todas as
fisionomias do complexo mosaico edafoclimático existente no bioma.
As variações de composição, fisionomia da vegetação e diversidade de
espécies aqui demonstradas refletem as variações abióticas da área. Porém,
os processos ecológicos que possivelmente conectam essas comunidades
tão diferentes e a importância dessas diferenças na manutenção do funcio-
namento e da biodiversidade do bioma Caatinga são desconhecidos. Diante

85
de tal situação, um modelo de conservação para a vegetação do semi-árido
brasileiro deverá pelo menos contemplar a criação de unidades de conserva-
ção representativas da heterogeneidade espacial dos fatores abióticos, com
foco nos tipos de solos, na topografia e na geomorfologia.

Considerando os aspectos acima mencionados, as seguintes ações


são altamente recomendadas:
1. Incentivar a criação de novas UCs que englobem diversas fitofisio-
nomias presentes no bioma Caatinga, inclusive áreas destinadas à
recuperação da vegetação, além de áreas que garantam a proteção
de encostas e corpos d’ água;
2. Incentivar a realização de estudos integrando diversos grupos bio-
lógicos para entendimento de processos ecológicos, tais como re-
produção de espécies vegetais, impacto de forrageio e as diversas
interações animais – plantas;
3. Integrar estudos edáficos e climáticos aos levantamentos de fito-
diversidade a fim de melhor compreender os fatores que mantêm
essa diversidade e, assim, poder melhor definir medidas de conser-
vação;
4. Controlar a invasão da vegetação nativa por espécies vegetais exó-
ticas, principalmente forrageiras, incluindo taxa arbóreos como a al-
garobeira Prosopis juliflora, considerando os efeitos das invasoras
sobre as plantas nativas;
5. Estimular a realização de inventários cartográficos utilizando ima-
gens de sensoriamento remoto em séries históricas, a fim de acom-
panhar a evolução da cobertura vegetal, podendo-se assim discutir
a diversidade registrada hoje frente ao histórico de uso da terra;
6. Gerar incentivos para a realização de pesquisas a longo prazo, envol-
vendo alunos de graduação e pós-graduação das instituições de pes-
quisa, formando recursos humanos e garantindo verba para acesso
à área e manutenção da periodicidade das excursões de campo.

4. Referências bibliográficas

ALBUQUERQUE, S. G.; SOARES, J. G. G.; ARAÚJO-FILHO, J. A. Densidade de


espécies arbóreas e arbustivas em vegetação de Caatinga. Petrolina: Embra-
pa. 1982.
ALCOFORADO-FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Florística
e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa
arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, v.17, n. 2, p. 287-
303, 2003.
ANDRADE, W. M. Variação de abundância em populações de plantas da Caa-
tinga. Recife, 2000. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade Fede-
ral Rural de Pernambuco.
Vegetação e flora

ANDRADE-LIMA, D. The Caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica,


v. 4, p. 149-153, 1981.
ARAÚJO, F. S. Estudos fitogeográficos do carrasco no nordeste do Brasil.
Campinas, 1998. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal), Universidade Estadu-
al de Campinas.

86
ARAÚJO, F. S.; SAMPAIO, E. V. S. B.; FIGUEIREDO, M. A.; RODAL, M. J. N.;
FERNANDES, A. G. Composição florística da vegetação de carrasco, Novo
Oriente, CE. Revista Brasileira de Botânica, v. 21, p. 105-116, 1998a.
ARAÚJO, F. S.; MARTINS, F. R. Fisionomia e organização da vegetação do
Carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Acta Botanica Brasilica, v.
13, n. 1, p. 1-14, 1999.
ARAÚJO, F. S.; MARTINS, F. R.; SHEPHERD, G. J. Variações estruturais e florís-
ticas do carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Revista Brasileira
de Biologia, v. 59, n.4, p. 663-678, 1999.
ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística
e estrutura em três áreas de Caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de
Biologia, v. 55, n. 4, p. 595-607, 1995.
ARAÚJO, E. L.; SILVA S. I.; FERRAZ, E. M. N. Herbáceas da Caatinga de Per-
nambuco. In: TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (orgs.). Diagnóstico da biodiver-
sidade de Pernambuco. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.
Recife: Editora Massangana. 2002. p.183-205.
ARAÚJO, F. S; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N.; FIGUEIREDO, M. A. Or-
ganização comunitária do componente lenhoso de três áreas de Carrasco em
Novo Oriente-CE. Revista Brasileira de Biologia, v. 58, n.1, p. 85-95, 1998b.
CAMACHO, R. G. V. Estudo fitofisiográfico da Caatinga do Seridó - Estação
Ecológica do Seridó, RN. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em Botânica), Uni-
versidade de São Paulo.
COSTA, K. C. C. Flora angiospérmica do Parque Pedra Furada, município de
Venturosa, Pernambuco. Recife, 2001. Monografia (Graduação – Bacharelado
em Ciências Biológicas), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
COSTA, R. C. Inventário florístico e espectro biológico em uma área de Ca-
atinga, Quixadá, CE. Fortaleza, 2002. Monografia (Graduação – Bacharelado
em Ciências Biológicas), Universidade Federal do Ceará.
CRAWLEY, M. J. Plant Ecology. Oxford: Ed. Blackwell Science. 1997.
FEITOZA, M. O. M. Diversidade e caracterização fitossociológica do componen-
te herbáceo em áreas de Caatinga no Nordeste do Brasil. Recife, 2004. Disser-
tação (Mestrado em Botânica), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
FERNANDES, A. G. Fitogeografia brasileira. Fortaleza: Multigraf , 1998.
FERRAZ, E. M. N.; RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B. 2003. Physiognomy
and structure of vegetation along an altitudinal gradient in the semi-arid re-
gion of northeastern Brazil. Phytocoenologia, v. 33, p. 71-92.
FERRAZ, E. M. N.; RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B.; PEREIRA, M. R.A.
Composição florística em trechos de vegetação de Caatinga e brejo de altitu-
de na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Revista Brasileira de Botânica, v.
2, p. 7-15, 1998.
FERREIRA, R. L. C. Análise estrutural da vegetação da estação florestal de
experimentação de Açu-RN, como subsídio básico para o manejo florestal.
Viçosa, 1988. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal), Universidade Fe-
deral de Viçosa.
FIGUEIRÊDO, L. S. Influência dos sítios de estabelecimento na forma das
plantas de populações simpátricas da Caatinga. Recife, 2000. Dissertação
(Mestrado em Botânica), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
FIGUEIRÊDO, L. S.; RODAL, M. J. N.; MELO, A. L. Florística e fitossociologia
de uma área de vegetação arbustiva caducifólia espinhosa no município de
Buíque - Pernambuco. Naturalia, v., 25, p. 205-224, 2000.
FIGUEIREDO, M. A. A microregião salineira norte-riograndense no domínio
das Caatingas. Mossoró: Coleção Mossoroense n.11. 1987. 44p.

87
FIGUEIREDO, M.A. A região dos Inhamuns - CE no domínio das caatingas.
ESAM (Coleção Mossoroense B - 411). Mossoró. 1983.
FONSECA, M. R. Análise da vegetação arbustivo-arbórea da Caatinga hiperxe-
rófila do noroeste do estado de Sergipe. Campinas, 1991. Tese (Doutorado em
Biologia Vegetal), Universidade Estadual de Campinas.
GADELHA-NETO, P. C.; BARBOSA, M. R. V. 2000. Levantamento florístico e
fitossociológico de um remanescente de Caatinga no município de Souza,
Paraíba. In: M. F.V. Souza (ed.). Iniciados. Editora Universitária, UFPB, João
Pessoa, pp. 64-87.
GIULIETTI, A. M.; HARLEY R. M.; QUEIROZ, L. P.; BARBOSA, M. R. V.; DU BO-
CAGE-NETA, A. L.; FIGUEIREDO, M. A. Espécies endêmicas da Caatinga. In:
SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C. F.
L. (eds.). Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nor-
deste/ Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002, p. 103-118.
GOMES, M. A. F. A vegetação dos Cariris velhos, no estado da Paraíba. Vege-
talia - Escritos e documentos, 14, 1980.
KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analyses: a pratical approach.
London: John Wiley & Sons. 1992.
GROSSMAN, D. H.; FABER-LANGENDOEN, D.; WEAKLEY, A. S.; ANDERSON,
M.; BOURGERON, P.; CRAWFORD, R.; GOODIN, K.; LANDAAL, S.; METZLER,
K.; PATTERSON, K.; PYNE, M.; REID, M.; SNEDDON, L. International Classifi-
cation of Ecological Communities: Terrestrial vegetation of the United States.
Arlington: The Nature Conservancy. 1998.
LEMOS, J. R.; RODAL, M. J. N. Fitossociologia do componente lenhoso de
um trecho da vegetação de Caatinga no Parque Nacional da Serra da Capiva-
ra, Piauí, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.1, p. 23-42, 2002.
LIMA, P. C.; LIMA, J. L. S. Composição florística e fitossociologia de uma área
de Caatinga em Contendas do Sincorá, Bahia, microrregião homogênea da
Chapada Diamantina. Acta Botanica Brasilica, v. 12, n. 3, p. 431-440, 1998.
MARTINS, F. R. Atributos de comunidades vegetais. Quid, v 9:13-17, 1990.
MARTINS, F. R.; SANTOS, F. A. M. Técnicas usuais de estimativa da biodiversi-
dade. Revista Holos, v.1 (edição especial), p. 236-267, 1999.
MEDEIROS, J. B. L. P. Florística e fitossociologia de uma área de Caatinga
localizada na fazenda Araçanga, município de Capistrano-CE. Fortaleza, 1995.
Monografia (Graduação – Bacharelado em Ciências Biológicas), Universida-
de Federal do Ceará.
MENDES, M. R. A. Florística e fitossociologia de um fragmento de Caatinga
arbórea, São José do Piauí, Piauí. Recife, 2003. Dissertação (Mestrado em
Biologia Vegetal), Universidade Federal de Pernambuco.
MMA – Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal. Áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e reparti-
ção de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília, 2004.
MOURA, F. B. P.; SAMPAIO, E. V. S. B. Flora lenhosa de uma mata serrana se-
midecídua em Jataúba, Pernambuco. Revista Nordestina de Biologia, v. 15,
n. 1, p. 77-89, 2001.
NASCIMENTO, C. E. S.; RODAL, M. J. N.; CAVALVANTI, A. C. Phytosociology
of the remaining xerophytic woodland associated to an environmental gra-
Vegetação e flora

dient at the banks of the São Francisco river - Petrolina, Pernambuco, Brazil.
Revista Brasileira de Botânica, v. 26, n. 3, p. 271-287, 2003.
OLIVEIRA, J. G. B.; QUESADO, H. L. C.; NUNES, E. P.; FIGUEIREDO, M. A.;
BEZERRA, C. L. F. Vegetação da estação ecológica de Aiuaba, Ceará. Mossoró:
Coleção Mossoroense, série B, n. 537, 1988.

88
OLIVEIRA, M. E. A.; SAMPAIO, E. V. S. B.; CASTRO, A. A. J. F.; RODAL, M. J. N.
1997. Flora e fitossociologia de uma área de transição Carrasco-Caatinga de
areia em Padre Marcos, Piauí. Naturalia, v. 22, n. 2, p. 131-150.
OLIVEIRA, R. F. Caracterização florística e estrutural de um inselberg no mu-
nicípio de Quixadá, Ceará. Fortaleza, 2002. Monografia (Graduação – Bacha-
relado em Ciências Biológicas), Universidade Federal do Ceará.
PEREIRA, I. M.; ANDRADE, L. A.; BARBOSA, M. R. V. Composição florística e
análise fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo de um remanes-
cente florestal no Agreste paraibano. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n.3, p.
241-369, 2002.
PEREIRA, I. M.; ANDRADE, L. A.; SAMPAIO, E. V. S. B.; BARBOSA, M. R. V.
Use-history effects on structure and flora of Caatinga. Biotropica, v. 35, n. 2,
p. 154-165, 2003.
PESSOA, L. M.; RODAL, M. J. N.; LINS e SILVA, A. C. B.; COSTA, K. C. C. Levan-
tamento da flora herbácea em um trecho de Caatinga, RPPN Maurício Dantas,
Betânia/Floresta, Pernambuco. Revista Nordestina de Biologia (enviado).
REIS, A. M. Organização do estrato herbáceo de uma área de Caatinga de
Pernambuco em anos consecutivos. Recife, 2004. Dissertação (Mestrado em
Botânica), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
RODAL, M. J. N.; ANDRADE, K. V. S. A.; SALES, M .F.; GOMES, A. P. S. Fitosso-
ciologia do componente lenhoso de um refúgio vegetacional no município de
Buíque, Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, v. 58, p. 517-526, 1998.
RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S.; FIGUEIREDO, M. A. Manual sobre méto-
dos de estudo florístico e fitossociológico - ecossistema Caatinga. Brasília:
Sociedade Botânica do Brasil, 1992.
RODAL, M. J. N. Fitoecologia de uma área do médio vale do Moxotó, Per-
nambuco. Recife, 1984. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade
Federal Rural de Pernambuco.
RODAL, M. J. N. Fitossociologia da vegetação arbustivo-arbóreo em quatro
áreas da Caatinga em Pernambuco. Campinas, 1992. Tese (Doutorado em Bio-
logia Vegetal), Universidade Estadual de Campinas.
RODAL, M. J. N.; NASCIMENTO, L. M. Levantamento florístico da floresta
serrana da Reserva Biológica de Serra Negra, microrregião de Itaparica, Per-
nambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 4, p. 481-500, 2002.
RODAL, M. J. N.; NASCIMENTO, L. M.; MELO, A . L. Composição florística de
um trecho de vegetação arbustiva caducifólia, no município de Ibimirim, PE,
Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 13, n. 1, p. 15-28, 1999.
RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B. A vegetação do bioma Caatinga. In:
SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C. F.
L. (eds.). Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nor-
deste/ Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002. p. 11-24.
SAMPAIO, E. V. S. B. Overview of the Brazilian Caatinga. In: BULLOCK, S.H.;
MOONEY, H.A.; MEDINA, E. (eds.). Seasonally dry tropical forest. Cambridge:
Cambridge University Press, 1995, p. 35-63.
SAMPAIO, E. V. S. B.; ANDRADE-LIMA, D.; GOMES, M. A. F. 1981. O gradiente
vegetacional das Caatingas e áreas anexas. Revista Brasileira de Botânica, v.
4, n. 1, p. 27-30.
SANTOS A. M.; TABARELLI, M. Distance from roads and cities as a predictor
of habitat loss and fragmentation in the Caatinga vegetation of Brazil. Brazi-
lian Journal of Biology, v. 62, n. 4b, p. 897-905, 2002.
SANTOS, M. F. A. V. Características de solo e vegetação em sete áreas de
Parnamirim, Pernambuco. Recife, 1987. Dissertação (Mestrado em Botânica),

89
Universidade Federal Rural de Pernambuco.
SILVA, F. H. M. Caracterização vegetacional e florística de uma área de dunas
fixas da estação ecológica do Pecém, litoral cearense. Fortaleza, 2000. Mo-
nografia (Graduação – Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade
Federal do Ceará.
SILVA, K. A. Estudo florístico do componente herbáceo ocorrente em ambien-
te rochoso e ciliar em uma área de Caatinga, Caruaru-PE. Recife, 2003. Mono-
grafia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Federal Rural de
Pernambuco.
SILVA, R. A.; SANTOS, A. M. M.; TABARELLI, M. Riqueza e diversidade de
plantas lenhosas em cinco unidades de paisagem da Caatinga. In: LEAL, I.R.;
TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga.
Recife: Ed. Universitária da UFRPE, 2003, p. 337-365.
SOUZA, G. V. Estrutura e vegetação da Caatinga hipoxerófila do estado de
Sergipe. Recife, 1983. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade Fe-
deral Rural de Pernambuco.
TAVARES, S.; PAIVA F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; LIMA, J. L. S. Inventário flores-
tal do Ceará - estudo preliminar das matas remanescentes do município de
Tauá. Boletim de Recursos Naturais – SUDENE, v. 12, n. 2, p. 5-19, 1974a.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H. Inventário
florestal na Paraíba e Rio Grande do Norte - estudo preliminar das matas re-
manescentes do Vale do Piranhas. Boletim de Recursos Naturais - SUDENE,
v. 13, n. 2, p. 5-31, 1975.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; LIMA, J. L. S. Inventario flores-
tal do Ceará. III - Estudo preliminar das matas remanescentes do município
de Barbalha. Boletim de Recursos Naturais - SUDENE, v. 12, n. 2, p. 20-46,
1974b.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H.; LIMA, J .L.
S. Inventário Florestal Pernambuco - estudo preliminar das matas remanes-
centes do município de São José de Belmonte. Boletim de Recursos Naturais
- SUDENE, v. 7, n. 1-4, p. 113-139, 1969a.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A .F.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H.; LIMA, J. L. S.
Inventário Florestal Pernambuco - estudo preliminar das matas remanescen-
tes dos municípios de Ouricurí, Bodocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina.
Boletim de Recursos Naturais - SUDENE, v. 8, n. 1/2, p. 14, 1970.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; LIMA, J. L. S. Inventário flo-
restal do Ceará - estudo preliminar das matas remanescentes do município
de Quixadá. Boletim de Recursos Naturais - SUDENE, v. 7, n. 1-4, p. 93-111,
1969b.
VASCONCELOS, S. F. Flora de um hectare da vegetação caducifólia espinho-
sa (Caatinga), densidade e aspectos fenológicos do estrato herbáceo, RPPN
Serra das Almas, Município de Crateús, CE. Fortaleza, 2003. Monografia (Ba-
charelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Ceará.
VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegeta-
ção brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE. 1991.
Vegetação e flora

90
3.1
Vegetação e flora
fanerogâmica da área
Reserva Serra das Almas,
Ceará

Francisca Soares de Araújo

Rafael Carvalho da Costa

Maria Angélica Figueiredo

Edson Paula Nunes


Resumo

Na área Reserva Serra das Almas, foram coletados 212 taxa específicos
(espécies/morfoespécies) de plantas, sendo 31,6% arbóreos, 25,9% arbustos,
32,9% ervas/subarbustos, 7,0% trepadeiras e 3,7% indeterminadas, distribu-
ídos em 50 famílias. Dos 212 taxa coletados, 152 (72%) foram determinados
até o nível de espécie, 44 até o nível de gênero, 13 apenas no nível de família
e 3 indeterminadas. Dos 152 taxa determinados até espécie, 83,6% (128 spp.)
são exclusivos da América do Sul e 37,2% (57 spp.), exclusivos do Brasil. Das
espécies com distribuição apenas no território brasileiro, 25 são exclusivas
da região Nordeste e, destas, 9 são endêmicas do bioma Caatinga. Dos 212
taxa registrados neste estudo, quatro estão nas listas do IBAMA e/ou IUCN
de espécies ameaçadas, são elas: Myracrodruon urundeuva Allem., Mimosa
caesalpinifolia Benth., Campomanesia aromatica Griseb. e Mimosa verru-
cosa Benth. Com este levantamento, foram acrescidos 28 novos registros
para a área Reserva Serra das Almas, que, adicionados aos levantamentos
anteriores, somam 419 espécies.

1. Introdução

O estado do Ceará está totalmente inserido no bioma Caatinga (NI-


MER, 1989) e apresenta grande variação da topogragfia e heterogenei-
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

dade edáfica decorrentes da constituição geológica. As paisagens e as


condições ecológicas mais típicas do bioma Caatinga são encontradas
nas depressões intermontanas do complexo cristalino constituídas pre-
dominantemente por relevos suavemente ondulados e de baixa altitude
(100 a 500 m a.n.m.). Essas depressões limitam-se, pelo norte, com a
faixa costeira onde ocorrem diversas formas litorâneas, destacando-se as
falésias e campos de dunas quaternárias (SOUZA, 1988) de várias gera-
ções, sendo a mais antiga composta por paleodunas fixadas à formação
Barreiras (JIMENEZ, 1999). Pelo oeste, em toda a sua extensão, na divisa
com o estado do Piauí, as depressões limitam-se com o planalto da Ibia-
paba (borda oriental da bacia do Meio Norte) e, pelo sul, na divisa com
Pernambuco, limitam-se com a chapada do Araripe (SOUZA, 1988). No
interior das depressões, elevam-se serras com altitudes de 700 a 1000 m
a.n.m. que, quando situadas mais próximas do litoral (por ex., Baturité,
Maranguape, Aratanha e Uruburetama), são favorecidas pelas chuvas de
convecção forçada (SOUZA, 1988).
Segundo Figueiredo (1997), a vegetação decídua corresponde a cerca
de 80% da cobertura vegetal do Ceará, representada principalmente pela
caatinga stricto sensu que ocorre associada a outras formações também
decíduas, porém, ocupando menor extensão, como o carrasco (arbustivo) e
a mata seca (floresta), que ocorrem sobre as chapadas e serras.
Embora o Ceará esteja totalmente inserido no domínio do clima semi-
árido, variações altitudinais locais amenizam os efeitos da aridez para a
vegetação nas áreas situadas em serras e chapadas. A estrutura das comu-
nidades vegetais nos neotrópicos varia ao longo do gradiente de umidade

92
(MEDINA, 1995), e a riqueza da flora está correlacionada positivamente com
o aumento da precipitação (GENTRY, 1982). Considerando que a vegetação
expressa as variações climáticas, Raunkiaer (1934) afirmou que as formas
de vida são meios de determinar as diferentes características biológicas
das plantas encontradas sob diferentes climas. Em regiões quentes com
secas sazonais, predominam as formas de vida que conferem boa proteção
às gemas de brotamento (hemicriptófitos, geófitos, caméfitos) ou os terófi-
tos, plantas que atravessam a estação desfavorável sob forma de semente
(RAUNKIAER, 1934).
Portanto, na cobertura vegetal decídua do Ceará, a forma de vida fa-
nerofítica deve apresentar maior riqueza nas fitofisonomias situadas em
serras e chapadas, enquanto a riqueza de terófitos deve ser maior nas de-
pressões intermontanas.
Para testar essa hipótese, foi selecionada a área Serra das Almas (CA
391 (6), MMA, 2004), localizada no centro-oeste do estado, abrangendo ter-
renos da depressão intermontana do complexo cristalino e da borda orien-
tal da bacia do Meio Norte, o planalto da Ibiapaba.
Três grandes unidades fisionômicas são dominantes na área: 1) a ca-
atinga stricto sensu ou savana estépica (VELOSO et al., 1991), na depressão
sertaneja setentrional; 2) a floresta estacional decídua submontana (mata
seca) na escarpa leste da Ibiapaba e 3) a arbustaria densa montana (carras-
co) nos topos planos da Ibiapaba.
Pesquisas sobre a composição biótica da flora e da fauna de verte-
brados naquela área tiveram início em 2000 por ocasião da Avaliação Eco-
lógica Rápida, realizada na área da RPPN Reserva Natural Serra das Almas
que abrange uma área de 5.646 ha. Neste subprojeto PROBIO, além de se
dar continuidade ao levantamento da flora dentro da Reserva, foram feitas
coletas em outros pontos fora da RPPN, tendo como principal objetivo co-
nhecer a heterogeneidade da cobertura vegetal e da flora.

2. Material e métodos

A. Localização e caracterização abiótica da área Reserva Serra das Almas

A área de estudo, situada na divisa do Ceará com o Piauí (ver ca-


pítulo 2), abrange terras de parte dos municípios de Crateús/CE e Buriti
dos Montes/PI, situados em duas unidades geomorfológicas: a depressão
interplanáltica do complexo cristalino, com altitudes em torno de 300 a
350 m a.n.m., e a vertente leste (350-650 m a.n.m.), o topo (700 m a.n.m.)
e parte do reverso da borda oriental da bacia sedimentar do Meio Norte,
denominada planalto da Ibiapaba (SOUZA, 1997). A precipitação pluvio-
métrica média anual na área da depressão interplanáltica registrada no
posto Ibiapaba foi 708 mm, enquanto na encosta do planalto da Ibiapa-
ba, posto Cabeça da Onça, foi 1.054 mm (SUDENE, 1981). Na depressão
interplanáltica, as classes de solos dominantes são: planossolo solódico
(PL), solonetz solodizado (S-planossolos nátricos), solos litólicos (Re-neos
solos litólicos), podzólicos (P) e latossolos (L), enquanto no planalto da
Ibiapaba ocorre o latossolo vermelho distrófico (Vd) e areias quartzosas
(AQ-neossolos quartzarênicos) (BRASIL, 1972).

93
B. Localização geográfica das unidades de amostragem

Os sítios de coleta de dados florísticos e fitossociológicos localizam-se


dentro e no entorno dos limites da RPPN Reserva Natural Serra das Almas,
situados numa área compreendida entre as coordenadas 5°15’ e 5°00’ sul e
40°15’ e 41°00’ oeste. A seleção dos sítios para coleta foi determinada com
base na análise de imagens de satélite TM-Landsat e contemplou três fito-
fisionomias distintas (Figura 1): a) Carrasco (formação estacional arbustiva
densa decídua montana); b) Mata seca (formação florestal estacional decí-
dua submontana) e c) Caatinga sentido restrito (formação não florestal esta-
cional arbórea/arbustiva decídua espinhosa).

a) Carrasco na localidade Croatá. (Foto: F.S. Araújo) b) Mata seca na localidade Melancias.
(Foto: R.C. Costa)
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

c) Caatinga na localidade Grajaú. (Foto: R.C. Costa)

Figura 1 Fitofisionomias amostradas na área Reserva Serra das Almas, estado do Ceará

Para análise da variação da composição, riqueza florística e caracteri-


zação do fitoclima das três fitofisionomias dominantes na área, foi realizado
levantamento da flora através da coleta de material botânico reprodutivo em
oito sítios distintos: três sobre a depressão interplanáltica do complexo cris-
talino e cinco sobre o planalto da Ibiapaba. O número de sítios coletados
em cada unidade geormorfológica foi selecionado em função da facilidade
de acesso (existência de trilhas e estradas). A caracterização morfológica e
estrutural da cobertura vegetal e a análise da diversidade foram realizadas

94
Tabela 1 – Localização dos sítios onde foram realizados os levantamentos florísticos e fitossociológicos na área Reserva Serra
das Almas, CE. * Sítios onde também foram realizados os levantamentos fitossociológicos.
Local Fitofisionomia Coordenadas (UTM), Geormorfologia Altitude Solos
fuso 24 (m)
Grajáu* Caatinga 0292508, 9434123 Depressão 368 PL,S,Re,P,L
interplanáltica
Estreito Caatinga 0278204, 9442288 Depressão 272 PL,S,Re,P,L
(vegetação ciliar) interplanáltica
Besouro Caatinga 0290000, 9439285 Depressão 280 PL,S,Re,P,L
(vegetação ciliar) interplanáltica
Boa nova Carrasco 0283991, 9424399 Planalto da Ibiapaba 620 LVd, AQ
Croatá* Carrasco 0286125, 9430763 Planalto da Ibiapaba 702 LVd, AQ
Melancias* Mata seca 0287909, 9431284 Planalto da Ibiapaba 632 LVd, AQ
Tucuns Mata seca 0288279, 9419929 Planalto da Ibiapaba 600 LVd, AQ
Sítio Mata seca 0289021, 9417400 Planalto da Ibiapaba 703 LVd, AQ

em três (Grajáu, Croatá e Melancias) dos oito sítios listados na Tabela 1, cada
um correspondendo a fragmentos mais conservados de cada fitofisionomia
(caatinga, mata seca e carrasco).

C. Coleta e análise dos dados

1. Flora
Foram realizadas expedições, predominantemente no período chuvoso
de 2003, para coleta de material botânico e classificação in loco das espécies
por formas de crescimento e formas de vida. Através de caminhadas ao longo
de trilhas, foram coletados ramos de arbustos e árvores da flora angiospér-
mica, preferencialmente com material reprodutivo (botões florais, flores e/ou
frutos). No caso das plantas de forma herbácea, foi coletada a planta comple-
ta. Para cada espécime coletado, foi preenchida uma ficha de campo com o
número da coleta neste subprojeto, nome dos coletores e número do coletor
principal, nome popular da espécie, forma de crescimento, forma de vida,
cor da flor e fruto, latitude e longitude. Foram coletadas, no mínimo, quatro
duplicatas de cada indivíduo não herbáceo/sublenhoso, sendo a quarta para
envio, quando necessário, a especialistas do grupo. Todo o material coletado
foi preparado de acordo com as técnicas usuais de coleta e incorporado ao
acervo do herbário EAC da Universidade Federal do Ceará (UFC). A identifi-
cação seguiu as etapas usuais, com utilização de chaves para gêneros e famí-
lias, comparações com material já existente e determinado por especialistas
no acervo do herbário EAC e, quando necessário, envio para especialistas.
Os dados florísticos foram organizados numa lista geral e por fitofisiono-
mia. Foram calculados a riqueza geral para a área e por famílias e o número
de espécies exclusivas de cada fitofisionomia e caracterizadas as formas de
crescimento e as formas de vida das espécies de cada fitofisionomia.
Visando definir quais formas de vida caracterizam a flora de cada fitofi-
sionomia, a classificação das espécies por formas de vida foi feita com base
nos critérios descritos por Raunkiaer (1934). Para caracterização fitoclimática
de cada fitofisionomia, as proporções de cada forma de vida em cada fito-
fisionomia (espectro biológico) foram comparadas ao espectro normal de
Raunkiaer (1934). As diferenças entre as proporções de formas de vida en-
contradas por fitofisionomia e o espectro normal (proporções esperadas) fo-
ram analisadas pelo teste qui-quadrado (MANN, 1998). Formas de vida com

95
valores siginificativamente maiores foram consideradas próprias da fitofi-
sionomia, ou seja, representam o fitoclima.
Para analisar a distribuição geográfica das espécies e a ocorrência de
endemismos, foram consultadas as bases de dados de 2004 do Missouri Bo-
tanical Garden (http://mobot.mobot.org), do Centro Nordestino de Informa-
ções sobre Plantas (http://www.cnip.org.br), da Base de Dados Tropical (http://
www.bdt.fat.org.br), e a lista de endêmicas apresentada por Giulietti et al.
(2002). Para análise do status das espécies, foram consultadas a lista verme-
lha de espécies ameaçadas 2003, da União Internacional para Conservação
da Natureza-IUCN (http://www.iucnredlist.org), e a lista de espécies da flora
brasileira ameaçada de extinção, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (http://www.ibama.gov.br). Novos regis-
tros para a área foram determinados com base na consulta a dados florís-
ticos disponíveis em estudos anteriores realizados na área (ARAÚJO et al.,
2000; LIMA, 2003; GIRÃO, 2003; VASCONCELOS, 2003).

2. Fitossociologia
Em cada uma das três fitofisionomias, como mencionado anteriormen-
te, foi realizado o levantamento fitossociológico por forma de crescimento
(adaptadas de WHITTAKER, 1975), como definido a seguir:
Árvores/arbustos – plantas lenhosas com no mínimo 9 cm de períme-
tro do caule no nível do solo e 1m de altura.
Subarbustos – indivíduos com caule principal lenhoso e com ramifica-
ções secundárias herbáceas, em geral, com altura inferior a 1 m.
Ervas – Indivíduos com caules totalmente herbáceos.

Os arbustos/árvores e os subarbustos foram amostrados pelo método


Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

de ponto-quadrante (MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). Em cada fito-


fisionomia, foram alocadas duas transeções de 100 m, paralelas e eqüidistan-
tes 20 m. Em cada transação, foram distribuídos 10 pontos com espaçamento
de 10 m entre eles. Em cada ponto, foram amostrados quatro indivíduos de
cada forma de crescimento, ou seja, um por quadrante que apresentasse a
menor distância do vértice. Foram tomadas, em cada indivíduo amostrado,
as seguintes medidas: distância vértice-planta, perímetro do caule no nível
do solo e altura total da planta. A partir das medidas tomadas em campo, fo-
ram calculados os parâmetros gerais da comunidade: densidade e dominân-
cia. Para a forma de crescimento arbustivo/arbóreo, foi feita a distribuição
dos indivíduos em classes de diâmetro (3 cm) e altura (1 m), em intervalos
de classe abertos à direita. A diversidade foi calculada com base no índice
de Shannon e Wiener (MAGURRAN, 1988). Para as populações, foram cal-
culados os parâmetros relativos: densidade (DRt, %), dominância (DoRt, %)
e freqüência (FRt, %) e o valor de importância (VIt) de cada espécie. Nesses
cálculos, foi utilizado o pacote FITOPAC 1.0 (SHEPHERD, 1995).
Para amostrar o estrato herbáceo, foram alocadas 20 parcelas de 1 m²
centradas em cada ponto-quadrante utilizado na amostragem das formas
de crescimento arbustos/árvores e subarbustos. Cada parcela foi dividida
em 100 subparcelas de 10x10 cm e registrada a ocorrência de espécies por
subparcela. A partir desses dados, foram calculadas as freqüências absolu-
ta e relativa de cada espécie e a diversidade de Shannon e Wiener (MAGUR-
RAN, 1988). Com base na freqüência de ocorrência, foram feitas inferências
sobre a contribuição em biomassa (grau de cobertura) dos componentes do
estrato herbáceo de cada fitofisionomia.

