O NOVO MOVIMENTO TEORICO - Jeffrey C. Alexander
O NOVO MOVIMENTO TEORICO - Jeffrey C. Alexander
O NOVO MOVIMENTO TEORICO - Jeffrey C. Alexander
TEORICO
jeffrey c. alexander
Na discussão que segue, pretendo sugerir que uma boa parte da história
recente da sociologia pode ser interpretada em termos da perspectiva que
acabo de esboçar. Tentarei demonstrar que o valor de verdade desses
desenvolvimentos recentes deve ser considerado em termos discursivos.
Não se pode negar que essa reação pós-funcionalista freqüentemente tomou uma
forma decididamente empírica em que os estudiosos frequentemente se deixaram
persuadir por causa dos novos fatos e melhores explicações que oferecia. O
interacionismo simbólico e a etnometodologia realizaram estudos inovadores do desvio,
do comportamento coletivo e dos papéis sociais. Além disso, as polêmicas
metodológicas associadas a esses estudos convenceram muitos sociólogos de que
abordagens mais individualistas e naturalistas podiam permitir melhor acesso à
realidade. O movimento estrutural também produziu avanços empíricos convincentes
em campos como estratificação, modernização e mudança social, e em metodologias de
inclinação mais concreta, histórica e comparativa.
Como definir essas tradições em termos que superem, mas não violem,
as diferenças mais finas em que se baseiam, de tal modo que, por exemplo, as
teorias moralistas e emocionalistas possam ser vistas como parte da tradição
"não-racionalista"? A resposta é extremamente simples: ela consiste em
formular a dicotomia em termos da referência interna ou externa da ação
(Alexander, 1982a, p. 71-79). As abordagens racionalistas ou instrumentais
retratam os atores como movidos por forças fora deles, enquanto que as
abordagens não-racionalistas sugerem que a ação é motivada de dentro dos
atores. É possível em princípio, supor que a ação pode tanto ser racional
quanto irracional, mas é surpreendente quão raramente, na história da teoria
social, essa interpretação tem sido efetivamente proposta.
NOTAS:
1 - Pode-se observar esse efeito, por exemplo, no trabalho recente de Kreps (p. ex. 1985, 1987). Dedicado
ao objetivo prático de desenvolver explicações na pesquisa de desastres, sente-se compelido a envolver-se
num ambicioso programa de teorização geral e a tornar explícito seu envolvimento ao nível dos
pressupostos, isto é, ao nível menos empírico.
2 - Certamente o próprio Kuhn (1970) teria sido o primeiro a insistir em que sua redefinição da ciência
natural não lhe negasse um caráter relativamente objetivo e cumulativo, e em que a ciência, social nem
remotamente se aproximou dessa condição.
3 - Essa é a razão porque tantas das primeiras aplicações das idéias de Kuhn à sociologia (por exemplo,
Friedrichs, 1970) parecem hoje tão exageradas. Elas proclamavam revoluções numa disciplina em estado
contínuo de profundo desacordo e de revolução teórica.
4 - A esse respeito, Wagner e Berger (1984) e Wagner (1984) estão certos ao enfatizar as semelhanças
entre as ciências duras e as outras em termos de progresso científico. Por outro lado, quando separam
drasticamente programas de pesquisa explicativa do que chamam de "estratégias orientadoras", perderia
de vista a qualidade discursiva e generalizada do argumento na ciência social e, portanto, a base
inerentemente relativista em que todo progresso nas ciências sociais necessariamente se funda.
5 - O problema não é simplesmente que Wallace –que fornece a mais clara ilustração recente desse ponto
de vista - esteja errado em forçar a teoria social no molde da ciência natural. É que ele toma a
reconstrução lógica de como a ciência natural deveria proceder por um mapa de como a boa ciência se faz
efetivamente. Essa estratégia de reconstrução começou com os positivistas lógicos de Viena, cuja
ambição filosófica consistia em excluir do pensamento filosófico idéias especulativas e não-empíricas.
Quaisquer que sejam seus méritos filosóficos - e eles são reais, embora limitados - essa lógica não deve
ser considerada como fundante da própria prática científica. Praticantes da ciência nunca foram capazes
de conceber seu próprio trabalho nesses termos - ou mesmo nos termos poperianos - e essa incapacidade
tem dado uma das mais fortes motivações ao crescimento de concepções pós-positivistas da natureza da
ciência natural. Este ensaio partilha desse espírito; ele constitui uma tentativa de compreender o que a
teoria da ciência social realmente é, e não o que alguns de seus críticos desejariam que ela fosse.
Qualquer programa crítico para a teoria sociológica deveria ser formulado dentro de uma compreensão de
seu caráter distintivo. Nos termos do debate recente em filosofia moral e política (p ex., Williams, 1986;
Walzer, 1987), essa é uma posição internalista, por oposição à posição externalista, mais abstrata,
assumida pelos críticos empiricistas da sociologia, fundados na "lógica da ciência".
6. - É uma demonstração da seriedade de Smelser como pesquisador o fato de que ele mesmo apresenta os
dados que, por assim dizer, ultrapassam sua própria teoria. (Ver Walby, 1986.) Isso são é comum, pois a