96
3. Resultados

A. Composição florística

A riqueza geral da área Reserva Serra das Almas amostrada nas ex-
cursões de campo foi de 212 espécies/morfoespécies, distribuídas em 50
famílias (Apêndice I). Destas, 152 (72%) foram determinadas até o nível de
espécie, 44 até o nível de gênero e 13 somente no nível de família e 3 indeter-
minadas. As famílias mais ricas foram: Fabaceae (21 spp.), Caesalpiniaceae
(17 spp.), Euphorbiaceae (17 spp.), Myrtaceae (16 spp.), Asteraceae (16 spp.)
e Mimosaceae (10 spp.). A forma de crescimento dominante foi a de árvores
(68 spp.), seguida por arbustos (59 spp.), ervas (47 spp.), subarbustos (23
spp.), trepadeiras lenhosas (8 spp.) e trepadeiras herbáceas (7 spp.). Cinco
espécies não foram caracterizadas quanto à forma de crescimento.
A riqueza de famílias e espécies foi maior na mata seca (37 e 126, res-
pectivamente), seguida pela caatinga (33 e 69), e menor no carrasco (27 e
59) (Tabela 2). Caesalpiniaceae e Euphorbiaceae foram as famílias de maior
riqueza em todas as três fitofisionomias. Quanto às formas de crescimento
(Tabela 3), no carrasco e na mata seca predominaram as espécies lenhosas:
arbustos no carrasco (40,4%) e árvores na mata seca (37,6%). Na caatinga, a
maior riqueza de espécies (46,3%) foi representada por herbáceas.

Tabela 2. Número de espécies coletadas por forma de crescimento nas três fitofisionomias
estudadas na área Serra das Almas, CE.
Total de
Forma de Crescimento Caatinga Carrasco Mata Seca
espécies
Árvore 68 17 17 49
Arbusto 59 11 26 35
Erva 47 35 8 11
Subarbusto 23 4 5 14
Trepadeira lenhosa 8 2 4 0
Trepadeira herbácea 7 2 2 5
Total geral de espécies 212 68 57 114

Embora esses dados representem esforços de coleta diferenciados por


fitofisionomia, verifica-se que cada uma apresenta um conjunto florístico
próprio. Na lista geral, 78,3% do total de espécies coletadas (166 espécies/
morfoespécies) só ocorreram em uma única fitofisionomia (caatinga ou car-
rasco ou mata seca) e apenas 1,5% (quatro espécies) foram encontradas nas
três fitofisionomias. A caatinga possui poucas espécies em comum com as
fitofisionomias de carrasco ou mata seca (13 spp., o que corresponde a ape-
nas 6,1% do total). A maior sobreposição de espécies ocorreu entre a mata
seca e o carrasco, 14,6% (31 spp.) do total.

B. Espectro biológico

Além do já observado nas análises de formas de crescimento e com-


posição florística, as proporções de formas de vida diferiram em cada fito-
fisionomia (Figura 2, Tabela 3). Nas três, o espectro biológico foi significati-
vamente diferente do espectro normal de Raunkiaer (p<0,05, gl=7): caatinga

97
(x²=81), carrasco (x² =57,31) e mata seca (x² =40). As formas de vida que mais
se desviaram do espectro normal e, portanto, caracterizaram o fitoclima das
fitofisionomias estudadas foram: terófitos e hemicriptófitos na caatinga, fa-
nerófitos na mata seca e hemicriptófitos no carrasco.

Espectro biológico das três fitofisionomias estudadas na área Serra das Almas, Ceará, e espectro
Figura 2 normal de Raunkiaer (1934).

Tabela 3. Comparação das proporções de formas de vida das espécies coletadas em cada fitofisionomia estudada com o espectro
biológico normal de Raunkiaer através do teste qui-quadrado (p<0,05, gl=7). Th = terófito, HH= Helo + Hidrófitos, G= geófito, H=
hemicriptófito, Ch= caméfito, Ph= fanerófito, E= Epífitos e S= Suculentas, área Serra das Almas, Ceará.
Caatinga Carrasco Mata Seca
Forma de vida Normal (%) N° de esp. % X 2
N° de esp. % X 2
N° de esp. % X2
Th 13 25 36,2 56,1 5 8,7 1,1 15 12,0 0,0
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Ph 43 27 39,1 0,5 46 80,7 28,1 83 67,4 16,0


Ch 9 9 13,0 2,6 2 3,5 0,01 15 12,0 0,1
H 27 5 7,2 13,8 2 3,5 20,1 5 4,0 19,0
HH 1 0 0,0 1,0 0 0,0 1,0 0 0,0 1,0
G 3 2 0,0 3,0 0 0,0 3,0 3 2,4 0,1
E 3 0 0,0 3,0 0 0,0 3,0 0 0,0 3,0
S 1 0 0,0 1,0 0 0,0 1,0 1 0,8 0,0
Total 100 68 98,5 81,0 55 96,4 57,3 122 99,1 40,0
Indeterminadas 1 2 1

C. Distribuição geográfica/Endemismos

Dos 152 taxa determinados até espécie, 83,6% (128 spp.) são exclu-
sivos da América do Sul e 37,2% (57 spp.) exclusivos do Brasil. Restritas
ao Nordeste foram Bauhinia dubia, Caesalpinia bracteosa, Chloroleucon
acacioides, Copaifera martii, Cordia leucomalloides, Cordia rufescens, Cro-
ton argyrophylloides, Croton grewioides, Erythroxylum laetevirens, He-
licteres heptandra, Helicteres muscosa, Hymenaea eriogyne, Hymenaea
velutina, Licania rigida, Lindackeria ovata, Lippia gracilis, Mimosa acutis-
tipula, Mimosa caesalpinifolia, Piptadenia moniliformis, Senna campestris
e Sesbania marginata. As herbáceas foram Cuphea campestris, Diodia cf.
barbeyana, Pithecoseris pacourinoides e Wedelia villosa. Com base na lis-
ta de Giulietti et al. (2002), 14 espécies, todas arbustivas e arbóreas, são
consideradas endêmicas do bioma Caatinga. Porém, dessas, apenas nove
são de fato endêmicas: Cordia leucomalloides, Croton argyrophylloides,

98
Hymenaea eriogyne, Licania rigida, Lippia gracilis, Mimosa caesalpinifolia,
Senna gardneri, Auxemma oncocalyx e Zanthoxylum stelligerum. As espé-
cies Cratylia mollis, Pseudobombax marginatum, Rollinia leptopetala, Wis-
sadula contracta e Aspidosperma pyrifolium, apesar de constarem na lista
elaborada por Giulietti et al. (2002) como endêmicas da Caatinga, ocorrem
em outras áreas fora do nordeste semi-árido brasileiro, de acordo com as
bases de dados consultadas.
Na área Serra das Almas, adicionando a lista coletada neste projeto a
outras elaboradas a partir de 2000 (VASCONCELOS, 2003; LIMA, 2003; GI-
RÃO, 2003), soma-se um total de 419 espécies/morfoespécies. Vale ressaltar
que este estudo contribuiu com 28 novas ocorrências para a área. Quatro es-
pécies estão incluídas nas listagens de espécies vulneráveis ou ameaçadas:
Myracrodruon urundeuva consta na lista do IBAMA, na categoria vulnerá-
vel; Campomanesia aromatica e Mimosa caesalpinifolia constam na lista da
IUCN como vulneráveis; e Mimosa verrucosa aparece na lista da IUCN, como
iminentemente ameaçada.

D. Estrutura das fitofisionomias nas unidades de amostragem quantitativa

1. Estrato arbustivo/arbóreo
As fitofisionomias caatinga (Grajáu) e mata seca (Melancias) destacaram-
se do carrasco (Croatá) por apresentarem os maiores diâmetros e altura médios,
com 18,74 e 9,96 cm e 5,78 e 5,88 m respectivamente, contra 5,41 cm e 3,49 m
(Tabela 4). A maioria (85%) dos indivíduos no carrasco têm menos de 5 metros
de altura, enquanto na caatinga e mata seca, cerca de 60% dos indivíduos apre-
sentaram altura maior que 5 metros, com algumas árvores atingindo até 11 m
na caatinga e 14 m na mata seca (Figura 3). Quanto aos diâmetros, o carrasco
apresentou as plantas mais finas e a caatinga as mais grossas (Figura 4).

Tabela 4. Densidade total estimada (DT/ha), área basal total (G, m²), diâmetro médio (Diam.,
cm), altura média (Alt., m), número de espécies (N) e índice de diversidade de Shannon (H’) no
estrato arbustivo/arbóreo, nas três fitofisionomias estudadas da Serra das Almas, Ceará.
Fitofisionomia DT G Diam. Alt. N H’
Caatinga 1.307 3,39 18,7 5,78 12 1,81
Carrasco 4.435 0,22 5,41 3,49 14 2,05
Mata Seca 2.795 1,24 9,96 5,88 25 2,84

No estrato arbustivo/arbóreo da área do Grajáu (caatinga) três espécies


dominaram: Mimosa caesalpinifolia (sabiá), Auxemma oncocalyx (pau bran-
co) e Croton adenocalyx (marmeleiro preto), que, juntas, somaram 77,94 %
do VI total. O VI de cada uma delas foi respectivamente 98,79, 93,90 e 41,12
(Tabela 5). Na área do Croatá (carrasco), a distribuição do VI das espécies tam-
bém foi similar ao encontrado na caatinga, ou seja, concentrado em apenas
três espécies: Eugenia aff. dysenterica (jacaré), Bauhinia acuruana (mororó)
e Acacia langsdorfii (jequiri) com 95,50, 59,66 e 42,19 do VI total, respectiva-
mente (Tabela 6). Proporcionalmente, essas três espécies correspondem a
65,78% do VI total. Na área de Melancias (mata seca), a distribuição do VI en-
tre as espécies foi menos concentrada e a soma das três espécies de maior VI
correspondeu a 35,22% do total, sendo elas Pilocarpus spicatus (jaborandi),
Eugenia piauhiensis (goiabinha) e Hymenaea eriogyne (jatobá batinga), com
38,86, 38,76 e 28,05, respectivamente (Tabela 7).

99
Grajáu

Distribuição dos indivíduos arbustivos/arbóreos, em intervalo de classes de 1 m de altura, fechados à


Figura 3 esquerda, nas fitofisionomias carrasco (Croatá), caatinga (Grajáu) e mata seca (Melancias), na área
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Serra das Almas, Ceará.

Grajáu

Distribuição dos indivíduos arbustivos/arbóreos, em intervalo de classes de 1 m de altura, fechados à


Figura 4 esquerda, nas fitofisionomias carrasco (Croatá), caatinga (Grajáu) e mata seca (Melancias), na área
Serra das Almas, Ceará.

100
Tabela 5. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas da caatinga, na localidade
Grajáu, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Mimosa caesalpinifolia 31,25 40,09 27,45 98,79
Auxemma oncocalyx 26,25 48,04 19,61 93,90
Croton adenocalyx 17,50 5,98 17,65 41,12
Caesalpinia bracteosa 3,75 1,44 5,88 11,07
Combretum leprosum 3,75 1,09 5,88 10,73
Pseudobombax marginatum 3,75 0,53 5,88 10,16
Justicia sp. 3,75 0,79 3,92 8,46
Aspidosperma pyrifolium 2,50 0,37 3,92 6,79
Myracrodruon urundeuva 2,50 0,12 3,92 6,54
Piptadenia stipulacea 2,50 1,48 1,96 5,94
Bauhinia cheilantha 1,25 0,03 1,96 3,24
Anadenanthera colubrina 1,25 0,03 1,96 3,24

Tabela 6. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas do carrasco, na localidade
Croatá, área Serra das Almas, Ceará. * Trepadeira lenhosa
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Eugenia aff. dysenterica 30,00 39,27 26,23 95,50
Bauhinia acuruana 25,00 11,71 22,95 59,66
Acacia langsdorfii 11,25 21,11 9,84 42,19
Bignoniaceae A* 8,75 6,10 9,84 24,69
Hymenaea eriogyne 5,00 3,89 4,92 13,80
Eugenia sp.1 3,75 5,10 4,92 13,77
Byrsonima gardnerana 3,75 2,70 4,92 11,36
Mimosa acutistipula 3,75 1,57 4,92 10,24
Rollinia leptopetala 2,50 3,41 3,28 9,19
Piptadenia moniliformis 1,25 2,07 1,64 4,96
Swartzia flaemingii 1,25 1,30 1,64 4,19
Guapira graciliflora 1,25 0,71 1,64 3,60
Senna cearensis 1,25 0,71 1,64 3,60
Croton grewioides 1,25 0,36 1,64 3,25

2. Estrato subarbustivo
Na fitofisionomia caatinga, não foi observada a presença de subarbustos,
portanto, não foram amostrados. O carrasco apresentou densidade estimada
(10.093 ind/ha) maior que a mata seca (3.423 ind/ha), com proximadamente 1/3
da encontrada no carrasco (Tabela 8). Área basal total, diâmetro médio e altura
média dos subarbustos no carrasco (0,017 m² 1,22 cm e 0,73 m) também foram
maiores que na mata seca (0,002 m², 0,48 cm e 0,53 m) (Tabela 8). A estrutura
de abundância das espécies subarbustivas foi semelhante à encontrada nas
espécies arbustivas e arbóreas, ou seja, o VI concentra-se em poucas espécies,
sendo que na mata seca foi encontrada maior equabilidade que no carrasco.
As espécies/morfoespécies de maior VI no carrasco foram Justicia strobilacea
(225,79), Alternanthera brasiliana (31,73) e Indet. 3 (17,68), que somaram 91,73
% do VI total (Tabela 9). Na mata seca, as espécies de maior VI foram Pavonia
sp. (127,13), Evolvulus macroblepharis (91,05) e Lantana sp.3 (26,44), corres-
pondendo a 81,54 % do VI total (Tabela 10).

101
Tabela 7. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas da mata seca, na localidade
Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DR(%) FR(%) VI
Pilocarpus spicatus 20,00 4,37 14,49 38,86
Eugenia piauhiensis 5,00 27,96 5,80 38,76
Hymenaea eriogyne 3,75 19,95 4,35 28,05
Piptadenia moniliformis 7,50 6,16 8,70 22,36
Maprounea sp. 8,75 2,20 10,14 21,10
Croton argyrophylloides 7,50 3,20 7,25 17,95
Xylosma ciliatifolium 7,50 1,13 7,25 15,88
Copaifera martii 6,25 4,61 4,35 15,20
Thiloa glaucocarpa 3,75 6,62 4,35 14,72
Buchenavia capitata 1,25 6,94 1,45 9,64
Eugenia sp.1 3,75 1,15 4,35 9,25
Bauhinia pulchella 3,75 1,02 4,35 9,12
Erythroxylum amplifolium 3,75 1,50 2,90 8,15
Swartzia flaemingii 2,50 2,40 2,90 7,80
Aspidosperma subincanum 1,25 3,24 1,45 5,94
Lindackeria ovata 1,25 3,15 1,45 5,84
Ephedranthus pisocarpus 2,50 0,23 2,90 5,62
Inga sp. 1,25 1,24 1,45 3,94
Brosimum gaudichaudii 1,25 0,93 1,45 3,63
Tocoyena formosa 1,25 0,62 1,45 3,32
Dalbegia sp. 1,25 0,58 1,45 3,28
Erythroxylum barbatum 1,25 0,37 1,45 3,07
Helicteres muscosa 1,25 0,32 1,45 3,02
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Cnidoscolus vitifolius 1,25 0,06 1,45 2,76


Aspidosperma discolor 1,25 0,05 1,45 2,75

Tabela 8. Densidade total estimada (DT/ha), área basal total (G, m2) unidade, diâmetro
médio (Diam., cm.), altura média (Alt., m.), número de espécies (N) e índice de diversidade
de Shannon (H’) das espécies subarbustivas do carrasco e mata seca, nas localidades
Croatá e Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Fitofisionomia DT G Diam. Alt. N H’
Carrasco 10.093 0,017 1,22 0,73 7 0,890
Mata seca 3.423 0,002 0,48 0,53 8 1,403

Tabela 9. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies subarbustivas do carrasco, na localidade Croatá,
área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Justicia strobilacea 76,25 93,99 55,56 225,8
Alternanthera brasiliana 11,25 3,81 16,67 31,73
Indet. 3 5,00 1,57 11,11 17,68
Diodia cf. barbeyana 3,75 0,28 8,33 12,37
Turneraceae 1,25 0,19 2,78 4,22
Wissadula contacta 1,25 0,11 2,78 4,13
Galactia sp. 1,25 0,05 2,78 4,08

102
Tabela 10. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR)
e valor de importância (VI) das espécies subarbustivas da mata seca na localidade
Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Pavonia sp. 48,75 41,2 37,21 127,13
Evolvulus macroblepharis 27,5 35,6 27,91 91,05
Lantana sp. 3 10,0 4,81 11,63 26,44
Cranocarpus gracilis 6,25 7,10 9,30 22,65
Justicia strobilacea 2,50 2,29 4,65 9,44
Desmodium sp. 3 2,50 0,92 4,65 8,07
Paullinia sp. 1,25 4,04 2,33 7,61
Justicia fragilis 1,25 4,04 2,33 7,61

Tabela 11. Freqüência absoluta e relativa de espécies (%) herbáceas da caatinga, na


localidade Grajáu, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie FA(%) FR(%)
Delilia biflora 18,0 22,0
Commelina sp.1 15,6 19,1
Indet. 3 6,4 7,8
Blainvillea lanceolata 4,5 5,5
Alternanthera brasiliana 3,0 4,8
Wissadula contracta 3,9 4,8
Poaceae B 3,7 4,6
Panicum cf. trichoides 2,7 3,3
Commelina sp. 2 2,6 3,2
Hyptis suaveolens 2,3 2,8
Chamaecrista calycioides 2,1 2,6
Blainvillea rhomboidea 2,0 2,4
Bidens bipinnata 1,9 2,4
Talinum sp. 1,7 2,1
Rhincospora sp. ‘2 1,7 2,1
Mentzelia fragilis 1,6 2,0
Indet. 1 1,2 1,5
Rubiaceae A 1,1 1,3
Euphorbia comosa 0,7 0,9
Senna obtusifolia 0,6 0,8
Phyllanthus caroliniensis 0,5 0,7
Taccarum peregrinum 0,4 0,5
Justicia strobilacea 0,4 0,5
Diclip tera ciliaris 0,3 0,4
Bernardia sidoides 0,3 0,4
Indet. 2 0,2 0,3
Desmodium sp. 1 0,2 0,3
Euphorbia comosa 0,2 0,2
Indet. 4 0,1 0,2
Panicum sp. 0,1 0,2
Corchorus sp. 0,1 0,1
Pavonia cancellata 0,1 0,1
Spathicarpa cf. hastifolia 0,1 0,1

103
3. Estrato herbáceo
As três espécies de maior freqüência absoluta (FA) na caatinga fo-
ram Delilia biflora (FA= 18,05), Commelina sp.1 (FA= 15,65) e Acanthaceae A
(FA=6,35), contribuindo com 48,9% da freqüência total (Tabela 11). Na mata
seca e carrasco, o estrato herbáceo foi representado predominantemen-
te por uma única espécie, Streptotachys cf. asperifolia, que corresponde a
94,8% e 92,2% da freqüência de ocorrência total (Tabelas 12 e 13).

E. Composição e diversidade das fitofisionomias nas unidades de amostra-


gem quantitativa

1. Estrato arbustivo/arbóreo
A mata seca apresentou maior riqueza de árvores e arbustos (25 espécies)
seguida, em ordem descrescente, pelo carrasco e pela caatinga (14 e 12 espécies,
respectivamente). Na diversidade de Shannon, observou-se tendência similar:
mata seca foi a fitofisionomia de maior diversidade, seguida pela caatinga e car-
rasco (H’ = 2.844 nats/ind, 2.052 nats/ind e 1.898 nats/ind, respectivamente).

2. Estrato subarbustivo
Na mata seca e no carrasco foram amostradas oito e sete espécies,
respectivamente. Embora na mata seca tenha sido amostrada apenas uma
espécie a mais, a diversidade de Shannon foi quase o dobro da do carras-
co: 1,439 nats/ind e 0,89 nats/ind, indicando que na mata seca ocorre maior
equabilidade de indivíduos entre espécies.

3. Estrato herbáceo
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Na caatinga (Tabela 11), foram amostradas 33 espécies/morfoespécies


de herbáceas, enquanto no carrasco e mata seca foram amostradas apenas
três e quatro espécies, respectivamente (Tabelas 12, 13). A diversidade de
Shannon na caatinga foi 2,68 nats/ind, enquanto na mata seca e no carrasco
foram apenas 0,25 nats/ind e 0,33 nats/ind.

Tabela 12. Freqüência absoluta e relativa das espécies (%) herbáceas do carrasco, na
localidade Croatá, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie FA(%) FR(%)
Streptostachys cf. asperifolia 10,65 92,2
Indet. 0,50 4,30
Panicum trichoides 0,40 3,50

Tabela 13. Freqüência absoluta e relativa das espécies (%) herbáceas da mata seca na
localidade Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie FA(%) FR(%)
Streptostachys cf. asperifolia 9,05 94,8
Setaria rariflora 0,35 3,70
Spathicarpa cf. hastifolia 0,10 1,00
Scaphispatha cf. gracilis 0,05 0,50

104
4. Discussão

A. Flora

Embora os possíveis padrões fisionômicos, corológicos, de riqueza e di-


versidade florística do bioma Caatinga e seus determinantes abióticos ainda
não estejam bem definidos, em geral, os vários trabalhos publicados (ANDRA-
DE-LIMA, 1981; GOMES, 1980; RODAL, 1992; SAMPAIO, 1995), principalmente
com ênfase no estrato arbustivo/arbóreo, têm ressaltado que a heterogenei-
dade ambiental (solos, regime pluviométrico, etc.) é responsável pelas gran-
des variações florísticas e fisionômicas da vegetação. Com base na riqueza de
arbustos e árvores encontrada em 29 levantamentos (Tabela 14), em geral, as
áreas de maior precipitação média anual associadas a altitudes mais elevadas
apresentaram maiores riquezas, fato também observado na área Serra das Al-
mas. Além disso, as áreas sedimentares têm sido apontadas como detentoras
de maior riqueza (ver SILVA et al., 2003), embora alguns estudos representem
exceções (ver RODAL et al., 1998; PEREIRA et al., 2002).
Isso demonstra que o fato de ser sedimentar por si só não acarreta ocor-
rência de maior riqueza, mas que também deve ser considerada a vertente de
barlavento e o nível de dissecação do relevo. A área de mata seca de Serra das
Almas está situada na vertente a barlavento, enquanto o carrasco, embora si-
tuado numa altitude um pouco maior, está localizado a sotavento e sobre solos
mais arenosos, resultando numa fitofisionomia de menor porte, com plantas
mais baixas e mais finas, e menor riqueza em relação à mata seca. Com rela-
ção à umidade, das três fitofisionomias estudadas, a mata seca, em função da
posição topográfica, possivelmente é a mais favorecida.
Estudos já realizados em áreas de depressão interplanáltica do comple-
xo cristalino indicam que a maior riqueza da caatinga em sentido restrito está
no componente herbáceo (SANTOS, 1987; MEDEIROS, 1995; COSTA, 2002),
numa proporção de 2:1 a 3:1 em relação às lenhosas. Comparativamente, es-
tudos realizados em terrenos sedimentares (RODAL et al., 1999; FIGUEIREDO
et al., 2000) e relevos montanhosos do complexo cristalino (ALCOFORADO-
FILHO et al., 2003) registraram baixa riqueza herbácea. Sobre a influência de
fatores abióticos na riqueza de herbáceas da caatinga em sentido restrito, San-
tos (1987) encontrou relações positivas entre maior riqueza e maior número de
associações de plantas em diferentes classes de solo.
Na área Serra das Almas, a riqueza florística de lenhosas foi maior com
o aumento da altitude, enquanto a riqueza de herbácea diminuiu. Substituição
de formas de vida ou de forma de crescimento ao longo de gradientes ou
mudanças na riqueza e abundância de lenhosas têm sido relatadas em estu-
dos realizados em regiões semi-áridas (PAVÓN et al., 2000), savanas tropicais
(WILLIAMS et al., 1996) e florestas e campos temperados (KOVÁCS-LANG et
al., 2000). Em geral, ocorre aumento na riqueza de formas de crescimento her-
báceo e diminuição das lenhosas com o aumento da aridez (menor precipi-
tação e maior temperatura), fato observado também neste estudo. Além da
disponibilidade hídrica, deve-se considerar o fator solo, por tratar-se de duas
unidades geológicas distintas: depressão interplanáltica do complexo cristali-
no e a bacia sedimentar do Meio Norte.
No conjunto (flora lenhosa e herbácea), as áreas situadas sobre o pla-
nalto da Ibiapaba (carrasco e mata seca) apresentaram maior riqueza do que

105
Tabela 14. Autores com os respectivos locais e estados (UF), critério de inclusão (diâmetro em centímetro no nível do solo=DNS),
esforço amostral (EA), número de espécies (N), altitude (m) e precipitação total média anual (mm) e temperatura média anual (°C),
em 29 levantamentos fitossociológicos realizados no bioma Caatinga (- = sem informação).
Altitude Prec. Temp.
Autores Local/Município UF DNS EA N
(m) (mm) (°C)
Alcoforado-Filho et al.
Caruaru PE 3 0,72 ha 23 530 694 19-23
(2003)
Araújo et al. (1999) Jaburuna, Ubajara CE 3 1 ha 48 830 1289 22-24
Araújo et al. (1995) Floresta PE PNS-5 0,1 ha 23 - 585 23-29
Araújo et al. (1995) Floresta PE PNS-5 0,1 ha 21 - 585 23-29
Araújo et al. (1995) Custódia PE PNS-5 0,1 ha 20 - 574 21-26
Araújo et al. (1998) Estrondo, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 40 750-760 838 23,5
Araújo et al. (1998) Carrasco, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 37 750-760 838 23,5
Araújo et al. (1998) Baixa Fria, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 40 750-760 838 23,5
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,09 ha 13 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,09 ha 10 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,08 ha 9 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,05 ha 8 100-200 497 26
Norte
100
Correia (1996) Pesqueira PE 3 36 1082 681 22
pontos
100
Figueirêdo et al. (2000) Buíque PE 3 35 600 600 25
pontos
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Curituba, Canindé do São


Fonseca (1991) SE 3 0,15 ha 20 280 529 25,2
Francisco
Fazenda Califórnia,
Fonseca (1991) SE 3 0,15 ha 28 280 529 25,2
Canindé do São Francisco
Fazenda Barra, Poço
Fonseca (1991) SE 3 0,15 ha 25 230 542,4 25,6
Redondo
Estrada Brejo -Canindé do
Fonseca (1991) SE 3 0,15 ha 25 230m 529 25,2
São Francisco
Fazenda Barra da Onça,
Fonseca (1991) SE 3 0,15 ha 24 240m 542,4 25,6
Poço Redondo
100
Gomes (1999) Buíque PE 3 41 800 m 1095 -
pontos
Lemos e Rodal (2002) Serra da Capivara PI 3 1 ha 31 600 689 28
Medeiros (1995) Capistrano CE 3 0,5 ha 31 120 848 -
Moura e Sampaio 1020-
Jataúba PE 3 0,3 ha 70 764 -
(2001) 1120
Pereira et al. (2002) Areia/Remígio PB 3 0,6 ha 39 596 700 -
Boa Vista (direita),
Rodal (1992) PE 3 0,05 ha 25 542 650,9 23,9
Custódia
Rodal (1992) Poço do Ferro, Floresta PE 3 0,05 ha 24 317 631,8 26,8
Rodal (1992) Fasa, Floresta PE 3 0,05 ha 22 317 631,8 26,8
Boa Vista (esquerda),
Rodal (1992) PE 3 0,05 ha 20 542 650,9 23,9
Custódia
100
Rodal et al. (1998) Buíque PE 3 23 800 1.095,9 25
pontos

106
a situada na depressão interplanáltica. A maior disponibilidade hídrica (maior
precipitação e menor temperatura decorrentes da elevação) provavelmente
contribui para a maior riqueza florística observada. Entre carrasco e mata
seca, a última apresentou riqueza maior. Nesse caso, a umidade também
parece ser fator importante: a mata seca está situada na encosta e o carras-
co está situado nos topos planos, onde provavelmente o ar é mais seco e
a velocidade do vento maior. Além disso, a variável solo também parece ter
influência, pois os solos do carrasco são mais arenosos (ver ARAÚJO; MAR-
TINS, 1999; ARAÚJO et al., 1999). Apesar da maior riqueza geral encontrada
na vegetação do planalto da Ibiapaba, é importante salientar a contribuição
do componente não lenhoso / sublenhoso (ervas, subarbustos e trepadeiras
herbáceas) na riqueza geral em cada fitofisionomia. Na caatinga (depressão
sertaneja), plantas não lenhosas foram responsáveis pela maior parte da ri-
queza florística, tendo contribuído com 56% do total de espécies presentes.
Contrariamente, no carrasco e mata seca, essas percentagens foram, respec-
tivamente, 26% e 32%. Portanto, as lenhosas foram responsáveis por cerca
de 2/3 da riqueza. Essas diferenças são claras na análise do espectro biológi-
co entre as fitofisionomias. As plantas herbáceas/sublenhosas (ervas, subar-
bustos, trepadeiras) correspondem a formas de vida que apresentam maior
proteção de suas gemas de crescimento durante períodos desfavoráveis (te-
rófitos, criptófitos, hemicriptófitos) (RAUNKIAER, 1934). O espectro biológico
da caatinga estudada foi caracterizado por terófitos, tidos como a forma de
vida característica de regiões áridas e semi-áridas (RAUNKIAER, 1934; van
ROOYEN et al., 1990; KOVÁCS-LANG et al., 2000). De fato, dentre as três fi-
tofisionomias estudadas, a caatinga ocorre numa área de maior temperatura
e menor precipitação, resultando num ambiente com menor disponibilidade
hídrica, o que diminui as possibilidades para crescimento das plantas. Nas
fitofisionomias sobre o planalto da Ibiapaba (carrasco e mata seca), a maior
precipitação e a menor temperatura devem proporcionar menores restrições
hídricas, favorecendo a predominância de fanerófitos.
Além das diferenças numéricas na riqueza de espécies, diferenças mar-
cantes entre os conjuntos florísticos de cada fitofisionomia foram observadas
neste estudo. Os dois conjuntos principais (caatinga e carrasco + mata seca)
são coerentes com os tipos de solos que ocorrem na área, levando-se em con-
sideração o tipo de rocha de origem. Assim, carrasco e mata seca estão mais
próximos florísticamente por possuírem um conjunto de espécies típicas de
solos de origem sedimentar, enquanto a caatinga se distinguiria do grupo
florístico carrasco+mata seca pela presença de espécies típicas de solos de
origem do complexo cristalino da depressão interplanáltica. As floras dos rele-
vos cristalino e sedimentar do Nordeste brasileiro distinguem-se também em
uma escala mais ampla, como observado em análises de matrizes de dados
geradas a partir de levantamentos pontuais, realizados em diversas áreas no
domínio da Caatinga (ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998; LEMOS; RODAL,
2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003) (ver capítulo 1).

B. Estrutura e diversidade

As diferenças observadas entre as fitofisionomias no que diz respei-


to aos aspectos florísticos também ficaram evidentes na análise dos dados
quantitativos coletados nas áreas Grajáu, Melancias e Croatá (caatinga, mata
seca e carrasco, respectivamente).

107
As formas de crescimento arbustivo/arbóreo das três áreas contribuí-
ram de maneira diferente para caracterizar cada fitofisionomia. Na caatinga,
tal componente apresentou menor densidade, no entanto, com alturas e diâ-
metros maiores. A maior contribuição específica foi de Auxemma oncocalyx,
espécie de maior dominância na área e segunda em VI. A riqueza e diversi-
dade foram baixas. Tais fatos podem ser atribuídos ao efeito microclimático:
dentre as três áreas, a caatinga ocorre sob menor precipitação e maior tem-
peratura, o que limita as oportunidades de crescimento e estabelecimento
de maior número de espécies de árvores e arbustos. Além disso, a baixa di-
versidade pode ser também atribuída à baixa equabilidade entre as espécies
arbustivas/arbóreas. Duas espécies (Auxemma oncocalyx e Mimosa caesal-
pinifolia) concentraram 64,2% do VI. A mata seca, embora tenha apresentado
as maiores alturas individuais, possui altura média dos arbustos/árvores pró-
xima à da caatinga e maior densidade e se diferenciou, principalmente, pela
maior riqueza e diversidade. Em tal área, as condições de solo, temperatura
e precipitação são mais favoráveis ao crescimento de arbustos e árvores. No
carrasco, a forma de crescimento arbustivo/arbóreo foi representada por in-
divíduos finos (menor diâmetro individual e médio), baixos (menor altura in-
dividual e média) e adensados (maior densidade). A riqueza total foi próxima
à da caatinga, no entanto, a diversidade foi maior, em conseqüência da maior
equabilidade. Diferenças entre a composição de árvores e arbustos de áreas
sedimentares e cristalinas no domínio da Caatinga também têm sido eviden-
ciadas em estudos que utilizaram análises multivariadas de agrupamento e
ordenação (ver ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998; LEMOS; RODAL, 2002;
ALCOFORADO-FILHO et al., 2003).
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

108
5. Conclusões

A maior riqueza e diversidade da caatinga em sentido restrito parecem


estar representadas no componente herbáceo/sublenhoso, o que se espera
encontrar em regiões áridas e semi-áridas. Essas espécies, em geral, apre-
sentaram distribuição ampla na América. Em fitofisionomias próximas, como
as analisadas neste estudo, não só a flora lenhosa, mas também as espécies
herbáceas/sublenhosas foram de ocorrência bem distinta.
A baixa sobrepopsição de espécies entre a flora da depressão inter-
planáltica do complexo cristalino (caatinga em sentido restrito) e a do pla-
nalto sedimentar da Ibiapaba (mata seca e carrasco) indica que formam
duas comunidades discretas. Mesmo considerando a alta sobreposição flo-
rística entre o carrasco e a mata seca, diferenças na estrutura da vegetação
e a ocorrência de taxa exclusivos de cada fisionomia individualizam duas
comunidades que possivelmente apresentam padrões e processos biológi-
cos distintos.

Agradecimentos

Às biólogas Sandra Freitas de Vasconcelos, Jacira Rabelo Lima e Lu-


ciana Coe Girão, pela ajuda nos trabalhos de campo e à bióloga Morgana
Arcanjo Bruno pela ajuda na organização dos gráficos e tabelas. Ao pro-
fessor Everardo Valadares de Sá Barreto Sampaio, pela leitura minuciosa
deste trabalho.

6. Referências bibliográficas

ALCOFORADO-FILHO, F.G.; SAMPAIO, E.V.S.B.; RODAL, M.J.N. Florística e fitos-


sociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em
Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, v. 17, n. 2, p. 287-303, 2003.
ANDRADE-LIMA, D. “The Caatingas dominium”. Revista Brasileira de Botâni-
ca, v. 4, p. 149-153, 1981.
ARAÚJO, E.L.; SAMPAIO, E.V.S.B.; RODAL, M.J.N. Composição florística e
estrutura em três áreas de Caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de
Biologia, v. 55, n. 4, p. 595-607, 1995.
ARAÚJO, F.S. Estudos fitogeográficos do carrasco no nordeste do Brasil.
Campinas, 1998. Tese (Doutorado em Bologia Vegetal), Programa de Pós-Gra-
duação em Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas.
ARAÚJO, F.S.; FIGUEIREDO, M.A.; LIMA VERDE, L.W. Avaliação ecológica
rápida da Reserva Natural Serra das Almas, município de Crateús, CE. For-
taleza, 2000. Laboratório de Fitogeografia-Universidade Federal do Ceará.
(Relatório impresso).
ARAÚJO, F.S.; MARTINS, F.R. Fisionomia e organização da vegetação do car-
rasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Acta Botanica Brasilica, v. 13,
n. 1, p. 1-14, 1999.
ARAÚJO, F.S.; MARTINS, F.R.; SHEPHERD, G.J. Variações estruturais e florís-

109
ticas do carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Revista Brasileira
de Biologia, v. 59, n. 4, p. 663-678,1999.
ARAÚJO, F.S.; SAMPAIO, E.V.S.B.; RODAL, M.J.N.; FIGUEIREDO, M.A. Orga-
nização comunitária do componente lenhoso de três áreas de carrasco em
Novo Oriente-CE. Revista Brasileira de Biologia, v. 58, n. 1, p. 85-95, 1998.
BRASIL. Mapa exploratório-reconhecimento de solos: estado do Ceará, esca-
la 1:600.000. SUDENE, 1972.
CAMACHO, R.G.V. Estudo fitofisiográfico da Caatinga do Seridó - Estação
Ecológica do Seridó, RN. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em Botânica), Pro-
grama de Pós-Graduação em Botânica, Universidade de São Paulo.
CORREIA, M.S. Estrutura da vegetação da mata serrana de um brejo de altitu-
de em Pesqueira – PE. Recife, 1996. Dissertação (Mestrado em Biologia Vege-
tal), Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal
de Pernambuco.
COSTA, R.C. Inventário florístico e espectro biológico em uma área de Caa-
tinga, Quixadá, Ceará. Fortaleza, 2002. Monografia (Bacharelado em Ciências
Biológicas), Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade Fe-
deral do Ceará.
FIGUEIRÊDO, L. S.; RODAL, M. J. N.; MELO, A. L. Florística e fitossociologia
de uma área de vegetação arbustiva caducifólia espinhosa no município de
Buíque - Pernambuco. Naturalia, v. 25, p. 205-224, 2000.
FIGUEIREDO, M.A. Unidades Fitoecológicas. In: IPLANCE-Fundação Instituto
de Planejamento do Ceará (eds.). Atlas do Ceará. Fortaleza: Edições IPLANCE,
1997, p. 65.
GENTRY, A. H. Patterns of Neotropical plant species diversity. Evolution Bio-
logy. v. 15, p. 1-84, 1982.
GIRÃO, L.C. Formas de vida e síndromes de dispersão da flora de uma forma-
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

ção arbustiva decidua montana (carrasco), RPPN Serra das Almas, município
de Crateús, CE. Fortaleza, 2003. Monografia (Bacharelado em Ciências Bioló-
gicas), Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade Federal
do Ceará.
GIULIETTI, A.M.; HARLEY R.M.; QUEIROZ, L.P. de et al. Espécies endêmicas
da Caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-
ROJAS, C.F.L. Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do
Nordeste/ Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002, p. 103-118.
GOMES, A.P.S. Florística e fitossociologia de uma vegetação arbustiva sub-
caducifólia no município de Buíque – Pernambuco. Recife, 1999. Dissertação
(Mestrado em Botânica), Programa de Pós-Graduação em Botânica, Univer-
sidade Federal Rural de Pernambuco.
GOMES, M.A.F. A vegetação dos Cariris Velhos, no estado da Paraíba. Vegeta-
lia - Escritos e documentos, v. 14, 1980.
IBAMA. Reservas particulares do Brasil. Disponível em: <http:www.ibama.
com.br.>. Acesso em: 15 de julho de 2004.
IUCN. The World Conservation Union. Disponível em: <http://www.iucn.org.>.
Acesso em: 10 de agosto de 2004.
JIMENEZ, J.A.; MAIA, L.P.; SERRA, J.;MORAIS, J. Aeolian dune migration
along the Ceará coast, north-eastern Brazil. Sedimentology, n. 6, p. 689-701,
1999.
KOVÁCS-LANG, E; KROEL-DULAY, G; KERTÉSZ, M; FEKETE, G; BARTHA, S;
MIKA, J; DOBI-WANTUCH, I; RÉDEI, T; RAJKAI, K; HAHN, I. Changes in com-
position of sand grasslands along a gradient in Hungary and implications for
climate change. Phytocoenologia, v. 30, n. 3-4, p. 385-407, 2000.

110
LEMOS, J.R.; RODAL, M.J.N. Fitossociologia do componente lenhoso de um
trecho da vegetação de caatinga no Parque Nacional da Serra da Capivara,
Piauí, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 1, p. 23-22, 2002.
LIMA, J.R. Caracterização florística da floresta estacional decidua submonta-
na (mata seca), RPPN Serra das Almas, Município de Crateús, Ceará. Fortale-
za, 2003. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Curso de Bacha-
relado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Ceará.
MAGURRAN, A.E. Ecological diversity and its measurement. New Jersey:
Princeton University, 1988.
MANN, P. S. Introductory statistics. New York: John Wiley and Sons, 1998.
MEDEIROS, J.B.L.P. Florística e fitossociologia de uma área de Caatinga lo-
calizada na fazenda Araçanga, município de Capistrano-CE. Fortaleza, 1995.
Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Curso de Bacharelado em
Ciências Biológicas, Universidade Federal do Ceará.
MEDINA, E. Diversity of life forms of higher plants in Neotropical dry forest.
In: BULLOCK, S.H.; MOONEY, H.A.; MEDINA, E. (Eds.). Seasonally dry tropical
forest. Cambridge University Press. Cambridge. p. 221-238, 1995.
MISSOURI BOTANICAL GARDEN. W3 Tropicos. Disponível em: <http://www.
mobot.org>. Acesso em: 16 de maio de 2004.
MMA – Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal. Áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e reparti-
ção de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasilia, 2004.
MOURA, F.B.P.; SAMPAIO, E.V.S.B. Flora lenhosa de uma mata serrana semi-
decídua em Jataúba, Pernambuco. Revista Nordestina de Biologia, v. 15, n.
1, p. 77-89, 2001.
MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation
ecology. New York: John Wiley and Sons, 1974.
NEW YORK BOTANICAL GARDEN. The New York Botanical Garden. Disponí-
vel em: <http://www.nybg.org>. Acesso em: 15 de maio de 2004.
NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, Fundação IBGE-SUPREN, 2a
ed. (Fundação IBGE-SUPREN. Recursos Naturais e Meio Ambiente), 1989.
PAVÓN, N.P.; HERNÁNDEZ-TREJO, H.; RICO-GRAY, V. Distribution of life forms
along an altitudinal gradient in the semi-arid valley of Zapotitlán, Mexico.
Journal of Vegetation Science, v. 11, p. 39-22, 2000.
PEREIRA, I.M., ANDRADE, L.A., BARBOSA, M.R.V.; SAMPAIO, E.V.S.B. Com-
posição florística e análise fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo
de um remanescente florestal no Agreste Paraibano. Acta Botanica Brasilica,
v. 16, n. 3, p. 241-369, 2002.
RAUNKIAER, C. The life forms of plants and statistical plant geography.
Oxford: Clarendon Press, 1934.
RODAL, M.J.N. Fitossociologia da vegetação arbustivo-arbóreo em quatro
áreas da Caatinga em Pernambuco. Campinas, 1992. Tese (Doutorado em Bio-
logia Vegetal), Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegfetal, Universida-
de Estadual de Campinas.
RODAL, M.J.N.; ANDRADE, K. V. A.; SALES, M.F.; GOMES, A.P.S. Fitosso-
ciologia do componente lenhoso de um refúgio vegetacional no município
de Buíque, Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, v. 58, n. 3, p. 517-
526, 1998.
RODAL, M.J.N.; NASCIMENTO, L.M. do; MELO, A.L. de. Composição florística
de um trecho de vegetação arbustiva caducifólia, no município de Ibimirim,
PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 13, n. 1, p. 15-28, 1999.
SAMPAIO, E.V.S.B. Overview of the Brazilian Caatinga. In: BULLOCK, S.H.;

111
MOONEY, H.A.; MEDINA, E. Seasonally dry tropical forest. Cambridge: Cam-
bridge University Press, 1995, p. 35-63.
SANTOS, M.F.A. Características dos solos e da vegetação em sete áeas de
Parnamirim, Pernambuco. Recife, 1987. Dissertação (Mestrado em Botânica),
Programa de Pós-Graduação em Botânica Universidade Federal Rural de Per-
nambuco.
SHEPHERD, G. J. FITOPAC 1. Manual do usuário. Campinas: Departamento de
Morfologia e Sistemática, UNICAMP. 1995, 47p.
SILVA, R.A.; SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M. Riqueza e diversidade de plan-
tas lenhosas em cinco unidades de paisagem da Caatinga. In: LEAL, I.R.; TA-
BARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. Reci-
fe: Ed. Universitária da UFRPE, 2003, p.337-365.
SOUZA, M.J.N. Contribuição ao estudo das unidades morfo-estruturais do
estado do Ceará. Revista de Geologia, v. 1, p. 73-91,1988.
SOUZA, M.L.N. Geomorfologia. In: IPLANCE-Fundação Instituto de Planejamen-
to do Ceará (eds.). Atlas do Ceará. Fortaleza: Edições IPLANCE, 1997, p. 18-19.
SUDENE. 1981. Banco de Dados Hidroclimatológicos do Nordeste. SUDENE
(1), p. 409 e 417.
van ROOYEN, M.W., THERON, G.K., GROBBELAAR, N. Life forms and spectra
of flora of Namaqualand, South Africa. Journal of Arid Environments, v. 19,
p. 133-145, 1990.
VASCONCELOS, S.F. Flora de um hectare da vegetação caducifólia espinho-
sa (caatinga), densidade e aspectos fenológicos do estrato herbáceo, RPPN
Serra das Almas, município de Crateús, CE. Fortaleza, 2003. Monografia (Ba-
charelado em Ciências Biológicas), Curso de Bacharelado em Ciências Bioló-
gicas, Universidade Federal do Ceará.
VELOSO, H.P.; RANGEL-FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE. 1991.
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

WHITTAKER, R. H. Communities and ecossystems. New York: Collier-Mac-


millan Canada, Ltd., 1975.
WILLIAMS, R.J.; DUFF, G.A.; BOWMAN, D.M.J.S.; COOK, G.D. Variation in the
composition and structure of tropical savannas as a function of rainfall and
soil texture along a large–scale climatic gradient and soil texture in the Nor-
thern Territory, Australia. Journal of Biogeography, v. 23, p. 747-756, 1996.

112
Apêndice I
Lista das famílias e espécies encontradas nos sítios estudados em três fitofisionomias na área Serra
das Almas, Ceará, e depositadas no herbário EAC da Universidade Federal do Ceará. * = espécies amos-
tradas; x = presença das espécies nas fitofisionomias situadas nas localidades Grajáu (1), Estreito (2),
Besouro (3), Sítio (4), Melancias (5), Tucuns (6), Boa Nova (7) e Croatá (8). Distribuição geográfica: NE =
Nordeste do Brasil, BR = Brasil, AMc = América Central, AM = todas as Américas, AMs = América do Sul, Af
= África. Forma de crescimento (FC) = árvore (arv), arbusto (arb), subarbusto (sub), trepadeira lenhosa (tl),
trepadeira herbácea (th), erva (erv). Forma de vida (FV) = fanerófito (fan), caméfito (cam), hemicriptófito
(hem), terófito (ter), geófito (geo), suculenta (suc).

Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Acanthaceae
Anisacanthus trilobus Lindau 170 BR sub cam x
Dicliptera ciliaris Juss.* 156 - erv ter x x
Justicia fragilis Wall.* 130 - sub cam x
Justicia strobilacea (Nees)
398 BR sub cam x x
Lindau*
Justicia sp. 106 - arb fan x x
Ruellia paniculata H.B.K. 323 AMc arb cam x x x x
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana
160 AMc erv ter x x x x
Kuntze*
Alternanthera dentata (Moench)
399 AMc erv ter x
Scheygrond
Annacardiaceae
Myracrodruon urundeuva
400 AMs arv fan x
Allem. *
Annonaceae
Duguetia riedeliana R. E. Fr. 214 BR arv fan x
Ephedranthus pisocarpus
401 BR arv fan x x x
R.E.Fr.*
Rollinia leptopetala R. E.Fr.* 36 AMs arv fan x x x
Apocynaceae
Aspidosperma discolor A. DC.* 402 AMs arv fan x
Aspidosperma pyrifolium
403 AMs arv fan x
Mart. *
Aspidosperma subincanum
350 AMs arv fan x x x
Mart.*
Aspidosperma sp. 404 - arv fan x x
Araceae
Scaphispatha cf. gracilis
96 AMs erv geo x x
Brongn. ex Schott *
Spathicarpa cf. hastifolia Hook.* 275 AMs erv geo x x
Taccarum peregrinum Engl. * 405 AMs erv ter x
Asteraceae
Bidens bipinnata L.* 190 AM/Af erv ter x

113
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Blainvillea lanceolata Baker* 180 BR erv ter x x
Blainvillea rhomboidea Cass.* 178 Af erv ter x
Delilia biflora (L.) Kuntze* 186 AMc erv ter x x
Harpalyce brasiliana Benth. 303 AMs arv fan x
Melanthera latifolia Cabrera 72 AMs erv ter x
Pithecoseris pacourinoides
207 NE erv ter x
Mart.
Trichogonia sp. 237 - erv ter x x
Vernonia obscura Less. 98 BR arb fan x
Wedelia villosa Gardn. 101 NE arb fan x
Bignoniaceae
Arrabidaea caudigera (S.Moore)
320 AMs tl fan x
A.H.Gentry
Bignoniaceae A* 247 - tl fan x
Jacaranda jasminoides (Thunb.)
95 BR arv fan x
Sandwith
Bombacaceae
Pseudobombax marginatum
(A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) 406 AMs arv fan x
A.Robyns *
Boraginaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Auxemma oncocalyx Baill.* 329 BR arv fan x x


Cordia leucomalloides Taroda 53 NE arb fan x x
Cordia rufescens A. DC. 250 NE arb fan x x
Bromeliaceae
Bromelia auriculata L. B. Sm. 407 NE sub suc x
Caesalpiniaceae
Bauhinia acuruana Moric.* 408 AMs arb fan x
Bauhinia cheilantha (Borg.)D. 409 AMs arv fan x
Dietr. *
Bauhinia dubia Vog. 82 NE arb fan x x
Bauhinia pulchella Benth.* 415 AMs arv fan x x
Caesalpinia bracteosa Tul.* 410 NE arv fan x
Caesalpinia ferrea Mart.* 555 BR arv fan x
Chamaecrista calcyoides 176 AM erv hem x
Greene*
Chamaecrista sp. 185 - erv ter x
Copaifera langsdoffii Desf. * 291 NE arv fan x x x
Hymenaea eriogyne Benth.* 289 NE arv fan x x x x
Hymenaea velutina Ducke 297 NE arv fan x x x
Senna cearensis Afr.Fern.* 27 - arb fan x x x x
Senna gardneri (Benth.) 291 NE arv fan x
H.S.Irwin & Barneby
Senna obtusifolia (L.) Irwin & 365 AM/Af/As sub fan x
Barneby.*
Senna rugosa (G.Don) 3 308 AMs arb fan x x

114
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Senna trachypus (Benth.) 165 AMs arb fan x x
H.S.Irwin & Barneby
Swartzia flaemingii R. S. 411 BR arv fan x x x
Cowan*
Capparaceae
Cleome microcarpa Ule 204 BR erv ter x
Crateva tapia L. 333 AMc arv fan x
Celastraceae
Maytenus sp. 69 - arv fan x x
Chrysobalanaceae
Licania rigida Benth. 327 NE arv fan x
Cochlospermaceae
Cochlospermum vitifolium 412 AMc arv fan x
Spreng.
Combretaceae
Buchenavia capitata Eichl.* 311 AMs arv fan x x
Combretum lanceolatum Eichl. 326 AMs arb fan x
Combretum leprosum Mart. * 413 AMs arb fan x
Combretum mellifluum Eichl. 147 AMs arb fan x x
Thiloa glaucocarpa Eichl.* 314 AMs arv fan x x
Commelinaceae
Commelina sp. 1* 179 - erv hem x
Commelina sp. 2* 164 - erv hem x
Commelina sp. 3* 168 - erv hem x
Convolvulaceae
Evolvulus filipes Mart. 230 AMc erv ter x
Evolvulus macroblepharis 54 BR sub cam x
Mart.*
Evolvulus sp. 217 - erv ter x
Ipomoea rosea Choisy 92 - th cam x
Ipomoea sp. 173 - th cam x
Cyperaceae
Cyperus sp. 91 - erv hem x
Rhincospora sp. 1 90 - erv hem x x
Rhincospora sp. 2* 199 - erv ter x
Dioscoreaceae
Dioscorea sp. 55 - th geo x
Erythroxylaceae
Erythroxylum amplifolium 88 BR arb fan x x
Baill.*
Erythroxylum barbatum 276 - arb fan x x
O.E.Schulz*
Erythroxylum laetevirens 85 NE arb fan x x x x
O.E.Schulz
Erythroxylum pelleterianum 86 BR arb fan x
A.St.Hil.

115
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Erythroxylum sp.1 226 - arb fan x
Euphorbiaceae
Actinostemon sp. 294 - arb fan x
Bernardia sidoides Müll.Arg. * 158 AMc erv ter x
Cnidoscolus vitifolius Pohl * 414 AMs arb fan x
Croton adenocalyx Baill.* 415 BR arb fan x
Croton argyrophylloides Müll. 21 NE arv fan x x x x
Arg.*
Croton glandulosus L. 208 AM arb fan x
Croton grewioides Baill.* 109 NE arb fan x x
Croton odontadenius Müll.Arg. 393 AMs arb fan x
Croton zehntneri Pax & K.Hoffm. 117 AMs arb fan x x
Euphorbia comosa Vell.* 197 AMs erv ter x x
Gymnanthes sp.* 127 - arb fan x
Maprounea sp.* 273 - arv fan x
Phyllanthus caroliniensis Walt.* 202 AM erv ter x
Sapium cf. argutum Huber 416 AMs arv fan x
Sapium lanceolatum (Müll. 14 - arv fan x
Arg.) Huber
Sebastiania brasiliensis Spreng. 42 AMs arb fan x
Sebastiania sp. 118 - arb fan x x
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Fabaceae
Bowdichia virgilioides H. B. & K. 304 BR arv fan x
Cranocarpus gracilis Afr.Fern. &
265 AMs sub fan x x
P. Bezerra*
Cratylia mollis Mart.ex Benth. 257 AMs tl fan x
Crotalaria vitellina Ker Gawl. 146 AMs sub hem x
Lonchocarpus araripensis
253 - arv fan x
Gardn.
Dalbergia sp.* 24 - arv fan x
Desmodium sp. 1* 157 - erv hem x x
Desmodium sp. 2 172 - sub cam x
Desmodium sp. 3* 277 - sub cam x
Erythrina velutina Willd. 321 AMs arv fan x x
Fabaceae A 211 - sub cam x
Fabaceae B 181 - sub cam x
Fabaceae C 367 - sub cam x
Galactia sp.* 254 - sub hem x
Inga sp.* 428 - arv fan x
Luetzelburgia auriculata
307 BR arv fan x
(Allemao) Ducke
Machaerium acutifolium Benth. 137 - arv fan x
Macroptilium sp. 205 - tl fan x
Ormosia fastigiata Tul. 417 AMs arv fan x
Periandra coccinea (Schrad.)
141 AMs th cam x
Benth.

116
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Sesbania marginata Benth. 418 NE arb cam x
Flacourtiaceae
Lindackeria ovata Gilg* 150 NE arv fan x x
Xylosma ciliatifolium Eichl. * 419 BR arb fan x
Lamiaceae
Hyptis salzmanni Benth 23 - erv ter x
Hyptis suaveolens (L.) Poit.* 140 AMc/Af/As erv ter x
Loasaceae
Mentzelia fragilis Huber* 152 - erv ter x
Lythraceae
Cuphea campestris Koehne 39 NE erv ter x
Malpighiaceae
Banisteria montana A.Juss. 138 AMc arv fan x
Banisteriopsis stellaris (Griseb.)
309 AMc tl fan x
B.Gates
Byrsonima gardnerana A.Juss.* 10 AMs arv fan x x x x
Janusia janusioides (A.Juss.)
148 AMs tl fan x x
W.R.Anderson
Peixotoa jussieuana A.Juss. 256 AMs tl fan x
Malvaceae
Pavonia cancellata (L.) Cav.* 154 AMs sub cam x x
Pavonia sp.* 227 - sub cam x x
Wissadula contracta R.E.Fries* 159 AMs erv ter x x
Menispermaceae
Cissampelos sp. 15 - th cam x
Mimosaceae
Acacia langsdorfii Benth.* 248 BR arb fan x
Acacia paniculata Willd. 335 AMc arb fan x
Anadenanthera colubrina var.
332 BR arv fan x x
cebil (Griseb.) Altschul*
Chloroleucon acacioides
319 NE arv fan x
(Ducke) Barneby & J.W.Grimes
Mimosaceae A 77 - arv fan x
Mimosa acutistipula Benth.* 18 NE arb fan x
Mimosa caesalpinifolia Benth. 420 NE arv fan x
Mimosa ursina Mart. 174 AMs erv ter x
Mimosa verrucosa Benth. 281 AMc arb fan x
Parkia platycephala Benth. 286 - arv fan x x
Piptadenia moniliformis Benth.* 28 NE arv fan x x x x
Piptadenia stipulacea (Benth.)
171 NE arv fan x
Ducke*
Plathymenia reticulata Benth. 213 AM arv fan x
Moraceae
Brosimum gaudichaudii Tréc* 306 AMs arv fan x x

117
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Myrtaceae
Campomanesia aromatica
16 BR arb fan x
Griseb.
Eugenia aff. dysenterica DC.* 421 AMs arv fan x x
Eugenia flavescens DC. 124 BR arv fan x x
Eugenia piauhiensis O. Berg* 121 AMc arv fan x
Eugenia punicifolia DC. 120 BR arv fan x x x
Eugenia sp. 1 267 - arb fan x
Eugenia sp. 2 34 - arb fan x
Eugenia sp. 3 305 - arb fan x
Eugenia sp. 4* 422 - arv fan x
Myrcia acutiloba O.Berg 288 AMc arb fan x
Myrcia multiflora DC. 318 AMs arv fan x
Myrcia sp. 1 241 - arb fan x
Myrcia sp. 2 122 - arb fan x
Myrtaceae A 37 - arb fan x
Myrtaceae B 351 - arv fan x
Myrtaceae C 222 - arv fan x
Nyctaginaceae
Guapira graciliflora (Mart. ex
24 BR arv fan x
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará

Schmdt) Lundell*
Guapira sp. 169 - arv fan x
Ochnaceae
Ouratea sp. 65 - arv fan x
Olacaceae
Heisteria sp. 285 - arb fan x x
Schoepfia sp. 302 - arv fan x
Opiliaceae
Agonandra brasiliensis Benth.
423 AMs arv fan x
& Hook.
Poaceae
Lasiacis sp. 9 - erv ter x
Panicum trichoides Sw.* 60 AMs erv ter x x x x x
Pannicum sp.* 161 - erv ter x
Poaceae B* 64 - erv hem x
Poaceae C 61 - erv hem x
Setaria cf. rariflora J.C.Mikan
225 AMs erv ter x x
ex Spreng.*
Streptostamchys cf. asperifolia
25 AMs erv hem x x x x
Desv.*
Polygalaceae
Bredemeyera sp. 284 - tl fan x
Polygonaceae
Triplaris gardneriana Wedd. 334 AMs arv fan x

118
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Portulacaceae
Talinum sp.* 155 - erv hem x
Rhamnaceae
Colubrina cordifolia Reiss. 251 BR arb fan x
Rubiaceae
Chomelia cf. martiana Müll.Arg. 44 BR arb fan x
Diodia cf. barbeyana Huber* 231 NE erv ter x x
Faramea sp. 47 - x
Guettarda viburnoides Cham. &
128 AM arb fan x
Schltdl.
Pilocarpus spicatus A.St.Hil.* 6 BR arv fan x
Rubiaceae A* 133 - erv x
Spermaccoce sp. 201 - erv ter x
Tocoyena formosa K.Schum.* 130 BR arb fan x x x
Zanthoxylum stelligerum Turcz.* 41 - arb fan x x
Sapindaceae
Cardispermun corindum L. 385 - th cam x
Paullinia sp.* 268 - sub cam x x
Sterculiaceae
Guazuma ulmifolia Lam. 331 AMc arv fan x
Helicteres heptandra L.B.Sm. 67 NE arb fan x
Helicteres muscosa Mart.* 245 NE arb fan x x x
Tiliaceae
Chorcorus sp.* 200 - erv ter x
Luehea uniflora A.St.Hil. 424 BR arv fan x
Turneraceae
Piriqueta cf. sidifolia Urban 66 BR arb fan x
Turnera sp. 1 52 - arb fan x
Turnera sp. 2 425 - erv ter x
Turneraceae A 252 - sub cam x x
Verbaneceae
Aegiphila sp. 330 -
Lantana sp. 1 395 - arb fan x x x
Lantana sp. 2 56 - arb fan x
Lantana sp. 3 57 - sub cam x
Lippia gracilis Phil.* 293 NE arb fan x
Vitex schaueriana Moldenke 149 BR arv fan x
Vitaceae
Cissus sp. 22 - th ter x
Fleurya aestuans Gaudich. 348 AMs arb fan x
Indeterminadas
Indet. 1* 426 - erv ter x
Indet. 2* 427 - erv ter x
Indet 3* 187 - sub cam x

119
120
3.2
Vegetação e flora
fanerogâmica do
Curimataú, Paraíba

Maria Regina de Vasconcellos Barbosa

Rita Baltazar de Lima

Maria de Fátima Agra

Josevaldo Pessoa da Cunha

Maria do Céo Rodrigues Pessoa


Resumo

Visando conhecer a diversidade florística em uma área prioritária


para a conservação no bioma Caatinga, foram realizados levantamentos
florísticos e fitossociológicos em duas fitofisionomias no Curimataú pa-
raibano. No total, foram registradas 215 espécies distribuídas em 68 fa-
mílias, sendo Leguminosae, Euphorbiaceae, Convolvulaceae, Malvaceae,
Apocynaceae, Rubiaceae e Cactaceae as famílias mais diversas. Devido
à inexistência de estudos anteriores na região, praticamente todas as es-
pécies relacionadas são novas referências para o Curimataú. Destas, 25
são espécies endêmicas do bioma Caatinga, e apenas uma é considerada
ameaçada de extinção.

1. Introdução

O Curimataú, localizado ao norte do estado da Paraíba, no planalto da


Borborema, é uma das regiões menos conhecidas do bioma Caatinga na Pa-
raíba. Moreira (1988) o considerou uma das microrregiões do estado, posi-
cionando-a na mesorregião do Agreste. Mais recentemente, ECORREGIÕES...
(2002) reconheceram oito ecorregiões para o bioma Caatinga, tendo incluído
o Curimataú na ecorregião do Planalto da Borborema.
O relevo, nessa microrregião, é irregular, constituído pela serra de Ara-
runa, vale do rio Curimataú e chapada de Cuité. A ocorrência de falhamentos
no planalto da Borborema é apontada como sendo a principal determinante
da irregularidade do relevo. Afloramentos rochosos do cristalino, formando
inselbergs, com topos côncavos assumindo várias formas, destacam-se na
paisagem, surgindo isoladamente ou em conjunto. A pluviosidade registrada
para a região é de 400-900 mm anuais, com uma estação seca de 7-8 meses
(LIMA; HECKENDORFF, 1985).
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

A caatinga predominante no Curimataú pode ser caracterizada como


arbustiva-arbórea, desenvolvendo-se em solos arenosos ou pedregosos, po-
bres em húmus (EPFS, 1972; ECORREGIÕES..., 2002). Nos inselbergs, podem
ser observadas manchas de vegetação rupícola. Assim, a fisionomia mostra-
se como um complexo de comunidades vegetais que se inter-relacionam e
se justapõem nas chamadas áreas de transição. A complexidade fisionômica
da caatinga, apontada por vários pesquisadores que estudaram esse bioma,
entre eles Andrade-Lima (1981), Rodal e Sampaio (2002), e ECORREGIÕES...
(2002), está provavelmente relacionada com vários aspectos ambientais,
principalmente o solo, como sugerem Melo e Silva (1985), ao afirmarem que
os aspectos edáficos se refletem nessa fisionomia. O solo parece favorecer
aqui e ali o desenvolvimento de grupos de espécies, formando comunidades
naturais que se sobressaem na paisagem. Nesse contexto, as Euphorbiaceae
destacam-se dentre outras famílias, cujos representantes se distribuem de
conformidade com o solo, a exemplo de Jatropha ribifolia Pohl, que ocorre
preferencialmente em manchas de solos arenosos e espécies do gênero Cro-
ton, que se expandem nas áreas abertas com solo exposto, formando amplas
populações.

122
Nessa região, inicialmente habitada por índios da nação Cariri, sobretudo
os Janduís e Caracarás (PINTO, 1973), a pecuária vem sendo praticada extensi-
vamente desde a colonização, ocupando grandes extensões de terras destina-
das à pastagem. Esse fato, associado à retirada de madeira para lenha e carvão,
contribuiu para que, ao longo dos anos, a vegetação nativa sofresse retração. A
pecuária utilizando a caatinga como pasto natural contribuiu para degradações
de difícil reversão, ocasionadas inclusive pela preferência alimentar do gado. As
plantas das espécies mais apreciadas na dieta dos animais sofrem interrupção
do rebrotamento. Além disso, as plântulas dessas espécies nem sempre conse-
guem desenvolver-se, dificultando a regeneração da caatinga. Logo, à medida
que o solo vai ficando descoberto, ocorre a expansão das espécies mais xerófi-
las, como marmeleiro e jurema, que vão dominando a paisagem.
As pesquisas no Curimataú tiveram início em 2002, de forma explora-
tória, com o Projeto Instituto do Milênio do Semi-árido (IMSEAR), e se inten-
sificaram neste subprojeto PROBIO, tendo como principal objetivo conhecer
a biodiversidade da região, bem como disponibilizar informações sobre o
seu atual estado de conservação.

A. Áreas de estudo

O estudo foi realizado no Curimataú oriental, que abrange os muni-


cípios de Araruna, Arara, Cacimba de Dentro, Dona Inês, Solânea e Tacima
(atualmente Campo de Santana), num retângulo delimitado pelas coorde-
nadas 06°25’ a 06°55’ de latitude sul e de 35°30’ a 36° de longitude oeste. As
áreas onde foram realizadas coletas florísticas mais intensas bem como os
levantamentos fitossociológicos foram o Parque Estadual da Pedra da Boca
(Araruna) e a Fazenda Cachoeira de Capivara (Cacimba de Dentro).
A escolha dessas áreas para coleta de dados contemplou duas fitofi-
sionomias distintas, as mais representativas na microrregião: caatinga arbó-
rea/arbustiva e floresta estacional decídua (mata seca). A área de caatinga, na
Fazenda Cachoeira de Capivara, localiza-se no platô do planalto da Borbore-
ma. A mata seca estudada localiza-se no Parque Estadual da Pedra da Boca,
área rica em inselbergs, localizada no sopé da escarpa oriental do planalto
da Borborema, em plena depressão sublitorânea que se estende até o litoral
do Rio Grande do Norte.

2. Material e métodos

A. Florística

Coletas aleatórias foram realizadas em diversas localidades do Curi-


mataú oriental, ao longo de todo o período de estudo. O material coletado foi
incorporado à coleção do Herbário Lauro Pires Xavier (JPB), da Universidade
Federal da Paraíba.
A identificação do material botânico foi realizada pela equipe do proje-
to com o auxílio de literatura botânica, de chaves analíticas para identificação
ou por comparação com a coleção do JPB, possível em função da experiên-
cia da equipe, adquirida nos anos de estudo na área, recorrendo-se, porém,
algumas vezes, a especialistas.

123
Os dados florísticos foram organizados em uma lista geral (Tabela 1),
considerando-se as distintas fitofisionomias e a sazonalidade das coletas. Co-
letas realizadas anteriormente nas duas localidades, principalmente aquelas
relacionadas ao projeto IMSEAR, depositadas no JPB, foram também con-
sideradas para elaboração da lista florística. As famílias botânicas seguem
APG II (APG, 2003), exceto no caso da ordem Malvales, na qual, para melhor
compreensão, foram consideradas separadamente as famílias Bombacaceae,
Malvaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae. As abreviações dos nomes dos autores
das espécies foram feitas segundo Brummitt e Powell (1992).
Para cada fitosionomia, foi calculada a riqueza de espécies por famílias e o
número de espécies exclusivas e de espécies comuns às duas fitofisionomias. Es-
tas últimas foram analisadas ainda de acordo com a forma de vida das espécies.
Para caracterizar os endemismos presentes, tomou-se por base o tra-
balho de Giulietti et al. (2002) e o conhecimento específico da equipe em
grupos de sua especialidade (Solanaceae, Rubiaceae e Rhamnaceae).
A presença de espécies ameaçadas foi verificada através de consultas
à lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conser-
vação da Natureza de 2003 (IUCN, 2004) e à lista de espécies da flora brasi-
leira ameaçada de extinção de 1992 (IBAMA, 2004).

B. Fitossociologia

No levantamento fitossociológico, foram consideradas as seguintes


formas de vida:
• Árvore – indivíduos lenhosos com tronco indiviso até 30 cm, ramifica-
ções secundárias lenhosas e copa definida.
• Arbusto – indivíduo lenhoso com caule ramificado desde a base, ra-
mos secundários lenhosos, sem copa definida.
• Subarbusto – indivíduo ereto sublenhoso, com ramificações secun-
dárias herbáceas.
• Ervas – Indivíduos com caules herbáceos.
• Suculentas – plantas crassas, com caules e/ou folhas suculentas
Os indivíduos arbóreos, arbustivos, subarbustivos e suculentos (no
caso da caatinga) foram amostrados através do método de ponto-quadrante
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

(MARTINS, 1991). Para tanto, utilizaram-se 20 pontos distribuídos regular-


mente a cada dez metros em dois transectos paralelos, separados por uma
distância de 20 metros. Em cada ponto, foram amostrados os indivíduos mais
próximos do ponto em cada quadrante. Para as plantas arbóreas da caatinga,
o limite de inclusão foi o perímetro ao nível do solo igual ou superior a 9 cm;
e para as da mata, usou-se o mesmo perímetro a 1,30 m de altura. No caso
de arbustos e subarbustos, as medidas de perímetro foram todas tomadas
ao nível do solo. Para cada indivíduo amostrado, foram anotados a distância
indivíduo-ponto, o perímetro e a altura total.
Com o intuito de caracterizar e comparar as fitofisionomias, foram cal-
culados, com auxílio do pacote FITOPAC 1.0 (SHEPHERD, 1995), parâmetros
fitossociológicos gerais e, para as espécies, densidade relativa, freqüência
relativa, dominância relativa e índice de valor de importância.
Em cada um dos pontos levantados, foram alocadas também parcelas
de 1 m², totalizando 20 parcelas, para amostragem da comunidade herbácea.
Nestas, todos os indivíduos herbáceos e plântulas foram registrados e conta-
dos. Para cada espécie, foram calculadas as freqüências absoluta e relativa.

124
3. Resultados

A. Florística

Foram listadas, para as duas localidades estudadas no Curimataú pa-


raibano, 215 espécies, distribuídas em 68 famílias (Apêndice I). As famílias
mais diversas foram Leguminosae (18 espécies), Euphorbiaceae (16), Convol-
vulaceae (9), Malvaceae (9), Apocynaceae (8), Rubiaceae (8) e Cactaceae (7).
Das 68 famílias registradas, 16 (23,5%) apresentam cinco ou mais espécies,
21 (31%) duas a quatro espécies e 31 (45,5%) apenas uma espécie.
Foram identificados 153 gêneros, 34 deles (22,2%) com duas ou mais
espécies e 119 (77,8%) com apenas uma espécie. Os gêneros com maior diver-
sidade de espécies foram Croton, Mimosa, Senna, Ziziphus, Solanum, Helio-
tropium, Ipomoea e Sida. Os quatro primeiros são gêneros normalmente de
plantas lenhosas ou sublenhosas, freqüentemente associados à vegetação
de caatinga. Os demais, apesar de serem gêneros com espécies de ampla
distribuição, possuem poucas referências para o bioma.

Tabela 1. Espécies endêmicas do bioma Caatinga registradas em duas localidades no


Curimataú paraibano, Parque Estadual da Pedra da Boca, Araruna ( 6º27’43’’S e 35º41’21’’W)
e Fazenda Cachoeira de Capivara, Cacimba de Dentro ( 6º40’37’’S e 35º45’14’’W).
Família Espécie
Anacardiaceae Spondias tuberosa Arruda
Apocynaceae Allamanda blanchetii A. DC
Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart.
Boraginaceae Cordia globosa (Jacq.) Kunth
Bromeliaceae Encholirium spectabile Mart. ex Schult. f.
Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett
Cactaceae Cereus jamacaru DC.
Cactaceae Opuntia inamoena K. Schum.
Cactaceae Opuntia palmadora Britton & Rose
Cactaceae Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley
Cactaceae Pilosocereus pachycladus F. Ritter
Capparaceae Capparis flexuosa (L.) L.
Capparaceae Capparis jacobinae Moric. ex Eichler
Euphorbiaceae Jatropha mollissima Baill.
Euphorbiaceae Jatropha ribifolia (Pohl) Baill.
Euphorbiaceae Manihot glaziovii Müll. Arg.
Leguminosae Caesalpinia gardneriana Benth.
Malvaceae Herissantia crispa (L.) Brizicky
Malvaceae Herissantia tiubae (K.Schum.) Brizicky
Malvaceae Sida galheirensis Ulbr.
Rhamnaceae Gouania colurnaefolia Reissek
Rhamnaceae Rhamnidium molle Reissek
Rhamnaceae Ziziphus cotinifolia Reissek
Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart.
Rubiaceae Leptoscela ruelloides Hook. f.

125
Do total de espécies, 173 ocorreram na mata seca e 76 na caatinga,
sendo 34 espécies comuns às duas fisionomias (Apêndice I). Dessas últimas,
17 espécies (50%) são herbáceas ou subarbustivas, três (8,9%) arbustivas,
cinco (14,7%) arbóreas, seis (17,6%) trepadeiras, uma (2,9%) suculenta e duas
(5,9%) epífitas. Dentre estas, apenas oito espécies comuns às duas fisiono-
mias, três árvores (Aspidosperma pyrifolium, Commiphora leptophloeos e
Jatropha mollissima), três ervas ou subarbustos (Herissantia crispa, H. tiubae
e Sida galheirensis), uma trepadeira (Allamanda blanchetii), e uma suculenta
(Opuntia inamoena) são consideradas endêmicas do bioma.
No total, foram verificadas 25 espécies endêmicas do bioma Caatinga
(Tabela 1) e apenas 1 ameaçada, Myracrodruon urundeuva, espécie vulne-
rável, de acordo com a lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas
de extinção (IBAMA, 2004). Dentre as endêmicas, predominam as espécies
das famílias Cactaceae, Euphorbiaceae, Malvaceae e Rhamnaceae.

B. Fitossociologia

1. Estrato arbóreo
A comunidade arbórea no Parque Estadual da Pedra da Boca foi ca-
racterizada por 30 espécies, distribuídas em 18 famílias, com um diâmetro
médio à altura do peito (DAP) de 10,47 cm, e altura média de 7,44 m.
Na caatinga, amostraram-se nove espécies pertencentes a cinco famí-
lias, com diâmetro médio na base (DAB) de 8,43 cm e altura média de 4,28
m. As principais famílias foram Burseraceae, Leguminosae e Rhamnaceae.
As espécies que se destacaram em todos os parâmetros fitossociológicos
estudados foram Commiphora leptophloeos, Caesalpinia gardneriana, Pip-
tadenia stipulacea e Ziziphus cotinifolia (Tabela 2). A espécie de maior área
basal foi Commiphora leptophloeos (0,6186 m²).
Na mata seca, houve uma maior diversidade no conjunto de espécies
características, das quais as dez que se destacaram com relação ao IVI fo-
ram Pseudobombax sp., Bauhinia sp., Manihot caricaefolia, Myracrodruon
urundeuva, Myrtaceae sp., Machaerium sp., Hymenaea courbaril
courbaril, Indet. 3,
Syagrus oleracea e Jatropha mollissima (Tabela 3). As maiores áreas basais
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

e volume foram observados nas espécies Pseudobombax sp. ( 0,7021m² e


12,7548 m3), Machaerium sp. (0,1430 m² e 2,7421m3) e Myracrodruon urun-

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas registradas no inventário


realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú paraibano.
No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa
(%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice
do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Commiphora leptophloeos 25 14 31,25 80,62 26,92 138,79
Caesalpinia gardneriana 23 15 28,75 11,60 28,85 69,20
Piptadenia stipulacea 12 9 15,00 2,88 17,31 35,19
Ziziphus cotinifolia 12 7 15,00 2,07 13,46 30,53
Senna macranthera 3 2 3,75 0,55 3,85 8,14
Senna sp 2 2 2,50 1,04 3,85 0,39
Aspidosperma pyrifolium 1 1 1,25 0,60 1,92 3,78
Indet. 1 1 1 1,25 0,42 1,92 3,59
Mimosa tenuiflora 1 1 1,25 0,22 1,92 3,39

126
deuva (0,1060 m² e 1,5027 m3). As principais famílias foram Leguminosae,
Bombacaceae e Euphorbiaceae.

2. Estrato arbustivo
Em Cacimba de Dentro, foram amostradadas 13 espécies arbustivas
(Tabela 4), com diâmetro médio de 3,15 cm e altura média de 2,17 m. Na Pe-
dra da Boca, foram registradas 21 espécies (Tabela 5), com diâmetro médio
de 0,76 cm e altura média de 0,94 m.
Na caatinga, quatro espécies arbustivas se destacaram em todos os parâ-
metros: Croton sp., Croton sonderianus, Mimosa sp. e Jatropha mollissima. Na
mata seca, as principais espécies arbustivas em ordem decrescente de IVI foram
Malvaceae, Capparis flexuosa, Ruellia asperula, Indet. 3 e Chiococca alba.
As famílias mais importantes na caatinga foram Euphorbiaceae e
Leguminosae. Na mata seca foram Malvaceae, Rubiaceae, Capparaceae e
Acanthaceae.
Os índices de diversidade de Shannon para as duas áreas foram 1.952
e 2.556 nats/ind para a caatinga e a mata seca, respectivamente (Tabela 8).

Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas registradas no inventário


realizado em uma localidade de mata seca em Araruna, Curimataú paraibano. No.Amo. =
número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa (%); Dom.
Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice do valor
de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Pseudobombax sp. 3 3 3,75 50,07 4,55 58,36
Bauhinia sp. 15 8 18,75 2,03 12,12 32,90
Manihot caricaefolia 8 8 10,00 2,95 12,12 25,07
Myracrodruon urundeuva 6 4 7,50 7,56 6,06 21,12
Myrtaceae 1 6 5 7,50 1,33 7,58 16,41
Machaerium sp. 2 2 2,50 10,20 3,03 15,73
Indet. 3 5 3 6,25 2,52 4,55 13,31
Hymenaea courbaril 3 3 3,75 4,71 4,55 13,01
Syagrus oleracea 3 3 3,75 2,99 4,55 11,28
Jatropha mollissima 4 3 5,00 0,68 4,55 10,22
Commiphora leptophloeos 2 2 2,50 2,07 3,03 7,60
Ziziphus platyphylla 2 2 2,50 1,71 3,03 7,24
Sterculia sp. 2 2 2,50 1,55 3,03 7,08
Capparis flexuosa 2 2 2,50 1,20 3,03 6,73
Indet. 2 1 1 1,25 1,94 1,52 4,71
Erythroxylum sp. 1 1 1,25 1,84 1,52 4,61
Simaba ferruginea 2 1 2,50 0,57 1,52 4,59
Triplaris sp. 1 1 1,25 1,36 1,52 4,13
Indet. 4 1 1 1,25 0,41 1,52 3,18
Indet. 1 1 1 1,25 0,40 1,52 3,16
Sorocea ilicifolia 1 1 1,25 0,34 1,52 3,11
Aspidosperma pyrifolium 1 1 1,25 0,29 1,52 3,06
Alophyllus cf. laevigatus 1 1 1,25 0,27 1,52 3,04
Sapium glandulatum 1 1 1,25 0,24 1,52 3,00
Prockia crucis 1 1 1,25 0,17 1,52 2,94
Indet. 6 1 1 1,25 0,15 1,52 2,92
Indet. 7 1 1 1,25 0,15 1,52 2,91
Caesalpinia sp. 1 1 1,25 0,15 1,52 2,91
Indet. 5 1 1 1,25 0,08 1,52 2,85
Randia nitida 1 1 1,25 0,07 1,52 2,83

127
Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivas registradas no inventário
realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú paraibano.
No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa
(%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice
do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Croton sp. 23 10 28,75 21,87 21,28 71,89
Croton sonderianus 17 8 21,25 30,00 17,02 68,27
Mimosa sp. 14 8 17,50 16,36 17,02 50,88
Jatropha mollissima 11 6 13,75 15,50 12,77 42,01
Indet. 3 5 5 6,25 2,12 10,64 19,01
Croton rhamnifolius 2 2 2,50 5,37 4,26 12,12
Oxalis sp. 2 2 2,50 1,69 4,26 8,44
Indet. 2 1 1 1,25 2,03 2,13 5,41
Rhamnidium molle 1 1 1,25 2,03 2,13 5,41
Tournefortia paniculata 1 1 1,25 1,75 2,13 5,12
Euphorbiaceae 1 1 1,25 1,03 2,13 4,41
Nyctaginaceae 1 1 1,25 0,18 2,13 3,56
Indet. 1 1 1 1,25 0,09 2,13 3,47

Tabela 5. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivas registradas no inventário


realizado em uma localidade de mata seca em Araruna, Curimataú paraibano. No.Amo. =
número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa (%); Dom.
Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice do valor
de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Malvaceae 17 7 21,25 11,58 15,56 48,38
Capparis flexuosa 6 6 7,50 11,78 13,33 32,61
Ruellia sp. 14 5 17,50 3,24 11,11 31,85
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

indet. 3 8 3 10,00 6,72 6,67 23,38


Chiococca alba 7 3 8,75 6,62 6,67 22,04
Croton sp. 2 2 2,50 13,60 4,44 20,54
Eugenia tapacumensis 3 2 3,75 11,73 4,44 19,92
Randia nitida 4 2 5,00 6,48 4,44 15,92
Helicteres barnensis 1 1 1,25 11,06 2,22 14,53
indet. 4 4 2 5,00 2,20 4,44 11,64
Euphorbiaceae 2 2 2,50 0,96 4,44 7,91
Asteraceae 2 1 2,50 1,40 2,22 6,12
indet. 5 1 1 1,25 2,43 2,22 5,90
Rubiaceae 1 1 1,25 2,43 2,22 5,90
Erythroxylum sp. 1 1 1,25 2,43 2,22 5,90
Galipea sp. 2 1 2,50 0,50 2,22 5,22
Sterculia sp. 1 1 1,25 1,36 2,22 4,83
Rivina humilis 1 1 1,25 1,36 2,22 4,83
indet. 2 1 1 1,25 1,36 2,22 4,83
indet. 1 1 1 1,25 0,62 2,22 4,09
Celtis sp. 1 1 1,25 0,15 2,22 3,63

128
3. Estrato subarbustivo
Na mata seca não foi possível separar as espécies subarbustivas das
arbustivas. Na caatinga entretanto, foram identificadas 23 espécies (Tabela 6)
pertencentes a 13 famílias. A família Malvaceae, sozinha, foi responsável por
mais de 40% do IVI, seguida por Sterculiaceae, com cerca de 9%.
Dentre as espécies, destacaram-se Sida sp., Sida galheirensis, Alther-
nanthera brasiliana e Helicteres sp.
O índice de diversidade de Shannon (H’) foi da ordem de 2.469 nats/ind
e a equabilidade, 0.787 (Tabela 8).

4. Suculentas
Foram amostradas, na fisionomia de caatinga, 8 espécies de plantas
consideradas suculentas (Tabela 7), dentre as quais uma, Agave sisaliana, foi
introduzida na região por cultivo há muitos anos.
Estiveram presentes em mais de 50% das amostras três espécies,
Opuntia palmadora, Pilosocereus pachycladus e Agave sisaliana, as respon-
sáveis pela imagem característica da paisagem de caatinga no Curimataú.

Tabela 6. Parâmetros fitossociológicos das espécies subarbustivas registradas no


inventário realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú
paraibano. No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re =
densidade relativa (%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa
(%) e IVI = índice do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Sida sp. 20 8 25,00 29,47 16,67 71,13
Sida galheirensis 16 6 20,00 15,13 12,50 47,63
Althernanthera brasiliana 8 6 10,00 1,50 12,50 24,00
Helicteres sp. 8 3 10,00 6,41 6,25 22,66
Heliotropium transalpinum 5 4 6,25 2,84 8,33 17,43
Wedelia cf. villosa 2 2 2,50 10,61 4,17 17,28
indet. 1 1 1 1,25 13,23 2,08 16,56
Croton hirtus 3 2 3,75 6,25 4,17 14,16
Oxalis sp. 2 2 2,50 5,44 4,17 12,11
Jaquemontia densiflora 1 1 1,25 1,78 2,08 5,11
Herissantia sp. 2 1 2,50 0,10 2,08 4,68
Leonotis nepetifolia 1 1 1,25 1,26 2,08 4,60
Ruellia sp. 1 1 1,25 1,26 2,08 4,60
Tephrosia purpurea 1 1 1,25 0,81 2,08 4,14
indet. 3 1 1 1,25 0,81 2,08 4,14
indet. 2 1 1 1,25 0,81 2,08 4,14
Waltheria sp. 1 1 1,25 0,81 2,08 4,14
Sidastrum paniculatum 1 1 1,25 0,81 2,08 4,14
Tournefortia paniculata 1 1 1,25 0,20 2,08 3,54
indet. 4 1 1 1,25 0,20 2,08 3,54
Euphorbiaceae 1 1 1,25 0,20 2,08 3,54
Apocynaceae 1 1 1,25 0,05 2,08 3,38
Croton sp. 1 1 1,25 0,02 2,08 3,35

129
Tabela 7. Parâmetros fitossociológicos das espécies suculentas registradas no inventário
realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú paraibano.
No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa
(%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice
do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Agave sisalana 14 10 17,50 63,27 21,74 102,51
Opuntia palmadora 33 17 41,25 8,91 36,96 87,11
Pilosocereus pachycladus 20 11 25,00 23,59 23,91 72,50
Bromelia laciniosa 4 3 5,00 1,94 6,52 13,46
Cnidoscolus infestus 5 2 6,25 0,22 4,35 10,82
Aechmea stelligera 2 1 2,50 1,36 2,17 6,03
Pilosocereus gounellei 1 1 1,25 0,59 2,17 4,01
Opuntia inamoena 1 1 1,25 0,13 2,17 3,56

Tabela 8 - Número de espécies (Ns), índice de Shannon (H’) e equabilidade (J) nas
diferentes formas de vida estudadas em duas fitofisionomias do Curimataú parainano.
Forma de vida Fisionomia Ns H’ J
Arbórea Caatinga 09 1,671 0,760
Mata seca 30 3,000 0,882
Arbustiva Caatinga 13 1,952 0,761
Mata seca 21 2,556 0,840
Subarbustiva Caatinga 23 2,469 0,787
Suculenta Caatinga 08

Tabela 9. Espécies herbáceas registradas no inventário realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú
paraibano. Freq. = Freqüência relativa (%) e n. ind. = número de indivíduos.
No No Espécie Freq no
Espécie Freq Espécie Freq
ind. ind. ind.
Diodia apiculata 12 549 Poaceae 2 4 18 Chamaecrista sp 1 5
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

Poaceae 6 6 208 Sida galheirensis 3 16 Liliaceae 1 5 5


Poaceae 8 18 115 Turnera sp. 5 16 Oxalis sp. 1 3 5
Poaceae 1 9 106 Boerhavia hirsuta 4 14 Poaceae 7 2 5
Commelina sp. 1 9 69 Evolvulus 8 11 Malvaceae 1 1 3
Fabaceae 1 14 64 scoparioides Mollugo sp. 2 3
Commelina sp. 2 9 61 Evolvulus ovatus 6 9 Euphorbiaceae 2 1 2
Euphorbiaceae 1 12 61 Herissantia crispa 2 9 Euphorbiaceae 4 1 2
Heliotropium sp. 11 56 Polygala violacea 2 9 Poaceae 5 1 2
Sida sp. 10 52 Merremia aegyptia 2 7 Portulaca sp. 1 2
Portulaca pilosa 12 50 Gaya sp. 3 7 Cardiospermum 2 2
Blutaparon 5 41 Jaquemontia 4 6 corindum
portulacoides densiflora Melochia pyramidata 1 2
Euphorbiaceae 3 6 38 Caesalpiniaceae 1 3 6 Anthurium sp. 1 1
Euphorbia sp. 7 34 Cuphea sp. 3 6 Convolvulaceae 1 1 1
Poaceae 4 4 21 Poaceae 3 1 6 Phyllanthus sp. 1 1
Althernanthera 4 18 Cleome guianensis 1 5 Fabaceae 2 1 1
brasiliana Croton sp. 3 5 Microtea paniculata 1 1
Richardia brasiliensis 1 1

130
5. Estrato herbáceo
O estrato herbáceo foi amostrado apenas na caatinga, sendo compu-
tadas também nesse estrato as plântulas e indivíduos jovens de subarbustos
e trepadeiras.
Foram identificadas 50 espécies ou morfoespécies, das quais sete (He-
liotropium, Euphorbiaceae 1, Fabaceae 1, Sida sp., Poaceae 8, Portulaca pilo-
sa e Diodia apiculata) estiveram presentes em pelo menos 50% das amostras
(Tabela 9). A espécie de maior densidade foi Diodia apiculata.

4. Discussão e conclusões

No subcapítulo 3.3, Rodal et al. observaram que a altura média da ca-


atinga em Pernambuco é igual ou menor do que quatro metros, destacando
que esta normalmente é de porte menor do que as formações florestais
estacionais contíguas. Esses dados coincidem com os aqui obtidos para o
Curimataú, que apresentou altura média para a caatinga de 4,28 m e para a
mata seca de 7,44 m.
Dentre as nove espécies arbóreas amostradas na caatinga do Curi-
mataú, três foram comuns às encontradas em Betânia, PE (RODAL et al.,
subcapítulo 3.3) – Caesalpinia gardneriana, Commiphora leptophloeos e
Aspidosperma pyrifolium, e duas comuns à Serra das Almas, CE (ARAÚJO
et al., subcapítulo 3.1) – Aspidosperma pyrifolium e Piptadenia stipulacea.
Todas elas são consideradas endêmicas do bioma.
Nos estratos arbustivo e subarbustivo, considerando apenas as es-
pécies amostradas no levantamento fitossociológico, foram comuns à ca-
atinga do Curimataú e à de Betânia (RODAL et al., subcapítulo 3.3) Croton
sonderianus, C. rhaminifolius, Herissantia tiubae e Sida galheirensis. Den-
tre as suculentas foram comuns Opuntia palmadora, Pilosocereus pachycla-
dus e Pilosocereus gounellei.
Dentre as 50 espécies herbáceas amostradas na caatinga, apenas 6
estiveram presentes em mais de 50% das amostras. O estrato herbáceo foi
o que apresentou maior similaridade entre a caatinga e a mata seca do Curi-
mataú, com 50% do total de espécies comuns às duas áreas. Dentre as 17
espécies herbáceas comuns a ambas, apenas três são espécies endêmicas
do bioma, sendo a maioria espécies de ampla distribuição ou ruderais.
As interferências externas têm favorecido a expansão dos extratos
arbustivo e herbáceo em substituição ao estrato arbóreo, que passou a di-
minuir gradualmente. Fragmentos dessa vegetação, antes dominante, hoje
sobressaem na paisagem como manchas pontuais. Espécimes arbóreos,
emergindo em diversos pontos, já sem formar dossel, testemunham a den-
sidade da formação original. Verifica-se, pois, que a vegetação se distribui
no Curimataú formando um gradiente decrescente de densidade e cober-
tura vegetal.
A redução da cobertura vegetal é uma realidade que também tem
sido constatada pelos pesquisadores em outras áreas do bioma Caatinga. O
desmatamento crescente, nas últimas décadas, tem sensibilizado as várias
instituições governamentais e não governamentais que envidam esforços
para transformar as áreas bem representativas da caatinga em unidades
de conservação. Ainda assim, ao que parece, se está longe de compensar

131
a acelerada degradação pelo uso inadequado dos recursos vegetais que
compõem esse bioma. Algumas espécies, inclusive as endêmicas, correm
o risco de serem inseridas na lista das já ameaçadas de extinção, entre elas
o jatobá.

5. Referências bibliográficas

ANDRADE-LIMA, D. The Caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica,


v. 4, p.149-153, 1981.
APG II. An update of the angiosperm phylogeny group classification for the
orders and families of flowering plants: APG II. Botannical Journal of the Lin-
nean Society, v.141, p. 399-436, 2003.
BRUMMITT, R.K.; POWELL, C.E. Authors of plant names. Kew: Royal Botanic
Garden. 1992.
ECORREGIÕES propostas para o bioma Caatinga. Recife: Associação Plantas
do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy
do Brasil, 2002.
EPFS. Equipe de Pedologia e Fertilidade do Solo/MA. Levantamento Explo-
ratório-Reconhecimento de Solos do Estado da Paraíba. MA/EPE-SUDENE/
DRN, Boletim Técnico 15. Rio de Janeiro. 1972.
GIULIETTI, A. M.; HARLEY R. M.; QUEIROZ, L. P.; BARBOSA, M. R. V.; BOCA-
GE NETA, A. L., de; FIGUEIREDO, M. A.. Espécies endêmicas da Caatinga. In:
SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C. F.
L. (eds.). Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nor-
deste/ Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002, p. 103-118.
IBAMA. Lista espécies ameaçadas. Disponível em: <http:www.ibama.com.
br.>. Acesso em: 22 de julho de 2004.
IUCN. The World Conservation Union. Disponível em: <http://www.iucn.org.>.
Acesso em: 2 de agosto de 2004.
LIMA, P.J.; HECKENDORFF, W.D. Climatologia. In: Governo do Estado da Pa-
raíba. Atlas Geográfico do Estado da Paraíba. Ed. Grafset, João Pessoa. p.
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

34-43, 1985.
MARTINS, F. R. Estrutura de uma flora mesófila. Campinas: Editora da UNI-
CAMP. 1991.
MELO, A.S.T.; SILVA, N.J. Solos. In: Governo do Estado da Paraíba. Atlas Geo-
gráfico do Estado da Paraíba. Ed. Grafset, João Pessoa. p. 32-33, 1985.
MOREIRA, E.R. Mesorregiões e Microrregiões da Paraíba, delimitação e ca-
racterização. GAPLAN, João Pessoa. 1988.
PINTO, L.T.M. Fundamentos da História e do desenvolvimento da Paraíba. Rio
de Janeiro: Ed. Leitura. 1973.
RODAL, M.J.N.; SAMPAIO, E.V.S.B. A vegetação do bioma Caatinga. In: SAM-
PAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA - ROJAS, C.F.L. Ve-
getação e flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste/ Centro
Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002. p. 11-24.
SHEPHERD, G.J. FITOPAC 1. Manual do usuário. Campinas: Departamento de
Morfologia e Sistemática, UNICAMP. 1995.

132
Apêndice I
Lista florística para duas localidades do Curimataú paraibano, com indicação de período de realização
da coleta, durante a seca ou chuva. Localidade A: Parque Estadual da Pedra da Boca, Araruna ( 6º27’43’’S e
35º41’21’’W); Localidade B: Fazenda Cachoeira de Capivara, Cacimba de Dentro ( 6º40’37’’S e 35º45’14’’W).

Local A Local B Amostra


Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Acanthaceae Dicliptera mucronifolia Nees x Rita Lima 1654
Justicia strobilacea (Nees)
Acanthaceae x M.F.Agra 6170
Lindau
Ruellia asperula (Mart. &
Acanthaceae x Rita Lima 1677
Nees) Lindau
Acanthaceae Ruellia geminiflora Kunth x x Rita Lima 1697
Agavaceae Agave sisalana Perrine x M.R.Barbosa
Alternanthera brasiliana (L.)
Amaranthaceae x x Rita Lima 1662
Kuntze
Blutaparon portulacoides (A.
Amaranthaceae x x Rita Lima 1684
St.-Hil.) Mears
Froelichia humboldtiana
Amaranthaceae x Rita Lima 1706
(Schult.) Seub.
Amaranthaceae Gomphrena sp. x M.C. Pessoa 9
Amaryllidaceae Amaryllis sp. x M.C. Pessoa 27
Myracrodruon urundeuva
Anacardiaceae x M.R.Barbosa
Allemão
Anacardiaceae Spondias tuberosa Arruda x Rita Lima 1756
Apocynaceae Allamanda blanchetii A. DC. x x x Rita Lima 1694
Aspidosperma pyrifolium
Apocynaceae x x M. R. Barbosa 2382
Mart.
Apocynaceae Ditassa cf. hastata Decne. x M.R.Barbosa 2844
Apocynaceae Forsteronia sp. x M.F. Agra 5635
Apocynaceae Marsdenia sp. x M.R. Barbosa 2856
Matelea maritima (Jacq.)
Apocynaceae Woodson subsp. ganglinosa X x M. R. Barbosa 2403
(Vell.) Fontella
Mandevilla tenuifolia (J.C.
Apocynaceae x Rita Lima 1716
Mikan) Woodson
Rauvolfia ligustrina Willd. ex
Apocynaceae x x M. R. Barbosa 2419
Roem. & Schult.
Araceae Anthurium affine Schott x M. R. Barbosa 2416
Araceae Anthurium sp. x M. R.Barbosa
Syagrus oleracea (Mart. )
Arecaceae x M.C. Pessoa 40
Becc.
Aristolochiaceae Aristolochia birostris Duch. x M. F. Agra 5863
Aristolochiaceae Aristolochia papillaris Mast. x Rita Lima 1664
Asteraceae Acmella uliginosa (Sw.) Cass. x Rita Lima 1773
Asteraceae Blainvillea rhomboidea Cass. x M. F. Agra 6226
Centratherum punctatum
Asteraceae x M. R. Barbosa 2410
Cass. subsp. punctatum
Porophyllum ruderale (Jacq.)
Asteraceae x M. F. Agra 6211
Cass.
Asteraceae Wedelia cf. villosa Gardner x Rita Lima 1750
Bignoniaceae Arrabidaea sp. 1 x M. R. Barbosa 2409
Bignoniaceae Arrabidaea sp. 2 x M. F. Agra 5686

133
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Pyrostegia venusta (Ker
Bignoniaceae x Rita Lima 1700
Gawl.) Miers
Bixaceae Cochlospermum sp. x M.C. Pessoa 106
Bombacaceae Pseudobombax sp. x M.F.Agra 6057
Boraginaceae Cordia globosa (Jacq.) Kunth x Rita Lima 1707
Boraginaceae Cordia multispicata Cham. x M.R.Barbosa 2843
Boraginaceae Heliotropium bahiense DC. x M. R. Barbosa 2848
Boraginaceae Heliotropium claussenii A. DC. x Rita Lima 1762
Heliotropium transalpinum
Boraginaceae x Rita Lima 1717
Vell.
Tournefortia paniculata
Boraginaceae x Rita Lima 1713
Cham.
Bromeliaceae Aechmea stelligera L.B.Sm. x Rita Lima 1722
Bromelia laciniosa Mart. ex
Bromeliaceae x Rita Lima 1721
Schult.f.
Encholirium spectabile Mart.
Bromeliaceae x M. F. Agra 6179
ex Schult. f.
Bromeliaceae Tillandsia recurvata (L.) L. x x M. R. Barbosa 2371
Bromeliaceae Tillandsia streptocarpa Baker x x M. R. Barbosa 2372
Commiphora leptophloeos
Burseraceae x x M.R.Barbosa
(Mart.) J.B.Gillett
Cactaceae Cereus jamacaru DC. x M.R.Barbosa
Cactaceae Melocactus sp. x M.C. Pessoa 59
Cactaceae Opuntia inamoena K. Schum. x x Rita Lima 1745
Opuntia palmadora Britton &
Cactaceae x M.R.Barbosa
Rose
Pilosocereus gounellei
Cactaceae (F.A.C.Weber) Byles & x M.R.Barbosa
G.D.Rowley
Pilosocereus pachycladus
Cactaceae x M.R.Barbosa
F.Ritter
Cactaceae Rhipsalis sp. x M.C. Pessoa 68
Capparaceae Capparis flexuosa (L.) L. x M.R.Barbosa
Capparis jacobinae Moric. ex
Capparaceae x Rita Lima 1739
Eichler
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

Capparaceae Cleome guianenis Aubl. x x Rita Lima 1758


Celastraceae Maytenus sp. X M.C. Pessoa 31
Chrysobalanaceae Hirtella racemosa Lam. x Rita Lima 1781
Combretaceae Combretum sp. X M.C. Pessoa 108
Commelinaceae Commelina diffusa Burm. f. x Rita Lima 1709
Commelinaceae Commelina obliqua Vahl x M. R. Barbosa 2845
Commelinaceae Commelina sp. 1 x M.R.Barbosa
Commelinaceae Commelina sp. 2 x M.R.Barbosa
Commelinaceae Dichorisandra puberula Mart. x M.F.Agra 5630
Convolvulaceae Cuscuta racemosa Mart. x Rita Lima 1791
Convolvulacea Evolvulus scoparioides Mart. x M.R.Barbosa
Convolvulacea Evolvulus ovatus Fernald x M.R.Barbosa
Convolvulaceae Ipomoea martii Meisn. x x M. R. Barbosa 2408
Convolvulaceae Ipomoea nil (L.) Roth X M. F. Agra 6183
Ipomoea asarifolia (Desr.)
Convolvulaceae X M. F. Agra 6184
Roem. & Schult.
Jacquemontia densiflora
Convolvulaceae X x x Rita Lima 1676
(Meisn.) Hallier f.
Convolvulaceae Merremia aegyptia (L.) Urb. x x M.F.Agra 6180

134
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Merremia macrocalyx (Ruiz
Convolvulaceae x M. F. Agra 6248
& Pav.) O’Donell
Cyperaceae Bulbostylis sp. x Rita Lima 1743
Cyperus aggregatus (Willd.)
Cyperaceae x M. R. Barbosa 2417
Endl.
Cyperus cf. flavus J. Presl &
Cyperaceae x M.R.Barbosa 2256
C. Presl
Ebenaceae Diospyros sp. x M. R. Barbosa 2424
Erythroxylaceae Erythroxylum sp. x Rita Lima 1724
Cnidoscolus cf. infestus Pax
Euphorbiaceae x M.F.Agra 6060
& K. Hoffm.
Euphorbiaceae Cnidoscolus urens (L.) Arthur x M. R. Barbosa 2374
Euphorbiaceae Croton sp. x Rita Lima 1718
Euphorbiaceae Croton hirtus L´Hér. x M.R.Barbosa s/n
Euphorbiaceae Croton moritibensis Baill. X x Rita Lima 1720
Croton sonderianus Müll.
Euphorbiaceae x x M.R.Barbosa
Arg.
Euphorbiaceae Croton rhamnifolius Willd. x x M.R.Barbosa
Euphorbiaceae Dalechampia scandens L. x M. F. Agra. 5861
Euphorbiaceae Euphorbia sp. x x Rita Lima 1785
Jatropha mollissima (Pohl)
Euphorbiaceae X x M.F.Agra 6195
Baill.
Euphorbiaceae Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. x M. R. Barbosa 2380
Euphorbiaceae Manihot glaziovii Müll. Arg. x Rita Lima 1710
Euphorbiaceae Manihot caricaefolia Pohl x M. R. Barbosa 2420
Phyllanthus cf. orbiculatus
Euphorbiaceae x x M.R.Barbosa 2862
Rich.
Sapium glandulatum (Vell.)
Euphorbiaceae x M. R. Barbosa 2385
Pax
Euphorbiaceae Sapium sp. x M. R. Barbosa 2421
Flacourtiaceae Prockia crucis P. Browne ex L. x M.R.Barbosa 2859
Hydrophyllaceae Hydrolea spinosa L. X Rita Lima 1658
Hypenia salzmannii (Benth.)
Lamiaceae X Rita Lima 1680
Harley
Lamiaceae Hyptis pectinata (L.) Poit. x M.F.Agra 5872
Lamiaceae Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. x M. R. Barbosa 2426
Marsypianthes chamaedrys
Lamiaceae x M. F. Agra 6164
(Vahl) Kuntze
Leguminosae Bauhinia sp. x M.R.Barbosa
Caesalpinia gardneriana
Leguminosae x M. R. Barbosa 2378
Benth.
Leguminosae Chamaecrista sp. x M.R.Barbosa
Desmodium glabrum (Mill.)
Leguminosae X Rita Lima 1661
DC.
Dioclea grandiflora Mart. ex
Leguminosae X x M. R. Barbosa 2414
Benth.
Leguminosae Hymenaea sp. x M.R.Barbosa
Luetzelburgia auriculata
Leguminosae X Rita Lima 1683
(Allemão) Ducke
Leguminosae Machaerium sp. x M.R.Barbosa
Mimosa tenuiflora (Willd.)
Leguminosae x M.R.Barbosa
Poir.
Leguminosae Mimosa sp. 1 X Rita Lima 1653
Leguminosae Mimosa sp. 2 x Rita Lima 1787

135
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Leguminosae Parkinsonia aculeata L. x M.F.Agra 6182
Piptadenia stipulacea
Leguminosae x M.R.Barbosa
(Benth.) Ducke
Leguminosae Rhynchosia minima (L.) DC. X Rita Lima 1678
Senna macranthera (DC. ex
Leguminosae X x Rita Lima 1679
Collad.) H.S. Irwin & Barneby
Senna spectabilis (DC) H.C.
Leguminosae X x M. R. Barbosa 2397
Irwin e Barneby
Leguminosae Senna sp. x M.R.Barbosa
Leguminosae Tephrosia purpurea (L.) Pers. X x Rita Lima 1685
Loasaceae Loasa rupestris Gardner x M.F.Agra 6233
Loranthaceae Struthanthus sp. X M.C. Pessoa 52
Lythraceae Cuphea sp. X x M.C. Pessoa 17
Banisteriopsis lutea (Griseb.)
Malpighiaceae X Rita Lima 1670
Cuatrec.
Galphimia brasiliensis (L.) A.
Malpighiaceae x M. R. Barbosa 2376
Juss.
Malpighiaceae Heteropteris sp. x M.F.Agra 6274
Mascagnia rigida (A. Juss.)
x M.R.Barbosa 2407
Griseb.
Malpighiaceae Stigmaphyllon sp. x Rita Lima 1714
Malpighiaceae Tetrapterys sp. x Rita Lima 1763
Malvaceae Abutilon sp. x M. F. Agra 6236
Malvaceae Gaya sp. x M.R.Barbosa
Herissantia tiubae (K.Schum.)
Malvaceae X x x Rita Lima 1659
Brizicky
Herissantia crispa (L.)
Malvaceae X x M.F.Agra 5868
Brizicky
Malvaceae Pavonia cancellata (L.) Cav. X M.F.Agra 6205
Malvaceae Sida galheirensis Ulbr. x x M. R. Barbosa 2379
Malvaceae Sida spinosa L. x M. R. Barbosa 2411
Malvaceae Sida cordifolia L. x M. F. Agra 6168
Sidastrum paniculatum (L.)
Malvaceae x Rita Lima 1663
Fryxell
Marantaceae Calathea sp. x Rita Lima 1728
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

Meliaceae Trichilia sp. x Rita Lima 1733


Molluginaceae Mollugo sp. x M.R.Barbosa
Moraceae Ficus sp. x M. R. Barbosa 2415
Moraceae Sorocea ilicifolia Miq. x M.R.Barbosa
Myrtaceae Campomanesia sp. x M.R.Barbosa 2425
Eugenia tapacumensis
Myrtaceae x Rita Lima 1732
O.Berg
Myrtaceae Eugenia sp x M.R.Barbosa 2866
Myrcia cf. sylvatica (G.Mey)
Myrtaceae x M.C.Pessoa 5
DC.
Myrtaceae Myrcia sp. x M.R.Barbosa 2850
Nyctaginaceae Boerhavia hirsuta Jacq. x x M.F.Agra 6055
Nyctaginaceae Guapira laxa (Netto) Furlan x M.C.Pessoa 60
Onagraceae Ludwigia sp. x Rita Lima 1749
Oxalidaceae Oxalis sp. x x Rita Lima 1730
Orchidaceae Orchidaceae 1 x M.R.Barbosa 2855
Orchidaceae Orchidaceae 2 x M. F.Agra 5647
Papaveraceae Argemone mexicana L. x Rita Lima 1793
Passifloraceae Passiflora foetida L. x M.F. Agra

136
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Passifloraceae Passiflora cf. cincinnata Mast. x M.R.Barbosa 2852
Phytolaccaceae Microtea paniculata Moq. x Rita Lima 1704
Phytolaccaceae Rivina humilis L. x Rita Lima 1765
Plumbaginaceae Plumbago scandens L. x x Rita Lima 1656
Poaceae Pappophorum sp. x Rita Lima 1738
Rhynchelytrum repens
Poaceae x M. R. Barbosa 2423
(Willd.) C. E. Hubb.
Poaceae Poaceae 1 x M.R.Barbosa 2861
Polygalaceae Polygala violaceae Aubl. x x Rita Lima 1760
Polygonaceae Triplaris sp. x M.R.Barbosa
Portulacaceae Portulaca sp. x Rita Lima 1742
Portulacaceae Portulaca pilosa L. x x M. R. Barbosa 2383
Portulacaceae Talinum patens (L.) Willd. x M.R.Barbosa 2869
Talinum cf. racemosum (L.)
Portulacaceae x M.R.Barbosa 2858
Rohrb.
Gouania colurnaefolia
Rhamnaceae x Rita Lima 1690
Reissek
Rhamnaceae Ziziphus cotinifolia Reissek x M.R.Barbosa
Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. x M. R. Barbosa 2384
Rhamnaceae Ziziphus platyphylla Reissek x M.C.Pessoa 30
Rhamnaceae Rhamnidium molle Reissek x M.R.Barbosa
Rubiaceae Alibertia sp. x M.C.Pessoa 67
Borreria verticillata (L.) G.
Rubiaceae x Rita Lima 1790
Mey
Rubiaceae Chiococca alba (L.) Hitchc. x Rita Lima 1735
Diodia apiculata (Willd. ex
Rubiaceae x M.R.Barbosa
Roem. & Schult.) K.Schum.
Rubiaceae Guettarda platypoda DC. x x Rita Lima 1687
Rubiaceae Leptoscela ruelloides Hook. f. x x Rita Lima 1688
Rubiaceae Randia nitida (Kunth) DC. x M.R.Barbosa
Rubiaceae Richardia brasiliensis Gomes x M.R.Barbosa
Allophylus cf. laevigatus
Sapindaceae x M.R.Barbosa 2863
Radlk.
Sapindaceae Cardiospermum corindum L. x x x M.R.Barbosa 2386
Sapindaceae Serjania glabrata Kunth x Rita Lima 1675
Talisia esculenta (A. St.-Hil)
Sapindaceae x M.R.Barbosa 2847
Radlk.
Sapindaceae Urvillea sp. x M.F. Agra 6232
Schizaeaceae Anemia sp. x M.R.Barbosa 2848
Scrophulariaceae Scoparia dulcis L. x x M.F.Agra 5682
Scrophulariaceae Stemodia maritima L. x x Rita Lima 1657
Stemodia pratensis (Aubl.)
Scrophulariaceae x x Rita Lima 1792
C.P. Cowan
Simaroubaceae Simaba ferruginea A. St.-Hil. x M.R.Barbosa
Smilacaceae Smilax sp. x Rita Lima 1778
Solanaceae Nicotiana glauca Graham x Rita Lima 1695
Solanaceae Physalis angulata L. x M.F.Agra 6188
Solanaceae Solanum paniculatum L. x M.F.Agra 6153
Solanum rhytidoandrum
Solanaceae x x M. R. Barbosa 2404
Sendtn.
Solanaceae Solanum sp. x x M.F.Agra 6173
Sterculiaceae Helicteres baruensis Jacq. x M.C. Pessoa 82
Sterculiaceae Helicteres sp. x Rita Lima 1727

137
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Sterculiaceae Melochia pyramidata L. x x R. Lima 1667
Sterculiaceae Sterculia sp. x M.R.Barbosa
Sterculiaceae Waltheria indica L. x Rita Lima 1668
Sterculiaceae Walteria americana L. x M.F.Agra 6162
Tiliaceae Triumfetta sp. x Rita Lima 1674
Turneraceae Turnera sp. x x Rita Lima 1696
Typhaceae Typha domingensis Pers. x Rita Lima 1686
Ulmaceae Celtis sp. x M.R.Barbosa 2422
Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume x Rita Lima 1784
Verbenaceae Lantana camara L. x Rita Lima 1665
Verbenaceae Lantana canescens Kunth x M.F.Agra 5854
Verbenaceae Lippia sp. x M. R. Barbosa 2390
Stachytarpheta elatior
Verbenaceae x M.F.Agra 6207
Schrad. ex Schult.
Verbenaceae Vitex gardneriana Schauer x M. R. Barbosa 2418
Viscaceae Phoradendron sp. x M.C. Pessoa 42
Cissus simsiana Schult. &
Vitaceae x x Rita Lima 1711
Schult. f.
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba

138
3.3
Vegetação e flora
fanerogâmica da área de
Betânia, Pernambuco

Maria Jesus Nogueira Rodal

Ana Carolina Borges Lins e Silva

Luciana Maranhão Pessoa

Airton de Deus Cysneiros Cavalcanti


Resumo

Em quatro fitofisionomias de caatinga no médio Vale do Pajeú, Pernam-


buco, em 80 pontos quadrantes e 80 parcelas de 1x1m (fitosionomias Açudi-
nho e Cavalo Morto - Betânia, 500 m de altitude; fitofisionomias Estrada e Rio
- Floresta, 350 m de altitude), foram amostradas 118 espécies da flora fanero-
gâmica. Foram amostrados 21 taxa arbóreos, 12 arbustivos, 14 subarbustivos
e 7 suculentos e 64 ervas, sendo 45 terófitos, 21 microfanerófitos, 21 caméfi-
tos, 19 hemicriptófitos, 10 nanofanerófitos e 2 criptófitos (do tipo geófitos). En-
tre as 54 espécies lenhosas (árvores e arbustos) / sublenhosas (subarbustos)/
suculentas, ocorreram 21 espécies endêmicas, enquanto nas 64 herbáceas,
apenas quatro. As espécies mais importantes por hábito foram árvores - Cae-
salpinia gardneriana, arbusto - Croton rhamnifolioides e Cordia leucocephala,
subarbusto - Neoglaziovia variegata e suculenta - Pilosocereus pachycladus
e Opuntia palmadora. A espécie herbácea de maior freqüência (53%) no con-
junto das quatro fitofisionomias pertence à família Poaceae. Com relação à
riqueza e abundância, as fitofisionomias de Betânia foram mais diversas nos
componentes lenhoso, sublenhoso e suculento e as fitofisionomias de Floresta
foram mais diversas no componente herbáceo.

1. Introdução

O estado de Pernambuco apresenta uma área de 98.281 km², com maior


extensão no sentido Leste-Oeste, onde as maiores variações de vegetação
se fazem presentes. Aproximadamente 85% do território ocorre no domínio
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

florístico-vegetacional da Caatinga, o qual engloba várias formações vege-


tacionais como as florestas serranas (brejos de altitude), parte das florestas
secas e a caatinga, ficando o restante do espaço estadual ocupado pelo cha-
mado domínio da Floresta Atlântica (florestas úmidas, parte das florestas
secas, restingas, mangues).
Os primeiros termos usados para referir-se aos tipos de vegetação de
Pernambuco, tais como mata úmida, mata serrana e caatinga, não se basea-
vam na sua composição florística, mas principalmente no aspecto visual da
paisagem, isto é, na sua fisionomia. Vasconcelos-Sobrinho (1949) propôs um
sistema de classificação para a paisagem usando características climáticas
(temperatura, precipitação), solo, relevo e geologia, dando nome, principal-
mente, a partir das formações vegetacionais mais características de cada
ambiente.
Apesar de poucos, os levantamentos florísticos e fitossociológicos
já realizados em áreas de caatinga (stricto sensu) em Pernambuco permi-
tiram importantes avanços no conhecimento da composição florística e
organização comunitária da vegetação, informações que, segundo Rodal
(1992), podem ser utilizadas no planejamento da distribuição das unida-
des de conservação.
Muito se tem dito a respeito da impossibilidade de enquadrar a caa-
tinga nordestina em um sistema de classificação de vegetação, em função

140
de sua heterogeneidade fisionômica (RIZZINI, 1997). Por outro lado, quanto
à classificação florística, diversos autores têm apontado a homogeneidade
florística da caatinga (RIZZINI, 1997). Em oposição a essa idéia, estudos mais
recentes têm mostrado que, apesar da baixa riqueza florística por unidade de
área, no seu conjunto, a flora da caatinga (stricto sensu) é bastante diversifi-
cada, em função da variação ambiental (RODAL, 1983; RODAL, 1992). Como
exemplo, podemos citar a caatinga de Pernambuco, onde Rodal (1992) defi-
niu três conjuntos florísticos bastante variados, explicados basicamente em
função da maior ou menor disponibilidade hídrica, substrato e proximidade
geográfica.
Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar as características fisio-
nômicas, florísticas e estruturais presentes em quatro pontos próximos de
uma mesma unidade morfopedológica, a depressão sertaneja do complexo
cristalino, e em altitudes e clima similares.

2. Material e métodos

A. Descrição das áreas de estudo


O estudo foi realizado na depressão sertaneja da região do médio vale
do Pajeú, Pernambuco, com clima BSh’w (Köppen) (CONDEPE, 2000). O ma-
peamento da cobertura vegetal daquela região foi realizado com base em
imagens de satélite LANDSAT, identificando quatro fitofisionomias de vege-
tação não florestal estacional arbórea/arbustiva decídua espinhosa (caatinga
stricto sensu, ver capítulo 2). Em cada fitofisionomia (Figura 1), foi seleciona-
do um sítio na área core, após reconhecimento de campo.
As duas primeiras fitofisionomias estão situadas na Reserva Particu-
lar do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas, fazenda Rabeca (IBAMA,
2004), entre os municípios de Betânia e Floresta. As demais fitofisionomias
localizam-se na RPPN Cantidiano Valgueiro, na fazenda Tabuleiro Comprido,
no município de Floresta.
Na RPPN Maurício Dantas, o clima apresenta-se durante 11 meses com
deficiência hídrica, precipitação média anual de 511 mm e temperatura média
anual de 25ºC (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2003). Os terrenos têm litolo-
gia predominantemente composta por rochas pré-cambrianas, com altitudes
em torno de 500 m a.n.m. Os solos predominantes são uma associação de
planossolos, solonetz solodizados, solos litólicos eutróficos, regossolos eu-
tróficos e distróficos e brunos não cálcicos (EMBRAPA, 2003).

A. Açudinho B. Cavalo Morto C. Estrada D. Rio

Perfil das fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta
Figura 1.
(Estrada e Rio), Pernambuco. (Fotos M. J. N. Rodal)

141
O clima na área da RPPN Cantidiano Valgueiro apresenta-se durante 12
meses com deficiência hídrica, precipitação média anual de 460 mm e tempe-
ratura média anual de 26ºC (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2003). Os terre-
nos têm litologia predominantemente composta por rochas pré-cambrianas
e altitudes em torno de 350 m a.n.m. Os solos predominantes são formados
por uma associação de brunos não cálcicos, solos litólicos eutróficos, planos-
solos e solonetz solodizados (EMBRAPA, 2003).

B. Metodologia

1. Componente lenhoso, sublenhoso e suculento


Para coleta de informações a respeito da estrutura florística de ár-
vores, arbustos, subarbustos e suculentos em cada fitofisionomia, foi em-
pregado o método do ponto quadrante (MARTINS, 1991). Foram conside-
radas árvores as plantas lenhosas com diâmetro do caule ao nível do solo
(DNS) maior ou igual a 3 cm e tronco indiviso até 30 cm ou ramificado
desde a base, contanto que com copa definida e altura total maior ou
igual a 1m. Os arbustos foram definidos como plantas lenhosas com caule
ramificado desde a base, sem copa definida e ramos secundários lenho-
sos. O conceito de subarbusto foi aplicado às plantas ramificadas desde
a base, eretas, com ramos secundários verdes, incluindo as bromeliáceas
terrestres. Indivíduos espinhosos, sem folhas e crassos foram definidos
como suculentos.
Em cada sítio, foram estabelecidas duas transeções paralelas de
100 m, distanciadas 20 m entre si. Em cada transeção, foram instalados
10 pontos quadrantes, distanciados por 10 m. As transeções no Açudinho
estavam a 513 m de altitude nas coordenadas 08º18’32,2”S e 38º12’0,7”W,
em direção Sudoeste-240ºN; no Cavalo Morto, a 534 m de altitude e coor-
denadas 8º17’21,3”S e 38º12’21,9”W, Sudeste-130ºN; em Estrada, a 371 m
de altitude e coordenadas 8º28’33,1”S e 38º28’49,3”W, Noroeste-280ºN;
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

e no Rio, a 357 m de altitude e coordenadas 8º26’56”S e 38º30’55,7”W,


Sudoeste-220ºN.
Para cada um dos quatro hábitos estudados, foram amostrados
quatro indivíduos em cada ponto, totalizando 16 plantas por ponto, ob-
tendo-se as seguintes medidas: distância ponto-planta, altura total, co-
bertura da copa (duas medidas cruzadas, assumindo formato de elipse,
exceto para as suculentas) e perímetro do caule no nível do solo. Com
base nessas medidas e usando as planilhas do MS Excel e o pacote FITO-
PAC (SHEPHERD, 1995), foram calculados os parâmetros fitossociológi-
cos para espécies e famílias, os quais permitiram caracterizar e comparar
as fitofisionomias.
A riqueza e diversidade em cada fitofisionomia foi calculada em
termos de riqueza taxonômica (WHITTAKER) e índices de diversidade
como Simpson e Shannon (número de indivíduos por espécie), além dos
ajustes aos modelos de distribuição de abundância (MAGURRAN, 1989;
MARTINS; SANTOS, 1999).

2. Componente herbáceo
Para a coleta dos dados do componente herbáceo, foi instalada
uma parcela de 1x 1m em cada ponto utilizado no levantamento dos com-
ponentes lenhoso, sublenhoso, e suculento, sendo esta subdividida em

142
subparcelas de 10x10 cm, totalizando 100 subparcelas. No total, foram
implantadas 20 parcelas por fitofisionomia, onde foram amostradas plan-
tas herbáceas, isto é, indivíduos não lignificados ou apenas lignificados
de maneira que tenham consistência suave em todos os órgãos, tanto
subterrâneos como aéreos (FONT QUER, 1985). No campo, foi possível
distinguir plântulas de espécies lenhosas das espécies herbáceas. Em
cada subparcela, foram coletados dados de amostras botânicas e ocor-
rência de espécies, plântulas, rocha e solo desnudo, este definido pela
ausência de cobertura vegetal ou rocha por subparcela.
Foi calculada a freqüência absoluta (MATTEUCCI; COLMA, 1982)
para as espécies, plântulas, rocha e solo nas diferentes fitofisionomias e
por parcela.
A diversidade das herbáceas foi calculada em termos de índices de
diversidade como Simpson e Shannon, empregando como medida de
abundância da espécie sua presença em cada uma das 2000 subparce-
las por fitofisionomia, além dos ajustes aos modelos de distribuição de
abundância (MAGURRAN, 1989; MARTINS; SANTOS, 1999).

C. Obtenção e identificação de material botânico, espectro biológico e


distribuição geográfica

O material botânico foi coletado no período chuvoso, entre 25 e 30


de março de 2003, para dados quantitativos e qualitativos, tendo ocor-
rido coletas também no período seco, de 28 a 30 de setembro de 2003,
complementando os dados qualitativos. Esse material foi identificado se-
guindo os procedimentos usuais (MORI et al., 1989). Para identificação
das espécies endêmicas, foi analisada a lista florística de Giullieti et al.
(2002) e diferentes tratamentos taxonômicos disponíveis. Com relação
à distribuição geográfica, foram consultadas as bases de dados do New
York Botanical Garden (2004) e do Missouri Botanical Garden (2004) e a
lista de endêmicas de Giulietti et al. (2002).
A presença de espécies ameaçadas foi verificada através de consulta
da lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA,
2004) e da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2004).
A forma de vida de todas as espécies nos diferentes hábitos foi de-
terminada com base nas observações das gemas de crescimento e defini-
das segundo a classificação de RAUNKIAER, sendo testadas as diferenças
entre as proporções observadas de formas de vida (espectro biológico)
em cada fitofisionomia com o espectro normal (RAUNKIAER, 1934) atra-
vés do teste qui-quadrado (MAGURRAN, 1989).

D. Análise da similaridade entre as fitofisionomias

As relações de similaridade entre as fitofisionomias com base nos


diferentes hábitos foram avaliadas empregando matrizes de presença e
ausência (todos os hábitos) e de densidade de indivíduos por espécie
(plantas não herbáceas) no pacote FITOPAC (SHEPHERD, 1995). Adicio-
nalmente, foi realizada a análise de espécies indicadoras (HILL, 1979)
para os dados de herbáceas.

143
3. Resultados e discussão

A. Composição florística nas fitofisionomias

Nas quatro fitofisionomias, foram amostradas 21 espécies arbóreas


(dez famílias), 12 arbustivas (seis famílias), 14 subarbustivas (nove famílias)
e 7 suculentas (uma família), totalizando 54 espécies. Nos 80 m², ocorreram
64 espécies herbáceas em 27 famílias (Apêndice I). Das 118 espécies, 45
são terófitos, 21 microfanerófitos, 21 caméfitos, 19 hemicriptófitos, dez na-
nofanerófitas, e duas criptófitos do tipo geófito. Esses resultados indicam
a importância de plantas anuais (terófitos) e fanerófitos (nanofanerófitos e
microfanerófitas) na caatinga. Dos taxa amostrados, apenas Myracrodruon
urundeuva (Anacardiaceae) consta nas listas do IBAMA e do IUCN, na cate-
goria vulnerável (IBAMA 2004; IUCN, 2004).

1. Componentes lenhoso, sublenhoso e suculento


A Tabela 1 mostra que o número de espécies arbóreas variou de
sete (Estrada) a 12 (Açudinho), enquanto o de arbustivas de 4 (Rio) a
8 (Cavalo Morto). Com relação às espécies subarbustivas, os números
oscilaram entre 5 (Estrada e Rio) e 9 (Cavalo Morto) e o de espécies sucu-
lentas de 4 (Estrada e Rio) a 6 (Cavalo Morto).
As fitofisionomias Açudinho e Cavalo Morto apresentaram maior
riqueza de espécies em termos de árvores e arbustos (lenhosas). Com re-
lação aos demais hábitos (subarbustos e suculentas), não houve grande
variação, exceto pela área do Cavalo Morto, onde os subarbustos se des-
tacaram. As fitofisionomias da área de Betânia tiveram maior riqueza de
espécies, concentrada nos hábitos arbóreo e arbustivo, e as de Floresta,
menor riqueza geral. Tais resultados indicam que as espécies arbóreas,
em geral de pequeno porte, e arbustivas representam o componente com
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

maior riqueza de espécies das quatro áreas.


Cerca de 67, 62 e 70% das famílias de árvores, arbustos e subarbus-
tos ocorreram com apenas uma espécie, respectivamente (Apêndice I).
Esse comportamento é similar ao registrado por Figueirêdo et al. (2000)
e por Alcoforado-Filho et al. (2003), em áreas de caatinga das regiões do
sertão e do agreste de Pernambuco, respectivamente.

Tabela 1. Número de famílias e espécies por fitofisionomia, situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo
Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco. NT = número de taxa e AA = área amostral em hectare.
Cavalo
Categoria Açudinho Estrada Rio Total
Hábito Morto
taxonômica
NT AA NT AA NT AA NT AA NT AA
Espécies 12 11 7 10 21
Arbóreo 0,058 0,069 0,053 0,147 0,312
Famílias 6 7 5 6 10
Espécies 7 8 6 4 12
Arbustivo 0,033 0,018 0,053 2,204 1,029
Famílias 5 6 4 4 6
Espécies 6 9 5 5 14
Subarbustivo 0,002 0,004 0,002 0,031 0,028
Famílias 5 6 4 4 9
Espécies 5 6 4 4 7
Suculento 0,065 0,123 0,263 0,157 0,572
Famílias 1 1 1 1 1

144
Tabela 2. Famílias com maior proporção de espécies (%) nos diferentes hábitos por fitofisionomia, situadas nos municípios de
Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Hábito Famílias Acudinho Cavalo Morto Estrada Rio Total
Arbóreo Mimosaceae 31 25 13 18 24
Euphorbiaceae 31 17 38 18 24
Caesalpiniaceae 08 17 13 27 19
Arbustivo Euphorbiaceae 43 38 33 25 31
Sterculiaceae - 13 33 25 23
Verbenaceae 14 13 17 25 15
Subarbustivo Malvaceae 33 30 40 40 21
Convolvulaceae - 20 - - 14
Euphorbiaceae - 10 20 20 14
Suculento Cactaceae 100 100 100 100 100
Euphorbiaceae 19 25 16 10 37
Herbáceo Poaceae 39 16 16 21 47

A Tabela 2 mostra as famílias com maior riqueza de espécies nos


diferentes hábitos das quatro fisionomias. Mimosaceae, Euphorbiaceae
e Caesalpiniaceae respondem por 67% do número de espécies arbóre-
as; Euphorbiaceae, Sterculiaceae e Verbenaceae por 69% das arbustivas;
Malvaceae, Convolvulaceae e Euphorbiaceae por 50% das subarbustivas
e Cactaceae por 100% das suculentas. Vale a pena destacar que, com ex-
ceção das suculentas, as famílias com maior riqueza foram distintas nas
diferentes fitofisionomias. Entretanto, Euphorbiaceae esteve entre as
famílias com maior riqueza, o que também ocorre em outros trabalhos
(ARAÚJO et al., 1995; FIGUEIREDO et al., 2000; ALCOFORADO-FILHO et
al., 2003). Considerando a família Leguminosae (sensu Engler), esta pas-
saria a ser a família mais rica entre as árvores, semelhante ao observado
por Rodal (1992), em caatinga do cristalino, e por Lemos e Rodal (2002),
em caatinga de área sedimentare.

2. Componente herbáceo
A Tabela 3 mostra que em termos do número total de espécies por
fitofisionomia, não houve diferença entre as quatro áreas (29 - Rio a 32
- Cavalo Morto e Estrada). O mesmo ocorreu com o número de famílias,
que variou de 14 (Açudinho) a 19 (Estrada).
As famílias de maior riqueza de espécies no conjunto das quatro
fitofisionomias foram Poaceae e Euphorbiaceae, respondendo por cerca
de 83% do total de espécies. Euphorbiaceae apresentou maior número
de espécies no Açudinho e Cavalo Morto, enquanto Poaceae teve maior
riqueza no Açudinho e Rio (Tabela 3).
Araújo et al. (2002) citaram 354 espécies herbáceas em 18 municí-
pios situados na caatinga pernambucana e observam que Poaceae, Aste-

Tabela 3. Número de espécies e famílias herbáceas por fitofisionomia, situadas nos


municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio),
Pernambuco.
Cavalo
Categoria taxonômica Açudinho Estrada Rio Total
Morto
Espécies 31,0 32,0 32,0 29,0 60,0
Famílias 14,0 16,0 19,0 18,0 28,0
Proporção de famílias com
42,8 39,3 46,4 42,8 53,6
uma espécie (%)

145
raceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Convolvulaceae e Malvaceae respondem
por 51% do total de espécies. Dentre os 15 trabalhos levantados, cinco cita-
ram Poaceae como a família de maior riqueza (RODAL, 1984; SANTOS, 1987;
FIGUEIRÊDO et al., 2000; ARAÚJO et al., 2002; PESSOA et al., enviado), três,
Euphorbiaceae (COSTA, 2001; COSTA, 2002; FEITOZA, 2004), três, Asteraceae
(MEDEIROS, 1995; GADELHA-NETO, 2000; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003)
e dois, Malvaceae (SILVA, 2003; REIS, 2004).
Merece destaque o fato de alguns autores listarem Malvaceae como
uma das mais importantes em riqueza de espécies no componente herbáceo
da caatinga. As observações de campo mostram que, em geral, os represen-
tantes dessa família apresentam até quase a metade do caule lignificado.
Segundo Font Quer (1985), essas características se enquadrariam melhor na
categoria de subarbusto do que na de erva, uma vez que a conceituação de
herbáceas inclui indivíduos pouco ou não lignificados.
Os resultados das áreas de estudo e das revisões dos levantamentos
em áreas de caatinga indicam que Leguminosae (sensu ENGLER) é a família
mais rica dentre as árvores. Todavia, nos diferentes hábitos, exceto suculen-
tas, Euphorbiaceae destaca-se como a família com maior diversidade de há-
bitos e riqueza de espécies.

B. Distribuição geográfica das espécies

A respeito da origem e distribuição geográfica de espécies de ambien-


tes com marcada estacionalidade climática presentes na caatinga, no cerrado
e florestas estacionais neotropicais, Pennington et al. (aceito) observaram a
existência de uma antiga e hoje fragmentada unidade biogeográfica, as flo-
restas estacionais neotropicais. Para esses autores, a existência de ligações
florísticas entre áreas hoje bastante separadas sugere que elas são, na reali-
dade, fragmentos de uma formação florestal maior e mais antiga. Os autores
argumentam que as condições mais secas do Pleistoceno, coincidindo com
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

períodos glaciais, teriam favorecido a expansão de florestas secas sobre as


florestas úmidas.
Com relação às espécies lenhosas (árvores e arbustos), sublenhosas e
suculentas, 11 apresentaram ampla distribuição (América do Norte, Central
e Sul ou em outros continentes), 12 ocorreram no centro-sul da América do
Sul e 21 foram endêmicas: Cordia leucocephala (Boraginaceae), Neoglaziovia
variegata (Bromeliaceae), Arrojadoa rhodantha, Melocactus oreas, Opuntia
inamoena, O. palmadora, Pilosocereus gounellei, P. pachycladus (Cactace-
ae), Caesalpinia gardneriana, C. microphylla (Caesalpiniaceae), Cnidoscolus
bahianus, C. quercifolius, Croton rhamnifolioides, C. sonderianus, Jatropha
mollissima, J. ribifolia (Euphorbiaceae), Erythroxylum pungens (Erytroxyla-
ceae), Mimosa ophthalmocentra (Mimosaceae) e Helicteres mollis (Stercu-
liaceae) (Apêndice I).
Nas espécies endêmicas listadas por Giulietti et al. (2002), vale a pena
destacar a ausência das seguintes espécies exclusivas do bioma Caatinga:
Cnidoscolus bahianus, C. quercifolius, Croton rhamnifolioides e C. sonde-
rianus (Euphorbiaceae) e Erythroxylum pungens (Erytroxylaceae). Além dis-
so, os autores citam Aspidosperma pyrifolium (Apocynaceae), Commiphora
leptophloeos (Burseraceae) e Cereus jamacaru (Cactaceae) como endêmicas,
embora sejam taxa presentes em outras áreas do território brasileiro (SILVA;
SCARIOT, 2003) ou em outros países da América do Sul (CLAPS; HARO, 2001;

146
GUILLEN et al., 2002). Apesar disso, essa lista é de grande importância, pois
pela primeira vez há uma síntese do conhecimento da distribuição de taxa do
bioma Caatinga.
A maioria das herbáceas (26) tem ampla distribuição, isto é, aparecem
desde a América do Norte, passando pela Central e do Sul até outros con-
tinentes. Três aparecem na mesoamérica e centro-norte da América do Sul
(México ao norte da América do Sul); cinco ocorrem no centro-sul da América
do Sul e cinco herbáceas são endêmicas: Angelonia cornigera (Scrophula-
riaceae), Oxalis glaucescens (Oxalidaceae), Paspalum scutatum (Poaceae),
Phyllanthus heteradenius (Euphorbiaceae) e Hyptis leucocephala (Lamiace-
ae). Dessas, apenas A. cornigera e H. leucocephala foram citadas por Giulietti
et al. (2002) na lista de espécies endêmicas da caatinga.
É possível que o reduzido número de endêmicas entre as ervas se deva
a duas questões. A primeira refere-se ao fato de que a flora herbácea, como
um todo, é composta de espécies de ampla distribuição, muitas das quais
ruderais, como Ageratum conyzoides e Centraterum puncutatum (Asterace-
ae), Croton lobatus e Chamaesyce hyssopifolia (Euphorbiaceae), Eragrostis
pilosa (Poaceae), entre outras (KISSMANN,1991; LORENZI, 1991; KISSMANN;
GROTH, 1992). A segunda diz respeito à falta de revisões taxonômicas de
grupos importantes da caatinga.

C. Fitossociologia das fitofisionomias

Os levantamentos botânicos na vegetação de caatinga stricto sensu


mostram um foco no componente lenhoso (árvores e arbustos), empregan-
do uma grande variedade de critérios de inclusão e de superfície amostral.
Foram levantados 22 trabalhos com estudos quantitativos que englobam
aquele componente. Dos quinze levantamentos englobando o componente
herbáceo, apenas quatro realizaram levantamentos quantitativos.

1. Componente lenhoso, sublenhoso e suculento


O grau de cobertura, a altura média e a densidade foram bastante va-
riáveis (Tabela 4). Como é de se esperar, o componente arbóreo teve o maior
grau de cobertura entre as fitofisionomias, variando de 142,9% (Açudinho)
a 24,98% (Rio). No Açudinho e Cavalo Morto, os componentes arbóreo e ar-
bustivo destacaram-se dos demais, enquanto na Estrada e Rio o arbóreo e
subarbustivo foram os mais conspícuos (Tabela 4).
No Açudinho e Cavalo Morto (Tabela 4), percebe-se uma relação
inversa do grau de cobertura e densidade dos componentes arbóreo e ar-
bustivo, isto é, quando o grau de cobertura do componente arbóreo dimi-

Tabela 4. Cobertura de copa em % de área de solo, altura média em metros, e densidade média de indivíduos por hectare, em
fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Fito = fitofisionomia; Arv = Árvore; Arb = Arbusto; Sub = Subarbusto; Suc = Suculenta; C. = Cavalo.
Fito. Cobertura Altura média Densidade média
Arv Arb Sub Arv Arb Sub Suc Arv Arb Sub Suc
Açudinho 142,9 43,02 13,84 4,00 1,33 0,52 0,61 1380 2437,50 34250 1240,0
C. Morto 93,97 67,13 9,32 3,59 1,10 0,40 0,84 1160 4480,67 22122 652,6
Estrada 85,77 6,93 25,72 2,65 1,07 0,59 0,67 1505 1514,11 32234 304,1
Rio 24,98 0,36 2,81 2,12 1,43 0,44 0,48 544 36,30 2545 510,2

147
nuiu, houve um aumento do grau de cobertura do arbustivo, basicamente
em função da densidade e não da área de copa dos arbustos. Em Estrada,
o grau de cobertura dos subarbustos foi superior ao dos arbustos. Esse
fato se deve muito mais à maior densidade dos subarbustos do que a sua
área de copa. Apesar de os arbustos, em geral, apresentarem maior área
de copa, na área Rio, os subarbustos tiveram maior grau de cobertura,
basicamente em função da baixíssima densidade dos arbustos. Das qua-
tro áreas, a fitofisionomia Rio foi a mais diferenciada, em função de seu
menor grau de cobertura e de sua baixa densidade nos diferentes hábi-
tos, exceto para suculentas (Tabela 4).
Os dados de fisionomia acima apresentados mostram dois padrões
definidos basicamente pela densidade, altura e grau de cobertura de árvo-
res e arbustos, evidenciando a importância desses hábitos na definição de
padrões fisionômicos na Caatinga. Um extremo seria representado pela área
do Açudinho e o outro pela área do Rio, sendo as outras áreas separadas pela
maior (Cavalo Morto) e menor (Estrada) densidade de arbustos.
Todas as fitofisionomias apresentaram altura média de árvores me-
nor ou igual a quatro metros, indicando o baixo porte da vegetação. Re-
sultados similares também foram observados por Figuêiredo et al. (2000)
e Lemos e Rodal (2002). De um modo geral, as áreas de caatinga apre-
sentam vegetação de baixo porte, especialmente quando comparadas às
formações florestais estacionais (FERRAZ et al., 2003) e ombrófilas (TA-
VARES et al., 2000) contíguas à caatinga. As diferenças entre as quatro
fitofisionomias também ocorrem em função das diferentes proporções
de cobertura de árvores.
De acordo com a revisão apresentada por Sampaio (1996), a porcenta-
gem de indivíduos mortos no Rio (2,5%) pode ser considerada baixa e alta
nas demais fitofisionomias, variando de 7,5% (Açudinho) a 15% (Estrada).
Das espécies arbóreas, Caesalpinia gardneriana (Caesalpiniaceae) este-
ve presente em todas as fitofisionomias, sendo também a espécie de maior va-
lor de importância (VI) (Tabela 5). Os indivíduos mortos também apresentaram
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

elevado VI, ocupando a segunda posição nas fitofisionomias Açudinho, Cavalo


Morto e Estrada. O número de indivíduos mortos não parece estar relacionado
à antropização, visto que na área mais perturbada os indivíduos mortos não
apresentaram elevada importância. Cnidoscolus bahianus (Euphorbiaceae) e
Commiphora leptophloeos (Burseraceae) foram exclusivas do Açudinho e Ca-
valo Morto, onde tiveram elevado VI. Aspidosperma pyrifolium (Apocynace-
ae), presente em todas as áreas, apresentou VI intermediário.
Croton rhamnifolioides (Euphorbiaceae) foi a espécie de maior VI entre
os arbustos no Açudinho, enquanto Cordia leucocephala (Boraginaceae) e
Lippia sp. (Verbenaceae) destacaram-se nas demais áreas (Tabela 5).
O componente subarbustivo foi bastante distinto entre as quatro fito-
fisionomias. Neoglaziovia variegata (Bromeliaceae) foi a espécie mais im-
portante no Açudinho, enquanto Sida galheirensis (Malvaceae) e Croton rha-
mnifolius (Euphorbiaceae) destacaram-se nas fitofisionomias Estrada e Rio,
respectivamente. Diferentemente das outras áreas, a área do Cavalo Morto
não apresentou uma única espécie estruturalmente mais importante que as
outras. S. galheirensis pode ser considerada a espécie mais representativa
desse componente por ocorrer em todas as fitofisionomias, com alta impor-
tância estrutural (Tabela 5).
Das suculentas, Opuntia palmadora (Cactaceae) foi a mais importante
nas áreas do Açudinho e Estrada, enquanto Pilosocereus pachycladus (Cacta-

148
Tabela 5. Espécies com maior valor de importância (VI) em fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho
e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
VI
Hábito Espécies Cavalo
Açudinho Estrada Rio Total
Morto
Caesalpinia gardneriana 83,1 101,0 132,1 124,2 105,6
Morta 45,4 53,9 54,7 11,8 43,6
Arbóreo Cnidoscolus bahianus 43,6 - - - 11,0
Commiphora leptophloeos - 41,8 - - 17,8
Aspidosperma pyrifolium 13,4 10,5 55,5 102,9 41,2
Croton rhamnifolioides 158,0 56,3 57,0 - 89,9
Ditaxis sp. 57,4 - 4,3 - 16,0
Croton sonderianus 42,4 5,3 - 5,7 17,3
Arbustivo Cordia leucocephala 9,2 155,0 193,0 32,4 82,4
Jatropha ribifolia - 56,1 - - 11,1
Lippia sp. 5,8 - 19,0 171,9 42,8
Melochia tomentosa - - 19,1 90,0 25,2
Neoglaziovia variegata 222,1 67,8 27,4 - 92,0
Herissantia tiubae 27,5 80,6 44,1 57,8 57,6
Sida galheirensis 21,5 57,5 155,6 26,5 32,2
Subarbustivo Jacquemontia sp.1 - 23,3 - - 10,5
Jacquemontia sp.2 - 22,5 - - 1,6
Croton rhamnifolius - 58,5 140,5 52,4
Waltheria sp. 4,4 - 14,5 71,3 24,4
Opuntia palmadora 119,8 69,6 157,7 - 74,9
Arrojadoa rhodantha 125,7 29,1 - - 31,7
Suculento Pilosocereus pachycladus - 131,0 - - 78,6
Melocactus oreas 4,8 - 134,0 11,7 36,4
Pilosocereus gounellei - 24,7 4,1 196,6 34,9

ceae) destacou-se no Cavalo Morto e Pilosocereus gounellei (Cactaceae) no


Rio. Embora ausente na área do Rio, O. palmadora foi estruturalmente impor-
tante nas demais áreas, destacando-se no Cavalo Morto (Tabela 5).
O componente arbóreo das áreas do município de Floresta (Estrada e
Rio) apresenta menor número de espécies estruturalmente importantes. Em
termos do componente subarbustivo, a área do Cavalo Morto teve um maior
número de espécies, enquanto para o arbustivo não houve grande diferença
entre as fitofisionomias (Tabela 5).
A análise de agrupamento com base na presença e ausência das espé-
cies (Figura 2) indica que, de um modo geral, as áreas de Betânia (Açudinho
e Cavalo Morto) foram mais semelhantes para todos os componentes (simi-
laridade entre 40% e 60%), exceto o subarbustivo. Para esse componente, a
área do Cavalo Morto foi a mais dissimilar, pela sua maior riqueza, no con-
junto das quatro fitofisionomias. As áreas de Floresta (Estrada e Rio) foram
mais semelhantes em termos de arbustos e suculentas. No estrato arbóreo,
do conjunto das quatro áreas, nota-se que a área do Rio foi a mais dissimilar,
provavelmente por possuir o maior número de espécies exclusivas.
Esses dois subconjuntos (Betânia e Floresta) não foram observados na
análise da similaridade vegetacional que empregou a matriz de abundância
das espécies (número de indivíduos) (Figura 3). Provavelmente, a diferença
entre as análises de similaridade florística e vegetacional se deva ao fato de
algumas espécies estruturalmente importantes serem compartilhadas (Cae-
salpinia gardneriana, Croton rhamnifolioides, entre outras).

149
A – Árvores B – Arbustos

C – Subarbustos D – Suculentas

Dendrograma com base na presença-ausência de espécies de diferentes hábitos nas quatro fitofisionomias
Figura 2 situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

A – Árvores B – Arbustos

Dendrograma com base na abundância (densidade) de espécies de diferentes hábitos nas quatro fitofisionomias
Figura 3 situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.

150
2. Componente herbáceo
Das 64 espécies amostradas, apenas duas ocorreram em mais de 50%
das parcelas, Bernardia sidoides (Euphorbiaceae) e Samolus sp. (Primulaca-
eae), 12 espécies foram encontradas em apenas uma parcela e 70% em no
máximo 10 parcelas.
A espécie mais freqüente no Açudinho foi Poaceae 6 (53%), seguida
por Aristida setifolia com 21,5%, Poaceae 4 com 19% e Paspalum fimbriatum
com 16%, todas da família Poaceae. O estrato herbáceo pode ser considerado
bastante esparso, pois solo desnudo, rocha e plântula ocorreram com 93%,
53% e 2% de frequência absoluta, respectivamente (Tabela 6).
No Cavalo Morto, destacou-se Diodia apiculata (Rubiaceae) com 32%
de freqüência absoluta, seguida por Poaceae 1 (28%), Mitracarpus scabrellus
(Rubiaceae), com 24%, Selaginella convoluta (Selaginellaceae), com 23%,
Portulaca oleracea, (Portulacaceae) com 21%, e Cyperus cuspidatus (Cypera-
ceae) com 20%. Solo desnudo, rocha e plântula ocorreram em 87%, 12,7% e
19% das parcelas, respectivamente (Tabela 6).
As espécies de maior freqüência absoluta na fitofisionomia Estrada
foram: Mitracarpus scabrellus (Rubiaceae), com 41%, seguida por Bernar-
dia sidoides (Euphorbiaceae), com 28%, Portulaca elatior (Portulacaceae),
com 22%, Cyperus cuspidatus (Cyperaceae), com 17%, e Cuscuta suaveolens
(Convolvulaceae), com 15%. Solo desnudo, rocha e plântula ocorreram em
64%, 96% e 3% das parcelas, respectivamente (Tabela 6).
Na área do Rio, Mitracarpus scabrellus (Rubiaceae) apresentou maior
freqüência, com 19%, seguida por Aristida adscensionis (Poaceae), com 18%,
Cyperus sp. (Cyperaceae) e Gomphrena demissa (Amaranthaceae), ambas
com 14%. Rocha, solo desnudo e plântula ocorreram em 82%, 76% e 9% das
parcelas, respectivamente (Tabela 6).
Tabela 6. Espécies herbáceas com maior freqüência absoluta (%) e dados de cobertura do
solo por fitofisionomia, situadas nos municípios de Betânia (Açudinho e Cavalo Morto) e
Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Espécies Açudinho Cavalo Morto Estrada Rio
Poaceae 6 53,0 - - -
Aristidia setifolia 21,5 - - -
Poaceae 4 19,0 4,0 10,0 -
Paspalum fimbriatum 16,0 - - -
Poaceae 1 11,2 28,4 10,0 2,0
Diodia apiculata - 32,4 - -
Selaginella convoluta 7,0 24,4 - 5,7
Mitracarpus scabrellus - 24,2 40,8 19,7
Portulaca oleracea 20,8
Bernardia sidoides 6,8 9,0 28,4 4,8
Portulaca elatior - 2,0 22,5 6,8
Cyperus cuspidatus 6,0 20,5 17,2 -
Cuscuta suaveolens - - 15,0 -
Froelichia humboldtiana - - 12,3 8,1
Aristida adscensionis - - - 17,7
Cyperus sp. - - - 14,3
Gomphrena demissa - - - 14,3
Turnera pumilea 3,5 2,0 - 10,6
Rocha 53,5 12,7 96,4 78,8
Plântula 2,1 19,1 3,4 8,9
Solo desnudo 92,9 86,6 64,0 77,8

151
Com relação às formas de vida, as espécies com maior frequência ab-
soluta nas quatro fitofisionomias foram terófitos, hemicriptófitos e criptófitos
do tipo geófito.
Os dados indicam que não há grande variação no número de espécies
entre fitofisionomias. Ao contrário deste trabalho, o levantamento de Santos
(1987) registrou desde 21 espécies (vegetação no planossolo) a 69 (vegetação
no regossolo raso). Todavia, é interessante destacar que o número médio de
espécies por parcela variou de 5,8 (Açudinho) a 9,1 (Estrada). Tecer mais con-
siderações a respeito da influência de aspectos abióticos (solo) ainda é pre-
maturo, uma vez que o trabalho de Santos (1987) não foi explícito quanto ao
estádio sucessional das áreas, nem quanto ao intervalo de coleta de dados.
Tratam-se de observações importantes, pois a experiência de campo indica
que as herbáceas anuais apresentam um ciclo de vida bastante curto, mesmo
dentro do período chuvoso, e que áreas mais perturbadas têm maior riqueza
de herbáceas. Além disso, o fato de as áreas de Floresta apresentarem maior
recobrimento de rocha e menor proporção de solo desnudo talvez crie uma
maior disponibilidade de sítios, o que favoreceria a maior riqueza média de
espécies por parcela. Também é possível que os solos mais argilosos nas
áreas de Floresta, com maior retenção de água, influenciem o maior número
de espécies por parcela.
A análise de similaridade com base na presença-ausência de espécies
herbáceas nas quatro fitofisionomias (Figura 4) indica que as áreas de Betâ-
nia foram mais similares entre si (59%) do que as áreas de Floresta (49%) e
que a união entre esses dois grupos ocorre em um nível de similaridade de
43%. Tais valores podem ser considerados altos (MUELLER-DUMBOIS; EL-
LENBERG, 1974), indicando que, em termos do estrato herbáceo, as quatro
fitofisionomias podem ser consideradas uma mesma unidade florística.
Os resultados da análise de espécies indicadoras também apontam
para a existência de dois grupos, um englobando 85% das parcelas do Açu-
dinho e 90% do Cavalo Morto e outro englobando 100% das parcelas da área
da Estrada e 95% das parcelas do Rio.
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

No primeiro grupo, destacam-se as seguintes espécies indicadoras: Po-


aceae 5, Acalypha sp.1, Acalypha sp. 2 e Phyllanthus heteradenius (Euphorbia-
ceae), Centrosema virginianus (Fabaceae) e Commelina obliqua (Commelina-
ceae). O segundo grupo (área de Floresta) apresenta as espécies indicadoras
Froelichia humboldtiana (Amaranthaceae), Microtea paniculata (Phytolacca-
ceae), Phyllanthus niruri (Euphorbiaceae), Cleome lanceolata (Capparaceae),
Evolvulus sp.1 (Convolvulaceae) e Angelonia cornigera (Scrophulariaceae).

Dendrograma com base na presença-ausência de espécies herbáceas nas quatro fitofisionomias situadas nos
Figura 4 municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.

152
As análises de espécies indicadoras e de agrupamento mostram resul-
tados similares, separando as fitofisionomias de Açudinho/Cavalo Morto e
Estrada/Rio. Tais resultados reforçam os resultados das plantas não herbáce-
as, uma vez que o nível de similaridade florística entre as quatro fisionomias
é alto (43%), levando à conclusão de que as quatro áreas representam uma
única comunidade vegetal.

D. Diversidade

1. Componentes lenhoso, sublenhoso e suculento


Na análise da riqueza taxonômica (Whittaker), dos índices de diver-
sidade (Simpson e Shannon) e dos modelos de distribuição de abundância
das espécies arbóreas e arbustivas, nota-se que as áreas de Betânia foram
mais ricas e diversas que a de Floresta (Tabela 7). A diversidade de Shannon
variou de 1,87162 na área do Rio a 2,38708, no Açudinho. Em relação à distri-
buição de abundância (Tabela 8), os diferentes componentes se ajustaram a
mais de um modelo de distribuição, exceto pela fitofisionomia do Rio (a mais
antropizada), que se adequou à série logarítmica.

Tabela 7. Número de espécies lenhosas (árvores e arbustos) e herbáceas, índices de


diversidade (Simpson e Shannon) e riqueza taxonômica (Whittaker) em fitofisionomias
situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada
e Rio), Pernambuco.
Fitofisionomia Nº espécies Simpson Shannon Whittaker
Lenhosas
Açudinho 18 8,10256 2,38708 4,10769
Cavalo Morto 18 7,28111 2,36872 4,10769
Estrada 13 5,12156 1,95702 2,73846
Rio 12 5,07223 1,87162 2,96666
Herbáceas
Açudinho 29 10,67912 2,80753 -
Cavalo Morto 31 12,59993 2,84767 -
Estrada 33 18,43455 3,15395 -
Rio 32 21,79458 3,19485 -

Tabela 8. Adaptação aos modelos de distribuição de abundância das espécies lenhosas


(árvores e arbustos) e herbáceas em fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/
Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Série Série Normal Vara
Fitofisionomia
geométrica logarítmica logarítmica quebrada
Lenhosa
Açudinho sim sim sim sim
Cavalo Morto sim sim sim sim
Estrada sim sim sim sim
Rio não sim não não
Herbácea
Açudinho não sim sim sim
Cavalo Morto sim sim sim não
Estrada sim sim sim sim
Rio sim sim sim sim

153
Tabela 9. Número de indivíduos (Nº Ind.), número de espécies (Nº esp.), precipitação (mm/ano), altitude (m) e índices de Shannon
(H`) por fitofisionomia dos municípios de Betânia e Floresta, Pernambuco, em 22 trabalhos realizados na caatinga. AA = área
amostral (ha); CI = critério de inclusão; DAP = diâmetro do caule à altura do peito; DAS = diâmetro do caule à altura do solo; AT =
altura total; 1= DAP (1,30m) > 5cm; 2= DAS (50cm) > 3cm; 3= DAS (1,30m) < 6cm e AT < 5m; 4= DAS < 6cm e AT < 3m; 5= DAS > 3cm;
6= DAS > 3cm e AT > 1m; 7= DAS > 5cm e AT > 1m; 8= DAS > 6cm e AT > 3m; 9= D > 4cm; 10=DAP (1,30m) > 6cm e AT > 5m; SC= sem
critério de inclusão. NA = número de áreas.
Nº Nº
Referência Localidade Altitude Precipitação NA AA CI Shannon
Ind. Esp.
Este trabalho Açudinho 513 511 1 0,06 6 80 18 2,387
Este trabalho Cavalo Morto 534 511 1 0,07 6 80 18 2,369
Este trabalho Estrada 370 460 1 0,05 6 80 12 1,957
Este trabalho Rio 357 460 1 0,15 6 80 13 1,872
Albuquerque
et al. (1982) Petrolina 376 420 1 1,48 8 1200 22 2,089
(arbóreo)
Albuquerque
et al. (1982) Petrolina 346 420 1 0,15 4 1200 9 1,786
(arbustivo)
Alcoforado-Filho
Caruaru 530 694 1 0,72 6 2743 53 3,034
et al. (2003)
Brejo da Madre
Andrade (2000) 646 553 1 1 6 2695 32 2,343
de Deus
Araújo et al. Floresta e 0,07- 370- 1,884-
475 632-651 3 7 22-27
(1995) Custódia 0,13 388 2,585
Serra Negra do 0,05- 206- 1,016-
Camacho (2001) 220-385 497 4 6 9-13
Norte 0,2 1403 1,781
Ferraz et al. 0,1- 333- 1,697-
Serra Talhada 500-700 679 2 6 22-34
(2003) 0,2 646 2,206
0,1- 1,675-
Ferreira (1988) Açú 30 704 2 1 86-100 14-19
0,14 2,176
Figueirêdo et al.
Buique 600 600 1 0,22 6 362 33 2,364
(2000)
Figueirêdo (2000) Sertânia 450 600 1 1 6 1143 32 2,323
Região 1,067-
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

Figueirêdo (1987) 100-250 610-902 8 0,05 9 41-67 6-17


Salineira 2,507
Gadelha Neto
Souza 220 800 1 0,41 5 799 38 2,394
(2000)
Lemos e Rodal Serra da
600 689 1 1 6 5654 55 2,931
(2002) Capivara
Medeiros (1995) Capistrano 120 893 1 0,5 6 1972 43 2,244
São José do 0,09- 200- 2,276-
Mendes (2003) 430-540 816 2 6 30-33
Piauí 0,14 279 2,972
Nascimento et al. 0,04- 122- 0,953-
Petrolina 337 570 4 6 7-23
(2003) 0,79 1094 2,378
Pereira et al.
Remígio 596 700 1 0,6 6 1866 44 2,883
(2002)
Vales do 250- 1,906-
Rodal (1992) 475-525 632-651 4 0,25 6 22-28
Moxotó 510 2,535
615- 0,892-
Santos (1987) Parnamirim 395 580 7 0,05 SC 17-30
4356 2,083
Frei Paulo e
Souza (1983) 489- 3,202-
Nossa Senhora 204-290 650 2 0,4 10 45-58
(arbóreo) 578 3,302
da Glória
Frei Paulo e
Souza (1983) 2820- 3,217-
Nossa Senhora 204-290 650 2 0,4 3 34-37
(arbustivo) 3859 3,280
da Glória
Tavares et al. São José de 699- 1,415-
460 672 5 1 2 17-40
(1969a) Belmonte 1084 2,552

154
Tabela 9 (continuação)
Nº Nº
Referência Localidade Altitude Precipitação NA AA CI Shannon
Ind. Esp.
Tavares et al. 606- 1,195-
Quixadá 180 866 5 1 2 10-24
(1969b) 1128 1,926
Ouricurí/
Bodocó;
Tavares et al. 232- 1,158-
Petrolina e 376-452 420-591 15 1 2 17-28
(1970) 971 2,576
Santa Maria da
Boa Vista

Considerando apenas as espécies arbóreas e arbustivas (lenhosas), cri-


tério utilizado na maioria dos trabalhos realizados na caatinga, o número de
espécies variou de 12 (Estrada) a 18 (Açudinho e Cavalo Morto). A revisão de
levantamentos quantitativos de Caatinga indica que a grande maioria dos
trabalhos apresentou número de espécies e densidade superior ao deste tra-
balho. Apenas as oito áreas estudadas por Figueiredo (1987) tiveram número
de indivíduos/ espécies inferiores. Todavia, áreas cujo número de indivídu-
os foi elevado (próximo a 1000) também possuíram baixa riqueza específica
(TAVARES et al., 1969a; TAVARES et al., 1969b; ALBUQUERQUE et al., 1982;
CAMACHO, 2001; NASCIMENTO et al., 2003). Tais resultados indicam que,
na Caatinga, em uma mesma comunidade, o aumento da área amostral e,
conseqüentemente, do número de indivíduos, dentro de certos limites, não
acarretará um incremento ao número de espécies.
A maior parte dos levantamentos quantitativos na caatinga apresentou
riqueza específica superior à encontrada neste trabalho. A revisão de litera-
tura mostra que nem sempre os totais de precipitação explicam maior densi-
dade e riqueza específica (Tabela 9), ao contrário do observado por Sampaio
(1996). É possível que outros fatores, como sazonalidade da precipitação e
sua variabilidade ano a ano bem como os tipos de solo, estejam atuando na
definição da riqueza específica na vegetação de caatinga.
Quanto à diversidade, também não há relação direta com a precipi-
tação nem com a altitude. As áreas do Açudinho e Cavalo Morto mostra-
ram-se distintas em relação aos demais trabalhos, uma vez que apenas 16
áreas (12 levantamentos) das 76 listadas tiveram diversidade mais elevada
(TAVARES et al., 1969a; TAVARES et al., 1970; SOUZA, 1983; FIGUEIREDO,
1987; RODAL, 1992; ARAÚJO et al., 1995; GADELHA-NETO, 2000; LEMOS;
RODAL, 2002; PEREIRA et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; MEN-
DES, 2003). Já as áreas Estrada e Rio mostraram-se menos diversas, porém,
ainda assim, com um índice à frente de boa parte das áreas já estudadas na
Caatinga (Tabela 9).

E. Componente herbáceo

A análise dos índices de diversidade (SIMPSON e SHANNON) das es-


pécies indica que as fitifisionomias de Betânia foram mais diversas que as
de Floresta (Tabela 7). A diversidade de Shannon variou de 2,80753 na área
do Açudinho a 3,19485, no Rio. Em relação à distribuição de abundância (Ta-
bela 8), não houve uma forte adequação aos modelos de distribuição.
Os valores de diversidade estão dentro da faixa registrada por Vas-
concelos (2003), Feitoza (2004) e Reis (2004).

155
F. Espectro biológico

Os espectros biológicos das quatro fitofisionomias foram significati-


vamente diferentes do espectro normal proposto por Raunkiaer (p<0,05,
gl=7): Açudinho (x²=95,9), Cavalo Morto (x²=122,63), Estrada (x²=117,4), Rio
(x²=128,83), especialmente pelas altas proporções de terófitos e suculentas,
responsáveis, em média, por 96% do valor total do qui-quadrado. De acordo
com Rooyen et al. (1990), a maior quantidade de terófitos caracteriza o fitocli-
ma terofítico, típico de ambientes secos que possuem uma alta sazonalidade
climática, enquanto Raunkiaer (1934) observou que as suculentas são faneró-
fitos adaptados também a ambientes com déficit hídrico.
Comparando o espectro biológico médio das quatro fitofisionomias
com os levantamentos selecionados por Raunkiaer para caracterizar os fito-
climas fanerofítico, terofítico, camefítico e hemicriptofítico (Figura 5), as me-
nores diferenças foram encontradas no fitoclima terofítico (x²=5,89, p<0,05),
que são típicos de áreas de deserto e vegetação mediterrânea. Já com o clima
fanerofítico, houve uma diferença bastante significativa (x²=24,25, p<0,05) .
A análise do espectro biológico médio das quatro fitofisionomias com
os espectros de diversos tipos vegetacionais de climas secos (Tabela 10) indi-
ca que, de um modo geral, o espectro biológico médio das áreas estudadas
teve maior diferença com as vegetações de menor porte, ou seja, deserto e
vegetação mediterrânea (x²=69,54 e x²=64,78, respectivamente), devido às
menores proporções de fanerófitos e caméfitos e menor diferença com a
floresta decídua da Terra do Fogo, Argentina, e da caatinga arbórea do Piauí
(x²=58,38 e x²=51,12, respectivamente).
Considerando a proporção de fanerófitos e caméfitos, a área de estudo
foi próxima das vegetações secas de maior porte, como a floresta decídua
e a caatinga arbórea. Todavia, o maior número de suculentas (fanerófitos)
e terófitos a aproxima do espectro dos desertos e vegetação mediterrânea.
Vale ressaltar que Raunkiaer (1934) observou que a predominância de fane-
rófitos de menor porte (nanofanerófitos e microfanerófitos) é conseqüência
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

Espectro biológico médio das quatro fitofisionomias estudadas em Betânia/ Floresta, Pernambuco (PROBIO), e dos
Figura 5
propostos por Raunkiaer (1934) para caracterização dos fitoclimas camefítico, hemicriptofítico, terofítico e fanerofítico.

156
do empobrecimento do ambiente causado pela longa duração e severidade
da estação seca, similar ao registrado na caatinga.
Tais resultados mostram que são necessários mais estudos caracte-
rizando o espectro biológico dos diferentes tipos fisionômicos de caatinga
stricto sensu para que seja possível tecer conclusões mais concretas em um
contexto regional.

Tabela 10. Espectro biológico médio das áreas de Betânia e Floresta e de tipos vegetacionais ou fisionomias em áreas de climas
secos na região tropical. Fan = fanerófito; cam = caméfito; hem = hemicriptófito; cri = criptófito; ter = geófito.
Formas de vida %
Tipo vegetacional
Área Referência Total de
ou fisionomia fan cam hem cri ter
espécies
Betânia/Floresta,
Caatinga Pernambuco, Este estudo 35,0 12,7 15,9 3,2 33,4 63
Brasil.
Namaqualand, Rooyen et al.
Deserto 6,0 32,0 17,0 16,0 29,0 582
África do Sul. (1990)
Parque Nacional
Batalha e
Cerrado das Emas, Goiás, 66,3 11,5 18,58 0,9 1,8 601
Martins (2004)
Brasil.
Vegetação Ilha do Mar Christodoulakis
7,0 7,0 23,0 14,0 49,0 829
mediterrânea Egeu, Grécia. (1995)
Terra do Fogo, Mark et al.
Floresta decídua 4,0 38,0 59,0 - - 80
Argentina. (2001)
São José do
Caatinga arbórea Piauí, Piauí, Mendes (2003) 80,2 6,5 - 2,9 9,5 136
Brasil.

4. Considerações finais

A revisão de literatura evidencia o baixo porte da vegetação de caatin-


ga, especialmente quando comparado às formações florestais ombrófilas e
estacionais contíguas à caatinga, e ainda que os levantamentos florísticos
e fitossociológicos em áreas de caatinga stricto sensu estão concentrados
na região ao norte do rio São Francisco, especialmente em Pernambuco. A
revisão mostra que nem sempre os totais de precipitação explicam a maior
ou menor densidade e riqueza específica, sendo possível que outros fatores,
como sazonalidade da precipitação e sua variabilidade ano a ano, bem como
os tipos de solo, estejam atuando na definição da riqueza específica da vege-
tação de caatinga.
Recomenda-se que em futuros trabalhos seja explicitado o estágio su-
cessional das áreas do levantamento florístico e fitossociológico e o intervalo
de coleta de dados, especialmente tratando-se de plantas herbáceas, uma
vez que ervas anuais apresentam um ciclo de vida bastante curto, mesmo
dentro do período chuvoso, e que áreas mais perturbadas têm maior riqueza
de plantas de pequeno porte, como as herbáceas.
Os dados de fisionomia das quatro fitofisionomias estudadas revelam
dois padrões definidos basicamente pela densidade, altura e grau de cober-
tura de árvores e arbustos, evidenciando a importância desses hábitos na
definição de padrões fisionômicos na caatinga. Além disso, as variações na

157
riqueza entre as fitosionomias concentraram-se basicamente no componente
lenhoso (árvores e arbustos).
As fitofisionomias apresentam proporção de fanerófitos e caméfitos
próxima das vegetações secas de maior porte como florestas deciduais. To-
davia, o maior número de suculentas (fanerófitos) e terófitos as aproxima
do espectro dos desertos e vegetação mediterrânea. Para conclusões mais
concretas em um contexto regional, há necessidade de maior número de es-
tudos caracterizando o espectro biológico dos diferentes tipos fisionômicos
de caatinga stricto sensu.

Agradecimentos

A Fábio e Lêda Dantas e Clara Valgueiro, pela permissão de trabalhar


nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, respectivamente. Aos es-
pecialistas Bernadete Souza e Rita Pereira do herbário IPA, Roxana Barreto
do herbário UFP, Elnatan B. Souza do herbário EAC e Fátima Lucena, An-
dré Laurênio, Ana Paula Souza Gomes e José Iranildo de Melo, do herbá-
rio PEUFR, pelo auxílio na identificação das espécies. Ao professor Everardo
Valadares de Sá Barreto Sampaio, pela leitura minuciosa deste trabalho. Ao
Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, pela bolsa concedida à
primeira autora.

5. Referências bibliográficas

ALBUQUERQUE, S. G. de; SOARES, J. G. G. ; ARAÚJO-FILHO, J. A. de. Densi-


dade de espécies arbóreas e arbustivas em vegetação de Caatinga. Petrolina:
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

Embrapa. 1982.
ALCOFORADO-FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. de S. B.; RODAL, M. J. N. Florísti-
ca e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa
arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, v.17, n. 2, p. 287-
303, 2003.
ANDRADE, W. M. de. Variação de abundância em populações de plantas da
caatinga. Recife, 2000. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade Fe-
deral Rural de Pernambuco.
ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística
e estrutura em três áreas de caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de
Biologia, v. 55, n. 4, p. 595-607, 1995.
ARAÚJO, E. L.; SILVA S. I. da; FERRAZ, E. M. N. Herbáceas da caatinga de
Pernambuco. In: TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. da (orgs.). Diagnóstico da
biodiversidade de Pernambuco. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Am-
biente. Recife: Editora Massangana. 2002. p.183-205.
BATALHA, M. A.; MARTINS, F. R. Floristic, frequency, and vegetation life-form spec-
tra of a cerrado site. Brazilian Journal of Biology, v. 64, n. 2, p. 203-209. 2004.
CAMACHO, R. G. V. Estudo fitofisiográfico da caatinga do Seridó - Estação
Ecológica do Seridó, RN. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em Botânica),
Universidade de São Paulo.
CHISTODOULAKIS, D. The flora of Ikaria (Greece, E. Aegean Islands). Phyton,
v. 36, p. 63-91,1995.

158
CLAPS, L. E.; HARO, M.E. Coccoidea (Insecta: Hemiptera) associated with
Cactaceae in Argentina. Journal of the Professional Association for Cactus
Development, p. 77-82, 2001.
CONDEPE. Base de dados do Estado - Climatologia: descrição dos tipos. Reci-
fe: Governo do Estado de Pernambuco-FISEPE. Dados impressos. 2000.
COSTA, K. C. C. Flora angiospérmica do Parque Pedra Furada, município de
Venturosa, Pernambuco. Recife, 2001. Monografia (Bacharelado em Ciências
Biológicas), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
COSTA, R. C. da. Inventário florístico e espectro biológico em uma área de
Caatinga, Quixadá, CE. Fortaleza, 2002. Monografia (Bacharelado em Ciên-
cias Biológicas), Universidade Federal do Ceará.
CRAWLEY, M. J. Plant Ecology. Oxford: Ed. Blackwell Science. 1997. 717p.
EMBRAPA. Levantamento de baixa e média intensidade de solos do estado
de Pernambuco. Disponível em <http://www.cnps.embrapa.br.>. Acesso em:
10 de julho de 2003.
FEITOZA, M. O. M. Diversidade e caracterização fitossociológica do compo-
nente herbáceo em áreas de Caatinga no Nordeste do Brasil. Recife, 2004.
Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade Federal Rural de Pernam-
buco.
FERRAZ, E. M. N.; RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B.; PEREIRA,
R.C.A.Composição florística em trechos de vegetação de Caatinga e brejo de
altitude na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Revista Brasileira de Botâ-
nica, v. 2, p. 7-15, 1998.
FERRAZ, E. M. N.; RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B. Physiognomy and
structure of vegetation along an altitudinal gradient in the semi-arid region of
northeastern Brazil. Phytocoenologia, v. 33, p. 71-92, 2003.
FERREIRA, R. L. C. Análise estrutural da vegetação da estação florestal de
experimentação de Açu-RN, como subsídio básico para o manejo florestal.
Viçosa, 1988. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal), Universidade Fe-
deral de Viçosa.
FIGUEIREDO, L. S. Influência dos sítios de estabelecimento na forma das
plantas de populações simpátricas da Caatinga. Recife, 2000. Dissertação
(Mestrado em Botânica), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
FIGUEIRÊDO, L. S.; RODAL, M. J. N.; MELO, A. L. de. Florística e fitossociolo-
gia de uma área de vegetação arbustiva caducifólia espinhosa no município
de Buíque - Pernambuco. Naturalia, v. 25, p. 205-224, 2000.
FIGUEIREDO, M. A. A microregião salineira norte-riograndense no domínio
das Caatingas. Mossoró: Coleção Mossoroense 11. 1987.
FONT QUER, P. Diccionario de Botânica. Barcelona: Labor S. A., 9º edição.
1985. 1244p.
FOTIUS, G. A.; SÁ, I. B. Prospecção botânica em área de exploração petrolí-
fera no município de Pendências, Rio Grande do Norte. Petrolina: Embrapa
– CPATSA. 1988.
GADELHA-NETO, P. da C. Levantamento florístico e fitossociológico em um
remanescente de Caatinga no município de Sousa, Paraíba. João Pessoa,
2000. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Fe-
deral da Paraíba.
GIULIETTI, A. M.; HARLEY R. M.; QUEIROZ, L. P. de; BARBOSA, M. R. V.; DU
BOCAGE-NETA, A. L.; FIGUEIREDO, M. A. Espécies endêmicas da Caatinga.
In: SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C.
F. L. Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste/
Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002, p. 103-118.

159
GROSSMAN, D. H.; FABER-LANGENDOEN, D.; WEAKLEY, A. S.; ANDERSON,
M.; BOURGERON, P.; CRAWFORD, R.; GOODIN, K.; LANDAAL, S.; METZLER,
K.; PATTERSON, K.; PYNE, M.; REID, M.; SNEDDON, L. International classifi-
cation of ecological communities: terrestrial vegetation of the United States.
Arlington: The Nature Conservancy. 1998.
GUILLEN, R.; IBISH, P.L.; REICHLE, S. Flora. In: IBISCH, P. L.; COLUMBA, K.;
REICHLE, S. Plan de conservación y desarrollo sostenible para el bosque seco
Chiquitano, Cerrado y Pantanal boliviano. Santa Cruz de la Sierra: Editorial
FAN. 2002, Anexo 2. Plantas vasculares.
HILL, M. O. A. FORTRAN Program for arranging multivariate data in a ordered
two-way table by classification of individuals and attributes. New York: Cor-
nell University. 1979.
IBAMA. Reservas particulares do Brasil. Disponível em: <http:www.ibama.
com.br.>. Acesso em: 22 de julho de 2004.
IUCN. The World Conservation Union. Disponível em: <http://www.iucn.org.>.
Acesso em: 2 de agosto de 2004.
KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analysis: a practical approa-
ch. London: Belhaven Press. 1992.
LEMOS, J. R.; RODAL, M. J. N. Fitossociologia do componente lenhoso de
um trecho da vegetação de Caatinga no Parque Nacional da Serra da Capiva-
ra, Piauí, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.1, p. 23-42, 2002.
MAGURRAN, A. E. Diversidad ecológica y su medición. Barcelona: Ediciones
Vedrà. 1989.
MARK, A. F.; DICKINSON, K. J. M.; ALLEN, J. Vegetation patterns, plant dis-
tribution and life forms across the alpine zone in southern Tierra del Fuego,
Argentina. Austral Ecology, v. 26, p. 423-440. 2001.
MARTINS, F. R. Atributos de comunidades vegetais. Quid, v. 9, p.13-17. 1990.
MARTINS, F. R. Estrutura de uma flora mesófila. Campinas: Editora da UNI-
CAMP. 1991.
MARTINS, F. R.; SANTOS, F. A. M. dos. Técnicas usuais de estimativa da biodi-
versidade. Revista Holos, v.1 (edição especial): p. 236-267, 1999.
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

MATTEUCCI, S. D.; COLMA, A. Metodologia para el estudio de la vegetación.


Washington, D.C.: Secretaría General de la Organización de los Estados Ame-
ricanos. 1982.
MEDEIROS, J. B. L. P. Florística e fitossociologia de uma área de Caatinga
localizada na fazenda Araçanga, município de Capistrano-CE. Fortaleza, 1995.
Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Federal do
Ceará.
MENDES, M. R. A. Florística e fitossociologia de um fragmento de Caatinga
arbórea, São José do Piauí, Piauí. Recife, 2003. Dissertação (Mestrado em
Biologia Vegetal), Universidade Federal de Pernambuco.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Rede Nacional de Metereologia. Disponível
em: <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em: 14 de julho de 2003.
MISSOURI BOTANICAL GARDEN. W3 Tropicos. Disponível em: <http://www.
mobot.org>. Acesso em: 16 de maio de 2004.
MORI, S.A.; SILVA, L.A.M.; LISBOA, G. Manual de manejo do herbário fanero-
gâmico. Ilhéus: Centro de Pesquisa do Cacau. 1989.
MUELLER-DUMBOIS, D.; ELLEMBERG, H. Aims and methods of vegetation
ecology. New York : Willey and Sons. 1974.
NASCIMENTO, C. E. S.; RODAL, M. J. N.; CAVALVANTI, A. C. Phytosociology
of the remaining xerophytic woodland associated to an environmental gra-
dient at the banks of the São Francisco river - Petrolina, Pernambuco, Brazil.

160
Revista Brasileira de Botânica, v. 26, n. 3, p. 271-287, 2003.
NEW YORK BOTANICAL GARDEN. The New York Botanical Garden. Disponí-
vel em: <http://www.nybg.org>. Acesso em: 15 de maio de 2004.
OLIVEIRA, M. E. A. de; SAMPAIO, E. V. S. B.; CASTRO A. A. J. F.; RODAL, M.J.N.
Flora e fitossociologia de uma área de transição Carrasco-Caatinga de areia
em Padre Marcos, Piauí. Naturalia, v. 22, p. 131-150, 1997.
OLIVEIRA, R. F. de. Caracterização florística e estrutural de um inselberg no
município de Quixadá, Ceará. Fortaleza, 2002. Monografia (Bacharelado em
Ciências Biológicas), Universidade Federal do Ceará.
PENNINGTON, R. T.; LAVIN, M.; PRADO, D. E. Neotropical seasonally dry fo-
rest plants show patterns of both Tertiary and Quaternary diversification. in
press.
PEREIRA, I. M.; ANDRADE, L. A.; BARBOSA, M. R. V. Composição florística e
análise fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo de um remanes-
cente florestal no Agreste paraibano. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n.3, p.
241-369, 2002.
PESSOA, L. M.; RODAL, M. J. N.; LINS e SILVA, A. C. B.; MELO, A.L. Levanta-
mento da flora herbácea em um trecho de caatinga, RPPN Maurício Dantas,
Betânia/Floresta, Pernambuco. Revista Nordestina de Biologia (enviado).
PROBIO. Seminário sobre avaliação e identificação de ações prioritárias para
a conservação, utlilização sustentável e repartição de benefícios da biodiver-
sidade do bioma Caatinga. Disponível em: <http://www.biodiversitas.org/Caa-
tinga>. Acesso em: 14 de julho de 2004.
RAUNKIAER, C. The life forms of plants and statistical plant geography.
Oxford: Clarendon Press. 1934.
REIS, A. M. Organização do estrato herbáceo de uma área de caatinga de
Pernambuco em anos consecutivos. Recife, 2004. Dissertação (Mestrado em
Botânica), Universidade Federal Rural de Pernambuco.
RIZZINI, C. T. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Rio de Janeiro: Âmbito Cul-
tural/ Edições LTDA. 1997.
RODAL, M. J. N. Fitossociologia da vegetação arbustivo-arbóreo em quatro
áreas da Caatinga em Pernambuco. Campinas,1992. Tese (Doutorado em Bio-
logia Vegetal), Universidade Estadual de Campinas.
RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B.; FIGUEIREDO, M. A. Manual sobre mé-
todos de estudo florístico e fitossociológico - ecossistema Caatinga. Brasília:
Sociedade Botânica do Brasil. 1992.
RODAL, M. J. N.; LINS-e-SILVA, A. C. B.; CARVALHO, K. C. Local scale va-
riation in plant community attributes in the Semi-arid region, Northeastern
Brazil. Journal of Arid Environments, 2004. Aceito.
RODAL, M. J. N. Fitoecologia de uma área do médio vale do Moxotó, Per-
nambuco. Recife, 1984. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade
Federal Rural de Pernambuco.
RODAL, M. J. N.; NASCIMENTO, L. M. do. Levantamento florístico da floresta
serrana da Reserva Biológica de Serra Negra, microrregião de Itaparica, Per-
nambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 4, p. 481-500, 2002.
RODAL, M. J. N.; NASCIMENTO, L. M. do; MELO, A . L. de. Composição florís-
tica de um trecho de vegetação arbustiva caducifólia, no município de Ibimi-
rim, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 13, n. 1, p. 15-28, 1999.
RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B. A vegetação do bioma Caatinga. In:
SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C.
F. L. Vegetação & Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste/
Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002. p. 11-24.

161
ROOYEN, M. W. V.; THERON, G. K.; GROBBELAAR, N. Life form and dispersal
spectra of the flora of Namaqualand, South Africa. Journal of Arid Environ-
ments, v. 19, p. 133-145. 1990.
SAMPAIO, E. V. S. B. Fitossociologia. In: SAMPAIO, E. V. S. B.; MAYO, S. J.; BAR-
BOSA, M. R. V. Pesquisa botânica nordestina: Progresso e perspectivas. Recife:
Sociedade Botânica do Brasil / Seção Regional de Pernambuco. 1996. p. 203-224.
SANTOS A. M.; TABARELLI, M. Distance from roads and cities as a predictor
of habitat loss and fragmentation in the Caatinga vegetation of Brazil. Brazi-
lian Journal of Biology, v. 62, n. 4b, p. 897-905, 2002.
SANTOS, M. F. A. V. Características de solo e vegetação em sete áreas de
Parnamirim, Pernambuco. Recife, 1987. Dissertação (Mestrado em Botânica),
Universidade Federal Rural de Pernambuco.
SHEPHERD, G. J. FITOPAC 1. Manual do usuário. Campinas: Departamento de
Morfologia e Sistemática, UNICAMP. 1995.
SILVA , L. A.; SCARIOT, A. Composição florística e estrutura da comunidade
arbórea em uma floresta estacional decidual em um afloramento calcáreo
(Fazenda São José), Domingos, GO, bacia do rio Paraná. Acta Botanica Brasi-
lica, v. 17, n. 2, p. 305-313, 2003.
SILVA, K. A de. Estudo florístico do componente herbáceo ocorrente em am-
biente rochoso e ciliar em uma área de Caatinga, Caruaru-PE. Recife, 2003.
Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Federal Ru-
ral de Pernambuco.
SOUZA, G. V. Estrutura e vegetação da caatinga hipoxerófila do estado de
Sergipe. Recife, 1983. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade Fe-
deral Rural de Pernambuco.
TAVARES, M. C. G.; RODAL, M. J. N.; MELO, A. L. de. et. al. Fitossociologia do
componente arbóreo de um trecho de floresta ombrófila montana do Parque
Ecológico João Vasconcelos Sobrinho, Caruaru, Pernambuco. São Paulo. Na-
turalia, v. 25, p. 243-270, 2000.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S. et al. Inventário florestal Per-
nambuco - Estudo preliminar das matas remanescentes do município de São
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

José de Belmonte. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, v. 7, n. 1-4, p.


113-139, 1969a.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S. et al. Inventário florestal do
Ceará-Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá.
SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, v. 7, n. 1-4, p. 93-111, 1969b.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S. et al. Inventário florestal de
Pernambuco - Estudo preliminar das matas remanescentes dos municípios
de Ouricurí, Bodocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina. SUDENE. Boletim
de Recursos Naturais, v.8, n. 1-2, p. 149-194, 1970.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S. et al. Inventário florestal na Pa-
raíba e Rio Grande do Norte - Estudo preliminar das matas remanescentes do
Vale do Piranhas. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, v. 2, p. 5-31, 1975.
VASCONCELOS, S. F. de. Flora de um hectare da vegetação caducifólia es-
pinhosa (caatinga), densidade e aspectos fenológicos do estrato herbáceo,
RPPN Serra das Almas, município de Crateús, CE. Fortaleza, 2003. Monogra-
fia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Federal do Ceará.
VASCONCELOS SOBRINHO, J. As regiões naturais de Pernambuco, o meio
e a civilização. Recife: Instituto de Pesquisas Agronômicas de Pernambuco.
1949. (Publicação, 2).
VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegeta-
ção brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE. 1991.

162
Apêndice I

Lista das espécies encontradas nas fitofisionomias das RPPNs Maurício Dantas (Açudinho e Cavalo Mor-
to), entre os municípios de Betânia e Floresta, e Cantidiano Valgueiro (Estrada e Rio), no município de Flores-
ta, Pernambuco. Essas espécies estão depositadas no herbário Professor Vasconcelos Sobrinho. * = espécies
endêmicas do bioma Caatinga; ** = espécies coletadas na área de estudo e não amostradas; x - presença das
espécies nas quatro fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia (B) (Açudinho e Cavalo Morto) e Flo-
resta (F) (Estrada e Rio), Pernambuco. SUB = subarbusto; E = erva; ARV = árvore; S = suculenta; TH = trepadeira
herbácea; C = caméfito; T = terófito; MI = microfanerófito; NA = nanofanerófito; G = criptófito do tipo geófito; H
= hemicriptófito; FV - Forma de vida.

Fitofisionomias

Forma de vida

Nº coleta

Cavalo Morto
Coletor
Hábito

RPPN
Famílias/ Espécies

Açudinho

Estrada

Rio
Acanthaceae
Ruellia asperula (Mart. & Ness) Lindau SUB C A.D.C.Cavalcanti 96 MD x
Ruellia geminiflora Kunth SUB C A.D.C.Cavalcanti 95 MD x
Amaranthaceae
Froelichia humboldtiana Roem & Schult E T L. M. Pessoa 81 CV x x
Gomphrena angustifolia Mart.** E H L. M. Pessoa 92 CV x
Gomphrena demissa Mart E H L. M. Pessoa 74 CV x
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva Allemão* ARV MI A.D.C.Cavalcanti 46 MD x x x
Apocynaceae
Aspidosperma pyrifolium Mart. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 09 MD x x x x
Boraginaceae
Cordia leucocephala Moric. * ARB NA A.D.C.Cavalcanti 04 MD x x x x
Heliotropium angiospermum Murray E T A.C.B.Lins e Silva 262 MD x
Bromeliaceae
Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez * SUB H A.D.C.Cavalcanti 42 MD x x x
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett ARV MI A.D.C.Cavalcanti 50 MD x
Cactaceae
Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose * S C A.D.C.Cavalcanti 16 MD x x
Cereus jamacaru DC. S MI A.D.C.Cavalcanti 59 MD x x x x
Melocactus oreas Miq. * S C A.D.C.Cavalcanti 20 MD x x x
Opuntia inamoena K. Schum. * S C A.D.C.Cavalcanti 17 MD x x x
Opuntia palmadora Britton & Rose* S C A.D.C.Cavalcanti 18 MD x x x
Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & S C A.D.C.Cavalcanti 58 MD x x x
G.D. Rowley *
Pilosocereus pachycladus F. Ritter * S MI A.D.C.Cavalcanti 19 MD x
Caesalpiniaceae
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. ARV NA A.D.C.Cavalcanti 03 MD x
Caesalpinia gardneriana Benth. * ARV MI L.M.Pessoa 61 CV x x x x
Caesalpinia microphylla Mart. ex G. Don * ARV MI L.M.Pessoa 62 CV x
Chamaecrista sp. E T L. M. Pessoa 99 CV x
Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby ARV MI A.D.C.Cavalcanti 67 CV x

163
Fitofisionomias

Forma de vida

Nº Coleta

Cavalo Morto
Coletor
Hábito

RPPN
Famílias/ Espécies

Açudinho

Estrada

Rio
Capparaceae
Cleome guianensis Aubl. E T L. M. Pessoa 65 CV x x
Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H.H. Iltis E T L. M. Pessoa 55 CV x x
Cleome ternicifolia (Mart. & Zucc.) H.H. Iltis ** E T L. M. Pessoa 79 MD x
Combretaceae
Combretum duarteanum Cambess. ARB NA L.M.Pessoa 42 MD x x
Commelinaceae
Commelina obliqua Vahl E H A.C.B.Lins e Silva 274 MD x x
Convolvulaceae
Cuscuta suaveolens L. E T L. M. Pessoa 82 CV x
Evolvulus sp. 1 E H L. M. Pessoa 100 CV x x
Evolvulus sp. 2 E H L. M. Pessoa 64 MD x
Evolvulus sp. 3 E C L. M. Pessoa 101 CV x
Jacquemontia martii Meisn. SUB C A.D.C.Cavalcanti 97 MD x
Jacquemontia sp. 1 SUB C A.D.C.Cavalcanti 98 MD x
Jacquemontia sp. 2 SUB C A.D.C.Cavalcanti 99 MD x
Cyperaceae
Cyperus cuspidatus Kunth E G A.C.B.Lins e Silva 275 CV x x x
Cyperus sp. E T L. M. Pessoa 102 CV x
Erythroxylaceae
Erythroxylum pungens O.E.Schulz * ARB NA A.D.C.Cavalcanti 12 MD x x
Erythroxylum sp. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 66 CV x
Euphorbiaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

Acalypha sp. 1 E T L. M. Pessoa 103 MD x x


Acalypha sp. 2 E T L. M. Pessoa 104 MD x x
Bernardia sidoides (Klotzsch) Müll. Arg. E T A.C.B.Lins e Silva 272 MD x x x x
Chamaecyse hyssopifolia (L.) Small E T L. M. Pessoa 105 CV x x x
Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K. Hoffm.* ARV MI A.D.C.Cavalcanti 06 MD x
Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K. Hoffm.) Pax SUB H A.D.C.Cavalcanti 31 MD x
& K. Hoffm.
Cnidoscolus quercifolius Pohl * ARV MI A.D.C.Cavalcanti 41 MD x x x x
Croton hirtus L’Hér. E T A.C.B.Lins e Silva 261 CV x x
Croton lobatus L. E T L. M. Pessoa 106 MD x x x
Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. * ARB C A.D.C.Cavalcanti 47 MD x x x
Croton rhamnifolius Kunth * SUB C A.D.C.Cavalcanti 63 CV x x
Croton sonderianus Müll. Arg. * ARB NA A.D.C.Cavalcanti 01 MD x x x
Croton sp. 1 E T A.D.C.Cavalcanti 105 MD x
Croton sp. 2 E T A.D.C.Cavalcanti 106 MD x
Ditaxis sp. ARB C A.C.B.Lins e Silva 267 MD x x
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. * ARV MI A.D.C.Cavalcanti 45 MD x x x x
Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. * ARB C A.D.C.Cavalcanti 22 MD x
Maprounea guianensis Aubl. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 101 MD x
Phyllanthus heteradenius Müll. Arg. * E T L. M. Pessoa 108 MD x x
Phyllanthus niruri Cham. & Schltdl E T L. M. Pessoa 51 CV x x
Sapium glandulosum (L.) Morong ARV MI L.M.Pessoa 83 CV x

164
Fitofisionomias

Forma de vida

Nº Coleta

Cavalo Morto
Coletor
Hábito

RPPN
Famílias/ Espécies

Açudinho

Estrada

Rio
Fabaceae
Centrosema virginianus Griseb. E T L. M. Pessoa 109 MD x x
Stylosanthes sp. ** E T A.D.C.Cavalcanti 90 CV x
Zornia sp. E T A.D.C.Cavalcanti 91 CV x
Flacourtiaceae
Prockia crucis P. Browne ex L. ARV MI A.C.B.Lins e Silva 257 MD x
Laminaceae
Hyptis leucocephala Mart. ex Benth. * E C L. M. Pessoa 75 MD x x
Satureja sp. ** E T L. M. Pessoa 111 CV x
Lytraceae
Cuphea campestris (Mart.) Koehne E T L. M. Pessoa 87 CV x x
Malpighiaceae
Desconhecida ARV NA L. M. Pessoa 90 MD x
Malvaceae
Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky SUB C A.D.C.Cavalcanti 40 MD x x x x
Sida galheirensis Ulbr. SUB C L. M. Pessoa 45 MD x x x x
Mimosaceae
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan ARV MI A.D.C.Cavalcanti 07 MD x
Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. * ARV MI A.D.C.Cavalcanti 11 MD x
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 08 MD x x
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke ARV MI L.M.Pessoa 96 MD x x x
Pithecellobium diversifolium Benth. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 64 CV x x x
Molluginaceae
Mollugo verticilata L. E T A.C.B.Lins e Silva 264 MD x x x x
Oxalidaceae
Oxalis glaucescens Norlind. * E T A.C.B.Lins e Silva 273 MD x
Oxalis hedysarifolia Raddi E T A.C.B.Lins e Silva 271 MD x
Phytolacaceae
Microtea paniculata Mog. E T L. M. Pessoa 52 CV x x x
Poaceae
Aristida adscensionis L. E T L. M. Pessoa 110 CV x
Aristida setifolia Kunth E H L. M. Pessoa 66 CV x
Bouteloa aristidoides (Humb., Bonpl. & E H L. M. Pessoa 67 CV x
Kunth.) Griseb.
Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv. E H A.D.C.Cavalcanti 80 MD x
Panicum trichoides Sw. E H A.D.C.Cavalcanti 82 MD x x x x
Paspalum fimbriatum Kunth E T A.D.C.Cavalcanti 81 MD x
Paspalum scutatum Nee ex Trin. * E H L. M. Pessoa 68 CV x
Tragus bertoronianus Schult. E H A.D.C.Cavalcanti 79 MD x x x x
Urochloa mollis (SW.) Marrone & Zuloaga E T L. M. Pessoa 44 MD x
Poaceae 0 E T A.D.C.Cavalcanti 88 CV x
Poaceae 1 E T A.D.C.Cavalcanti 83 MD x x x x
Poaceae 2 E G A.D.C.Cavalcanti 84 MD x x x
Poaceae 4 E H A.D.C.Cavalcanti 86 MD x x x
Poaceae 5 E H A.D.C.Cavalcanti 87 MD x

165
Fitofisionomias

Forma de vida

Nº Coleta

Cavalo Morto
Coletor
Hábito

RPPN
Famílias/ Espécies

Açudinho

Estrada

Rio
Poaceae 6 E H A.D.C. Cavalcanti 85 MD x
Polygalaceae
Polygala brasiliensis L. E T L. M. Pessoa 78 MD x x
Polygala brizoides A. St.- Hil. & Schal. E T L. M. Pessoa 60 CV x
Polygala sp. ** E T L. M. Pessoa 56 CV x
Portulacaceae
Portulaca elatior Mart. Ex Rohrb. E H L. M. Pessoa 49 CV x x x
Portulaca oleracea L. E H L. M. Pessoa 59 CV x x x
Primulaceae
Samolus sp. E T L. M. Pessoa 53 CV x
Desconhecida E T A.C.B.Lins e Silva 92 CV x x x x
Rubiaceae
Borreria scabizoides Cham. et Schal. E T L. M. Pessoa 95 CV x
Diodia apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) E T L. M. Pessoa 57 CV x
K. Schum.
Mitracarpus scabrellus Benth. E T L. M. Pessoa 94 CV x x x
Scrophulariaceae
Angelonia cornigera Hook. * E T L. M. Pessoa 89 CV x x
Scoparia sp. SUB H A.D.C. Cavalcanti 65 CV x
Selaginellaceae
Selaginella convoluta (Arn.) Spring E T A.C.B. Lins e Silva 269 CV x x x
Solonaceae
Schwenckia sp. E T A.D.C. Cavalcanti 94 CV x
Sterculiaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco

Helicteres mollis C. Presl * ARB NA A.C.B. Lins e Silva 280 MD x


Helicteres sp. ARB NA L.M. Pessoa 84 MD x
Melochia tomentosa L. ARB C A.D.C. Cavalcanti 10 MD x x
Waltheria americana L. SUB C A.D.C.Cavalcanti 62 CV x x x
Tiliaceae
Corchorus hirtus L. E T L.M. Pessoa 46 MD x x
Turneraceae
Turnera pumilea L. E T L.M. Pessoa 70 MD x x x
Verbenaceae
Lantana camara L. ARB NA L.M. Pessoa 88 MD x
Lippia sp. ARB NA L.M. Pessoa 47 MD x x x
Stachytarpheta sp. E T L.M. Pessoa 54 MD x
Violaceae
Hybanthus sp. E T A.C.B. Lins e Silva 259 CV x x
Zygophyllaceae
Kallstroemia tribuloides Arm.** E T A.C.B. Lins e Silva 206 MD x
Desconhecida 1 ARV MI A.D.C. Cavalcanti 61 CV x
Desconhecida 2 SUB C A.D.C. Cavalcanti 100 CB x
Desconhecida 3 SUB H A.D.C. Cavalcanti 107 MD x
Desconhecida 4 E T A.D.C. Cavalcanti 93 MD x
Desconhecida 5 TH T A.D.C. Cavalcanti 89 MD x

166
3.4
Flora criptogâmica do
Curimataú, Paraíba

Amélia Iaeca Kanagawa

George Emmanuel C. de Miranda

Hérika Geovânia de Araújo Carvalho

Emmanuelle da Silva Costa


Resumo

Neste estudo, foi realizado um levantamento pioneiro da flora crip-


togâmica com ênfase nos ambientes aquáticos e arredores na região do
Curimataú paraibano. Foram coletados representantes de cianofíceas fi-
lamentosas coloniais, macroalgas, briófitas e pteridófitas, totalizando 34
taxa distribuídos em 20 famílias, sendo 3 cianofíceas, 15 clorofíceas, 9
briófitas (3 hepáticas, 5 musgos e 1 antócero) e 7 pteridófitas. Conside-
rando a inexistência de estudos anteriores, praticamente todas as espé-
cies encontradas constituem novas ocorrências para a área denominada
Curimataú.

1. Introdução

A região semi-árida do Nordeste do Brasil apresenta como caracte-


rística a efemeridade das suas zonas úmidas, estas, por sua vez, caracte-
rizadas pela temporalidade dos seus rios e lagoas. Os ambientes perenes
mantêm seus níveis/cursos, principalmente, a partir do fornecimento de
água através de reservatórios como açudes e represas da região, fato
este bem definido por Rebouços e Marinho (1972), Maltchik (1996, 2000)
Maltchick e Costa (1999) e Barreto (2001).
O Curimataú oriental ocupa a região norte do estado, na área cor-
respondente à escarpa oriental do planalto da Borborema, possuindo
uma extensão de aproximadamente 2.755 km2 e tendo como fator deter-
minante do seu relevo a ocorrência de falhas nesse planalto, que é cons-
tituído pela serra de Araruna, vale do rio Curimataú e chapada do Cuité. A
vegetação predominante é a caatinga, possuindo solo que varia entre os
tipos pedregoso, arenoso e argiloso. A maior parte de seu território está
sob influência do clima semi-árido. A região possui um período chuvoso
de 4 a 5 meses (março-julho), com chuvas torrenciais e pluviosidade va-
riando entre 400 e 900 mm/a, e estação seca (agosto-março) com duração
de 7 a 8 meses (LIMA; HEKENDORFF, 1985)
Apesar do regime climático, esta região conta com um rico poten-
cial de umidade oriundo das lagoas naturais e rios intermitentes, am-
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

bientes considerados as mais importantes zonas úmidas da região e que,


juntamente com os lagos artificiais (açudes e barragens), representam
potencialidades hídricas e ecológicas fundamentais para a sustentabili-
dade da biodiversidade da região (VIEIRA, 1994).
Como em toda a região do semi-árido paraibano há uma enorme
carência de estudos voltados à flora criptogâmica, este trabalho tem o
objetivo de apresentar a ocorrência e a distribuição de macroalgas, brió-
fitas e pteridófitas aquáticas e terrestres dessa região, nos períodos seco
e chuvoso.

168
2. Área de estudo

Foram selecionadas 9 estações de coleta distribuídas nos muni-


cípios de Araruna, Cacimba de Dentro, Solânea, Campo de Santana e
Logradouro, seguindo as bacias hidrográficas dos rios Curimataú e Ca-
labouço, com base na existência de corpos d’água como barreiros, açu-
des e lagoas. Os pontos de coleta foram escolhidos a partir da utilização
de mapas elaborados em estudo prévio, localizados com o auxilio do
Sistema de Posicionamento Geográfico (GPS), que nos forneceu as co-
ordenadas geográficas (Tabela 1). Além disso, buscou-se representar os
diferentes componentes paisagísticos mais relevantes para a ocorrência
da flora criptogâmica.
Dessa forma, as estações representaram micro-habitats caracterís-
ticos da região, tais como:
• pequenos corpos d’água, localmente denominados barreiros, que
acumulam água durante a estação chuvosa e desaparecem na esta-
ção seca (Estação 1);
• rios com extrema variação do volume de água, apresentando, na es-
tação seca, fluxo parcialmente interrompido constituíndo pequenas
poças no leito, o que os torna praticamente um ambiente lêntico,
sendo encontradas neste período formações típicas chamadas local-
mente de “panelas”, ou seja. depressões na rocha que armazenam
água (Estação 2 – Pedra da Boca) (Figuras 1 e 2).;
• rios perenizados, como a Estação 3 localizada no rio Curimataú entre
os municípios de Solânea e Cacimba de Dentro. Esse rio é perenizado
a partir do açude da Várzea, sendo seu fluxo mantido durante a es-
tação seca, embora de forma irregular, pela abertura das comportas
e, segundo informações locais, a água é salobra e imprópria para o
consumo humano devido à salinidade (Figuras 3 e 4).

Tabela 1. Localização geográfica das estações e data das coletas nos períodos chuvoso e seco.
Data das coletas
Coordenadas
Estação Município Período
Chuvoso Seco UTM Latitude/longitude
16/07/03 0200903 06º31’15,6’’
1 Araruna (PB) 30/11/03
21/06/04 9278363 35º42’13,4’’
17/07/03 0205654 06º26’41’’
2 Araruna (PB) 29/11/03
20/06/04 9286828 35º39’37,5’’
Cacimba de Dentro/Solânea 16/07/03 0196531 06º40’35,9’’
3 30/11/03
(PB) 21/06/04 9261113 35º44’38,7’’
16/07/03 0192806 06º41’24,5”
4 Cacimba de Dentro (PB) 29/11/03
21/06/04 9259600 35º46’40,0”
16/07/03 0192533 06º39’40,8’’
5 Cacimba de Dentro (PB) 30/11/03
21/06/04 9262786 35º46’48,5’’
16/07/03 0208684 06º28’09,2’’
6 Campo de Santana (PB) 29/11/03
20/06/04 9284132 35º37’59,4’’
17/07/03 0207930 06º26’43,2’’
7 Campo de Santana (PB) 30/11/03
20/06/04 9286774 35º38’23,5’’
17/07/03 0232067 06º32’15,5’’
8 Logradouro (PB) 29/11/03
20/06/04 9276680 35º25’20’’
0231738 06º30’46’’
9 Logradouro (PB) 20/06/04 30/11/03
9279468 35º25’32’’

169
Uma das áreas de maior beleza cênica está localizada no leito do rio
Curimataú em uma várzea imediatamente após a barragem que forma o
açude do mesmo nome. Esse leito recebe influência direta do açude em vir-
tude da abertura freqüente das comportas para a perenização (Figura 5, A e
B). Todas as estações de coleta estão submetidas a fortes flutuações do nível
e fluxo da água durante o ano (Figuras 1, 2, 3, 5, 8 e 9). Em alguns casos, o
impacto de enxurradas, como a ocorrida no período chuvoso de 2004, pode
modificar significativamente a paisagem (Figuras 4 e 6 ).
Alguns reservatórios, apesar do pequeno tamanho, caracterizam-se
por não secarem, mesmo na estação seca (Estações 5 e 6 - Figura 7). Esses
corpos constituem muitas vezes a única fonte de água para o gado e, em am-
bos os casos, a água não é utilizada para o consumo humano.
Uma das mais drásticas modificações na paisagem, referente à pre-
sença/ausência de água, ocorreu em uma área alagada e paludosa localizada
no vale do rio Calabouço, próximo ao Parque da Pedra da Boca (Estação
7). Durante a estação chuvosa, apresentou uma extensa lâmina d’água com
aproximadamente 30 cm (Figura 8 A) e durante a seca, o ambiente ficou com-
pletamente árido, sem qualquer evidência de umidade (Figura 8 B).
Alguns reservatórios, apesar do pequeno tamanho, caracterizam-se
por não secarem, mesmo na estação seca (Estações 5 e 6 - Figura 7). Esses
corpos constituem muitas vezes a única fonte de água para o gado e, em am-
bos os casos, a água não é utilizada para o consumo humano.
Uma das mais drásticas modificações na paisagem, referente à pre-
sença/ausência de água, ocorreu em uma área alagada e paludosa localizada
no vale do rio Calabouço, próximo ao Parque da Pedra da Boca (Estação
7). Durante a estação chuvosa, apresentou uma extensa lâmina d’água com
aproximadamente 30 cm (Figura 8 A) e durante a seca, o ambiente ficou com-
pletamente árido, sem qualquer evidência de umidade (Figura 8 B).
A Estação 8 é similar à Estação 1 e localiza-se no município de Lo-
gradouro (Figura 9 A e B). Durante o período chuvoso de 2004, a enxurrada
destruiu a pequena parede de retenção das águas, modificando-a completa-
mente e transformando-a em um ambiente lótico (temporário).
A Estação 9 localiza-se no leito do rio Curimataú, no município de Lo-
gradouro. Esse rio é perenizado por dois grandes reservatórios no seu curso,
sendo a perenização executada de forma não regular, fazendo com que, em
alguns períodos, durante a estação seca, o fluxo seja descontinuado, embora
seja mantida uma relativa umidade em decorrência da presença de grandes
poças (“cacimbas”) em seu leito.
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

A B
Estação 2 - município de Araruna (Depressão na rocha). A) Estação chuvosa: na superfície da água, observa-se Lemna
Figura 1
sp. e no fundo, Nitella sp.; B) Estação seca: ao fundo, gramíneas e talos secos de Nitella sp. (Fotos G. Miranda).

170
A B
Estação 2 - Rio Calabouço. Ao fundo, avista-se a Pedra da Boca. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G.
Figura 2
Miranda).

A B

Figura 3 Estação 3 - Rio Curimataú, município de Cacimba de Dentro. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G. Miranda).

Figura 4 Estação 3 - Período chuvoso, após enxurrada (Fotos G. Miranda).

Figura 5 Estação 4 - Várzea do açude da Várzea, município de Cacimba de Dentro. Período chuvoso (Fotos G. Miranda).

171
A B
Figura 6 Estação 4 - A) período seco. B) período chuvoso, após enxurrada (Fotos G. Miranda).

Estação 6 - município de Campo de Santana. Superfície recoberta por Salvinia auriculata.


Figura 7
Período seco (Foto G. Miranda).

A B
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

Estação 7 - Charco do rio Calabouço, município de Campo de Santana. A) período chuvoso; B) período seco. Ao fundo,
Figura 8
a Pedra da Boca (Fotos G. Miranda).

A B
Figura 9 Estação 8- Charco município de Logradouro. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G. Miranda).

172
3. Coleta e identificação da flora criptogâmica

Em cada estação, foi realizada uma varredura no seu entorno em busca


de representantes dos grupos de algas, briófitas e pteridófitas. Os exemplares
aquáticos (macroalgas e pteridófitas) foram coletados manualmente, utilizan-
do-se puçá ou espátula. Posteriormente, foram acondicionados em frascos de
vidros e fixados com solução transeau ou formol (4%). As briófitas foram co-
letadas com auxílio de espátula. Parte de cada amostra foi fixada em solução
transeau para posterior identificação e parte foi colocada em sacos de papel
para serem herborizadas. As pteridófitas terrestres foram coletadas com auxí-
lio de tesoura de poda e prensadas no campo.
Terminadas as etapas de coleta e armazenagem, as amostras foram trans-
portadas para o laboratório, sendo então identificadas de acordo com a literatura
especializada para cada grupo taxonômico. Para identificação das algas, utiliza-
ram-se os trabalhos de Bliding (1948, 1960 e 1963), Smith (1950), Taylor (1960),
Joly (1963), Alexander (1970), Bicudo (1979), Bicudo e Bicudo (1970) e Kanagawa
(1983, 1984). As briófitas foram identificadas usando-se os trabalhos de Marinho
(1987), Sharp et al. (1994), Gradstein et al. (2001) e Gradstein e Costa (2003). As
pteridófitas foram identificadas com o auxílio de Tryon e Tryon (1982), Santana
(1988) e Pietrobom e Barros (2002). O material, devidamente identificado, foi her-
borizado e depositado no Herbário – JPB (Lauro Pires Xavier).

4. Resultados e discussão

Foram identificados 34 taxa, sendo 3 cianofíceas, 15 clorofíceas, 9 bri-


ófitas (3 hepáticas, 5 musgos e 1 antócero) e 7 pteridófitas, distribuídos em
20 famílias.
Abaixo estão listados os representantes encontrados de cianofíceas fi-
lamentosas coloniais, macroalgas, briófitas e pteridófitas, totalizando 34 taxa
distribuídos em 20 famílias. Para as algas, utilizou-se o sistema de classifica-
ção adotado por Smith (1950), para as briófitas, segue-se o sistema utilizado
por Gradstein et al. (2001) e para as pteridófitas, o sistema adotado por Tryon
e Tryon (1982).

Algas
Cyanophyta
Cyanophyceae
Oscillatoriaceae
Oscillatoria sp.
Lyngbya sp.
Nostocaceae
Anabaena sp.
Chlorophyta
Chlorophyceae
Ulotrichaceae
Ulotrix sp.
Microsporaceae
Microspora sp.

173
Zygnemataceae
Spirogyra sp. 1
Spirogyra sp. 2
Spirogyra sp. 3
Ulvaceae
Enteromorpha flexuosa (Wulfen) J.Agardh
Enteromorpha cf. intestinalis (L.) Nees
Enteromorpha sp.
Cladophoraceae
Cladophora sp.
Characeae
Chara rusbyana Howe
Chara sp.
Nitella sp.
Chaetophoraceae
Draparnaldia sp.
Oedogoniaceae
Oedogonium sp.
Siphonocladaceae
Cladophoropsis sp.

Briófitas
Hepaticae
Ricciaceae
Riccia plano-biconvexa Steph.
Riccia stenophyla Spruce
Riccia sp. 1
Musci
Bryaceae
Bryum argenteum Hedw.
Fissidentaceae
Fissidens zollingeri Mont.
Fissidens angustifolius Sull
Fissidens sp.
Potiaceae
Tortula leiostoma Herz
Anthocerotae
Anthocerotaceae
Anthoceros punctatus L.
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

Pteridófitas
Filicopsida
Polypodiales
Schizaeaceae
Lygodium venustum Sw.
Pteridaceae
Doryopteris concolor (Lgsd. et Fisch.) Kunhn
Doryopteris pedata (L.) Fée var. multipartita (Fée) Tryon
Acrostichum danaeifolium Lgsd. & Fisch.
Salviniaceae
Salvinia auriculata Aubl.
Azolla caroliniana Willd.

174
Marsileaceae
Marsilea deflexa A. Braum

Em relação à flora de criptógamos terrestres e de ambientes aquáti-


cos continentais do estado da Paraíba, destacam-se os trabalhos de Santana
(1988), Marinho (1987), Yano (1993) e Barros (1996), porém, não fazem refe-
rências à microrregião do Curimataú. Dos gêneros coletados, apenas Chara,
Salvinia e Marsilea (M. quadrifolia) haviam sido citados anteriormente por
Barreto (2001) para a região do Cariri paraibano, embora para grande parte
dessas plantas seja esperada sua ocorrência em ambientes similares.
Na Paraíba, o estudo de algas de água doce praticamente se restringe
ao das microalgas, o que vem sendo feito tanto a partir de levantamentos
florísticos quanto de aspectos ecológicos de algas perifíticas e planctônicas
(ESKINAZI-LEÇA, 1996).
Dentre as Characeae, foram encontrados representantes dos gêneros
Chara e Nitela que normalmente se apresentavam em grande abundância no
período chuvoso, em corpos d’água lóticos (Figura 1A) e lênticos com pouca
profundidade. No período seco, de uma maneira geral, foi observada uma
redução na abundância em todas as estações. Nos ambientes que secaram
completamente, talos secos formavam pequenas manchas (Figura 1B).
Quatro espécies em particular, Enteromorpha flexuosa, E. cf. intesti-
nalis, Enteromorpha sp. e Cladophoropsis sp., tiveram ocorrência fora dos
limites biogeográficos esperados, uma vez que são plantas comuns em am-
bientes estuarinos e/ou marinhos. Apesar de a salinidade se apresentar pró-
xima a zero durante o período chuvoso, provavelmente, a elevada salinidade
da água em alguns corpos na região explique a existência dessas espécies
fora dos limites biogeográficos esperados, ficando os questionamentos acer-
ca de como se deu a distribuição nesses ambientes. Essas plantas sempre fo-
ram encontradas em ambientes lóticos, geralmente com fluxo relativamente
rápido, entretanto, durante o período seco, foram encontradas com dificulda-
de, tendo reduzido em muito sua abundância.
A brioflora do estado da Paraíba é pouco conhecida, sendo os princi-
pais trabalhos desenvolvidos em matas úmidas. Na área estudada, encon-
tramos exemplares de briófitas terrestres fixos diretamente no solo ou em
fendas de rochas. Não foram observadas formas corticícolas, tão comuns em
matas úmidas. Das espécies coletadas, apenas Bryum argenteum foi citada
para a caatinga de Pernambuco por Porto e Bezerra (1996) e Porto et al. (1994).
Anthoceros punctatus foi encontrada na estação 5 apenas no período chuvo-
so de 2004, formando pequenas manchas em solo úmido e sombreado pela
flora fanerogâmica herbácea à margem de um barreiro, juntamente com Ric-
cia stenophylla. Gametófitos isolados de Anthocerotaceae foram coletados
em fendas de rochas nas estações 4 e 9.
Em ambientes secos no vizinho estado de Pernambuco, Porto e Bezerra
(1996) e Porto et al. (1994) abordaram a biodiversidade desse grupo na região
do semi-árido (caatinga). Porto e Bezerra (1996) atribuem o pouco conheci-
mento ao fato de esse não ser um ambiente propício para o crescimento
desse tipo de flora tão dependente de água, o que tem despertado pouca
atenção por parte dos especialistas.
Tanto a pteridoflora quanto a brioflora têm maior concentração e diver-
sidade nas matas úmidas costeiras ou em regiões mais altas e úmidas, co-
nhecidas como brejos. A área semi-árida (caatinga), por não ser um ambiente
propício para o crescimento dessas plantas tão dependente de água, tem

175
Tabela 2 . Ocorrência das espécies por estações de coleta .
Coordenadas
Estação Período chuvoso Período seco
geográficas
Oscillatoria sp.
06º31’15,6” S Lyngbya sp.
*
1 35º42’13,4” W Ulotrix sp.
Microspora sp.
Anabaena sp. Oscillatoria sp.
Lyngbya sp. Microspora sp.
Microspora sp. Spirogyra sp. 2
Cladophora sp.
Spirogyra sp. 1
Spirogyra sp. 2
Draparnaldia sp.
Oedogonium sp
Enteromorpha sp.
Enteromorpha cf. intestinalis
2 06º26’41” S
Enteromorpha flexuosa
35º39’37,5” W
Nitella sp.
Riccia plano-biconvexa
Riccia sp.
Bryum argenteum
Tortula leiostoma
Fissidens zollingeri
Fissidens angustifolius
Fissidens sp.
Lygodium venustum
Azolla caroliniana
Lyngbya sp.
Anabaena sp
Ulotrix sp.
Enteromorpha flexuosa
3 06º41’18,7” S Enteromorpha intestinalis
*
35º46’42,4” W Cladophoropsis sp.
Chara sp.
Riccia plano-biconvexa
Riccia sp.
Bryum argentum
Anabaena sp. Oscillatoria sp.
Oscillatoria sp. Microspora sp.
Spirogyra sp. 1 Enteromorpha flexuosa
Spirogyra sp. 3 Acrostichum danaeifolium
Draparnaldia sp.
Enteromorpha flexuosa
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

Cladophora sp.
4 06º41’24,5” S
Chara rusbyana Cladophoropsis sp.
35º46’42,4” W
Nitella sp.
Riccia plano-biconvexa
Fissidens zollingeri
Bryum argenteum
Tortula leiostoma
Anthocerotaceae Acrostichum
danaeifolium
Doryopteris pedata var. multipartita
4 06º41’24,5” S
Doryopteris concolor
35º46’42,4” W
Lygodium venustum
Riccia stenophylla
06º39’40,8” S
5 Anthoceros punctatus *
35º46’48,5” W
Azolla caroliniana

176
Tabela 2 (continuação)
Coordenadas
Estação Período chuvoso Período seco
geográficas
Riccia plano-biconvexa Salvinia auriculata
06º28’09,2” S
6 Salvinia auriculata Azolla caroliniana
35º37’59,4” W
Azolla caroliniana
Anabaena sp.
Oscillatoria sp.
06º26’43,2” S Spirogyra sp. 2
7 *
35º38’23,5” W Chara sp.
Salvinia auriculata
Azolla caroliniana
Oscillatoria sp.
Spirogyra sp. 3
Riccia plano-biconvexa
06º32’15,5” S
8 Riccia sp. 1 *
35º25’20” W
Bryum argenteum
Salvinia auriculata
Marsilea deflexa
Spirogyra sp. 1 Spirogyra sp. 2
Spirogyra sp. 3 Anabaena sp.
06º30’46” S
9 Enteromorpha flexuosa Azolla caroliniana
35º25’32”
Riccia sp. 2
Anthocerotaceae
* Durante o período de estiagem, as estações indicadas apresentaram-se completamente secas, causando o
desaparecimento temporal das formas vegetativas.

despertado pouca atenção por parte dos especialistas, conseqüentemente,


existe poucas publicações sobre a flora criptogâmica em ambientes secos
(PORTO, 1996; PORTO; BEZERRA, 1996; PORTO et al. 1994).
Considerando a efemeridade da maioria das estações de coleta, fica
evidente que as plantas devem possuir mecanismos de adaptação que ga-
rantam a manutenção das populações nesses ambientes, seja através de
elementos de resistência, tais como oósporos, acinetos, esporos, ou através
de mecanismos vegetativos de adaptação e tolerância à seca em ambientes
terrestres. No caso de briófitas e pteridófitas, também deve ser considerada
a permanência de indivíduos adultos em “refúgios hídricos”, que estão aptos
a recuperar a população durante o período mais úmido.
Na presente investigação, foi observada grande capacidade das plan-
tas de recuperação e resistência às condições climáticas. Pode-se citar
como exemplo os talos secos de Riccia plano-biconvexa coletados na es-
tação seca, que após umedecidos, recuperaram a atividade plena, inclu-
sive a coloração, em poucas horas. Essa grande complexidade estrutural
e fisiológica foi abordada por Porto et al. (1994), os quais afirmaram que
“espécies mais resistentes, de ciclo de vida curto ou revivescentes, podem
ser encontradas em ambientes semi-áridos, como o da caatinga” (PORTO;
BEZERRA, 1996)
A riqueza total foi maior no período chuvoso (Tabela 2). Embora al-
guns ambientes sejam perenizados pela abertura eventual das comportas
dos açudes, é provável que o modelo de perenização implantado, no tocante

177
à freqüência e quantidade de água liberada, esteja influenciando na dinâmi-
ca das populações aquáticas ou que vivem às margens, sendo necessário
investigar esses impactos, bem como regularizar, na medida do possível, a
perenização do rio Curimataú.

5. Considerações finais

A riqueza em espécies foi maior durante na estação chuvosa, mesmo


nos ambientes artificialmente perenizados.
O esforço amostral permitiu uma visão geral da biodiversidade dos
grupos estudados, bem como da variação sazonal existente. Torna-se neces-
sário, entretanto, um aumento do esforço de coleta, ampliando-a espacial e
temporalmente para garantir uma maior cobertura da biodiversidade local.
O sistema de perenização dos rios da região deve ser monitorado para
acompanhar os impactos na dinâmica das comunidades e principalmente
das populações diretamente influenciadas por esse processo.
Sugere-se o desenvolvimento de estudos quantitativos para compre-
ender a importância desses grupos na produtividade e dinâmica do ecossis-
tema Caatinga.
As enxurradas do período chuvoso com ocorrência esporádica produ-
zem grande impacto na comunidade de macrófitas aquáticas por reestrutura-
rem a paisagem removendo e/ou soterrando o substrato para fixação.

Agradecimentos
À bióloga Alexandrina Maria Suassuna de Andrade; aos graduan-
dos Julyana Farias da Nóbrega e Gabriel Beltrão, pelo auxílio nos tra-
balhos de campo; À Dra. Denise Pinheiro da Costa, pela confirmação da
identificação de Riccia plano-biconvexa.

6. Referências bibliográficas

ALEXANDER, N. J. The taxonomy of Enteromorpha at Beaufort, North Caroli-


Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

na, 1970. 87 p. Dissertação (Mestrado). Duke University


BARRETO, A. L. P. Lagoas intermitentes do semi-árido Paraibano: inventário
e classificação. João Pessoa, 2001. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento
Ambiental), Universidade Federal da Paraíba.
BARROS, I. C. L. Pteridófitas. In: SAMPAIO, E. V. S. B.; MAYO, S.; BARBOSA,
M. R. V. (Eds). Pesquisa Botânica Nordestina: Progresso e Perspectivas. Re-
cife: Sociedade Botânica do Brasil, Seção Regional de Pernambuco, 1996. p.
111-121.
BICUDO, C. E. M.; BICUDO, R. M. T. Algas de águas continentais brasileiras.
Funbec. São Paulo. 1970.
BICUDO, R. M. T. O gênero Chara (Charophyceae) no Brasil. 1. Subsecção Will-
denowia R. D. Wood. Rickia, v. 6, p. 127-189, 1979.
BLIDING, C. Über Enteromorpha intestinalis und compressa. Botaniska Noti-
ser, v. 2, p. 123-136, 1948.

178
BLIDING, C. A preliminary report on some New Mediterranean green algae.
Botaniska Notiser, v. 113, n. 2, p. 172-184, 1960.
BLIDING, C. A critical survey of European taxa in Ulvales. Part I. Capsosiphon,
Percursaria, Blidingia, Enteromorpha. Op. Bot. Soc. Bot. Lund supl. “Bota-
niska Notiser”, v. 8, n. 3, p. 1-160, 1963.
ESKINAZI-LEÇA, E.; SILVA-CUNHA, M. G. da; KOENING, M. L.; CHAMIXAES,
C. B. C. B.; PASSAVANTE, J. Z. O.; FEITOSA, F. A. N. Microalgas. In: SAMPAIO,
E. V. S. B.; MAYO, S.; BARBOSA, M. R. V. (Eds). Pesquisa Botânica Nordestina:
Progresso e Perspectivas. Recife: Sociedade Botânica do Brasil, Seção Regio-
nal de Pernambuco, 1996. p. 61-78.
GRADSTEIN, S. R.; CHURCHILL, S. P.; SALAZAR-ALLEN, N. Guide to the Bryo-
phytes of Tropical America. New York, Memoirs of the New York Botanical
Garden, v. 86, 2001.
GRADSTEIN, S. R.; COSTA, D. P. da. The Hepaticae and Anthocerotae of Bra-
zil. Memoirs of the New York Botanical Garden, v. 87, 2003.
JOLY, A. B. Gênero de algas de água doce da cidade de São Paulo e arredores.
Rickia, suplemento 1, p. 1-188, 1963.
KANAGAWA, A. I. Ulvales (Chlorophyta) marinhas do Estado de São Paulo,
Brasil. São Paulo: USP. 1983. 195p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-
Graduação do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, 1983.
KANAGAWA, A. I. Clorofíceas marinhas bentônicas do Estado da Paraíba -
Brasil. São Paulo: USP. 1984. Tese (Doutorado em Botânica). Universidade de
São Paulo,
LIMA, P. J.; HECKENDORFF, W. D. Climatologia. In: Governo do Estado da Pa-
raíba. Atlas Geográfico do Estado da Paraíba. Ed. Grafset, João Pessoa. p.
34-43, 1985.
MALTCHIK, L. Nossos rios temporários: desconhecidos, mas essenciais. Ciên-
cia Hoje, v. 21, n.122, p. 64-65, 1996.
MALTCHIK, L. As lagoas temporárias do semi-árido. Ciência Hoje, v. 28, n.167,
p. 67-70, 2000.
MALTCHIK, L.; COSTA, M. A. J. Inventário das lagoas intermitentes do semi-
árido brasileiro. An. da Acad. Bras. de Ciênc., v. 71, p. 801-808, 1999.
MARINHO, M. G. V. Bryopsida na reserva florestal do IBDF, João Pessoa, Para-
íba, Brasil. Recife: UFPE. 224p. 1987. Dissertação (Mestrado em Criptógamos).
Universidade Federal de Pernambuco.
PIETROBOM, M. R.; BARROS, I. C. L. Pteridófitas de um remanescente de flo-
resta atlântica em São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil: Pteridaceae. Acta
bot. bras, v. 16, n. 4, p. 475-479, 2002.
PORTO, K. C. Briófitas. In: SAMPAIO, E. V. S. B.; MAYO, S.; BARBOSA, M. R. V.
(Eds). Pesquisa Botânica Nordestina: Progresso e Perspectivas. Recife: Socie-
dade Botânica do Brasil, Seção Regional de Pernambuco, 1996. p. 97-109.
PORTO, K. C.; BEZERRA, M. F. de A. Briófitas de Caatinga. 2. Agrestina, Per-
nambuco, Brasil. Acta bot. bras, v.10, n. 1, p. 93-101, 1996.
PORTO, K. C.; SILVEIRA, M. de F. G. da; SÁ, P. S. de A. Briófitas da Caatinga 1. Esta-
ção Experimental do IPA, Caruaru – PE. Acta bot. bras., v. 8, n, 1, p. 77-85, 1994.
REBOUÇOS, A. C.; MARINHO, M. E. Hidrologia das secas do Nordeste do Bra-
sil. Recife: SUDENE-DRN, Divisão de Hidrologia, 1972. 126 p.
SANTANA, E. S. Estudos taxonômicos das Pteridófitas da Mata do Bura-
quinho (Paraíba, Brasil). Recife, 1988. Dissertação (Mestrado em Botânica).
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
SHARP, A. J.; CRUM. H.; ECKEL, P. M. The moss flora of Mexico. The New York
Botanical Garden. Part I, II. 1994.

179
SMITH , G. Freshwater algae of the United States. 1950.
TAYLOR, W. R. Marine algae of the eastern tropical coast of the Americas. An
Arbor: University of Michigan Press. 1960.
TRYON, R. M.; TRYON, A. F. Ferns and allied plants with special reference to
Tropical America. Springer-Verlang. 1982.
VIEIRA, P. P. B. V. Sustainable development and water management in the
Semi-Arid Northeast. An. de Acad. Bras. de Ciênc., v. 66, p. 125-153, 1994.
YANO, O. Briófitas do nordeste brasileiro: Estado da Paraíba, Brasil. Biológica
brasílica, v. 5, n. 1/2, p. 87-100, 1993.
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba

180

Você também pode gostar